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Intervalos – Professor Elias Barboza:

• Intervalo é o nome dado a distância que existe entre as notas musicais.

• Semitom é a menor distância entre duas notas.

• Tom é a distância entre duas notas que permite entre elas um semitom.

Classificação dos intervalos:

Existem intervalos melódicos em que tocamos as notas uma de cada vez e intervalos
harmônicos, que tocamos simultaneamente as notas. Para cada distância entre duas notas
temos uma classificação específica de intervalo, com subdivisões na qual veremos adiante.

Intervalos de segunda:

Os intervalos de segunda podem ser classificados em segunda menor ou segunda maior.

Segunda menor é o intervalo que representa o semitom, logo é a menor distância entre duas
notas. Confira no exemplo :

 Na música Naquela Mesa de Sergio Bittencourt dedicada a Jacob do Bandolim temos


um intervalo de segunda menor descendente entre as duas primeiras notas Si bemol e
lá.

 Na música Falta-me Você de Jacob do Bandolim temos igualmente um intervalo de


segunda menor, só que desta vez de maneira ascendente.

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 O intervalo de segunda menor também é bastante usado de forma harmônica no


bandolim e cavaquinho, incorporando de tal maneira, que até podemos considerar como
um ornamento do choro. Nem sempre esse intervalo harmônico está escrito na melodia
original. Muitas vezes é apenas um recurso interpretativo.

Segunda maior é o intervalo entre duas notas que tem um tom de distância. No
Carinhoso temos entre as duas primeiras notas uma segunda maior descendente e no
Noites Cariocas segunda maior ascendente.

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Intervalos de terça:

O intervalo de terça pode ser maior ou menor.

Terça menor é o intervalo entre duas notas que permite um tom e meio de distância. No
exemplo Vibrações temos a terça menor ascendente.

No exemplo Choro pro Luisinho temos uma terça menor descendente.

Na introdução de Lamentos, Jacob utiliza um intervalo harmônico de 3ª menor no primeiro


acorde que da ao bandolim, na introdução.

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Terça maior é o intervalo entre duas notas que permite dois tons de distância. Podemos usar
os mesmo exemplos de Noites Cariocas e Carinhoso para identificar esses exemplos.

*Outro exemplo clássico de terça maior é o inicio de “Eu sei que vou te Amar” de Tom Jobim.

Na gravação de Jacob do Bandolim para É do que Há, o bandolinista inicia com um acorde de
Lá menor, mas as duas primeiras notas do acorde formam um intervalo de 3ª maior.

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Intervalos de quarta:

Os intervalos de quarta podem ser justos, aumentados ou diminutos.

A quarta justa é o intervalo entre duas notas que permite dois tons e meio de distância. Ou
seja, dois tons e um semitom. Confira no “O Vôo da Mosca” os exemplos ascendente e
descendente.

*Um exemplo clássico de quinta justa ascendente é o intervalo entre as primeiras notas
do Hino Nacional.

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A quarta diminuta tem a mesma distância da terça maior, dois tons, na forma ascendente ela
é usada apenas para escrita, quando temos uma terça menor e não queremos usar bequadro
para usar a terça maior, usamos a quarta diminuta.

Confira no Exemplo:

Entre fá e sol temos 2ª maior, entre fá e lá bemol temos terça menor, já entre fá e si dobrado
bemol temos 4ª diminuta. Poderíamos perfeitamente usar um bequadro que anula o bemol do
lá e usar o lá. Neste caso seria uma terça maior medindo intervalo com o fá ascendente, mas
como a opção foi si dobrado bemol, temos a quarta diminuta.

*O mesmo som entre notas escritas diferentes é o que chamamos de sons enarmônicos .

