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O momento musical de hoje será especialmente virtuosístico, com duas peças extremamente

famosas do repertório da música clássica. A primeira, “O voo do Moscardo”, é um interlúdio


orquestral da ópera “O Conto do Czar Sáltan”, composta por Rimsky-Korsakov em 1899. Quando
esta peça é tocada um cisne mágico transforma o filho do Czar, o Príncipe Saltanovich num
moscardo, para que posso viajar rapidamente ao encontro do seu pai, que está longe. Como se trata
de uma ópera, é preciso um pouquinho mais de drama, por isso o pai não sabe que o filho está
vivo… E mais não conto para deixar o bichinho da curiosidade. Este interlúdio fascinou tantos
compositores que transcreveram-no para vários instrumentos, sendo a versão para piano das mais
famosas. É recorrente no final de um concerto o pianista tocar como encore (peça extra) “The flight
of the Bumblebee”. Aproveitando para partilhar convosco um pouco de cultura musical, esta peça é
um exemplo de música programática, ou seja, é sobre alguma coisa. Uma imagem, uma ação, um
personagem, etc. Pelo contrário, a música absoluta não tem por inspiração ou expressão qualquer
ideia pré-concebida. É o exemplo da Sonata ao Luar de Beethoven. Mas, perguntam vocês, a Sonata
ao Luar não representa o Luar? Aí está a questão. Quando Beethoven escreveu essa Sonata, ele não
deixou nenhum registo de ter-se inspirado no luar ou de querer expressá-lo através da sonata.
Quem deu esse título à Sonata foi o editor, para vender mais. Sonata op 27 n 2 não vende tanto
como Sonata ao Luar… mas este tipo de desrespeito à vontade do autor ocorre em todo o lado.

A segunda peça é outro hit da música clássica, o grande Finale do “Carnaval des Animaux” de Saint-
Saens, composta em 1886. Sobre esta obra há uma série de curiosidades interessantes. O objetivo
de Camille Saint-Saens com esta peça foi criticar o cenário musical parisiense do séc. XIX. Cheia de
referências a outros compositores, Saint-Saens só permitiu que a obra fosse publicada após a sua
morte, pois poderia arruinar a sua reputação de “compositor sério”. Esta obra é um dos melhores
exemplos de música programática, pois cada uma das 13 peças representa um animal. A 14ª, o
Finale é basicamente um desfile de toda a bicharada, onde se ouvem os principais temas da obra,
inclusivé o dos pianistas. Sim, segundo o compositor os pianistas iniciantes que tanto o
incomodavam eram verdadeiros animais, e não dos menos barulhentos. Composta para orquestra e
dois pianos, esta é uma transcrição que tenta englobar todo o Reino Animal.

Quero deixar bem claro que só me atrevi a trazer-vos para a Lufada estes dois speedy gonzales por
aceitação do Professor Luís Lopes. Um louco parte loiça, mas dois

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