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Campus Universidade de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

O PAPEL DA FISCALIDADE E A SUA INFLUÊNCIA NA


ESTRUTURA GERENCIAL DA EMPRESA DW, LDA

Autor: Adão Isaac Wanossi Daniel


Licenciatura: Economia e Gestão
Opção: Contabilidade e Finanças
Orientador: Dr. Amândio Francisco

Viana, Novembro de 2018


Campus Universidade de Viana
Universidade Jean Piaget de Angola
(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

O PAPEL DA FISCALIDADE E A SUA INFLUÊNCIA NA


ESTRUTURA GERENCIAL DA EMPRESA DW, LDA

Autor: Adão Isaac Wanossi Daniel

Licenciatura: Economia e Gestão

Opção: Contabilidade e Finanças

O referido estudo foi realizado na empresa DW, Lda. em Luanda, no


período de 2014-2016
EPÍGRAFE

“Há pessoas tão pobres que só têm dinheiro. Há pessoas tão incultas que só têm
cultura acadêmica.”
-Augusto Cury

I
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de curso a mim,


Adão Isaac Wanassi Daniel.

II
AGRADECIMENTOS

Como não podia deixar de ser, agradeço em primeiro lugar a Deus por permitir
que eu tivesse força e saúde essenciais para a conclusão do trabalho. Em seguida, mas
não menos importante, agradeço ao Dr. Amândio Francisco por ter prestigiado esse
humilde trabalho, pela sua orientação com afinco, rigor técnico e moral no decorrer de
todo o trabalho, dando sempre o melhor de si na elaboração do mesmo aplicando o
devido rigor técnico científico exigido.

Agradeço também a todos os intervenientes directos e indirectos, que me


ajudaram a aclarar as ideias e prestigiaram o meu trabalho com o seu toque, talento, e
sugestões que serviram de guia para os meus passos subsequentes.

Aos meus Pais que tanto amo, Alberto Daniel José e Eva Amélia N´gueve, por
cuidarem sempre de mim de modo incondicional independentemente das adversidades,
por me incutirem valores que me tornaram numa pessoa melhor, mais dedicada e
comprometida com os seus objectivos, e também por serem a pedra angular que
sustentou a edificação da minha formação académica em aspetos de cariz moral e
também financeiro. Agradeço também à minha querida irmã Evandra Joana Wanassi
Daniel por também cuidar de mim e por ter sido uma das minhas primeiras grande
ajuda no que toca ao aprendizado primário e nos meus primeiros anos do ensino
fundamental.

A todo o corpo docente da Universidade Jean Piaget de Angola, mas


concretamente o da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas do Curso de Economia
e Gestão, por ser parte da concretização do meu percurso com êxito e qualidade.

A todos, o meu muito obrigado!

III
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os
regulamentos da Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular das
Normas Orientadoras de Preparação e Elaboração da Monografia, emanadas pelo
Departamento de Altos Estudos e Formação Avançada (DAEFA). O trabalho é
original, excepto onde indicado por referência especial no texto. Quaisquer visões
expressas são as do autor e não representam, de modo nenhum, as visões da
UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em parte, não foi apresentado para a avaliação
noutras instituições de ensino superior nacionais ou estrangeiras. Mas informo que a
norma seguida para a elaboração do trabalho escrito foi a:

Norma ISO 690………………………….

Norma APA 6ª Edição…………………...

Assinatura:_________________________________Data:___/___/____

IV
SIGLÁRIO

AFI: Ativo Fixo Intangível

AFT: Ativo Fixo Tangível

AGT: Administração Geral Tributaria

AICPA: American Institute of Certified Accountants

CRA: Constituição da República de Angola

DE: Decreto Executivo

DF: Demonstração financeira

ECSC: European Coal and Steel Community

FASB: Financial Accounting Standards Board

IASB: International Accounting Standards Board

IASC: International Accouting Standards Committee (Comité Internacional de


Normas Contabilísticas)

II: Imposto Industrial

IRT: Imposto de Rendimento de Trabalho

PGC: Plano Geral de Contabilidade

PGCA: Plano Geral de Contabilidade Angolano

POC: Plano Oficial de Contas

SEC: Security Exchange Commission

V
RESUMO

Pode se dizer que a fiscalidade é um processo pelo qual há arrecadação de receitas por
parte do Estado tendo em vista a satisfação das necessidades dos cidadãos de
determinado território. E à medida que as economias dos países e territórios se
desenvolvem e suas receitas públicas se tornam mais dependentes das receitas fiscais
derivadas dos impostos às empresas, esses mesmos impostos são apurados com
recurso a contabilidade que fornece os elementos de análise da situação financeira,
através das suas demonstrações financeiras. Com os dados recolhidos pudemos aferir
que na prática o valor das vendas por si só não constitui resultados positivos, embora a
empresa seja eficiente na realização da tarefa de maximizar as vendas se não fizer uma
correcta gestão de custos e devida análise aos factores geradores dos mesmos, não terá
resultados positivos, apenas uma falsa sensação de os ter. Valendo-se disso e outros
mais factores, o presente trabalho procurou demonstrar de modo concreto esses
aspectos. Tratou-se dum estudo bibliográfico, exploratório e descritivo, com
abordagem quantitativa e qualitativa, os propósitos deram vida a pesquisa foram os de:
estabelecer uma ponte e relevar a importância existente entre a fiscalidade,
contabilidade e gestão financeira, bem como demonstrar como funciona esse triângulo
relacional, usando como referência basilar a empresa DW Lda. e de que forma de
encontram alinhados paralelamente os seus objetivos, bem como o elo de ligação entre
a concretização dos objectivos do Estado (arrecadação de receitas fiscais) e da
Empresa (o lucro e saúde financeira para prosperar e expandir). Em suma, quanto aos
resultados obtidos, é de referir que através dos mesmos chegou-se a conclusões
satisfatórias de permitiu determinar o papel da fiscalidade bem como sua influência na
estrutura gerencial da Empresa.

Palavras-chave: Fiscalidade, Legislação, Gestão Financeira, Contabilidade,


Resultados.

VI
ABSTRACT

It can be said that taxation is a process by which revenue is collected by the State in
order to meet the needs of the citizens of a given territory. And as the economies of the
countries and territories develop and their public revenues become more dependent on
tax revenues derived from business taxes, these same taxes are calculated using
accounting that provides the elements of analysis of the financial situation through
financial statements. With the data collected we could verify that in practice the value
of sales alone does not constitute positive results, although the company is efficient in
accomplishing the task of maximizing sales if it does not make a correct management
of costs and due analysis to the factors that generate them, will not have positive
results, only a false sense. Using this and other factors, the present work sought to
demonstrate these aspects in a concrete way. The purpose of the research was to
establish a bridge and to highlight the importance of taxation, accounting and financial
management, as well as to demonstrate how this work works. triangle, using as a
baseline the company DW Lda., and how they are aligned in parallel with their
objectives, as well as the link between the achievement of the state objectives (revenue
collection) and the Company (profit and loss). Financial health to thrive and expand).
In summary, with regard to the results obtained, it is worth mentioning that they
reached satisfactory conclusions by allowing the determination of the role of taxation
as well as its influence on the Company's management structure.

Keywords: Taxation, Legislation, Financial Management, Accounting, Results.

VII
ÍNDICE GERAL
EPÍGRAFE……………………………………………………………………………………..I
DEDICATÓRIA……………………………………………………………………………….II
AGRADECIMENTOS………………………………………………………………………..III
DECLARAÇÃO DO AUTOR………………………………………………………………..IV
SIGLÁRIO…………………………………………………………………………………….V
RESUMO…………………………………………………………………………………..…VI
ABSTRACT…………………………………………………………………………………VII
INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………11
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA………………………………………………………..12
OBJECTIVOS DO ESTUDO………………………………………………………………...12
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO……………………………………………………………...12
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO……………………………………………………………...12
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS……………………………………………………………...13
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO- CIENTÍFICA………………………….16
1. NOÇÕES GERAIS………………………………………………………………………...16
1.1. Evolução e harmonização da normalização contabilística internacional ................................... 16
1.1.1. Origem e evolução da contabilidade ................................................................................... 17
1.2. Evolução e normalização contabilística em Angola ................................................................... 19
1.2.1. Perspetiva de evolução (Histórica após independência) ..................................................... 19
1.2.2 - O Plano de contas de Angola ............................................................................................. 21
1.2.3 - Princípios contabilísticos ................................................................................................... 22
1.2.4. Classes do plano geral de contabilidade angolano .............................................................. 23
1.2.5. Princípios fundamentais da fiscalidade ............................................................................... 24
1.3. Contabilidade financeira ............................................................................................................ 25
1.3.1. Os utentes da informação financeira ................................................................................... 27
1.3.2. Componente das demonstrações financeiras do plano geral de contabilidade angolano .... 28
1.3.3. Objectivos das demonstrações financeiras .......................................................................... 29
1.3.4. Objetivos e relação entre a contabilidade e fiscalidade....................................................... 30
1.4. Enquadramento do normativo legal, contabilístico e fiscal angolano ........................................ 31
1.4.1 O sistema fiscal angolano ..................................................................................................... 33
1.4.2. Regime jurídico das facturas e documentos equivalentes ................................................... 48
CAPÍTULO II – OPCÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO…………………………….51
2.1. Modo de investigação................................................................................................................. 51
VIII
2.2. Grupo de sujeitos........................................................................................................................ 51
2.3. Instrumentos de investigação ..................................................................................................... 51
2.4. Processamento e tratamento dos dados ...................................................................................... 51
CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………….52
3.1. Estudo de caso para a empresa DW, Lda. .................................................................................. 52
3.1.1. Apresentação da empresa DW, Lda. ................................................................................... 52
3.1.1. Contabilidade financeira...................................................................................................... 54
3.1.2. Numeração de documentos, análise de factos e sua classificação contabilística ................ 56
3.1.3. Lançamento dos documentos na plataforma informática ................................................... 57
3.1.4. Obtenção de balancetes e verificação das contas do imposto de selo ................................. 57
3.1.5. Apuramento, contabilização e submissão do imposto de selo............................................ 58
3.1.6. Análise geral do balancete e reconciliações bancárias ....................................................... 58
3.1.7. Reconhecimento e lançamento de elementos do activo fixo tangível, activo fixo intangível e
depreciações .................................................................................................................................. 59
3.1.8. Sistema laboral e regulamentação do trabalho .................................................................... 65
3.1.9. Elementos de contas ............................................................................................................ 70
CONCLUSÕES………………………………………………………………………………78
RECOMENDAÇÕES………………………………………………………………………...79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………….80
GLOSSÁRIO…………………………………………………………………………………83
ANEXOS……………………………………………………………………………………..84

IX
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Evolução da contabilidade no decorrer do tempo………………….…...17
Quadro 2 - Caracterização dos sistemas contabilísticos ……………..……….….…18

Quadro 3 - Evolução histórica da contabilidade angolana…………………...…..….20


Quadro 4 - Classes do PGCA…………………………………………………......…23
Quadro 5 - Objectivos da actividade de gestão financeira………………………..…26
Quadro 6 - Utentes da informação financeira……………………………………..…27
Quadro 7 - Componente das demonstrações financeiras do PGCA………………....29
Quadro 8 - Calendário fiscal angolano……………………………………………....35

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Limites tributário do IPU…………………………………….………...…42
Tabela 2 - Taxas para o Cálculo do IRT……………………………………………...46
Tabela 3 - Amortização acumulada……………………………………………...…...63
Tabela 4 – Mapa mensal de remuneração ao pessoal…………………….…….…….69
Tabela 5 – Demonstrações do exercício……………………………………………...72
Tabela 6 – Comparação do volume de vendas entre dois períodos……………..…....75
Tabela 7 – Fluxos de caixa mensais…………………………………………………..77

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Capacidade financeira ………………………………….….…...…….…...27

Figura 2 - Penalizações e multas fiscais …………….……………….….….……......41

X
INTRODUÇÃO

Pretende-se com este trabalho a obtenção do grau de licenciado em Economia


e Gestão na opção de contabilidade e finanças. Na fase inicial do estudo foi feita
uma abordagem teórica sobre o tema em questão, começando por caracterizar os
elementos que compõem a abordagem sem deixar de parte os ensinamentos
prestados pelas outras disciplinas ligadas a matéria que se verificaram úteis à nossa
exposição. E perante o grande número de intersecções teóricas possíveis, optamos
por focar-nos aos pontos que realçam e dão subsídio significativo ao tema.

Pudemos verificar que a função financeira é a que se preocupa com a


resolução de problemas financeiros que se colocam à empresa no âmbito do seu
funcionamento. De uma forma simples podemos dizer que cabe à função financeira
providenciar os recursos monetários indispensáveis ao funcionamento da empresa,
bem como assegurar que sejam aplicados de uma forma racional e rentável. Não
poderíamos deixar de referir às normas em vigor no território nacional revestidas de
carater legal pela qual se devem reger a operacionalidade das actividades correntes
das empresas, bem como outras existentes no mundo a título de exemplo e
contextualização histórica e normativa. E visto que a acção directa da fiscalidade
recaí de certo modo sobre a contabilidade, a escolha do tema também prendeu-se
nesse facto que demonstra a ligação da Contabilidade à Fiscalidade, sendo a
primeira um suporte no que toca ao tratamento e geração das informações
necessárias ao cumprimento das obrigações exigidas pela segunda.

Em suma, embora existam diversas obras de excelente qualidade abordando de


uma forma mais complexa o assunto, verificamos uma certa insuficiência de
abordagens dessa linhagem adaptadas ao nosso contexto para apoio aos estudantes,
profissionais da área e demais interessados. Por isso, decidimos fornecer conteúdo
diferenciado para auxiliar a nível teórico, metodológico e prático, mas sem qualquer
pretensão de nos afirmar ser de longe a mais absoluta perspectiva concebida sobre a
matéria.

11
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Para melhor compreensão dessa relação e do vínculo que a torna possível e


para alcançar o objectivo do qual nos propomos, identificamos e formulamos como
problema: Qual a relação e influência da fiscalidade na contabilidade e gestão
financeira da empresa?

OBJECTIVOS DO ESTUDO

Objectivo geral

Abordar de forma inclusiva e objectiva a relação e interdependência existente entre a


fiscalidade, contabilidade e gestão financeira da empresa.

Objectivos específicos

(1) Conhecer como a contabilidade e a gestão financeira atuam sobre a


geração de resultados na empresa.

(2) Analisar o cenário financeiro da empresa recorrendo as informações


contabilísticas e preceitos contabilísticos.

(3) Demonstrar como a fiscalidade actua sobre a contabilidade na geração de


informações correctas à gestão da empresa.

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

O destaque da abordagem vem pelo facto da mesma dar algum subsídio a


comunidade académica, bem como aos demais profissionais da área e outros
interessados no assunto.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Ao longo do nosso percurso de coleta de informações de material cientifico


necessário à realização do nosso trabalho, deparamo-nos com algumas dificuldades
relacionadas a bibliografias especificas e contextualizadas a nossa realidade no que

12
se refere ao relacionado com o nosso estudo em termos quantitativos, por isso
achamos necessários também usarmos como recurso a adoção de algum mas não de
modo absoluto, conteúdo de carater genérico oriundos de outras perspectivas
territoriais dando assim subsídio que se mostrou relevante à nossa abordagem.

O nosso trabalho está delimitado quanto ao local de estudo Angola, referindo-


se de forma mais especifica a empresa DW, Lda., num espaço temporal de exactos 2
(dois) anos, referenciando-se apenas ao ano 2014 como o percurso inicial
orientador, mas com a análise a incidir directamente aos anos de 2015 e 2016
analisando e comparando os mesmos.

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

«Um sistema contabilístico deve conter uma forma determinada de


informações contabilística elaborada segundo uns princípios contabilísticos
aceites na estrutura (macro) do sistema; uma informação contabilística
produzida pelas empresas que operam no país ou contexto geográfico
determinada; uma informação contabilística destinada a usuários, os quais
têm exigências que exercem um controlo diferente, segundo o país; uma
informação contabilística enquadrada num marco socioeconómico; uma
informação contabilística verificada por membros da profissão.»

(GONZALO et al, 1988, p. 37,38)

«A contabilidade é a ciência que tem como objetivo o estudo das modificações


do património, evidenciando em qualquer momento a sua composição quantitativa
e qualitativa.» (CALIATU, 2012, p. 13)

«As demonstrações financeiras (DF´s) são uma representação financeira


esquematizada da posição financeira e das transações de uma entidade. São,
por essa razão, úteis, como forma de proporcionar informação acerca da
posição financeira, desempenho e alterações na posição financeira de uma
entidade a um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas (…).»
(PGC, 2015, p. 12)

«Chama-se Direito Fiscal ao conjunto de normas jurídicas que regulam o


processo de lançamento e cobrança de impostos.» (COXE, 2012, p. 28).

13
«O Imposto é uma prestação pecuniária, definitiva, unilateral, estabelecida
por lei, sem carácter de sanção, exigida pelo Estado a particulares, para
realização de fins públicos.» (COXE, 2012, p. 41).

