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Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral I

Professora: Flávia Peixoto Faria

SEÇÃO 3: A DERIVADA DE UMA FUNÇÃO


– PARTE 1 –
Ao final desta seção, você será capaz de:
• Compreender o conceito de derivada;
• Reconhecer a derivada como uma função;
• Reconhecer se uma função é diferenciável em 𝑎.

INTRODUÇÃO:
Sejam 𝑓 uma função e 𝑎 um ponto em seu domínio. Limites do tipo

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
lim
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

ocorrem de modo natural tanto na geometria quanto na física.


Consideremos, por exemplo, o problema de definir a reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto
𝑃(𝑎, 𝑓 (𝑎)). Evidentemente, tal reta deve passar pelo ponto 𝑃(𝑎, 𝑓 (𝑎)); assim a reta tangente fica determinada
se dissermos qual deve ser seu coeficiente angular. Consideremos,
então, um ponto próximo 𝑄(𝑥, 𝑓 (𝑥 )), onde 𝑥 ≠ 𝑎, e calculamos a
inclinação da reta secante 𝑃𝑄:

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑚𝑃𝑄 =
𝑥−𝑎

Então, fazemos 𝑄 aproximar-se de 𝑃 ao longo da curva 𝑦 =


𝑓 (𝑥 ) ao obrigar 𝑥 tender a 𝑎. Se 𝑚𝑃𝑄 tender a um número 𝑚, então
definimos a tangente 𝒕 como a reta que passa por 𝑃 e tem inclinação
𝑚. (Isso implica dizer que a reta tangente é a posição-limite da reta
secante 𝑃𝑄 quando 𝑄 tende a 𝑃. Veja a figura ao lado.)

DEFINIÇÃO:
A reta tangente à curva 𝑦 = 𝑓 (𝑥 ) em ponto 𝑃(𝑎, 𝑓(𝑎)) é a
reta passando por 𝑃 com inclinação

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Professora: Flávia Peixoto Faria

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑚 = lim
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

desde que esse limite exista.

Suponhamos, agora, que 𝑠 = 𝑓 (𝑡) seja a equação horária do movimento de uma partícula vinculada a
uma reta orientada na qual se escolheu uma origem. Isto significa
dizer que a função 𝑓 fornece a cada instante a posição ocupada pela
partícula na reta. No intervalo de tempo entre 𝑡 = 𝑎 e 𝑡 = 𝑎 + ℎ, a
variação da posição será de 𝑓 (𝑎 + ℎ) − 𝑓 (𝑎). A velocidade média
da partícula nesse intervalo é

deslocamento 𝑓 (𝑎 + ℎ) − 𝑓 (𝑎)
velocidade média = =
tempo ℎ

que é o mesmo que a inclinação da reta secante 𝑃𝑄 na figura abaixo.


Suponha agora que a velocidade média seja calculada em
intervalos de tempo cada vez menores [𝑎, 𝑎 + ℎ]. Em outras palavras,
fazemos ℎ tender a 0. Definimos, então, a velocidade (instantânea) 𝑣(𝑎)
no instante 𝑡 = 𝑎 como sendo o limite

𝑓 ( 𝑎 + ℎ ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑣 (𝑎) = lim
ℎ→0 ℎ

Isso significa que a velocidade no instante 𝑡 = 𝑎 é igual à


inclinação da reta tangente em 𝑃.

Esses exemplos são suficientes para levar-nos a estudar de modo puramente abstrato as propriedades
𝑓(𝑥)−𝑓(𝑎)
do limite lim𝑥→𝑎 .
𝑥−𝑎

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A DERIVADA DE UMA FUNÇÃO:

DEFINIÇÃO 1:
Sejam 𝑓 uma função e 𝑎 um ponto de seu domínio. O limite

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
lim
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

quando existe e é finito, denomina-se derivada de 𝒇 em 𝒂 e indica-se por 𝑓 ′(𝑎) (leia: 𝑓 linha de 𝑎). Assim

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑓 ′(𝑎) = lim
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

Se escrevemos ℎ = 𝑥 − 𝑎, então 𝑥 = 𝑎 + ℎ. Observe que quando 𝑥 tende a 𝑎, ℎ tende a 0. Assim, a


expressão acima pode ser escrita como

𝑓 (𝑎 + ℎ ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑓 ′(𝑎) = lim
ℎ→0 ℎ

e, em muitos casos, é mais fácil trabalhar com esta última expressão do que com a anterior.

