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Ativos Biológicos - SNC e IRC

ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

FICHA TÉCNICA

Título: Ativos Biológicos - SNC e IRC

Autores: Cristina Pena Silva


Paula Franco

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OCC

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2020

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.

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Índice – Ativos Biológicos – SNC e IRC

1 Introdução ....................................................................................................................................................... 7
1.1 Breve introdução .................................................................................................................................... 7
1.2 Os regimes Contabilísticos atualmente existentes em Portugal ............................................................. 9
1.3 O SNC .................................................................................................................................................. 12
1.4 A estrutura conceptual e a definição de mensuração e imparidade ..................................................... 13
2 Caracterização da atividade .......................................................................................................................... 16
2.1 Caracterização das atividades agrícolas .............................................................................................. 16
2.2 Politica Agrícola Comum ...................................................................................................................... 25
2.3 PAC pós 2013 (Período 2014-2020) .................................................................................................... 34
2.4 Portugal 2020 ....................................................................................................................................... 42
2.5 Fundos Agrícolas ................................................................................................................................. 46
2.6 Programa de Desenvolvimento Rural ................................................................................................... 53
2.7 Ajudas Diretas: PAC 2015-2020 ........................................................................................................... 56
2.8 Pedido Único (PU) ................................................................................................................................ 64
2.9 Gestão da água .................................................................................................................................... 68
2.10 Desempenho ambiental........................................................................................................................ 72
2.11 Sistema de Industria Responsável (SIR) – Adegas e Lagares ............................................................. 75
2.12 Licenciamento da atividade pecuária ................................................................................................... 76
2.13 SNIRA – Sistema Nacional de Informação e Registo Animal ............................................................... 78
2.14 Sistema de Recolha de Cadáveis de Animais Mortos na Exploração (SIRCA) .................................... 82
2.15 Gasóleo Colorido e Marcado ................................................................................................................ 83
2.16 Arrendamento Rural ............................................................................................................................. 85
2.17 Bolsa nacional das terras ..................................................................................................................... 89
2.18 Sistema de Informação de Mercados Agrícolas - SIMA ....................................................................... 94
2.19 Rede de Informação de Contabilidades Agrícolas (RICA).................................................................... 95
2.20 Atribuição de benefícios fiscais ao investimento no setor agrícola ....................................................... 97
3 NCRF 17 – Agricultura ................................................................................................................................ 100
3.1 Breve introdução à norma NCRF 17 .................................................................................................. 100
3.2 O reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos..................................................................... 105
3.3 Principais divulgações ........................................................................................................................ 112
3.4 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 114
4 Os Ativos Biológicos de Produção – NCRF 17 ........................................................................................... 116
4.1 Reconhecimento e Mensuração ......................................................................................................... 116
4.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma ..................................................................................... 119
4.3 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 131
5 Os Ativos Biológicos Consumíveis – NCRF 17 ........................................................................................... 133
5.1 Reconhecimento e mensuração ......................................................................................................... 133
5.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma ..................................................................................... 134
5.3 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 140
6 Produto agrícola .......................................................................................................................................... 142
6.1 Reconhecimento e mensuração ......................................................................................................... 142

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6.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma ..................................................................................... 144


6.3 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 152
7 Os equipamentos biológicos – NCRF 17 versus NCRF 7 ........................................................................... 157
7.1 Reconhecimento e mensuração ......................................................................................................... 157
7.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma ..................................................................................... 158
7.3 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 162
8 Os Terrenos Agrícolas ................................................................................................................................ 163
8.1 Reconhecimento e mensuração ......................................................................................................... 163
8.2 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 166
9 Casos Práticos ............................................................................................................................................ 167
9.1 Caso prático I ..................................................................................................................................... 167
9.2 Caso prático II .................................................................................................................................... 170
9.3 Caso prático III ................................................................................................................................... 174
9.4 Caso prático IV - Silvicultura .............................................................................................................. 178
10 Subsídios relacionados com a agricultura – NCRF 17 ................................................................................ 192
10.1 Reconhecimento e mensuração ......................................................................................................... 192
10.2 Reconhecimento e mensuração de subsídios aos quais se aplique a NCRF 22 ............................... 193
10.3 Aspetos práticos relacionados com a Norma 17 e 22 ........................................................................ 194
10.4 Casos práticos .................................................................................................................................... 200
10.5 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 223
11 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF–PE) ................................ 225
11.1 Reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos ....................................................................... 225
11.2 Aspetos práticos relacionados com a NCRF-PE ................................................................................ 228
12 Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME) .................................................................................. 237
12.1 Reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos ....................................................................... 237
12.2 Aspetos práticos relacionados com a NC-ME .................................................................................... 240
12.3 Apontamentos fiscais ......................................................................................................................... 246
12.4 Caso Prático NC-ME .......................................................................................................................... 247
13 A atividade agrícola em IRS ........................................................................................................................ 256
13.1 Rendimentos Empresariais e Profissionais - CATEGORIA B............................................................. 256
13.2 Rendimentos Agrícolas Excluídos da Tributação ............................................................................... 259
13.3 Determinação dos rendimentos empresariais e profissionais ............................................................ 262
13.4 Ato Isolado ......................................................................................................................................... 277
13.5 Herança Indivisa ................................................................................................................................. 283
13.6 Obrigações Declarativas e de Registo ............................................................................................... 289
13.7 Taxas de tributação autónoma ........................................................................................................... 297
13.8 Comunicação da atribuição de subsídios ........................................................................................... 298
13.9 Casos práticos no âmbito do Regime Simplificado ............................................................................ 299
14 IRC – Regime Simplificado de Determinação da Matéria Coletável ........................................................... 302
15 Incentivos fiscais à atividade silvícola ......................................................................................................... 308
16 O enquadramento das atividades agrícolas em IVA ................................................................................... 317
16.1 IVA - Enquadramento das atividades agrícolas .................................................................................. 317
16.2 Regime Especial de Isenção do artigo 53.º do Código do IVA ........................................................... 320
16.3 Regime Forfetário ............................................................................................................................... 323

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16.4 Taxa de IVA aplicável à agricultura .................................................................................................... 331


16.5 Ato Isolado ......................................................................................................................................... 338
16.6 Autoliquidação do IVA relativamente a certas transmissões de bens de produção silvícola .............. 340
16.7 Outras situações particulares relacionadas com taxas de atividades agrícolas formalismos e
obrigações ....................................................................................................................................................... 344
16.8 Tributação em sede de IVA dos subsídios atribuídos às atividades agrícolas ................................... 353
16.9 Transferência de direitos RPB – Tributação em IVA .......................................................................... 358
17 A legislação de segurança social aplicável ................................................................................................. 361
17.1 Enquadramento .................................................................................................................................. 361
17.2 Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem........................................................................ 368
17.3 Regime dos trabalhadores independentes ......................................................................................... 393
18 Sugestões de desdobramento do código de contas nas contas relacionadas com a NCRF 17 ................. 415
19 Anexos ........................................................................................................................................................ 423
19.1 Anexo 1 – NCRF 17 ........................................................................................................................... 424
19.2 Anexo 4 – Resposta dada pelos serviços da segurança social à CAP .............................................. 433
20 Bibliografia .................................................................................................................................................. 437

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1 Introdução

1.1 Breve introdução

No dia 13 de Julho de 2009, foi publicado o Decreto-Lei n.º 158/2009 que aprovou a entrada
em vigor do novo Normativo Contabilístico – o SNC (Sistema de Normalização
Contabilística) – que vigora em Portugal desde 1 de Janeiro de 2010 e revogou o Plano
Oficial de Contabilidade (POC) que vigorou em Portugal durante três décadas.

O SNC foi criado devido a uma necessidade de convergência de Portugal para as


orientações europeias em matéria contabilística levando como objectivo de tornar as
empresas e a economia portuguesa mais competitiva.

O SNC é um modelo desenvolvido pela Comissão de Normalização Contabilística que vem


substituir as anteriores normas contabilísticas (POC e Diretrizes Contabilísticas) e tem como
base as diretivas comunitárias e os normativos do IASB – Internacional Accounting
Standards Board. Segundo refere a CNC “o Sistema de Normalização Contabilística (SNC)
prefigura um modelo baseado em princípios e não em regras, aderente, portanto, ao modelo
do IASB (International Accounting Standards Board) adotado na União Europeia, mas
garantindo a compatibilidade com as Diretivas Contabilísticas Comunitárias. É um modelo
em que se atende às diferentes necessidades de relato financeiro, dado o tecido
empresarial a que irá ser aplicado, e em que se permite uma intercomunicabilidade quer
horizontal, quer vertical. Por último, pretende-se que seja suficientemente flexível para
acolher com oportunidade as alterações às normas do IASB adotadas na União Europeia”.

Nas atividades agrícolas a mudança para o SNC implicou uma grande viragem para os
empresários e para os profissionais da área na organização da sua contabilidade e
prestação de contas uma vez que o novo normativo contabilístico é substancialmente
diferente do normativo que anteriormente aplicavam.

O Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que restruturou o todo o SNC e que teve como
objetivo a transposição da Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 26 de junho, para o ordenamento jurídico nacional. As alterações que resultam deste
diploma entraram em vigor nos períodos que se iniciaram em ou após 1 de janeiro de 2016.

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É importante também referir que a Estrutura Conceptual – documento que agrega os


princípios que norteiam as várias normas contabilísticas e define os objetivos, destinatários,
requisitos e características qualitativas das demonstrações financeiras – estabelece que um
conjunto completo de demonstrações financeiras inclui:

• Um balanço
• Uma demonstração dos resultados
• Uma demonstração das alterações nos capitais próprios
• Uma demonstração de fluxos de caixa
• Um anexo em que se divulguem as bases de preparação e politicas contabilísticas
adotadas e outras divulgações exigidas pelas NCRF

Sendo o SNC um modelo que tem como base o Relato Financeiro, a elaboração destas
Demonstrações Financeiras tem como objetivo ir de encontro à realidade das empresas
para que as “peças contabilísticas” reflitam a Imagem Verdadeira e Apropriada das
entidades.

Para a concretização deste objetivo fulcral do atual sistema contabilístico, passámos para
um sistema que privilegia a aplicação do Justo Valor por contraposição à elaboração das
peças contabilísticas assentes no custo histórico que durante três décadas foi a pedra
basilar do anterior sistema contabilístico.

No entanto, o custo histórico continua a ser uma medida fiável para o registo das operações,
sendo também neste sistema uma das principais medidas para o reconhecimento e
mensuração inicial. No entanto, para se alcançar o objetivo primordial das demonstrações
financeiras refletirem a realidade financeira das entidades, o custo histórico não é, por
vezes, a melhor medida, podendo ter que se alterar a mensuração inicial aplicando outra
mensuração, por exemplo o justo valor para que as demonstrações financeiras transmitam a
imagem verdadeira e apropriada da entidade.

Isto é, só devemos utilizar o justo valor como regra de mensuração para que o relato
financeiro seja adequado e transmita a realidade da entidade e apenas para as operações
em que essa necessidade se verifique. Assim, as entidades combinam várias medidas de
mensuração nas suas demonstrações financeiras.

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1.2 Os regimes Contabilísticos atualmente existentes em Portugal

Atualmente em Portugal o âmbito de enquadramento contabilístico faz-se do seguinte modo:

Norma Contabilistica Aplicação

NIC/IAS (Normas
Entidades cotadas, Sector Financeiro e
internacionais adoptadas
sector segurador
pela EU directamente)

NCRF(Sistema de
normalização contabilístico
Entidades sem títulos à negociação
Português elaborado com
Contas Consolidadas
base nas normas do IASB
Contas Individuais
adoptadas pela União
europeia)

Pequenas entidades

Não ultrapassem 2 dos limites


NCRF-PE (Norma simplificada
- Total de balanço: € 4.000.000
para as pequenas entidades)
- Volume negócios líquido: € 8.000.000
- Nº trabalhadores: 50
SNC

NCRF-ESNL (Norma
Entidades sem fins lucrativos cujo volume
contabilística e de relato
negócios liquido seja superior ou igual a
financeiro para as entidades
€150.000
do setor não lucrativo)

Microentidades
Não ultrapassem 2 dos limites no exercício
anterior
NC-ME (Norma Contabilística
- Total de balanço: € 350.000
para as Microentidades)
- Volume de negócios líquido: € 700.000
- Nº trabalhadores: 10

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Como já referimos, o SNC sofreu alterações recentes introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
98/2015, de 2 de junho, que transpôs para o ordenamento jurídico interno a Diretiva n.º
2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho, relativa às
demonstrações financeiras anuais, às demonstrações financeiras consolidadas e aos
relatórios conexos de certas formas de empresas, que altera a Diretiva n.º 2006/43/CE do
Parlamento Europeu e do Conselho, e revoga as Diretivas n.os 78/660/CEE e 83/349/CEE
do Conselho, procedendo à alteração do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, que
aprovou o Sistema de Normalização Contabilística que entrou em vigor em 2010, alterado
pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e
pelas Leis n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, e do Código
das Sociedades Comerciais (CSC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 262/1986, 02 de
setembro.

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que entrou em vigor nos
períodos que se iniciaram em ou após 1 de janeiro de 2016, foram definidos novos limites
para as categorias de entidades, conforme quadro a seguir apresentado:

Categorias de entidades Até A partir de


(desde que não passem dois dos três limites) 31/12/2015 1/01/2016

Total balanço 500.000 € 350.000 €


Microentidades Volume negócios líquido 500.000 € 700.000 €
N.º médio empregados 5 10
Total balanço 1.500.000 € 4.000.000 €
Total vendas líquidas e
Pequenas outros rendimentos 3.000.000 €
Entidades
Volume negócios líquido 8.000.000 €
N.º médio empregados 50 50
Total balanço 20.000.000 €
Médias
Entidades Volume negócios líquido 40.000.000 €
N.º médio empregados 250
Ultrapassem
Total balanço
dois dos três
Grandes
Volume negócios líquido limites das
Entidades
médias
N.º médio empregados entidades
Fonte: CNC – Sumário das principais alterações ao SNC

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Demonstrações Financeiras

A principal característica do SNC, por clara inspiração das Normas Internacionais de


Contabilidade, é a preocupação com os aspetos qualitativos da informação financeira. Deste
modo, o conjunto de “peças contabilísticas” denominadas por Demonstrações Financeiras,
passam a ter um novo enquadramento com o claro objetivo de afastar a ideia de que a
informação contabilística tem uma natureza meramente quantitativa.

No caso das entidades obrigadas à aplicação do SNC, a Estrutura Conceptual estabelece


quais as demonstrações financeiras que devem ser elaboradas. No caso das
microentidades será na sua regulamentação que se estabelecem as obrigações.

Vejamos então ao que estão obrigadas:

Sistema Geral NCRF- Pequenas entidade Microentidades

Um balanço; Um balanço reduzido Um balanço reduzido

Uma demonstração dos Uma demonstração dos Uma demonstração dos


resultados; resultados reduzida; resultados reduzida;

Uma demonstração das


alterações no capital
próprio
Uma demonstração dos
fluxos de caixa;

Um anexo em que se Um anexo em que se


divulguem as bases de divulguem as bases de Dispensa do anexo desde
preparação e políticas preparação e políticas que seja divulgada
contabilísticas adoptadas e contabilísticas adoptadas informação especifica no
outras divulgações exigidas e outras divulgações balanço
pelas NCRF. exigidas pelas NCRF.

Modelos publicados pela Modelos publicados pela Modelos publicados pela


portaria 220/2015 de 24 de portaria 220/2015 de 24 de portaria 220/2015 de 24 de
julho julho julho

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NCRF- ESNL Dispensadas NCRF-ESNL

Pagamentos e
Um balanço;
Recebimentos
Uma demonstração dos
resultados por naturezas ou Património fixo
por funções;
Demonstração dos fluxos Direitos e compromissos
de caixa futuros
Anexo
Denonstração das
alterações nos fundos
patrimoniais (por opção ou
exigência de entidades
públicas financiadoras)

Modelos publicados pela Modelos publicados pela


portaria n.º 220/2015, de 24 portaria n.º 220/2015, de 24
de julho de julho

Nota: As entidades públicas financiadoras do setor não lucrativo podem exigir outros mapas,
designadamente para efeitos de controlo orçamental.

1.3 O SNC

O SNC é composto pelos seguintes diplomas legais:

- Pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que transpõe para o ordenamento jurídico
interno a Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de
2013, relativa às demonstrações financeiras anuais, às demonstrações financeiras
consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de empresas, que altera a Diretiva
n.º 2006/43/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, e revoga as Diretivas n.º
78/660/CEE e 83/349/CEE do Conselho.

O Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, altera:


• O Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 36-A/2011, de 9 de
março, e pelas Lei n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de
dezembro;
• O Código das Sociedades Comerciais;
• O Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, alterado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31
de dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 64/2013, de 13 de maio.

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DIPLOMA PUBLICADO CONTEÚDO DIPLOMA REVOGADO


Portaria n.º 218/2015, de 23 de Aprova o Código de Contas Portarias n.os 1011/2009, de 9
julho (incluindo Quadro Síntese de de setembro, 106/2011, de 14
Contas, Código de Contas e de março, e 107/2011, de 14 de
Notas de Enquadramento). março.
Portaria n.º 220/2015, de 24 de Aprova os modelos de Portarias n.os 986/2009, de 7 de
julho demonstrações financeiras para setembro, 104/2011, de 14 de
as diferentes entidades que março e 105/2011, de 14 de
aplicam o SNC. março.
Aviso n.º 8254/2015, publicado Estrutura Conceptual (EC)
no DR. 2.ª série, n.º 146, de 29
de julho de 2015
Aviso n.º 8255/2015, publicado Norma Contabilística para Aviso n.º 6726-A/2011,
no DR. 2.ª série, n.º 146, de 29 Microentidades (NC-ME) publicado no DR. 2.ª série, n.º
de julho de 2015 51, de 14 de março de 2011
Aviso n.º 8256/2015, publicado Normas Contabilísticas e de Aviso n.º 15655/2009, publicado
no DR. 2.ª série, n.º 146, de 29 Relato Financeiro (28 normas) no DR, 2.ª série, n.º 173, de 7
de julho de 2015 de setembro de 2009
Aviso n.º 8257/2015, publicado Norma Contabilística e de Aviso n.º 15654/2009, publicado
no DR. 2.ª série, n.º 146, de 29 Relato Financeiro para no DR, 2.ª série, n.º 173, de 7
de julho de 2015 Pequenas Entidades (NCRF- de setembro de 2009
PE)
Aviso n.º 8258/2015, publicado Norma Interpretativas (NI) Aviso n.º 15653/2009, publicado
no DR. 2.ª série, n.º 146, de 29 no DR, 2.ª série, n.º 173, de 7
de julho de 2015 de setembro de 2009
Aviso n.º 8258/2015, publicado Norma Contabilística e de Aviso n.º 6726-B/2011,
no DR. 2.ª série, n.º 146, de 29 Relato Financeiro para publicado no DR. 2.ª série, n.º
de julho de 2015 Entidades do Setor Não 51, de 14 de março de 2011
Lucrativo (NCRF-ESNL)
Fonte: CNC – Sumário das principais alterações ao SNC

1.4 A estrutura conceptual e a definição de mensuração e imparidade

Este manual tem como objetivo versar sobre as principais implicações a nível da
contabilidade relacionada com explorações agrícolas.

Assim, serão abordados os seguintes temas:

- Enquadramento das atividades agrícolas;

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- A NCRF 17;
– Reconhecimento e Mensuração dos ativos biológicos;
- Reconhecimento e mensuração de produtos colhidos;
- Reconhecimento e mensuração de equipamentos biológicos;
- Subsídios relacionados com a agricultura;
- Tratamento fiscal aplicável às explorações agrícolas em IRC;
- Tratamento fiscal aplicável às explorações agrícolas em IRS;
- Principais apontamentos em termos de IVA relacionados com atividades agrícolas;
- Enquadramento das atividades agrícolas em Segurança Social (Código Contributivo).

Ressalvamos para o estudo destas matérias a importância da estrutura conceptual, que não
sendo uma norma nem tratando de matérias específicas, é transversal a todas as normas e
estabelece as ”regras do jogo” para aplicação dessas mesmas normas.

Assim sendo, é essencial que o responsável por verter na prática as normas, aquele que
materialmente terá que transformar em débito e crédito os princípios subjacentes às normas,
conheça os princípios vertidos na Estrutura Conceptual para perceber quais as opções a
tomar e o balizamento de determinados juízos de valor que se encontram implícitos à
aplicação do Justo valor e outras medidas de mensuração, para possibilitar a elaboração
correta das demonstrações Financeiras.

A Estrutura Conceptual, nos seus parágrafos 97 a 99, define o que se entende por
mensuração dos elementos das demonstrações financeiras e as diferentes bases de
mensuração que podem ser utilizadas.

Assim, refere o § 97 que “Mensuração é o processo de determinar as quantias monetárias


pelas quais os elementos das demonstrações financeiras devam ser reconhecidos e
inscritos no balanço e na demonstração dos resultados.”, isto é, por que valor devem figurar
nas demonstrações financeiras as várias operações da entidade.

Esclarece, ainda, que existem várias bases de mensuração que se utilizam em variadas
combinações nas demonstrações financeiras, tais como:

➢ O Custo Histórico - os ativos são registados pela quantia de caixa, ou equivalentes


de caixa paga ou pelo justo valor da retribuição dada para os adquirir no momento da
sua aquisição. Os passivos são registados pela quantia dos proventos recebidos em

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troca da obrigação, ou em algumas circunstâncias (por exemplo, impostos sobre o


rendimento), pelas quantias de caixa, ou de equivalentes de caixa, que se espera
que venham a ser pagas para satisfazer o passivo no decurso normal dos negócios.

➢ O Custo Corrente - os ativos são registados pela quantia de caixa ou de equivalentes


de caixa que teria de ser paga se o mesmo ou um ativo equivalente fosse
correntemente adquirido. Os passivos são registados pela quantia não descontada
de caixa, ou de equivalentes de caixa, que seria necessária para liquidar
correntemente a obrigação.

➢ O Valor Realizável (de liquidação) - os ativos são registados pela quantia de caixa,
ou equivalentes de caixa, que possa ser correntemente obtida ao vender o ativo
numa alienação ordenada. Os passivos são escriturados pelos seus valores de
liquidação; isto é, as quantias não descontadas de caixa ou equivalentes de caixa
que se espera que sejam pagas para satisfazer os passivos no decurso normal dos
negócios.

➢ O Valor Presente - os ativos são escriturados pelo valor presente descontado dos
futuros influxos líquidos de caixa que se espera que o item gere no decurso normal
dos negócios. Os passivos são escriturados pelo valor presente descontado dos
futuros exfluxos líquidos de caixa que se espera que sejam necessários para liquidar
os passivos no decurso normal dos negócios.

➢ O Justo valor - quantia pela qual um ativo poderia ser trocado ou um passivo
liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transação em que
não exista relacionamento entre elas.

No entanto, conforme já foi referido no ponto 1.1 do manual, o custo histórico continua a ser
a medida mais fiável para o registo das operações, sendo a base de mensuração
geralmente adotada pelas entidades ao preparar as suas demonstrações financeiras. Isto é,
por vezes, este combina-se com outras bases de mensuração para se alcançar o objetivo
das demonstrações financeiras, de refletirem a realidade financeira das entidades. Para
exemplificar tal situação a estrutura conceptual refere como exemplo que “os inventários são
geralmente escriturados pelo mais baixo do custo ou do valor realizável líquido, os títulos
negociáveis podem ser escriturados pelo seu valor de mercado e os passivos por pensões
de reforma são escriturados pelo seu valor presente”

15
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2 Caracterização da atividade

2.1 Caracterização das atividades agrícolas

Os agricultores portugueses têm vindo a sofrer uma grande transformação nos últimos 30
anos. Hoje há menos agricultores, mas a sua capacidade produtiva é muito maior. Aqueles
que vivem exclusivamente da agricultura e ganham dinheiro utilizam tecnologias de ponta. È
tão exigente hoje ter uma exploração agrícola a produzir e a ganhar dinheiro como ter uma
fábrica com tecnologia muito apurada. As pessoas hoje usam sensores para determinar a
humildade do solo, têm controlo remoto sobre as regas, analisam os iões da raiz. Para
aqueles que andam à frente e que são os melhores produtores, a exigência de tecnologia é
grande.

Atualmente um agricultor que quer aumentar a sua produção e expandir a sua atividade tem
que fazer contas, saber os resultados das suas atividades, das várias operações culturais.
Em todas as atividades agrícolas as margens são cada vez mais apertadas, o custo dos
fatores de produção é elevadíssimo. É necessário decidir os custos que se podem cortar
para melhorar as margens de produção de forma a alavancar a atividade.

O aumento gradual da idade média dos agricultores é um fator que deve preocupar a
sociedade em geral, nomeadamente tendo em conta que todas as organizações
internacionais acentuam o facto de ser necessário multiplicar a produção agrícola mundial
nas próximas décadas e que Portugal está longe de poder adquirir no exterior tudo o que
precisa para alimentar a sua população. Além disso, a este envelhecimento dos agricultores
não são alheios os fatores que têm provocado a chamada «desertificação» do interior do
país e o abandono das regiões rurais acentuado as assimetrias regionais.

Mas como já referido os agricultores evoluíram. Desde a integração Europeia, ao longo dos
últimos 25 anos, a agricultura portuguesa modernizou-se produzindo muito mais com menos
produtores. À 25 anos os agricultores representavam 25% da população ativa e atualmente
representam 6% da população ativa. Por exemplo, no setor do leite, em 1988 existiam 96 mil
produtores e produzia-se 1.300 mil toneladas. Em 2010 existiam 8 mil produtores e
produzia-se 1.800 mil toneladas tendo-se registado um acréscimo de 38% na produção e
uma redução de 92% do número de produtores.

16
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Em relação ao tomate indústria, em 1986 produzia-se 540 mil toneladas e em 2010 1.400
mil toneladas, mais 159%.

Também com menos produtores, o setor do azeite duplicou a sua produção e setores como
o vinho, as frutas e hortícolas e a fileira florestal registam elevados índices de exportação
contribuindo para a recuperação económica do país,

Até 2050, a população mundial vai subir de 6 mil para 9 mil milhões e isso vai obrigar a um
aumento da capacidade de produzir na agricultura de 70%.

Por outro lado, atualmente em Portugal perante uma crise financeira e uma crise estrutural
da economia, a agricultura portuguesa pode aumentar a produção de bens transacionáveis,
substituindo importações, aumentando exportações e contribuindo para equilibrar a balança
comercial do país.

Neste contexto é necessário alertar e sensibilizar todos os intervenientes da sociedade para


a importância da produção e consumo de produtos portugueses, considerando a importância
da agricultura para a dinamização e desenvolvimento da economia do País.

Assim a agricultura portuguesa cada vez mais especializada e com maior competitividade
vai necessitar de mais informação financeira e económica especializada e ajustada às
características do setor.

De acordo com Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016 do INE - Instituto
Nacional de Estatística, as explorações agrícolas ocupam uma superfície de 4,6 milhões de
hectares, o que corresponde a cerca de metade do território nacional. A Superfície Agricola
Utilizada (SAU) representa 78,1% da superfície total e os matos e povoamentos florestais
sem culturas sobcoberto 18%. A Superfície Agrícola Não Utilizada (SNAU)1 das explorações
ocupa 2,1% da superfície das explorações.
Em relação aos dados do Recenseamento Agrícola 2009, é notória uma evolução positiva
da agricultura portuguesa, assente no aumento da dimensão das explorações agrícolas e na
melhoria dos indicadores laborais. A Superfície Agrícola Não Utilizada (SNAU) diminuiu em
relação a 2009, cerca de 20%, apresentando o valor mais baixo (pouco mais de 100 mil
hectares) desde que há registos estatísticos, o que demonstra o dinamismo do sector.

1
Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU): área com potencial agrícola mas que não está a ser utilizada.

17
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A empresarialização da agricultura, expressa pelo crescimento do número de sociedades


agrícolas, tem contribuído para o aumento da compertitividade do sector, devido à adoção
de processos de gestão mais profissionais e economias de escala.

Os resultados do Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016 (IEEA 2016) do INE
– Instituto Nacional de Estatistica, contabilizaram 259 mil explorações, menos 5,4 mil
explorações que em 2013 e menos 46,3 mil do que em 2009, o que corresponde a um
decréscimo de 15,2%. O decréscimo do número de explorações agrícolas, embora
generalizado, assume maior expressão nas regiões (NUTS II) de Lisboa (-28,2%) e Centro (-
17,2%).
De realçar, que o abandono da atividade agrícola por um número considerável de
produtores não se refletiu na Superfície Agrícola Utilizada (SAU), que não registou
alterações significativas desde 2009, mantendo-se nos 3,6 milhões de hectares, cerca de
39,5% da superfície territorial. A estrutura fundiária das explorações agrícolas continuou a
evoluir de forma positiva, com um aumento da dimensão média (SAU por exploração) de 12
hectares em 2009 para 14,1 hectares em 2016.

Recordamos que nos anos de 1999 a 2009 desapareceram 111 mil explorações, tendo-se
registado uma quebra de 27%. De 1989 a 2009, o número de explorações agrícolas sofreu
uma redução de 49%. O decréscimo do número de explorações agrícolas verificou-se
sobretudo ao nível das pequenas explorações com menos de 1 hectare de SAU que atingiu
41%, baixando para os 24% nas unidades produtivas entre 1 a 5 hectares de SAU. O
número de explorações com mais de 100 hectares de SAU (Superfície Agrícola Utilizada)
registou um aumento na ordem dos 6%, o que configura uma situação de maior dimensão
económica da atividade agrícola.

18
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Número de explorações, SAU2, e dimensão média por NUTS II

SAU
média
Explorações SAU por Variação 2009-2016 Variação 2009-2013 Variação 2013-2016
explo-
NUTS II
ração
n.º n.º ha/Expl n.º ha/Expl
SAU ha/Expl. SAU SAU
(n.º) (%) (ha) (%) (ha/expl.)Expl. Expl. . Expl. .
(%) (%) (%) (%)
(%) (%) (%) (%) (%)

Portugal 258 983 100,0 3 641 691 100,0 14,1 -15,2 -0,7 17,0 -13,4 -0,7 14,6 -2,1 0,0 2,1
Continente 235 774 91,0 3 513 006 96,5 14,9 -15,2 -0,8 17,0 -13,5 -1 14,8 -2,0 -0,1 1,9
Norte 95 879 37,0 653 134 17,9 6,8 -13,5 1,4 17,2 -10,8 0,4 12,6 -3,0 1,0 4,1
Centro 87 044 33,6 585 904 16,1 6,7 -17,2 2,8 24,1 -17,9 -2,1 19,2 0,9 5,0 4,1
AM Li s boa 5 458 2,1 77 636 2,1 14,2 -28,2 -11,4 23,5 -19,4 -15,1 5,3 -10,9 4,4 17,2
Al entejo 35 666 13,8 2 100 762 57,7 58,9 -15,5 -2,4 15,5 -10,6 -0,3 11,5 -5,5 -2,1 3,5
Al ga rve 11 728 4,5 95 570 2,6 8,1 -5,3 8,2 14,3 -6,7 4,5 11,9 1,5 3,6 2,1
Açores 11 580 4,5 123 793 3,4 10,7 -14,5 2,8 20,2 -12,7 -1,5 12,8 -2,1 4,4 6,6
Madeira 11 628 4,5 4 893 0,1 0,4 -14,6 -9,9 5,5 -11,3 -3,1 9,3 -3,7 -7,0 -3,5

INE: Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016 (Quadro 1)

Em Portugal, a grande maioria das explorações agrícolas são de reduzida dimensão. Estas
explorações caracterizam-se por apresentar condições estruturais muito desfavoráveis e
estarem associadas com um tecido empresarial muito envelhecido, com baixo nível de
qualificação profissional e com uma muito reduzida capacidade de gestão empresarial. Os
resultados económicos caracterizam-se por um nível reduzido de competitividade e de
rendimentos obtidos dentro das respetivas explorações, dependendo o nível de vida dos
respetivos produtores e membros do agregado familiar, principalmente, de atividades
exercidas e rendimentos obtidos fora das respetivas explorações agrícolas.