«Chama-se Direito Fiscal ao conjunto de normas jurídicas que regulam o


processo de lançamento e cobrança de imposto” e “a fiscalidade vem ser uma
disciplina que estuda os princípios, as normas jurídicas e as técnicas de
lançamento e cobrança de impostos.»
(COXE, 2012, p. 28).

«Chama-se Sistema Fiscal ao conjunto dos impostos vigentes num


determinado país e aos órgãos do Estado que têm a função de administrar estes
impostos.» (COXE, 2012, p. 73).

«Fluxos de caixa são entrados (recebimentos, influxos) e saídos (pagamentos,


exfluxos) de caixa e seus equivalentes» (PGC, 2013, p. 170).

«Fiscalidade – sistema de cobrança de imposto. Conjunto de imposto em


vigor.» (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p. 398)

«Influência – efeito ou interferência que se exerce sobre algo ou sobre


alguém. Autoridade; poder.» (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009,
p. 477)

«Estrutura – disposição e organização dos elementos essenciais que compõem


um todo. Construção; edificação. Aquilo que sustenta alguma coisa; armação.
Conjunto dos diversos elementos que formam um organismo. Disposição
ordenada das partes de um texto.»
(DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p. 370)

«Gerência – função ou cargo de gestão de uma empresa ou organização;


administração. Conjunto de pessoas que gerem uma empresa ou organização.»
(DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p. 427)

«Gerir – administrar; dirigir (negócio, empresa). Resolver com eficácia


(conflito, problema).» (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p.
427)

14
«Finanças – estado de um país, de uma empresa ou de uma pessoa em termos
de recursos económicos.» (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p.
397)

«Financiar – suportar os custos, conceder (valor monetário) como


financiamento.» (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p. 397)

«Empresa – tarefa ou empreendimento de execução difícil e/ou laboriosa.


Organização económica que fornece bens ou serviços, com objetivos de lucro.»
Firma. (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009, p. 327)

«A fiscalidade vem a ser uma disciplina que estuda os princípios, as normas


jurídicas e as técnicas de lançamento e cobrança de impostos.” Essa
perspetiva elucida-nos a respeito dos elementos essenciais a ter em conta
quando se trata de aspetos fiscais, desde a sua origem à sua implementação na
esfera na qual ela se circunscreve.»

(COXE, 2012, p. 28)

15
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-
CIENTÍFICA

1 - NOÇÕES GERAIS

1.1 - Evolução e harmonização da normalização


contabilística internacional

«O crescimento da globalização, e, principalmente, a maior integração entre


os diferentes mercados mundiais trouxeram a necessidade da adoção de
padrões contábeis unificados. Seguidas por diversos mercados importantes, as
normas internacionais de contabilidade começam a alterar a forma como as
empresas de todo o mundo emitem suas demonstrações financeiras.»
(BARROS, 2011, p. 21)

Dada a complexidade de informações produzidas e o laço criado pela relação


existente entre empresas de diferentes partes do mundo, como consequência das
suas relações comerciais e da própria globalização, tornou-se imprescindível a
criação de um sistema contábil capaz de superar as barreiras territoriais com vista a
prestação de uma melhor informação, coesa e acessível a compreensão geral da
situação corrente das empresas principalmente no caso das transnacionais.

«A normalização contabilística é um processo que tenta impor uma


uniformidade de métodos e práticas contabilísticas em todos os países que
participam no processo. Ela procura reduzir as diferenças entre as práticas
contabilísticas existentes entre países para permitir a comparação das
informações.»
WEFFORT (2005), apud LANDU (2014, p. 7)

A harmonização contábil visa à redução das diferenças entre as práticas


existentes entre os países por meio da reconciliação das contas, para permitir a
comparação das informações contábeis, respeitando as peculiaridades e
características de cada país.

16
1.1.1 - Origem e evolução da contabilidade

«Não há data precisa que determina a origem da Contabilidade, no entanto a


maioria dos autores afirma que a história da contabilidade é tão antiga quanto à
história da civilização.» (BARROS, 2011, p. 22-23)

Nesse ponto de vista podemos dizer que talvez antes disto o homem
primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis, ao
contar seus rebanhos já estava a praticar uma forma rudimentar de contabilidade.

«A Contabilidade nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em


decorrência dela; talvez por isso, seus progressos quase sempre tenham
coincidido com aqueles que caracterizaram os da própria evolução do ser
humano.»

(SÁ, 2007, p. 15).

Desse modo, podemos resumir a evolução contábil a partir dos seguintes


acontecimentos:

Quadro 1: Evolução da contabilidade no decorrer do tempo


ÉPOCA ACONTECIMENTOS
Época em que as expedições marítimas em forma de joint ventures faziam uso da
Final do século contabilidade para a prestação de contas das receitas e gastos das expedições às
XV Américas, Índia e Ásia.

Final do século Publicação, em 1494, do Tractatus de computis et scriptus do Frei Luca Pacioli, que deu
XV início ao pensamento científico da contabilidade.
O crescente comércio em toda a Europa e a expansão do capitalismo propiciaram um
Revolução grande impulso para a profissão do contador e auditor, devido ao surgimento das
Industrial em
primeiras fábricas com o uso intensivo de capital e com a consequente necessidade de
1756 na
Inglaterra delegação de funções, atividades e atribuição de responsabilidades quanto ao uso dos
recursos produtivos e comercias.

Criada da Associação dos Contadores Públicos Certificados na Inglaterra – Institute of


Chartered Accoutants in England and Wales.
1880

1886 Criação nos E.U.A da Associação dos Contadores Públicos Certificados.

17
Início do século Surgimento das grandes corporações americanas, tais como a Ford, Dupont e rápida
XX expansão do mercado de capitais nos Estados Unidos.

Crash 1 da Bolsa, devido à grande depressão econômica americana, é criado o Comitê


May, um grupo de trabalho instituído com a finalidade de estabelecer regras de auditoria
1929 e contabilidade para as empresas que tivessem suas ações negociadas em Bolsas de
Valores, tornando obrigatória a auditoria contábil independente de suas demonstrações
contábeis.
Surgimento do American Institute of Certified Accountants (AICPA), órgão responsável
1930
pelo estabelecimento das normas contábeis e de auditoria.

Criação da Security Exchange Commission (SEC) nos Estados Unidos, que aumentou a
importância da profissão do contador e do auditor como guardiões da adoção e
1934 transparência das informações financeiras das organizações e sua divulgação para o
mercado de capitais e toda a sociedade.
Criação do FASB – Financial Accounting Standards Board – Junta de Normas de
Contabilidade Financeira, com o objetivo de determinar e aperfeiçoar os procedimentos,
1973 conceitos e normas contábeis. É composta de 7 membros indicados pelo AICPA, sendo
um órgão independente, reconhecido pelo SEC.

1991-2000 Globalização crescente da economia e dos investimentos internacionais.

Fortalecimento das práticas de governança corporativa e da tentativa para a


2001
harmonização dos padrões de contabilidade internacional.

Criação nos Estados Unidos, da Lei SOX que penaliza a falta de ética nas práticas
2002
contábeis.

Fonte: Adaptado de OLIVEIRA et al (2008) apud BARROS (2011).

O aparecimento das gigantescas corporações (corporations, em inglês) no


início do século XX, aliado ao respeitável desenvolvimento do mercado de capitais
e o extraordinário ritmo de crescimento de alguns países da Europa e Estados
Unidos, levaram a contabilidade ao estado que se vive hoje e a necessidade de
adoção de padrões unificados entre diferentes países.

Quadro 2 - Caracterização dos sistemas contabilísticos


ANGLO-SAXÓNICA CONTINENTAL
PAÍSES DE INFLUÊNCIA
Austrália Alemanha
Canadá Bélgica
Dinamarca França
Estados Unidos Grécia

18
Holanda Itália
Nova Zelândia Japão
Reino Unido Portugal
CARACTERÍSTICAS CONTABILÍSTICAS
Separação entre a Contabilidade e a fiscalidade Existência duma relação estreita entre a
Contabilidade e a fiscalidade
Forte implicação dos profissionais na Domínio do Estado na elaboração de
elaboração das normas contabilísticas. normas contabilísticas
Informação orientada para o investidor Informação orientada para o credor
Direito Comum Direito Romano
Fonte: LANDU (2014), Adaptado de NOBES (1998)

Através de quadro a cima podemos evidenciar a existência de diferenças nos


métodos e práticas contabilísticas em geografias diferentes bem como o sistema
fiscal e sua relação com a contabilidade.

1.2 - Evolução e normalização contabilística em Angola

1.2.1 - Perspetiva de evolução (Histórica após


independência)

É de destacar a influências na época em que se deu a géneses da


contabilidade propriamente dia em Angola i.e., isso por si só fazia pender para que
lado a balança se inclinaria no que toca a influência e características das técnicas e
procedimentos contabilísticos basilares da contabilidade angolana.

Segundo CALIATU et al (2015, pp. 8-9) «Embora Angola não tenha um


Sistema de Normalização Contabilística ou uma Comissão de Normalização
Contabilística, ela após independência (11.11.1975), em nossa modesta
opinião teve (3) três grandes fases:

1ª - Com a criação da Direção dos Serviços de Fazenda Nacional, que


assegurou o normal funcionamento da contabilidade e a tributação até março
de 1976, altura em que se deu a troca da moeda do Escudo para o Kwanza.
Neste mesmo ano se cria o Ministério das Finanças, que efetuou uma reforma
fiscal, com maior incidência ao Código de Contribuição Industrial, assim
como exarou decretos e decretos-Leis, que permitissem determinar o resultado
líquido e a publicação do novo Plano de Contas Nacional, tais são os decreto
no 49381 que vigorou até 1977 com o POC. Em 1978 foi criado um Plano de
Contas pelo Ministério do Comércio Interno e pelo decreto no 250/79 de 19 de
outubro do Conselho de Ministros, aprovou-se o Plano de Contas Nacional,
19
que vigorou no sistema político socialista e conflito armado.
2ª - Com o Programa de Saneamento Económico e Financeiro (PSEF) e a
perspetiva da implantação do princípio basilar da economia de mercado e o
multipartidarismo, por decreto no 70/89 de 23 de dezembro, do Conselho de
Ministros, é aprovado o Plano de Contas Empresarial (PCE), visto que o
anterior não se ajustava ao programa do SEF, conforme 5º p.f. “É óbvio que o
atual Plano de Contas Empresarial (PCE), anteriormente designado Plano de
Contas Nacional concebido e adaptado para uma fase diferente da nossa
economia, não se encontra, atualmente ajustado aos grandes objetivos
preconizado no âmbito do PSEF e daí que se tenha de proceder ao seu
reajustamento.
3ª- O desenvolvimento económico e social que Angola tem registado, após
perspetivas do término da guerra civil (2002) e a inexistência de um órgão de
normalização contabilística nacional, fez com que e como sempre, o Ministério
das Finanças, chamasse a si a responsabilidade de ajustar novamente as bases
da normalização contabilística de Angola à realidade internacional. Foi assim
que por decreto no 82/01 de 16 de novembro, se aprovou o Plano Geral de
Contabilidade de Angola (PGCA), que vigora até à presente data, aplicável às
sociedades comerciais e empresas públicas, que exerçam atividade em Angola
ou noutros países, mas que tenham a sua sede em território nacional.»

Embora as normas internacionais assumam um carácter de práticas geralmente


aceites, resultante de uma escolha coletiva com vista a solucionar problemas de
caráter repetitivo, em Angola as normas contabilísticas têm até agora assumido um
caráter legal o Plano Geral de Contabilidade aprovado estabelece os critérios para
preparação e apresentação das demonstrações financeiras para os utentes externos
tendo como uns dos propósitos fundamentais:

- Ajustar os preparadores das demonstrações financeiras na aplicação de


normas idênticas às internacionais;

- Ajustar os utentes das demonstrações financeiras na interpretação da


informação contida nas demonstrações financeiras.

Quadro 3 - Evolução histórica da contabilidade angolana


Ano Acontecimento

1975 Proclamação da independência de Angola

1976 Criação do ministério das Finanças


1978 Elaboração do plano de contas criado pelo ministério do comércio interno, com o
intuito de uniformizar o controlo económico das suas unidades económicas estatais

20
1979 Aprovado o plano de contas nacional, pelo Decreto nº250/79 de 19/10.

1982 Aprovado o plano geral de Contabilidade, pelo Decreto nº82/01 de 16/11 Plano de
contas de Angola, ainda em vigor.

1995 Criação da ordem dos contabilistas e peritos contabilistas Angolanos (OCPCA)

1997 O ministério das Finanças institui a criação do mercado de capitais e Bolsas de


valores.
Fonte: LANDU (2014)

1.2.2 - O Plano de contas de Angola

Depois da independência tornou-se imperativo traçar politicas e práticas


próprias que servissem de guia e normativo do sistema contabilístico nacional, que
embora o mesmo bebera grande parte do litro que à compõe de perspetivas pré-
coloniais, alguns ajustes foram incorporados para que o mesmo pudesse encaixar ao
contexto angolano.

«O plano de contas é um conjunto de normas e procedimentos contabilísticos,


destinados a servir de guia e modelos para os trabalhos de registos e demonstração
de factos patrimoniais». (MAGRO, 2008, p. 48).

O actual Plano Geral de Contabilidade de Angola (PGCA) foi aprovado por


Decreto-Lei no 82/01 de 16 de novembro, tendo um carácter legal, com portas
abertas para evoluir para práticas de carácter de aceitação generalizada, que se prevê
que venha a acontecer de forma progressiva.

Com o nascer do desenvolvimento económico do País e com a crescente


internacionalização dos mercados de bens e serviços, o País não pode deixar
de acompanhar a evolução contabilística registada a nível internacional sob
pena de perda de oportunidade e competitividade. Nesse aspecto a
normalização contabilística assume um papel primordial à luz da crescente
globalização da economia (...)
(PGC, 2013, p. 8)

Tendo em conta o referido a cima, podemos dizer que o legislador teve em


atenção a evolução dos mercados bem como a globalização em si, possibilitando
assim uma previsão, dando margens a actualizações futuras.

21
«A International Federation of Accountants (IFAC), que tem como objectivo
primordial a harmonização contabilística a nível mundial, tem vindo a
desenvolver esforços para a consecução do seu objectivo, através do
International Accounting standards commitee (IASC), órgão dependente do
IFAC, mediante a emissão de normas de contabilidade internacionais»
(PGC, 2013, p. 8)

1.2.3 - Princípios contabilísticos

Segundo o Plano Geral de Contabilidade (PGC, 2013, pp. 68-69), a


contabilidade em Angola deve se pauta pelos seguintes princípios:

1. Consistência

A apresentação e classificação de itens nas demonstrações financeiras devem


ser mantidas de um período para outro, a menos que:

Uma alteração significativa nas operações da entidade ou uma revisão da


apresentação das demonstrações financeiras demonstre que uma alteração irá
resultar numa mais adequada apresentação dos acontecimentos e transações.

A alteração seja imposta pela entrada em vigor de novas políticas


contabilísticas.

2. Materialidade

A informação é considerada material se a sua omissão puder influenciar a


decisão económica dos utentes baseados nas demonstrações financeiras. A
materialidade depende do tamanho e da natureza de cada item avaliados nas
circunstâncias particulares da sua omissão.

Uma divulgação, mesmo que prevista neste plano, não necessita de ser
efectuada se a informação daí resultante for imaterial.

3. Não compensação de saldos

Não devem ser efetuadas compensações de saldos entre activos e passivos.

A apresentação de rubricas no Balanço pelo seu valor líquido de amortizações


e provisões não é considerada uma compensação de saldos.

Podem ser efetuadas compensações de saldos entre itens de custos e proveitos


apenas se os ganhos, perdas e despesas relacionadas resultantes de uma
mesma operação ou de uma operação similar não formos material ou ainda
nos seguintes casos:

22
Ganhos e perdas na venda de activos não correntes, os quais são relatados
pela diferença entre o proveito da venda e o valor contabilístico do activo e
respectivas despesas de venda.

4. Comparabilidade

De forma que a informação possa ser útil aos utentes, estes deverão ficar
habilitados a:

a) Efectuar análises comparativas para identificar tendências na posição


financeira da entidade e no resultado das suas operações:
Por esta razão, para todos os valores contidos nas Demostrações Financeiras,
devem ser apresentados aos correspondentes valores comparativos de período
precedente.
Informação qualitativa do período precedente deve igualmente ser divulgada
sempre que for considerada relevante para a compreensão das Demonstrações
Financeiras do período corrente.
Quando a apresentação ou classificação de um item nas demonstrações
financeiras forem alteradas, deverão ser divulgadas a razão para a alteração e
a natureza das alterações que deveriam ser efetuadas na informação do
período precedente para que as informações fossem comparáveis.
b) Efectuar comparações entre entidades:
Por essa razão devem ser divulgadas as políticas contabilísticas usadas na
preparação das demonstrações financeiras.

1.2.4 - Classes do plano geral de contabilidade angolano

Este quadro faz uma demonstração das classes constantes no Plano Geral de
Contabilidade de Angola (PGCA), aprovado por decreto no 82/01 de 16 de
novembro.

