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Aula - 5 - Limites PDF
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Objetivos
Definir formalmente o limite de uma função em um ponto, limites laterais, limites no
infinito e limites infinitos, bem como estudar os principais resultados e propriedades.
Compreender o conceito de continuidade de uma função.
Assuntos
▪ Limites de Funções.
▫ Definição informal.
▫ Definição Formal.
▫ Representação Geométrica.
▫ Principais Teoremas e Propriedades.
▪ Limites Laterais.
▪ Limites no Infinito.
▪ Limites Infinitos.
▪ Expressões Indeterminadas.
▪ Continuidade de Funções
▫ Continuidade em um Ponto.
▫ Continuidade em todo o Domínio.
Introdução
O conceito de limite de funções é uma parte muito importante dos fundamentos da
Análise Real e não compreendê-lo totalmente pode gerar muitas dificuldades na hora
de tentar dar sentido a conceitos como continuidade e derivadas de funções. Muitos
matemáticos trabalharam com tais limites em diferentes épocas, com diferentes
abordagens e muitas vezes com obstáculos que levaram muito tempo para serem
superados. Apesar do conceito de limite ser bem antigo, a sua definição formal é bem
recente. Ela foi elaborada no século XIX pelo matemático alemão Karl Weierstrass
(1815-1897).
Aulixiados pela definição de limite iremos explorar as possíveis respostas para a
seguinte questão: Dada uma função real 𝑓 o que acontece com o valor de 𝑓(𝑥) quando
𝑥 se aproxima de um ponto 𝑎 sem, entretanto assumir o valor de 𝑎?
Definições
Consideremos uma função 𝑓: 𝑋 → ℝ, definida em um conjunto 𝑋 ⊂ ℝ (isto é, o
subconjunto real 𝑋 é o domínio de 𝑓). Nosso interesse é saber o que acontece com 𝑓(𝑥)
quando 𝑥 se aproxima de 𝑎 ∈ 𝑋, para cada 𝑥 ∈ 𝑋. Para que 𝑥 aproxime-se de 𝑎, uma
condição necessária é que 𝑎 tem que ser um ponto de acumulação do conjunto 𝑋. Esta
condição significa que 𝑎 ∈ ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑋 − {𝑎} (este é o conjunto complementar de 𝑋 em relação a
𝑎), ou seja, que existe uma sequência (𝑥𝑛 )𝑛∈ℕ ⊂ 𝑋 − {𝑎}, que converge para 𝑎. Com
base nessas ideias, podemos enunciar uma definição preliminar de limite de uma
função:
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ANÁLISE REAL
AULA 5 – LIMITES DE FUNÇÕES PROF. TEÓFILO VITURINO
lim 𝑓(𝑥) = 𝐿.
𝑥→𝑎
Observações:
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4. O mesmo ocorre em (𝐿 − 𝜖, 𝐿 + 𝜖). Esse intervalo aberto indica que |𝑓(𝑥) − 𝐿| <
𝜖, isto é, 𝐿 − 𝜖 < 𝑓(𝑥) < 𝐿 + 𝜖. Assim, podemos observar que 𝑓(𝑥) ∈ (𝐿 − 𝜖, 𝐿 +
𝜖). Portanto, quanto menor for o valor de 𝜖, mais perto 𝑓(𝑥) vai estar de 𝐿.
Teorema 1
Considere 𝑓: 𝑋 → ℝ, 𝑔: 𝑋 → ℝ, 𝑎 ∈ 𝑋 ′ , lim 𝑓(𝑥) = 𝐿 e lim 𝑔(𝑥) = 𝑀. Se 𝐿 < 𝑀, então
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑥) < 𝑔(𝑥) ∀𝑥 ∈ 𝑋, com 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿.
Demonstração:
(𝐿+𝑀)
Considere 𝑁 o valor médio entre 𝐿 e 𝑀, ou seja, 𝑁 = . Seja 𝜖 a distância entre 𝑁 e
2
𝐿, e entre 𝑁 e 𝑀, dada por 𝜖 = 𝑁 − 𝐿 = 𝑀 − 𝑁. Pela Definição 2 de limite, podemos
afirmar que existe 𝛿1 > 0, tal que 𝑥 ∈ 𝑋 e 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿1 ⇒ 𝐿 − 𝜖 < 𝑓(𝑥) < 𝑁. Do
mesmo modo, existe 𝛿2 > 0, tal que 𝑥 ∈ 𝑋 e 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿2 ⇒ 𝑁 < 𝑔(𝑥) < 𝑀 + 𝜖.
