Você está na página 1de 46

Reflexões sobre a História

Fernand Braudel
Grupo 1
Alessandra Campos - Ariel Soares - Bárbara Rodrigues - Bruno Neves
Reflexões sobre Fernand Braudel
Fernand Paul Achille Braudel, nascido em
Luméville-en-Ornois, no dia 24 de agosto de 1902,
e falecido em Cluses no dia 27 de novembro de
1985. Historiador francês, se destacou como
importante membro da chamada Escola dos
Annales introduzindo significativas mudanças nos
métodos historiográficos tradicionais.
Seus estudos se concentraram em três projetos
principais:
O Mediterrâneo
Civilização e capitalismo
e a inacabada identidade da França
A importância de Braudel
● A concepção braudeliana sobre o tempo
● Dialética das durações
● Importância do espaço geográfico para a
historiografia
● Projeto de História Total
“Minha formação de historiador”
Fernand BRAUDEL. “Minha Formação de
Historiador” In: idem. Reflexões sobre a
história. Tradução São Paulo: Martin Fontes,
1992. 3 -31
Primeira Fase Braudeliana - Vocação (1902 - 1927)
Fernand Braudel se formou em História pela Ainda um “aprendiz”, ensinando uma “história
importante Universidade de Sorbonne. Sua factual”:
carreira profissional teve início no continente
“(...) chego aos vinte e um anos como
africano, quando se mudou para Argélia e por
professor de história (...) sou então um
lá residiu durante dez anos.
aprendiz de historiador (...) ensino como
“(...) tinha a impressão de haver vendido milhares de outros, uma história factual (...)”
barato minha vida, de haver escolhido a (pg. 6, 2º§) Repito: sou, então, um historiador
facilidade. A vocação de historiador só mais do acontecimento, da política, das biografias
tarde surgirá em mim.” (pg. 5-6) ilustres.” (pg. 6, 2º§)
O Aprendiz e sua primeira influência
“(...) meu relógio está acertado com a hora de
todo mundo (...)” apegado aos fatos (...) Minha
tese prova essa fidelidade (...) em 1928 (...) ou
minha comunicação, em Argel, 1930, ao
Congresso De Ciências Históricas (...) (...) o
que me deu a oportunidade de rever meus
mestres e conhecer Henri Berr, (...) (pg. 7)
Henri Berr - O Mestre
Nascido em 31 de janeiro de 1863 em
Luneville (Meurthe-et-Moselle), morto em 19
de novembro 1954 em Paris, é um filósofo
francês, fundador do Jornal de síntese
histórica (1900),
Segunda Fase Braudeliana - Nova História (1927 - 1937)

“(...) uma história nova, em ruptura com o


ensino tradicional. (...) deixei-me tentar pela
história da Espanha” (...) Pouco a pouco,
cresciam minhas dúvidas acerca da liberdade
de meu trabalho (...)” “(...) Filipe II, o
Prudente, o Triste, atraía-me cada vez menos,
e o mediterrâneo cada vez mais (...) Escolhi
então o Mediterrâneo.” (pg. 8 e 9)
Partindo do Brasil, encontra a sua segunda influência...

“(...)Em 1935, ofereceram-me por acaso um


cargo na faculdade de São Paulo, no Brasil.”
(...) em outubro de 1937, em Santos, quando
eu partia definitivamente do Brasil. Ao
embarcar, encontrei Lucien Febvre (...) foi
então que me tornei mais que um companheiro
de Lucien Febvre, (...) (pg. 10)
Terceira Fase Braudeliana - Paz na Guerra (1937 - 1949)