Quadro 4 - Classes do PGCA


N/O Classe (PGCA)
1 Classe 0: Contas de Ordem

2 Classe 1: Meios Fixos e Investimentos

3 Classe 2: Existências

4 Classe 3: Terceiros

5 Classe 4: Meios Monetários

6 Classe 5: Capital e Reservas

23
7 Classe 6: Proveitos e ganhos por Natureza

8 Classe 7: Custos por Perdas por Natureza

9 Classe 8: Resultados

Fonte: Elaboração própria (2017)

1.2.5 - Princípios fundamentais da fiscalidade

O processo tributário assenta em determinados princípios gerais de carácter


universal também conhecidos por princípios Gerais de Direito Fiscal. Tais
princípios são os seguintes:

A) Princípio da legalidade tributária

B) Princípio da tipicidade

C) Princípio da anualidade

D) Princípio da eficiência e eficácia

E) Princípio da igualdade

A) O primeiro princípio assenta na ideia de que os impostos devem ser


consentidos pelos próprios cidadãos, através dos seus representantes na Assembleia
Nacional (Deputados) que têm a competência de dar a autorização legislativa e
assegurar que não se aprovem actos tributários ilegais, evitando-se os abusos do
Executivo e a veracidade do Fisco. Na república de Angola este princípio está
consagrado na Constituição que o formula claramente no n.º1 do artigo 101.º. Isto é,
para que seja lançado um imposto é necessário que haja uma lei do Parlamento ou
Decreto-lei do governo e antes da implementação do mesmo, os representantes dos
cidadãos no Parlamento devem aprová-la.

B) O segundo princípio é o «princípio que decorre do anterior e expressa


que os elementos essenciais do imposto (incidência, taxas, benefícios fiscais e
garantias dos contribuintes) devem estar tipificados na Lei ou seja, existe um
24
«numerus clausus» tributário fechado». (COXE, 2012, p.36). Isso quer dizer que
todo e qualquer imposto que deverá incidir sobre as atividades dos agentes
económico e dos contribuintes em geral, deve constar numa lei aprovada pelo órgão
legislativo (Parlamento) e a mesmo deve respeitar a constituição e a lei.

C) O princípio da anualidade, decorre da previsão que deve ser feita ao


plano financeiro anual ou plurianual do Estado (Orçamento) na arrecadação de
receitas, bem como quaisquer alterações à implementar que seja onerosa para os
contribuintes. Pode se dizer que «com este princípio estabelece-se a
obrigatoriedade de que os impostos a cobrar aos cidadãos devem ser aprovados
anualmente na Assembleia Nacional. » (COXE, 2012, p.36)

D) O quarto princípio faz referência a actuação da Administração Tributaria


no que toca a eficiência no cumprimento das obrigações fiscais e aduaneiras
resultantes do exercício de uma determinada atividade económica e empresarial,
bem como executar a política tributária do Estado e assegurar o seu integral
cumprimento. Acções essas que possibilitam o Estado alcançar as metas e objetivos
estabelecidos (eficiência e eficácia), pois «a finalidade dos impostos é a
mobilização de receitas para satisfazer as necessidades financeiras do Estado».
(COXE, 2012, p.36)

E) O princípio de igualdade assenta na garantia geral dos direitos e


liberdades económicas em geral, na valorização do trabalho, na dignidade humana e
na justiça social, em conformidade com a própria Constituição «(...)visa defender as
equidades e justiça tributária. De acordo com este princípio, todos os cidadãos são
iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos». (COXE, 2012, p.37)

1.3 - Contabilidade financeira

«A Contabilidade constitui um forte instrumento de gestão porque permite a


descrição e o registo histórico dos factos patrimoniais.» (RODRIGUES, 2015, p.7).

25
Pode se dizer que a contabilidade financeira é um sistema de informação que
recolhe, organiza, regista e relata informação sobre a atividade das entidades, para a
tomada de decisões por parte dos stakeholders (Parte interessada, intervenientes,
accionistas).

O objectivo desta informação, sumariada nas demonstrações financeiras, é


proporcionar uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira, das
alterações nesta e dos resultados das operações. A medida que margens de lucro de
um determinado negócio começam a diminuir por razões endógenas e/ou exógenas
torna-se importante para fazer boas previsões de despesas e de receitas. Só fazendo
a deteção e a forma de obtenção de recursos necessários ao seu correcto
funcionamento é que a empresa consegue obter vantagens comparativas no mercado
e ser uma empresa de sucesso, quer perante os concorrentes, quer perante o meio
envolvente.

A função financeira procura analisar e avaliar a situação da empresa sob o


ponto de vista do equilíbrio financeiro. Para que isso aconteça deverá definir,
executar e controlar as decisões financeiras, no sentido de providenciar o emprego
rentável dos recursos monetários que são postos a sua disposição, nesses termos as
bases para execução dessa análise depende em grande parte da informação
contabilística a qual também manteremos o nosso foco. Dentre os objectivos da
actividade de gestão financeira destacam-se de modo os seguintes:

Quadro 5 - Objectivos da actividade de gestão financeira


N/O OBJECTIVOS
1 -Maximização do lucro;
2 -Maximização da saúde financeira da empresa;
3 -Sobrevivência da empresa (más decisões financeiras podem levar empresas a falência);
4 -Gestão optimizada de fluxos de caixa;
5 -Minimização de custos;
Fonte: Elaboração própria (2017)

Tendo em conta o já referido, podemos dizer que os elementos constantes na


figura a baixo demonstram de forma sintetizada o que a capacidade financeira

26
permite obter:

Figura 1 – Capacidade financeira

Capacidade
financeira

Permite obter

Capacidade para Capacidade para


enfrentar o meio enfrentar os
envolvente concorrentes

Fonte: Elaboração própria (2017)

1.3.1 - Os utentes da informação financeira

Existe informações sobre as entidades que são úteis para determinados utentes
por permitirem avaliações e tomada de decisões importantes, das quais se destacam
as mencionadas no quadro a baixo.

Quadro 6 - utentes da informação financeira


Nível Externo

Utentes Utilidade da informação

- Avaliar o retorno do investimento;

Investidores - Auxiliar na tomada de decisão (comprar, deter ou vender);

- Determinar a capacidade da empresa de pagar dividendos.

- Avaliar a capacidade da entidade de proporcionar emprego, remuneração e


Empregados
benefícios de reforma

- Determinar a capacidade da entidade em solver, dentro do prazo, os


Financiadores
compromissos com eles assumidos: empréstimos e juros.

- Determinar se as quantias que lhes são devidas serão pagas dentro do prazo;
Fornecedores e
outros credores - Avaliar a capacidade da entidade em operar de forma continuada, caso
estejam dependentes da entidade.

27
- Avaliar a capacidade da entidade em operar de forma continua, caso hajam
Clientes assumido compromissos de longo prazo com a entidade ou dela estejam
dependentes.

- Avaliar a capacidade de alocação de recursos;

- Regulamentar a actividade das entidades;


Governos e seus
departamentos - Estabelecer políticas de tributação;

- Servir de base ao apuramento do Rendimento Nacional e de Estatísticas


semelhantes.

- Ajudar a avaliar a utilidade da entidade em diversos níveis como por


Público exemplo a capacidade de emprego e de desenvolvimento de negócios como
cliente.

Nível Interno

Utentes Utilidade da informação

- Auxiliar o cumprimento das suas responsabilidades de planeamento, tomada


Gestão
de decisões e controlo.

Fonte: PGCA (2015)

1.3.2 - Componente das demonstrações financeiras do


plano geral de contabilidade angolano

«Entende-se, assim, por Demonstrações financeiras, o conjunto dos


componentes capazes de dar resposta às necessidades de informação, para efeitos
externos (...).» (PGC, 2013, p.18)

O quadro a baixo mostra a aplicação das componentes de demonstrações


financeiras no PGCA.

28
Quadro 7 - Componente das demonstrações financeiras do PGCA
N/O DESCRIÇÃO PGCA

1 Balanço Obriga

Obriga a Demonstrações de
Resultados por Natureza (DRN), ou
2 Demonstrações de Resultados (DR)
em substituição a Demonstrações de
Resultados por Funções (DRF)

3 Demonstrações das Alterações no Capital Próprio Não Obriga

Obriga a elaboração pelo método


4 Demonstrações de Fluxo de Caixa (DFC) direto ou em substituição pelo
método indireto

5 Notas às Contas Obriga

6 Anexo Facultativo

Fonte: Elaboração própria (2017)

1.3.3 - Objectivos das demonstrações financeiras

As demonstrações financeiras são uma representação financeira


esquematizada da posição financeira e das transações de uma entidade. São, por
essa razão, úteis, como forma de proporcionar informação acerca da posição
financeira, desempenho e alterações na posição financeira de uma entidade a um
vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas. As demonstrações
preparadas com este propósito vão de encontro às necessidades comuns da maioria
dos utentes mas não proporcionam toda a informação de que estes possam
necessitar para tomarem as suas decisões uma vez que:

- Retratam efeitos financeiros de acontecimentos passados.

- Não proporcionam necessariamente informação não financeira.

29
1.3.4 - Objetivos e relação entre a contabilidade e
fiscalidade

Muitos são os estudos empíricos sobre a dependência da contabilidade face à


fiscalidade, vários são os exemplos em que a relação entre o normativo
contabilístico e o fiscal é elevada e outros onde o resultado fiscal é
independente do contabilístico.

«Na Europa, a relação entre a Contabilidade e a Fiscalidade pode ser


caraterizada como sensível e em mudança. Sensível, porque qualquer
dependência mútua pode ser onerosa. E em mudança, porque há um custo
bastante elevado para as empresas com esta dependência, sendo a mesma um
obstáculo à harmonização contabilística».
(HOOGENDOORN, 2002, p. 352).

O objetivo da Contabilidade, de acordo com a EC (estrutura conceptual) do


SNC (Sistema de Normalização Contabilística), é preparar as demonstrações
financeiras que vão proporcionar informação acerca da posição financeira, do
desempenho e das alterações na posição financeira de uma entidade que seja útil a
um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas. Mais do que servir
de base ao exercício da planificação da gestão e do controlo da actividade
empresarial, as Demonstrações Financeiras passam a ter como objectivo principal
dar a conhecer a investidores, empregados, financiadores, fornecedores, clientes,
Governo e seus departamentos e ao público em geral determinadas informações que
lhes permitam a tomada de decisões importante.

«As técnicas tributárias socorrem-se da contabilidade, na medida em que


esta, se corretamente elaborada, propicia uma base sólida e fiável de dados de
suporte ao cálculo.» (CIPRIANO, 2005, p. 178).

Por sua vez, o objetivo da fiscalidade é calcular o valor dos impostos e


proceder à sua cobrança, a fim de satisfazer as necessidades do Estado, sem
descuidar princípios básicos de tributação, como por exemplo o da capacidade
contributiva.

30
1.4 - Enquadramento do normativo legal, contabilístico e
fiscal angolano

As receitas do Estado necessárias para o financiamento das suas atividades


com a finalidade de satisfazer as necessidades colectivas dispõem diversas fontes, e
dentre elas consta como principal e imprescindível a cobrança de imposto, que é
realizada tendo em conta determinadas regras previamente estabelecidas, regras
essas que têm a sua génese a Constituição da República de Angola (CRA) na qual
vem plasmada os princípios fundamentais que constituem a base da fiscalidade, e
em seguida o Direito Fiscal vem especificar e clarear os aspectos gerais constantes
na lei Mãe da República de Angola (CRA). Para além disso a fiscalidade cria um
certo vínculo com outros ramos do direito i.e., a lei entendida no seu sentido amplo
de forma criteriosa é fonte do Direito Fiscal em determinados aspectos afectos a
vida dos agentes económicos.

Na Constituição da Republica de Angola há matéria relacionada à fiscalidade


num sentido mais lato, como pudemos ver no seu Capítulo II (Sistema financeiro e
fiscal) da CRA. Que estabelece no seu artigo 99.º (Sistema financeiro) o seguinte:

1. O sistema financeiro é organizado de forma a garantir a formação,


adaptação, a capitalização e a segurança das poupanças, assim como a
mobilização e a aplicação dos recursos financeiros necessários ao
desenvolvimento económico e social, em conformidade com a Constituição e a
lei.
2. A organização, o funcionamento e a fiscalização das instituições financeiras
são regulados por lei.

A CRA estabelece ainda no seu artigo 101º (Sistema fiscal) a normas da


fiscalidade angolana, e o mesmo diz o seguinte:

O sistema fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras


entidades públicas, assegurar a realização da política económica e social do Estado
e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional.

O artigo 102º (Impostos) nos seus nos 1, 2 e 3, estabelece o seguinte:

31
1. Os impostos só podem ser criados por lei que determina a sua incidência, a
taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.
2. As normas fiscais não têm efeito retroactivo, salvo as de carácter
sancionatório, quando sejam mais favoráveis aos contribuintes.
3. A criação de impostos de que sejam sujeitos activos os órgãos do poder
local, bem como a competência para a sua arrecadação são determinados
por lei.

Essa relação estabelecida permite-nos concluir que não existe uma autonomia
completa em qualquer ramo do Direito porque, afinal o Direito é um só tendo a lei
como fonte Primária. Mas o Direito Fiscal é considerado autónomo na medida em
que tem conceitos próprios que, muitas vezes são expressos através de termos
idênticos aos utilizadores noutros ramos de Direito a que se relaciona.

O sistema contabilístico angolano é de uns tempos para cá muito legalista e


rege-se principalmente pelas normas estabelecidas pela fiscalidade, tendo sido
atualizado de tempo em tempos e incorporando ou desassociando elementos que o
compõem. Talvez esse fenómeno possa ser associado a base que suporta e se
encontra enraizada de certa forma na géneses tanto o sistema legal como do fiscal
angolano, que tinha um pendor mas legalista que se traduzia no facto das normas e
regras contabilísticas estarem subordinadas a domínio do Estado, ou seja, cabia
somente ao Estado a elaboração das normas contabilísticas, e como se de herança
genética se trata-se foi nos passado tais genes.

Para além da determinação da matéria colectável na qual incide o imposto uma


das principais finalidade da contabilidade é a de sistema de informação de apoio à
tomada de decisões é muitas vezes desprezada quer seja por falta de cultura
organizacional para tal ou por escasso conhecimento prático e sua devida
aplicabilidade no quotidiano das empresas, desse modo tendo sido criada uma
tendência cultural de prestar contas à administração fiscal apenas, em prejuízo dos
interesses dos demais utentes da informação financeira.

Pode-se deste modo afirmar-se que as regras fiscais influenciam a forma como
é elaborada a contabilidade em Angola, o principal objetivo deste trabalho é analisar
de que forma tal influência é exercida e determinar por meio da análise financeira a

32
forma como essas informações geradas criam uma simbiose e fornecem os
instrumentos necessários à aplicação da gestão financeira na organização.

1.4.1 - O sistema fiscal angolano

Na generalidade dos ordenamentos jurídicos, e desde os primórdios da


tributação sobre o rendimento das sociedades, o direito tributário utiliza a
contabilidade como um instrumento para proceder à determinação do rendimento
tributável, sendo que esta relação aparece formalmente estabelecida na legislação.
Como já anteriormente referido, o ordenamento jurídico angolano nos termos da
legislação fiscal em vigor no país, estabelece as normas pelas quais a contabilidade
deve se pautar no que concerne a sua actuação e procedimentos fiscais a utilizar
para o apuramento da matéria colectável, seguindo uma tendência quase similar aos
demais países continentais.

«O sistema fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e


outras entidades Públicas, assegurar a realização da política económica e
social do Estado e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da
riqueza nacional.»
(FREITAS et al, 2016, p. 16).

1.4.1.1 - A Contabilidade e o cumprimento das obrigações


fiscais

Em Angola temos como instrumento normativo legal primário a Constituição


da República, que como já referido, contém também as bases reguladoras das
práticas contabilísticas no território nacional. Em termos guia orientador principal
para a execução dos registos dos factos patrimoniais que provocam variações
quantitativas e qualitativas ao Patrimônio, é tarefa do estabelecido no Decreto nº.
82/2001, de 16 de novembro, que aprova o Plano Geral de Contabilidade (PGC),
Plano esse que proporciona os instrumentos e regras de aplicabilidade da execução
do relato financeiro.

Com relação as taxas e impostos aplicadas em Angola, vale realçar que


importa referir as taxas e impostos que incidem directamente sobre as actividades

33
realizadas pela empresa a qual se refere o presente estudo, que a posterior será
devidamente apresentada, mas sem desmérito a importância que as demais
representam no quotidiano das empresas e na economia nacional em geral,
primamos nas questões mais concretas e evitando assim exaustão.