A grande maioria da superfície agrícola utilizada é ocupada por um número muito reduzido
de explorações de grande dimensão económica. Estas explorações caracterizam-se por
apresentar condições estruturais significativamente mais favoráveis e estão associadas a
um tecido empresarial, maioritariamente menos envelhecido e com um melhor nível de
qualificação profissional e capacidade de gestão empresarial. Os níveis de competitividade e
de rendimento deste tipo de explorações apresentam valores superiores à média do
Continente e assumem uma importância decisiva do ponto de vista do nível de vida dos
respetivos produtores e membros do agregado familiar.

2
Superfície agrícola utilizada (SAU): constituída pelas terras aráveis (limpas e sobcoberto de matas e florestas), culturas
permanentes, pastagens permanentes e horta familiar.

19
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A dimensão média das explorações agrícolas (SAU por exploração) aumentou 14,6%,
passando dos 12 hectares em 2009 para os 14,1 hectares em 2016.
A dimensão média das explorações evidencia uma grande heterogeneidade regional,
apresentando as explorações no Alentejo uma dimensão média de 58,9 hectares de SAU,
cerca de quatro vezes superior à média nacional. Em contrapartida, no Norte e Centro as
explorações têm em média apenas 6,7 hectares de SAU.

Número de explorações e SAU, por classes de SAU

Explorações SAU Variação 2009-2016 Variação 2009-2013 Variação 2013-2016


Classes de SAU n.º Expl. SAU n.º Expl. SAU n.º Expl. SAU
(n.º) (%) (ha) (%)
(%) (%) (%) (%) (%) (%)

Total 258 983 100,0 3 641 691 100,0 -15,2 -0,7 -13,4 -0,7 -2,1 0,0
< 1 ha 49 301 19,0 26 528 0,7 -25,3 -24,3 -20,7 -21,4 -5,8 -3,7
1 a < 5 ha 135 827 52,4 304 459 8,4 -17,6 -15,9 -15,8 -13,9 -2,1 -2,3
5 a < 20 ha 49 942 19,3 478 763 13,1 -4,2 -2,8 -4,8 -3,6 0,6 0,9
20 a < 50 ha 12 999 5,0 395 056 10,8 10,8 10,4 9,9 11,1 0,7 -0,7
50 a < 100 ha 4 697 1,8 326 304 9,0 7,9 7,7 6,9 6,5 0,8 1,1
100 a < 500 ha 5 159 2,0 1 121 887 30,8 3,6 2,2 -1,2 -3,9 4,8 6,3
500 a < 1 000 ha 798 0,3 538 972 14,8 -6,9 -7,1 -1,4 -0,8 -5,6 -6,3
≥ 1 000 ha 261 0,1 449 723 12,3 -1,8 2,1 3,4 8,4 -5,1 -5,8

INE: Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016 (Quadro 2)

Existe um reduzido número de explorações de grande dimensão (261 explorações com


1.000 ou mais hectares de SAU) que ocupam 12,3% da SAU nacional. Mais de metade da
SAU (58%) é gerida pelas entidades produtoras com 100 ou mais hectares, que
representam apenas 2,4% das explorações agrícolas. As explorações agrícolas de muito
pequena dimensão, com 1 hectare ou menos, apesar de corresponderem a 19% do total,
apenas exploram 0,7% da SAU.

Desde 2009 que o abandono da atividade agrícola ocorreu quase exclusivamente nas
pequenas explorações. Do balanço das 40,8 mil explorações agrícolas que cessaram a
atividade no período de 2009 a 2013, apenas 140 exploravam mais de 20 hectares, sendo
quer mais de 1/5 das explorações com menos de 1 hectare abandonaram a atividade (-13,7
mil explorações).

20
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Natureza jurídica do produtor, por classes de SAU

2016 Variação 2009-2016 Variação 2009-2013 Variação 2013-2016

Classes de Produtor Outras Produtor Socie- Outras Produtor Socie- Outras Produtor Socie- Outras
Sociedade
SAU singular formas singular dade formas singular dade formas singular dade formas

(n.º) (%) (n.º) (%) (n.º) (%) (%)

Total 246 149 95,0 11 397 4,4 1 437 0,6 -17,2 68,2 29,6 -14,8 47,1 -13,6 -2,9 14,3 49,9
S/ SAU 693 55,6 553 44,4 0 0,0 -34,3 65,1 -100,0 -50,2 -5,0 -100,0 32,0 73,7 -
0 < 1 ha 47 250 98,3 577 1,2 226 0,5 -26,5 126,5 128,6 -21,0 155,5 -21,0 -6,9 -11,3 189,3
1 a < 5 ha 133 122 98,0 2 253 1,7 452 0,3 -18,7 191,1 56,3 -16,6 131,6 24,7 -2,6 25,7 25,4
5 a < 20 ha 46 956 94,0 2 711 5,4 274 0,5 -7,1 89,1 43,7 -6,6 60,5 -16,1 -0,5 17,8 71,3
20 a < 50 ha 11 086 85,3 1 757 13,5 156 1,2 5,8 55,3 23,5 5,6 52,1 -10,3 0,2 2,1 37,7
50 a < 100 ha 3 541 75,4 1 067 22,7 90 1,9 3,4 27,6 -5,5 6,3 16,1 -51,5 -2,7 9,9 94,7
≥ 100 ha 3 501 56,3 2 479 39,9 239 3,8 -7,7 23,3 -20,6 -4,3 10,0 -33,3 -3,6 12,0 19,1

INE: Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016 (Quadro 3)

As explorações agrícolas são maioritariamente constituídas por produtores singulares3 com


um peso de 95%, embora nas explorações de maior dimensão, com 100 ou mais hectares
de superfície agrícola utilizada (SAU), a representatividade das sociedades assume maior
expressão (39,9%). Desde 2009, o número de sociedades no setor agrícola aumentou
68,2% e o número de produtores singulares decresceu 17,2%. A empresarialização da
agricultura, expressa pelo crescimento do número de sociedades agrícolas, tem contribuído
para o aumento da competitividade do sector, devido à adoção de processos de gestão mais
profissionais e economias de escala.
As 11,4 mil sociedades agrícolas representam apenas 4,4% das entidades produtivas mas
exploram quase 1/3 da superfície agrícola utilizada (SAU). Em média cada sociedade
agrícola explora 105 hectares de SAU, 11 vezes mais que os produtores singulares.

21
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Número de explorações, segundo as classes de Dimensão Económica (DE)

Explorações muito pequenas


Total
(< 8 000 euros de VPPT)
NUTS II Explorações VPPT DE Explorações VPPT
(n.º) 3
(10 euros) (%) 3
(10 euros/expl.) (n.º) (%) 3
(10 euros) (%)

Portugal 258 983 5 144 213 100,0 19,9 188 652 72,8 488 733 9,5
Continente 235 774 4 584 374 89,1 19,4 174 306 73,9 445 257 9,7
Norte 95 879 1 122 815 21,8 11,7 71 846 74,9 204 236 18,2
Centro 87 044 1 217 146 23,7 14,0 69 477 79,8 156 857 12,9
AM Li s boa 5 458 288 640 5,6 52,9 3 420 62,7 10 602 3,7
Al entejo 35 666 1 719 736 33,4 48,2 22 467 63,0 51 362 3,0
Al ga rve 11 728 236 037 4,6 20,1 7 098 60,5 22 200 9,4
Açores 11 580 474 606 9,2 41,0 5 590 48,3 13 964 2,9
Madeira 11 628 85 233 1,7 7,3 8 755 75,3 29 513 34,6

Explorações pequenas Explorações médias Explorações grandes


(8 000 a < 25 000 euros de VPPT) (25 000 a < 100 000 euros de (≥ 100 000 euros de VPPT)
NUTS II Explorações VPPT Explorações VPPT) VPPT Explorações VPPT
(n.º) (%) (103 euros) (%) (n.º) (%) (103 euros) (%) (n.º) (%) (103 euros) (%)

Portugal 40 291 15,6 560 489 10,9 20 598 8,0 1 011 332 19,7 9 441 3,6 3 083 659 59,9
Continente 35 577 15,1 496 952 10,8 17 894 7,6 865 874 18,9 7 997 3,4 2 776 291 60,6
Norte 16 267 17,0 222 072 19,8 5 972 6,2 271 075 24,1 1 795 1,9 425 433 37,9
Centro 9 846 11,3 138 457 11,4 5 557 6,4 271 891 22,3 2 165 2,5 649 941 53,4
AM Li s boa 960 17,6 14 374 5,0 610 11,2 30 275 10,5 468 8,6 233 389 80,9
Al entejo 5 431 15,2 78 852 4,6 4 549 12,8 236 682 13,8 3 219 9,0 1 352 840 78,7
Al ga rve 3 074 26,2 43 198 18,3 1 205 10,3 55 951 23,7 351 3,0 114 688 48,6
Açores 2 160 18,7 31 685 6,7 2 432 21,0 134 224 28,3 1 398 12,1 294 733 62,1
Madeira 2 554 22,0 31 852 37,4 273 2,3 11 235 13,2 46 0,4 12 634 14,8

INE: Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016 (Quadro 5)

O Valor da Produção Padrão Total4 (VPPT) nacional de 2016 ultrapassou os 5,1 milhões de
euros (mais 14,1% do que em 2013), contribuindo o Alentejo com mais de 1/3 deste valor.
Em média, cada exploração agrícola gera 19,9 mil euros de VPPT, mais de 2,8 mil euros do
que em 2013, correspondendo a um aumento de 16,5% na Dimensão Económica5 (DE)
média das explorações.

3
De acordo com os dados do Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2016, do INE.
4
Valor de Produção Padrão Total (VPPT) da exploração: corresponde à soma dos diferentes VPT obtidos para cada
atividade, multiplicando os VPT pelo número de unidades (de área ou de efetivo) existentes dessa atividade na exploração.
Valor da Produção Padrão (VPT): é o valor monetário médio da produção agrícola numa dada região, obtido a partir dos preços
de venda à porta da exploração. É expresso em euros por hectare ou cabeça de gado, conforme o sistema de produção, e
corresponde à valorização mais frequente que as diferentes produções agrícolas têm em determinada região. O período de
referência dos dados de base dos VPT cobriu o quinquénio 2008 a 2013.
5
Dimensão Económica (DE): é definida com base no VPPT da exploração, sendo expressa em euros.

22
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As explorações agrícolas por classes de DE, evidenciam que as grandes entidades


produtivas, com mais de 100 mil euros de VPPT, apesar de representarem apenas 3,6% do
universo das explorações agrícolas, produzem anualmente 59,9% do VPPT nacional. Por
outro lado, praticamente ¾ das explorações são muito pequenas, gerando menos de 8 mil
euros por ano e contribuindo apenas com 9,5% para o VPPT.

Empresas em Portugal

Com a publicação “Empresas em Portugal 2018”, o Instituto Nacional de Estatística (INE)


atualiza os principais indicadores estatísticos caracterizadores da estrutura e evolução do
setor empresarial não financeiro em Portugal, para o ano de 2018, obtidos a partir do
Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE)6.

Em 2018, existiam em Portugal 1 295 299 empresas, das quais 67,4% eram empresas
individuais e 32,6% sociedades. Face a 2017, verificou-se um aumento de 1,8% das
empresas individuais e 4,7% das sociedades (3,9% e 3,7% em 2017, respetivamente).
Em 2018, as empresas não financeiras concentraram 93,5% do volume de negócios e
89,9% do VAB do setor empresarial português (+2,5 p.p. e +1,1 p.p. que em 2014,
respetivamente).

Empresas em Portugal 2018, INE


Empresas
Empresas Sociedades
Anos Sociedades Total individuais
individuais (% total)
(% total)
2018 873 534 421 765 1 295 299 67,44% 32,56%
2017 857 725 402 711 1 260 436 68,05% 31,95%
2016 825 725 388 481 1 214 206 68,01% 31,99%
2015 801 864 379 542 1 181 406 67,87% 32,13%
2014 776 835 370 319 1 147 154 67,72% 32,28%
2013 756 161 363 286 1 119 447 67,55% 32,45%
2012 724 706 362 209 1 086 915 66,68% 33,32%
2011 768 306 367 950 1 136 256 67,62% 32,38%
2010 801 657 366 608 1 168 265 68,62% 31,38%
2009 851 531 372 047 1 223 578 69,59% 30,41%
2008 888 442 373 010 1 261 452 70,43% 29,57%

6 O SCIE resulta de um processo de integração da informação estatística sobre empresas, baseado em dados administrativos,
com particular destaque para a Informação Empresarial Simplificada (IES). Esta informação é complementada, por um lado,
com dados para as empresas individuais provenientes do Ministério das Finanças e, por outro, com informação do Ficheiro de
Unidades Estatísticas do INE.

23
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Em 2018, existiam em Portugal 132.887 empresas no na atividade económica agricultura,


produção animal, caça, floreta e pescas, das quais 87% eram empresas individuais e 13%
sociedades. Regista-se o fato que neste setor de atividade existe um número muito maior de
empresas individuais em relação ao número total de empresas em Portugal.
No ano de 2013 o número de empresas aumentou 91,2% (+51.506 empresas) face ao ano
de 2012, atendendo às alterações em matéria de IVA que ocorreram no setor de atividade
agrícola, que objetivou a necessidade de abertura da atividade para os pequenos produtores
agrícolas.
A partir de 1 de abril de 2013, deixou de existir a isenção de IVA para as transmissões de
bens efetuados no âmbito das explorações enunciadas no Anexo A do Código do IVA
(agricultura, silvicultura ou pecuária), bem como as prestações de serviços agrícolas
definidas no Anexo B, quando efetuadas com carácter acessório por um produtor agrícola
que utilize os seus próprios recursos de mão-de-obra e equipamento normal da respetiva
exploração agrícola ou silvícola, seja qual for o volume de negócios auferido, e foram
aditadas à Lista I anexa ao Código do IVA as verbas 4.2 e 5, aplicando-se a taxa reduzida
de IVA.

Empresas em Portugal 2018, INE


Atividade económica - Agricultura, Produção Animal, Caça, Floresta e Pesca
Empresas
Empresas Sociedades
Anos Sociedades Total individuais
individuais (% total)
(% total)
2018 115 609 17 278 132 887 87,00% 13,00%
2017 116 339 16 589 132 928 87,52% 12,48%
2016 117 177 15 667 132 844 88,21% 11,79%
2015 118 594 14 833 133 427 88,88% 11,12%
2014 115 164 13 601 128 765 89,44% 10,56%
2013 95 464 12 510 107 974 88,41% 11,59%
2012 45 013 11 455 56 468 79,71% 20,29%
2011 45 884 10 675 56 559 81,13% 18,87%
2010 43 588 10 210 53 798 81,02% 18,98%
2009 44 875 10 222 55 097 81,45% 18,55%
2008 46 834 9 882 56 716 82,58% 17,42%

24
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2.2 Politica Agrícola Comum

ANO DE 1957

Criação da Comunidade Económica Europeia, formalmente constituída com a assinatura do


Tratado de Roma, cujo artigo 39ª consagrou à Política Agrícola Comum (PAC) com os
objetivos de aumentar a produtividade da agricultura, assegurar um nível de vida equitativo
à população agrícola, estabilizar os mercados, garantir a segurança dos abastecimentos e
assegurar os preços razoáveis aos consumidores.
A Agricultura tornou-se a primeira prioridade, em resultado da falta de alimentos verificada
no período a seguir ao final da segunda guerra mundial, que tornou a Europa fortemente
deficitária na maior parte das produções agrícolas.

PERÍODO 1957-1992

Para dar forma à PAC foram instituídas as organizações comuns de mercado (OCM´S) para
cada um dos principais sectores agrícolas que assentam(vam) em três princípios
fundamentais:

Unicidade de mercado, que consiste na livre circulação de bens entre Estados Membros, o
que implica o estabelecimento de um mercado comum agrícola, com preços, regras de
concorrência e proteção nas fronteiras comuns a toda a comunidade. Foi aliás o
estabelecimento de preços comuns que determinou a criação de unidade monetária única,
UCA de 1962 a 1979, ECU até final de 2000 e depois EURO.
Os preços eram fixados numa moeda comum e posteriormente convertidos em moeda
nacional, do que resultou um relacionamento direto entre a evolução das políticas agrícolas
e cambial (política agrimonetária) que só deixou de existir com a introdução do EURO;

Preferência comunitária, que consiste em dar preferência ao escoamento da produção


interna no mercado interno, o que implica a aplicação de diferentes medidas face ao
exterior: direitos niveladores à importação e restituições à exportação;

Solidariedade financeira, que reflete o princípio de que numa política comum os custos
devem ser suportados em comum o que obrigou à criação do FEOGA (hoje FEAGA E
FEADER) que, ainda hoje, financia as despesas relativas à política agrícola.

25
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANO DE 1962

Cinco anos após a assinatura do Tratado de Roma, através do Reg.(CEE) nº19/62 foi,
então, instituída a primeira organização comum de mercado, a dos cereais, tendo-se
posteriormente criado todas as outras, que, de uma forma ou de outra, se inspiraram na
OCM dos cereais.
Ao longo destes primeiros cinco anos, a grande questão que surgiu foi a definição do
modelo que melhor garantiria os objetivos de incentivo à produção e de rendimento. De
facto estavam dois modelos em causa:

O modelo franco alemão - modelo que pressupunha uma garantia dos rendimentos através
da fixação dos preços, por via política, cabendo ao consumidor transferir parte dos seus
rendimentos para os agricultores sob a forma de preços mais elevados do que aqueles que
resultariam do funcionamento do mercado. E se o sistema criasse excedentes, como veio a
acontecer, e de forma crónica, o sistema garantia uma segunda forma de suportar os custos
através do orçamento, ou seja, dos contribuintes (que são também consumidores);

O modelo americano – modelo baseado nos “deficiency payments”, em que o nível de


preços resulta da lei da oferta e da procura, apoiando-se os agricultores se, e só se, os
preços de mercado não atingirem um determinado preço de objetivo fixado no início de cada
campanha agrícola. Neste caso, a garantia de rendimento é suportada exclusivamente pelo
orçamento, isto é pelos contribuintes.

O sistema adotado foi um sistema inspirado no modelo franco alemão embora a PAC tenha
ficado marcada por um certo hibridismo uma vez que algumas OCM ´S são inspiradas no
modelo americano, como foi o caso das oleaginosas dos ovinos, etc.

MECANISMOS DAS OCM´S 1962-1992

Para pôr em prática a PAC cada OCM utiliza os seguintes mecanismos de base:

Regime de preços - Assegura o respeito pela unicidade do mercado e consiste na


instituição de três preços institucionais fixados administrativamente e relacionados entre si
através de um sistema, que relaciona cada preço com uma determinada localização
geográfica:

26
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Preço de Intervenção: relacionado com a zona mais excedentária da comunidade, onde o


nível do preço será mais baixo, correspondendo a um preço mínimo de garantia, que
permite manter, numa situação em que a oferta é superior à procura, os preços a um nível
razoável;
Preço Indicativo: relacionado com a zona mais deficitária da comunidade e que
corresponde a um preço desejável;
Preço Limiar: corresponde a um preço mínimo de importação, que garante que um produto
importado chega ao local de consumo a um preço idêntico ao preço indicativo.
Regime de intervenção - Assegura uma garantia total e ilimitada na compra dos produtos
agrícolas de forma obrigatória e permanente, desde que respeitados determinados critérios
de qualidade, o que transformou a intervenção num verdadeiro mercado alternativo, e gerou
a necessidade, dada a resposta dos agricultores, a partir de 87/88, de introdução de um
conjunto de medidas de maior flexibilização e enfraquecimento deste regime;
Regime de trocas - Assegura o respeito pela preferência comunitária, através da cobrança
de direitos niveladores à importação, protegendo o mercado interno das importações a um
preço inferior e das flutuações, por vezes excessivas, dos preços nos mercados mundiais, e
da atribuição de restituições à exportação;
Regime de ajudas - Aplicado em várias ocm´s, como por exemplo as oleaginosas, trigo rijo,
ovinos e caprinos, sempre com o objetivo de incentivar a produção.

Procedeu-se então, após 1962, a uma harmonização de preços, que foram alinhados pelo
Estado membro com os preços mais elevados que era a Alemanha. Daqui resultou que em
França só no primeiro ano de funcionamento da PAC, os preços subiram 40% em termos
reais.

RESULTADOS:
• Os preços recebidos pelos produtores mantiveram-se a um nível substancialmente
elevado;
• Os níveis de produtividade registaram aumentos significativos;
• A evolução tecnológica foi enorme;
• Os níveis de produção aumentaram e não foram acompanhados por idênticos
aumentos do consumo, o que deu origem à criação de excedentes que, tendo
assumido um carácter verdadeiramente estrutural, geraram custos muito elevados
com os stocks, não só pelos encargos com o armazenamento, mas também pelo
custo com o seu escoamento num mercado mundial cada vez mais competitivo.

27
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Assim, gerou-se um sistema insustentável, em que o consumidor pagava os produtos


agrícolas mais caros, mas também suportava os custos com os excedentes. Em simultâneo,
os rendimentos dos agricultores começavam a baixar. De referir que os primeiros sinais de
desequilíbrio apareceram logo em 1968 com excedentes potenciais nos cereais e leite e
aumento brutal dos custos orçamentais que aumentaram seis vezes entre 1960-1970. Tudo
foi evidenciado no relatório do então comissário agrícola (1958-1972) Sicco Mansholt (pai da
PAC), que já alertava para a insuficiência de uma política agrícola apenas baseada no apoio
aos preços e para a necessidade de uma política socio-estrutural complementar, proposta
através do chamado Plano Mansholt. De pouco ou nada serviu este alerta, pois a PAC foi,
apesar disto alargando o sistema de garantias de preços aos bovinos, ovinos, etc.

Ao mesmo tempo eram efetuadas várias tentativas de correção dos desequilíbrios


utilizando, no entanto, o modelo em vigor: maior flexibilização da garantia, introdução dos
estabilizadores orçamentais, etc. Os resultados foram nulos e o modelo de apoio começou a
ser verdadeira e definitivamente posto em causa. Discutiram-se vários modelos alternativos,
e em 1992 adota-se de forma definitiva um novo modelo de Política agrícola.

PERÍODO1993-1999

A REFORMA DE 1992

MECANISMOS
▪ Diminuição significativa dos preços comunitários para níveis mais próximos dos
preços verificados no mercado mundial;
▪ Introdução de pagamentos compensatórios por hectare e por animal;
▪ Introdução de um regime de quotas de produção de base nacional ou individual,
consoante os sectores, que estabelece limites máximos relativamente aos quais
podem ser concedidos estes pagamentos sem penalização;
▪ Introdução de medidas limitativas de utilização dos meios de produção (pousio
obrigatório e encabeçamentos);
▪ Introdução, no âmbito da política socio-estrutural, de três tipos diferentes de medidas
de acompanhamento financiadas em cerca de 75% pela União Europeia.

RESULTADOS (AVALIAÇÃO DA COMISSÃO):

• Melhoria no equilíbrio dos mercados.

28
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Redução drástica dos excedentes.


• Benefício para os consumidores.
• Despesas orçamentais mais bem controladas.
• Maior transparência no apoio aos agricultores.

PERÍODO 2000-2006

A REFORMA DA AGENDA 2000

MOTIVOS:
• Ainda um maior reequilíbrio dos apoios da PAC;
• Aumento previsível do poder de compra de certos países, que conduziria a um
aumento do consumo e com as restrições da OMC às restituições à exportação, só
descendo os preços internos se poderia assegurar uma quota no mercado
internacional;
• Alargamento da U E;
• OMC;
• Não existência de excedentes.

MECANISMOS:

• Reforço dos mecanismos aplicados em 1992: nova descida dos preços institucionais
compensados parcialmente através do aumento das ajudas compensatórias e
alargamento destes mecanismos a outros sectores (ex. o leite);
• Nítida demarcação entre políticas de mercado (OCM`s) (1ºpilar, financiado a 100%
pelo FEOGA) e políticas de desenvolvimento rural (2º pilar, financiado parcialmente
pelo FEOGA);
• Desenvolvimento Rural assente na existência de duas políticas diferentes: uma
política estrutural (investimentos nas explorações agrícolas, instalação de jovens
agricultores, formação, etc), a ser financiada pelo FEOGA-Orientação nas zonas de
objetivo n.º 1, cujo enquadramento é o PDR/QCAIII regendo-se a sua programação
pelo Regulamento geral dos fundos estruturais; e uma política financiada de maneira
horizontal no quadro da linha diretriz agrícola, isto é, através do FEOGA-Garantia
(Reforma Antecipada, Zonas Desfavorecidas e Zonas Sujeitas a Constrangimentos
Ambientais, Medidas Agro-Ambientais e Florestação de Terras Agrícolas).

29
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

RESULTADOS
Interrupção a meio termo e adoção de uma nova reforma em 2003 com aplicação, em
Portugal a 1 de Janeiro de 2005.

A REFORMA DE 2003

De facto, no âmbito da Agenda 2000, estavam previstos ajustamentos a meio termo quer
nos regulamentos sectoriais, quer nos resultados do Conselho que aprovou a Agenda 2000.
No entanto, a Comissão argumentando com:

• A necessidade de as decisões de produção serem de uma vez por todas tomadas


em função do mercado e não em função dos subsídios dados a culturas específicas;
• Legitimação da PAC perante a opinião pública (dissociando os apoios e ligando-os à
condicionalidade);
• A nova ronda da OMC;
• A necessidade de tornar mais fácil o alargamento (dado o elevado número de
agricultores, a pequena dimensão das explorações, a falta de cadastro, a falta de
elementos estatísticos), através da instituição de um regime mais simplificado,
Optou por uma reforma intercalar em 2003, com início de aplicação em 2005

PERÍODO 2005 (6 ou 7) – 2013

MECANISMOS A APLICAR APÓS 1 DE JANEIRO DE 2005 (REFORMA DE 2003)

• Regime de pagamento único: Transformação das ajudas diretas ligadas a


produções específicas em ajudas diretas desligadas da produção, a atribuir
independentemente das opções produtivas dos agricultores
• Condicionalidade
• Modulação
• Tetos máximos

CONDICIONALIDADE
A Condicionalidade, é um elemento da PAC da maior importância na medida em que
pretende garantir por um lado que o agricultor pratica uma agricultura que respeita o

30
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ambiente, preserva a saúde e bem-estar animal e promove a segurança alimentar e,


simultaneamente, visa assegurar a manutenção das terras em boas condições agrícolas e
ambientais, impedindo o abandono das terras agrícolas, num regime de apoios desligado da
produção.

Assim, os agricultores que beneficiem de:

• Ajudas diretas – RPU (Regime Pagamento Único), prémios específicos, …

• Medidas Agro-Ambientais, Medidas Silvo-Ambientais, Apoio à atividade agrícola em


zonas desfavorecidas, Apoio à Primeira Florestação de Terras Agrícolas;

• Apoio à reestruturação e reconversão das vinhas ou do Prémio ao arranque da vinha


(ao abrigo da nova OCM vitivinícola);

Têm de satisfazer as obrigações impostas pela Condicionalidade, ou seja têm de cumprir os


Requisitos Legais de Gestão (Aviso nº 8269/2010; Diário da República, 2ª Série)-
obrigações em matéria de ambiente, saúde pública e animal, fitossanidade, e bem estar
animal e as Boas Condições Agrícolas e Ambientais (Despacho Normativo nº 3/2010;
Diário da República, 2ª Série) em todas as atividades agrícolas7e na superfície agrícola da
exploração.

Em caso de incumprimento, da responsabilidade do agricultor, o montante total dos


pagamentos referidos do ano em causa, é reduzido ou, mesmo totalmente suprimido.

MODULAÇÃO OBRIGATÓRIA
De aplicação obrigatória desde 1 de Janeiro de 2005, corresponde à redução das ajudas
diretas concedidas a cada agricultor

A redução é efetuada de acordo com as seguintes percentagens:


2005 – 3%
2006 – 4%
2007 – 5%
2008 – 5%

7
Actividade agrícola: a produção, criação, ou cultivo de produtos agrícolas, incluindo a colheita,
ordenha, criação de animais para fins de produção, ou a manutenção das terras em BCAA – Boas
Condições Agrícolas e Ambientais.

31
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2009 – 5%
2010 – 5%
2011 – 5%
2012 – 5%

Aos agricultores afetados pela modulação obrigatória, será concedido um montante


suplementar de ajuda, para o ano civil em causa, no valor de 5.000 euros, ou menos, de
pagamentos diretos, o que se traduz, na prática, numa franquia de valor igual ao total das
ajudas diretas recebidas por um determinado agricultor, até um máximo de 5.000 euros.

Dos montantes libertados com a aplicação da modulação, 80% ficam no Estado membro
que o gerou, sendo os restantes 20% redistribuídos por todos os Estados membros de
acordo com três critérios:

 superfície agrícola;
 emprego agrícola; e
 PIB per capita em paridade de poder de compra.

De referir que, de acordo com os cálculos já efetuados para o ano civil de 2005, a
modulação líquida (modulação de 3% - montante adicional da franquia) foi de,
aproximadamente, 7 M€ e o “recebido” para aplicar nas medidas de apoio ao
Desenvolvimento Rural, no ano de 2006, foi de, aproximadamente, 23 M€, montante este
que Portugal não utilizou.

Porque é que foi instituída a Modulação Obrigatória?

Para se atingir um melhor equilíbrio entre os instrumentos da PAC, que são o 1.º e 2.º
Pilares, no sentido de contrariar (daí o carácter obrigatório) o forte peso, em termos
financeiros, do 1.º pilar face ao 2.º pilar. Este desequilíbrio verifica-se na maior parte dos
EM, contrariamente a Portugal, que é o EM com maior equilíbrio entre os dois pilares na
UE15.

BALANÇO DE SAÚDE – 2008

• Como tornar o RPU (Regime de Pagamento Único) mais eficaz, mais eficiente e
mais simples?

32
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Como justificar a existência dos atuais instrumentos de apoio ao mercado, criados


numa Comunidade a seis, num mundo cada vez mais globalizado e numa união
europeia de vinte e sete Estados membros?
• Como vencer os novos desafios:
- alterações climáticas;
- desenvolvimento dos biocombustíveis;
- gestão dos recursos hídricos;
- biodiversidade;
- reestruturação do sector leiteiro.