Já no formato descendente a quarta pode ter um sentido melódico independente. Confira no


exemplo:

Os intervalos de quarta aumentada é aquele que permite 3 tons de distância entre duas notas.
Normalmente é usado mais com função harmônica do que melódica, pois é enarmônico da
quinta diminuta, intervalo bem mais usado. Harmonicamente este intervalo é representado uma
oitava a cima da condição de (#11). Um uso muito comum da quarta aumentada (#11) é no
acorde maior com sétima maior e (#11), um exemplo seria F#7M(#11) que é usado no Campo
Bom de Elias Barboza, como podemos ver no exemplo abaixo.

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As notas que formam o F#7M(#11) são F# A# C# E# e B# que é a quarta aumentada


representado na melodia pelo seu som enarmônico o dó, por deixar muito mais limpo a
partitura.

Intervalos de Quinta:

Os intervalos de quinta podem ser justos, aumentados ou diminutos.

A quinta justa é o intervalo entre duas notas que possui 3 tons e meio de distância. Confira o
exemplo da introdução de Encantamento, choro de Elias Barboza.

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No exemplo descendente temos o clássico Rosa de Pixinguinha:

Já a quinta diminuta possui 3 tons de distância entre duas notas. É enarmônico da 4ª


aumentada, porém, melodicamente é muito mais usada. Confira ela no choro Pérolas de Jacob:

Quinta diminuta descendente:

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A Quinta Aumentada é a distância entre duas notas que permite 4 tons de distância entre
duas notas.

Confira o exemplo ascendente em um trecho do choro Receita de Samba de Jacob do


Bandolim:

Na forma descendente:

Intervalos de sexta:

Os intervalos de sexta podem ser maiores ou menores.. Porém o intervalo de sexta menor é
enarmônico da quinta aumentada, tendo por tanto função harmônica em acordes, se
apresentando uma oitava acima na função de (b13) como neste acorde G7(b13). O (b13) neste
caso é o Mi Bemol, que é enarmônico de Ré sustenido, a quinta aumentada.

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Já o intervalo de sexta maior é responsável por belos temas da música brasileira, incluindo
Marina de Dorival Caymi e também o lindo choro Velhos Chorões de Luciana Rabello e Paulo
Cesar Pinheiro. No intervalo de sexta maior temos 4 tons e meio de distância entre duas notas.

Na forma descendente temos :

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Intervalos de sétima:

Os intervalos de sétima classificam-se em maiores, menores e diminutos.

A sétima maior é o intervalo que permite 5 tons e meio entre duas notas. Confira o exemplo
harmônico:

Aqui temos exemplos ascendente e descendente:

Sétima menor ascendente e descendente, é o intervalo que possui 5 tons de distância entre
duas notas.

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A sétima diminuta equivale a sexta maior e mesmo nos acordes diminutos, costumamos
escrever como sexta para facilitar a escrita.

Intervalo de oitava:

O intervalo de oitava é aquele que permite 6 tons de distância entre duas notas. A s notas que
formam intervalo de oitava são as mesmas. Elas apenas se encontram em alturas diferentes
na partitura.

Para exemplo temos o clássico Língua de Preto, de Honorino Lopes. Conta-se que Pixinguinha
improvisava horas sobre essa polca sem nunca se repetir. Hoje tocamos esta música como um
maxixe.

*A primeira parte é cheia das oitavas.

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Exercícios:

1. O que é um intervalo?

2. O que é um tom?

3. O que é um semitom?

4. Como classificam os intervalos?

5. Escolha três intervalos e busque exemplos musicais diferentes dos já citados.

6. Defina a quinta aumentada.

7. Defina a quarta justa.

8. Defina a sétima maior.

9. O que são sons enarmônicos?

10. Qual o intervalo das primeiras duas notas do Hino Nacional?

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ESCALAS:

Escalas Maiores

As escalas são sequencias ordenadas de notas com intervalos específicos. As escalas maiores
e menores nos dão a base para o sistema tonal ocidental de música, porque a partir delas
formamos o campo harmônico dos modos maior e menor usados no choro e em toda música
ocidental.