Dito isso, começamos por referir as taxas e impostos mais usuais incorporadas
as actividades comerciais e civis em Angola, que são:

1. Imposto Industrial (II)


2. Imposto Predial Urbano (IPU)
3. Imposto SISA
4. Imposto Sobre o Rendimento de Trabalho (IRT)
5. Imposto Sobre Aplicação de Capitais (IAC)
6. Imposto de Selo (IS)
7. Imposto de Consumo (IC)
8. Taxa de Circulação (TC)
9. Taxa de Urbanização (TU)

As Leis que estabelecem o modo de actuação dos impostos referidos são


respectivamente as seguintes:

1. Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro (Aprova o código do Imposto Industrial);


2. Diploma legislativo n.º 4044, de 13 de Outubro de 1970 (Aprova o Código
do Imposto Predial Urbano); Com as alterações introduzidas pela Lei n.º
18/11, de 21 de Abril);
3. Diploma Legislativo n.º 230, com as alterações introduzidas pela Lei n.º
16/11, de 21 de Abril;
4. Lei n.º 18/14, de 22 de Outubro;
5. Decreto Legislativo Presidencial n.º 2/14, de 20 de Outubro;
6. Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/14, de 21 de Outubro;
7. Decreto Legislativo Presidencial n.º 3-A/14, de 21 de Outubro, com as
alterações introduzidas pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/15, 21 de

34
Setembro.
8. Decreto Executivo nº 660/17 de 27 de Novembro

Importa também realçar que entre esses impostos a cima referidos, os que
incidem directamente sobre o rendimento são os seguintes:

01. Imposto Industrial (II)


02. Imposto Predial Urbano (IPU)
03. Imposto Sobre Aplicação de Capitais (IAC)
04. Imposto Sobre o Rendimento de Trabalho (IRT)

Quadro 8 – Calendário fiscal angolano


PERÍODO IMPOSTOS GRUPOS DE TRIBUTAÇÃO OBRIGAÇÕES FISCAIS
Pagamento da 1ª prestação-liquidação
Grupo A
provisória.

Imposto Grupo B Pagamento da liquidação provisória.


Industrial (II)
Apresentação da declaração modelo 4
Grupo C (pagamento da 1ª prestação ou prestação
única da liquidação definitiva.

Janeiro Apresentação da declaração modelo 1


Imposto Sobre o (artigo 10.º do Código). Pagamento no
Rendimento de Todos os Grupos acto da apresentação da declaração do
Trabalho (IRT) imposto ou saldo remanescente (artigo
27.º).

Apresentação da declaração modelo 1


Imposto Predial
Todos os Grupos (artigo 19.º). Pagamento da 1.ª prestação
Urbano (IPU)
ou da prestação única.

Pagamento da 2.ª prestação da liquidação


Grupo A
provisória.
Imposto
Industrial (II)
Pagamento da 2.ª prestação da liquidação
Fevereiro Grupo C
definitiva.

Apresentação da declaração modelo 2


Imposto Sobre o Todos os Grupos
(artigo 34.º).
Rendimento de

35
Trabalho (IRT)

Pagamento da 3.ª prestação da liquidação


Grupo A
provisória.
Imposto
Março
Industrial (II)
Pagamento da 3.ª prestação da liquidação
Grupo C
definitiva.

Apresentação da declaração modelo 2


Imposto
Grupo B (artigo 58.º); Pagamento da prestação
Industrial (II)
única da liquidação definitiva.

Abril Imposto sobre o Apresentação da declaração definitiva ao


---
Petróleo (IP) ano anterior.

Imposto Predial Pagamento da 2.ª prestação.


Todos os Grupos
Urbano (IPU)

Apresentação da declaração modelo 1


Imposto
Maio Grupo A (Artigo 48.º). Pagamento da prestação
Industrial (II)
única da liquidação definitiva.

Imposto Predial Pagamento da 3.ª prestação


Julho Todos os Grupos
Urbano (IPU)

Imposto Predial Pagamento da 4.ª prestação


Todos os Grupos
Urbano (IPU)
Outubro
Imposto sobre o Apresentação da declaração provisória da
---
Petróleo (IP) actividade do ano seguinte.

As entidades empregadoras devem


Imposto Sobre o
entregar aos cofres do Estado o imposto
Rendimento de Todos os Grupos
descontado aos trabalhadores no mês
Trabalho (IRT)
anterior.

Obrigações Apresentação até ao último dia do mês, da


Mensais declaração do volume de transações e

Imposto de Selo serviços prestados no mês anterior (n.º 4


Todos os Grupos
(IS) do Decreto n.º 18/92).

Pagamento do imposto declarado relativo

36
às transações do mês anterior (artigo 4.º
do citado Decreto)

Apresentação da declaração até dia 10 de


cada mês (artigo 6.º).
Imposto de
Todos os Grupos
Consumo (IC)
Pagamento, até ao último dia do mês, do
imposto declarado (artigo 11.º).

Imposto Sobre Entrega do imposto dos rendimentos


Aplicação de Todos os Grupos referidos nas alíneas a) a g) e i) a j) do
Capitais (IAC) artigo 36.º do Código.

Fonte: Elaboração própria (2017)

1.4.1.1 - A Contabilidade e o imposto industrial

De acordo ao nº 1 e 2 do artigo 1.º da Lei n.º19/14, de 22 de Outubro (Código


do Imposto Industrial) O Imposto Industrial incide sobre os lucros imputáveis ao
exercício de qualquer actividade de natureza comercial ou industrial, ainda que
acidental. Ibidem é considerado sempre de natureza comercial ou industrial para
efeitos do presente código.

a) A actividade de exploração agrícola, aquícola, avícola, pecuária, piscatória


e silvícola;
b) A actividade de mediação, agência ou representação na realização de
contratos de qualquer natureza;
c) O exercício de actividade reguladas pela entidade de supervisão de
seguros, entidade de supervisão de jogos, pelo Banco Nacional de Angola e
pela Comissão do Mercado de Capitais;
d) A actividade das sociedades cujo objecto consista na mera gestão de uma
carteira de imóveis, de participações sociais ou títulos;
e) A actividade das fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações
de beneficência.

Sujeitos passivos

Segundo o artigo 5º da Lei n.º19/14, de 22 de Outubro

1 – São sujeitos passivos do Imposto Industrial:

37
a) As sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas,
fundações, associações, fundos autónomos, empresas públicas e as demais
pessoas colectivas de direito público ou privado, com sede ou Direcção
efectiva em território angolano;
b) As entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou Direcção
efectiva em território angolano, cujos rendimentos não sejam directamente
tributáveis em Imposto Industrial, quer estejam na titularidade de pessoas
singulares ou colectivas;
c) As pessoas colectivas que não tenham, sede ou Direcção efectiva em Angola
mas que obtenham rendimentos no País.

Grupos de tributação

De acordo ao nº 1 do Artigo 7.º da lei do Imposto Industrial há dois grupos de


tributação:

Os mesmos encontram-se caracterizados no artigo 8.º e 10.º da mesma lei da


seguinte forma:

Tributação pelo Grupo A (Artigo 8.º)

1 – São obrigatoriamente tributados pelo Grupo A:

a) As empresas públicas e entes equiparados;


b) As sociedades constituídas nos termos da Lei das Sociedades Comerciais ou
da Lei das Sociedades Unipessoais, de capital social igual ou superior a
Kz: 2.000.000,00 (dois milhões de kwanzas);
c) As sociedades constituídas nos termos das Lei das Sociedades Comerciais
ou da Lei das Sociedades Unipessoais, com proveitos totais anuais de valor
igual ou superior a Kz: 500.000.000,00 (quinhentos milhões de kwanzas).

2 – Consideram-se também incluídas no Grupo A as Associações, Fundações e


Cooperativas cuja actividade gere proveitos adicionais às dotações e subsídios
recebidos dos seus associados, cooperantes ou mecenas.

3 – Consideram-se também incluídas no Grupo A as sucursais de sociedades


não residentes no território angolano.

38
Tributação pelo Grupo B

São tributados pelo Grupo B, todos os contribuintes referidos no artigo 5.º não
abrangidos pelo Grupo A.

«Entende-se por acto isolado de natureza comercial ou industrial a realização


de qualquer actividade comercial ou industrial, como definida nos termos do
presente Código, que de forma contínua ou interpolada, não tenha duração
superior a 180 (cento e oitenta) dias durante um exercício fiscal.»
Nº 2 do Artigo 10.º ( Lei n.º19/14, de 22 de Outubro)

Taxas

De acordo ao Artigo 64.º da Lei n.º19/14, de 22 de Outubro, segundo os seus


n.os 1, 2, 5, 6 e 7, às taxas que incidem sobre a matéria colectável desse Imposto são:

1 – A taxa do Imposto Industrial é de 30% (trinta por cento).


2 – Trata-se de rendimentos provenientes de actividades, exclusivamente a
actividade das explorações agrícolas, aquícolas, avícolas, pecuárias,
piscatórias e silvícolas aplica-se a taxa única 15% (quinze por cento).
5 – A taxa de liquidação provisória de imposto sobre prestações de serviços
mencionados é de 6,5% (seis vírgula cinco por cento).
6 – A taxa de liquidação provisória de imposto sobre as vendas do 1.º semestre
do exercício é de 2% (dois por cento).
7 – A taxa de tributação liberatória incidente sobre serviços acidentais
prestados por pessoas colectivas sem sede, estabelecimento estável ou local de
direcção efectiva em Angola é de 6,5% (seis vírgula cinco por cento).

Importa realçar que a matéria colectável dos contribuintes do Grupo B que não
possuam contabilidade organizada, nos termos do número anterior, apresentam a
Declaração Modelo 2, em duplicado, relativamente ao conjunto de actividades
exercidas no ano anterior, assinada por contabilista, que permita o apuramento
integral das vendas e prestação de serviços ou das compras efetuadas e serviços
contratados, e corresponde ao volume de vendas de bens e serviços prestados,
aplica-se a taxa de 6,5% (seis vírgula cinco por cento). Isenta-se dessa tributação
quaisquer serviços, cujo valor integral da prestação não ultrapasse os Kz: 20.000,00
(vinte mil kwanzas), bem como Serviços de Ensino, serviços prestados por jardim-
de-infância, lactários, berçários e estabelecimentos análogos a estes, serviços de

39
assistência médico-sanitária e operações conexas efetuadas por clínicas, hospitais e
similares, os transportes de passageiros.

No acto de entrega do imposto retido, deve-se apresentar em duplicado um


mapa, que é carimbado e assinado pela repartição fiscal, contendo o seguinte:

a) Designação social e NIF do fornecedor do serviço;

b) Descrição do serviço;

c) Valor total da factura;

d) Valor da factura a pagar, no caso de pagamento parcelado;

e) Valor do imposto retido.

Os pagamentos do imposto nos termos do estabelecido nos nos 5 e 6 do


parágrafo anterior é provisório e releva na liquidação definitiva, deduzindo-se à
colecta final do contribuinte retido, ou seja, no apuramento final do Imposto
Industrial, ocorrido com a entrega da Declaração Modelo 1, se for apurado
montante de imposto inferior ao imposto pago provisoriamente no decurso do
exercício, esse crédito deve ser abatido à colecta do exercício seguinte e assim
sucessivamente, nos exercícios que se seguem, dentro do prazo geral de caducidade
do imposto.

40
Figura 2 - Penalizações e Multas Fiscais

Fonte: Site da AGT (www.agt.minfin.gov.ao/PortalAGT/)

1.4.1.3 - A Contabilidade e o imposto predial urbano

Incidência

O Imposto Predial Urbano (IPU) incide sobre os rendimentos do prédio


urbano situados no território da República de Angola quando estejam arrendados ou
sobre a sua detenção quando não o estejam (Artigo 1.º da Lei n.º 18/11 de 21 de
Abril).
No primeiro caso, é devido pelo titular ou beneficiário das rendas e o imposto
incide sobre o valor da respectiva renda. No segundo, pelo proprietário, usufrutuário
ou beneficiário do direito de superfície (detentor) e o imposto incide sobre o valor
patrimonial do imóvel.

Isenções

Segundo o artigo 5.º da referida lei citada no parágrafo a cima, beneficiam de


41
isenção as seguintes entidades:

a) O Estado, institutos públicos e associações que gozem do estatuto de


utilidade pública;
b) Estados estrangeiros, quanto aos imóveis destinados às
respectivas representações diplomáticas ou consulares,
quando haja reciprocidade;
c) Instituições religiosas legalizadas, quanto aos imóveis destinados
exclusivamente ao culto.

Taxa

A taxa de imposto predial urbano para prédios arrendados é de 25%. (n.º 1 do


artigo 98.º, Lei n.º 18/11)

Para os prédios não arrendados, a taxa é a que consta na tabela seguinte:

Tabela 1 – Limites tributário do IPU


Valor imobiliário Taxa
tributário em (AKZ) (%)
Até 5.000.000,00 (cinco milhões) 0
Superior a 5.000.000,00 (cinco 0,5
milhões), sobre
Fonte: n.º 3odo
excesso
Artigo 98.º (Lei N.º18/11)

Sujeito passivo

O sujeito passivo depende do tipo de prédio:

• Prédios arrendados: Os sujeitos passivos do IPU nos casos de prédios


arrendados são os inquilinos, se estes dispuserem de contabilidade
organizada;

• Prédios não arrendados: Nos prédios não arrendados, a liquidação


compete ao proprietário, usufrutuário, beneficiário.

42
Liquidação

Compete ao inquilino, quando disponha de contabilidade organizada. De resto,


compete ao proprietário, usufrutuário, beneficiário.

1.4.1.4 - A Contabilidade e o imposto de rendimento de


trabalho

Incidência objectiva

Segundo o artigo 1.º da Lei n.º 18/14, de 22 de Outubro nos seus n.os 1 e 2,
dizem o seguinte:

1. O Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho incide sobre os rendimentos


por conta própria ou por conta de outrem, expresso em dinheiro, ainda que
auferido em espécie, de natureza contratual ou não contratual, periódicos
ou ocasionais, fixos ou variáveis, independentemente da sua proveniência,
local, moeda, forma estipulada para o seu cálculo e pagamento.
2. Constituem rendimentos para efeitos deste imposto, todas as remunerações
percebidas a título de ordenados, vencimentos, salários, honorários,
avenças, gratificações, subsídios, prémios, comissões, senhas de presença
emolumentos, participações em multas, custas, margens, os rendimentos
comerciais e industriais, bem como outras remunerações acessórias, sem
prejuízo do disposto no artigo 2.º do presente Código.

Grupos de tributação

Grupo A - Todas as remunerações pagas pela entidade patronal aos


trabalhadores por conta de outrem, incluindo funcionários públicos;

Grupo B - Todas as remunerações pagas aos trabalhadores por conta própria,


que desempenham, de forma independente, actividades profissionais constantes da
tabela de profissões anexa ao Código, bem como os rendimentos percebidos pelos
titulares de cargos de gerência e administração ou de órgãos sociais de sociedades.

43
Grupo C - Todos os rendimentos recebidos pelo desempenho de actividades
industriais e comerciais, que se presumem todas as constantes na tabela de lucros
mínimos em vigor.

Incidência Subjectiva

Rendimentos de:

a) Pessoas singulares

b) Com ou sem residência em Angola

c) Cujos rendimentos sejam obtidos por serviços prestados a pessoas


singulares ou colectivas com domicílio, ou estabelecimento estável em Angola

Não sujeição

Não constituem matéria colectável do IRT:

- As prestações sociais pagas pelo Instituto Nacional da Segurança Social,


reconhecidas na Legislação de Segurança Social (Subsidio de Maternidade,
Subsidio Aleitamento, Subsídio de Funeral, Abono de Família etc.);

- As gratificações de fim de carreira no âmbito da relação jurídica laboral que


não ultrapassem os limites máximos previstos na Lei Geral do Trabalho;

- Os abonos para falhas, em montante que não ultrapassem o limite máximo


estabelecido para a função pública;

- O abono de família pago pela entidade empregadora, em montante que não


ultrapasse o limite máximo de 5% do ordenado base do trabalhador, excluídos os
trabalhadores sujeitos ao regime remuneratório da função pública;

- Às contribuições para à segurança social;

44
- Os subsídios de renda de casa até ao limite de 50% do valor do contrato de
arrendamento, excluídos os trabalhadores sujeitos ao regime remuneratório da
função pública. (carece da entrega de cópia do contrato na Repartição Fiscal, caso
contrário constitui matéria colectável na sua totalidade);

- As compensações pagam a trabalhadores por rescisão contratual


independentemente de causa objectiva, que não ultrapassem os limites mínimos
previstos na Lei Geral do Trabalho;

- Os salários e outras remunerações pagas aos trabalhadores eventuais


agrícolas e aos trabalhadores domésticos contratados directamente por pessoas
singulares ou agregados familiares;

- Os subsídios atribuídos por lei aos cidadãos nacionais portadores de


deficiências motoras, sensoriais e mentais;

- Os subsídios diários, os subsídios de representação, os subsídios de viagem e


deslocação atribuídos aos funcionários do Estado, que não ultrapassem os limites
estabelecidos na legislação específica;

- Os subsídios diários de alimentação e transporte, atribuídos a trabalhadores


dependentes não incluídos no ponto anterior, até ao limite de 30.000 Kwanzas do
seu valor agregado (alimentação+transporte);

- O reembolso de despesas incorridas pelos trabalhadores dependentes ao


serviço da entidade patronal (trabalhador entrega facturas de refeição ou bilhetes de
viagens e é reembolsado pela entidade patronal);

- As gratificações de férias e o subsídio de natal até ao limite de 100% do


salário base do trabalhador.