Modulação
Taxas a aplicar: Qualquer montante de pagamento direto referido anteriormente que exceda
os 5.000 euros é reduzido, em cada ano, nas seguintes percentagens:
>5.000 e <=300.000 euros > 300.000 euros
Anos Nova
Taxa atual Total Nova taxa Taxa atual Total
taxa
2009 2% 5% 7% 6% 5% 11%
2010 3% 5% 8% 7% 5% 12%
2011 4% 5% 9% 8% 5% 13%

2012 5% 5% 10% 9% 5% 14%

Montantes resultantes da modulação

Modulação obrigatória inicial - A modulação obrigatória de 5%, tem subjacente um


mecanismo de redistribuição comunitário que, no caso português, tem como resultado uma
libertação de fundos para medidas do PRODER (sujeitas às regras normais de co-
financiamento), cerca de três vezes superiores ao montante retido através da redução das
ajudas;
Modulação obrigatória suplementar - A nova taxa de modulação obrigatória, já não tem
subjacente um mecanismo de redistribuição comunitária, sendo os fundos libertados
aplicados diretamente nas seis novas medidas de desenvolvimento rural – alterações
climáticas, energias renováveis, gestão da água, biodiversidade, medidas de
acompanhamento da reestruturação do sector leiteiro e apoio à inovação relacionada com
as alterações climáticas, energias renováveis, gestão da água e biodiversidade - e sujeitas
às regras normais de co-financiamento;

33
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS





2.3 PAC pós 2013 (Período 2014-2020)

A comunicação da Comissão “A PAC no horizonte 2020”, de 18 de novembro de 20108,


refere que os principais objetivos da PAC previstos no Tratado de Roma permaneceram os
mesmos ao longo dos anos. No entanto, o processo de reforma da PAC empreendido desde
o início dos anos 90 alterou totalmente a estrutura e componentes desta política.
Os grandes desafios que se apresentam dizem respeito à capacidade de produção da
agricultura, à crescente diversidade das zonas agrícolas e rurais depois dos sucessivos
alargamentos e às exigências dos cidadãos da UE em matéria de ambiente, segurança e
qualidade alimentar, nutrição saudável, saúde e bem-estar animais, fitossanidade,
preservação do mundo rural, biodiversidade e alterações climáticas. Ao mesmo tempo, os
instrumentos necessários para atingir os objectivos também mudaram consideravelmente.
Hoje, eles estão estruturados em torno de dois pilares complementares, o primeiro
constituído pelas ajudas directas e as medidas de mercado e o segundo pelas medias
plurianuais de desenvolvimento rural.
A introdução dos pagamentos directos serviu de alavanca para a adopção de reformas
coerentes orientadas para o mercado e melhorou a competitividade do sector agrícola,
incentivando os agricultores a adaptar-se às condições do mercado. Os pagamentos
directos dissociados constituem actualmente um apoio ao rendimento de base e um apoio
aos bens públicos básicos pretendidos pela sociedade europeia.
Por causa desta maior orientação para o mercado, as medidas de mercado, que foram no
passado os principais instrumentos da PAC, representam actualmente apenas uma mera
rede de segurança utilizada unicamente em caso de diminuições de preços significativas.

A Comissão salienta que no seu conjunto, a actual série de medidas de política constitui a
principal contribuição da PAC, ou seja, uma agricultura da UE equilibrada ao nível territorial
e ambiental num ambiente económico aberto. Para que o sector agrícola possa oferecer
mais benefícios públicos no futuro, é necessária uma forte política pública, uma vez que os
bens fornecidos não podem ser adequadamente remunerados e regulados através do
funcionamento normal dos mercados.

8 Comunicação da Comissão de 18 de Novembro de 2010, intitulada «A PAC no horizonte 2020: Responder aos desafios do
futuro em matéria de alimentação, recursos naturais e territoriais» [COM(2010) 672 – Não publicada no Jornal Oficial].

34
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Segundo a Comisão Europeia a supressão do apoio público proveniente da PAC levaria a


uma maior concentração da produção agrícola em certas zonas que beneficiam de
condições particularmente favoráveis e praticam uma agricultura mais intensiva, enquanto
as zonas menos competitivas enfrentariam a marginalização e o abandono das terras9. Esta
evolução resultaria num aumento da pressão sobre o ambiente e na deterioração de
habitats valiosos, com graves consequências económicas e sociais, incluindo a deterioração
irreversível da capacidade de produção agrícola europeia.
A agricultura é uma parte integrante da economia e sociedade europeias. Em termos de
efeitos indirectos, qualquer redução significativa da actividade agrícola europeia resultaria
em perdas no PIB e no emprego em sectores económicos associados – nomeadamente no
âmbito da cadeia de abastecimento agroalimentar, que depende do sector agrícola primário
da UE para a entrada de matérias-primas de alta qualidade, competitivas e fiáveis, assim
como em sectores não ligados à alimentação. As actividades rurais, desde o turismo e os
transportes aos serviços e públicos e locais, também seriam afectadas. O despovoamento
das zonas rurais iria provavelmente sofrer uma aceleração, com consequências ambientais
e sociais importantes.

Atualmente a sociedade europeia pede que a PAC continue a assegurar segurança e


qualidade alimentar, mas que o faça de um modo sustentável na utilização dos recursos
naturais e no respeito pelas gerações futuras, que contribuía para a mitigação dos riscos
associados às alterações climáticas, e que, fundamentalmente no caso dos países do sul
da Europa, contribua para evitar a desertificação.

São múltiplos e complexos, os desafios que a Sociedade Europeia enfrenta no atual


contexto de crise económica. Ao iniciar um novo período de programação, de 2014 até
2020, a PAC pode ser um poderoso instrumento para o desenvolvimento económico e para
a coesão social, objetivos para os quais contribui com o apoio à produção de alimentos e
matérias-primas, bem como de bens públicos como a manutenção da biodiversidade e da
paisagem rural, o sequestro de gases com efeito de estufa, a manutenção dos solos e do
ciclo da água. A concretização destes objetivos requer uma política pública forte,
abrangente nas suas opções, baseada em regras comuns e com meios suficientes para
promover o desenvolvimento sustentável da agricultura em todo o território da UE.

9 Ver Scenar 2020 – Estudo sobre as perspetivas da agricultura e do mundo rural.

35
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reforma da Política Agrícola Comum – Resultados do Conselho de Ministros da


Agricultura da União Europeia 18 e 19 março 2013
No âmbito da realização do Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia,
Portugal conseguiu no acordo político dos 27 Estados Membros, alcançar o que considerou
ser os seus principais objetivos políticos para a Política Agrícola Comum pós 2013.

Os objetivos alcançados são os seguintes:

1. Pagamentos Diretos
i. Assegurado um maior equilíbrio na convergência interna dos apoios aos
agricultores, sem as fortes perturbações inicialmente estimadas para certos
setores produtivos.
ii. Introduzido um pagamento para as práticas agrícolas “amigas” do ambiente
(greening) com adaptação à realidade agrícola nacional.
iii. Aumento dos montantes de pagamentos ligados à produção.
2. Mecanismos de Mercado
i. Mantido o regime de direitos de plantação da vinha.
ii. Assumido o compromisso por parte da Comissão Europeia para analisar as
opções de regulação de mercado após o fim da quota leiteira.
iii. Reforçado o papel das Organizações de Produtores.
3. Desenvolvimento Rural
i. Possibilidade de apoio à criação de novas infraestruturas de regadio.
ii. Aumento da taxa de apoio para investimentos para a melhoria do
desempenho económico das florestas.
iii. Incentivos claros ao aumento de escala e fusões de Organizações de
Produtores com majoração de apoio de 20%.
iv. Criação de um sistema de gestão de risco, com um aumento da taxa de apoio
para 75% para os seguros de colheita.

Com o referido acordo político dos 27 Estados Membros, a Presidência do Conselho fica
mandatada para negociar com o Parlamento Europeu um acordo final sobre a Politica
Agrícola Comum.

36
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reforma da Política Agrícola Comum – Resultados do Conselho de Ministros da


Agricultura da União Europeia 24 e 25 de junho 2013

No realização do Conselho de Agricultura da União Europeia, Portugal no acordo político


dos 27 Estados Membros, quis garantir as condições necessárias para continuar a aumentar
a produção, aumentar as exportações e tornar a agricultura numa opção cada vez mais
atrativa para os jovens no âmbito da Política Agrícola Comum pós 2013.

Os objetivos alcançados são os seguintes:

1. Assegurado um maior equilíbrio na distribuição dos apoios aos agricultores, sem


as fortes perturbações inicialmente estimadas para certos sectores produtivos:
• Assegurado um maior equilíbrio na convergência interna dos apoios aos agricultores,
mas mantendo a viabilidade dos sectores mais produtivos, como o leite, o arroz,
tomate e outras culturas de regadio como o caso do milho. Conseguiu-se agora
evitar as perdas temidas para estes sectores de 80%, através da introdução de um
mecanismo de travão às perdas de 30% ao nível de cada agricultor;
• Garantia de que todos os agricultores recebem um pagamento mínimo indicativo de
60% da média nacional por hectare;
• Envelope específico para apoio aos jovens agricultores;
• Introdução de um pagamento para práticas agrícolas "amigas" do ambiente
(greening) com adaptação à realidade agrícola nacional;
• Possibilidade de manter pagamentos ligados a um nível superior aos outros países
de forma a defender as especificidades da nossa agricultura.

2. Salvaguardados mecanismos para estabilidade dos mercados agrícolas e reforçado


a posição negocial das Organizações de Produtores na cadeia alimentar:
• Na vinha, manteve-se o atual regime de direitos de plantação até final de 2016, ao
qual se seguirá um novo regime de autorizações de plantação, conforme defendido
por Portugal, até 2030;
• Garantia de regulação para o sector do leite após o fim do regime de quotas,
prevendo-se ainda uma reunião de alto nível para discutir este assunto, a realizar no
próximo Setembro; neste sector melhorou-se ainda a rede de segurança, através do
reforço dos mecanismos de intervenção;
• Foi reforçado o papel negocial de Organizações de Produtores e Organizações
Interprofissionais, para a totalidade dos sectores abrangidos pela OCM Única;

37
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Alargada a todos os sectores a possibilidade do Estado-Membro implementar


contratos obrigatórios para toda a cadeia alimentar, tal como já previsto no sector do
leite.

3. Desenvolvimento Rural
• Apoio ao regadio, fundamental para Portugal, e que tinha sido excluído na proposta
inicial da Comissão;
• Aumento do apoio ao investimento no sector florestal;
• Incentivos claros aos investimentos das Organizações de Produtores no caso de
aumento de escala e fusões;
• Criação de um sistema de seguros de colheita no desenvolvimento rural, com
financiamento comunitário;
• Taxa co-financiamento de 85% até 2016 e envelope adicional de 500 M€ sem
necessidade de co-financiamento nacional.

Política Agrícola Comum e Política 2014-2020: diplomas formalmente aprovados

Regulamentos Base

Desenvolvimento Rural – Regulamento (EU) n.º 1305/2013 do Parlamento Europeu


e do Conselho, de 17 de dezembro de 2013, relativo ao apoio ao desenvolvimento
rural pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e que
revoga o Regulamento (CE) n.º 1698/2005 do Conselho.

Regulamento Horizontal – Regulamento (EU) n.º 1306/2013 do Parlamento


Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro de 2013, relativo ao funcionamento, à
gestão e ao acompanhamento da Política Agrícola Comum e que revoga os
Regulamentos (CEE) n.º 352/78, (CE) n.º165/94, (CE) n.º 2799/98, (CE) n.º814/2000,
(CE) n.º1290/2005 e (CE) n.º 485/2008 do Conselho.

Pagamentos Diretos – Regulamento (EU) n.º 1307/2013 do Parlamento Europeu e


do Conselho, de 17 de dezembro de 2013, que estabelece regras para os
pagamentos diretos aos agricultores ao abrigo de regimes de apoio no âmbito da
PAC e que revoga o Regulamento (CE) n.º 637/2008 do Conselho e o Regulamento
(CE) n.º 73/2009 do Conselho. Entrou em vigor em 1 de janeiro de 2015.

38
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

OCM Única – Regulamento (EU) n.º 1308/2013 do Parlamento Europeu e do


Conselho, de 17 de dezembro de 2013, que estabelece uma organização comum
dos mercados dos produtos agrícolas e que revoga os Regulamentos (CEE) n.º
922/72, (CEE) n.º 234/79, (CE) n.º 103797/2001 do Conselho.

Regras de transição - Regulamento (EU) n.º 1310/2013 do Parlamento Europeu e


do Conselho, de 17 de dezembro de 2013, que estabelece certas disposições
transitórias relativas ao apoio ao desenvolvimento rural (FEADER), que altera o
Regulamento (UE) n.º 1305/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho no que se
refere aos recursos e à sua distribuição em relação ao exercício de 2014, bem como
o Regulamento (CE) n.º 73/2009 do Conselho e os Regulamentos (UE) n.º
1907/2013, (UE) n.º 1306/2013 e (UE) n.º 1308/2013 do Parlamento Europeu e do
Conselho no que se refere à sua aplicação em 2014.

Atos delegados

Reg. Delegado (UE) n.º 907/2014 / Comissão - Completa o Reg. (UE) n.º 1306/2013 do PE
e do Conselho no que se refere aos organismos pagadores e outros organismos, à gestão
financeira, ao apuramento das contas, às garantias e à utilização do euro.

Reg. Delegado (UE) n.º 906/2014 / Comissão - Complementa o Reg. (UE) n.º 1306/2013 do
PE e do Conselho no que diz respeito às despesas de intervenção pública.

Reg. Delegado (UE) n.º 807/2014 / Comissão - Completa o Reg. (UE) n.º 1305/2013 do PE
e do Conselho, relativo ao apoio ao desenvolvimento rural pelo Fundo Europeu Agrícola de
Desenvolvimento Rural (FEADER), e que estabelece disposições transitórias.

Reg. Delegado (UE) n.º 640/2014 / Comissão - Completa o Reg. (UE) n.º 1306/2013 do PE
e do Conselho no que diz respeito ao sistema integrado de gestão e de controlo e às
condições de recusa ou retirada de pagamentos, bem como às sanções administrativas
aplicáveis aos pagamentos diretos, ao apoio ao desenvolvimento rural e à condicionalidade.

Reg. Delegado (UE) n.º 639/2014 / Comissão - Completa o Reg. (UE) n.º 1307/2013 do PE
e do Conselho que estabelece regras para os pagamentos diretos aos agricultores ao abrigo
de regimes de apoio no âmbito da política agrícola comum e que altera o anexo X do
mesmo regulamento.

39
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reg. Delegado n.º 502/ 2014 / Comissão Completa o Reg. (CE) n.º 73/2009 do Conselho e
o Reg. (UE) n.º 1307/2013 do PE e do Conselho no que respeita à base de cálculo das
reduções a aplicar pelos Estados-Membros aos agricultores, decorrentes da redução linear
dos pagamentos em 2014 e da disciplina financeira para 2014.

Reg. Delegado (UE) n.º 994/2014 / Comissão Altera os anexos VIII e VIII-C do Reg. (CE)
n.º 73/2009 do Conselho, o anexo I do Reg. (UE) n.º 1305/2013 do PE e do Conselho e os
anexos II, III e VI do Reg. (UE) n.º 1307/2013 do PE e do Conselho.

Regulamentos de execução

Reg. de Execução (UE) n.º 908/2014 / Comissão - Estabelece as normas de execução do


Reg. (UE) n.º 1306/2013 do PE e do Conselho no que diz respeito aos organismos
pagadores e outros organismos, gestão financeira, apuramento das contas, controlos,
garantias e transparência.

Reg. de Execução (UE) n.º 834 / 2014 / Comissão - Estabelece regras para a aplicação do
quadro comum de acompanhamento e avaliação da política agrícola comum.

Reg. de Execução (UE) n.º 809 / 2014 / Comissão - Estabelece as normas de execução do
Reg. (UE) n.º 1306/2013 do PE e do Conselho no que diz respeito ao sistema integrado de
gestão e de controlo, às medidas de desenvolvimento rural e à condicionalidade.

Reg. de Execução (UE) n.º 808/2014 / Comissão - Estabelece normas de execução do


Regulamento (UE) n.º 1305/2013 do PE e do Conselho, relativo ao apoio ao
desenvolvimento rural pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (Feader).

Reg. de Execução (UE) n.º 641/2014 / Comissão - Fixa as normas de execução do Reg.
(UE) n.º 1307/2013 do PE e do Conselho, que estabelece regras para os pagamentos
diretos aos agricultores ao abrigo de regimes de apoio no âmbito da política agrícola
comum.

40
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No dia 21 de janeiro de 2015, foi publicado em Diário da Republica10 o Despacho Normativo


n.º 3/2015 que contempla as decisões nacionais no que diz respeito ao 1.º pilar da PAC
(ajudas diretas).

O Regulamento (UE) n.º 1307/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de


dezembro, veio consubstanciar o acordo político alcançado no final de 2013 sobre a reforma
da Política Agrícola Comum (PAC), o qual resulta de três anos de negociações.

A reforma da PAC de 2013 vem introduzir no quadro dos pagamentos diretos aos
agricultores, um conjunto de novos regimes que visam dar resposta aos desafios
económicos, ambientais e territoriais com que a agricultura europeia se defronta.

As decisões nacionais11 pretendem:


• Reforçar o conceito de agricultor ativo e de atividade agrícola;
• Permitir a entrada de novos agricultores no 1.º pilar da PAC, através de uma abertura
controlada do sistema;
• Aplicar a convergência parcial e faseada de apoios como forma de garantir a
estabilidade aos rendimentos dos agricultores;
• Aplicar o regime de pequena agricultura;
• Apoiar os jovens agricultores nas ajudas diretas;
• Atribuir pagamentos ligados para preservar a produção em sistemas ameaçados pelo
abandono.

As informações /esclarecimentos de apoio sobre a operacionalização da PAC são


disponibilizadas nos sites dos vários serviços do Ministério da Agricultura e do Mar,
nomeadamente no site do IFAP12: http://www.ifap.pt e do GPP13: http://www.gpp.pt/.

10 DR, 2.ª série, N.º 14 – 21 janeiro de 2015.


11 Tendo em conta os resultados dos estudos e análises efetuados, da ampla auscultação realizada às organizações
representativas dos setores abrangidos pela reforma da PAC, e da consulta às entidades competentes das regiões autónomas
dos Açores e da Madeira, foi tomado um conjunto de decisões, objeto de comunicação aos serviços da Comissão Europeia a 1
de agosto de 2014, com vista à sua aplicação aos anos 2015 e seguintes.
12 Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas.
13 Gabinete de Planeamento, Politicas e Administração Geral

41
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2.4 Portugal 2020

Portugal 2020 - Acordo de Parceria celebrado entre Portugal e a Comissão Europeia


no âmbito do Quadro Estratégico Comum Europeu 2014-2020

Os fundos europeus estruturais e de investimento (FEEI) são um instrumento fundamental


de apoio ao desenvolvimento do país e à correção das assimetrias regionais que ainda
persistem.

As prioridades estratégicas e os princípios orientadores para a aplicação dos fundos


europeus estruturais e de investimento para o período de 2014-2020, foram estabelecidas
pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 98/2012, de 26 de novembro.

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2013, de 9 de maio, publicada no Diário da


Republica 1.ª série, n.º 96, no dia 20 de maio de 2013, nos termos da alínea g) do artigo
199.º da Constituição, aprova o documento desenvolvido no âmbito do trabalho da
Comissão Interministerial para os Assuntos Europeus (CIAE) e da sua subcomissão
especializada, sobre os pressupostos do Acordo de Parceria, anexo á respetiva resolução
que dela faz parte integrante, enquanto base de orientação para a preparação do Acordo de
Parceria e dos respetivos Programas Operacionais (PO).

No dia 5 de agosto de 2013 foi publicada em Diário da Republica a Resolução da


Assembleia da República n.º 126/2013 sobre as “orientações relativas à negociação do
Acordo de Parceria a celebrar entre Portugal e a Comissão Europeia no âmbito do Quadro
Estratégico Comum Europeu 2014-2020” nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da
Constituição.

O Acordo de Parceria que Portugal assinou com a Comissão Europeia14, designado Portugal
2020, que reúne a atuação dos 5 Fundos Europeus Estruturais e de Investimento – Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), Fundo de Coesão (FC), Fundo Social
Europeu (FSE), Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e Fundo
Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP), adota, para o período de
programação de 2014 a 2020, os princípios da programação estabelecidos para a

14 Decisão de Execução da Comissão, de 30/07/2014, que aprova determinados elementos do Acordo de Parceria com
Portugal CCI2014PT16M8PA001, para o período compreendido entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2020,
apresentados na versão final por Portugal, em 28 de julho de 2014.

42
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

implementação da “Estratégia Europa 2020” e consagra as políticas de desenvolvimento


económico, social, ambiental e territorial necessárias para apoiar, estimular e assegurar um
novo ciclo nacional de crescimento inteligente (com base no conhecimento e na inovação),
de crescimento sustentável (com uma economia mais eficiente, mais ecológica e
competitiva) e de crescimento inclusivo (uma sociedade com níveis elevados de emprego e
coesão social).

A programação e implementação do Portugal 2020 organizam-se em quatro domínios


temáticos: - Competitividade e Internacionalização; - Inclusão Social e Emprego; - Capital
Humano; - Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos. Considera, ainda, os domínios
transversais relativos à reforma da Administração Pública e à territorialização das
intervenções.

Em termos de elegibilidades para os Fundos Europeus de Investimento (FEDER, FC, FSE,


FEADER e FEAMP), as 7 regiões de Portugal dividem-se em:

• Regiões menos desenvolvidas (PIB per capita < 75% média UE): Norte, Centro,
Alentejo e Região Autónoma dos Açores

Taxa de cofinanciamento dos Fundos: 85%

• Regiões em transição (PIB per capita entre 75% e 90%): Algarve

Taxa de cofinanciamento dos Fundos: 80%

• Regiões mais desenvolvidas (PIB per capita > 90%): Lisboa e Madeira

Taxa de cofinanciamento dos Fundos: 50% (Lisboa) e 85% (Região Autónoma


Madeira)

O Portugal 2020 será operacionalizado através de 16 Programas Operacionais a que


acrescem os Programas de Cooperação Territorial nos quais Portugal participará a par com
outros Estados membros.

O Decreto-Lei n.º 137/2014, de 12 de setembro, estabelece o modelo de governação dos


fundos europeus estruturais e de investimento (FEEI), compreendendo o Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional (FEDER), o fundo Social Europeu (FSE), o Fundo de Coesão
(FC), o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), o Fundo Europeu
dos Assuntos Marítimos (FEAMP) e respetivos programas operacionais (PO) e programas
de desenvolvimento rural (PDR), para o período de 2014-2020, bem como a estrutura
orgânica relativa ao exercício, designadamente, das competências de apoio, monitorização,

43
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

gestão, acompanhamento e avaliação, certificação, auditoria e controlo15. O Decreto-Lei n.º


137/2014, de 12 de setembro, aplica-se, com as devidas adaptações aos PO de cooperação
territorial europeia, no respeito pela prevalência do princípio de acordo entre os Estado-
Membros que os integram e a Comissão Europeia. Também aplica-se, com as devidas
adaptações, ao programa do Fundo Europeu de Apoio aos Carenciados (FEAC).

O Decreto-Lei n.º 159/2014, de 27 de outubro, estabelece as regras gerais de aplicação dos


programas operacionais (PO) e dos programas de desenvolvimento rural (PDR), designados
Portugal 2020, financiados pelos fundos europeus estruturais e de investimento (FEEI).

Os programas operacionais (PO) financiados pelos FEEI são os seguintes:

• Quatro PO temáticos:
✓ Competitividade e Internacionalização;
✓ Inclusão Social e Emprego;
✓ Capital Humano;
✓ Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.
• Cinco PO regionais no continente, correspondentes ao território de cada
Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS16) II:
✓ Norte;
✓ Centro;
✓ Lisboa;
✓ Alentejo;
✓ Algarve.
• Dois PO regionais, correspondentes às regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
• Um PO de assistência técnica.
• Um PO de âmbito nacional, designado Mar 2020.

15
Nos termos do Regulamento (UE) n.º 1303/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro de 2013.
16 “NUTS”, corresponde à unidade territorial de aplicação dos investimentos que designa a classificação europeia criada pelo
Regulamento (CE) n.º 1059/2003, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de maio de 2003, com vista a estabelecer uma
divisão coerente e estruturada do território económico europeu, criando uma base territorial comum para efeitos de análise
estatística de dados, sendo uma classificação hierárquica que subdivide cada Estado-Membro em unidades territoriais de nível
NUTS I, cada uma das quais é subdividida em unidades territoriais ao nível de NUTS II, sendo estas, por sua vez, subdivididas
em unidades territoriais ao nível de NUTS III. Decreto-Lei n.º 137/2014, de 12 de setembro.

44
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os PDR financiados pelos FEEI são os seguintes:

• O PDR 2020, para o continente;


• O PRORURAL+, para a Região Autónoma dos Açores;
• O PRODERAM 2020, para a Região Autónoma da Madeira.

O modelo de governação do Portugal 2020 tem um nível de coordenação política e um nível


de coordenação técnica.
O órgão de coordenação política para o conjunto dos FEEI é a Comissão Interministerial de
Coordenação do Acordo de Parceria, designada CIC Portugal 2020.
A estrutura orgânica responsável pela coordenação técnica do Portugal 2020 compreende
os seguintes níveis de atuação:
• Nível geral do Portugal 2020, que é assegurado pela Agência, I.P.
• Nível de cada um dos FEEI, que é garantido pelos seguintes órgãos:
✓ A Agência, I.P., para os fundos da política de coesão (FEDER, FSE,
FC) e para o FEAC;
✓ A Comissão de Coordenação Nacional (CCN), para o FEADER;
✓ A Comissão de Coordenação (CCF), para o FEAMP.

A autoridade de gestão é a entidade responsável pela gestão, acompanhamento e execução


do respetivo PO ou PDR.

A contribuição pública nacional dos projetos financiados pelos fundos europeus estruturais e
de investimento (FEEI) é suportada através de dotações adequadas inscritas no Orçamento
do Estado. Essas dotações constam de mapa a incluir no relatório do Orçamento do Estado,
evidenciando os montantes e fontes de financiamento.

As competências de coordenação técnica, aplicação de fundos, acompanhamento,


monitorização, avaliação e auditoria e controlo são apoiadas por um sistema de informação,
designado SI PT2020.

O Balcão Portugal 2020 constitui o ponto de acesso geral e comum dos promotores de
operações no âmbito dos FEEI, através de portal próprio e da ligação aos portais das
autoridades de gestão e do organismo pagador do FEADER e da autoridade de certificação
do FEAMP.

45
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2.5 Fundos Agrícolas

O Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA), instrumento essencial da


Política Agrícola Comum (PAC) e sua fonte de financiamento, foi criado em 1962. Apesar do
nome, não é um Fundo na verdadeira aceção da palavra, uma vez que não tem
personalidade jurídica e não tem recursos próprios. É, pelo contrário, parte integrante do
orçamento geral da União Europeia. Na prática, o FEOGA foi subdividido em duas secções:

A secção Garantia, destinada a ser o suporte financeiro da política de preços e mercados


agrícolas, política posta em prática através da instituição das organizações comuns de
mercado, e que financia as intervenções destinadas à regularização dos mercados agrícolas
restituições à exportação de produtos agrícolas para países terceiros;

A secção Orientação tem por objetivo financiar as medidas associadas à política sócio-
estrutural.

As despesas assumidas por estes dois fundos foram refletindo a evolução da PAC e, por
isso, de todas as suas reformas. Em 2005 foi decidido alterar a designação deste fundo com
o objetivo de melhor clarificar, sistematizar e classificar as diferentes medidas da PAC e
respetivo financiamento. Assim, para atender a essas diferenças foram criados dois novos
fundos:

O Fundo Europeu Agrícola de Garantia – FEAGA -, que financia todas as medidas de


mercado (restituições à exportação e intervenções para regularização dos mercados) e
também os pagamentos diretos atribuídos aos agricultores (1º Pilar da PAC);

O Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural – FEADER – que financia todas as


medidas previstas nos Programas de Desenvolvimento Rural - (2º Pilar da PAC).

46
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O financiamento da PAC sistematiza-se, assim, da seguinte forma:


1.º 2.º
Pilar da PAC Pilar da PAC

PARTIR

DE

2007

Feoga – Orientação
ATÉ
FEOGA - Garantia
2007 Algumas medidas do
Feoga - Garantia

47
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Assim, atualmente17, a fim de atingir os objetivos da PAC estabelecidos pelo TFUE18, o


financiamento das diversas medidas abrangidas por essa política, incluindo as de
desenvolvimento rural, é assegurado pelos seguintes Fundos:
• O Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA);
• O Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER).

O FEAGA e o FEADER (“Fundos”) fazem parte do orçamento geral da União Europeia


(“orçamento da União).

O FEAGA funciona em gestão partilhada entre os Estados-Membros e a União. O FEAGA


financia as despesas a seguir indicadas, que devem ser efetuadas nos termos do direito da
União:
• Medidas de regularização ou apoio a mercados agrícolas;
• Pagamentos diretos a agricultores previstos no âmbito da PAC;
• Contribuição financeira da União para as ações de informação e de promoção dos
produtos agrícolas no mercado interno da União e em países terceiros, realizadas
pelos Estados-Membro, com base em programas que não sejam do desenvolvimento
rural e selecionadas pela Comissão;
• Contribuição financeira da União para o regime da União de distribuição de fruta e
produtos hortícolas nas escolas19 e para as medidas relacionadas com as doenças
dos animais e perda de confiança dos consumidores20.
O FEAGA financia de forma direta e nos termos do direito da União, as seguintes despesas:
• Promoção dos produtos agrícolas efetuada diretamente pela Comissão ou por
intermédio de organizações internacionais;
• Medidas tomadas de acordo com o direito da União, destinadas a assegurar a
conservação, caracterização, recolha e utilização dos recursos genéticos na
agricultura;
• Criação e manutenção de sistemas de informação contabilística agrícola;

17
Regulamento Horizontal – Regulamento (EU) n.º 1306/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro
de 2013, relativo ao funcionamento, à gestão e ao acompanhamento da Política Agrícola Comum e que revoga os
Regulamentos (CEE) n.º 352/78, (CE) n.º165/94, (CE) n.º 2799/98, (CE) n.º814/2000, (CE) n.º1290/2005 e (CE) n.º 485/2008
do Conselho.
18 Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.
19 Referido no artigo 23.º do Regulamento (UE) n.º 1308/2013.
20 Referida no artigo 115.º do Regulamento (UE) n.º 1308/2013.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Sistemas de inquérito agrícola, incluindo os inquéritos sobre a estrutura das


explorações agrícolas.

O FEADER funciona em gestão partilhada entre os Estados-Membros e a União. O


FEADER financia a contribuição financeira da União para os programas de desenvolvimento
rural executados nos termos do direito da União relativo ao apoio ao desenvolvimento rural.

No respetivo âmbito, os Fundos podem financiar de forma direta por iniciativa da Comissão
e/ou por sua conta, atividades de preparação, vigilância e apoio administrativo e técnico,
bem como ações de avaliação, auditoria e controlo necessárias para a execução da PAC.

Sistema Integrado de Gestão e Controlo

De acordo com o artigo 67.º do Regulamento (UE) n.º 1306/2013 do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 17 de dezembro, cada Estado-Membro cria e mantém um sistema
integrado de gestão e de controlo designado por "sistema integrado".

O Sistema Integrado de Gestão e Controlo inclui os seguintes elementos:

• Base de Dados Informatizada - É o sistema de informação onde são registados em


relação a cada beneficiário, os dados constantes do pedido de ajuda e dos pedidos
de pagamento.

• Sistema de Identificação de Parcelas Agrícolas - É o sistema de informação


geográfica de identificação de parcelas que visa a caracterização das explorações
agrícolas, e constitui um dos instrumentos chave do Sistema Integrado de Gestão e
Controlo (SIGC), previsto regulamentarmente, fundamental à gestão das ajudas
comunitárias.

• Sistema de Identificação e Registo dos Direitos ao Pagamento - É o sistema de


identificação e registo dos direitos ao pagamento que garanta designadamente em
relação aos controlos cruzados previstos regulamentarmente a rastreabilidade
efetiva dos direitos ao pagamento, nomeadamente no respeitante aos seguintes
elementos: Titular; Valor; Data de estabelecimento; Data da última ativação; Origem
e Tipo de direito.

49
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Pedidos de Ajuda e Pedidos de Pagamento – Os beneficiários do apoio21


apresentam anualmente, um pedido de pagamentos diretos ou um pedido de
pagamento relativo às superfícies pertinentes e às medidas de desenvolvimento rural
relacionadas com animais.