“(...) DE 1940 A 1945, sou prisioneiro na (...) Foi no cativeiro que escrevi essa enorme
Alemanha (...) a prisão pode ser uma excelente obra (...) sim, contemplei, cara a cara, durante
escola. Ela ensina a paciência e a tolerância. anos, longe de mim no espaço e no tempo, o
Mas o que de fato me fez companhia durante Mediterrâneo (...) e minha visão da história
esses longos anos, o que me “distraiu”, no tomou, então, sua forma definitiva (...)” (pg.
sentido etimológico da palavra, foi o 12)
Mediterrâneo.
Longue Durée, a Longa Duração
“(...) Abaixo o acontecimento, sobretudo o (...) Foi assim que me pus conscientemente em
acontecimento contrariante. Eu precisava busca da linguagem histórica mais profunda
acreditar que a história e o destino se que eu podia aprender ou inventar: o tempo
escreviam em muito maior profundidade. imóvel, ou pelo menos de lentíssimo
Escolher o observatório do tempo longo, era desenrolar, obstinado em repetir-se. (...) várias
escolher como refúgio, a própria posição de linhas temporais diferentes, indo do imóvel á
Deus Pai (...)” brevidade do acontecimento. (...) (pg. 12)
Assim, nasce a grande obra!
Esquema Tripartido do Tempo Braudeliano
1 - O primeiro nível de tempo, o tempo A mudança nesse nível é muito mais rápida do
geográfico, é o do meio ambiente, com sua que no meio ambiente; Braudel analisa dois ou
mudança lenta, quase imperceptível, sua três séculos para localizar um padrão
repetição e seus ciclos. Essa mudança pode ser específico, como a ascensão e queda de várias
lenta, mas é irresistível. aristocracias.