45
Tabela 2 - Taxas para o Cálculo do IRT
RENDIMENTO EM KWANZAS/IMPOSTO

Rendimentos Taxa

Até 34.450,00 Isento

De 34.451,00 a 35.000,00 Excesso de 34.450,00

sobre o
De 35.001,00 a 40.000,00 Parcela fixa 550,00 + 7% 35.000,00
excesso de

sobre o
De 40.001,00 a 45.000,00 Parcela fixa 900,00 + 8% 40.000,00
excesso de

sobre o
De 45.001,00 a 50.000,00 Parcela fixa 1.300,00 + 9% 45.000,00
excesso de

sobre o
De 50.001,00 a 70.000,00 Parcela fixa 1.750,00 + 10% 50.000,00
excesso de

sobre o
De 70.001,00 a 90.000,00 Parcela fixa 3.750,00 + 11% 70.000,00
excesso de

sobre o
De 90.001,00 a 110.000,00 Parcela fixa 5.950,00 + 12% 90.000,00
excesso de

sobre o
De 110.001,00 a 140.000,00 Parcela fixa 8.350,00 + 13% 110.000,00
excesso de

sobre o
De 140.001,00 a 170.000,00 Parcela fixa 12.250,00 + 14% 140.000,00
excesso de

sobre o
De 170.001,00 a 200.000,00 Parcela fixa 16.450,00 + 15% 170.000,00
excesso de

sobre o
De 200.001,00 a 230.000,00 Parcela fixa 20.950,00 + 16% 200.000,00
excesso de

Mais sobre o
230.001,00 Parcela fixa 25.750,00 + 17% 230.000,00
de excesso de

Fonte: Lei n.º 18/14, de 22 de Outubro

46
Liquidação

Grupo A

A liquidação do imposto devido pela atribuição de rendimentos do Grupo A é


efectuada pela entidade responsável pelo pagamento destes rendimentos (entidade
empregadora), mensalmente, após efectuar as deduções legais, aplicando ao valor
apurado o disposto na tabela de taxa sobre o IRT anexa ao Código e preenchimento
do Documento de Liquidação de Imposto (Retenção na fonte).

Grupo B

É efectuada pela entidade pagadora desses rendimentos, quando se trate de


pessoa colectiva ou pessoa singular com contabilidade organizada até ao final do
mês seguinte ao do pagamento (retenção na fonte).

É efectuada pela entidade pagadora desses rendimentos quando atribuídos aos


titulares de cargos de gerência ou administração ou titulares de órgãos sociais
(retenção na fonte).

É efectuada pelo contribuinte que auferiu o rendimento até ao final do mês de


entrega da declaração anual de rendimentos, podendo deduzir à colecta do imposto,
as retenções na fonte feitas pela entidade pagadora (autoliquidação).

Grupo C

É efectuada pela entidade pagadora desses rendimentos quanto se tratar de


pessoa colectiva ou singular que disponha de contabilidade organizada até ao final
do mês seguinte ao do pagamento (retenção na fonte).

É efectuada pelo contribuinte através da aplicação da Tabela de Lucros


Mínimos ou com base nos rendimentos obtidos (volume de facturação), quando o
valor exceda quatro vezes o limite máximo da actividade, de acordo com Tabela dos
Lucros Mínimos. (autoliquidação).

47
1.4.1.5 - O IVA e suas e características

«O IVA é caracterizado como um imposto indireto plurifásico de matriz


comunitária, que atinge todo o ato de consumo através do método subtrativo
indireto.» (CAMBANJE, 2014, p. 21).

Na comercialização de bens e serviços, o IVA vai incidir apenas sobre o valor


acrescentado em cada uma das mercadorias vendidas, sendo o preço final do bem
equivalente à soma dos valores acrescentados.

«O IVA é um imposto que incide sobre todas as fases do processo produtivo,


através do método subtrativo indireto, das faturas, do crédito de imposto ou
sistema de pagamentos fracionados. Este método não é mais do que a técnica
de liquidação e dedução do imposto em cada uma das fases do circuito
económico, funcionando da forma descrita quando as transações se
processam entre sujeitos passivos do imposto com direito a dedução.»
(CAMBANJE, 2014, p. 22)

Sobre a aquisição de bens incide, na generalidade dos casos o IVA, a base de


incidência do IVA é o valor líquido da factura ou o valor de custo de aquisição.

1.4.2 - Regime jurídico das facturas e documentos


equivalentes

O Decreto Presidencial n.º 149/13, de 1 de Outubro (Aprova o Regime


Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes).

Considerando a necessidade de assegurar a correcta aplicação do referido


diploma, afigura-se clarificar e instruir de modo sintetizado o seguinte:

1. Devem as facturas ou documentos equivalentes serem emitidas com os


elementos constantes da alínea a) do artigo 7º do citado diploma sempre que os
intervenientes, quer sejam pessoas colectivas ou singulares, estejam no exercício de
actividade comercial ou industrial.

48
Elementos obrigatórios nas facturas e documentos equivalentes.

O nome firma ou denominação social e a sede ou domicílio do fornecedor de


bens ou prestador de serviços e do destinatário ou adquirente, bem como os seus
números de identificação fiscal. Alínea a) do artigo 7º (O Decreto Presidencial n.º
149/13)

2. Sem prejuízo da obrigatoriedade da emissão da factura ou documento


equivalente, é dispensável a identificação e Número de Identificação Fiscal do
beneficiário do serviço ou adquirente dos bens, tratando-se de pessoa singular que
não esteja no exercício de uma actividade comercial ou industrial, excepto se este o
exigir.

3. Os contribuintes obrigados a emitir facturas ou documentos equivalentes


podem utilizar quaisquer programas informáticos disponíveis no mercado.

4. Os contribuintes que pretendam apresentar facturas emitidas no estrangeiro


à Administração Fiscal devem previamente traduzi-las para português.

5. As Micro empresas e os micro-empreendedores poderão estar dispensados


de emitir facturas, devendo emitir documentos equivalentes, nos termos do referido
Diploma, desde que previamente autorizadas pelo Director Nacional dos Impostos.

6. Encontra-se disponível no site do Ministério das Finanças um modelo de


factura que pode ser consultado pelos contribuintes.

1.4.1.3 - Documentação de custos

Para um correcto apuramento da matéria colectável do Imposto Industrial e


não pecar com relação ao estabelecido pela lei tributária relactivamente aos
procedimentos a adoptar na sua feitura, para além do já referido sobre o mesmo é
também imperativo o cumprimento do estabelecido pela lei nº 19/14, de 22 de
Outubro no seu artigo17.º, que estabelece o seguinte:

49
1 – Os custos incorridos com qualquer despesa, são apenas aceites para
efeitos de apuramento da matéria colectável, quando devidamente
documentados, nos termos da legislação em vigor.
2 – Os custos indevidamente documentados não são aceites como custo
dedutível à matéria colectável do imposto, e são objecto de tributação
autónoma à taxa de 2% (dois por cento) do seu valor.
3 – Os custos não documentados, não são aceites como custos dedutíveis à
matéria colectável do imposto, e são objecto de tributação autónoma à taxa de
4% (quatro por cento) do seu valor.
4 – Os custos incorridos com despesas confidenciais, não são aceites como
custos dedutíveis à matéria colectável do imposto, e são tributados
autonomamente à taxa de 30% (trinta por cento).
5 – A taxa referida no número anterior é elevada para 50% (cinquenta por
cento) nas circunstâncias em que estas despesas originem um custo ou um
proveito na esfera de um sujeito passivo, por qualquer forma, isento, ou não
sujeito, a tributação em sede de Imposto Industrial.
6 – Entende-se por despesas indevidamente documentadas, nos termos do n.º 2
do presente artigo, aquelas em que a documentação em posse do contribuinte
apenas identifica o nome ou entidade legal e respectivo número de
identificação fiscal do beneficiário do seu pagamento.
7 – Entende-se por despesas não documentadas, nos termos do n.º 3 do
presente artigo, aquelas em que não existe documentação válida de suporte da
despesa nos termos da lei, mas em que a sua ocorrência e natureza são
materialmente comprováveis.
8 – Entendem-se por despesas confidenciais, nos termos do n.º 4 do presente
artigo, aquelas em que não existe documentação válida de suporte da despesa
nos termos da lei, e em que a sua natureza, função ou origem, não são
materialmente comprováveis.
9 – As realidades sujeitas a tributação autónoma, nos termos dos números
anteriores implicam o seu acréscimo, nas percentagens estabelecidas, ao lucro
tributável do imposto.

50
CAPÍTULO II – OPCÕES METODOLÓGICAS DO
ESTUDO

2.1 - Modo de investigação

Tendo em conta as etapas necessárias para a realização da pesquisa, fizemos


recurso aos métodos qualitativo e dedutivo, e o material que se obteve informação
foi a pesquisa bibliográfica e a consulta documental.

2.2 - Grupo de sujeitos

O grupo sujeito foi a empresa DW, Lda., e limitou-se na análise da gestão


financeira com o recurso à contabilidade geral bem como a incidência da fiscalidade
sobre as demontrações de resultados contabilisticos.

2.3 - Instrumentos de investigação

Os documentos que sustentaram este trabalho foram essencialmente os


elementos de contas, mas especificamente o balanço e demonstração de resultados,
bem como alguns apêndices usados na contabilidade diária e não só.

2.4 - Processamento e tratamento dos dados

Os dados a estudar tiveram um tratamento estatístico não paramétrico também


conhecido como teste de distribuição livre que basicamente consiste em testar
população que não se conhece bem a distribuição e seus parâmetros, usados para
análise de pequenas amostras de origem indeterminada.

51
CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 - Estudo de caso para a empresa DW, Lda.

3.1.1 - Apresentação da empresa DW, Lda.

A DW, Lda. é uma Sociedade por quotas constituída e gerenciada por


familiares, pertence ao ramo farmacêutico, com objecto social a venda de
fármacos, artigos de higiene pessoal e puericultura. Fundada em 2014, tinha 4
(quatro) colaboradores e dos quais 2 (dois) sócios, um dos quais gerente e
cônjuge pois, «é permitida a constituição de sociedade entre cônjuges, bem
como a sua participação numa mesma sociedade, desde que só um deles seja
sócio de responsabilidade ilimitada.» Artigo 9.º (Lei n.º 1/04, de 13 de
Fevereiro).

Hoje, a DW, Lda. conta com os mesmos sócios e sete colaboradores. Em


relação a estes últimos, a empresa tenta que se mantenham motivados e a prova
disso é a muito reduzida rotação de pessoal. Teve no fim do seu primeiro ano
efectivo de actividade (2015) um volume de negócios a rondar em torno de Kz
24.527.783.67, essa facturação anual rondava em torno dos USD 180.367,265 a
contar com a taxa de o câmbio que se verificou em 31/12/2015 segundo o BNA
que foi de Kz 135,988 por cada unidade de Dólar i.e. 1 dólar Americano =
135.988 Kwanzas, quer por cotação directa ou indirecta.

Ela obedece o critério previsto na alínea a) do artigo 5.º da Lei nº.30/11,


de 13 de Setembro (Lei das micro, pequenas e médias empresas) que estabelece
o seguinte: Microempresas abreviadamente MC, aquelas que empreguem até 10
trabalhadores e/ou tenham uma facturação bruta anual não superior em Kz ao
equivalente a USD 250 mil. Bem como o n.º1 do Artigo 13.º da referida lei que
diz: Sem prejuízo dos procedimentos de constituição e registo comercial
previstos na Lei n.º 1/04, de 13 de Fevereiro das Sociedades Comerciais, na Lei

52
n.º 30/11, de 13 de Setembro, das Micro, Pequenas e Médias Empresas e demais
legislação aplicável, o reconhecimento do estatuto de MPME é feito por
certificação, a realizar pelo INAPEM, nos termos do presente Regulamento. ”
Não tendo respeitado este último requisito estabelecido no n.º1 do Artigo 13º da
lei supra citada, e embora detenha as características necessárias à inclusão na
referida categoria, não recebe o estatuto nem o tratamento especial previsto por
lei para as MPME por esse facto só.

A DW, Lda. é uma sociedade por quotas, (alínea b) do artigo 2.º - Tipos de
sociedades) Lei n.º 1/04, de 13 de Fevereiro - Lei das comerciais. Com começo da
sua actividade em 25 de Novembro de 2014, com a sede e o estabelecimento situada
em Luanda, no Município de Viana, tem como valor nominal das quotas que forma
o montante do capital social a quantia de Kz 500.000,00 equivalente à USD
4.855,78 ao câmbio do período da escritura pública que segundo o BNA foi o de Kz
102,97 por cada unidade de dólar.

«A sociedade por quotas não pode constituir-se com um capital social inferior
ao valor correspondente, em moeda nacional, equivalente a USD 1.000,00
sempre actualizado de acordo com a flutuação da mesma, nem o seu capital
social pode ser reduzido a importância inferior a essa.»

Artigo 221.º ( Lei n.º 1/04, de 13 de Fevereiro)

Os valores nominais das quotas podem ser diversos, mas nenhuma quota pode
ter valor nominal inferior ao equivalente, em moeda nacional, a USD 100,00, salvo
quando a lei o permitir. artigo 241.º (Lei n.º 1/04, de 13 de Fevereiro).

As quotas foram realizadas ao câmbio de 102,97 Kz por cada unidade de


Dólar segundo o BNA, isso em 2014, e encontram-se distribuída da seguinte forma
nominal e percentual pelos sócios da seguinte forma: Daniel Wassi, sócio gerente de
responsabilidade Ilimitada, Kz 350.000,00 equivalente a USD 3.399,048
(correspondente a 70% das quotas), Paula Wassi, sócia gerente de responsabilidade

53
limitada, KZS 150.000,00 equivalente a USD 1.456,73 (correspondente a 30% das
quotas).

Pelas suas características a DW, Lda. pertente ao grupo B de tributação


previsto pelo Código do Imposto Industrial. Em termos organizativos existe ainda
um sistema que consiste em registar pedidos de clientes que a empresa ainda não
tenha em stock para posterior aquisição e assim o cliente é informado sobre a
disponibilidade a posterior, criando uma relação de afeto e proximidade com os
mesmos.

No que se refere aos sócios-gerentes, os dois desempenham funções


efetivas separados por três áreas: contactos externos com fornecedores,
supervisão do trabalho indoor e gestão de recursos humanos, deixando a
elaboração da contabilidade a cargo do técnico de contas contratado. A empresa
tem um fluxo considerável de clientes tendo em conta as diversas patologias que
se registam entre os habitantes locais, sendo a mais frequente as doenças
cardiovasculares e palúdicas constituindo desse modo quase 55% do total de seu
volume de negocio no que se refere a venda de fármacos para essa patologias. E
como já referido tem inclusive uma carteira de clientes aos quais apenas dá
assistência privilegiada em determinado tipo de atendimento de fármacos tendo
em conta aquilo que exige a sua condição de saúde, i.e., clientes que têm
patologias que carecem de medicação especial constante, ininterrupta e
atempada.

3.1.1 - Contabilidade financeira

«O serviço de contabilidade inicia-se com a receção dos documentos


contabilísticos que são originados pelas vendas diárias efetuada aos clientes
bem como as de aquisições aos fornecedores. Estes documentos (faturas de
fornecedores, notas de crédito, recibos, vendas à dinheiro…) são escritos
comerciais que descrevem e comprovam os factos patrimoniais descritos pela
contabilidade.»

(RODRIGUES, et al., 2006, p. 73).

54
Na DW, Lda. a receção dos documentos é realizada de duas formas: ou um
representante da empresa fornecedora se desloca a empresa ou um dos sócios
desloca-se, para o efeito, à sede da empresa fornecedora. No primeiro caso, a
receção é feita pelo funcionário que trata da contabilidade da empresa.

Após a receção, este aponta num mapa, que está dividido e classificado de
acordo ao tipo de artigo e por mês, mapa este que corresponde ao PGC da empresa e
funciona em simultâneo como um livro-diário.

«Factos patrimoniais são todos os acontecimentos que alteram a composição


e/ou valor de um dado património.» (MÊDA, 2014, p. 5)

Após a receção da documentação deve fazer-se a triagem da mesma,


expurgando os documentos que por lapso o fornecedor remeteu e que não relevam
para a contabilidade. Por outro lado, nesta fase procede-se ainda a uma primeira
verificação dos documentos, a fim de aferir se correspondem ao período em causa
e se, designadamente, os que titulam transações, cumprem os requisitos do Decreto
Presidencial nº149/13, de 1 de Outubro (regime jurídico das facturas e documentos
equivalentes)

Seguidamente, os documentos contabilísticos são divididos, de uma forma


genérica, nos seguintes diários: Clientes/Vendas, Fornecedores/Compras, Caixa,
Bancos, Operações Diversas e por data. Um diário serve para o registo cronológico
dos factos que modificam ou possam vir a modificar a composição e o valor
patrimonial da empresa.