EXEMPLO 1:
Encontre a derivada da função 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 2 − 8𝑥 + 9 em um número 𝑎.
SOLUÇÃO:
Da Definição 1, temos

𝑓 (𝑎 + ℎ ) − 𝑓 ( 𝑎 )
𝑓 ′ (𝑎) = lim
ℎ→0 ℎ

[(𝑎 + ℎ)2 − 8(𝑎 + ℎ) + 9] − [𝑎2 − 8𝑎 + 9]


= lim
ℎ→0 ℎ

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𝑎2 + 2𝑎ℎ + ℎ2 − 8𝑎 − 8ℎ + 9 − 𝑎2 + 8𝑎 − 9
= lim
ℎ→0 ℎ

2𝑎ℎ + ℎ2 − 8ℎ
= lim = lim (2𝑎 + ℎ − 8)
ℎ→0 ℎ ℎ→0

= 2𝑎 − 8

EXEMPLO 2:
Encontre uma equação da reta tangente à parábola 𝑦 = 𝑥 2 − 8𝑥 + 9 no ponto (3, −6).

SOLUÇÃO:
Do EXEMPLO 1, sabemos que a derivada de 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 2 − 8𝑥 + 9 no número 𝑎 é 𝑓 ′ (𝑎) = 2𝑎 − 8. Portanto,
a inclinação da reta tangente em (3, −6) é 𝑓 ′ (3) = 2(3) − 8 = −2.
Dessa forma, uma equação da reta tangente, ilustrada na figura ao lado, é

𝑦 − (−6) = (−2)(𝑥 − 3) ou 𝑦 = −2𝑥

EXEMPLO 3:
Considere a função

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1
𝑓 (𝑥 ) = {𝑥 sen 𝑥 𝑥≠0
0 𝑥=0

Calcule, se existir, 𝑓 ′(0).


SOLUÇÃO:
Primeiramente, vamos simplificar a razão incremental, com 𝑎 = 0

𝑓(𝑥 ) − 𝑓 (𝑎) 𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (0) 𝑥 2 1 1


= = sen = 𝑥 sen , 𝑥 ≠ 0
𝑥−𝑎 𝑥−0 𝑥 𝑥 𝑥

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Agora, calculemos 𝑓 ′(0).

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (0)
𝑓 ′ (0) = lim
𝑥→0 𝑥−0

1
= lim 𝑥 sen =0 (Por quê? )
𝑥→0 𝑥

Logo, 𝑓 ′(0) existe e 𝑓 ′(0) = 0.

A DERIVADA COMO UMA FUNÇÃO:


No parágrafo anterior, consideramos a derivada de uma função 𝑓 em um número fixo 𝑎:

𝑓 (𝑎 + ℎ ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑓 ′(𝑎) = lim
ℎ→0 ℎ

Aqui, mudamos nosso ponto de vista e deixamos o número 𝑎 variar. Se substituirmos 𝑎 na equação
acima por uma variável 𝑥, obtemos

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 )
𝑓 ′(𝑥 ) = lim
ℎ→0 ℎ

Dado qualquer número 𝑥 para o qual esse limite exista, atribuímos a 𝑥 o número 𝑓 ′(𝑥 ). Assim,
podemos considerar 𝑓′ como sendo uma nova função, chamada derivada de 𝒇 e definida pela última equação
acima. Sabemos que o valor de 𝑓′ em 𝑥, 𝑓 ′(𝑥 ), pode ser interpretado geometricamente como a inclinação da
reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto (𝑥, 𝑓(𝑥 )).
A função 𝑓′ é denominada derivada de 𝑓, porque foi “derivada” a partir de 𝑓 pela operação limite na
última equação acima. O domínio de 𝑓 é o conjunto 𝐴 = {𝑥 ∈ ℝ|𝑓 ′ (𝑥 ) existe} e pode ser menor que o domínio
de 𝑓.

EXEMPLO 4:
Se 𝑓 (𝑥 ) = √𝑥, encontre a derivada de 𝑓. Diga qual é o domínio de 𝑓′.

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SOLUÇÃO:

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) √𝑥 + ℎ − √𝑥
𝑓 ′(𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

√𝑥 + ℎ − √𝑥 √𝑥 + ℎ + √𝑥
= lim ( ∙ )
ℎ→0 ℎ √𝑥 + ℎ + √𝑥

(𝑥 + ℎ ) − 𝑥 ℎ
= lim = lim
𝑥→0 ℎ(√𝑥 + ℎ + √𝑥) ℎ→0 ℎ(√𝑥 + ℎ + √𝑥)

1 1 1
= lim = =
ℎ→0 √𝑥 + ℎ + √𝑥 √𝑥 + √𝑥 2√𝑥

Vemos que 𝑓 ′(𝑥 ) existe se 𝑥 > 0; logo, o domínio de 𝑓′ é (0, ∞). Ele é menor que o domínio de 𝑓, que é
[0, ∞).

EXEMPLO 5:
1−𝑥
Encontre 𝑓′, se 𝑓 (𝑥 ) = 2+𝑥.