• Sistema Integrado de Controlo - É um sistema eficaz em que os controlos


administrativos e no local serão efetuados de modo a assegurar a verificação eficaz
do respeito dos requisitos da concessão das ajudas.

• Sistema Único de Registo de Identidade dos Agricultores - É um sistema que


contém a identificação de todos os agricultores que apresentam um pedido de ajuda.

Identificação do Beneficiário

A identificação do beneficiário (IB) é feita mediante a inscrição no sistema de informação do


IFAP, sendo-lhe atribuído um número de identificação - NIFAP- que o permite identificar
perante o IFAP.

A inscrição como beneficiário do IFAP é necessária nas seguintes situações:

• Apresentação de candidaturas aos diversos Regimes de Ajuda pagos pelo IFAP;

• Apresentação de Pedidos de Pagamento;

• Registo de parcelas no Sistema de Identificação Parcelar (SIP), sempre que os


respetivos regimes o exijam;

• Registo de animais no Sistema Nacional de Informação e Registo Animal (SNIRA),


sempre que os respetivos regimes o exijam;

• Qualquer outra situação em que se revele necessário.

Qualquer cidadão que seja detentor de número de contribuinte português e que necessite de
aceder e/ou atualizar os dados no sistema de informação do IFAP pode requerer o IB.

A inscrição no sistema de informação do IFAP deve ser realizada presencialmente em


qualquer das seguintes entidades intervenientes:

• Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte - DRAP Norte

21 O sistema integrado é aplicável aos regimes de apoio enumerados no Anexo I do Regulamento (UE) n.º 1307/2013 e ao
apoio concedido ao abrigo do artigo 21.º, n.º 1, alíneas a) e b), e dos artigos 28.º a 31.º, 34.º e 40.º do Regulamento (UE) n.º
1305/2013 e, se for caso disso, do artigo 35.º, n.º 1, alínea a) e b), do Regulamento (UE) n.º 1303/2013.

50
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro - DRAP Centro

• Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo - DRAP LVT

• Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo - DRAP Alentejo

• Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve - DRAP Algarve

• Direção Regional dos Assuntos Comunitários da Agricultura (DRACA - Açores)

• Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRADR - Madeira)

• Entidades Acreditadas

• Grupos de Ação Local (GAL)

• Grupos de Ação Costeira

Parcelário agrícola

O Parcelário Agrícola22, também designado por Sistema de Identificação de Parcelas


(SIP)23, constitui uma componente fundamental na gestão das ajudas no âmbito da Política
Agrícola Comum, no apoio aos agricultores na apresentação dos seus pedidos de ajuda e
como instrumento que permite à Administração assegurar o controlo adequado e o correto
pagamento das ajudas.

A submissão de formulários de pedidos de ajuda ou de pagamento, junto das entidades


intervenientes (EI) está dependente da prévia inscrição ou atualização dos dados de
identificação:

22
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Regulamento (UE) N.º 1307/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 17 de dezembro de 2013;

Regulamento (UE) N.º 1306/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 17 de dezembro de 2013

Regulamento (CE) N.º 640/2014 de 11 de março de 2014;

Portaria n.º 86/2011 de 25 de fevereiro de 2011;

Despacho Normativo nº6/2015 de 20 de fevereiro de 2015.

23
De acordo com o artigo 70.º do Reg. (UE) n.º 1306/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro, “o
sistema de identificação das parcelas agrícolas é estabelecido com base em mapas, documentos cadastrais ou outras
referências cartográficas. São utilizadas técnicas empregadas nos sistemas informatizados de informação geográfica, incluindo
de preferência orto-imagens aéreas ou espaciais, com um padrão homogéneo que garanta um rigor pelo menos equivalente ao
da cartografia à escala de 1:10 000, e a partir de 2016, à escala de 1:5 000, tendo em conta o formato e a condição da
parcela”.

51
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

1) Do beneficiário no Sistema de Informação do IFAP (SIFAP), através do formulário de


identificação de beneficiário (IB);

2) Da totalidade das parcelas de referência que integram a exploração agrícola no Sistema


de Identificação Parcelar (SIP) e dos animais no Sistema Nacional de Informação e Registo
Animal (SNIRA), sempre que os respetivos regimes o exijam.

A inscrição do beneficiário no SIFAP dá origem à atribuição de um número de identificação


específico, abreviadamente designado por NIFAP, que o beneficiário deve indicar sempre
que se dirija ao IFAP ou a uma entidade interveniente.

Desta forma é necessário que as informações registadas no sistema sejam corretas e


atualizadas.

A criação do SIP tem como objetivo a atribuição de um único número a cada elemento da
exploração agrícola (parcela, prédio, grupo de parcelas e/ou prédios), de modo a permitir a
referenciação geográfica das explorações agrícolas de modo unificado e coerente e a
identificação dos elementos gráficos necessários ao cálculo das Ajudas Comunitárias e para
as ações de controlo.

As parcelas de referência que integram a exploração agrícola no Sistema de Identificação


Parcelar (SIP) são identificadas em função da estrutura fundiária da região e da categoria da
ocupação de solo presente, representam uma porção contínua de terreno homogénea com
limites agronómica e geograficamente estáveis, na qual podem coexistir diferentes
ocupações de solo, podendo abranger parte ou a totalidade de um ou mais prédios rústicos.

Com base no SIP, existe hoje um Sistema de Informação Geográfica (SIG) que gere a
informação de base geográfica correspondente a mais de 400.000 produtores e perto de
3.000.000 de parcelas agrícolas.

Condicionalidade

A condicionalidade é um sistema que está integrado nas normas básicas da PAC e envolve
obrigações em matéria de ambiente, alterações climáticas, boas condições agrícolas e
ambientais das terras, saúde pública, saúde animal, fitossanidade e bem-estar dos animais.

Sem prejuízo do disposto na legislação comunitária e nacional relativamente ao ambiente,


os beneficiários que recebem pagamentos diretos (com exceção dos beneficiários que
participam no regime da pequena agricultura) ao abrigo do Regulamento (UE) n.º

52
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

1307/2013, de 17 de dezembro, pagamentos ao abrigo dos artigos 46.º e 47.º do


Regulamento (UE) n.º 1308/2013, de 17 de dezembro e prémios anuais ao abrigo das
alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 21.º e dos artigos 28.º a 31.º, 33.º e 34.º do Regulamento
(UE) n.º 1305/2013, de 17 de dezembro, devem cumprir um conjunto de normas básicas em
matéria de ambiente, alterações climáticas, boas condições agrícolas e ambientais dos
solos, saúde pública, saúde animal, fitossanidade e bem-estar dos animais.

O Despacho Normativo n.º 6/2015, de 20 de fevereiro (DR, 2ª série – n.º 36 – de 20 de


fevereiro), consubstancia nos seus ANEXOS II (Requisitos Legais de Gestão) e III (Boas
Condições Agrícolas e Ambientais das Terras) este conjunto de normas.

A essas obrigações estão sujeitos os agricultores beneficiários de pagamentos diretos,


pagamentos no âmbito do desenvolvimento rural (agroambiente e clima, agricultura
biológica, pagamentos a título da Rede Natura 2000 e da Diretiva-Quadro da Água, zonas
sujeitas a condicionantes naturais ou a outras condicionantes específicas, serviços
silvoambientais e climáticos e conservação das florestas), reestruturação e reconversão de
vinhas, prémios anuais ao abrigo do Investimentos no desenvolvimento das zonas florestais
e na melhoria da viabilidade das florestas.

O não cumprimento das regras em causa aplicáveis a uma exploração, poderá ter como
consequência uma redução do valor das ajudas a pagar relativamente ao ano civil em que
as obrigações não foram integralmente cumpridas.

Os agricultores abrangidos pelo regime aplicável aos pequenos agricultores (Regime da


Pequena Agricultura), por razões de simplificação, estão isentos da condicionalidade, em
especial do seu sistema de controlo e do risco de sanções aplicadas no seu âmbito.
Contudo, tal isenção não prejudica a obrigação de cumprirem as disposições aplicáveis do
direito setorial nem a possibilidade de serem objeto de controlos e sujeitos a sanções ao
abrigo desse direito.

2.6 Programa de Desenvolvimento Rural

O Regulamento (UE) nº1305/2013 do Parlamento Europeu do Conselho, de 17 de


dezembro, estabelece as regras que regulam o apoio da União Europeia ao
desenvolvimento rural, financiado pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural

53
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(FEADER) estabelecido pelo Regulamento (UE) n.º 1306/201324, do Parlamento Europeu e


do Conselho, de 17 de dezembro.

O FEADER contribui para a realização da estratégia Europa 2020, através da promoção do


desenvolvimento rural sustentável em toda a União, em complementaridade com os outros
instrumentos da PAC, a política de coesão e a política comum das pescas. Contribui para o
desenvolvimento de um setor agrícola da União mais equilibrado sob o ponto de vista
territorial e ambiental, menos prejudicial para o clima e mais resistente às alterações
climáticas, e mais competitivo e inovador. O FEADER contribui igualmente para o
desenvolvimento dos territórios rurais.

Em Portugal, para o período 2014-2020, estão definidos três programas de desenvolvimento


rural:
• O PDR 2020, para o continente;
• O PRORURAL+, para a Região Autónoma dos Açores;
• O PRODERAM 2020, para a Região Autónoma da Madeira.

A autoridade de gestão é a entidade responsável pela gestão, acompanhamento e execução


do respetivo PDR.

São autoridades de gestão dos PDR, as seguintes:


• Autoridade de gestão do PDR 2020, para o continente;
• Autoridade de gestão para a Região Autónoma dos Açores;
• Autoridade de gestão para a Região Autónoma da Madeira.

O Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P. (IFAP, I.P.) é a autoridade de


certificação para o FEADER e também para o FEAMP, sendo responsável por apresentar à
Comissão Europeia as declarações de despesa e os pedidos de pagamento, assegurando
que resultam de sistema contabilísticos fiáveis.

O IFAP, I.P.25, é o organismo pagador do FEADER, acreditado nos termos do artigo 7.º do
Regulamento (UE) n.º 1306/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de

24 Regulamento Horizontal – Regulamento (EU) n.º 1306/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro
de 2013, relativo ao funcionamento, à gestão e ao acompanhamento da Política Agrícola Comum e que revoga os
Regulamentos (CEE) n.º 352/78, (CE) n.º165/94, (CE) n.º 2799/98, (CE) n.º814/2000, (CE) n.º1290/2005 e (CE) n.º 485/2008
do Conselho.

54
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

dezembro de 2013, pelo membro do Governo responsável pela área das finanças, sob
proposta da Inspeção-Geral de Finanças (IGF).

Com exceção do pagamento das ajudas comunitárias, o organismo pagador (IFAP) pode
delegar, mediante celebração de protocolo, as competências no âmbito do FEADER,
designadamente no que respeita à receção, análise e restantes operações de controlo
administrativo dos pedidos de pagamento e à realização dos controlos in loco, nas DRAP26,
ou noutras entidades, sendo estas atividades financiadas pelo eixo assistência técnica do
PDR 202027.

A IGF28 é o organismo de certificação do FEADER. O organismo de certificação exerce as


competências previstas no artigo 9.º do Regulamento (UE) n.º 1306/2013, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro, e na demais legislação europeia e nacional
que seja aplicável.

PDR 2020

O PDR 2020 foi aprovado formalmente pela Comissão Europeia através da Decisão C
(2014) 9896 final, de 12 de dezembro de 2014.

A visão da estratégia nacional para a agricultura e o desenvolvimento rural, nomeadamente


na formulação do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, tem como base
determinante a concentração dos apoios no setor agrícola e na produção de bens
transacionáveis dirigidos a agentes diretamente envolvidos na criação de valor a partir de
atividades agroflorestais, assente numa gestão eficiente dos recursos. Neste
enquadramento, e tendo em consideração os três objetivos da PAC, o PDR 2020 pretende o
Crescimento sustentável do sector agro-florestal em todo o território nacional, tendo
como objetivos estratégicos:
• Crescimento do valor acrescentado do sector agroflorestal e rentabilidade económica
da agricultura;
• Promoção de uma gestão eficiente e proteção dos recursos;
• Criação de condições para a dinamização económica e social do espaço rural.

25 Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas.


26 Direções Regionais de Agricultura e Pescas.
27 Nos termos do artigo 51.º do Regulamento (UE) n.º 1305/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro
de 2013.
28 Inspeção-Geral de Finanças.

55
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O PDR 2020 tem a seguinte arquitetura:

A1: Inovação e conhecimento


• Medida 1 (M1) – Inovação, com 1 ação
• Medida 2 (M2) – Conhecimento, com 2 ações
A2: Competitividade e organização da produção
▪ Medida 3 (M3) – Valorização da produção agrícola, com 4 ações
▪ Medida 4 (M4) – Valorização dos recursos florestais, com 1 ação
▪ Medida 5 (M5) – Organização da Produção, com 3 ações
▪ Medida 6 (M6) – Gestão risco e restabelecimento potencial produtivo, com 2 ações
A3: Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima
▪ Medida 7 (M7) – Agricultura e recursos naturais, com 12 ações
▪ Medida 8 (M8) – Proteção e reabilitação de povoamentos florestais, com 2 ações
▪ Medida 9 (M9) – Manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas, com 1
ação
A4: Desenvolvimento Rural
▪ Medida 10 (M10) – Leader, com 4 ações

Toda a informação sobre as várias medidas, candidaturas e legislação do PDR2020 pode


ser consultada em www.pdr-2020.pt.

2.7 Ajudas Diretas: PAC 2015-2020

Regime Pagamento Base (RPB)

O Regulamento (UE) n.º 1307/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de


dezembro de 2013, que estabelece as regras dos pagamentos diretos aos agricultores no
âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), veio introduzir novos regimes de apoio direto em
resultado do acordo político sobre a reforma da PAC.

Em 2015 foi instituído o Regime de Pagamento Base (RPB) ao abrigo do qual são atribuídos
novos direitos, de acordo com o estipulado no Regulamento (UE) n.º 1307/2013.

O apoio a título do RPB é concedido aos agricultores mediante ativação de um direito ao


pagamento por hectare elegível. Os direitos ao pagamento ativados dão lugar ao pagamento

56
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

anual dos montantes neles fixados, sem prejuízo da aplicação reduções previstas nos
artigos 7.º (limites máximos nacionais) 8.º (disciplina financeira) e 11.º (redução dos
pagamentos) do Regulamento (UE) n.º 1307/2013 e da aplicação das reduções e sanções
estabelecidas no Regulamento (UE) n.º 1306/2013.

A ativação dos direitos em áreas de baldio, só pode ser efetuada por agricultores, cujo
cálculo da atribuição inicial dos direitos ao pagamento foi realizada com base em áreas de
baldio. Para além destes, podem também utilizar áreas de baldio os herdeiros desses
agricultores, ou os agricultores que resultem de alterações de denominação ou estatuto
jurídico, fusão ou cisão desses agricultores.

São elegíveis, ao longo do período do compromisso do agricultor, as parcelas de superfícies


florestadas ao abrigo das medidas relativas à florestação de terras agrícolas dos Reg. n.º
1257/1999, do Conselho; do Reg.n.º 1698/2005, do Conselho e do Reg.n.º 1305/2013, do
Parlamento Europeu e do Conselho, desde que essas superfícies pudessem permitir a
utilização de direitos ao abrigo do RPU em 2008.

As parcelas declaradas como hectares elegíveis ligados aos direitos ao pagamento, têm de
estar à disposição do agricultor a 31 de maio de cada ano e devem cumprir as condições de
elegibilidade ao longo de todo o ano civil.
Os direitos ao pagamento que não derem lugar a pagamentos durante 2 anos consecutivos
revertem para a reserva nacional de direitos, de acordo com o artigo 31.º do Regulamento
(UE) n.º 1307/2013.

Os pagamentos são efetuados em duas prestações por ano, no máximo, no período


compreendido entre 1 de dezembro e 30 de junho do ano seguinte.

Regime Pagamento Redistributivo

A Portaria n.º 321/2016, de 16 de dezembro, e posteriormente a Portaria n.º 273/2017, de 14


de setembro, que alteram a Portaria n.º 57/2015, estabelece que a partir da campanha de
2017 é implementado o Pagamento Redistributivo. Este pagamento anual é concedido até
aos primeiros 5 ha elegíveis, desde que sejam ativados com direitos ao pagamento do
Regime de Pagamento Base (RPB). O montante anual é apurado através da multiplicação
do valor unitário indicativo de 50 € pelo número de direitos ativados, no máximo de
cinco (5).

57
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Segundo o disposto no artigo 34.º-B da Portaria n.º 273/2017, o limite máximo financeiro
anual do pagamento redistributivo é fixado em 3,90211036% do limite máximo nacional do
anexo II do Regulamento (UE) n.º 1307/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17
de dezembro, para o ano de 2018 e 3,84580090% em 2019.

O montante de financiamento necessário para a obtenção do limite máximo financeiro anual


do pagamento redistributivo é obtido anualmente pela redução linear do valor de todos os
direitos ao pagamento do RPB. A redução linear a aplicar ao valor unitário de todos os
direitos ao pagamento RPB é de 6,187417% e 5,486919% nos anos de 2018 e 2019,
respetivamente.

Pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e ambiente (Greening)

Um dos objetivos da nova PAC é a melhoria do desempenho ambiental através de uma


componente “ecologização” obrigatória dos pagamentos diretos e que apoia as práticas
agrícolas benéficas para o clima e ambiente (greening).

Os agricultores com direito ao pagamento do Regime de Pagamento Base (RPB) têm direito
ao pagamento greening, desde que observem em todos os hectares elegíveis as práticas
agrícolas benéficas para o clima e ambiente, estabelecidas no Reg.(EU) n.º 1307/2013 do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro de 2013.

As práticas agrícolas benéficas para o clima e ambiente são as seguintes:

1. Diversificação de culturas (DC);

2. Manutenção dos prados permanentes (PP);

3. Detenção de uma superfície de interesse ecológico (SIE).

Os agricultores que participam no regime da pequena agricultura estão dispensados das


práticas do greening.

O pagamento greening corresponde a uma percentagem do valor dos direitos ao pagamento


(ao abrigo do Regime de Pagamento Base) ativados pelo agricultor em determinado ano.

Essa percentagem é calculada dividindo o montante disponível para o greening do ano pelo
montante total de direitos ativados nesse mesmo ano.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pagamento para os jovens agricultores

O pagamento jovem é um pagamento anual complementar que incide sobre os jovens


detentores de direitos de pagamento base e ativados no pedido.

Este pagamento é concedido a jovens que cumulativamente cumpram os seguintes


requisitos:

• Não tenha mais do que 40 anos no primeiro ano de apresentação do pedido de


pagamento jovem, ou seja, só são elegíveis agricultores que completem, no máximo,
40 anos até 31/12 do ano de candidatura.

• Se instalem pela primeira vez numa exploração agrícola na qualidade de


responsável da exploração, ou em 1ª instalação no período de 5 anos anterior à 1ª
apresentação do pedido de pagamento jovem (não sendo contabilizado o ano em
que se verifica a instalação se esta for posterior ao ultimo dia do prazo de
apresentação do PU).

• Cumpram com os critérios de competência e formação dispostos no artigo 27.º


da Portaria n.º 57/2015, republicada pela Portaria nº 24-B/2016 e alterada pelas
Portarias n.º 321/2016, de 16 de dezembro, n.º 35/2018, de 25 de
janeiro, n.º 12/2019, de 14 de janeiro, e pela n.º 18/2020, de 24 de janeiro.

Regime da pequena agricultura (RPA)

Podem participar no RPA os agricultores detentores, em 2015, de direitos ao pagamento


atribuídos do Regime de Pagamento Base (RPB), a título de propriedade ou de
arrendamento, e que satisfaçam os requisitos mínimos para a concessão dos pagamentos
diretos.

Os agricultores podem participar no Regime da Pequena Agricultura (RPA), formalizando a


sua intenção no âmbito do Pedido Único (PU) relativo ao ano de 2015.

Os beneficiários podem retirar-se do regime até ao dia 09 de junho de 2015, ou em qualquer


ano subsequente, devendo, para o efeito, formalizar esta intenção junto do IFAP (PU) do
ano em questão.

Durante todo o período de participação no regime os agricultores devem:

• Manter o número de hectares elegíveis correspondentes aos direitos atribuídos;

59
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Satisfazer o requisito mínimo de área elegível de 0,5 ha para a concessão de


pagamentos diretos.

Os direitos ao pagamento detidos pelos agricultores que participam no RPA não podem ser
transferidos, exceto em caso de herança ou herança antecipada.

Nestas condições, só podem requerer a participação no RPA as situações em que a


totalidade da exploração é transmitida para um único herdeiro.

Os direitos ao pagamento ativados em 2015 pelo agricultor são considerados ativados


durante o período de participação do agricultor no regime. São estes os hectares que têm
que manter durante todo o compromisso.

Os agricultores que participam no RPA ficam dispensados do cumprimento das práticas


agrícolas benéficas para o clima e o ambiente ("greening") e isentos de sanções no âmbito
da condicionalidade.

Os diretos ao pagamento detidos por agricultores que participam no RPA não são
transferíveis, exceto em caso de herança ou de herança antecipada.

O montante do pagamento anual a atribuir a cada agricultor é de "600 EUR", e mantém-se


igual durante todo o período de participação no regime.

Apoios associados voluntários

Prémio por vaca em aleitamento

São beneficiários elegíveis os agricultores ativos que detenham um efetivo de vacas em


aleitamento na sua exploração durante o período de retenção e que tenham manifestado a
intenção de candidatura ao prémio em formulário próprio (ano em curso) ou no PU (ano
seguinte).

O prémio será concedido ao produtor que detenha na exploração durante, pelo menos, 4
meses consecutivos a contar do dia 1 de janeiro de cada ano, um número de vacas em
aleitamento, pelo menos, igual a 60% e um número de novilhas igual, no máximo, a
40% do número de animais elegíveis (com exceção das explorações com efetivos entre 2
e 4 animais elegíveis em que apenas um dos animais pode ser novilha).

60
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Entenda-se por:

• Vaca em aleitamento: Fêmea que tenha parido pelo menos uma vez nos
últimos 24 meses.

• Novilha: Fêmea com mais de 8 meses que ainda não tenha parido.

Prémio por vaca leiteira

São beneficiários elegíveis os agricultores ativos que cumpram as seguintes condições:

a. detenham um efetivo de vacas leiteiras na sua exploração durante o período de


retenção;

b. que tenham manifestado a intenção de candidatura ao prémio em formulário próprio


(ano em curso) ou no PU (ano seguinte);

c. que tenham feito entregas de leite durante o período de retenção obrigatório do ano
da candidatura.

O prémio será concedido ao produtor que detenha na exploração durante, pelo menos, 4
meses consecutivos a contar do dia 1 de janeiro de cada ano, um número de vacas
leiteiras, pelo menos, igual a 80% e um número de novilhas igual, no máximo, a 20%
do número de animais elegíveis.

Entenda-se por:

• Vaca leiteira: Fêmea que tenha parido pelo menos uma vez nos últimos 16 meses
uma cria viável.

• Novilha: Fêmea com mais de 8 meses que ainda não tenha parido.

Prémio por ovelha e por cabra

Este prémio é concedido sob a forma de um pagamento anual em função do efetivo das
ovelhas e/ou cabras elegíveis que sejam detidas na exploração durante o período de
retenção.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os agricultores que pretendam candidatar-se a este Regime de Apoio devem apresentar a


declaração de intenção de candidatura, no âmbito do PU do ano anterior ao ano a que
respeita o pagamento, devendo a candidatura ser complementada no PU seguinte com a
declaração de todas as parcelas agrícolas da exploração, nos termos e prazos previstos
para a sua apresentação.

Podem beneficiar deste apoio, os agricultores que detenham pelo menos dez animais
elegíveis na sua exploração, durante o período de retenção obrigatório.

As ovelhas e cabras declaradas ao prémio ficam obrigadas a um período de retenção nos


locais declarados pelo requerente, durante o qual o produtor se compromete a manter na
sua exploração o número de ovelhas e/ou cabras em relação às quais o prémio é pedido.
Este período é de 4 meses, decorrendo de 1 de janeiro a 30 de abril do ano da candidatura.

Pagamento especiífico do arroz

O Regime de Apoio Associado à Cultura do Arroz, de aplicação voluntária pelos


Estados-Membros, visa apoiar determinados setores ou tipos de agricultura que se
defrontem com dificuldades e que sejam especialmente importantes por motivos de natureza
económica, social ou ambiental. É concedido na forma de pagamento específico por
superfície ao arroz.

O pagamento específico por superfície ao arroz tem como como objetivo assegurar um
aprovisionamento estável à indústria local de transformação, que permita manter um certo
nível de produção e evitar situações disruptivas no setor que conduzam ao abandono da
atividade.

A ajuda é concedida por hectare de superfície elegível de arroz devendo ser respeitados os
seguintes requisitos:

1. Ser agricultor ativo na aceção do art.º 9º do Regulamento (UE) n.º 1307/2013.

2. Candidatar uma área mínima de 0,5 ha;

3. As subparcelas candidatas devem ser totalmente semeadas/plantadas de arroz do


código NC 1006 10;

4. A cultura instalada em terrenos sistematizados especificamente para a cultura de


arroz;

62
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5. Como método exclusivo de irrigação seja o alagamento;

6. A cultura mantida em condições normais de crescimento até ao estágio de grão


leitoso;

7. A sementeira/plantação efetuada até 30 de junho do ano do pedido.

O valor unitário é de 194€/hectare e o prémio é concedido anualmente.

Pagamento especiífico por superfície ao tomate

A campanha de comercialização do tomate destinado à transformação inicia-se a 1 de


janeiro e termina a 31 de dezembro.

A ajuda no setor do tomate para transformação é concedida aos requerentes que:

1. Sejam agricultores ativos na aceção do artigo 9.º do Regulamento (EU) n.º


1307/2013 - exercem nessas superfícies a atividade mínima sem que as mesmas
sejam mantidas apenas num estado adequado para pastoreio ou cultivo;

2. Se candidatem a este apoio no Pedido Único (PU);

3. Sejam agricultores não associados ou membros efetivos (sócios) de uma


organização de produtores reconhecida (OP);

4. Sejam parte integrante de pelo menos um contrato como agricultores não associados
ou a organização de produtores reconhecida da qual são sócios e um primeiro
transformador aprovado;

5. Entreguem a sua produção para transformação em primeiros transformadores


aprovados;

6. Possuam pelo menos 0,5 hectares de superfície elegível;

7. Apresentem uma produtividade mínima de 60 toneladas/ha de superfície candidata.

63
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2.8 Pedido Único (PU)

O Pedido Único (PU) consiste no pedido de pagamento direto das ajudas que integram os
regimes sujeitos ao sistema integrado de gestão e de controlo (SIGC), previsto na
regulamentação comunitária29.

O Pedido Único de ajudas abrange:

I. Os regimes de apoio aos pagamentos diretos:

a) Regime de Pagamento Base e Pagamento Redistributivo


b) Pagamento por práticas agrícolas benéficas para o ambiente (Greening)
c) Pagamento para os Jovens Agricultores
d) Regime de Pequena Agricultura
e) Pagamento específico ao algodão
f) Apoios associados voluntários

i. Prémio por ovelha e por cabra


ii. Prémio por vaca em aleitamento
iii. Prémio por vaca leiteira
iv. Pagamento específico por superfície ao tomate
v. Pagamento específico do arroz

II. As medidas de apoio do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente


(PDR 2020):

i. Manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas

ii. Conversão e manutenção em agricultura biológica

iii. Produção Integrada

iv. Pagamento Rede Natura

i. pagamento Natura – Tipo 1

29 Regulamento (UE) n.º 1307/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro; Regulamento Delegado (UE)
n.º 639/2014, da Comissão, de 11 de março; Regulamento (UE) n.º 1305/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17
de dezembro; Regulamento (UE) n.º 808/2014, da Comissão, de 17 de julho.

64
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ii. pagamento Natura – Tipo 2

iii. apoios zonais de caráter agroambiental

iv. gestão de pastoreio em áreas de baldio

v. manutenção de socalcos

vi. conservação dos soutos notáveis da terra fria

vii. manutenção de rotação de sequeiro cereal-pousio

v. Conservação do solo

i. sementeira direta ou mobilização na linha

ii. enrelvamento da entrelinha de culturas permanentes

vi. Uso eficiente da água na agricultura

vii. Culturas permanentes tradicionais

i. Olival tradicional

ii. Figueiral extensivo de sequeiro

iii. Pomar tradicional de sequeiro do Algarve

iv. Amendoal extensivo de sequeiro

v. Castanheiro extensivo de sequeiro

vi. Douro Vinhateiro

viii. Pastoreio extensivo

i. apoio à manutenção de lameiros de alto valor natural

ii. apoio à manutenção de sistemas agrosilvopastoris sob montado

iii. apoio à proteção do lobo ibérico

ix. Recursos genéticos

i. manutenção de raças autóctones em risco

65
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

x. Mosaico agroflorestal

xi. Silvoambientais

i. manutenção e recuperação de galerias ripícolas

xii. Apoio agroambiental à apicultura

III. As medidas de apoio do Programa de Desenvolvimento Rural da Madeira


(PRODERAM 2020):

i. Manutenção de muros de suporte de terras

ii. Preservação de pomares de frutos frescos e vinhas tradicionais

iii. Proteção e reforço da biodiversidade

iv. Apoio à conversão e manutenção de sistemas de produção para agricultura


biológica

v. Pagamento Natura 2000 na floresta

vi. Pagamentos para compromissos ambientais nas florestas

vii. Manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas

viii. PRODERAM 2020 - Submedida M08.1 «Apoio aos custos de


florestação/criação de zonas arborizadas»

ix. PRODERAM 2020 - Submedida M08.2 «Apoio à implementação e


manutenção de sistemas agroflorestais»

IV. O pagamento do prémio anual destinado a compensar a perda de rendimento


decorrente da florestação no âmbito do RURIS – Florestação de Terras Agrícolas;

V. O pagamento do prémio anual destinado a compensar a perda de rendimento


decorrente da florestação no âmbito do Regulamento (CEE) n.º 2328/91, e do
Regulamento (CEE) n.º 2080/92;

VI. A medida de apoio da subação n.º 2.3.2.2 «Apoio à instalação de sistemas florestais
e agro-florestais», do Subprograma 2 do Programa do Desenvolvimento Rural do
Continente do período 2007-2013 (PRODER);

66
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

VII. PDR 2020 - Operação 8.1.1. «Florestação de terras agrícolas e não agrícolas»;

VIII. PDR2020 - Operação 8.1.2. «Instalação de sistemas agroflorestais».

No Pedido Único são ainda declaradas:

a. Complemento Modo de Produção Biológico da Medida 1 «Apoio base aos


agricultores da Madeira», destinado a parcelas localizadas em Porto Santo que se
encontrem em «Modo de Produção Biológico»;
b. Declaração de intenção de beneficiar das ajudas previstas na Ação 2.3 «Fileira da
carne» da Medida 2 «Apoio à produção fileiras agropecuárias da Região Autónoma
da Madeira» do POSEI Madeira;
c. Declaração de intenção de beneficiar da ajuda no âmbito da produção de vinho, com
discriminação das respetivas áreas, para efeitos da ajuda prevista na Ação 2.4
«Fileira da produção de vinho»;
d. Declaração de intenção de beneficiar da ajuda à banana, com discriminação das
respetivas áreas de bananal, para efeitos da ajuda prevista na Ação 2.5 «Fileira da
Banana»;
e. As áreas afetas a pastagens permanentes, com discriminação obrigatória das áreas
de pastagens permanentes semeadas e biodiversas;
f. O efetivo pecuário elegível para efeitos de benefício dos apoios a que se candidata;

g. A intenção da candidatura ao regime de apoio associado «animais» para o ano


seguinte.