Escala maior é formada pelos intervalos de tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom. A
escala maior modelo, é a escala de dó, a dita escala diatônica formada por:

Dó –T- Ré – T – Mi – st – Fá – T – Sol – T – Lá – T – Si – st – Dó

Seguindo o mesmo modelo de intervalos entre as notas temos as demais escalas maiores.
Para sua formação precisamos usar os acidentes (sustenidos e bemóis) pois apenas a escala
de dó não apresenta acidente.

Exercícios:

Complete as seguintes escalas maiores:

G ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____

A ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____

E ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____

F ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____

Bb ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____

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Uma maneira pratica e rápida de identificar as escalas maiores é conhecendo o CICLO DAS QUINTAS,
onde as tonalidades estão dispostas em quintas e a cada quinta vamos acrescentando um sustenido a
mais no sentido horário do Ciclo. No sentido anti-horário temos o ciclo das quartas em que a cada
tonalidade vamos acrescentando um bemol.

Olhando a figura a cima podemos ver claramente o Ciclo das Quintas. A partir da tonalidade de Sol
maior, temos o primeiro sustenido FA# e em cada nova tonalidade acrescentamos mais um sustenido,
sendo que a “Ordem dos Sustenidos” disposta na partitura é

“FA – DÓ – SOL – RÉ – LÁ – MI – SI.”

No sentido anti-horário podemos ver o Ciclo das Quartas, em que a cada tonalidade adicionamos um
bemol, sendo que a “Ordem dos Bemóis” disposta na partitura é:

SI – MI –LÁ – RÉ –SOL –DÓ – FÁ

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Confira as escalas maiores com seus sustenidos, seguindo o ciclo das quintas e a ordem dos
sustenidos e logo após as escalas maiores com seus bemóis seguindo o ciclo das quartas.

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Escalas Menores

Existem três tipos de escalas menores. A escala menor natural, menor harmônica e menor
melódica.

Para formarmos uma escala menor partimos do sexto grau de uma escala maior e assim
formamos sua ESCALA MENOR NATURAL relativa do tom maior. Ou seja, se a escala de Dó
maior é Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si, seu sexto grau é Lá e para formarmos a escala menor natural
basta seguir a ordem natural dos sons, com o mesmo número de acidentes da escala relativa
maior. Então na escala de Lá Menor Natural temos:

LÁ - T –SI – st - DÓ – T – RÉ – T – MI – st – FÁ – T – SOL – T - LÁ

Mais a diante quando formarmos o campo harmônico e trabalharmos as funções dos acordes,
veremos que o quinto grau com sétima é o acorde chamado DOMINANTE e ele tem na tua
formação fundamental, terça maior, quinta justa e sétima menor. O intervalo entre a terça maior
e a sétima menor forma o que chamamos de trítono, que é o “som da preparação”.

Exemplo

: Este sol com sétima é o quinto grau da escala maior de dó, prepara o acorde de dó e
suas notas pertencem a escala maior. Já na escala menor natural, se empilharmos o quinto
grau em terças vamos ter um acorde menor com sétima, ou seja, não temos o trítono e o som
da preparação. Para isso formamos uma nova escala, a dita, elevando o sétimo grau da escala
para termos a terça maior, no quinto grau e obtermos o trítono tão usado no choro brasileiro.

Exemplo: Em vez de LÁ SI DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ usamos LÁ SI DÓ RÉ MI FÁ SOL# LÁ

Assim o 5º que na menor natural seria mi menor, na harmônica será E7 que prepara Am.

Para darmos um efeito melódico a escala, elevamos um semitom o sexto grau e um semitom o
sétimo grau em relação a escala natural na forma ascendente e na forma descendente
voltamos na forma de escala menor natural. Esta disposição de intervalos é chamado de
ESCALA MENOR MELÓDICA.

Exemplo: LÁ SI DÓ RÉ MI FÁ# SOL# LA SI DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ

Subimos elevando o sexto e o sétimo grau e descemos mantendo na forma menor natural.
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Confira as escalas menores nos seus diferentes modos. Lembrando que a melódica esta sem a
descida que ocorre na forma natural.