Portanto, se escolhermos 𝛿 = min{𝛿1 , 𝛿2 }, concluímos que 𝑥 ∈ 𝑋, 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⟹
𝑓(𝑥) < 𝑁 < 𝑔(𝑥), o que garante que 𝑓(𝑥) < 𝑔(𝑥), como queríamos demonstrar. ∎
Observação:
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Demonstração:
Queremos mostrar que lim ℎ(𝑥) = 𝐿. Como existe lim 𝑓(𝑥) = lim 𝑔(𝑥) = 𝐿, da
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
definição de limite temos que, dado 𝜖 > 0 qualquer:
Podemos argumentar que, em ambos os casos, as imagens 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) tendem para 𝐿
quanto menor for o valor de 𝜖. Seja então 𝛿 = 𝑚𝑖𝑛{𝛿1 , 𝛿2 }. Assim, temos que
e que 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⟹ 𝐿 − 𝜖 < 𝑔(𝑥) < 𝐿 + 𝜖, (Ver observação 4), isto é,
Teorema 3
Sejam 𝑓: 𝑋 → ℝ e 𝑎 ∈ 𝑋′. Para que se tenha lim 𝑓(𝑥) = 𝐿, é necessário e suficiente que,
𝑥→𝑎
para toda sequência de pontos 𝑥𝑛 ∈ 𝑋 − {𝑎}, tal que lim 𝑥𝑛 = 𝑎, tenha-se lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = 𝐿.
𝑛→∞ 𝑛→∞
Demonstração:
Como 𝑎 é ponto de acumulação de 𝑋, podemos considerar uma sequência de pontos
𝑥𝑛 ∈ 𝑋 − {𝑎}, tal que lim 𝑥𝑛 = 𝑎. Então, temos que lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = 𝐿 e lim 𝑔(𝑥) = 𝑀.
𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑥→𝑎
Sabemos (Ver capítulo 2) que o limite de uma sequência, quando ele existe, é único,
portanto, podemos concluir, pela unicidade do limite da sequência (𝑓(𝑥𝑛 )), que 𝐿 = 𝑀.
∎
i) lim[𝑓(𝑥) ± 𝑔(𝑥)] = 𝐿 ± 𝑀;
𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) 𝐿
iv) lim 𝑔(𝑥) = 𝑀.
𝑥→𝑎
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Limites Laterais
Observação:
7. Os símbolos 𝑋−′ e 𝑋+′ representam, respectivamente, o conjunto de todos os
pontos de acumulação à esquerda e à direita de 𝑋.
Observações:
9. Dado 𝑎 ∈ 𝑋+′ ∩ 𝑋−′ , então existe lim 𝑓(𝑥) = 𝐿 se, e somente se, os limites laterais
𝑥→𝑎
à direita e à esquerda existem e são iguais:
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Exemplo 1:
𝑥
A função 𝑓: ℝ − {0} → ℝ, tal que 𝑓(𝑥) = |𝑥|, não possui limite quando 𝑥 → 0, mas os
limites laterais existem. Vejamos:
ATIVIDADE:
1. Pesquise e dê exemplo de uma função que não possui limites laterais.
Teorema 6
Sejam 𝑓: 𝑋 → ℝ uma função monótona limitada, 𝑎 ∈ 𝑋+′ e 𝑏 ∈ 𝑋−′ . Então existem
Em outras palavras, este teorema diz que os limites laterais de uma função monótona
limitada sempre existem.
lim 𝑓(𝑥) = 𝐿,
𝑥→+∞
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Exemplo 2:
1 1
a) lim 𝑥
= lim 𝑥
= 0.
𝑥→+∞ 𝑥→−∞
b) lim 𝑒 𝑥 = 0.
𝑥→−∞
ATIVIDADE:
1. Pesquise, construa e justifique cada uma das afirmações do Exemplo 2.
Exemplo 3:
1 1
a) lim = +∞, pois, dado 𝐴 > 0 e tomando 𝛿 = , temos que:
𝑥→𝑎 (𝑥−𝑎)2 √𝐴
1 1
0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⟹ 0 < (𝑥 − 𝑎)2 < ⇒ > 𝐴.
𝐴 (𝑥−𝑎)2
1
b) Analogamente, lim − (𝑥−𝑎)2 = −∞.
𝑥→𝑎
Exemplo 4:
Dado 𝑐 ∈ ℝ, sejam 𝑓(𝑥) = 𝑐𝑥 e 𝑔(𝑥) = 𝑥. Então, lim 𝑓(𝑥) = lim 𝑔(𝑥) = 0. Ainda,
𝑥→0 𝑥→0
𝑓(𝑥)
lim 𝑔(𝑥) = 𝑐.