67
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

NÚMERO DE CANDIDATURAS, ÁREAS E ANIMAIS DECLARADOS, POR AJUDA/APOIO


PU2019/PU2018 (www.ifap.pt)
CONTINENTE
Campanha 2019* Campanha 2018* Comparação 2019/2018

Candidaturas Área Animais Candidaturas Área Animais Candidaturas Área Animais


AJUDA / APOIO
% Ajuda/Apoio
(nº) (ha) (CN) (nº) (ha) (CN) (nº) (ha) (CN)
no Total de PU
[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] = [1]/[5] [9] = [3]/[6] [10] = [4]/[7]

RPB - Regime de Pagamento Base 92.473 54,0% 2.942.449 90.100 2.893.909 102,6% 101,7%
RPB

PJA - Pagamentos para os Jovens Agricultores 3.204 1,9% 3.213 99,7%


RJA

RPA - Regime da Pequena Agricultura 55.068 32,1% 126.468 59.157 139.062 93,1% 90,9%
RPA

Algodão 0 0,0% 0 0 0 0,0% 0,0%


ALGODAO

Manutenção da Atividade Agrícola 127.551 74,4% 2.708.724 125.384 2.571.686 101,7% 105,3%
MZD

Medidas Agro e Silvo-Ambientais 56.893 33,2% 74.597 57.121 76.348 99,6% 97,7%
MAA

Prémio por Ovelha e Cabra** 23.032 13,4% 22.465 102,5%


POC

Prémio por Vaca em Aleitamento** 21.063 12,3% 20.097 104,8%


VAL

Prémio por Vacas Leiteiras ** 5.619 3,3% 6.045 93,0%


VLE

Tomate 367 0,2% 14.782 378 14.405 97,1% 102,6%


TOMATE

Arroz 1.000 0,6% 29.160 1.048 29.692 95,4% 98,2%


ARROZ

Florestação de Terras Agrícolas - PRODER 380 0,2% 11.181 393 11.711 96,7% 95,5%
FTAPRODER

Florestação de Terras Agrícolas - RURIS 2.576 1,5% 39.874 2.634 41.368 97,8% 96,4%
FTARURIS

Florestação de Terras Agrícolas - Reg 2080 1.705 1,0% 31.269 2.458 51.083 69,4% 61,2%
FTA2080

Florestação de Terras Agrícolas - Reg 2328 2 0,0% 46 5 157 40,0% 29,5%


FTA2328

Florestação - PDR2020 Operação 8.1.1 61 0,0% 1.190 10 254 610,0% 468,2%


FTA8.1.1

Florestação - PDR2020 Operação 8.1.2 3 0,0% 0


FTA8.1.2

Total de PU no Continente 171.350 171.156 100,1%

2.9 Gestão da água

A utilização de recursos hídricos na Europa no sector agrícola ocupa cerca de 30% dos
recursos totais disponíveis, tendo o Sul da Europa uma utilização na ordem dos 60% e os
países do Norte uma utilização que varia de 0 a 30%. O uso da água para irrigação está
dependente de vários fatores, nomeadamente o tipo de clima e cultura, características do
solo e práticas de cultivo. A irrigação permite ao produtor aumentar a produtividade das
culturas e diminuir os riscos associados a épocas de secas, nunca esquecendo os efeitos
aliados à intensificação de produção agrícola permitida pela irrigação.
Com o objetivo de promover a utilização sustentável dos recursos hídricos, a Comissão
Europeia implementou a tarifação como forma de melhorar a utilização sustentável dos
recursos hídricos em 2000, de modo a refletir todos os tipos de gastos aliados ao
abastecimento e utilização da água. Este princípio, com base na Diretiva-quadro da água,
exige que os Estados-Membros, até 2010, incentivem as políticas de tarifação, para uma
utilização mais eficiente dos recursos hídricos.

TAXA DE RECURSOS HÍDRICOS (TRH)

68
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A taxa de recursos hídricos visa compensar o benefício que resulta da utilização privativa do
domínio público hídrico, o custo ambiental inerente às atividades suscetíveis de causar um
impacto significativo nos recursos hídricos, bem como os custos administrativos inerentes ao
planeamento, gestão, fiscalização e garantia da quantidade e qualidade das águas.

São sujeitos passivos da taxa de recursos hídricos todas as pessoas, singulares ou


coletivas, que realizem utilizações dos recursos hídricos estando, ou devendo estar, para
o efeito munidas dos necessários títulos de utilização:

Isenção técnica: A Administração da Região Hidrográfica (ARH) não procede à liquidação da


TRH quando o valor global a cobrar seja inferior a 10 euros, excetuados os casos em que a
liquidação seja prévia à emissão do título de utilização.
A taxa de recursos hídricos aplicável às águas utilizadas nos aproveitamentos hidroagrícolas
ou em empreendimentos de fins múltiplos de natureza predominantemente hidroagrícola é
objeto de correção por meio de coeficientes de eficiência que tenham em conta a adoção de
medidas para o uso eficiente da água e a sustentabilidade económica.
A taxa de Recursos Hídricos é paga pelo beneficiário até ao termo do mês de Fevereiro do
ano seguinte à utilização. Até 31 de Dezembro de 2009, o valor deste coeficiente de
eficiência foi de 0,60.
Para os anos seguintes, o coeficiente de eficiência será aprovado por meio de portaria
conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças, do ambiente, da
agricultura e do desenvolvimento rural (esta Portaria ainda não foi publicada).
Por despacho da Ministra do Ambiente e do Território de 10/07/2010, exarado sobre a
informação n.º Int-DPGDH2010/187, de 24/06/2010 determinou-se que a portaria conjunta
dos membros do governo responsáveis pelas áreas das finanças, do ambiente, da
agricultura e do desenvolvimento rural, que definirá o valor ou os valores do coeficiente de
eficiência, será publicada apenas quando estiverem disponíveis as versões finais dos
Planos de Gestão de Região Hidrográfica e/ou do Plano Nacional da Água 2010. Enquanto
não forem estabelecidos outros valores através dos Planos, será aplicado às utilizações
realizadas em 2010 e anos seguintes, o mesmo coeficiente de eficiência que foi aplicado em
2008 e 2009, ou seja 0,60.

No âmbito da Resolução do Conselho de Ministros n.º 37/2012, de 27 de março, que


aprovou medidas urgentes, tendo em conta a situação de seca do país, foi publicado no
Diário da República, 2.ª série, n.º 69, de 5 de abril de 2012, o Despacho n.º 4825/2012, que

69
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

determina a isenção do sector agrícola das componentes A30 e U da taxa de recursos


hídricos (TRH). Esta isenção tem carácter excecional e temporário e aplica-se à TRH
referente ao ano de 2011, a pagar em 2012.

De acordo com o despacho do Secretário de Estado de Ambiente e do Ordenamento do


Território, exarado sobre a informação n.º 29/SEAOT/2013, de 14 de março, os valores
unitários da TRH para o ano de 2013 não são atualizados, mantendo-se os valores
estipulados para 2013. Em 2013 não é aplicada a atualização dos valores de base da TRH e
da isenção técnica, previstos no Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de junho.

A TRH incide sobre as seguintes utilizações dos recursos hídricos:

a. Utilização privativa de águas do domínio público hídrico do Estado (DPHE);


b. Descargas, diretas ou indiretas, de efluentes para os recursos hídricos, suscetíveis
de causar impactes significativos;
c. Extração de materiais inertes do DPHE;
d. Ocupação de terrenos ou planos de água do DPHE;

e. Utilização de águas, qualquer que seja a sua natureza ou regime legal, sujeitas a
planeamento e gestão públicos, suscetíveis de causar impacte significativo

São sujeitos passivos da TRH todas as pessoas, singulares ou coletivas, que realizem as
utilizações referidas anteriormente estando, ou devendo estar, munidas para o efeito dos
necessários títulos de utilização.

Quando a TRH não seja devida pelo utilizador final dos recursos hídricos, deve o sujeito
passivo repercutir sobre o utilizador final o encargo económico que ela representa,
juntamente com o preço ou tarifas que pratique.

30
Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de Junho, Artigo 7.º Componente A - utilização de águas do domínio público hídrico do
Estado A componente A corresponde à utilização privativa de águas do domínio público hídrico do Estado, calculando- -se pela
aplicação de um valor de base ao volume de água captado, desviado ou utilizado, nomeadamente, na produção de energia
hidroeléctrica ou termoeléctrica, expresso em metro cúbico, multiplicado pelo coeficiente de escassez aplicável quando não se
trate de águas marinhas. Artigo 11.º Componente U - utilização de águas sujeitas a planeamento e gestão públicos A
componente U corresponde à utilização privativa de águas, qualquer que seja a sua natureza ou regime legal, sujeitas a
planeamento e gestão públicos, susceptível de causar impacte significativo, calculando- -se pela aplicação de um valor de base
ao volume de água captado, desviado ou utilizado, nomeadamente, na produção de energia hidroeléctrica ou termoeléctrica,
expresso em metro cúbico.

70
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quando o sujeito passivo realizar utilizações na mesma componente e às quais se apliquem


valores de base diferentes, p. e. captação de água para vários fins, os títulos devem
proceder à sua desagregação, indicando o volume consumido em cada finalidade, na falta
da qual se aplicará o valor de base mais elevado. Cada uma das componentes pode estar
sujeita à aplicação de reduções ou isenções.

Os valores de base estabelecidos para o cálculo de cada componente no ano de 2017


encontram-se definidos no Decreto-Lei n.º 46/2017, de 3 de maio e são objeto de
atuallização anual por aplicação do Índice de Preços no Consumidor (com exceção do valor
de base relativo à componente S que é definido anualmentepor despacho dos membros do
Governo responsáveis pelas áreas das finanças e do ambiente), publicado pelo INE, de
acordo com o artigo 17.º do referido diploma legal.

PRINCIPAL LEGISLAÇÃO APLICÁVEL


Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de Junho, que estabelece o regime económico e financeiro
dos recursos hídricos
Despacho n.º 484/2009, de 8 de janeiro, que define a aplicação do Decreto-Lei n.º 97/2008,
de 11 de junho.
Decreto-Lei n.º 46/2017, de 3 de maio, que procede à terceira alteração ao Decreto -Lei n.º
97/2008, de 11 de junho, alterado pela Lei n.º 82 -D/2014, de 31 de dezembro, e pelo
Decreto-Lei n.º 42 -A/2016, de 12 de agosto, que estabelece o regime económico e
financeiro dos recursos hídricos.

REGIME DE UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

De acordo com o estabelecido na Lei da Água ao abrigo do princípio da precaução e da


prevenção, as atividades que tenham um impacto significativo no estado das águas só
podem ser desenvolvidas desde que ao abrigo de título de utilização.

O título de utilização pode assumir a forma de uma concessão, uma licença ou uma
autorização consoante, entre outros critérios, se trate de águas públicas ou de águas
particulares. Entre outros, devem ser legalizadas as captações de água ou de águas
subterrâneas ou superficiais, a rejeição de efluentes ou a construção de infra-estruturas
hidráulicas.

71
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A entidade competente, em Portugal Continental, em matéria de licenciamento dos recursos


hídricos é a Agência Portuguesa do Ambiente, através dos Departamentos de Administração
de Região Hidrográfica (cfr. artigo 8.º da Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro, alterado
pelo Decreto-lei n.º 130/2012, de 22 junho).
No território de Portugal continental existem 5 Departamentos de Administração de Região
Hidrográfica (APA/ARH): Norte, Centro, Tejo, Alentejo e Algarve.

PRINCIPAL LEGISLAÇÃO APLICÁVEL


Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, que aprova a Lei da Água, transpondo para a ordem
jurídica nacional a Diretiva Quadro da Água e estabelecendo as bases e o quadro
institucional para a gestão sustentável das águas.
Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio, que estabelece o regime da utilização dos
recursos hídricos.
Decreto-Lei n.º 107/2009, de 15 de Maio, que aprova o regime de proteção das albufeiras de
águas públicas de serviço público e das lagoas ou lagos de águas públicas
Lei n.º 50/2006, de 29 de Agosto, que aprova a Lei-quadro das contra-ordenações
ambientais.

2.10 Desempenho ambiental

O modelo europeu de desenvolvimento rural tem vindo a consolidar o carácter multifuncional


da agricultura e sistemas florestais, exigindo que estes se afirmem, com racionalidade
económica, nas várias valências:
• Económica – produtora de bens de mercado;
• Ambiental – gestora de recursos e territórios;
• Social – integradora de atividades e rendimentos.

Desta forma, o modelo nacional de desenvolvimento rural assenta num modelo em que
atividades agrícolas, florestais e de diversificação económica, sejam competitivas,
ambientalmente equilibradas e socialmente atrativas.

Na ótica do produtor agrícola, as relações com o desempenho ambiental podem ser


avaliadas quer numa perspetiva restritiva, sendo a mais importante as normas de
condicionalidade, de carácter obrigatório, quer numa perspetiva voluntária, normalmente sob

72
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a forma de contratualização de determinado tipo de práticas “amigas” do ambiente, de que


as mais importantes são as medidas agro-ambientais.

O quadro de exigências que a condicionalidade introduz, já abordadas com mais detalhe no


ponto deste manual sobre a Política Agrícola Comum, pode afetar explorações agrícolas
quer por via da redução das ajudas diretas, quer por via da própria elegibilidade às ajudas
diretas, uma vez que obriga ao cumprimento das Boas Condições Agrícolas e Ambientais e
dos Requisitos Legais de Gestão.

Entre estes últimos destaca-se, nomeadamente, a obrigatoriedade de cumprir as regras


decorrentes da existência de zonas vulneráveis (ZV), que determinam restrições às práticas
culturais.

A Directiva Nitratos (Directiva 91/676/CEE do Conselho, de 12 de Dezembro de 1991,


relativa à proteção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola) tem
como objetivo reduzir a poluição das águas causada ou induzida por nitratos de origem
agrícola e impedir a propagação da referida poluição, com o fim de proteger a saúde
humana, os recursos vivos, os sistemas aquáticos e salvaguardar outras utilizações
[legítimas] da água.

Esta Diretiva foi transposta para a legislação portuguesa, pelo Decreto-Lei n.º 235/97, de 3
de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 68/99, de 11 de Março e pelo Decreto Legislativo
Regional n.º 6/2005/A, de 17 de Maio de 2005, para a Região Autónoma dos Açores.
As Zonas Vulneráveis, são as áreas que drenam para as águas poluídas ou suscetíveis de
serem poluídas por nitratos e onde se praticam atividades agrícolas que possam contribuir
para a poluição das mesmas.
A lista das Zonas Vulneráveis foi publicada através das Portarias 164/2010, de 16 de Março,
n.º 1100/2004, de 3 de Setembro e n.º 833/2005, de 16 de Setembro, alterada pelas Portaria
n.º 1433/2006, de 27 de Dezembro e n.º 1366/2007, de 18 de Outubro.

As nove zonas vulneráveis do Continente foram publicadas pela Portaria n.º 164/2010, de 16
de março, tendo as seguintes designações de norte para sul: Esposende - Vila do Conde,
Estarreja - Murtosa, Litoral Centro, Tejo, Beja, Elvas, Estremoz - Cano, Faro e Luz de
Tavira.

73
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Todas as zonas vulneráveis designadas, até ao momento, em Portugal continental incidem


sobre as águas subterrâneas e abrangem apenas uma área de 4,5% do território
continental.
Para as Zonas Vulneráveis atualmente delimitadas no continente foi elaborado o Programa
de Ação publicado pela Portaria n.º 259/2012, de 28 de agosto. Como exemplo de medidas
constantes do Programa de Ação, refere-se a existência de limites quantitativos à aplicação
de fertilizantes azotados, bem como a sua não aplicação em determinados períodos,
nomeadamente na época das chuvas.

As Medidas Agro e Silvo-Ambientais constituem um elemento determinante para o


cumprimento dos objetivos da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Agrícola e Rural ao
promoverem a remuneração dos serviços e amenidades ambientais produzidos pelas
atividades agrícolas e florestais. Estas medidas incentivam os agricultores a proteger,
preservar e aumentar a qualidade ambiental dos seus terrenos agrícolas.

No território continental estão classificadas 39 ZPE e 60 Sítios de Importância Comunitária.


Estas áreas classificadas abrangem uma superfície total terrestre de 1 979 519,40 ha,
representando cerca de 21% do território do Continente. (site ICNB)

Os ecossistemas agrícolas e florestais constituem, em Portugal, um importante suporte de


biodiversidade, havendo uma relação de dependência causal entre os valores naturais a
preservar e a gestão agrícola e florestal em cerca de 90% da superfície terrestre total
incluída na Rede Natura 2000 em Portugal Continental. (trabalho Prof Lima Santos)

As Medidas Agro e Silvo-Ambientais, integradas no Programa de Desenvolvimento Rural,


apoiam a manutenção dos sistemas agrícolas e silvícolas que constituem suporte aos
valores “Natura 2000”31, compensando eventuais perdas de rentabilidade económica daí
resultantes.

31
A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica para o espaço Comunitário da União Europeia resultante da aplicação

das Directivas nº 79/409/CEE (Directiva Aves) e nº 92/43/CEE (Directiva Habitats) e tem por ”objectivo contribuir para
assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no território europeu
dos Estados-membros em que o Tratado é aplicável”. Esta rede é formada por: Zonas de Protecção Especial (ZPE),
estabelecidas ao abrigo da Directiva Aves, que se destinam essencialmente a garantir a conservação das espécies de aves, e
seus habitats, listadas no seu anexo I, e das espécies de aves migratórias não referidas no anexo I e cuja ocorrência seja
regular; Zonas Especiais de Conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats, com o objectivo expresso de
"contribuir para assegurar a Biodiversidade, através da conservação dos habitats naturais e dos habitats de espécies da flora e
da fauna selvagens , considerados ameaçados no espaço da União Europeia".

74
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pode-se obter informações adicionais sobre a Diretiva Nitratos no Sistema Nacional de


Informação de Recursos Hídricos - SNIRH da APA, I. P. (Agência Portuguesa do
Ambiente) e na Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR).

2.11 Sistema de Industria Responsável (SIR) – Adegas e Lagares

Segundo o Classificação Portuguesa das Atividades Económicas, aprovada pelo Decreto-


Lei n.º 381/2007, os lagares são considerados atividade industrial sendo incluídos na
Divisão 10 – Indústria Alimentar. Deste modo à produção de azeite é atribuído o CAE 10412,
considerada atividade sujeita ao Sistema de Industria Responsável. O mesmo facto
acontece com as adegas incluídas na Divisão 11 – Indústrias das bebidas, sendo atribuído o
CAE 11021 à produção de vinhos comuns e licorosos, também atividade sujeita ao Sistema
de Industria Responsável.

Em 01 de Agosto de 2012 foi publicado o Decreto – Lei nº 169/2012 que aprova o Sistema
da Industria Responsável (SIR). O presente diploma entrou em vigor no dia 3 de Setembro
de 2012. Até a entrada em vigor das disposições do SIR, aprovado em anexo a este
diploma, aplica-se o disposto nos Decreto – Lei nº 152/2004, de 30 de Junho, no Decreto –
Lei nº 209/2008, de 29 de Outubro, alterado pelo Decreto – Lei nº 24/2010, de 25 de Março,
e no Decreto – Lei nº 72/2009, de 31 de Março.

São revogados o Decreto – Lei nº 152/2004, de 30 de Junho, o Decreto – Lei nº


209/2008, de 29 de Outubro, alterado pelo Decreto – Lei nº 24/2010, de 25 de Março, e o
Decreto – Lei nº 72/2009, de 31 de Março.

O Decreto-Lei n.º 73/2015, de 11 de maio, procede à primeira alteração ao Sistema da


Indústria Responsável - SIR aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 169/2012, de 01 de
agosto.

“O Sistema da Indústria Responsável (SIR) regula o exercício da atividade industrial, a


instalação e exploração de Zonas Empresariais Responsáveis (ZER), bem como o processo
de acreditação de entidades no âmbito deste sistema”.

A publicação da primeira alteração do SIR – Sistema da Indústria Responsável, através do


Decreto-Lei n.º 73/2015, de 11 de maio, prevê que o acesso e a tramitação dos

75
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

procedimentos previstos sejam realizados via electrónica através do "Balcão do


Empreendedor".

2.12 Licenciamento da atividade pecuária

Com o Decreto-Lei nº 214/2008 de 10 de novembro, que criou o Regime de Exercício das


Atividades Pecuárias — REAP, foram harmonizados os processos necessários para a
instalação e exercício de ativividade de produção animal ou pecuária, tendo sido
estabelecidas as regras para a regularização e o desenvolvimento económico do setor, e
estabelecendo princípios para assegurar a proteção da hígio-sanidade e do bem-estar
animal, a saúde pública, a segurança de pessoas e bens, a qualidade do ambiente e o
ordenamento do território, num quadro de sustentabilidade e de responsabilidade social dos
produtores, pelas atividades pecuárias que desenvolvem.

O Decreto-Lei n.º 81/2013, de 14 de junho, aprova o novo regime do exercício da atividade


pecuária (NREAP), nas explorações pecuárias, entrepostos e centros de agrupamento,
garantindo o respeito pelas normas de bem-estar animal, a defesa higiossanitária dos
efetivos, a salvaguarda da saúde, a segurança de pessoas e bens, a qualidade do ambiente
e o ordenamento do território, num quadro de sustentabilidade e de responsabilidade social
dos produtores pecuários.
A instalação, a alteração e o exercício de uma atividade pecuária estão sujeitos aos
procedimentos e condições previstas no Decreto-Lei n.º 81/2013, de 14 de junho, sem
prejuízo das normas específicas em vigor aplicáveis, nomeadamente no âmbito do bem-
estar animal e controlo sanitário.

O Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro, estabelece, com caráter extraordinário o


regime de regularização de estabelecimentos e explorações existentes à data da sua
entrada em vigor que não disponham de título válido de instalação ou de título de
exploração ou de exercício de atividade, incluindo as situações de desconformidade com os
instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares ou com servidões
administrativas e restrições de utilidade pública. O referido diploma também estabelece o
regime a aplicar à alteração ou ampliação dos estabelecimentos ou instalações que
possuam título de exploração válido ou eficaz, mas cuja alteração ou ampliação não sejam
compatíveis com os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares ou com
servidões e restrições de utilidade pública.

76
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O NREAP aplica-se:
● Às atividades pecuárias incluídas nos grupos 014 e 015 e a subclasse 46230 da
Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (CAE) – Revisão 3, aprovada pelo
Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de Novembro, com exceção das atividades identificadas
sob os nºs 01491 – apicultura e 01493 – animais de companhia;
● Às atividades complementares de gestão de efluentes pecuários anexas a explorações
pecuárias ou unidades autónomas, quando se tratar de unidades de compostagem, de
unidades técnicas ou de unidades de produção de biogás, bem como das explorações
agrícolas que sejam valorizadoras de efluentes pecuários.

A entidade responsável pelo NREAP é a Direção Geral Agricultura e do Desenvolvimento


Rural - DGADR.
A entidade coordenadora competente no âmbito do NREAP é a Direção Geral Agricultura e
do Desenvolvimento Rural - DGADR em cuja circunscrição territorial se localiza a atividade
pecuária, sendo a instrução dos processos de autorização do exercício das atividades
pecuárias da sua responsabilidade. A entidade coordenadora é a única entidade
interlocutora do titular em todos os contactos considerados necessários à boa instrução e
apreciação dos procedimentos previsto neste regime, competindo-lhe a coordenação da
condução, monitorização e dinamização dos procedimentos administrativos.

Legislação
Diploma-Base: Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de junho
Alterações: Declaração de Retificação n.º 31/2013, de 24 de julho

Portarias complementares para cada Atividade

Portaria n.º 42/2015, de 19 de fevereiro - estabelece as normas regulamentares


aplicáveis à atividade de detenção e produção pecuária, ou atividades complementares,
de bovinos (incluindo bisontes e búfalos), ovinos (incluindo muflões), caprinos e
cervídeos (incluindo veados, gamos e corços), nas explorações e nos núcleos de
produção de bovinos (NPB), ou núcleos de produção de ovinos e caprinos (NPOC),
bem como nos entrepostos e nos centros de agrupamento autorizados para estas
espécies animais.
Gestão dos efluentes pecuários (Portaria n.º 631/2009, de 9 de junho) e Portaria n.º
114-A/2011, de 23 de março;
Equídeos (Portaria n.º 634/2009, de 9 de junho);
Leporídeos (coelhos e lebres) e Outras Espécies (Portaria 635/2009, de 9 de junho);

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Suínos (Portaria n.º 636/2009, de 9 de junho);


Aves (Portaria n.º 637/2009, de 9 de junho);
Ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos) (Portaria n.º 42/2015, de 19 de fevereiro).

2.13 SNIRA – Sistema Nacional de Informação e Registo Animal

O Sistema Nacional de Informação e Registo Animal (SNIRA) é um sistema que estabelece


as regras para a identificação, registo e circulação dos animais das espécies bovina,
ovina, caprina, suína, aves, coelhos e outras espécies pecuárias, sendo ainda aplicável
aos equídeos. (n.º 1 do Art.º 1.º do DL 142/2016 – versão consolidada)

Em Portugal, a entidade responsável pela definição da informação necessária ao


funcionamento do SNIRA é a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), sendo o
IFAP a entidade responsável pela gestão informática das bases de dados.

Para além da DGAV (e respetivos serviços regionais) e do IFAP, existem outras entidades
que interagem com o SNIRA, integradas numa rede nacional de postos, nomeadamente:

● Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) e respetivos organismos (pólos);


● Serviços das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e respetivos organismos;
● Associações e Confederações de Agricultores (AJAP; CAP; CNA; CNJ; CONFAGRI)
e respetivos postos, que com elas têm protocolos assinados;
● Matadouros;
● Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (INCF).

As Associações e Confederações de Agricultores prestam serviços no âmbito do SNIRA aos


detentores de animais, por delegação de competências atribuídas pelo IFAP, através de
protocolo assinado para o efeito.

Para além destas entidades, os detentores de animais (beneficiários) também podem


interagir diretamente com a base de dados do SNIRA. Para tal, devem os mesmos estar
devidamente registados na Área Reservada do Portal do IFAP.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Obrigações dos detentores de animais

a) Registo na base de dados de identificação do beneficiário (IB)

Independentemente dos detentores de animais recorrerem aos serviços prestados


pelas Associações e Confederações de Agricultores ou de pretenderem utilizar
diretamente a base de dados SNIRA (através de acesso próprio), antes de procederem
a qualquer registo na base de dados do SNIRA, deverão estar previamente registados
na base de dados IB (Identificação do Beneficiário) do IFAP, possuir um Número de
Beneficiário do IFAP (NIFAP) e ter o cuidado de manter sempre atualizada a informação
na base de dados IB.

b) Registo da exploração ou estabelecimento no SNIRA

Os detentores de animais, antes do antes do início da sua atividade pecuária, terão de


proceder ao seu registo no SNIRA. Para o efeito deverão proceder ao registo da sua
exploração/estabelecimento através da plataforma iDigital do IFAP.

Caso se trate de estabelecimento/exploração que se enquadre nas Classes 1, 2 e 3,


em conformidade com o Art.º 3.º do Decreto-Lei 142/2006 de 27 de julho e o Anexo I
do Decreto-Lei 81/2013 de 14 de junho, o detentor dos animais deverá proceder ao seu
licenciamento no Sistema de Informação do Registo do Exercício da Atividade
Pecuária (SI REAP), devendo para tal dirigir-se à Entidade Coordenadora (DRAP ou
serviços oficiais das Regiões Autónomas dos Açores e Madeira), em cuja circunscrição
territorial se localiza a atividade pecuária.

Caso se trate de um estabelecimento/exploração em regime de Detenção Caseira, em


conformidade com o Art.º 4.º do Decreto-Lei 142/2006 e o Anexo I do Decreto-Lei
81/2013, o detentor deverá proceder ao seu registo, junto dos serviços veterinários
oficiais (SVO) regionais da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

Também os estabelecimentos/explorações que sejam considerados Eventos


Ocasionais e para os quais não haja aplicabilidade das regras do REAP, conforme
previsto no n.º 4 do Art.º 1.º do Decreto-Lei 81/2013, deverão ser registados junto
dos SVO regionais da DGAV.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os detentores são obrigados a comunicar, no prazo de 30 dias, qualquer alteração que


ocorra:

● no tipo de estabelecimento/exploração,
● nos detentores que lhe estejam associados, ou
● nas áreas afetas ao estabelecimento/exploração

c) Conservação de arquivo pelos detentores de animais

Os detentores devem conservar por um período mínimo de três anos, os registos,


informações, cópias das declarações de deslocação ou guias de circulação e demais
declarações realizadas pelos detentores ao SNIRA, bem como apresentá-los à
autoridade competente quando tal for solicitado por esta.

1. Identificação, Registo e Circulação de Bovinos

O regime de identificação e registo de bovinos inclui os seguintes elementos:

• Meios de Identificação Individual para identificar os bovinos;

• Passaporte - sempre que o detentor de bovino pretenda movimentar bovinos


para outro Estado Membro, em conformidade com a legislação comunitária, ou
para País Terceiro. Para tal, deve solicitar a emissão prévia de um passaporte
por cada animal, onde são reportadas as informações constantes do SNIRA. Os
passaportes dos bovinos exportados devem ser entregues pelo último detentor à
autoridade competente do local da exportação;

• Registo de Existências e Deslocações (RED) - (facultativo de acordo com o


Art.º 9.º do Anexo I do Decreto-Lei 142/2006 de 27 de julho) onde conste o
número de animais presentes ou que tenha detido na sua
exploração/estabelecimento;

• Base de dados nacional informatizada, onde são registadas todas as


ocorrências e a movimentação dos bovinos.

O regime de circulação de bovinos inclui os seguintes elementos:

►Documentos de acompanhamento

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

● Guias de Circulação para acompanhar os bovinos nas movimentações nacionais.


● Declarações de Movimentação Externa (Entrada) - registo da entrada de animais
provenientes de outros Estados Membros ou Países Terceiros.
● Declarações de Movimentação Externa (Saída) - registo da saída de animais para
outros Estados Membros ou Países Terceiros.

2. Identificação, Registo e Circulação de Ovinos e Caprinos

● Marcas auriculares e meios de identificação eletrónica para identificar


individualmente os ovinos e caprinos;
● Registo de Existências e Deslocações (RED) (facultativo de acordo com o Art.º 7.º
do Decreto-Lei 174/2015 de 25 de agosto) onde conste o número de animais presentes ou
que tenha detido na sua exploração/estabelecimento.
●Base de dados nacional informatizada, onde são registadas todas as ocorrências e a
movimentação dos ovinos e caprinos.

O regime de circulação de ovinos e caprinos inclui os seguintes elementos:

► Documentos de acompanhamento

● Guias de Circulação para acompanhar os ovinos e caprinos nas movimentações


nacionais.
● Declarações de Movimentação Externa (Entrada) - registo da entrada de animais
provenientes de outros Estados Membros ou Países Terceiros.
● Declarações de Movimentação Externa (Saída) - registo da saída de animais para
outros Estados Membros ou Países Terceiros.

3. Identificação, Registo e Circulação de Suínos

O regime de identificação e registo de suínos inclui os seguintes elementos:

● Marcação para relacionar o animal alternativamente com a exploração, com o centro


de colheita de sémen ou com o centro de agrupamento.
● Registo de Existências e Deslocações (RED) - Os detentores de animais da
espécie suína devem manter um registo atualizado por estabelecimento ou por núcleo
de produção, se existir mais de um núcleo de produção de suínos por estabelecimento,
em que se indique:

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a. O número de animais presentes ou que tenham sido detidos no núcleo de


produção ou estabelecimento;
b. Registos de todas as deslocações, com o número de animais envolvidos em
cada operação de entrada e saída, com menção, consoante o caso, da
origem ou do destino dos animais, da data das deslocações e a marca
aplicada nos animais. (N.º 1 do Art.º 3.º do Anexo III do Decreto-Lei
142/2006)
● Base de dados nacional informatizada, onde são registadas todas as ocorrências e
a movimentação dos suínos.