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Para sabermos a escala relativa maior de qualquer escala menor basta pegarmos o terceiro
grau da escala que estará a um tom e meio de distância da nota fundamental que da nome a
escala menor.

Em termos de distância das notas na escala menor temos:

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Exercícios:

1. O que são escalas?

2. Como se forma uma escala maior?

3. O que é o ciclo das quintas e o das quartas e pra que servem?

4. Qual a ordem dos sustenidos?

5. Qual a ordem dos bemóis?

6. Toque a escala de ré menor melódica.

7. Qual a escala relativa menor de Lá bemol maior?

8. Qual a escala maior relativa de Dó menor natural?

9. Para que serve a escala menor harmônica?

10. O que é o trítono?

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Harmonia:
Quando tocamos simultaneamente duas notas musicais, nós temos um intervalo harmônico. Já
quando agrupamos três notas ou mais em terças sobrepostas nós formamos um acorde.

Confira no exemplo:

• A figura a baixo nos mostra um intervalo harmônico

• Já o segundo exemplo nos mostra um acorde de Dó maior.

Para tratarmos de harmonia no choro o conhecimento de CIFRA é fundamental, pois esta


música normalmente se escreve na forma de melodia na partitura e cifra em cima dos
compassos. Então logo abaixo poderemos ver um quadro com as LETRAS que representam
os acordes, na qual chamamos de cifra:

A B C D E F G
Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol

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Através deste outro quadro podemos ter outras indicações de cifragem também, que se unem
ao quadro anterior.

b # m 5 6 7 9 11 13 º
ou
M
Bemol Sustenido Menor quinta sexta sétima nona Décima Décima Diminuta
Ou Ou E Primeira Terceira Acorde
Diminuto Aumentado Maior 4ª 6ª menor
em em alguns Uma Uma Com
alguns casos oitava Oitava quinta
casos acima acima diminuta
E sétima
diminuta

Sendo assim estaremos constantemente usando esses dois quadros para representar diversos
tipos de acorde como por exemplo:

• C dó maior

• C7M dó com sétima maior

• Dm7 ré menor com sétima

• Dm7(b5) ré menor com sétima e quinta bemol

• Fº fá diminuto

• E(#5) mi com quinta aumentada

• D7(9) ré com sétima e nona

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 Podemos tirar uma rápida conclusão:

• O acorde maior vem somente com a cifra, sem precisar de mais nada para indicar que é
maior.

• O acorde com sétima menor se indica através do 7, sem precisar de m do lado para
indicar, ao contrario da sétima maior que precisa.

• Já os acordes com quinta diminuta, ou aumentada ou nova bemol e nona aumentada,


normalmente aparecem entre parênteses ( ) para separar de outros elementos como a
sétima e outros: Ex: Dm7(b5)

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CAMPO HARMÔNICO

Para analisarmos os acordes é indispensável o conhecimento dos intervalos. A música


ocidental trabalha nos modos maior e menor e através do campo harmônico, formamos os
acordes que dão base a tonalidade de uma música.

O Campo Harmônico é formado pelos acordes de uma escala maior ou menor, em que
empilhamos cada grau da escala em terças sobrepostas. Ao empilhar as notas entre elas
teremos intervalos determinantes para saber se o acorde é maior, menor, com sétima e etc.

Confira o campo harmônico de Dó maior logo abaixo:

Ao agruparmos as notas em terças sobrepostas, no segundo momento analisamos seus


intervalos a partir da nota fundamental do acorde, que é a mais grave neste exemplo.

• Para termos um acorde maior (C) precisamos de – terça maior e quinta justa. Como
descobrimos isso?

• Para termos um acorde menor (Dm) precisamos de terça menor e quinta justa. Como
descobrimos isso?

• Para termos um acorde maior com sétima menor (G7), precisamos de terça maior,
quinta justa e sétima menor.