O diário de Clientes/Vendas inclui as movimentações das vendas, que são


registadas no diário de Caixa ou de Bancos, consoante o meio de pagamento. O
diário de Clientes/Vendas serve para registar, por exemplo, faturas a clientes e
notas de crédito. O diário de Fornecedores/Compras contém todas as
movimentações da conta compras e conta de fornecedores, com excepção dos

55
pagamentos a esses fornecedores, que são inseridos nos diários de Caixa ou
Bancos. Neste diário são arquivadas todas as faturas e notas de crédito originais
referentes à aquisição de bens e serviços necessários para a atividade da empresa
no período em causa.

No diário de Caixa estão contemplados todos os recebimentos e pagamentos


em dinheiro efetuados pela empresa. No diário de Bancos encontram-se todas as
operações realizadas através de um banco, incluindo pagamentos a fornecedores,
pagamentos de prestações de financiamento, transferências interbancárias, compras
em cartão de débito, levantamentos, pagamento de ordenados, pagamento das
retenções de IRS, pagamentos à SS, recebimentos de clientes, depósitos.

Por último, no diário de Operações Diversas são registadas todas as


operações que não se enquadram nos diários descritos anteriormente, como por
exemplo, operações relativas a processamento de salários, imobilizado, correções
ao exercício, transferência de resultados, operações entre contas.

Na DW, Lda. são utilizados, essencial e primordialmente, estes cinco diários.


Contudo, relativamente à descrição apresentada atrás, podem observar-se pequenas
particularidades.

3.1.2 - Numeração de documentos, análise de factos e sua


classificação contabilística

Após a documentação estar organizada por diários procede-se à numeração


manual da mesma, análise dos factos respetivos e respetiva classificação
contabilística. A numeração manual é feita em cada diário de forma sequencial,
correspondendo à numeração que entra no programa informático quando se
procede, na fase seguinte, ao lançamento dos documentos. A análise dos
f act os patrimoniais consiste em saber que transação ou facto corresponde o
documento, quais as rubricas do património (ativo, passivo, proveitos e custos)
afetadas, quais as contas que correspondem aos factos em causa e porque quantias,

56
culminando com a atribuição dos códigos de conta. Este processo concretiza-se
com o preenchimento de folhas com os códigos e quantias a lançar. Para esta tarefa
é muito importante ter o conhecimento do ramo de atividade da empresa para que
não ocorram erros.

3.1.3 - Lançamento dos documentos na plataforma


informática

Mercê da atribuição dos códigos das contas do PGC e das quantias respetivas
procede-se à introdução informática, no sistema de contabilidade, operação
vulgarmente designada por lançamento. O lançamento dos documentos no
programa informático, no caso da DW, Lda., o Primavera, é uma tarefa rotineira
mas muito importante do ponto de vista do rigor, pois é necessário verificar se os
diários informáticos e os meses de lançamento são os corretos e se não ocorrem
erros de digitação de contas.

A cada documento correspondem lançamentos informáticos, com cada um


numerado automaticamente, correspondendo essa numeração informática à manual
feita anteriormente. Os lançamentos são efetuados por diário e devem respeitar o
mês de lançamento, a descrição do documento (por exemplo, fatura), o diário e o
número originário do documento de suporte (por exemplo, no caso de ser uma
fatura introduz-se o número da fatura).

3.1.4 - Obtenção de balancetes e verificação das contas do


imposto de selo

Seguidamente ao lançamento dos documentos é essencial a obtenção de


balancetes com todos os movimentos introduzidos até à data. Embora o programa
informático permita obter balancetes sintéticos ou analíticos, por norma
extraem-se balancetes analíticos para efeitos de análise e conferência. A
verificação das contas do Imposto de Selo (IS) é feita com o auxílio de balancetes
das contas do respetivo imposto e consiste na conferência manual dessas mesmas

57
contas, procedendo o seu apuramento e respetiva execução de acordo as normas do
Código de Imposto de Selo (Decreto Legislativo Presidencial nº. 3/14, de 21 de
Outubro) que determina que o IS é equivalente a 1% dos recebimentos mensais. Um
dos testes feito no âmbito desta verificação consiste em multiplicar as bases das
contas de vendas pelo IS correspondente e seguidamente averiguar se os saldos das
subcontas respetivas da conta 34.1.1 (Impostos sobre os lucros) vão ao encontro
das quantias apuradas.

3.1.5 - Apuramento, contabilização e submissão do


imposto de selo

Após a verificação procede-se ao apuramento (mensal) e contabilização do


IS. Através de um lançamento que salda as subcontas da conta 34.1.1 (Impostos
sobre os lucros), referentes aos movimentos do período que geraram liquidações,
deduções e regularizações.

Antes do envio da declaração periódica do IS à AGT, efetua-se novamente a


conferência para evitar enganos. Esta consiste em percorrer toda a declaração e
verificar se os valores estão conformes aos que constam no balancete e após
verificar que está tudo correto, a declaração é submetida ao envio à repartição
fiscal da AGT cita no Bairro fiscal circunvizinho, pelo Contabilista da empresa.

3.1.6 - Análise geral do balancete e reconciliações


bancárias

Por fim, faz-se a análise geral do balancete e as reconciliações bancárias. A


análise geral do balancete consiste na conferência dos saldos de todas as
contas utlizadas no processo de classificação e lançamento dos documentos. Nesta
análise é essencial verificar os seguintes saldos: caixa, retenções na fonte de
IRPS (Imposto sobre o Rendimento dos Prestadores de Serviço), e contribuições
para a SS. O saldo de caixa é importante ser analisado pois não convém que
este seja credor. Caso aconteça, tal facto indica que a empresa efetuou pagamentos

58
com recursos que não foram contabilizados, decorrentes de operações anteriormente
realizadas e também não contabilizadas.

Relativamente aos saldos das contas relativas a retenções na fonte de IRPS e


contribuições para a SS, é necessário que estes correspondam à multiplicação do
valor mensal pelo número total de meses até à data do período em causa. Caso tal
não aconteça significa que ocorreu um erro de lançamento. As reconciliações
bancárias têm como objetivo detetar e justificar todas as diferenças existentes entre
o saldo da conta bancária apresentado pela empresa e o saldo da conta bancária
apresentado pelo banco, que podem ser justificadas por erros de lançamento,
lançamentos em duplicado e custos das operações bancárias.

Na DW, Lda., as reconciliações bancárias são efetuadas com recurso ao Excel


e consistem em registar todos os valores que estão no extrato bancário e não estão
na contabilidade e todos os valores que estão na contabilidade mas não estão no
extrato bancário. Após este registo, entre um saldo e o outro e os respetivos
movimentos que não estão justificados, a diferença terá de ser nula.

3.1.7 - Reconhecimento e lançamento de elementos do


activo fixo tangível, activo fixo intangível e depreciações

«O regime de reintegrações e amortizações é aplicável aos bens do activo


imobilizado (corpóreo ou incorpóreo), sujeitos a deperecimento de todas as
sociedades e entidades sujeitas ao Imposto Industrial cuja entrada em
funcionamento ou início de utilização se verifique no exercício fiscal de 2015 e
seguintes.» ibidem “São considerados custos ou perdas do exercício os
encargos de reintegração e amortização de bens do activo imobilizado,
apenas a partir da data de entrada em funcionamento ou início de
utilização dos bens em causa e enquanto tal se mantiver.”

(LUTHER, 2017, p.21)

59
3.1.7.1 - Activo fixo tangível (Imobilizações corpóreos)

Durante o processo descrito anteriormente pode ter que se efetuar o


reconhecimento e lançamento de elementos do AFT e o cálculo das suas
depreciações. No sistema informático há uma opção própria para tal, a do
Imobilizado ou pode ser feito numa planilha no EXEL.

No Imobilizado são classificados os bens e direitos de natureza permanente


que serão utilizados para a manutenção das atividades normais da empresa,
servindo a sua estrutura. A empresa não pretende vender os seus bens e direitos,
ou seja, não há intenção de transformá-los em dinheiro através da venda.
Caracterizam-se por se apresentarem na forma tangível (bens corpóreos). Bens
corpóreos são bens que têm existência material para a empresa, como por exemplo,
um equipamento básico.

Quando há a compra de um AFT, a primeira operação a realizar é dar a


entrada do bem na conta do AFT correspondente (A Debito na conta 11.
Imobilizações corpóreas, do PGC na sua respectiva subconta) em contrapartida a
Credito na conta Deposito a Ordem ou Caixa (43 ou 45 do PGC) conforme a forma
de pagamento, e caso seja uma compra a prazo, a contrapartida será na conta
Compra de Imobilizados corpóreos (37.1.1 do PGC). Esta operação entrará no
diário de Operações e posteriormente se procederá a sua amortização respeitantes
às depreciações do período e as acumuladas, tendo em conta o estabelecido pelo
Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de Novembro (Estabelece o regime de
reintegrações e amortizações aplicáveis aos bens do activo imobilizado de todas as
sociedades e entidades sujeitas ao Imposto Industrial, mesmo que delas isentas).

Caso ocorra alienação do bem antes do fim da sua vida útil apurar-se-á e
contabilizar-se-á a mais ou menos-valia consoante haja um ganho ou perda com a
transmissão do bem.

60
A taxa de depreciação do ativo tem em conta os períodos de vida útil mínimo
e máximo do bem, o setor em que o bem é utilizado e as condições da sua
utilização, de acordo à s t a x a s d e d e p r e c i a ç ã o c o n t e m p l a d a s no Decreto
acima mencionado constam na Tabela em anexo.

3.1.7.1.1 - Amortizações de bens de reduzido valor

De acordo aos n.os 1, 2 e 3 da Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro:

1 – Os activos amortizáveis cujo custo de individualmente considerado e


valorizado, nos termos de presente Código, não excede Kz: 30.000,00 (trinta
mil Kwanzas) podem ser totalmente amortizados no exercício em que entram
em funcionamento.
2 – Excluem-se da regra anterior, os activos amortizáveis, que façam parte
integrante de um conjunto de bens e elementos, que deva ser amortizado como
um todo e não sejam suscetíveis de avaliação e utilização individual.
3- O limite referido no n.º 1 do presente artigo pode ser alterado por Decreto
Executivo do Titular do Departamento Ministerial que responde pelas
Finanças Públicas.

3.1.7.2 - Activo Fixo Intangível Imobilizações incorpóreos)

Quanto ao AFI importa realçar que segundo o estabelecido pelo n.º 3 e n.º 4
do Artigo 39.º da Lei n.º19/14, de 22 de Outubro (Código do Imposto Industrial)
Quando o período de utilização esperado não for determináveis os elementos do
activo imobilizado incorpóreo são amortizados para efeitos fiscais, durante um
período de 5 (cinco) anos. E os programas informáticos que tenham sido
contabilizados como imobilizados incorpóreos, quer tenham sido adquiridos a
terceiros, quer tenham sido desenvolvidos internamente pela empresa, são
amortizados para efeitos fiscais durante um período de 3 (três) anos.

3.1.7.3 - Depreciações e amortizações

Activos amortizáveis são todos os bens e seus elementos, contabilizados


como activos imobilizados, corpóreos ou incorpóreos, que estejam sujeitos a
deperecimento” e “consideram-se sujeitos a deperecimento os elementos do activo
imobilizado que, com carácter sistemático, sofrem perdas de valor resultante da sua

61
utilização, do decurso do tempo, do progresso tecnológico ou de quaisquer outras
causas. Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de Novembro (Artigo 2º, nos 1 e 2).
São considerados como custo ou perdas do exercício os encargos de reintegração e
amortizações dos bens e elementos do activo imobilizado, corpóreos e incorpóreos,
sujeitos a deperecimento, nos termos definidos pelo Código do Imposto Industrial.
Em contabilidade, o valor residual é um termo usado para definir o valor de
um ativo que sofre depreciação, ao final de sua vida útil e poderá ser calculado
recorrendo a sua taxa de depreciação anual, e é de caracter facultativo. A tabela de
amortização apresenta a seguinte forma e conteúdo:

62
Tabela 3 - Amortização acumulada
EXERCÍCIO CONTABILÍSTICO DE 2016
Valores expressos em
Kwanza
MÉTODO DAS QUOTAS CONSTANTES
Ano Valor de Valor Tempo Amortização
Valor
Conta Descrição Qtd aquisição contabilístico de vida Taxa Exerci.
Aquisição Utilização Exercício Acumuladas contabilístico
imobilizado anterior útil Anteriores

11 IMOBILIZAÇÕES CORPÓREAS

11.2 EDIFICIOS E OUTRAS CONSTRUÇÕES


11.2.3 Instalações 2014 2015 8.738.361,73 8.301.443,64 4 5% 436.918,09 436.918,09 873.836,18 7.864.525,55
Subtotal Instalações 8.738.361,73 8.301.443,64 4 4% 436.918,09 436.918,09 873.836,18 7.864.525,55

11.3 EQUIPAMENTO BÁSICO


11.3.2 Ferramentas Industriais
11.3.2.1 Gerador 20KV 1 2014 2015 3.000.000,00 2.250.000,00 4 25% 750.000,00 750.000,00 1.500.000,00 1.500.000,00
Subtotal Ferramentas Industriais 3.000.000,00 2.250.000,00 750.000,00 750.000,00 1.500.000,00 1.500.000,00

11.5 EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO


11.5.1 Armários 1 2014 2015 1.000.000,00 833.300,00 6 16,67% 166.700,00 166.700,00 333.400,00 666.600,00
11.5.2 Prateleiras 1 2014 2015 2.000.000,00 1.666.600,00 6 16,67% 333.400,00 333.400,00 666.800,00 1.333.200,00
11.5.3 Secretária metálica 1 2014 2015 25.000,00 21.875,00 8 12,5% 3.125,00 3.125,00 6.250,00 18.750,00
11.5.4 Cadeira escritório giratória 1 2014 2015 19.000,00 16.625,00 8 12,5% 2.375,00 2.375,00 4.750,00 14.250,00
11.5.5 Cadeira balcão 1 2014 2015 6.000,00 5.250,00 8 12,5% 750,00 750,00 1.500,00 4.500,00
11.5.6 Computador de mesa HP 3 2014 2015 267.000,00 178.008,90 3 33,33% 88.991,10 88.991,10 177.982,20 89.017,80
11.5.7 Impressora HP Officejet E-AIO 6700 1 2014 2015 20.400,00 13.600,68 3 33,33% 6.799,32 6.799,32 13.598,64 6.801,36
11.5.8 TV LED 32 Samsung 2 2014 2015 98.000,00 73.500,00 4 25% 24.500,00 24.500,00 49.000,00 49.000,00
11.5.9 Servidor - Sistema operacional 1 2014 2015 328.218,00 246.163,50 4 25% 82.054,50 82.054,50 164.109,00 164.109,00
11.5.10 Telefone fixo 1 2014 2015 5.500,00 4.583,15 6 16,67% 916,85 916,85 1.833,70 3.666,30
11.5.11 Caixa Registadora automático 1 2014 2015 136.850,00 109.480,00 5 20% 27.370,00 27.370,00 54.740,00 82.110,00

63
Subtotal Equipamento administrativo 3.905.968,00 3.168.986,23 736.981,77 736.981,77 1.473.963,54 2.432.004,46

11.9 Outras imobilizações


Equipamento publicitário (Sinal
11.9.1 1 2014 2015 260.000,00 227.500,00 8 12,5% 32.500,00 32.500,00 65.000,00 195.000,00
luminoso)
Aparelho de Ar Condicionado Sharp
11.9.2 3 2014 2015 330.750,00 289.406,25 8 12,5% 41.343,75 41.343,75 82.687,50 248.062,50
1200BTU SPLIT
Aparelho de Ar Condicionado Sharp
11.9.3 1 2014 2015 100.250,00 87.718,75 8 12,5% 12.531,25 12.531,25 25.062,50 87.718,75
9000BTU SPLIT
CCTV - Sistema de vigilância
11.9.4 1 2014 2015 691.500,00 553.200,00 5 20% 138.300,00 138.300,00 276.600,00 414.900,00
HIKVISION
11.9.5 Extintor 1 2014 2015 20.850,00 15.637,50 4 25% 5.212,50 5.212,50 10.425,00 10.425,00
Subtotal Outras imobilizações 1.403.350,00 1.173.462,50 229.887,50 229.887,50 459.775,00 956.106,25
Total Imobilizações corpóreas 17.047.679,73 14.893.892,37 2.153.787,36 2.153.787,36 4.307.574,72 12.740.105,01
12 IMOBILIZAÇÕES INCORPÓREAS
12.9 Outros Imobilizados Incorpóreos
12.9.0 Estudo de viabilidade 1 2014 2014 1.200.000,00 960.000,00 3 20% 240.000,00 240.000,00 480.000,00 720.000,00
Primavera PACKGE de Gestão
12.9.1 1 2015 2015 282.535,20 226.028,16 3 20% 56.507,04 56.507,04 113.014,08 169.521,12
Comercial
Total Imobilizados Incorpóreos 1.482.535,20 1.186.028,16 296.507,04 296.507,04 593.014,08 889.521,12
TOTAL GERAL 18.530.214,93 16.079.920,53 2.450.294,40 2.450.294,40 4.900.588,80 13.629.626,13
Fonte: Elaboração própria (2017)

Contabilizar a quota anual de amortização pelo método das quotas constantes quer dizer que as amortizações serão iguais todos os anos
subsequentes, i.e, os custos (quota anual calculada) inerentes aos imobilizados (corpóreos e incorpóreos) serão sempre iguais em todos os
períodos no decorrer da sua vida útil. Para efeito de registo no Livro-diário Contábil ou razão, Debita-se o valor da Amortizações do exercício
(quota anual) à conta 73.1.3 – Amortizações do exercício, na sua respectiva subconta e em cada ano subsequentes, representando assim um
custo a deduzir em cada ano, e Credita-se os respectivos valores das Amortizações Acumuladas à conta 18.1.3 (Amortizações acumuladas), na
sua respectiva subconta, isso no decorrer da sua vida útil.