O regime de circulação de suínos inclui os seguintes elementos:

►Documentos de acompanhamento
● Guias de Circulação para acompanhar os suínos nas movimentações
nacionais.

Pode-se consultar informação indicional nos sites:


● IFAP - https://www.ifap.pt
● DGAV - http://www.dgv.min-agricultura.pt/portal/page/portal/DGV

2.14 Sistema de Recolha de Cadáveis de Animais Mortos na Exploração


(SIRCA)

O Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA) foi criado


no sentido de se proceder à recolha dos animais, em tempo útil, e permitir efetuar a
despistagem obrigatória de eventuais encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET´s),
em conformidade com o disposto no Regulamento (CE) n.º 1069/2009 que estabelece
regras sanitárias relativas aos subprodutos animais não destinados ao consumo humano,
nomeadamente as que decorrem da interdição, em geral, do enterramento dos animais
mortos na exploração.

Este sistema é coordenado pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e pelo


Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP), intervindo ainda o Laboratório
Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) e as Unidades de Transformação de
Subprodutos (UTS).

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para assegurar o funcionamento do sistema, foram criados Centros de Atendimento


Telefónico do SIRCA (CAT SIRCA) que centralizam as comunicações dos detentores
relativas às mortes dos animais nas suas explorações.

A recolha de cadáveres é desencadeada pela comunicação telefónica, do detentor do


animal morto, para o CAT SIRCA.

O Decreto-Lei n.º 33/2017, de 23 março, assegura a execução e garante o cumprimento das


disposições do Regulamento (CE) n.º 1069/2009, do PE e do Conselho, de 21 de out., que
define as regras sanitárias relativas a subprodutos animais e produtos derivados não
destinados ao consumo humano, bem como do REG. (UE) n.º 142/2011, da Comissão de 25
de fev., que regulamenta a execução do anterior e estabelece também as regras de
financiamento do sistema de recolha de cadáveres de animais (SIRCA), que morram nos
estabelecimentos onde animais de espécie bovina, ovina, caprina e suína sejam detidos,
designadamente explorações pecuárias, entrepostos pecuários, centros de agrupamento,
abegoarias de matadouro.

Para efeitos de financiamento do SIRCA é cobrada uma taxa aos estabelecimentos de abate
relativamente a bovinos, ovinos, caprinos, suínos e equídeos, produzidos no território
continental e apresentados para abate, fixada por despacho dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas das finanças e da agricultura, com base nos seguintes critérios:

● A taxa é fixada por espécie animal, de acordo com o princípio da


proporcionalidade, não devendo ultrapassar os custos associados;
● Os custos associados a considerar são, nomeadamente, os custos
administrativos, de recolha, de análise, de transporte e de destruição.

O produto da taxa cobrada aos Estabelecimentos de Abate das referidas espécies, constitui
receita da DGAV.

2.15 Gasóleo Colorido e Marcado

O gasóleo colorido e marcado, vulgarmente conhecido por gasóleo verde ou por gasóleo
agrícola, é o gasóleo que pode ser adquirido com redução ou isenção total do imposto
especial de consumo no momento do abastecimento.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Este produto petrolífero tem as mesmas caraterísticas técnicas do gasóleo rodoviário,


devendo-se a sua cor verde, à coloração com um marcador específico. Este procedimento
pretende permitir a rastreabilidade do gasóleo colorido e marcado no território nacional.

Os veículos pessoais não podem ser abastecidos com gasóleo colorido e marcado.

O benefício do gasóleo colorido e marcado, consiste na redução ou isenção do imposto


especial de consumo, tributado no preço de venda ao público, do gasóleo adquirido para a
execução de determinadas atividades económicas, incluindo a agrícola e florestal. Desde o
início da década de 90 do século passado, que o acesso a este benefício faz-se através da
utilização do cartão de gasóleo verde.

Cartão do Gasóleo Verde

A utilização do cartão do gasóleo verde permite usufruir da redução ou isenção do imposto


sobre os produtos petrolíferos, no momento do abastecimento. Este cartão é pessoal e
intransmissível, sendo os respetivos titulares responsáveis pela sua regular utilização.

Os abastecimentos realizados através da utilização do cartão do gasóleo verde, têm de


estar de acordo com a atividade no âmbito da qual foi autorizada a sua atribuição.
O cartão do gasóleo verde tem a validade de cinco anos a partir da data em que é emitido. A
Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), emite estes cartões a
pedido das entidades competentes para o reconhecimento do benefício fiscal em causa.

Obrigações do beneficiário

Os beneficiários ficam sujeitos sob pena de incorrerem em infração tributária, às seguintes


obrigações:

• Comunicar às autoridades competentes qualquer alteração dos pressupostos do


benefício fiscal;

• Comunicar outras alterações relevantes, designadamente alteração da localização


das instalações ou dos equipamentos autorizados, transferência de propriedade dos
equipamentos bem como a cedência ou substituição destes;

• Colaborar com as autoridades competentes na realização dos controlos que vierem a


ser determinados, com vista a comprovar a efetiva afetação dos produtos aos
destinos ou utilizações com benefício fiscal e fornecer todos os elementos de
informação solicitados.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O beneficiário deve garantir a legitimidade da informação que fornece ao posto de


abastecimento, para que a informação que consta nos registos da faturação esteja de
acordo com a informação dos registos do abastecimento, nomeadamente:

• O nome do cliente que consta na fatura, deve coincidir com o nome ao qual está
associada a candidatura ao benefício;

• O número de identificação fiscal que consta na fatura, deve coincidir com número de
identificação fiscal ao qual está associada a candidatura ao benefício.

A deteção por parte das autoridades competentes de irregularidades nos registos anteriores,
implicará o pagamento de coimas tanto da parte do posto de abastecimento como da parte
do beneficiário, que ficará sujeito a controlo.

Ao abrigo da alínea b) do nº 3, da Portaria nº 117-A/2008 de 8 de fevereiro (alterada pelas


Portarias n.º 762/2010 de 20 de agosto e n.º 206/2014 de 8 de outubro) e por decisão da
Autoridade Tributária e Aduaneira, desde o início de 2016, que existe revogação imediata
deste benefício fiscal, atribuído aos beneficiários identificados pelas autoridades
competentes a utilizar o gasóleo colorido e marcado nas suas viaturas privadas. Esta
decisão implica o cancelamento dos cartões de gasóleo verde emitidos em nome dos
beneficiários identificados.

A informação mais detalhada sobre o gasóleo colorido e marcado pode ser consultada no
site da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, disponível em:
http://www.dgadr.mamaot.pt/gasoleo

2.16 Arrendamento Rural

Regulamentação: Decreto-Lei n.º 294/2009 de 13 de Outubro

Arrendamento rural é a locação, total ou parcial, de prédios rústicos para fins agrícolas,
florestais, ou outras atividades de produção de bens ou serviços associadas à agricultura, à
pecuária ou à floresta.

O arrendamento rural abrange o terreno, as águas e a vegetação e, quando seja essa a


vontade das partes expressamente declarada no contrato, pode abranger:

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- As construções e infra-estruturas destinadas, habitualmente, aos fins próprios da


exploração normal e regular dos prédios locados;

- A habitação do arrendatário e o desenvolvimento de outras atividades económicas


associadas à agricultura e à floresta, incluindo as atividades de conservação dos recursos
naturais e da paisagem;

- Outros bens, designadamente máquinas e equipamentos, devendo neste caso ser


anexado ao contrato, um inventário dos mesmos com indicação do respetivo estado de
conservação e funcionalidade.

Salvo cláusula contratual em contrário, presumem-se incluídos no arrendamento todos os


bens imóveis existentes no prédio rústico objeto de arrendamento.

O arrendamento rural pode, igualmente, integrar a transmissão de direitos de produção e


direitos a apoios financeiros no âmbito da política agrícola comum, sem prejuízo da
respetiva conformidade com a legislação relativa à transmissão desses direitos, constantes
dos respetivos regimes especiais aplicáveis.

São consideradas atividades associadas à agricultura e à floresta:

- Os serviços prestados por empreendimentos de turismo no espaço rural e as atividades de


animação turística desenvolvidas nos prédios objeto do arrendamento;

- As atividades de transformação e ou comercialização de produtos de produção própria


obtidos exclusivamente a partir das atividades agrícolas ou florestais desenvolvidas nos
prédios objeto do arrendamento;

- As atividades apícola e cinegética, quando desenvolvidas nos prédios objecto de


arrendamento;

- As atividades de conservação dos recursos naturais e da paisagem, não orientadas


dominantemente para a produção de bens mercantis.

Os arrendamentos rurais são obrigatoriamente reduzidos a escrito, constando dos mesmos


a identificação completa das partes contratantes, a indicação do número de identificação

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

fiscal e respetiva morada de residência ou sede social, bem como a identificação completa
do prédio ou prédios objeto do arrendamento.

A não redução a escrito dos contratos de arrendamento rural celebrados ou renovados na


vigência do presente decreto-lei gera a sua nulidade.

No prazo de 30 dias, contados a partir da data de celebração do contrato de arrendamento


agrícola ou florestal, o senhorio entrega o original do contrato nos serviços de finanças da
sua residência ou sede social, que comunicam a entrega à respetiva direção regional de
agricultura e pescas, no caso do arrendamento agrícola ou de campanha ou à respetiva
direção regional de florestas, quando se trate de arrendamento florestal.

O contrato de arrendamento rural não está sujeito a registo e está isento do pagamento de
imposto de selo e de qualquer outro imposto ou taxa, com exceção dos emolumentos
registais e notariais.

As regras anteriores aplicam-se com as necessárias adaptações, às alterações ao contrato.

A falta de entrega do original do contrato nos serviços de finanças dá lugar à aplicação da


coima prevista no n.º 1 do artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado
pela Lei n.º 15/2001, de 5 de Junho.

Os contratos relativos a arrendamentos agrícolas são celebrados por um prazo mínimo de


sete anos.

Quando não tenha sido fixado prazo ou o prazo fixado seja inferior a sete anos, considera -
se que os mesmos são celebrados por um prazo de sete anos.

Os arrendamentos agrícolas são renováveis automaticamente por sucessivos períodos de,


pelo menos, sete anos, enquanto não sejam denunciados.

Os arrendamentos florestais não podem ser celebrados por prazo inferior a 7 nem superior a
70 anos, considerando-se modificados para estes limites os prazos divergentes que hajam
sido fixados.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os arrendamentos de campanha não podem celebrar-se por prazos superiores a seis anos,
considerando-se reduzido a este limite o prazo superior que haja sido fixado, e presumem-
se de um ano caso não tenha sido estabelecido prazo.

Pode ser convencionada, por iniciativa do arrendatário e reduzida a escrito, a alteração da


data da cessação do contrato, nas seguintes circunstâncias:

- Quando o arrendatário realizar, com autorização do senhorio, investimentos de


desenvolvimento, melhoria ou reconversão cultural ou obras de beneficiação no prédio;

- Quando no decurso de um contrato de arrendamento agrícola ou florestal, ocorram


circunstâncias imprevistas e anormais, alheias a qualquer das partes, que causem a perda
de mais de um terço das plantações das culturas permanentes ou da plantação florestal
exploradas e ponham seriamente em causa o retorno económico dessa exploração.

Os arrendamentos agrícolas são renováveis automaticamente por sucessivos períodos de,


pelo menos, sete anos, enquanto não sejam denunciados.

Salvo cláusula contratual ou o acordo expresso dos contraentes, os contratos de


arrendamento florestal e de campanha não se renovam automaticamente no termo do prazo
do contrato.

A renda é anual, previamente estipulada e corresponde a uma prestação pecuniária.

A renda pode ser alterada nos termos da lei.

No âmbito dos contratos de arrendamento florestal, as partes podem acordar a fixação de


uma parte da renda variável em função da produtividade do prédio.

Salvo cláusula em contrário, o pagamento da renda deve ser efetuado até ao último dia do
ano a que respeita, no domicílio ou sede social do senhorio à data do vencimento, findo o
qual se considera o arrendatário em mora.

Salvo estipulação em contrário, o coeficiente de atualização anual das rendas é o resultante


da totalidade da variação do índice de preços do consumidor, sem habitação,
correspondente aos últimos 12 meses e para os quais existem valores disponíveis à data de

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

31 de Agosto, apurado pelo Instituto Nacional de Estatística, I. P., e publicado no Diário da


República até 30 de Outubro de cada ano.

Quando, no prédio arrendado, e durante o período fixado no contrato, o senhorio realize,


com o acordo expresso do arrendatário, obras de beneficiação, com exclusão das acções de
recuperação do prédio, pode ser convencionada, por iniciativa do senhorio, uma alteração
da renda, que carece de acordo expresso do arrendatário, sem prejuízo do disposto no
número anterior.

O arrendamento rural cessa por acordo entre as partes, por resolução, por caducidade,
por oposição à renovação, por denúncia ou por qualquer outra forma prevista na lei.

2.17 Bolsa nacional das terras

Foi aprovada, na reunião do Conselho de Ministros de 29 de março de 2012, uma proposta


de lei que cria a bolsa nacional de terras para utilização agrícola, florestal ou silvo pastoril.

De acordo com o comunicado do Governo, as terras serão disponibilizadas na bolsa de


forma voluntária e com respeito pela propriedade privada. A bolsa de terras pode incluir
terras do Estado e de privados.

A criação da bolsa de terras tem por objetivos:


- Permitir a utilização de prédios rústicos com aptidão agrícola, florestal ou silvo pastoril
pertencentes ao Estado ou às Autarquias Locais e ainda aos baldios;
- Facilitar o encontro entre a oferta e a procura para fins de exploração agrícola, florestal e
silvo pastoril;
- Potenciar as condições para o início de atividade de novos agricultores, nomeadamente
dos mais jovens, promovendo o rejuvenescimento do tecido produtivo;
- Contribuir para o aumento da dimensão das explorações e da competitividade;
- Aumentar o volume e o valor da produção agro-alimentar, florestal e silvo pastoril nacional,
contribuindo para a sustentabilidade da diminuição das importações e do aumento das
exportações;
- Contribuir para a elaboração do cadastro nacional de terras.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O Governo aprovou também uma proposta de lei que atribui benefícios fiscais à utilização
das terras agrícolas, florestais e silvo pastoril e à sua disponibilização em bolsa de terras.

A Lei n.º 62/2012, de 10 de dezembro, cria a bolsa nacional de terras para utilização
agrícola, florestal ou silvopastoril, designada por “Bolsa de terras”.
A “Bolsa de terras” aplica-se aos prédios rústicos e aos prédios mistos, de acordo com os
registos matriciais e sem prejuízo da legislação que regula a desafetação e cessão de bens
sujeitos à “Bolsa de terras”, e, bem assim, a todos aqueles que sejam integrados
voluntariamente pelos seus proprietários.
A “Bolsa de terras” aplica-se aos baldios, nos termos previstos na Lei dos Baldios e não se
aplica:
i. Aos prédios considerados mistos para efeitos fiscais com
edificações destinadas à habitação não permanente, quando a área
da parte inscrita na matriz rústica respetiva seja inferior a 1 ha;
ii. Aos prédios com projetos de instalação de empreendimentos
turísticos aprovados ou em apreciação junto da entidade
competente.

A entidade gestora da bolsa de terras é o Ministério da Agricultura, Florestas e


Desenvolvimento Rural através da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural
(DGADR).

A DGADR, exerce as suas funções nos termos do regulamento de gestão da bolsa nacional
de terras, aprovado pela Portaria nº 197/2013, de 28 de maio.

A bolsa de terras tem como objetivo facilitar o acesso à terra através da disponibilização de
terras, designadamente quando as mesmas não sejam utilizadas, e, bem assim, através de
uma melhor identificação e promoção da sua oferta.

A bolsa de terras disponibiliza para arrendamento, venda ou para outros tipos de cedência
as terras com aptidão agrícola, florestal e silvopastoril do domínio privado do Estado, das
autarquias locais e de quaisquer outras entidades públicas, ou pertencentes a entidades
privadas. A bolsa de terras disponibiliza ainda terrenos baldios, nos termos previstos na Lei
dos Baldios.

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Sistema de Informação da Bolsa de Terras (SIBT)

A bolsa de terras dispõe do SiBT, que centraliza e divulga informação sobre os prédios e os
terrenos baldios disponibilizados na bolsa de terras, nomeadamente área, aptidão agrícola,
florestal ou silvopastoril, principais características do solo, eventuais restrições à sua
utilização, tipo de cedência pretendida e respetivo valor.

O SiBT assegura o acesso à informação referente a cada um dos prédios disponibilizados


na bolsa de terras, nos termos autorizados pelos respetivos proprietários.

O SiBT tem como objetivos:

a) A divulgação de informação sobre os prédios e os terrenos baldios disponibilizados na


bolsa de terras;

b) O tratamento estatístico da evolução do mercado fundiário e da mobilização das terras


rurais;

c) A produção de indicadores periódicos de preços e de dinâmica do mercado, a nível


regional e sub-regional.

A bolsa de terras através do SiBT disponibiliza um Guia do Utilização.

No caso das terras do Estado o acesso à informação referente a cada um dos prédios
disponibilizados na Bolsa de Terras, é totalmente livre.

A Lei n.º 63/2012, de 10 de dezembro, aprova benefícios fiscais à utilização das terras
agrícolas, florestais e silvopastoris e à dinamização da “Bolsa de Terras”. Estabelece ainda
reduções emolumentares destinadas a dinamizar a bolsa de terras, alterando o artigo 28.º
do Regulamento Emolumentar dos Registos e Notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 322-
A/2001, de 14 de dezembro.

O artigo 2.º da Lei n.º 63/2012, de 10 de dezembro, alterado pela Lei n.º 82-D/2014, de 31
de dezembro, define que para os prédios rústicos ou mistos, na parte rústica, que estejam a
ser utilizados para fins agrícolas, florestais ou silvopastoris e que se encontrem inscritos no
cadastro predial, a taxa prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 112.º do Código do Imposto
Municipal sobre Imóveis é obrigatoriamente reduzida entre 50% e 100%. Este benefício
fiscal é reconhecido anualmente pelo chefe do serviço de finanças da área da situação do
prédio, mediante apresentação de requerimento no referido serviço, acompanhado de

91
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

documento comprovativo da utilização agrícola, florestal ou silvopastoril do prédio referente


ao ano anterior e da inscrição do prédio no cadastro predial.

O modelo e prazo de entrega do requerimento, bem como a entidade emitente do


documento comprovativo do tipo de utilização do prédio são fixados por portaria dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças, da agricultura e das florestas.

De acordo com o n.º 5 do artigo 55.º da Lei n.º 82-D/2014, de 31 de dezembro, da Reforma
da Fiscalidade Verde: “O artigo 2.º da Lei n.º 63/2012, de 10 de dezembro, com a redação
dada pela presente lei, na parte que se refere à inscrição no cadastro predial e à
comunicação cadastral, só produz efeitos com a entrada em vigor do diploma que procede à
reforma do modelo do cadastro predial”.

O artigo 3.º da Lei n.º 63/2012, de 10 de dezembro, define que para os prédios rústicos ou
mistos, na parte rústica, que sejam disponibilizados na bolsa de terras nos termos da Lei
que cria a “Bolsa de terras”, a taxa prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 112.º do Código
do Imposto Municipal sobre Imóveis é obrigatoriamente reduzida entre 50% e 100%. Este
benefício fiscal é de carácter automático, operando mediante comunicação anual da
disponibilização do prédio na bolsa de terras por referência a 31 de dezembro, a efetuar
pela entidade gestora da bolsa de terras à Autoridade Tributária e Aduaneira até final do
mês de fevereiro de cada ano.
Os benefícios fiscais estipulados nos artigos 2.º e 3.º da Lei n.º 63/2012, de 10 de
dezembro, só produzem efeitos:
▪ Após a cessação da vigência do Programa de Assistência Económica
e Financeira a Portugal celebrado com a União Europeia, o Fundo
Monetário Internacional e o Banco Central Europeu; e
▪ Após a avaliação geral dos prédios rústicos prevista no artigo 16.º do
Código do Imposto Municipal sobre Imóveis.

A informação mais detalhada sobre a Bolsa Nacional de Terras, pode ser consultada no site
da Bolsa de Terras: http://www.bolsanacionaldeterras.pt/.

Legislação aplicável:

• Lei n.º 62/2012, de 10 de dezembro, cria a Bolsa Nacional de Terras para utilização
agrícola, florestal ou silvopastoril, designada por “Bolsa de terras”;

92
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Lei n.º 63/2012, de 10 de dezembro, aprova benefícios fiscais à utilização das terras
agrícolas, florestais e silvopastoris e à dinamização da Bolsa de terras;

• Portaria n.º 197/2013, de 28 de maio, aprova o Regulamento de Gestão da Bolsa


Nacional de Terras e o modelo de contrato de disponibilização, na bolsa nacional de
terras, de prédios para utilização agrícola, florestal e silvopastoril, bem como
processe à fixação da taxa por custos de gestão da Bolsa de terras;

• Resolução de Conselho de Ministros n.º 96/2013, de 30 de dezembro, estabelece o


procedimento de identificação e de disponibilização de prédios do domínio privado do
Estado e dos institutos públicos na Bolsa de terras;

• Decreto-Lei n.º 21/2014, de 11 de fevereiro, estabelece as formas e o procedimento


de cedência dos prédios do domínio privado do Estado e do património dos institutos
públicos, através da Bolsa de terras;

• Resolução de Conselho de Ministros n.º 24/2014, de 20 de março, cria o grupo de


acompanhamento da Bolsa de terras e o respetivo coordenador da Bolsa de terras,
para dinamização e divulgação da Bolsa de terras;

• Despacho n.º 4431/2014, de 21 de março, procede à designação do coordenador do


grupo de acompanhamento da Bolsa de terras – coordenador da Bolsa de terras;

• Despacho n.º 6559/2014, de 8 de Maio – Despacho de disponibilização de terras do


Estado;

• Despacho n.º11700/2014, de 15 de Setembro - Aprova a minuta a utilizar nos


contratos de arrendamento de prédios do domínio privado do Estado e dos institutos
públicos, através da Bolsa de terras;

• Portaria n.º 128/2015, de 12 de maio - prorroga o período de suspensão do


pagamento da taxa devida por custos de Gestão da Bolsa Nacional de Terras, pelo
prazo de um ano a contar de 29 de Maio de 2015;

• Despacho n.º 11524/2015, de 2 de outubro – Despacho de disponibilização de terras


do Estado (2.º Concurso);

• Despacho n.º 3989/2017, de 12 de abril – Determina a criação do grupo de


acompanhamento da bolsa de terras, adiante designado grupo de acompanhamento;

93
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Lei n.º 78/2017, de 17 de agosto, que cria um sistema de informação cadastral e


revoga a Lei n.º 152/2015, de 14 de setembro.

2.18 Sistema de Informação de Mercados Agrícolas - SIMA


O SIMA foi criado pelo Decreto-Lei n.º 91/85, de 1 de Abril, na dependência do Gabinete de
Planeamento e Políticas e Administração Geral (GPP), e tem como principal objetivo o
acompanhamento dos mercados agrícolas, recolhendo para o efeito as cotações/preços dos
produtos e a informação qualitativa ou quantitativa (quantidades, stocks, etc) necessária à
caracterização das condições de escoamento dos produtos. O sistema SIMA permite que o
Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) obtenha a informação
harmonizada em todo o território, à qual recorre para a sustentação das posições assumidas
e das decisões tomadas no âmbito da política agrícola.

A difusão da informação SIMA inclui os seguintes meios:

• Cotações dos produtos agrícolas vegetais e animais: informação nos mercados


de produção, até à semana anterior, e nos mercados abastecedores, até ao dia
anterior.

• Newsletters sectoriais: de periodicidade semanal, com análises de conjuntura e


outras consideradas relevantes.

A informação do SIMA está disponível no site do Gabinete de Planeamento, Políticas e


Administração Geral (GPP): http://www.gpp.pt/sima.html podendo os preços dos
produtos agrícolas ser consultados por data e mercado. O SIMA disponibiliza as
cotações dos seguintes produtos:

Cotações Leite e Produtos


Cotaçãoes Produtos Vegetais
Produtos Animais Lácteos
Mercados
Mercados Produção
Abastecedores

Frutos Frescos Frutos Frescos Bovinos Leite à Produção


Frutos Secos Frutos Secos Caprinos Leite Embalado
Hortícolas Hortícolas Ovinos Leite em Pó
Flores e Folhagens Flores e Folhagens Suínos Manteiga
Cereais e Palha Aves Queijo
Azeite e Azeitona Ovos
Girassol
Cortiça

94
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A cotação referente a cada grupo de produtos agrícolas, é disponibilizada conforme o


exemplo a seguir apresentado:

Fonte: SIMA, GPP

2.19 Rede de Informação de Contabilidades Agrícolas (RICA)

Para o desenvolvimento da PAC, era necessário dispor de informações objetivas e


funcionais nomeadamente sobre os rendimentos nas diversas categorias de explorações
agrícolas e sobre o funcionamento económico das mesmas, constituindo as contabilidades
agrícolas a fonte principal para a aquisição e verificação desses dados, foi criada na então
Comunidade Económica Europeia32 (CEE) a Rede de Informação de Contabilidades
Agrícolas (RICA).

A RICA é uma rede de recolha de dados em explorações agrícolas no âmbito da União


Europeia (UE) e tem como principais objetivos:

• Determinar anualmente os níveis de rendimento dos principais tipos de explorações

agrícolas, de entre as explorações vocacionadas para o mercado;

32
De acordo com o Regulamento n.º 79/65/CEE do Conselho de 15 de Junho de 1965, que cria uma rede de informação
contabilística agrícola sobre os rendimentos e a economia das explorações agrícolas na Comunidade Económica Europeia

95
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Disponibilizar a informação necessária para a preparação e acompanhamento de

medidas de política agrícola relacionadas com as estruturas produtivas e com os

mercados.

A informação recolhida pelo sistema RICA reveste-se de duas particularidades: é fornecida


voluntariamente e é confidencial, relativamente aos dados individuais de cada exploração.

Em Portugal, no ano de 1985, por publicação do Decreto-Lei n.º 90/85, de 1 de Abril, foi
criada na dependência do Diretor-Geral do Gabinete de Planeamento do Ministério da
Agricultura, a Direção de Serviços da Rede de Informação de Contabilidades Agrícolas,
também designada por RICA.

A recolha de informação é feita por contacto direto de um técnico das Direções Regionais de
Agricultura e Pescas (DRAP's) e todo o sistema coordenado a nível central pelo Gabinete de
Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP).

Podem aderir à rede, mediante contacto com a DRAP que abrange a exploração agrícola e
protocolo com o Ministério de Agricultura, agricultores individuais, jovens agricultores e
outras entidades (Associações de Produtores, Cooperativas, Centros de Gestão, Gabinetes
de Contabilidade).

O campo de observação da amostra em Portugal é composto por explorações orientadas


para o mercado com uma dimensão económica superior a duas UDE33, representando pelo
menos 90% da Margem Bruta Standard.

As explorações são selecionadas para fazerem parte da amostra de acordo com um plano
amostral, o qual e de acordo com a metodologia utilizada, permitirá retirar informação
representativa ao nível da região, da dimensão económica e tipo de orientação técnico-
económica.

A amostra tem evoluído em Portugal desde 1981, tendo atingido o limiar pretendido das três
mil explorações em 1992. Foi também em 1992 que se iniciaram protocolos de recolha de

33
Dimensão Económica (DE) – Definida com base na MBS total da exploração, a qual corresponde à soma dos valores obtidos
para cada actividade. É expressa em Unidades de Dimensão Económica (UDE)
Margem Bruta Standard (MBS) – corresponde a uma Margem Bruta média para cada uma das actividades numa região (valor
da Produção Bruta Agrícola deduzida dos Principais Custos específicos da actividade em causa)

96
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

informação com entidades privadas, mais propriamente Centros de Gestão e Gabinetes de


Contabilidade. O plano amostral prevê, desde 2006, o acompanhamento de um total de
2300 explorações.

O processo de recolha de informação baseia-se na participação voluntária dos agricultores:


são eles os "fornecedores de dados".

Assim, para este efeito, são acompanhadas, em Portugal, cerca de 2300 explorações
distribuídas pelas várias regiões. A estas explorações é realizada a contabilidade
simplificada utilizando o programa Gestagro. É ainda utilizado na recolha adicional de
informação, nomeadamente no que diz respeito aos Subsídios Correntes, um programa de
recolha específico para esta informação.

2.20 Atribuição de benefícios fiscais ao investimento no setor agrícola

O Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de outubro, aprovou o Código Fiscal do Investimento,


estabelecendo os seguintes regimes:
ƒȌ O regime de benefícios fiscais contratuais ao investimento produtivo;
„Ȍ O Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI);
…Ȍ O sistema de incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento empresarial II
(SIFIDE II) e
†Ȍ O regime de dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR).

De acordo com o n.º 2 do artigo 1.º do Código Fiscal do Investimento, o regime de


benefícios fiscais contratuais ao investimento produtivo e o RFAI constituem regimes de
auxílios com finalidade regional aprovados nos termos do Regulamento (UE) n.º 651/2014
da Comissão, de 16 de Junho de 201434 (Regulamento Geral de Isenção por Categoria -
RGIC), com exclusão do setor agrícola.

O DLRR constitui um regime de incentivos fiscais ao investimento em favor de micro,


pequenas e médias empresas aprovado nos termos do RGIC, e exclui o setor agrícola.

34
Que declara certas categorias de auxílio compatíveis com o mercado interno, em aplicação dos artigos 107.º e 108.º do Tratado, publicado
no Jornal Oficial da União Europeia, n.º L 187, de 26 de Junho de 2014.

97
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Assim sendo, não são elegíveis para a concessão de benefícios fiscais (regime de
benefícios fiscais contratuais ao investimento produtivo, RFAI e DLRR), nos termos do n.º 2
do artigo 1.º do Regulamento (UE) n.º 651/2014 da Comissão, de 16 de Junho de 2014, os
projetos de investimento que tenham por objeto, entre outras, as atividades económicas dos
sectores da produção agrícola primária, da silvicultura e da transformação e comercialização
de produtos agrícolas enumerados no anexo I do Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia35.

Conforme referido no artigo 1.º da Portaria n.º 282/2014, de 30 de dezembro, em


conformidade com as Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional
para 2014-2020, publicadas no Jornal Oficial da União Europeia n.º C 209, de 27 de julho de
2013 e com o Regulamento (UE) n.º 651/2014, de 16 de junho de 2014, publicado no Jornal
Oficial da União Europeia n.º C 187, de 26 de junho de 2014 (Regulamento Geral de
Isenção por Categoria), não são elegíveis para a concessão de benefícios fiscais os projetos
de investimento que tenham por objeto as atividades económicas dos setores siderúrgico,
do carvão, da pesca e da aquicultura, da produção agrícola primária, da transformação e
comercialização de produtos agrícolas enumerados no anexo i do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia, da silvicultura, da construção naval, das fibras sintéticas,
dos transportes e das infraestruturas conexas e da produção, distribuição e infraestruturas
energéticas.

a) O regime de benefícios fiscais contratuais ao investimento produtivo

O regime de benefícios fiscais aprovado pelo Código Fiscal do Investimento aplica-se a


projetos de investimento produtivo, no âmbito do regime de benefícios fiscais contratuais ao
investimento produtivo, cujo objeto esteja compreendido nas atividades económicas
previstas no n.º 2 do artigo 2.º do diploma aprovado pelo Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de
outubro. O n.º 3 do mesmo artigo estabelece que, por portaria conjunta dos membros do
Governo responsáveis pelas áreas da economia e das finanças, são definidos os códigos de
atividade económica (CAE) correspondentes a essas atividades.

