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Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Instituto de filosofia, ciências humanas e sociais – IFCHS


Departamento de História

Ficha de leitura 1: Em busca das origens da história global: aula inaugural proferida no
Collège de France em 28 de novembro de 2013

O professor Sanjay Subrahmanyam é um historiador indiano nascido em Nova Deli e


formado em economia pela universidade de Deli. Suas principais áreas de atuação são
as de história econômica e história global. Essa última, sendo bastante difundida por ele
(Subrahmanyam), inclusive no texto aqui explanado.

O texto, o qual se trata de sua aula inaugural no Collège de France, diz respeito a um
percurso cronológico da história global. Analisando o as obras de diversos autores, de
diversas regiões do mundo e de diversos períodos históricos, Subrahmanyam faz uma
genealogia historiográfica de historiadores que se aventuraram em escrever sobre
sociedades diferentes de seu nascimento ou origem. A chamada xenologia.

Os exemplos analisados pelo autor fogem quase completamente de uma história


eurocentrista. Isso demonstra o domínio e o enfoque do autor, que faz em uma escala
menor, uma história global da história¹.

Sua analise parte de historiadores do mundo antigo, como Políbio e Sima Qian, sendo
Políbio, segundo Subrahmanyam, o primeiro a fazer uma história universal. O percurso
passa então por uma série de historiadores árabes da idade média. Sem dúvida, uma
época extremamente fértil para a tradição historiográfica da época, mas com atenção
especial à xenologia praticada. Um nome citado dentre eles é Abu Ja'far al Tabari, um
proeminente erudito de Bagdá que viveu entre os séculos IX e X. O nome mais
importante das origens da tradição dos Tarikh, a qual passava as histórias e tradições
dos profetas. Com o sucesso nas ocupações mulçumanas pelo ocidente e oriente, os
historiadores dessa linhagem passaram a relatar esses povos e suas crônicas.

É discorrida então uma série de casos de xenologia árabe, que cobre histórias de povos
do mundo persa e Índia, à península Ibérica. Essa última região sofre uma influência
direta quando aparece sua própria historiografia, ao cabo da idade média e durante as
expansões marítimas. O primeiro exemplo evocado de história global no período
moderno é o de Fernão Lopes. Na verdade, ele era um cronista que, apesar de se
enaltecer por seu “cuidado e diligencia” na leitura de grandes documentos e fontes de
diversos cartórios, tinha como base principal, fontes orais. Por mais contraditório que
pareça, a historiografia portuguesa, na verdade, os ibéricos em geral, eram carentes em
matéria de xenologia, mesmo habitando um terreno que fora ocupado por povos
diferentes e tendo expandido seus domínios pelo mundo.

¹ Nota: Absolutamente nenhuma referência aqui ao livro de Daniel Woolf.


Nota-se uma grande mudança e difusão de uma história global entre o final do século
XVI e o começo do século XVII. Houve uma maior circulação de materiais e textos,
quebra de barreiras filológicas sentidas anteriormente e uma “conversa” entre
historiografias. Um exemplo é o do historiador humanista Hans Lowenklaus,
especialista em história turca e com bom domínio do turco-otomano e que publicou
Annales Sultanorum Othmanidarum e ainda Historiae Musulmanae Turcorum, de
monumentis ipsorum exscriptae. Por outro lado, intelectuais otomanos demonstraram
interesses em textos em italiano e em espanhol para escreverem a História da Índia
Ocidental, usando como base as obras de Gomara, Peter Martyr e Oviedo.

O autor encerra falando sobre a sua preocupação em demonstrar que os debates de uma
história global estão longe de serem recentes, e ainda, mais complexos do que se
imaginam. E diz ao fim que, apesar do crescente interesse por esse tipo de história, não
é o caso de uma substituição da história regional, mas ambas hão de se complementar.

¹ Nota: Absolutamente nenhuma referência aqui ao livro de Daniel Woolf.

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