2 - O segundo nível de tempo incluiu história 3 - O terceiro nível de tempo é o dos eventos.
social, econômica e cultural de longo prazo, Esta é a história de indivíduos com nomes.
onde Braudel discute a economia Este, para Braudel, é o tempo das superfícies e
mediterrânea, agrupamentos sociais, impérios dos efeitos enganosos. É o tempo do "curto
e civilizações. prazo" propriamente dito
Quarta Fase Braudeliana - Annales (1949-1968)
Os Annales surgiram de encontros
organizados por Henri Berr entre filósofos,
sociólogos, historiadores, geógrafos, juristas e
matemáticos docentes da Universidade de
Estrasburgo, cidade a nordeste da França,
região da Alsácia, que buscavam refletir sobre
temas de filosofia e orientalismo, história das
religiões e história social. (SANTOS; FOCHI;
SILVA, 2012, p. 91).
A Criação da Revista
Os Annales começaram como uma revista de Os colaboradores dos Annales assumiram o
seita herética. ‘É necessário ser herético’, esforço de ampliar as fontes e os métodos, ir
declarou Febvre em sua aula inaugural, além dos textos; incluir estatísticas,
Oportet haereses esse (Febvre, 1953, p.16). referências da linguística, da psicologia, da
Depois da guerra, contudo, a revista numismática, da arqueologia, demonstrar
transformou-se no órgão oficial de uma “igreja interesse pela natureza, pela paisagem, pela
ortodoxa”. Sob a liderança de Febvre os população, demografia, pelas relações de
revolucionários intelectuais souberam troca, pelos costumes, rejeitar o factual em
conquistar o establishment histórico francês. O benefício da abordagem e compreensão da
herdeiro desse poder seria Fernand Braudel. longa duração (SANTOS; FOCHI; SILVA.
(BURKE, 1991, p. 30.) 2012. p. 92).
Os Annales e a História na Época de Braudel
Braudel dirige os Annales entre 1946 e 1968 e Foi o momento em que os estudiosos lançam mão
este período é marcado pelo tema das de conceitos, abordagens e métodos oriundos da
civilizações e temas demográficos. Constitui- demografia, etnologia, história regional,
se como escola, ao aportar conceitos (estrutura geografia, relações sociais, ciência política;
e conjuntura) e métodos (história serial das visavam recuperar a globalidade dos fenômenos
humanos, numa perspectiva de movimento rumo
mudanças na longa duração) definidos.
à totalidade do social. consolidava-se assim o
(PORTO, 2010, p. 133).
método comparativo, que versou sobre o tempo
mais longo e maiores extensões de espaço, ou
seja, preconizavam a longa duração. (SANTOS;
FOCHI; SILVA. 2012. p. 97).
O “Império Braudeliano”
Braudel tornou-se o líder da “segunda geração” Em 1962 ele e Gaston Berger usaram a
de historiadores dos Annales após 1945. Em garantia da Fundação Ford e fundos do
1947, com Febvre e Charles Morazé, obteve governo para criar uma nova fundação
financiamento da Fundação Rockefeller, em independente, a "Fondation Maison des
Nova York e fundou a prestigiosa Sixième Sciences de l'Homme" (FMSH), e que Braudel
Section, para "Economia e Ciências Sociais" na dirigiu a partir de 1970 até à sua morte. A
"École pratique des hautes études".
FMSH focou as suas atividades em disseminar
Em 1949, Braudel foi eleito para o "Collège de a abordagem dos Annales à Europa e ao
France" diante da aposentadoria de Febvre. Co- mundo. Aposentou-se em 1968.
fundou o jornal acadêmico "Revue économique"
em 1950.
Braudel e seus inimigos
Braudel desempenha agora um papel de Enquanto os conservadores, liderados por
coordenação, porque as ciências humanas estão, Labrousse, o consideram um marxista, o que,
depois da guerra, divididas entre o de certo ponto de vista, não é falso, no sentido
conservadorismo e o comunismo. Situa-se, junto de que Marx faz parte de sua bagagem
com os Annales, em meio a essas correntes intelectual, e que em alguns Braudel se
intelectuais. utilizou do marxismo, em particular para
Para os comunistas, liderados por Althusser os enfrentar alguns dos problemas de longo prazo
Annales são considerados social-democratas (o que requerem a união das diferentes ciências
que na época equivalia a um insulto). Eles humanas.
reprovam Braudel por sua visão muito
permanente da História;
Formando o seu Exército
Em resposta, Braudel se esforça para lançar Agora equipado com influência internacional
toda uma geração de pesquisadores que (ele foi, por exemplo, o primeiro acadêmico
garantirá a continuidade dos Annales. Eles são não comunista a viajar para a URSS), Braudel
Jean-Pierre Vernant, Emmanuel Leroy- testemunhou a efervescência estruturalista da
Ladurie, Georges Duby, Jacques Le Goff, década de 1960. Embora pautados nos
Robert Philippe, François Furet. Mas ele Annales, estruturalistas como Jacques Derrida
também vê além da história e também integra e Claude Lévi-Strauss, gradualmente se
Roland Barthes e Jacques Lacan, entre outros, distinguiram da influência braudeliana. Paul
na 6ª seção. Ricoeur, por exemplo, censura Braudel por
ainda obedecer demais, no Mediterrâneo ..., às
regras de contar histórias (Ricoeur 1991).
O Império começa a ruir...
De todos os estruturalistas, em busca de onde
reside a liberdade humana em relação às
estruturas, quem mais se distancia de Braudel
é Michel Foucault. Em seus dois livros, Les
mots et les choses (1966) e Archéologie du
savoir (1969), ele ataca os longos períodos de
Braudel. Segundo ele, não apresentam
movimentos suficientes, não apresentam
revoluções suficientes.
As Duas Facções
Michel Foucault quer, ao contrário da Gradualmente, duas correntes emergem. Uma
abordagem de Braudel, insistir em rupturas e delas vai para uma história das mentalidades
rupturas. Ele teve, de fato, uma influência (encarnada por Jacques Le Goff e Georges
muito grande entre os alunos da Sorbonne, e Duby), enquanto a outra, por reação, tende a
os problemas de Braudel são, portanto, cada uma abordagem antropológica nos estudos de
vez menos praticados nas ciências humanas. História ( Chartier, Bourdier e Certeau). Essas
Essa corrente estruturalista começa a ganhar duas tendências são, portanto, muito diferentes
influenciar até mesmo entre as fileiras do das perspectivas de Braudel, que na época
exército braudeliano. trabalhava nas estruturas econômicas.
O Golpe Final - Maio de 1968
A ruptura final da década de 1960 são os Por fim, percebendo que estava entrando em
protestos de maio de 68. Embora Braudel contradição com a nova geração de
tenha percebido o bloqueio institucional da historiadores que caminhavam para problemas
universidade, ele está profundamente mais restritos e menos globalizantes, em 1969
"incomodado" com os acontecimentos, e ele “abdica” do comando dos Annales,
apesar do movimento ter começado na entregando o controle (mas permanecendo no
Sorbonne, a VI seção da EPHE não é poupada comitê de gestão) a um conselho de
pelo movimento de protesto. administração composto por André Burguière,
Emmanuel Leroy Ladurie, Jacques Le Goff,
Marc Ferro e Jacques Revel.
Quinta Fase Braudeliana - Civilização (1963 - 1979)
Civilização Material, Economia e Capitalismo
Séculos XV - XVIII