64
Gráfico 1 - Quota Constante (Equipamento Básico -
Gerador)

3.000.000,00

2.250.000,00

1.500.000,00

750.000,00

0,00

2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria (2017)

3.1.8 - Sistema laboral e regulamentação do trabalho

3.1.8.1 - Processamento de salários e imposto de rendimento


de trabalho

O processamento de salários é uma das tarefas mensais da contabilidade. Este


consiste no registo dos valores que os empregados e colaboradores das empresas
auferem mensalmente. Estes valores têm de ser discriminados nos recibos de
vencimentos, incluindo as contribuições para a Segurança Social (SS).

O n.º 2 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre os Rendimentos de


Trabalho, aprovado pela lei n.º 18/14, de 22 de Outubro, considera rendimentos de
trabalho por conta de outrem às remunerações atribuídas ou pagas por uma
entidade patronal, por força de vínculo laboral como definido nos termos da Lei
Geral de Trabalho. Estes rendimentos são sujeitos às taxas constantes na tabela de
Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho em vigor, nos termos do artigo 16.º do
mesmo Código

As contribuições para a SS (devidamente evidenciadas e registadas conforme


a sua natureza nas contas 72.2, 34, 36.1 e 34.4 do PGC), são deduzidas conforme

65
exemplificado abaixo, seguindo o que já anteriormente foi referido relactivamente
a Tributação de Rendimento.

0 salário mínimo nacional é fixado, periodicamente, por diploma próprio do


Titular do Poder Executivo. N.º 1, Artigo 161º (Lei Geral do Trabalho).

Em 2014, isso de acordo com o decreto presidencial 144/14, publicado a 09 de


junho, o salário mínimo nacional referente aos setores do comércio e da indústria
extrativa aumenta para 22.504,50 Kwanzas. Mais reduzido, apesar da atualização, é
o valor mínimo mensal para os setores dos transportes, dos serviços e das indústrias
transformadoras, fixado em 18.754,00 Kwanzas (140 euros), e para o setor da
agricultura, 15.003,00 Kwanzas (112 euros) que vigorou até meados de 2017.
Supondo que o funcionário A obtenha uma remuneração mensal bruta de Kz
60.000,00 com taxa de desconto da segurança social à 3% obter-se-á o seguinte:

SB 60.000,00
TDSS 3%
DSS (TDSSxSB) 3%x60.000,00 = 1.800,00
SDDSS (SB-DSS) 60.000,00-1800,00=58.200,00
Dedução Sobre o Excesso de 50.000,00
Excesso (SDDSS-Dedução prevista na
58.200,00-50.000,00=8.200,00
tabela)
Taxa de 8% prevista na tabela referida 8.200,00x8%=656
Parcela fixa prevista na tabela 1.750,00
IRT (Parcela fixa+8% do excesso) 1.750,00+656,00=2.406,00
60.000,00-1.800,00-2.406 =
S.L (SB-DSS-IRT) 55.794,00

66
Registados na razão (ou em diário) obtém-se as seguintes contas a movimentar:

Na fase de processamento dos salários:


D 72.2 Remunerações-Pessoal C
60.000,00

D 34.5 Contribuições para segurança social C


1.800,00

D 34.3 Imposto de rendimento de trabalho C


2.406,00

D 36.1.1 Pessoal-remunerações C
55.794,00

Na fase da efetivação do pagamento:


D 43. Depósito a ordem ou 45. Caixa C
60.000,00

D 34.5 Contribuições para segurança social C


1.800,00 1.800,00

D 34.3 Imposto de rendimento de trabalho C


2.406,00 2.406,00

67
Os vencimentos podem incluir subsídios, ajudas de custo, comissões, horas
extras e outros rendimentos.

«Estão isentos de Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho Os rendimentos


auferidos pelos cidadãos nacionais com idade superior a 60 (sessenta) anos
derivados do trabalho por conta de outrem.» Artigo 5º (Lei n.º18/14, de 22 de
Outubro)

68
Período: Dez/2016 Tabela 4 – Mapa mensal de remuneração ao pessoal

Remunerações Remunerações não


sujeitas/IRT DESCONTOS sujeitas a IRT Salário a
Valor
Código Funcionário Função Salário Base INSS
Tributável receber
Horas Abono de
Outras Seg. Social IRT Faltas TOTAL Outras
Extras Família

1 Gora Leite Gerente 80.000,00 3% 0,00 0,00 80.000,00 2.400,00 4.586,00 0,00 0,00 0,00 0,00 73.014,00

2 Ana N´gueve Farmacêutica 1ª Classe 60.000,00 3% 0,00 0,00 60.000,00 1.800,00 2.570,00 0,00 4.370,00 0,00 0,00 55.630,00

3 Ina Vunda Farmacêutica 1ª Classe 60.000,00 3% 0,00 0,00 60.000,00 1.800,00 2.570,00 0,00 4.370,00 0,00 0,00 55.630,00

4 Leor Futa Técnico de contas 40.000,00 3% 0,00 0,00 40.000,00 1.200,00 816,00 0,00 0,00 0,00 0,00 37.984,00

5 Mário Liz Farmacêutico 2ª Classe 30.000,00 3% 0,00 0,00 30.000,00 900,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29.100,00

6 Dora Telma Funcionária de limpeza 25.000,00 3% 0,00 0,00 25.000,00 750,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24.250,00

7 Filémon Gará Farmacêutico 3ª Classe 23.000,00 3% 0,00 0,00 23.000,00 690,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22.310,00

8 Rosa Bege Farmacêutica 3ª Classe 23.000,00 3% 0,00 0,00 23.000,00 690,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22.310,00

TOTAL
341.000,00 297.918,00

INSS - Empresa 8%

VALORES A PAGAR

IRT
10.542,00 Elaborado por:_______________ Conferido/Aprovado por:____________

Segurança Social/Trabalhador 10.230,00

Fonte: Elaboração própria 2017

69
3.1.8.2 - Segurança Social

Após o processamento do recibo do salário, é processada, também a Folha de


Remunerações para a Segurança Social dos colaboradores devidamente registados
num programa informático fornecido pelo INSS no acto do cadastramento dos
mesmos. A folha de remunerações é o instrumento legal definido para efectuar o
registo mensal das remunerações dos trabalhadores e apurar as contribuições à
Segurança Social. Este instrumento emite a guia de pagamento, a fim de efectuar o
pagamento das contribuições junto à Entidade Bancária.

3.1.9 - Elementos de contas

Como já anteriormente referido, são elementos de conta, o balanço e


demonstração de resultados. É importante referir que a DW, Lda., usa o sistema de
inventário permanente que através do qual é possível determinar com carácter de
permanência valores das existências em armazém e o resultado que se obtém após ter-
se efectuado uma venda, dando assim a possibilidade de também saber
permanentemente qual o Resultado Bruto que a empresa vai obtendo com as suas
vendas (Em anexo o inventário).

3.1.9.1 - O balanço

Começamos pelo Balanço, constituído pelas classes já anteriormente referidas.


«O Balanço é uma demonstração contabilística destinada a evidenciar,
quantitativamente e qualitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial
e financeira de uma entidade.» PGC (2015, p.15). O balanço dá-nos a imagem da
situação financeira da empresa em termos de liquidez, solvabilidade, dependência
financeira e de fundo de maneio.

Por meio do balanço é possível perceber os resultados decorrentes de anos


consecutivos em termos comparativos, tornando assim possível uma análise dinâmica,
pelo facto de se encontrar em linha de conta com o tempo, e são analisadas as massas

70
patrimoniais em períodos sucessivos por forma a avaliar a sua evolução e fazer
previsões quanto ao futuro.

3.1.9.1 - Demonstração de resultados

«A Demonstração de resultados é uma demonstração contabilística destinada a


evidenciar a posição de resultado formado num determinado período de operações de
uma entidade.» (PGC, 2001, p. 17).

71
Tabela 5 – Demonstrações do exercício

Empresa: DW, Lda.

Valores expressos em Kwanza

Exercícios
Designação
Notas Dez-16 Dez-15

Vendas……………………………………………………………………………. 22 38.122.824,28 24. 527 783,67

Prestações de serviço…………………………………………………………….. 23 0 -

Outros proveitos operacionais……………………………………………………. 24 0 -

Variação nos produtos acabados e produtos em vias de fabrico…………………. 25 0 -

Trabalhos para a própria empresa………………………………………………. 26 0 -

Custo das mercadorias vendidas e matérias-primas e subsidiárias consumidas… 27 26.731.724,39 16.285.127,79

Custos com o pessoal…………………………………………………………….. 28 3.144.000 3.144.000,00

Amortizações…………………………………………………………………….. 29 2.450.294,4 2.450.294,40

Outros custos e perdas operacionais…………………………………………….. 30 5.764.171,03 1.428.478,47

Resultados operacionais: 32.634,46 1.219.883,01

Resultados Financeiros ………………………………………………………… 31 38.865,14 19.857,84

Resultados de filiais e associadas………………………………………….…… 32 0 0,00

Resultados não operacionais…………………………………………….……… 33 6.013,49 0,00

Resultado Antes do Imposto: (12.244,17) 1.200.025,17

Imposto sobre o rendimento…………………………………………………… 35 0 360.007,55

Resultados Líquidos das Actividades Correntes: (12.244,17) 840.017,62

Resultados extraordinários………………………………………….…………… 34 0 0,00

Imposto sobre o rendimento………………………………………………..……. 35 0 0,00

Resultado líquido do exercício: (12.244,17) 840.017,62

Luanda, 31 de Dezembro de 2016

A Gerência O Técnico de Contas


______________________ ______________________
(Insc. nº )
Fonte: Elaboração própria (2017)

72
3.1.9.3 - Análise das demonstrações de resultados

É de notar por intermédio da demonstração de resultados dos dois anos que


houve uma ganho no ano N (2015) pelo facto do resultado líquido do exercício ter sido
positivo de KZS 840.017,62 com isso um ganho para a empresa nesse exercício
(situação liquida positiva), mas o mesmo não se verificou no ano subsequente N+1,
(2016), evidenciando-se um resultado líquido do exercício claramente negativo
(situação liquida negativa) no valor de Kz (12.244,17), isso porque os Proveitos desse
exercício (valores arrecadados com às vendas) mostraram-se insuficientes para cobrir
os custos totais do exercício que foram, dos quais, sendo o de maior realce o Custo das
Mercadorias Vendidas (CMV) ficando num valor de Kz 26.731.724,39 sendo ele por
si só um valor que representa 70.1% do valor total dos Proveitos e 70% dos custos
totais dedutivos aos Proveitos totais, proveitos totais que foram apenas de Kz
38.122.824,28 do ano N+1 (2016) claramente inferior aos Custos que na sua totalidade
foram de Kz 38.135.068,45 em termos percentuais os custos foram 0,03% mais altos
que os Proveitos, dando assim origem ao resultado do exercício negativo verificado.

Em termos comparativos, no ano anterior N (2015) tivemos Custos totais com


valor de Kz 23.327.758,5 e um CMV no valor de Kz 16.285.127,79 que representa
69.8% dos custos totais e 66,39% do valor total dos Proveitos, que podemos verificar
que é um valor inferior ao dos Proveitos Totais gerados nesse exercício que foram de
Kz 24.527.783.67, tendo desse modo Proveitos 4.89% superiores aos Custos,
possibilitando assim um resultado positivo.

Pode se transpor essa situação deficitária fazendo uma reavaliação aos preços de
venda praticados podendo os mesmos ter sito afectados pelas oscilações no sentido
ascendente dos preços nos mercados (inflação) e a empresa não ter acompanhado essa
dinâmica e feito os devidos ajustes aos mesmos e por consequência fez uma análise e
gestão de custos erronia.

Porém, os prejuízos verificados em determinado exercício são deduzidos à


matéria colectável, havendo-os, de um, ou mais, dos 3 (três) anos posteriores. Nº 1 do
Artigo 48.º (Prejuízos fiscais) Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro.
73
Com isso pode se aliviar a pressão e fazer face as obrigações a curto e médio
prazo, aproveitando também para realização de contramedidas para cobrir o saldo
deficitário bem como outras medidas a nível da gestão corrente. Todavia não deixa de
ser prejudicial à saúde financeira da empresa, perigando a continuidade da mesma.

Sendo as despesas gastas com bens/serviços com objetivo de gerar uma receita.
Ex.: despesas com publicidade, com vendas, despesas administrativas etc. As despesas
administrativas, apesar de não serem registradas, habitualmente, como custos
contábeis, precisam ser mensuradas e acrescentadas à planilha de custos, para a correta
formação do preço, pois se tratam de encargos necessários e que devem ser
remunerados pelas vendas. Basicamente, a formação do preço de venda pode ser
simplificada pela equação (Custo + Lucro + Despesas Variáveis = Preço de Venda.)

Com essa análise podemos averiguar quão importante são os custos,


especialmente o CMV por geralmente serem mais significativos. Ele possui o papel
imprescindível de avaliar os gastos de produção, comum nas indústrias, por exemplo.
Ou os gastos das compras de mercadoria para posterior revenda, como ocorre com os
revendedores (empresas comerciais). Mas a análise dos custos supra mencionados,
embora demonstra claramente que os custos do ano N+2 terem sido superiores aos do
ano N, isso somente não significa que houve uma melhor gestão de custos no ano em
que os mesmos não foram maiores que os proveitos, poderá também querer isso dizer
que os custos do ano N talvez tenham sido incorrectamente registados e como
consequência disso não foram devidamente contabilizados, como por exemplo, pode
ter havido custos na aquisição de mercadorias não incorporados ao valor final, tal
como de transporte, armazenamento, manuseamento, ou outros factores externos que
alteraram o preço tal como a inflação e/ou a não a constituição de provisão para
acudir as flutuações e imprevistos que possam afectar o valor da venda e com isso
vender a mercadoria a preço inferior ao que realmente custa e dessa forma pagar
impostos mais altos do que o real, porque esses custos se mal registados tanto
afectam a percepção da real dos custos que a empresa suporta, mas também quer
dizer que são custos sofridos e não deduzidos no apuramento da matéria colectável.

74
Dessa forma, o valor da aquisição da mercadoria deve entrar na soma da
rentabilidade, mas não o lucro obtido. Ou seja, você deve abater no preço de
comercialização o gasto que teve com a confecção ou obtenção da mercadoria para
identificar sua receita bruta em cada transação comercial.

Portanto, tanto em uma loja de calçados com fabricação própria quanto em uma
farmácia de medicamentos, é necessário contabilizar o custo dos produtos assim que
o comprador o adquire no estabelecimento. Tem de se repensar a estrutura dos custos
e seguir com cautela cada etapa desde a encomenda, entrega, liquidação e pagamento
da mercadoria, e assim vender ao preço que realmente vale a mercadoria e se
incorporar correctamente a margem de lucro para que do outro lado também não
saiam lesados os cliente ao se fazer estimativas irrealistas do preço de venda.

Cabe salientar também que, como o objetivo de toda empresa é fornecer


produtos e serviços para gerar renda, o CMV se torna essencial para entender a
situação verídica da mesma, independente do segmento.

Quanto ao lucro, convém ressaltar que este pode ser fixado por produto, por
hora de serviço ou atividade, ou ainda em termos de percentual sobre as vendas.

Tabela 6 – Comparação do volume de vendas entre dois períodos


Rubrica 2016 2015

Vendas 38.122.824,28 24 527 783,67

Difer. em valor 6.971.997,92 0,00

Difer. Percentual 28.42% ---

Fonte: Elaboração própria (2017)

Este dado dá-nos a conhecer que a empresa do exercício N para o exercício N+1
aumentou as suas vendas em 28,43%, que é um factor positivo. No entanto este facto
por si só não representou bons resultados, ou seja, os custos que suportou no exercício
que deram origem ao resultado negativo no ano N+1 têm que ser levados em conta,
isso quer dizer que independentemente da empresa obter um volume de vendas
positivo, o que realmente determina e assegura a saúde financeira da empresa é a
75
redução ao máximo possível dos custos a suportar sem no entanto reduzir a qualidade
dos bens e serviços prestados. Um dos instrumentos de análise dos custos suportados
em cada período são nomeadamente os livros diários contábil e fluxos de caixa.