A Portaria n.º 282/2014, de 30 de dezembro, estabelece no artigo 2.º que com a salvaguarda
das restrições previstas nas Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade
regional para 2014-2020, as atividades económicas previstas no n.º 2 do artigo 2.º do

35
Artigo 1.º da Portaria n.º 282/2014, de 30 de Dezembro.

98
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

diploma aprovado pelo Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de outubro, referentes a projetos de


investimento produtivo, no âmbito do regime de benefícios fiscais contratuais ao investimento
produtivo, correspondem aos seguintes códigos da Classificação Portuguesa de Atividades
Económicas, Revisão 3 (CAE-Rev.3), aprovada pelo Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de
novembro:

a) Indústrias extrativas - divisões 05 a 09;

b) Indústrias transformadoras - divisões 10 a 33;

c) Alojamento - divisão 55;

d) Restauração e similares - divisão 56;

e) Atividades de edição - divisão 58;

f) Atividades cinematográficas, de vídeo e de produção de programas de televisão - grupo


591;

g) Consultoria e programação informática e atividades relacionadas - divisão 62;

h) Atividades de processamento de dados, domiciliação de informação e atividades


relacionadas e portais Web - grupo 631;

i) Atividades de investigação científica e de desenvolvimento - divisão 72;

j) Atividades com interesse para o turismo - subclasses 77210, 90040, 91041, 91042, 93110,
93210, 93292, 93293 e 96040;

k) Atividades de serviços administrativos e de apoio prestados às empresas - classes 82110


e 82910.

b) O Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI)

De acordo com o artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de outubro, o RFAI é


aplicável aos sujeitos passivos de IRC que exerçam uma atividade nos setores
especificamente previstos no n.º 2 do artigo 2.º deste diploma, tendo em consideração os
códigos de atividade definidos na Portaria n.º 282/2014, de 30 de dezembro, acima
referidos, com exceção das atividades excluídas do âmbito sectorial de aplicação das
Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional para 2014-2020,

99
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

publicadas no Jornal Oficial da União Europeia n.º C 209, de 27 de julho de 2013 e com o
Regulamento (UE) n.º 651/2014, de 16 de junho de 2014, publicado no Jornal Oficial da
União Europeia n.º C 187, de 26 de junho de 2014 (Regulamento Geral de Isenção por
Categoria).

c) O regime de dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR)

De acordo com o artigo 28.º do Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de outubro, podem


beneficiar da DLRR os sujeitos passivos de IRC residentes em território português, bem
como os sujeitos passivos não residentes com estabelecimento estável neste território, que
exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e
sejam micro, pequenas e médias empresas, tal como definidas na Recomendação n.º
2003/361/CE, da Comissão, de 6 de maio de 2003.

O artigo 9.º da Portaria 297/2015, de 27 de setembro, que procede à regulamentação do


RFAI e do DLRR, define que o DLRR não é aplicável ao reinvestimento de lucros retidos nos
setores da pesca, da aquicultura e da produção agrícola primária.

Conclusão

Releva-se o facto que neste âmbito o investimento no setor agrícola para a exportação fica
excluído, e atividades ligadas à transformação, nomeadamente o vinho, o azeite, o
embalamento e tratamento de frutos e hortícolas são setores prejudicados com esta
exclusão.

Apesar do SIFIDE ser elegível para todos os setores de atividade económica, o mesmo só é
aplicado a despesas de investigação e de desenvolvimento de sujeitos passivos de IRC, não
tendo praticamente impacto no setor agrícola uma vez que 88% das empresas são de
sujeitos passivos de IRS.

3 NCRF 17 – Agricultura

3.1 Breve introdução à norma NCRF 17

100
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A NCRF 17 entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2010 (Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de


Julho) e tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 41 – Agricultura,
aprovada pelo International Accounting Standards Comitee (IASC) em Dezembro de 200036,
com entrada em vigor para as demonstrações financeiras elaboradas a partir de 1 de
Janeiro de 2003, adotada pelo texto original do Regulamento (CE) n.º 1126/2008 da
Comissão, de 3 de Novembro.

Esta norma trata das matérias relacionadas com o tratamento contabilístico, apresentação
das demonstrações financeiras e divulgações que se relacionem com atividades agrícolas e
aplica-se aos:

➢ ativos biológicos (de produção e consumíveis)


➢ produtos agrícolas no ponto da colheita e
➢ subsídios de entidades públicas relacionados com ativos biológicos.

A aplicação da NCRF 17 deve ser seguida na contabilização de ativos biológicos (pomares,


pinhais, bovinos, etc.), de produtos agrícolas no ponto da colheita (cereais, frutos, leite,
etc.) e de subsídios de entidades públicas relacionados com ativos biológicos mensurados
pelo justo valor (Pagamento Especifico para o arroz, prémio por ovelha ou por cabra),
quando relacionados com a atividade agrícola.

Entende-se por atividade agrícola a gestão por uma entidade da transformação biológica e a
colheita de ativos biológicos para venda ou para conversão, em produtos agrícolas ou em
ativos biológicos adicionais.

Ativos
Produto agricola
biológicos

é o produto
é um animal
colhido dos ativos
ou planta
biológicos da
vivos.
entidade.

36 A IAS 41 foi adotada pelo sucessor do IASC, o Internaional Accounting Standards Board (IASB), em Abril de 2001 com
entrada em vigor em 1 de Janeiro de 2003. É a primeira norma emitida pelo IASC (atual IASB) direcionada especificamente
para o setor primário.

101
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O quadro a seguir apresentado identifica exemplos de ativos biológicos, produto agrícola e


produtos que são o resultado de processamento após colheita. Este quadro consta do § 5
da NCRF 17:

Produtos resultantes de
Ativos Biológicos Produto Agricola processamento após
colheita

Carneiros Lã Fio de lã, carpetes

Àrvores numa plantação


florestal Árvores abatidas Troncos, madeira serrada

Plantas Cana de algodão Fio de Algodão, roupas

Gado produtor de leite Leite Queijo

Salsichas, presuntos
Porcos Carcaças curados

Arbustos Folhas Chá, Tabaco curado

Vinhas Uvas Vinho

Àrvores de fruto Frutos colhidos Frutos processados

A atividade agrícola abrange uma variedade de atividades, tais como, criação de gado,
silvicultura, safra anual ou perene, cultivo de pomares e de plantações, floricultura e
aquacultura (incluindo criação de peixes).

Para se aferir se estamos ou não perante uma atividade agrícola, dever-se-á atender a um
conjunto de características comuns que este tipo de atividade tem, a saber:

➢ As atividades agrícolas têm a capacidade de alteração, isto é, os animais vivos e as


plantas são capazes de transformação biológica;

➢ As atividades agrícolas gerem essas alterações, isto é, a gestão dos processos


facilita a transformação biológica pelo aumento, ou, pelo menos, estabilização das

102
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

condições necessárias para que o processo tenha lugar (por exemplo, níveis
nutricionais, mistura, temperatura, fertilidade e luz).

A existência de uma gestão distingue a atividade agrícola de outras atividades.

Por exemplo:
- Apanhar/colher de locais não geridos como, por exemplo, a pesca oceânica e de
florestação não são atividades agrícolas; e

- As atividades agrícolas podem controlar as alterações com o objetivo de atingir


mensurações desejáveis: alterar a qualidade (por exemplo, mérito genético, densidade,
amadurecimento, cobertura de gordura, conteúdo de proteínas e resistência das fibras) ou a
quantidade (por exemplo, progénie, peso, metros cúbicos, comprimento ou diâmetro das
fibras e número de rebentos) ocasionada por transformação biológica ou colheita é
mensurada e monitorizada como uma função de gestão rotinada.

A transformação biológica implica as seguintes consequências:

- Altera os ativos por via, do:

➢ Crescimento (um aumento de quantidade ou melhoramento na qualidade de um


animal ou planta);
➢ Degeneração (uma diminuição na quantidade ou deterioração na qualidade de
um animal ou planta); ou
➢ Procriação (criação de animais ou de plantas vivos adicionais);

Ou,

➢ Pela transformação do produto agrícola (por exemplo, a borracha em bruto


(latex), as folhas de chá, a lã e o leite).

No âmbito da norma da agricultura, podemos dividir a atividade agrícola em três grandes


áreas, atendendo às suas particularidades, ciclo produtivo e tipo de mensuração.

103
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

São elas as culturas permanentes37 e as culturas temporárias38, a pecuária e aquacultura e


a silvicultura atendendo ao seu longo ciclo de produção e particularidades de apuramento do
justo valor e tratamento fiscal.

Na NCRF17 a atividade agrícola tem uma amplitude limitada que somente abrange os
animais e plantas vivos e finaliza o seu raio de abrangência no momento do produto colhido
dos ativos biológicos (separação de um produto de um ativo biológico ou a cessação dos
processos de vida de um ativo biológico) e sabemos que em muitos casos o ciclo de
produção não termina na colheita.

Assim, não podemos deixar de salientar que a atividade agrícola tem uma amplitude mais
abrangente. A definição atual de “atividade agrícola” é estabelecida no regulamento que
define as regras comuns para os regimes de apoio direto da PAC (regime de ajudas do
primeiro pilar do Fundo Europeu Agrícola de Garantia – FEAGA): “A produção, criação ou
cultivo de produtos agrícolas, incluindo a colheita, ordenha, criação de animais e detenção
de animais para fins de produção, ou a manutenção das terras em boas condições agrícolas
e ambientais.”39

O Regulamento (UE) n.º 1307/2013, do Parlamento e do Conselho, de 17 de dezembro de


2013, que entra em vigor no dia 1 de janeiro de 2015, que estabelece regras para os
pagamentos diretos aos agricultores ao abrigo de regimes de apoio no âmbito da política
agrícola comum e que revoga o Regulamento (CE) n.º 637/2008 do Conselho e o
Regulamento (CE) n.º 73/2009, do Conselho, apresenta a definição de “atividade agrícola”
na alínea c) do artigo 4.º:

1. A produção, a criação ou o cultivo de produtos agrícolas, incluindo a colheita, a


ordenha, a criação de animais, e a detenção de animais para fins de produção;
2. A manutenção de uma superfície agrícola num estado que a torne adequada para
pastoreio ou cultivo sem ação preparatória especial para além dos métodos e

37
Culturas que ocupam a terra durante um longo período e fornecem repetidas colheitas, não entrando em rotações culturais.
(Fonte: INE)
38
Culturas cujo ciclo vegetativo não excede um ano (as anuais) e também as que são ressemeadas com intervalos que não
excedem cinco anos (morangos, espargos, prados temporários, etc.).(Fonte: INE)
39
Definição do Regulamento (CE) N.º 73/2009 do Conselho, 19/01, que estabelece regras comuns para os regimes apoio
direto da PAC (artigo 2.º alínea c), em vigor até 31 de dezembro de 2014.

104
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

máquinas agrícolas habituais, com base em critérios a definir pelos Estados-


Membros a partir de um quadro estabelecido pela Comissão, ou;
3. A realização de uma atividade mínima, definida pelos Estados-Membros, em
superfícies agrícolas naturalmente mantidas num estado adequado para pastoreio ou
cultivo.

Em sentido lato a atividade agrícola é uma atividade multifuncional de desenvolvimento


económico, ambiental e socialmente sustentável e abrange a produção de bens alimentares
de qualidade e seguros, a gestão do espaço e dos recursos naturais, o desenvolvimento de
outras atividades económicas sendo um elemento de coesão social e territorial.

Existem, no entanto, vários ativos que, apesar de relacionados com a atividade agrícola,
não são acolhidos no seio da NCRF 17. Por exemplo, os animais de trabalho e utilizados
em atividades de lazer (equipamentos biológicos), os terrenos utilizados para as plantações
e cultivo, bem como para pastagens e instalação de infra-estruturas relacionadas com a
atividade agrícola são tratados pela NCRF 7 - Ativos Fixos Tangíveis e pela NCRF 11 -
Propriedades de Investimento.

Os ativos intangíveis relacionados com a atividade agrícola (direitos pagamento, licenças,


marcas adquiridas) são tratados no âmbito da NCRF 6 - Ativos Intangíveis.

Por sua vez, os produtos agrícolas após a colheita (por exemplo, os frutos armazenados por
comerciantes para revenda ou armazenados para finalidades industriais), são reconhecidos
e mensurados de acordo com as orientações da NCRF 18 – Inventários.

Aos subsídios relacionados com ativos biológicos mensurados ao custo aplica-se a NCRF
22 - Subsídios e Outros Apoios das Entidades Públicas.

3.2 O reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos

105
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para se verificarem as condições de reconhecimento de um ativo biológico, devemos, em


primeiro lugar, aferir se cumpre a definição de ativo (Estrutura conceptual § 52 a 58 e NCRF
17 § 11), isto é, saber se é um bem controlado pela empresa do qual se espera fluam
benefícios económicos futuros.

Por exemplo, se uma entidade compra vacas para reprodução, estamos perante um bem
que a empresa controla e gera benefícios económicos para a entidade através da sua
utilização, pelo que cumpre as características para ser reconhecido como ativo.

O § 11 da NCRF 17 estabelece ainda que uma entidade deve reconhecer um ativo biológico
ou produto agrícola quando e somente quando:

(a) A entidade controle o ativo como consequência de acontecimentos passados;


(b) Seja provável que benefícios económicos associados ao ativo fluirão para a
entidade; e
(c) O justo valor ou custo do activo possa ser fiavelmente mensurado.

Na atividade agrícola, o controlo pode ser evidenciado, por exemplo, pela posse legal do
gado e pela marcação a quente ou de outro modo, aquando da aquisição, nascimento ou
desmama.

Os benefícios económicos futuros são normalmente estimados pela mensuração dos


atributos físicos significativos.

A aplicação do justo valor é a melhor medida de mensuração para os activos biológicos,


sempre que possa ser fiavelmente determinada. Existe, aliás, segundo refere o § 30 da
NCRF 17, um pressuposto de que o justo valor pode ser mensurado com fiabilidade para um
ativo biológico.

A definição de justo valor refere que este corresponde à quantia pela qual um ativo pode ser
trocado ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa
transacção em que não exista relacionamento entre elas.

Mensuração inicial e Mensuração subsequente

106
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Cumpridos aqueles requisitos, a NCRF estabelece que a mensuração inicial e em cada data
do balanço, é efetuada pelo justo valor do ativo biológico, menos os custos de alienação.

Mensuração inicial Justo valor - custos de alienação

Mensuração
subsequente (em cada Justo valor - custos de alienação
data de balanço)

Nota: Os custos de alienação são os custos incrementais diretamente atribuíveis à


alienação de um ativo, excluindo os gastos de financiamento e os gastos de impostos sobre
o rendimento.

Nota: só se exceciona a utilização do justo valor quando este não puder ser fiavelmente
mensurado (§ 30 da NCRF 17).

Face às características muito específicas deste tipo de actividade, a utilização do justo valor
na mensuração dos ativos poderá ser a única medida que permite transmitir a imagem
verdadeira e apropriada nas Demonstrações Financeiras da entidade.

Por exemplo, numa exploração de gado cuja actividade é a venda de carne, se, em
Novembro nascerem 500 vitelos, as demonstrações financeiras devem reflectir esse
aumento do activo gerado pelo nascimento dos animais. O método do custo dificilmente se
aproximará do justo valor do ativo.

Uma das questões mais problemática na apreciação desta realidade é conseguir determinar
com fiabilidade o justo valor.

Para a determinação do justo valor dos ativos biológicos podemos socorrer-nos de várias
orientações, tais como:

107
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• A existência de um mercado ativo (SIMA40);


• Preço de transação recente para o ativo se não houver mercado ativo;
• Os preços de mercado para ativos semelhantes, ajustados para os pontos de diferença;
• Referências do sector tais como o valor de um pomar expresso por contentores de
exportação, hectare ou outra unidade de medida do sector, no caso da carne pode ser
expresso em quilos de carne;
• O valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados a serem gerados a partir do ativo.

Muitos ativos biológicos têm preços facilmente determinados pelo mercado ou valores
disponíveis porque são produtos negociados ativamente. Por exemplo, em regra, existem
preços de mercado dos bezerros e leitões, pois há um mercado ativo.

Caso não exista um preço facilmente determinado pelo mercado ou caso os valores não
estejam disponíveis na sua condição actual, poder-se-á recorrer ao valor presente dos
fluxos de caixa líquidos de um ativo, descontados a uma taxa pré-imposto determinada no
mercado corrente (de acordo com o § 20 da NCRF 17).

O objectivo do cálculo do valor presente de fluxos de caixa líquidos esperados é determinar


o justo valor de um activo biológico no seu local e condição actuais. Uma entidade
considerará isto na determinação de uma taxa de desconto apropriada a ser usada e ao
estimar os fluxos de caixa líquidos esperados.

Para estimar o justo valor recorrendo à utilização do valor presente dos fluxos de caixa
esperados, deve-se recorrer na medida do possível a dados do mercado. Por exemplo, em
relação à cortiça existe um mercado activo para o produto colhido mas não existe um
mercado para a cortiça em crescimento; neste caso, o justo valor pode ser determinado
projectando os influxos de caixa provenientes da venda da cortiça, menos os gastos
necessários para acompanhar o seu crescimento descontando-os a um valor presente.

Valor Actual ou Valor Presente = Rentabilidade esperada / (1+ taxa de desconto)n (período)

40 SIMA – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas - www.gppaa.min-agricultura.pt/sima.html - Este sistema é


desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e disponibiliza no site cotações dos produtos agrícolas vegetais e animais
semanalmente.

108
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A rentabilidade esperada poderá ter em conta o preço de venda espectável – os gastos


necessários para acompanhar o seu crescimento. Poder-se-á ainda aplicar a este valor a
taxa de inflação prevista para o período em causa.

Os gastos necessários para acompanhar o crescimento da cortiça devem incluir todos os


custos directamente atribuíveis àquele activo biológico, nomeadamente mão-de-obra,
fertilizantes e horas das máquinas para preparação do solo.

Embora o § 30 da NCRF 17 refira que existe um pressuposto de que o justo valor pode ser
mensurado com fiabilidade para um ativo biológico, esse pressuposto pode ser afastado no
reconhecimento inicial de um ativo biológico quando os preços ou valores determinados pelo
mercado não estejam disponíveis (por exemplo, uma vinha numa região D.O.P. ou um Olival
com características muito especificas) e as estimativas alternativas do justo valor estejam
determinadas como sendo claramente pouco fiáveis.

Nesse caso, esse ativo biológico deve ser mensurado pelo custo menos qualquer
depreciação acumulada e qualquer perda por imparidade acumulada.

Quando o justo valor desse ativo biológico se tornar fiavelmente mensurável, a entidade
deve alterar a mensuração para o justo valor menos os custos de alienação.

O justo valor

Justo valor: vantagens

O justo valor é o critério por excelência de valorização para a atividade agrícola, atendendo
às suas características únicas de gestão da transformação biológica, pois é o único critério
capaz de avaliar o desempenho das empresas deste sector de atividade nos vários
momentos de crescimento, procriação, degeneração e colheita.

O custo histórico não reflete os efeitos da transformação biológica pois existe dificuldade em
registar os custos de oportunidade, que muitas vezes não reúnem as condições de
elegibilidade fiscal.

A mensuração ao custo dos ativos biológicos pode ser menos fiável devido à complexidade
de imputação de componentes do resultado e das dificuldades de valorização de produções
conjuntas quer quanto a inputs quer quanto a outputs.

109
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Maior relevância, comparabilidade e compreensibilidade para os ativos com mercado ativo.


A diversidade de fontes das plantas, originam custos diferentes, como custo histórico. Com
o justo valor, ativos semelhantes darão origem a semelhantes expectativas de benefícios
económicos futuros.

O justo valor é a única forma de mensurar os animais nascidos na exploração agrícola, e é a


melhor medida de avaliação do desempenho de ciclos de produção longos, com volatilidade
na produção e no mercado.

Justo valor: restrições

O justo valor dos ativos biológicos sofre oscilações devido às alterações físicas (idade e
crescimento, degeneração).

Existem alterações dos preços de mercado em função das condições de mercado


grandemente condicionados pela cadeia de distribuição, sendo este facto muito corrente na
agricultura.

Na agricultura é recorrente a incidência de riscos causados pela instabilidade do clima e


outras variáveis exógenas.

As oscilações de valor podem ser inerentes ao rendimento produtivo do ativo biológico.

Podem não existir mercados ativos para alguns ativos biológicos. Neste caso o justo valor
não pode ser fiavelmente mensurado.

Regra geral, existe dificuldade em obter-se o justo valor fiável nas culturas permanentes:
vinhas, pomares, olivais, entre outras.

Por exemplo, em relação à vinha podemos salientar de forma genérica que, em Portugal,
este ativo negociado no mercado não é homogéneo, isto é, muito dificilmente existem vinhas
que possuam características semelhantes: não é possível comparar uma vinha do Douro
com uma vinha geograficamente localizada no Baixo Alentejo. O tipo de uva, casta e clima
diferem de forma muito significativa. Até mesmo no interior da mesma região as
características diferem.

110
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A mensuração pelo justo valor origina o reconhecimento de ganhos e perdas não realizados.
Na atividade silvícola esta situação é muito marcante em relação aos ganhos.

Deve-se atender que os custos incorridos, para a obtenção do justo valor do ativo, não
devem ser superiores aos benefícios da sua obtenção.

Justo Valor – limitações

Contudo, embora se adote o Justo Valor, Portugal optou por limitar a sua utilização no que
respeita a:

• Legislação comercial – impossibilita a distribuição de resultados, até que o resultado


do justo valor se encontre realizado;
• Legislação Fiscal – Para efeitos de tributação em imposto sobre o rendimentos das
pessoas coletivas o justo valor raramente é aceite.

O Decreto-Lei n.º 185/2009, de 12 de agosto, introduziu algumas alterações ao Código das


Sociedades Comerciais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 262/86, de 2 de setembro, alterando
de forma substancial o artigo 32.º “Limite da distribuição de bens aos sócios” que passou a
ter a seguinte redação, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2010:

“1 - Sem prejuízo do preceituado quanto à redução do capital social, não


podem ser distribuídos aos sócios bens da sociedade quando o capital próprio
desta, incluindo o resultado líquido do exercício, tal como resulta das contas
elaboradas e aprovadas nos termos legais, seja inferior à soma do capital social
e das reservas que a lei ou o contrato não permitem distribuir aos sócios ou se
tornasse inferior a esta soma em consequência da distribuição.
2 - Os incrementos decorrentes da aplicação do justo valor através de
componentes do capital próprio, incluindo os da sua aplicação através do
resultado líquido do exercício, apenas relevam para poderem ser distribuídos
aos sócios bens da sociedade, a que se refere o número anterior, quando os
elementos ou direitos que lhes deram origem sejam alienados, exercidos,
extintos, liquidados ou, também quando se verifique o seu uso, no caso de ativos
fixos tangíveis e intangíveis.”

111
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O preâmbulo do Decreto-Lei n.º 185/2009, de 12 de agosto, justifica a alteração do artigo


32.º do Código das Sociedades Comerciais:

“Por outro lado, a recente adoção, por parte das entidades com valores cotados,
das Normas Internacionais de Relato Financeiro adotadas pela União Europeia e
a próxima adoção de um novo Sistema de Normalização Contabilístico aplicável
às demais empresas vieram permitir que as empresas passem a utilizar com
maior intensidade o critério de mensuração do justo valor (fair-value). A
aplicação desta técnica contabilística tem como principal consequência que a
ênfase é dada à mensuração das rubricas do balanço, passando, em
consequência, a expressar-se muitas das rubricas desta demonstração
financeira em valores de mercado. Assim sendo, e embora reconhecendo a
importância da adoção do critério de justo valor na qualidade da informação
financeira prestada pelas empresas, facto que permite refletir com maior
relevância a sua verdadeira performance, entende-se que deverá haver alguma
limitação à distribuição dos resultados positivos que tenham sido gerados a partir
da aplicação do referido critério de valorimetria. Quanto às componentes
negativas da aplicação do justo valor, não deixa de ter aplicação o princípio da
prudência, pelo que não é contemplada qualquer alteração nesta vertente,
continuando a afetar, neste caso negativamente, a distribuição de resultados, já
que, primeiro, terão de ser compensadas estas perdas, e só depois se poderão
libertar bens para distribuição.”

3.3 Principais divulgações

Em termos contabilísticos, divulgar significa dar a conhecer outras informações importantes


que sejam relevantes para os utentes/utilizadores das demonstrações financeiras para que
estes possam ter acesso ao conhecimento da situação real das entidades.

As divulgações devem constar nas notas do anexo às demonstrações financeiras e podem


consistir em texto explicativo ou quadros suplementares para que melhor se compreendam
o balanço e a demonstração de resultados.

112
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para completar as informações relacionadas com os ativos biológicos, uma entidade deve
divulgar os factos descritos no ponto 19 do modelo geral do Anexo41:

• Descrição de cada grupo de ativos biológicos da entidade;

• As medidas ou estimativas não financeiras usadas na quantificação física de cada


um dos grupos de ativos biológicos no fim do período;

• Descrever os métodos e os pressupostos significativos aplicados na determinação do


justo valor de cada um dos grupos do produto agrícola no ponto de colheita e de
cada um dos grupos de ativos biológicos;

• Divulgar o justo valor menos os custos de alienação do produto agrícola colhido


durante o período, determinado no momento de colheita;

• Divulgar as situações em que os ativos biológicos sejam detidos de forma restrita ou


hajam sido penhorados ou dados como garantia de passivos;

• Divulgar os compromissos assumidos para o desenvolvimento ou à aquisição de


ativos biológicos.

Se a entidade estiver a utilizar o critério de mensuração do custo, deverá divulgar no anexo


quais os ativos biológicos abrangidos por esse critério, o método de depreciação utilizado,
as vidas úteis estimadas e respetivas taxas de depreciação para esses ativos biológicos,
discriminando ainda as quantias brutas dos ativos biológicos e as respetivas depreciações
acumuladas. Deverá também explicar a impossibilidade de mensurar fiavelmente os ativos
e, se possível, determinar o intervalo de estimativas dentro das quais seja altamente
provável enquadrar o justo valor;

Se o justo valor dos ativos biológicos previamente mensurados ao custo se tornar


fiavelmente mensurável durante o período corrente, uma entidade deve divulgar em relação
a esses ativos biológicos:
• Uma descrição dos ativos biológicos;

41 Anexo 6 da Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho.

113
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Uma exemplificação da razão pela qual o justo valor se tornou fiavelmente


mensurável, e
• O efeito da alteração.

Em relação aos subsídios de entidades públicas relacionados com a atividade


agrícola no âmbito da NCRF 17 (relacionados com ativos biológicos mensurados ao
justo valor) deve-se divulgar:

• A natureza e a extensão dos subsídios governamentais reconhecidos nas


demonstrações financeiras;
• As condições não cumpridas e outras contingências ligadas aos subsídios
governamentais, e
• As diminuições significativas que se esperam ao nível de subsídios governamentais.

3.4 Apontamentos fiscais

Com a introdução das novas regras contabilísticas, as regras fiscais foram alteradas para se
conformarem com as novas regras contabilísticas. Assim:

Os ativos biológicos consumíveis quando são mesurados ao justo valor, os respetivos


ganhos42 e perdas43 resultantes da aplicação do justo valor concorrem para a formação do
lucro tributável.

Os produtos agrícolas no momento da colheita quando são mesurados ao justo


valor44, os respetivos ganhos e perdas resultantes da aplicação do justo valor concorrem
para a formação do lucro tributável.

42
Consideram-se rendimentos os resultantes de operações de qualquer natureza, em consequência de uma ação normal ou
ocasional, básica ou meramente acessória, nomeadamente os ganhos por aumento do justo valor em ativos biológicos
consumíveis que não sejam explorações silvícolas plurianuais (artigo.º 20, n.º1, alínea g) do Código IRC).
43
Para a determinação do lucro tributável, são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito
passivo para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC, nomeadamente as perdas por reduções de justo valor em ativos
biológicos consumíveis que não sejam explorações silvícolas plurianuais (artigo.º 23.º, n.º2, alínea k) do Código do IRC).
44
Para efeitos da determinação do lucro tributável, os rendimentos e gastos dos inventários são os que resultam da aplicação
dos critérios de mensuração previstos na normalização contabilística em vigor que utilizem os preços de venda dos produtos
colhidos de ativos biológicos no momento da colheita, deduzidos dos custos estimados no ponto de venda, excluindo os de
transporte e outros necessários para colocar os produtos no mercado (artigo 26.º, n.º 1, alínea d) do Código do IRC)

114
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Foram, porém, excecionadas as explorações silvícolas plurianuais, mantendo-se o


tratamento fiscal anterior (artigo 18.º n.º 7 do Código do IRC)45

Quanto aos ativos biológicos de produção, (árvores de fruto ou o gado leiteiro, por
exemplo), não está prevista a aceitação fiscal da mensuração pelo justo valor acolhida na
contabilidade. No entanto, se a mensuração aplicada for o método do custo as depreciações
são aceites fiscalmente de acordo com o definido no Código do IRC e no Decreto
Regulamentar 25/2009, de 14 de Setembro.

Assim, este tipo de ativos pode ter um regime fiscal semelhante ao dos ativos fixos tangíveis
(NCRF 7) quanto a imparidades, depreciações, mais e menos-valias e reinvestimento.46

Por outro lado os ativos biológicos de produção mensurados ao justo valor têm ainda a
possibilidade do seu custo de aquisição entrar para a determinação do lucro tributável. Esta
possibilidade foi introduzida com a denominada reforma do IRC (Lei n.º 2/2014, de 16 de
janeiro, que procede à reforma da tributação das sociedades alterando o Código do IRC, o
Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro, que estabelece o regime das
depreciações e amortizações, e o Código do IRS).

Assim, a partir de 2014 com o aditado artigo 45.º A do Código do IRC o custo de aquisição
dos ativos biológicos não consumíveis, que sejam subsequentemente mensurados ao justo
valor, é aceite como gasto para efeitos fiscais, em partes iguais, durante o período de vida
útil que se deduz da quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite caso esse
ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição.

Esta alteração vem permitir maior equidade fiscal no tratamento dos ativos biológicos de
produção.

45 Os gastos das explorações silvícolas plurianuais podem ser imputados ao lucro tributável tendo em consideração o ciclo de
produção, caso em que a quota parte desses gastos, equivalente à percentagem que a extracção efectuada no período de
tributação represente na produção total do mesmo produto, e ainda não considerada em período de tributação anterior, é
actualizada pela aplicação dos coeficientes de desvalorização da moeda constantes da portaria a que se refere o artigo 47.º do
Código do IRC (artigo 18.º, n.º 7 do Código IRC).
46
Lei do Orçamento Estado 2012 altera a redação do artigo 29.º, n.º1 do Código do IRC e do artigo 1.º, n.º1 do Regime das
depreciações e amortizações (Decreto Regulamentar 25/2009, de 14 de setembro), sendo aceites fiscalmente a partir de 1 de
Janeiro de 2012 as depreciações dos ativos biológicos de produção mensurados ao custo.

115
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

4 Os Ativos Biológicos de Produção – NCRF 17

4.1 Reconhecimento e Mensuração

Os ativos biológicos podem ser de produção ou consumíveis.

Os ativos biológicos de produção são os animais ou plantas vivas que são utilizados na
atividade agrícola, por exemplo, gado leiteiro do qual pode ser obtido leite, gado reprodutor
vinhas, pomares com árvores de fruto, árvores a partir das quais se obtenha lenha por
desbaste enquanto essas árvores permanecem vivas, etc..