Escrito em três volumes:

● Vol. 1 - As Estruturas do Cotidiano


● Vol. 2 - Os Jogos das Trocas
● Vol. 3 - O Tempo do Mundo
A conjuntura da obra e os argumentos de Braudel
O conceito de “Civilização Material” tem como
base a grande difusão do Marxismo nas ciências
sociais nos anos de 1960-1970.

Traz uma nova teoria geral do capitalismo para


explicar a modernidade capitalista, Braudel
elaborou uma nova e sugestiva explicação da
origem e desenvolvimento do mundo moderno.

Reconstrói o complexo percurso que nos leva da


pequena economia - mundo européia à moderna
economia mundial, vista a partir da longa duração
histórica.
Última Fase Braudeliana - Identidade (1979 - 1985)
Terceiro grande projeto de Braudel, uma
tentativa de reconstrução, a partir do olhar da
longa duração, da história da França e da
“identidade” francesa. Esse projeto de
História da França tem uma evidente redução
espacial, mas amplia a linha temporal
braudeliana, do século XIII até o XIX.

Nesta terceira trilogia, Braudel tentava mostrar


como os paradigmas da história global podiam
ser aplicados a um objeto de estudo de
dimensões menores da qual estava habituado.
Reflexões sobre a História
Esta coletânea de artigos apresenta as
contribuições de Braudel que permaneceram
inéditas em língua francesa, embora alguns
publicados anteriormente em outros idiomas já
sejam famosos.
Apresenta, ao mesmo tempo, um estudo sobre
a longa duração, duas biografias, confidências
pessoais e comentários sobre temas atuais.
Foi publicado na França em 1990, cinco anos
após a morte de Fernand Braudel, com o título
“Ecrits Sur L’Historie II”
Filipe II - Um estudo
Publicado originalmente em 1969, na série I
protagonisti, em Milão. Foi traduzida do
italiano para o francês por Paule Braudel,
esposa de Fernand Braudel, pois o texto
original se perdeu. Faz parte da quinta fase
braudeliana, segundo Rojas, escrito logo após
a sua saída do comando do Annales.
Porque não uma biografia?
Após um breve resumo da vida do
“biografado”, Braudel fala:

Pág. 267 - Porém, todo estudo consagrado à


sua pessoa se revela decepcionante.

Pág. 268 - (...) a personagem real se furta à


nossa curiosidade como a nossos julgamentos.
(...) o homem de carne e sangue que ele
decerto foi, como cada um de nós, permanece
ausente (...)
Descrição do Método
A Precaução de Braudel: Braudel elenca os principais acontecimentos
da vida do rei, que são os dramas de seu
Pág. 268 - (...) rejeitar em bloco o acúmulo de
mundo, as lutas e as grandes batalhas:
injúrias e de elogios desmedidos de que o rei
foi alvo. (...) Toda uma série de “legendas Pág. 269 - Mas é sobretudo para o rei (...) que
negras” se opõe a uma série de legendas nosso olhar se dirigirá. Além de seu século
“douradas”, também pouco aceitáveis. tumultuado, não menos violento e triste do que
a sua própria pessoa, é o homem sobretudo
Pág. 268 - O único meio de abordar
que nos interessa.
honestamente essa tarefa difícil será procurar
nada afirmar, a não ser a luz de fatos
confirmados.
Filipe II - A personificação do “Curto Prazo”
Infância, juventude e aprendizado (1527 -
1559).