«Os fluxos de caixa das actividades operacionais podem ser relatados usando um
dos seguintes métodos:
Método directo, segundo o qual os fluxos de caixa são apurados através do
relato, pela quantia bruta, das principais classes de recebimentos e das principais
classes de pagamentos (…)»
(PGC, 2013, p. 172)

No geral, a verificação de cada custo e sua natureza para assim saber lidar com os
mesmos e minimizá-los evitando que os mesmos tomem proporções alarmantes com o
decorrer do tempo, e tendo em conta a análise feita a cima, descrevemos a baixo, de
forma mais detalhada as operações em cada período que deram origem ao resultado do
ano N+1.

76
Tabela 7 – Fluxos de caixa mensais
Ano: 2016
Fluxo de caixa Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total
Saldo Inicial
500 980,19 1 420 271,08 2 707 479,52 1 704 856,20 -81 252,80 32 416,33 446 041,29 379 954,72 567 490,71 406 193,66 -455 413,63 788 642,54 488 736,02
(R-D)
Receitas 4 408 978,37 3 789 568,39 1 985 500,61 6 110 589,36 1 812 398,56 2 892 548,38 1 690 900,71 2 175 103,23 1 731 289,99 2 987 645,91 3 348 972,38 5 189 328,39 38 122 824,28

Despesas 3 489 687,48 2 502 359,95 2 988 123,93 7 896 698,36 1 698 729,43 2 478 923,42 1 756 987,28 1 987 567,24 1 892 587,04 3 849 253,20 2 104 916,21 5 489 234,91 38 135 068,45
Lucro/Prejuízo - -
919 290,89 1 287 208,44 113 669,13 413 624,96 -66 086,57 187 535,99 -161 297,05 -861 607,29 1 244 056,17 -299 906,52 -12 244,17
(EI+R-D) 1 002 623,32 1 786 109,00
Acumulado
1 420 271,08 2 707 479,52 1 704 856,20 -81 252,80 32 416,33 446 041,29 379 954,72 567 490,71 406 193,66 -455 413,63 788 642,54 488 736,02 476 491,85
(EI+L/P)
Lucratividade
20,85% 33,97% -33,55% -22,62% 6,27% 14,30% -3,76% 8,62% -8,52% -22,38% 37,15% -5,46% -0,03%
(%)

77
CONCLUSÕES
A elaboração do trabalho em termos gerais permitiram-nos chegar as seguintes
conclusões: apesar da evolução da normalização contabilística internacional terem
pontos de convergência com as normas utilizadas em Angola, as nacionais ainda não se
encontram perfeitamente alinhadas com as de outros países no que toca a adoção de
novas práticas no tratamento e elaboração das informações prestadas pelas Empresas,
sendo como causa provável, os factores geopolíticos e culturais. Podemos também
dizer que falta um certo enraizamento da cultura tributária por parte dos Contribuintes,
principalmente as Empresas que têm desde a sua gênese um quadro de pessoal da área
de gestão e contabilidade pouco qualificado e incapaz de responder aos desafios da
empresa e do mercado global de negócios.

Constatamos também que a contabilidade tem finalidades informativas


autónomas, que não se confundem com o objetivo da Fiscalidade. E a fiscalidade
prende-se com o lançamento e cobrança dos impostos, embora, conceptual e
legalmente, haja uma certa dependência parcial. Com o estudo de caso pudemos
constatar a sensibilidade aos documentos relativos às transações da empresa, bem
como os procedimentos usados no apuramento da matéria colectável. Deu também
para observar que infelizmente, as Empresas que não possuem contabilidade
organizada consequentemente negligenciam a estimativa dos custo que no final das
contas têm um grande impacto na fase de apuramento do Imposto a pagar.

Em suma, podemos verificar que como consequência da estrutura do nosso


regime jurídico tributário, a contabilidade tem a fiscalidade “amarrada” à si por ela
fornecer as regras pela qual a contabilidade deve se pautar no acto do apuramento da
matéria colectável e na prestação de informações às partes interessadas (Accionistas,
Estado, Bancos, Clientes, Fornecedores, etc..). Concluímos assim, que esse triangulo
relacional é dissociável pela interdependência sistémica existente, e tendo em conta
que o propósito do trabalho foi o de verificar a relação e influência da fiscalidade na
contabilidade e gestão financeira da empresa, demos por respondida a questão e
concluído com êxito o objectivo preconizado.

78
RECOMENDAÇÕES
1. Recomendamos uma gestão de custos mais rigorosa e gestor que projetem não
apenas o presente mas sim o caminho a percorrer a longo prazo;
2. Propomos também que tenha em atenção ao volume de negócio não se
deixando levar pelo “aparente” superavit vislumbrado, mas sim recorrendo
sempre a análise mais profunda dos custos gerados;
3. Ter em atenção a flutuação do mercado e de que modo a mesma pode
afetar o seu negócio;
4. Ter profissionais de Gestão e Contabilidade sincronizados e capazes de
responder aos desafios, bem como prestar contas das suas respectivas
áreas com o devido rigor técnico.
5. Fazer uma análise financeira rigorosa, para identificar fragilidades e prevenir
problemas a curto, médio e longo prazo.

6. Controle das contas a pagar e receber da empresa diariamente.

7. Atenção aos prazos e valores dos tributos a pagar.

8. Prever as possíveis contas a pagar e contas a receber dos próximos dois


meses.

9. Não misturar contas pessoais com as da empresa.

10. Nunca desviar o valor do capital de giro para outras coisas.

11. Ter sempre uma reserva de dinheiro para despesas não-esperadas.

12. Controlo de entradas e saídas do estoque.

13. Elaboração de um planeamento para reduzir a carga tributária do negócio.

79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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contábil em nível mundial: estudo comparativo entre as normas adotadas no brasil e
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FERREIRA, Aldónio, et al. Contabilidade e controle de gestão: Teoria, metodologia


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80
FREITAS, Fátima et al. Legislação fiscal. 4ª ed. Luanda: Plural Editores, 2016.
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GIMARÃES, Joaquim. O sistema contabilístico. (s.n.t).

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LUTHER, Gilberto, PAULINO, Cláudio, MARQUES, Pedro, e CARDOSO,


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Diário da República, 1ª série - N.º 13/04 de Janeiro de 2004. Angola: Imprensa
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QUESADO, Patrícia Rodrigues e RODRIGUES, Lúcia Lima. A gestão estratégica


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81
Escola Superior de Gestão - Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão.
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fiscalidade empresarial - estudo de caso para a empresa “LS”. Instituto Superior de
Economia e Gestão - Universidade de Lisboa. Dissertação de Mestrado, Portugal,
2015.

82
GLOSSÁRIO
Volume de negócios: Volume de negócios diz respeito ao valor de bens e serviços
vendidos por uma determinada empresa. Tem em conta o período de tempo estabelecido para
a análise.

Amortização: quantia deduzida anualmente ao valor contabilístico de um activo fixo e


que, segundo certas regras, é aceite como custo pelas autoridades fiscais.

Custos: são gastos que a entidade realiza com até tornar o seu produto pronto para ser
comercializado (fabricando-o ou apenas revendendo-o) ou até realizar um serviço contratado.

Despesa: é um gasto com a atividades meio e não gera retorno financeiro, apenas
propiciando um certo "conforto" ou funcionalidade ao ambiente empresarial.

Fundo de maneio: é a capacidade de uma empresa em assegurar a sua actividade com


toda a normalidade e a curto prazo. Pode-se calcular como sendo o excedente dos activos
sobre os passivos a curto prazo.

Fundo Fixo ou Fundo Fixo de Caixa: é um sistema de controlo de caixa utilizado,


cujo objectivo é facilitar o atendimento das necessidades de pagamento de pequenas despesas
do dia-a-dia das empresas, que não justifiquem a emissão de cheques, transferências
bancárias, ou outra forma de pagamento mais burocrática ou dispendiosa.

Tributo: é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se


possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída por lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.

Matéria Colectável: entende-se como o lucro tributável, ou seja, o resultado líquido do


exercício (diferença entre proveitos e custos), acrescido das variações patrimoniais positivas e
negativas, que tenham ocorrido no mesmo período e não tenham sido reflectidas no resultado,
bem como as correcções fiscais.

Gestão financeira: compreende um conjunto de acções e procedimentos


administrativos que visam maximizar os resultados econômicos e financeiros

Regime Jurídico: O Regime Jurídico identifica o conjunto das normas aplicadas a


uma situação ou determinada categoria (empresa, hospital), revelando direitos, obrigações e
deveres, constituindo o complexo de normas e princípios disciplinadores de determinado
instituto.

83
ANEXOS

84
ANEXO I

FLUXO DE CAIXA DIÁRIO


MÊS DE JANEIRO DE 2016 ANÁLISE DO RESULTADO: O MELHOR RESULTADO FOI O DO DIA 19
Dia Despesas Receitas Resultado do dia Dia Despesas Receitas Resultado do dia Dias Despesa Receitas Resultado do dia
1 100,00 300,00 200,00 12 1 200,00 1 700,00 500,00 23 2 300,00 2 950,00 650,00
2 200,00 100,00 -100,00 13 1 300,00 1 900,00 600,00 24 2 400,00 2 788,00 388,00
3 300,00 275,00 -25,00 14 1 400,00 995,00 -405,00 25 2 500,00 3 870,00 1 370,00
4 400,00 500,00 100,00 15 1 500,00 2 000,00 500,00 26 2 600,00 1 890,00 -710,00
5 500,00 350,00 -150,00 16 1 600,00 2 200,00 600,00 27 2 700,00 3 540,00 840,00
6 600,00 450,00 -150,00 17 1 700,00 1 970,00 270,00 28 2 800,00 550,00 -2 250,00
7 700,00 800,00 100,00 18 1 800,00 2 450,00 650,00 29 2 900,00 1 200,00 -1 700,00
8 800,00 790,00 -10,00 19 1 900,00 3 894,00 1 994,00 30 3 000,00 4 440,00 1 440,00
9 900,00 370,00 -530,00 20 2 000,00 1 840,00 -160,00 31 3 100,00 2 150,00 -950,00
10 1 000,00 900,00 -100,00 21 2 100,00 810,00 -1 290,00 3 200,00 1 995,00 -1 205,00
Total
11 1 100,00 1 500,00 400,00 22 2 200,00 1 780,00 -420,00 49 600,00 51 252,00 1 652,00
ANEXO II
Lançamento diário – Livro diário contábil
MÊS DE JANEIRO DE 2016

DATA DE DATA DE PLANO DE CONTAS MOVIMENTOS SALDO


SALDO
LANÇAM PAGAMEN Nº DOC ACUMULADO
ENTO TO
CÓDIGO INICIAL
CONTA DÉBITO CRÉDITO DEVEDOR CREDOR
DA CONTA
21 COMPRAS 0,00
01/01/16 04/01/16 201600 21.2.1 Aparelhos e instrumentos médicos ligeiros 0,00 110 000,00 110 000,00

01/01/16 04/01/16 201601 21.2.2 Artigos de higiene, nutrição e puericultura 0,00 261 848,55 261 848,55

02/01/16 02/01/16 201602 21.2.3 Material gastável 0,00 78 388,00 78 388,00

03/01/16 06/01/16 201603 21.2.4 Farmacos 0,00 399 956,08 399 956,08 850 192,63

26 MERCADORIAS 229 405,00

04/01/16 04/01/16 201604 26.1 Aparelhos e instrumentos médicos ligeiros 61 878,00 110 000,00 150.550,00 21 328,00

05/01/16 05/01/16 201605 26.2 Artigos de higiene, nutrição e puericultura 97 857,00 261 848,55 270 700,00 89 005,55

06/01/16 06/01/16 201606 26.3 Material gastável 11 870,00 78 388,00 80 800,00 9 458,00

07/01/16 09/01/16 201607 26.4 Farmacos 57 800,00 399 956,08 400 470,00 57 286,08 177 077,63

43 DEPÓSITOS À ORDEM 912 123,97

08/01/16 08/01/16 201608 43.1.1 Banco BFA 912 123,97 1 988 489,35 1 370 000,00 1 530 613,32 1 530 613,32

45 CAIXA 350 900,00

09/01/16 09/01/16 201609 45.1 Fundo fixo 0,00 0,00 0,00 0,00

10/01/16 10/01/16 201610 45.3.1 Salários 0,00 0,00 0,00 0,00

11/01/16 11/01/16 201611 45.3.2 Compra de mercadorias 0,00 0,00 200 000,00 200 000,00

12/01/16 12/01/16 201612 45.3.3 Fornecimentos e serviços de terceiros 0,00 0,00 75 200,00 75 200,00 75 700,00
61 VENDAS

13/01/16 13/01/16 201613 61.3.1.1 Aparelhos e instrumentos médicos ligeiros 2 170 127,84 2 170 127,84

14/01/16 14/01/16 201614 61.3.1.2 Artigos de higiene, nutrição e puericultura 398 587,34 398 587,34

15/01/16 18/01/16 201615 61.3.1.3 Material gastável 10 879,92 10 879,92

16/01/16 16/01/16 201616 61.3.1.4 Farmacos 987 280,87 987 280,87 3 566 875,97

71 CUSTO DAS EXISTÊNCIAS VENDIDAS

17/01/16 17/01/16 201617 71.4.1 Sacos para medicamento 8 900,76 8 900,76

18/01/16 18/01/16 201618 71.5.1 Custo das mercadorias vendidas 1 189 955,94 1 189 955,94 1 198 856,70

72 CUSTOS COM O PESSOAL

19/01/16 19/01/16 201619 72.2.1 Salário 341 000,00 341 000,00

20/01/16 20/01/16 201620 72.8.2.1 Transporte 30 000,00 30 000,00

21/01/16 21/01/16 201621 72.8.2.2 Alimentação 30 000,00 30 000,00 401 000,00

75 OUTROS CUSTOS E PERDAS OPERACIONAIS

22/01/16 23/01/16 201623 75.2.13 Combustíveis e outros fluídos 25 000,00 25 000,00

23/01/16 24/01/16 201624 75.2.14 Conservação e reparação 12 578,00 12 578,00

24/01/16 25/01/16 201625 75.2.16 Ferramentas e utensílios de desgaste rápido 3 000,00 3 000,00

25/01/16 26/01/16 201626 75.2.17 Material de escritório 12 565,00 12 565,00

26/01/16 28/01/16 201627 75.2.19.2 Gás 2 600,00 2 600,00

27/01/16 28/01/16 201628 75.2.19 Outros fornecimentos 1 000,00 1 000,00

28/01/16 29/01/16 201629 75.2.20.1 TV CABO 10 800,00 10 800,00

29/01/16 30/01/16 201630 75.2.20.2 Recargas de telefonias móveis 1 000,00 1 000,00

30/01/16 31/01/16 201631 75.2.26 Conservação e reparação 4 000,00 4 000,00


31/01/16 31/01/16 2016311 75.2.28 Limpeza, higiene e conforto 1 500,00 1 500,00

31/01/16 31/01/16 2016312 75.2.32 Assistência técnica 18 250,00 18 250,00

31/01/16 31/01/16 2016313 75.3.1.1 Imposto de selo 35 668,76 35 668,76


127 961,76
76 CUSTOS E PERDAS FINANCEIROS GERAIS

31/01/16 31/01/16 2016314 76.7 Serviços bancários 2 120,00 2 120,00 2 120,00


ANEXO III

Modelo de balanço

Exercícios
Designação Notas 2xxx 2xxx-1
ACTIVO
Activos não correntes:
Imobilização corpórea…………………………………………………………….. 4
Imobilização incorpórea…………………………………………………...……… 5
Investimento em subsidiárias e associadas…………………………………..…… 6
Outros activos financeiros…………………………………………………..…….. 7
Outros activos não correntes……………………………………………………… 9
Total do activo não corrente
Activos correntes:
Existências………………………………………………………………………… 8
Contas a receber………………………………………………………...………… 9
Disponibilidades………………………………………………………….……….. 10
Outros activos correntes…………………………………………………...……… 11
Total do activo corrente
CAPITAL PROPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital………………………………………………………………….………….. 12
Reservas……………………………………………………………….…………… 13
Resultados transitados…………………………………………………….……….. 14
Resultado do exercício………………………………………………….………….
Passivo não corrente:
Empréstimo de médio e longo prazo……………………..……………………….. 15
Imposto deferido………………………………….………………….……………. 16
Provisões para pensões ……………………………..………………………….….. 17
Provisões para outros riscos e encargos ………………………………………..…. 18
Outros passivos não correntes………………...…………………………………… 19
Passivo corrente:
Contas a pagar …………………………………………………………………….. 19
Empréstimo de curto prazo…………………………………..…………………….. 20
Parte cor. Dos empréstimos a médio e longo prazo……………………………..… 15
Outros passivos correntes…………………………………………………………. 21
Total do Capital Próprio e Passivo
ANEXO IV
ANEXO V
ANEXO VI

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