SOLUÇÃO:

1 − (𝑥 + ℎ ) 1 − 𝑥
𝑓 ( 𝑥 + ℎ ) − 𝑓 ( 𝑥 ) −
2 + (𝑥 + ℎ ) 2 + 𝑥
𝑓 ′(𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

(1 − 𝑥 − ℎ)(2 + 𝑥 ) − (1 − 𝑥 )(2 + 𝑥 + ℎ)
= lim
ℎ→0 ℎ(2 + 𝑥 + ℎ)(2 + 𝑥 )

(2 − 𝑥 − 2ℎ − 𝑥 2 − 𝑥ℎ) − (2 − 𝑥 + ℎ − 𝑥 2 − 𝑥ℎ)
= lim
ℎ→0 ℎ(2 + 𝑥 + ℎ)(2 + 𝑥 )

−3ℎ −3 3
= lim = lim =−
ℎ→0 ℎ (2 + 𝑥 + ℎ)(2 + 𝑥 ) ℎ→0 (2 + 𝑥 + ℎ)(2 + 𝑥 ) ( 2 + 𝑥 )2

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OUTRAS NOTAÇÕES:
Se usarmos a notação tradicional 𝑦 = 𝑓(𝑥 ) para indicar que a variável independente é 𝑥 e a variável
dependente é 𝑦, então algumas outras notações alternativas para a derivada são as seguintes:

𝑑𝑦 𝑑𝑓 𝑑
𝑓 ′ (𝑥 ) = 𝑦 ′ = = = 𝑓 (𝑥 ) = 𝐷𝑓 (𝑥 ) = 𝐷𝑥 𝑓 (𝑥 )
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

Os símbolos 𝐷 e 𝑑/𝑑𝑥 são chamados operadores diferenciais, pois indicam a operação de diferenciação,
que é o processo de cálculo de uma derivada.
O símbolo 𝑑𝑦/𝑑𝑥, introduzido por Leibniz, não deve ser encarado como um quociente (por ora); trata-
se simplesmente de um sinônimo para 𝑓 ′(𝑥 ).

Para indicar o valor de uma derivada 𝑑𝑦/𝑑𝑥 na notação de Leibniz em um número específico 𝑎,
usamos a notação

𝑑𝑦 𝑑𝑦
| ou ]
𝑑𝑥 𝑥=𝑎 𝑑𝑥 𝑥=𝑎

que é um sinônimo para 𝑓 ′(𝑎). A barra vertical, assim como o colchete, significam “calculado em”.

DEFINIÇÃO 2:
Uma função 𝑓 é derivável ou diferenciável em 𝑎 se 𝑓 ′(𝑎) existir. É derivável ou diferenciável em um
intervalo aberto (𝑎, 𝑏) [(𝑎, ∞) ou (−∞, 𝑎) ou (−∞, ∞)] se for diferenciável em cada número do intervalo.

EXEMPLO 6:
Onde a função 𝑓 (𝑥 ) = |𝑥 | é diferenciável?
SOLUÇÃO:
Se 𝑥 > 0, então |𝑥 | = 𝑥 e podemos escolher ℎ suficientemente pequeno para que 𝑥 + ℎ > 0 e,
portanto, |𝑥 + ℎ| = 𝑥 + ℎ. Consequentemente, para 𝑥 > 0, temos

|𝑥 + ℎ | − |𝑥 | (𝑥 + ℎ ) − 𝑥
𝑓 ′ (𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ
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= lim = lim 1 = 1
ℎ→0 ℎ ℎ→0

e, dessa forma, 𝑓 é diferenciável para qualquer 𝑥 > 0.


Analogamente, para 𝑥 < 0, temos |𝑥 | = −𝑥 e podemos escolher ℎ suficientemente pequeno para que
𝑥 + ℎ < 0, e assim |𝑥 + ℎ| = −(𝑥 + ℎ). Portanto, para 𝑥 < 0,

|𝑥 + ℎ | − |𝑥 | −(𝑥 + ℎ) − (−𝑥 )
𝑓 ′(𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

−ℎ
= lim = lim (−1) = −1
ℎ→0 ℎ ℎ→0

e, dessa forma, 𝑓 é diferenciável para qualquer 𝑥 < 0.


Para 𝑥 = 0, temos de averiguar

𝑓 (0 + ℎ) − 𝑓 (0)
𝑓 ′(0) = lim
ℎ→0 ℎ

|0 + ℎ| − |0| |ℎ |
= lim = lim (se existir)
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

Vamos calcular os limites à esquerda e à direita separadamente:

|ℎ| ℎ
lim+ = lim+ = lim+ 1 = 1
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ ℎ→0

|ℎ| −ℎ
e lim− = lim− = lim (−1) = −1
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ ℎ→0

Uma vez que esses limites são diferentes, 𝑓 ′(0) não existe. Logo, 𝑓 é diferenciável para todo 𝑥, exceto
𝑥 = 0.