• Para termos um acorde “meio diminuto” Bm7(b5) precisamos de terça menor, quinta
diminuta e sétima menor.

Analisando o Campo Harmônico de Dó maior concluímos através da cifragem que temos esses
acordes:

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E podemos concluir mais ainda. SEMPRE que pegarmos uma escala maior e quisermos
montar seu CAMPO HARMÔNICO MAIOR, ele estará na mesma disposição que o de dó maior,
seguindo este padrão abaixo:

I IIm IIIm IV V7 VIm VIIm7(b5)

O I tem função tônica, que da nome a tonalidade da música, é o acorde que

normalmente vai terminar a música. Ou no caso do choro vai terminar uma das suas partes.

O IIm tem a função segundo cadencial, em uma cadência harmônica


ele antecede o 5º (dominante) , para preparar a tônica. O segundo cadencial pode também
fazer a cadencia para preparar outros graus do campo harmônico, sendo assim é uma função
que atende ao modo maior e menor. Ele está sempre a um tom de distância do acorde que
queremos preparar e preparando um acorde maior, ele será um acorde menor. Preparando um
acorde menor , ele será um menor com sétima e quinta bemol “m7(b5)”.

Exemplo:

• Dm G7 C – neste exemplo preparamos dó maior, logo o segundo cadencial é ré menor.

• Em7(b5) A7 Dm – neste exemplo preparamos ré menor, logo o segundo cadencial é mi


menor com sétima e quinta bemol ou “mi meio diminuto”.

Confira dois exemplos de segundo cadencial no choro:

• Preparando Dó maior no Chorinho de Gafieira de Astor Silva:

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• Preparando Ré menor no Velhos Chorões de Luciana Rabello:

O IIIm tem duas notas em comum com a tônica. Logo ele tem função tônica. Numa

cadencia como C A7 Dm G7, muitas vezes se substitui o C por Em, ficando Em A7 Dm G7.

Confira a formação dos dois acordes:

Podemos ver com clareza que temos 2 notas em comum, mi e sol.

• É super comum no choro, modularmos para o terceiro grau menor. Neste caso,
mesmo fazendo parte do campo harmônico, consideramos modulação, pois a
melodia usa notas relativo ao campo harmônico de de mi menor e não da tônica.
De uma maneira mais teórica, estamos usando o IIIm como relativo menor do V
que é tom vizinho da tônica. Confira no exemplo:

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O IV tem função subdominante. Ele é importantíssimo. Podemos de uma


forma mais popular, pensarmos nele como em um “refrão” da música. Normalmente em um
choro que se estrutura em 3 partes de dezesseis compassos, as partes maiores tendem a
apresentar nos 4 últimos compassos o quarto grau. Ou nos choros de 32 compassos, de duas
ou três partes, nos últimos 16 compassos apresentamos o quarto grau.

Normalmente ao lado do IV, usamos o IVm, um acorde que chega que empréstimo modal da
tonalidade homônima da música, ou então usamos um acorde meio tom acima diminuto, ou
também em vez do quarto grau maior usamos um acorde IV#m7(b5) e depois o quarto menor.

São várias possibilidades. Muitas vezes, após o quarto menor, ou diminuto, usamos o IIIm ou a
tônica.

Confira exemplos abaixo :

• IIm/IV V7/IV IV IVm III – Gm C7 F Fm Em

• IIm/IV V7/IV IV#m7(b5) IVm III – Gm C7 F#m7(b5) Fm Em

• IIm/IV V7/IV IV IV#º I – Gm C7 F F#º C

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• No choro “Vibrações” de Jacob do Bandolim, em seu manuscrito podemos


conferir o uso do quarto grau maior, em relação a tonalidade de fá maior:

• No choro “Proezas do Solon” de Pixinguinha, temos o exemplo do IV seguido do quarto


um semitom a frente diminuto:

• Já no choro “Luminoso” de Elias Barboza, vemos o quarto um semitom acima, meio


diminuto, iniciando a música. Esses casos acontecem muito em samba também, como
no samba “Minha” de Cartola, ou “A Voz do Morro” de Zé Keti. Após este acorde,
podemos ter o IVm menor ou o V7.