𝑥→0
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Exemplo 5:
1
Sejam 𝑓(𝑥) = 𝑥. 𝑠𝑒𝑛 ( ) , (𝑥 ≠ 0), e 𝑔(𝑥) = 𝑥. Temos então que lim 𝑓(𝑥) = lim 𝑔(𝑥) = 0.
𝑥 𝑥→0 𝑥→0
𝑓(𝑥)
Entretanto, não existe o limite lim 𝑔(𝑥).
𝑥→0
Funções Contínuas
A partir dos principais conceitos estudados nas seções anteriores, vamos tratar de
algumas ideias fundamentais para desenvolvermos os conteúdos subsequentes.
Estudaremos o conceito de continuidade, que é amplamente utilizado para as definições
de derivadas e integrais, dentre outras, no Cálculo e na Análise Matemática.
Em outras palavras, a definição acima afirma que uma função é contínua em um ponto
do seu domínio quando ocorrem simultaneamente as três asserções seguintes:
Quando a função não é contínua no ponto 𝑎, dizemos que é descontínua nesse ponto.
Podemos generalizar o conceito de continuidade para todo o domínio da função, como
se refere o teorema a seguir:
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A continuidade de uma função também pode ser definida em relação ao seu domínio.
Para as funções definidas em um conjunto 𝑋 ∈ ℝ, o caso de maior interesse é o que
considera 𝑋 como um conjunto compacto (Ver definição no capítulo 4). Apresentamos
um dos principais resultados de continuidade em um compacto, a seguir:
Teorema 7: (Weierstrass)
Seja 𝑓: 𝑋 → ℝ contínua em um conjunto compacto 𝑋 ⊂ ℝ. Então ∃ 𝑥0 , 𝑥1 ∈ 𝑋 tais que
𝑓(𝑥0 ) ≤ 𝑓(𝑥) ≤ 𝑓(𝑥1 ), ∀𝑥 ∈ 𝑋. Em outras palavras, este teorema afirma que toda função
contínua num compacto assume um valor máximo e um valor mínimo nesse conjunto.
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Exercícios Propostos
1
1. Mostre que lim 𝑠𝑒𝑛 (𝑥) não existe.
𝑥→∞
2. Seja 𝑓: 𝑋 → ℝ uma função monótona. Mostre que, se existe uma sequencia (𝑥𝑛 ) em
𝑋, com 𝑥𝑛 > 𝑎, e ainda lim 𝑥𝑛 = 𝑎 e lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = 𝐿, então lim+ 𝑓(𝑥) = 𝐿.
𝑥→𝑎
3. Mostre que
𝑥 + 𝑦 + |𝑥 − 𝑦| 𝑥 + 𝑦 − |𝑥 − 𝑦|
max{𝑥, 𝑦} = 2
e min{𝑥, 𝑦} = 2
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1
Como esses limites são distintos, temos que lim 𝑠𝑒𝑛 (𝑥) não existe. ∎
𝑥→∞
Dado 𝑥 arbitrário e fixo tal que 𝑥 > 𝑎 existe 𝑥𝑛 > 𝑎 que satisfaz 𝑥 > 𝑥𝑛 > 𝑎, pois lim 𝑥𝑛 =
𝑎, 𝑓 não-decrescente implica 𝑓(𝑥) ≥ 𝑓(𝑥𝑛 ). Como (𝑓(𝑥𝑛 )) é convergente, vale que tal
sequência é limitada inferiormente, portanto existe 𝑀 tal que 𝑓(𝑥𝑛 ) > 𝑀, ∀𝑛 ∈ ℕ, e daí
𝑓(𝑥) ≥ 𝑓(𝑥𝑛 ) > 𝑀 para 𝑓(𝑥) ∈ 𝐵 arbitrário. Logo 𝐵 é limitado inferiormente.
𝑥+𝑦+𝑥−𝑦 𝑥 + 𝑦 + |𝑥 − 𝑦|
3. Se 𝑥 ≥ 𝑦 então 𝑥 − 𝑦 = |𝑥 − 𝑦|, além disso, 2
= 𝑥, logo 2
= 𝑥.
Da mesma forma:
𝑥 + 𝑦−(𝑥 – 𝑦) 𝑥 + 𝑦−|𝑥 – 𝑦|
2
=𝑦⟹ 2
= 𝑦.
Portanto,
𝑥 + 𝑦 + |𝑥 − 𝑦|
max{𝑥, 𝑦} = e
2
𝑥 + 𝑦 − |𝑥 − 𝑦|
min{𝑥, 𝑦} = .∎
2
Como 𝑓 e 𝑔 são contínuas por hipótese, essa construção garante que ℎ e 𝑡 também são
contínuas. ∎
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