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Uma fórmula para 𝑓′ é dada por

1, 𝑥>0
𝑓 ′ (𝑥 ) = {
−1, 𝑥<0

e seu gráfico está ilustrado na figura abaixo (parte b). O fato de que 𝑓 ′ (0) não existe está refletido
geometricamente no fato de que a curva 𝑦 = |𝑥 | não tem reta tangente em (0, 0). [Veja a mesma figura, item
a.]

Tanto a continuidade como a diferenciabilidade são propriedades desejáveis em uma função. O


seguinte teorema mostra como essas propriedades estão relacionadas.

TEOREMA 1:
Se 𝑓 for diferenciável em 𝑎, então 𝑓 é contínua em 𝑎.

Demonstração:
Para mostrar que 𝑓 é contínua em 𝑎, temos de mostrar que lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥 ) = 𝑓 (𝑎). Fazemos isso ao
mostrar que a diferença 𝑓(𝑥 ) − 𝑓 (𝑎) tende a 0.
A informação dada é que 𝑓 é diferenciável em 𝑎, isto é,

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑓 ′(𝑎) = lim
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

existe. Para conectar o dado desconhecido, dividimos e multiplicamos 𝑓 (𝑥 ) − 𝑓(𝑎) por 𝑥 − 𝑎 (o que pode ser
feito quando 𝑥 ≠ 𝑎):

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𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 ) = ∙ (𝑥 − 𝑎 )
𝑥−𝑎

Assim, usando a propriedade do produto dos limites e a definição de derivada, podemos escrever

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
lim [𝑓 (𝑥 ) − 𝑓(𝑎)] = lim (𝑥 − 𝑎 )
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥−𝑎

𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎 )
= lim ∙ lim (𝑥 − 𝑎)
𝑥→𝑎 𝑥−𝑎 𝑥→𝑎

= 𝑓 ′ (𝑎 ) ∙ 0 = 0

Para usar o que acabamos de demonstrar, vamos começar com 𝑓(𝑥 ), e somar e subtrair 𝑓 (𝑎):

lim 𝑓 (𝑥 ) = lim [𝑓 (𝑎) + (𝑓(𝑥 ) − 𝑓 (𝑎))]


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎

= lim 𝑓 (𝑎) + lim [𝑓 (𝑥 ) − 𝑓 (𝑎)]


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎

= 𝑓 (𝑎 ) + 0 = 𝑓 (𝑎 )

Consequentemente, 𝑓 é contínua em 𝑎. ∎

OBSERVAÇÃO IMPORTANTÍSSIMA!
A recíproca do Teorema 1 é FALSA, isto é, há funções que são contínuas, mas não são
diferenciáveis. Por exemplo, a função 𝑓 (𝑥 ) = |𝑥 | é contínua em 𝑥 = 0, pois

lim 𝑓 (𝑥 ) = lim |𝑥 | = 0 = 𝑓 (0)


𝑥→0 𝑥→0

Mas, no EXEMPLO 6, mostramos que 𝑓 não é diferenciável em 0.


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COMO UMA FUNÇÃO PODE NÃO SER DIFERENCIÁVEL?


Vimos que a função 𝑦 = |𝑥 | do EXEMPLO 6 não é diferenciável em 0, e no item a da figura
apresentada, notamos que em 𝑥 = 0 a curva muda abruptamente de direção. Em geral, se o gráfico de uma
função 𝑓 tiver uma “quina” ou uma “dobra”, então o gráfico de 𝑓 não terá tangente nesse ponto e 𝑓 não será
diferenciável ali. (Ao tentar calcular 𝑓 ′(𝑎), vamos descobrir que os limites quando 𝑥 → 𝑎 pela esquerda e pela
direita são diferentes.)
O Teorema 1 nos dá outra forma de uma função deixar de ter uma derivada. Ele afirma que se não for
contínua em 𝑎, então 𝑓 não é diferenciável em 𝑎. Então, em qualquer descontinuidade (por exemplo, uma
descontinuidade em salto) 𝑓 deixa de ser diferenciável.
Uma terceira possibilidade surge quando a curva tem uma reta tangente vertical quando 𝑥 = 𝑎; isto
é, 𝑓 é contínua em 𝑎 e

lim |𝑓 ′(𝑥 )| = ∞
𝑥→𝑎

Isso significa que a reta tangente fica cada vez mais íngreme quando 𝑥 → 𝑎.
A figura ao lado mostra uma forma de isso acontecer e a figura abaixo, outra.
A figura abaixo também ilustra as três possibilidades discutidas.

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