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O V7 tem função dominante. Ele possui um intervalo entre a terça maior e a

sétima menor, que chamamos de trítono. Esse som entre esses intervalos causa a sensação
de preparação. Estamos preparando pra resolver na tônica.

Exemplo: Dm G7 C
No Velhos Chorões da Luciana Rabello, temos o acorde de dominante C7 preparando a tônica
F:

O V7 pode agir também como dominante secundário. Será quando ele


não estará preparando a tônica, mas sim outros graus do campo harmônico.

Exemplo: C A7 Dm G7
No Velhos Chorões temos diversos dominantes secundários. A tonalidade é Fá maior.

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O mesmo trítono da dominante, podemos encontrar em um acorde um semitom acima do

acorde que queremos preparar. Neste caso estaremos tratando da dominante


sub quinto.
Exemplo:

A terça maior de G7 é si e a sétima menor é fá. A terça maior de C#7 (que está a um semitom
de distância de C) é mi sustenido ( enarmônico de fá) e a sétima menor é si. Logo o mesmo
som de preparação estará presente nos dois acordes, preparando o C.

Exemplo: C#7 C ou C#7 G7 C

No mesmo Velhos Chorões, temos o acorde subV7/V7, sub quinto do quinto:

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Outro caso tradicional do dominante no choro é o dominante

da dominante ou quinto do quinto, em que usamos o

V7 do V7 da música.

No choro Gostosinho de Jacob, temos o exemplo de V7/V7, na tonalidade de fá maior.

O VIm tem a função relativo menor. Mas em certos casos também pode

apresentar função tônica , por apresentar duas notas iguais a tônica.


Exemplo como função tônica:

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Já neste exemplo podemos ver o Vim na função relativo menor:

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O VIIm7(b5) tem função segundo cadencial do sexto


menor.

Exemplo: C Bm7(b5) E7 Am

• Agora abriremos o quadro anexo 1, de sequencias

harmônicas sob os graus do campo harmônico maior.

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Modulações nas Tonalidades Maiores:


Durante a execução de uma parte maior de um choro podemos ir para diversos acordes
pertencentes ao campo harmônico, ou que preparam acordes do campo. Mas muitas vezes
para dar um colorido especial é necessário modular para outras tonalidades.

• Terceiro grau menor.


Mesmo sendo um acorde do campo harmônico, quando usamos as notas dos arpejos de
seu segundo cadencial e domintante, estamos trabalhando já com o tom de mi menor e não
como o IIIm do I.

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• Terceiro grau maior.


Modulação clássica no choro. Podemos ver claramente nos choros Noites Cariocas (Jacob)
segunda parte e Recado (Rossini Ferreira).

Noites Cariocas, dó maior, modula pra mi maior.

No choro Recado, de Rossini Ferreira, a tonalidade é sol maior e o compositor modula para si
maior.

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• Quinto grau maior.


Modulação super comum no choro. Podemos percebe-la claramente no choro Gostosinho
de Jacob do Bandolim. A música está em fá maior e ele modula pra dó maior.

• Relativo maior do tom homônimo menor


• Algumas músicas do universo chorístico, modulam para o relativo maior do tom homônimo
menor.

Ex: Homenagem a Velha Guarda (Sivuca)

F | % | F(#5) | % | Bb | C7 | Bbm Eb7 | Ab | % | Ab(#5) |


Bbm | Eb7 |
• O tom homînimo menor é fá menor e o relativo maior de fá menor é lá bemol maior, seu
terceiro grau, estando a distância de um tom e meio do fá no intervalo da escala de fá
menor até Ab.
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• Tom homônimo menor.