Os anos felizes (1559 - 1568)

Os terríveis anos da maturidade (1568 - 1582)

Os anos grandiosos, da velhice, sob o signo da


solidão e da guerra a todo transe (1582 - 1598)
A rede de pesquisa e as ferramentas utilizadas
Em sua busca pelo “fugitivo” Filipe II, Braudel utiliza aqui “novas ferramentas” para
Braudel se utiliza de uma rede de a pesquisa, algumas são novos conceitos da
“informantes” oficiais para montar a imagem psicologia e da psiquiatria, como a
do Rey, seu pai, Carlos V, sua mãe, princesa interiorização da figura paterna (pág.272) e do
Isabel, seu preceptor, seu amigo português mascaramento (pág. 279). Isso nos mostra que
Ruy Gomes, padres, diplomatas, Braudel tem grande conhecimento destes
representantes, embaixadores, todos eles estudos, pois ambos conceitos são publicados
deixam pequenas pistas no caminho que são no mesmo ano em que o estudo de Filipe II é
usadas por Braudel para apenas vislumbrar lançado.
Filipe II
Muitas perguntas, poucas respostas...
Por sua decisão de “apagar” as críticas e os
elogios excessivos feitos à Filipe II do seu
estudo, Braudel deixa no texto várias questões
em aberto, são muitos os “Talvez”, “é
provável”, “pode ter sido” e questões que
ficam sem resposta neste estudo. O historiador
aqui não faz juízo de valor, nem dá a sua
opinião sobre questões não cobertas pelas
fontes ou que não tratam de “fatos
confirmados”
Pouco Filipe II e muito Fernand Braudel
Na pág. 268, Braudel escreve que: Mas o que este texto pode nos dizer, não sobre
a figura histórica, mas sim sobre o historiador?
Faz mais de quarenta anos, de minha parte,
que me interesso pela taciturna personagem. Por que, depois de 40 anos, escrever este
No entanto, não o conheço melhor que meus “estudo”?
predecessores
Podemos encontrar algumas respostas no
Uma vida inteira dedicada à busca do Rei, e tempo e fazer algumas comparações entre a
foi mais fácil para Braudel criar uma nova vida de Rey e a vida de Braudel?
teoria histórica do que fazer uma biografia de
Filipe II
França e Espanha - 1969
Este texto é publicado, originalmente, no ano
de 1969. Na França de Braudel ocorrem a
reformulação de vários campos sociais após
os protestos de 1968.

Na Espanha de Filipe II, o ditador Francisco


Franco, anuncia que o príncipe Juan Carlos
seria o seu sucessor no governo espanhol e a
monarquia seria restabelecida em um governo
parlamentarista.
Rupturas e Estruturas
Podemos levantar algumas questões sobre este E essa visão sem juízo de valor, sem as leyendas
momento, baseado no que Braudel escreve e negras e doradas que marcaram os escritos
na sua metodologia? sobre Filipe II, não pode ser tomada como uma
representação da vida do próprio Fernand
Poderíamos ver este texto como uma “carta Braudel?
aberta” para o novo Rei espanhol, com
Braudel “prevendo” as rupturas que tal O Filipe II encastelado no Escorial, segurando
mudança ocasionaria e tentando mostrar de nas mãos a cordas que movimentam o seu reino,
que forma Filipe II lidou com questões não seria um espelho do Braudel encastelado na
6⎀ seção enquanto tinha nas mãos o controle da
parecidas, mais de 4 séculos antes?
historiografia francesa e cuidava de sua
expansão pelo mundo?
Um é espelho do outro
Quando Braudel fala dos mestres de Filipe II, Braudel tem seus mestres, Berr, Hauser e
dos conselhos dados por seu pai, das Pirenne, seu “pai conselheiro” Febvre, a
investidas para aumentar a força de seu utilização do dinheiro do Plano Marshall para
império, da tomada de coroa de outros reinos, difundir o modelo historiográfico francês pelo
das batalhas travadas e daquelas que foi mais mundo, seu exército de historiadores sempre a
sensato desistir ou colocar um aliado no postos para analisar cada canto da longa
campo de batalha e também das abdicações duração, a tomada de posse de conceitos de
feitas para que seu império não se esfacelasse, outros campos do conhecimento e, quando
podemos ver estes mesmos movimentos em parecia que tudo seria perdido, a abdicação
sua própria vida? deste poder, não para seus “inimigos” e sim
para seus “descendentes”.
Senhores de seus tempos
Braudel escreve na pág. 326 que (...) Filipe II,
naturalmente, é impensável fora de seu tempo
e das regras que, de forma consciente ou não,
dele recebeu.