No choro Vou Vivendo de Pixinguinha, temos a modulação clássica, em que em uma
mesma parte da música, modulamos para o tom homônimo menor e depois retornamos ao
tom maior no final, normalmente com o uso de um acorde diminuto.

• Confira o quadro das modulações


maiores no anexo 2.

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CAMPO HARMÔNICO MENOR

Como temos três escalas menores. Logo temos três campos harmônicos do modo menor.
Porém podemos fazer uma comparação com os graus mais usados nos choros em tom menor
e fazer um novo campo harmônico que seria o mais usual no choro, unindo um pouco de cada
um dos campos a seguir:

Unindo os graus mais usuais no choro ficamos com o seguinte campo harmônico:

Como podemos ver. Utilizando o sol sustenido somente para deixar o quinto grau maior e
poder usar o trítono criando o E7. Além de usar sétima no sétimo grau, para que ele atue como
dominante secundária do terceiro grau maior.

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Se formos analisar em graus ficamos assim:

Im IIm7(b5) III IVm V7 VI VII7

O Im é a tônica. Na maioria das vezes ele inicia a música quando ela é menor. Exemplo:

O IIm7(b5) tem função segundo cadencial e ele antecede a dominante para preparar

a tônica. É o caso deste trecho do choro Migalhas de Amor (Jacob) em sol menor:

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O III também é muito utilizado em tons menores. Função de relativo maior. Seguidamente
passamos por ele, como no caso do choro Reminiscências de Jacob do Bandolim:

Já o IVm é muito importante nos tons menores, tem função subdominante e muitas

vezes ele até atua como segundo cadencial, antecedendo a dominante como poderemos
ver a seguir na segunda parte que está em ré menor, do choro Velhos Chorões de Luciana
Rabello:

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A dominante V7 , tem a função de preparar a tônica e as possibilidades de outras

dominantes que vimos anteriormente, analisando o campo maior, são as mesmas. Confira
a dominante atuando em Reminiscências:

O VI é usado em um choro menor, normalmente após o terceiro grau maior, como

podemos ver no trecho do choro Tatibitate de Jacob.

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O VII7 na verdade aparecerá em uma cadência em tons menores como V7/III.


Confira ele aparecendo no Reminiscências de Jacob:

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

*Confira no Anexo 3 as sequências tradicionais, usando os


graus do campo harmônico.

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MODULAÇÕES EM TONS MENORES

Quinto grau menor. Modulação muito clássica usada em diversos choros. O exemplo mais
tradicional desta modulação está no clássico Cochichando de Pixinguinha:

Já a modulação para o quinto grau maior também é tradicional em tons menores. No choro
sonoroso, em ré menor, de K-ximbinho, podemos vê-la com clareza:

• Podemos concluir que as modulações nas tonalidades menores,


limitam-se ao quinto grau menor e quinto maior.

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CHORO – aspectos composicionais e estruturais:

O choro, como diz o mestre Ronaldo do Bandolim no documentário “Brasileirinho”, tem um


que de “espiritual”. Suas melodias se eternizaram pelas obras de Pixinguinha, Jacob do
Bandolim, Ernesto Nazareth, Garoto, Waldir Azevedo, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de
Medeiros, K-ximbinho, Joaquim Callado, Radamés Gnattali, dentre tantos outros mestres.

O “espiritual” que Ronaldo se refere, quer dizer que para interpretar esta música é
necessário sentir, ter fundamentação e compreensão histórica de seus compositores, sua
grandeza, para então tentar entender a mensagem que o compositor quis passar e dar sua
interpretação e contribuição pessoal a esta música.

Para compor não é diferente. A música já tem tradição centenária, sua estrutura já foi
definida com muitos caminhos possíveis que estão sendo explorados desde 1845, o que nos
leva a obvia conclusão que para compor choro a primeira medida a ser tomada é ouvir a
discografia do gênero, prestar atenção nos detalhes, tirar choros de ouvido (melodia e
harmonia) e participar de rodas de choro.

O choro é um gênero que envolve diversos subgêneros como o próprio choro, choro
varandão, choro canção, choro sambado, samba choro “teleco-teco” , maxixe, valsa, polca,
schottisch, tango brasileiro. Existem choros em tons maiores e em tons menores e também
choros de três partes ou duas partes. A seguir vamos estudar detalhadamente cada uma
destas características, começando pelo clássico choro de três partes.

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• Choros de três partes de 16 compassos em tom maior


O choro de três partes em tom maior, tradicionalmente é formado por três partes de dezesseis
compassos. A primeira parte será no tom maior escolhido, a segunda será no relativo menor e
a terceira no quarto grau maior.

Para entender veja está tabela:

Primeira parte Segunda parte Terceira parte


C Am F
G Em C
F Dm Bb

Cada uma destas partes terá dezesseis compassos e em cada parte de dezesseis compassos,
faremos uma subdivisão em 4 compassos cada. Esta estrutura é chamada de rondó.
Subdividimos a parte de 16 em A , B, A” e C, cada uma contendo quatro compassos. Confira
os exemplos abaixo para entender:

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No primeiro exemplo em “Pula Corda” temos em graus a seguinte formatação:

| : I | IIm | V7 | I | - A

V7/VIm | VIm | V7/V7 | V7 | - B

| I | IIm | V5 | I V7/IV | - A”

IV IV#º | I | V7 | I V7 : C

Se analisarmos esta polca, podemos rapidamente concluir que usamos acordes dentro do
campo harmônico de dó maior e também os dominantes secundários do sexto grau menor, do
quinto grau com sétima e do quarto grau. Para isso a tabela de sequencias maiores abaixo,
pode lhe ajudar na sua composição.

Podemos observar também que as notas que formam esta polca são notas que pertencem a
tais acordes e se não pertencem, são extensão do acorde, como nos últimos três compassos

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que no acorde de C temos a nota lá que é a sexta maior e no acorde de G7 temos um mi, que
é a décima terceira. Com isso podemos inicialmente observar que um choro é formado por
arpejos e notas de extensão do acorde, ou “escala do acorde” também chamado.

• Outra observação importante é que o A e o A” são quase idênticos, porém o A”


prepara no final para o IV.

• O A e A” é formado pelos principais graus do campo harmônico, a tônica, segundo


cadencial e dominante.

• No B preparamos para o sexto grau menor e preparamos a dominante, para depois


usa-la. No E7 usamos o dó e o lá como notas de passagem “cromáticas” para
chegar as notas do acorde si e sol sustenido.

• No C vamos finalmente para o quarto grau, para então resolvermos no décimo sexto
compasso, a música na tônica.

• Esta composição está usando muitas colcheias, isso é característico das polcas,
ritmo europeu que deu origem ao choro.

Este formato é um padrão no choro, no B também podemos ter modulações que veremos a
seguir, no A podemos iniciar também pela dominante, ou dominante da dominante, ou segundo
cadencial, mas o mais comum é pela tônica. Para finalizarmos a música, usar o quarto grau é
um padrão que acompanha o gênero desde sua criação.

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EXERCÍCIO:

1. Compor uma parte em maior usando apenas os graus do campo harmônico e seus
segundo cadenciais e dominantes.

Na primeira parte de um choro de dezesseis compassos, no seu B, podemos também modular


para o terceiro grau maior ou menor, quinto grau maior ou relativo maior do tom homônimo
menor. Confira a tabela abaixo para entender:

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No choro Proezas do Solon de Pixinguinha temos a modulação para o quinto grau maior.
Confira:

Ao analisar esta harmonia em graus temos a seguinte cifra:

| : I V7/IIm | V7/V7 | V7 | I |

| I | V | V7/V7 | V7 |

| I V7/IIm | IIm | V7/Vim | VIm |

| IV IV#º | I V7/IIm | V7/V7 V7 | I V7 : |

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