Esta mesma afirmação, uma das poucas que


faz neste estudo, pode ser aplicada também ao
historiador. Braudel é impensável fora do
tempo em que viveu, mas principalmente do
modelo de pesquisa histórica que desenvolveu
e divulgou para o mundo inteiro.
Obras de Fernand Braudel
Les Trois Premières Années de la Révolution à Bar-le-Duc (D.E.S., 1922), publié en feuilleton dans Le Réveil de la
Meuse, 1922-1923

« Les Espagnols et l’Afrique du Nord de 1492 à 1577 », in Revue africaine, 1928, p. 184-233 et p. 351-462

Acceptée en 1947 comme thèse secondaire.

« Les Espagnols en Algérie 1492-1792 », chapitre IX de Histoire et historiens de l’Algérie, Paris, 1931, p. 231-265

La Méditerranée et le monde méditerranéen à l'époque de Philippe II, Paris, Armand Colin, 1949 ; deuxième
édition révisée, 1966

Navires et marchandises à l’entrée du port de Livourne (1547-1611), en collaboration avec Ruggiero Romano,
Armand Colin, 1951, 127 p.
Obras de Fernand Braudel
« La longue durée », in Annales, 1958, p. 725-753

« Histoire et sociologie », in Traité de sociologie, publié sous la direction de Georges Gurvitch, PUF, 1958

« Le déclin de Venise au xviie siècle », en collaboration avec Pierre Jeannin, Jean Meuvret et Ruggiero Romano, in
(it) Aspetti e cause della decadenza economica veneziana nel secolo XVII. Atti del convegno : 27 giugno-2 luglio
1957, Venise-Rome, 1961, p. 23-86

(en) « European Expansion and Capitalism : 1450-1650 », in Chapters in Western Civilization, New York, 1961, p.
245-288

Le Monde actuel - Histoire et civilisation, en collaboration avec Suzanne Baille et Robert Philippe, Belin, 1963.
Réédité en 1987 sous le titre Grammaire des civilisations

(it) Carlo V, in I protagonisti della Storia universale, Milan, 1965, p. 113-140


Obras de Fernand Braudel
«Civilisation matérielle, économie et capitalisme (xve et xviiie siècles), tome 1, Paris, Armand Colin,
1967

Écrits sur l’histoire, Paris, Flammarion, collection Science, 1969, 315 p. (ISBN 2080810235)

(it) Conclusion du tome II de la Storia d’Italia, Milan, Einaudi, 1974

Publié en français en 1989 sous le titre Le Modèle italien.

(dir.) La Storia e le altre scienze sociale, Bari, Laterza, 1974, 386 p.

(dir.) Histoire économique et sociale de la France, Paris, PUF, 1977 (dir. avec Ernest Labrousse)

(dir.) La Méditerranée
Obras de Fernand Braudel
L’Espace et l'Histoire, Paris, Arts et métiers graphiques, 1977 ; rééd. en poche, Champs, Flammarion, 1985

Les Hommes et l’Héritage, Paris, Arts et métiers graphiques, 1978 ; rééd. en poche, Champs, Flammarion,
1986

Civilisation matérielle, économie et capitalisme, xve et xviiie siècles 1. Les Structures du quotidien - 2. Les
Jeux de l'échange - 3. Le Temps du monde, Paris, Armand Colin, 1979

L’Europe, Paris, Arts et métiers graphiques, 1982

Oltremare. Codice casanatense, Franco Maria Ricci, 1984

Venise, photographies de Folco Quilici, Paris, Arthaud, 1984


Obras de Fernand Braudel
(dir.) Le monde de Jacques Cartier, Paris, Berger-Levrault, 1984, 317 p.

La dynamique du capitalisme, Paris, Arthaud, 1985 (ISBN 2080811924)

L'Identité de la France, Paris, Arthaud, 3 volumes, 1986

Discours de réception à l’Académie française, Paris, Arthaud, 1986

Une leçon d’histoire, colloque de Châteauvallon, 1985, Paris, Arthaud, 1986

Grammaire des civilisations, Paris, Arthaud, 1987 (cf. 1963)

Le Modèle italien, Paris, Arthaud, 1989 (cf. 1974)


Obras de Fernand Braudel
Écrits sur l’histoire, tome II, Paris, Arthaud, 1990 (ISBN 2080813048) (tome I : 1969)

La Méditerranée et le monde méditerranéen à l'époque de Philippe II (édition revue et augmentée) :

Tome 1 : La Part du milieu, Le Livre de Poche, coll. « Références (9e édition) », 1993 (janvier) (ISBN
978-2-253-06168-7)

Tome 2 : Destins collectifs et mouvements d'ensemble, Le Livre de Poche, coll. « Références (9e
édition) », 1993 (janvier) (ISBN 978-2-253-06169-4)

Tome 3 : Les événements, la politique et les hommes, Le Livre de Poche, coll. « Références (9e
édition) », 1993 (janvier), 662 p. (ISBN 978-2-253-06170-0)
Obras de Fernand Braudel
Les Écrits de Fernand Braudel

I : Autour de la Méditerranée, Paris, De Fallois, 1996

II : Les Ambitions de l’histoire, Paris, De Fallois, 1997

III : L’Histoire au quotidien, Paris, De Fallois, 2001

Les Mémoires de la Méditerranée, Paris, De Fallois, 1998

La genèse intellectuelle de l'oeuvre de Fernand Braudel : La Méditerranée et le monde


méditerranéen à l'époque de Philippe II (1923-1947), Fides, coll. « Institut Recherches
Néohelléni », 2002 (ISBN 978-2-7621-2460-6)
Referências
BARROS, José D’Assunção. Fernand Braudel e a Geração dos Annales. Revista Eletrônica Historia em Reflexão: Vol. 6 n.
11 – UFGD – Doutorados 2012.

BURKE. Peter. A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Annales 1929-1989 /tradução Nilo Odália. – São
Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.

CRACCO. Rodrigo Bianchini. A longa duração e as estruturas temporais em Fernand Braudel: de sua tese O
Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Felipe II até o artigo História e Ciências Sociais: a longa duração
(1949-1958). Assis: 2009. 115 f. Disponível em:
http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/93349/cracco_rb_me_assis.pdf?sequence=1/>.

FLORES, Elio Chaves. Lições do professor Braudel: o Mediterrâneo, a África e o Atlântico. Revista Afro-Ásia, n. 38,
2008, p. 9-38
Referências
JUNIOR, Antônio Gasparetto. Fernand Braudel. 2006. Disponível em:
http://www.infoescola.com/biografias/fernand-braudel/>.
________________. A Escola dos Annales. 2006. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/escola-dos-
annales/>.
OLIVEIRA. Edileusa Santos; CASIMIRO. Ana Palmira Bittencout. A Escola dos Annales, de Peter Burke. 2007.
PORTO, Maria Emília Monteiro. Cultura Histórica pós anos 70: entre dois paradigmas. In: CURY, Cláudia
Engler; FLORES, Elio Chaves; CORDEIRO JR, Raimundo Barroso. Cultura histórica e historiografia: legados e
contribuições do século 20, João Pessoa, editora universitária/UFPB, 2010. p. 131-146.
SANTOS. Paulo Cesar dos; FOCHI. Graciela Márcia; SILVA. Thiago Rodrigo da. Teoria e historiografia. Indaial,
SC: UNIASSELVI, 2016. p. 209. ISBN 978-85-7830-952-7

Você também pode gostar