Os ativos biológicos de produção não são produto agrícola mas antes, de regeneração para
a própria atividade produtiva, não disponíveis para venda.

Os ativos biológicos podem ser classificados quer como ativos biológicos maduros (ou
adultos), quer como ativos biológicos imaturos (ou juvenis).
No caso dos ativos biológicos de produção os ativos biológicos maduros (ou adultos) são
aqueles que sejam suscetíveis de sustentar colheitas regulares.

Os ativos biológicos de produção são classificados como ativos não correntes atendendo
ao estipulado no § 14 da NCRF 1 que define que devem ser classificados como não
correntes os ativos que não satisfaçam qualquer dos critérios:

“(a) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no
decurso normal do ciclo operacional da entidade;

(b) Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;


(c) Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço;
ou
(d) É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para
liquidar um passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.”

Apesar de o § 15 da NCRF 1 referir que a NCRF 1 “… usa a expressão "não corrente" para
incluir ativos tangíveis, intangíveis e financeiros cuja natureza seja de longo prazo”, essa
classificação não é restringida a estes ativos. A NCRF 17 prevê a possibilidade de classificar
os ativos biológicos como não correntes no § 30.

116
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Vejamos a aplicação deste conceito de ativo não corrente no caso da agricultura:

1) As culturas permanentes são culturas não integradas em rotação, com exclusão das
pastagens permanentes, que ocupam as terras por cinco anos ou mais e dão origem a
várias colheitas e que apresentam uma determinada densidade de plantação. Referimo-nos
aos pomares (laranjais, macieiras, pereiras, limoeiros, cerejeiras, ao olival e à vinha que são
ativos biológicos de produção com uma vida útil de produção superior a cinco anos, logo
classificados como ativos não correntes.

2) A vaca aleitante será a vaca pertencente a uma raça de vocação "carne" ou resultante de
um cruzamento com uma dessas raças, e faz parte de uma manada destinada à criação de
vitelos para produção de carne, o que pressupõe a alimentação dos vitelos com base no
leite materno. A vaca aleitante poderá ter entre 10 a 15 partos com uma média de 9 meses
por período de gestação. O início da primeira gestação dá-se aos 9 meses.

3) A vaca leiteira produtora de leite poderá ter entre 4 a 5 partos, com uma média de 9
meses por período de gestação, durante o período de rentabilidade produtiva. O inicio da
primeira gestação dá-se aos 9 meses.

4) As ovelhas e as cabras reprodutoras têm o início da primeira gestação aos 7 ou 8 meses.


Podem ter 8 a 10 partos, com uma média de 5 meses por gestação.

5) As porcas reprodutoras, tem o início da primeira gestação aos 7 ou 8 meses. Tem uma
média de 2,3 partos por ano e no período de rentabilidade produtiva podem ter entre 8 e 10
partos.

Todos os herbívoros e granívoros exemplificados são ativos biológicos de produção


classificados como não correntes atendendo ao seu período de vida produtiva, durante o
qual vão ficar em permanência na exploração agrícola para uso na atividade produtiva.

De acordo com o § 25 da NCRF 1 a informação básica a apresentar na face do balanço


consta do respetivo modelo da portaria n.º 220/2015, de 24 de julho e o pormenor
proporcionado nas subclassificações depende dos requisitos das NCRF e da dimensão,
natureza e função das quantias envolvidas. Os ativos biológicos de produção tal como os

117
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ativos fixos tangíveis são apresentados no Balanço no ativo não corrente de acordo com o
anexo n.º 1 da respetiva portaria.

Reconhecimento e Mensuração

Na mensuração dos ativos biológicos de produção privilegia-se a aplicação do justo valor.

A aplicação do justo valor é a melhor medida de mensuração sempre que possa ser
fiavelmente determinada conforme refere o § 30 da NCRF 17, pelo que existe um
pressuposto de que o justo valor pode ser mensurado com fiabilidade para um ativo
biológico.

Contudo, como já foi acima referido, esse pressuposto pode ser afastado no
reconhecimento inicial de um ativo biológico quando o valor de mercado não possa ser
determinável e as outras estimativas alternativas de determinação do justo valor também
não sejam fiáveis (por exemplo uma vinha numa região DOP47 ou um olival com
características muito especificas).

Nesse caso, o ativo biológico de produção deve ser mensurado pelo custo menos qualquer
depreciação acumulada e qualquer perda por imparidade acumulada.

Quando o justo valor desse ativo biológico se tornar fiavelmente mensurável, a entidade
deve alterar a mensuração para o justo valor menos os custos estimados do ponto de
venda.

Tendo em conta tudo o foi dito inicialmente relativamente às características dos ativos
biológicos, de facto, atendendo às transformações a que estão sujeitos pelo crescimento,
degeneração ou mesma pela procriação, o justo valor será a melhor medida a utilizar para
refletir a imagem verdadeira e apropriada. No entanto, por vezes, a sua aplicação não é
possível; neste caso, aplica-se o custo menos qualquer depreciação acumulada e qualquer
perda por imparidade acumulada.

47
Nome – reconhecido a nível nacional (DO) ou reconhecido a nível comunitário (DOP) – de uma região, de um local
determinado ou, em casos excecionais, de um país, que serve para designar um produto agrícola ou um género alimentício
originário dessa região, desse local determinado ou desse país e cuja qualidade ou características se devem essencialmente
ou exclusivamente ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos, e cuja produção, transformação e elaboração
ocorrem na área geográfica delimitada. O nome pode, em casos excecionais, não ser geográfico. (GPP – PO 002/DSFAA)

118
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Na realidade existem dois possíveis métodos de mensuração no reconhecimento inicial de


um ativo biológico de produção, o justo valor e o custo.

Aplicando-se o justo valor, no reconhecimento inicial de um ativo biológico de produção,


quer seja por nascimento ou por aquisição, este deverá ser reconhecido no ativo pelo
respetivo justo valor menos custos de alienação. No final do período ou na data de Balanço,
dever-se-á remensurar os ativos biológicos de produção que ainda se mantenham na
atividade, pelo seu justo valor (menos custos de alienação), conforme determina o § 13 da
NCRF 17.

Um ganho ou uma perda proveniente do reconhecimento inicial ou de alterações do justo


valor (menos os custos de alienação) dos ativos biológicos de produção que resultem da
variação de preços de mercado à data de Balanço, venda ou abate de animais, deverão ser
reconhecidas no resultado líquido do exercício do período em que surjam, conforme
determina o § 26 da NCRF 17.

4.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma

Sugestões e comentários sobre reconhecimento/registos contabilísticos relacionados com


ativos biológicos de produção e com a sua mensuração, tendo em conta o layout das
demostrações financeiras e o código de contas aprovado pela Portaria 218/2015, de 23 de
Julho de 2015.

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados regra geral não contemplam o


tratamento das operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando
aplicáveis.

Reconhecimento inicial

Adiantamentos

As entidades, por vezes, adiantam valores monetários para a compra de ativos biológicos de
produção. Nestas situações devemos distinguir entre adiantamento com preço previamente
fixado e adiantamento sem preço previamente fixado pois os registos contabilísticos são
diferentes.

119
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pelo adiantamento para aquisição de ativos biológicos de produção com preço fixado:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

3972- Adiantamentos
por conta de compras 1 - Meios Financeiros Pelo valor do adiantamento com
x
de ativos biológicos Liquidos preço fixado
de produção

Pelo adiantamento para aquisição de ativos biológicos de produção sem preço fixado:

Conta a
Conta a débito Valor (u.m.) Valor
crédito

2713 - Adiantamento
a fornecedores de 1 - Meios
ativos biológicos de Financeiros x Pelo valor do adiantamento sem preço fixado
produção ou 22 Liquidos
Fornecedores

Pela aquisição de um ativo biológico de produção:

• Pressupostos:

Os ativos biológicos de produção não reúnem as condições para ser ativos correntes porque
pela sua natureza não estão disponíveis para ser colhidos como produto agrícola ou
vendidos como ativos biológicos. Por este facto e dado o exposto nas considerações gerais
referentes aos ativos biológicos de produção, são ativos não correntes atendendo ao seu
período de vida produtiva normalmente bastante superior a um ano, e durante o qual vão
ficar em permanência na exploração agrícola para uso na atividade produtiva.

Contrariamente aos ativos biológicos consumíveis a aquisição ativos biológicos não é


registada em compras atendendo que nesta conta lança-se o custo das aquisições de
matérias-primas, de mercadorias, ativos biológicos consumíveis e outros bens
aprovisionáveis destinados a consumo ou venda.

A conta 31 Compras não é uma conta de balanço, é uma conta subsidiária que saldará, em
todas as circunstâncias, por débito das contas de inventário, nos termos definidos em cada
um dos sistemas de inventário, intermitente ou permanente.

120
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Desta forma, pela aquisição de um ativo biológico de produção é debitada diretamente a


conta 372 – ativos biológicos de produção pelo respetivo valor de aquisição sendo creditada
a conta respetiva de terceiros ou de meios financeiros líquidos.

Conta a débito Conta a crédito Valor


271x - Fornecedores-
372 - Ativos biológicos de investimentos ou 1-
Pelo valor de aquisição do bem
Produção Meios financeiros
Liquidos

Normalmente, o valor de aquisição corresponde ao justo valor no momento da compra.


Caso tal não se verifique, dever-se-á proceder ao ajustamento no reconhecimento inicial
para o justo valor. Nesse caso, no momento da compra, também deverá ser registado o
ajustamento da seguinte forma:

Pela diferença positiva (ganho) entre o justo valor dos animais de produção
adquiridos na data da compra e o custo de aquisição:

Conta a débito Conta a crédito Valor

372 - Ativos biológico de 774 – Ganhos por Pela diferença positiva na aplicação do
Produção aumentos de justo valor justo valor

Pela diferença negativa (perda) entre o justo valor dos animais de produção
adquiridos na data da compra e o custo de aquisição:

Conta a débito Conta a crédito Valor

664 - Perdas por redução do 372 - Ativos biológicos de Pela diferença negativa na aplicação do
justo valor Produção justo valor

Conforme § 26 da NCRF 17 “Um ganho ou uma perda proveniente do reconhecimento inicial


de um ativo biológico pelo justo valor menos os custos de alienação e de uma alteração de
justo valor menos os custos de alienação de um ativo biológico devem ser incluídos no
resultado líquido do exercício do período em que surja”.

121
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Desconto Comercial na aquisição de um ativo biológico de produção após a emissão


da fatura.

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

372x - Descontos e
271x- Fornecedor Desconto concedido pelo fornecedor após
abatimentos em Ativos x
investimentos a emissão da fatura
biológicos de produção

Nota: O desconto pode ter ou não regularização de IVA por opção do fornecedor (artigo 78.º
do CIVA)

Descontos Financeiros

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Desconto concedido pelo


271x - Fornecedor 782 -Descontos de pronto
x fornecedor após a emissão
investimentos pagamento obtido
da fatura

Nota: O desconto pode ter ou não regularização de IVA por opção do fornecedor (artigo 78.º
do CIVA)

Devoluções

Conta a Valor
Conta a crédito Valor
débito (u.m.)

271x – 372 - Ativos biológicos


Fornecedor x Devolução do bem
investimentos de Produção

Nota: A devolução pode ter ou não regularização de IVA por opção do fornecedor (artigo
78.º do CIVA)

Ativos biológicos de produção nascidos na exploração

• Reconhecimento de ativos biológicos de produção nascidos na exploração (animais


ou plantas). Quando os animais ou plantas vivas nascem nas explorações agrícolas

122
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

e já está identificado o seu destino como ativos biológicos de produção, o registo


contabilístico deverá ser o seguinte:

Conta a débito Conta a crédito Valor

372 - Ativos biológicos de 774 – Ganhos por Pelo reconhecimento em ativos


Produção aumentos de justo valor biológicos de produção ao justo valor

Ajustamento da mensuração a cada data do balanço.

Os ativos biológicos de produção são mensurados ao justo valor no reconhecimento inicial e


em cada data do balanço. O que significa que, no final de cada período (ou quando se
elaboram balanços intercalares), o justo valor dos ativos biológicos de produção deve ser
ajustado se existiram variações ao valor registado.

• Se o justo valor do ativo biológico de produção aumentou

Conta a débito Conta a crédito Valor

372 - Ativos biológicos de 774 – Ganhos por Pelo ajustamento em cada data do
Produção aumentos de justo valor balanço

• Se o justo valor do ativo biológico de produção diminuiu

Conta a débito Conta a crédito Valor

664 - Perdas por redução do 372 - Ativos biológicos de Pelo ajustamento em cada data do
justo valor Produção balanço

123
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Alienação de ativos biológicos de produção mensurados ao justo valor

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros por
Pelo
alienação de ativos biológicos de
372 - Ativos biológicos de desreconhecimento do
produção ou 6871 - Outros gastos x
Produção ativo biológico de
- Gastos por reduções em
produção
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
por alienação de ativos
biológicos de produção ou
21 - Clientes ou 1 Meios
6871 - Outros gastos - y Pelo Valor da venda
Fianceiros liquidos
Gastos por reduções em
investimentos não financeiros
por alienação de ativos
biológicos

* Atendendo que no momento da venda o ativo biológico de produção está registado pelo
justo valor não existe qualquer registo referente a variações do justo valor. Poderá existir
uma diferença do valor de venda em relação ao valor de registo do ativo biológico de
produção por razões não inerentes a variações do justo valar que será registada na conta
7871x Rendimentos em investimentos não financeiros por alienação de ativos biológicos de
produção ou na conta 6871x Outros gastos por reduções em investimentos não financeiros
por alienação dos ativos biológicos de produção.

Atendendo ao explicitado, o registo da alienação será efetuado do seguinte modo:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Pelo
desreconhecimento do
21 - Clientes ou 1 Meios 372 - Ativos biológicos de
x ativo biológico de
Fianceiros liquidos Produção
produção e valor da
venda

124
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Abate de ativos biológicos de produção mensurados ao justo valor

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Pelo
664 - Perdas por reduções de 372 - Ativos biológicos de desreconhecimento do
x
justo valor em ativos biológicos Produção ativo biológico de
produção por abate

O abate de ativos biológicos de produção animais normalmente tem como causa a


degeneração associada à idade, alimentação deficiente e doenças infeciosas.

Nas plantas e animais, as deficiências do meio e erros nas técnicas de cultivo dos solos ou
criação dos animais podem causar degeneração. Plantas que crescem por muitos anos em
terra sem qualidade ou em clima inadequado apresentam sinais de degeneração. Depois de
vários anos, as plantas novas serão menores que as primitivas. As sementes dessas plantas
menores produzirão plantas inferiores.

O conceito de degeneração definido na NCRF 17 está associado ao abate dos ativos


biológicos de produção, por via da alteração das condições fisicas.

Impossibilidade de determinar o justo valor nos ativos biológicos de produção

No entanto, se por alguma razão não for possível obter a determinação de um justo valor
fiável por não estarem disponíveis preços ou valores determinados pelo mercado, poder-se-
á conforme já foi referido mensurar-se o ativo biológico de produção pelo custo menos
qualquer depreciação acumulada e qualquer perda por imparidade acumulada.

Esta mensuração dos ativos biológicos pelo custo (sujeitos a depreciações e imparidades)
apenas deverá ser utilizada com um carácter excecional, quando o justo valor seja de todo
impraticável ou com uma determinação pouco fiável. Em relação aos ativos biológicos de
produção, esta situação coloca-se mais com plantas (vinhas, pomares, olivais etc.) do que
com animais onde existem muitos referenciais de preço de mercado (por exemplo o SIMA
com cotações semanais).

125
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Se a mensuração do ativo for ao custo, este será determinado em função dos critérios
previstos para a mensuração inicial dos inventários, conforme estabelecido nos §s 10 a 22
da NCRF 18 – “Inventários”, atendendo à remissão do § 33 da NCRF 17.

O § 33 da NCRF 17 define que a entidade “ao determinar o custo, depreciação acumulada


e perdas por imparidade acumuladas, uma entidade toma em consideração a NCRF 18 -
Inventários, a NCRF 7 - Ativos Fixos Tangíveis e a NCRF 12 - Imparidade de Ativos”.

O custo do ativo biológico de produção será, então, o somatório de todos os custos


necessários à sua aquisição e colocação em condições e no local pronto a ser usado.

Poder-se-ão incluir por exemplo custos de aquisição de sementes para serem implantadas
no terreno, o trabalho de preparação dos terrenos, a plantação das plantas, seja este
trabalho subcontratado ou realizado por mão-de-obra da própria exploração, produtos para
tratamento das plantações, e outros bens e serviços indispensáveis à plantação das várias
situações possíveis.

De referir que se deverão incorporar apenas no custo do ativo os dispêndios com bens e
serviços até que o ativo biológico de produção esteja colocado no local e pronto a ser usado
na atividade agrícola.

A partir desse momento, o ativo biológico ficará sujeito a depreciações e a imparidades,


conforme as regras gerais definidas para os ativos fixos tangíveis (NCRF 7 e NCRF 12).

Todavia, esta mensuração pelo custo apenas se poderá utilizar no momento inicial do
reconhecimento do ativo biológico de produção, devendo logo que seja possível determinar
o justo valor com fiabilidade, mudar de critério de mensuração e passar a aplicar o justo
valor.

126
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pela aquisição de um ativo biológico de produção por aplicação do método do custo

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor


Valor de aquisição dos ativos biológico
de produção, mais, se for relevante, o
271 - Fornecedore e/ou 745 - somatório de todos os custos
372 - Ativos biológicos
Trabalhos para a própria x necessários à sua aquisição e
de Produção
entidade - Ativos biológicos colocação em condições e no local
pronto a ser usado (gastos já registados
em contas da classe 6)

Na prática, o custo de produção do ativo biológico de produção será determinado de acordo


com as regras da contabilidade analítica, tal como previsto nos §s 11 a 14 da NCRF 18.

Este custo de produção (plantação) do ativo biológico de produção incluirá os custos


relacionados com o custo de aquisição da matéria-prima direta, os gastos com pessoal
diretamente utilizados na plantação (mão-de-obra direta) e os restantes gastos gerais
diretamente relacionados com a plantação, nomeadamente, outras matérias utilizadas (por
exemplo fertilizantes), trabalhos subcontratados, materiais utilizados (sem características de
ativo), gastos com a depreciação de equipamentos e materiais utilizados na plantação.

Ativos biológicos de produção nascidos na exploração

• Reconhecimento de ativos biológicos de produção nascidos na exploração cujo justo


valor não possa ser determinado e se recorra, em consequência, à utilização do
método do custo.

Pelo reconhecimento de um ativo biológico de produção nascido na produção por


aplicação do método do custo

Conta a débito Conta a crédito Valor

745- Trabalhos para a o somatório de todos os custos


372 - Ativos biológicos de
própria entidade - Ativos necessários ao seu nascimento e que já
Produção
biológicos de produção foram registados em contas da classe 6

Este custo de produção do ativo biológico de produção incluirá os custos relacionados com
os custos de aquisição da matéria-prima direta, os gastos com pessoal diretamente
relacionados e os restantes gastos gerais diretamente relacionados.

127
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No caso dos ativos biológicos de produção estarem mensuradas ao custo ficam sujeitos a
depreciações e imparidades.

A depreciação deverá ser registada em função da vida útil do bem e o registo poderá
ser o seguinte:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

644 – Gastos de
3728 – Depreciações
depreciação e de
Acumuladas – Ativos Pelo registo da depreciação do
amortização – Ativos
Biológicos x ativo biológico de produção
Biológicos de
Mensurados ao mensurado ao custo
Produção
Custo
Mensurados ao Custo

A imparidade determinada de acordo com a NCRF 12 deverá ser registada da seguinte


forma:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

659 – Perdas por 3729 – Imparidades


Pelo registo da imparidade do ativo
imparidade – Ativos Acumuladas – Ativos
x biológico de produção mensurado ao
Biológicos de Produção Biológicos Mensurados
custo
Mensurados ao Custo ao Custo

128
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Alienação de ativos biológicos de produção mensurados ao custo

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
Pelo
3728 – Depreciações por alienação de ativos
desreconhecimento
Acumuladas – Ativos biológicos de produção ou 6871
w das depreciações
Biológicos Mensurados ao - Outros gastos - Gastos por
registadas
Custo reduções em investimentos não
financeiros por alienação de
ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
Pelo
3729 – Imparidades por alienação de ativos
desreconhecimento
Acumuladas – Ativos biológicos de produção ou
de eventuais
Biológicos Mensurados ao 6871 - Outros gastos - Gastos
imparidades
Custo por reduções em investimentos
registadas
não financeiros por alienação
de ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
por alienação de ativos
Pelo
biológicos de produção ou
372 - Ativos biológicos de desreconhecimento
6871 - Outros gastos - x
Produção do ativo biológico de
Gastos por reduções em
produção
investimentos não financeiros
por alienação de ativos
biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
por alienação de ativos
21 - Clientes ou 1 Meios biológicos de produção ou
y Pelo Valor da venda
Financeiros Líquidos 6871 - Outros gastos - Gastos
por reduções em investimentos
não financeiros por alienação
de ativos biológicos

129
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Abate de ativos biológicos de produção mensurados ao custo

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Pelo
3728 – Depreciações 6873 - Gastos em investimentos desreconhecimento das
Acumuladas – Ativos Biológicos não financeiros por abate de ativos w depreciações
Mensurados ao Custo biológicos registadas

Pelo
3729 – Imparidades Acumuladas 6873 - Gastos em investimentos
desreconhecimento de
– Ativos Biológicos Mensurados não financeiros por abate de ativos
eventuais imparidades
ao Custo biológicos
registadas

Pelo
6873 - Gastos em investimentos
372 - Ativos biológicos de desreconhecimento do
não financeiros por abate de x
Produção ativo biológico de
ativos biológicos
produção

Nota final Importante:

Os registos contabilísticos preconizados deverão ser acompanhados por uma relação dos
nascimentos, aquisições, alterações de preços de mercado, vendas e outras alterações nos
ativos biológicos de produção, devidamente quantificadas face ao respetivo justo valor
(menos custos de alienação) para cada situação ou com o respetivo suporte analítico para a
mensuração ao custo.

Estes procedimentos contabilísticos não necessitam de ser efetuados animal a animal ou


planta a planta, podendo ser efetuados por agrupamento de animais ou plantas, com o
objetivo de facilitar a aplicação das mensurações pelo justo valor. Dessa forma, esses
agrupamentos poderão ser efetuado tendo por base a idade e/ou raça dos animais, ou
qualquer outro atributo utilizado, por exemplo, no SIMA, conforme disposto no § 15 da
NCRF 17.

130
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

4.3 Apontamentos fiscais

O tratamento fiscal dos ativos biológicos de produção (como por exemplo os sobreiros, os
pinheiros para produção de pinha, os ciprestes e as vacas leiteiras) depende da
mensuração contabilística aplicada.

Tendo em conta que contabilisticamente os ativos biológicos de produção são mensurados


ao justo valor e, excecionalmente, no reconhecimento inicial, ao custo, o tratamento fiscal
dependerá também desse critério.

No caso dos ativos biológicos de produção serem mensurados ao custo menos qualquer
depreciação acumulada e qualquer perda por imparidade acumulada, a depreciação será
aceite do ponto de vista fiscal de acordo com o definido no Código do IRC e no Decreto
Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de Setembro.

Isto significa que o seu tratamento fiscal é em tudo semelhante ao dos ativos fixos tangíveis
(NCRF 7) quanto às depreciações48, quanto a imparidades, mais e menos-valias e
reinvestimento.

Se os ativos biológicos de produção forem mensurados ao justo valor, em termos fiscais, os


ajustamentos contabilísticos decorrentes da aplicação desse justo valor (quer no
reconhecimento inicial, quer nos períodos subsequentes por variações do justo valor) não
concorrem para a formação do lucro tributável, conforme o disposto no n.º 9 do artigo 18.º
do Código do IRC49, sendo apenas considerados como rendimentos ou gastos no período
de tributação em que o ativo biológico for vendido ou abatido.

48
Lei do Orçamento Estado 2012 altera a redação do artigo 29.º, n.º1 do Código do IRC e do artigo 1.º, n.º1 do Regime das
depreciações e amortizações (Decreto Regulamentar 25/2009, de 14 de setembro), sendo aceites fiscalmente a partir de 1 de
Janeiro de 2012 as depreciações dos ativos biológicos de produção mensurados ao custo.

49
Os ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor não concorrem para a formação do lucro tributável, sendo
imputados como rendimentos ou gastos no período de tributação em que os elementos ou direitos que lhes deram origem
sejam alienados, exercidos, extintos ou liquidados, excepto quando:

a) Respeitem a instrumentos financeiros reconhecidos pelo justo valor através de resultados, desde que, quando se trate de
instrumentos de capital próprio, tenham um preço formado num mercado regulamentado e o sujeito passivo não detenha,
direta ou indiretamente, uma participação no capital igual ou superior a 5% do respetivo capital social; ou

b) Tal se encontre expressamente previsto no Código do IRC.

131
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No entanto, os ativos biológicos de produção mensurados ao justo valor (embora o justo


valor não concorra para a formação do lucro tributável) têm ainda a possibilidade do seu
custo de aquisição entrar para a determinação do lucro tributável. Esta possibilidade foi
introduzida com a denominada reforma do IRC (Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, que
procedeu à reforma da tributação das sociedades alterando o Código do IRC, o Decreto
Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro, que estabelece o regime das depreciações e
amortizações, e o Código do IRS).

Assim, a partir de 2014, com o aditado artigo 45.º A do Código do IRC, o custo de aquisição
dos ativos biológicos não consumíveis, que sejam subsequentemente mensurados ao justo
valor, é aceite como gasto para efeitos fiscais, em partes iguais, durante o período de vida
útil que se deduz da quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite caso esse
ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição.

Esta alteração vem permitir maior equidade fiscal no tratamento dos ativos biológicos de
produção, em simultâneo com a aplicação dos princípios contabilísticos.

O tratamento paralelo entre a contabilidade e a fiscalidade deverá ser assegurado por


informação vertida no dossier fiscal que permita com objetividade saber o que foi
considerado para efeitos fiscais.

132
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5 Os Ativos Biológicos Consumíveis – NCRF 17

5.1 Reconhecimento e mensuração

Os ativos biológicos consumíveis são os animais ou plantas vivas que estão para ser
colhidos como produtos agrícolas ou vendidos como ativos biológicos.

São exemplos de ativos biológicos consumíveis o gado destinado à produção de carne, o


gado detido para venda, o peixe em aquacultura, as colheitas, tal como milho e trigo, e as
árvores que estejam em desenvolvimento para obtenção de madeiras.

Os ativos biológicos podem ser classificados como ativos biológicos maduros (ou adultos)
ou ativos biológicos imaturos (ou juvenis). Os ativos biológicos maduros (ou adultos) são os
que tenham atingido as especificações de colhíveis.

Na mensuração dos ativos biológicos consumíveis aplica-se o justo valor.

A aplicação do justo valor é a melhor medida de mensuração sempre que possa ser
fiavelmente determinada conforme refere o § 30 da NCRF 17, pelo que existe um
pressuposto de que o justo valor pode ser mensurado com fiabilidade para um ativo
biológico.

Nas explorações agrícolas, atendendo à especificidade da atividade em que os ativos


biológicos estão sujeitos a diversas transformações pelo crescimento, degeneração ou
mesma pela procriação, o justo valor é a melhor medida a utilizar para refletir a imagem
verdadeira e apropriada.

Assim, no reconhecimento inicial de um ativo biológico consumível, quer seja por


nascimento ou por aquisição, este deverá ser reconhecido no ativo pelo respetivo justo valor
menos custos de alienação. No final do período ou na data de Balanço, dever-se-á
remensurar, os ativos biológicos consumíveis, pelo seu justo valor (menos custos de
alienação) a essa data, conforme determina o § 13 da NCRF 17.

133
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Um ganho ou uma perda proveniente do reconhecimento inicial e de posteriores alterações


do justo valor (menos os custos de alienação) dos ativos biológicos consumíveis, seja por
variação de preços de mercado à data de Balanço, pela venda ou abate de animais,
deverão deve ser incluído no resultado líquido do exercício do período em que surja,
conforme determina o § 26 da NCRF 17.

5.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma

Sugestões e comentários sobre reconhecimento/registos contabilísticos relacionados com


ativos biológicos consumíveis e com a sua mensuração, tendo em conta o layout das
demostrações financeiras e o código de contas aprovado pela Portaria 218/2015 de 23 de
Julho de 2015.

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando aplicáveis.

Reconhecimento inicial

Adiantamentos

As entidades por vezes adiantam valores monetários para a compra de ativos biológicos
consumíveis, nestas situações há que distinguir entre adiantamento com preço previamente
fixado e adiantamento sem preço previamente fixado pois os registos contabilísticos são
diferentes.

Pelo adiantamento para aquisição de ativos biológicos consumíveis com preço fixado

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

397- Adiantamentos
1 - Meios
por conta de Pelo valor do adiantamento
Financeiros x
compras de ativos com preço fixado
Liquidos
biológicos

Pelo adiantamento para aquisição de ativos biológicos consumíveis sem preço fixado

134
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a
Conta a débito Valor (u.m.) Valor
crédito

1 - Meios
228- Adiantamento
Financeiros x Pelo valor do adiantamento sem preço fixado
a fornecedores
Liquidos

Pela aquisição de um ativo biológico consumível

Conta a débito Conta a crédito Valor

22x - Fornecedores-
313 - Compra de ativos contas gerais ou 1-
Pelo valor de aquisição do bem
biológicos Meios financeiros
Liquidos

613 - Custo das mercadorias


vendidas e das matérias 313 - Compra de ativos Pelo reconhecimento do custo das
consumidas de ativos biológico biológicos compras
*

774 – Ganhos por


371 - Ativos biológico Pelo reconhecimento em ativos
aumentos de justo valor
consumíveis biológicos ao justo valor
**

• (*) Pelo reconhecimento do custo de compras em resultados (pelo custo de


aquisição) (cf. notas de enquadramento da conta 613);
• (**) Registo dos rendimentos associados a ganhos de valor dos ativos que se
encontrem valorizados ao justo valor e cuja variação de valor deve ser reconhecida
em resultados.
• (**) Não é usada a conta 73 Variação de inventários de produção atendendo que os
ativos não são valorizados pelo método de custeio de produção.

Os dois últimos registos contabilísticos poderão ser efetuados no momento da compra, se


estivermos a utilizar o sistema de inventário permanente, ou no final do período, se
estivermos a utilizar o sistema de inventário intermitente.

No final de cada período contabilístico, haverá que fazer o ajustamento do justo valor dos
animais ou plantas, registando essa variação diretamente em resultados (ganhos ou perdas
de justo valor) por contrapartida da conta de ativos biológicos.

135
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Desconto Comercial na aquisição de um ativo biológico após a emissão da fatura.

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

318 - Descontos e Desconto concedido pelo fornecedor após


22x- Fornecedor x
abatimentos em compras a emissão da fatura

Nota: O desconto pode ter ou não regularização de IVA por opção do fornecedor (artigo 78.º
do CIVA)

Descontos Financeiros

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Desconto concedido pelo


782 -Descontos de pronto
22x - Fornecedor x fornecedor após a emissão
pagamento obtido
da factura

Nota: O desconto pode ter ou não regularização de IVA por opção do fornecedor (artigo 78.º
do CIVA)

Devoluções

Conta a Valor
Conta a crédito Valor
débito (u.m.)

22 -
317 – Devoluções de compras x Devolução do bem
Fornecedor

Nota: A devolução pode ter ou não regularização de IVA por opção do fornecedor (artigo
78.º do CIVA)

136
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ativos biológicos consumíveis nascidos na exploração

• Reconhecimento de ativos biológicos nascidos na exploração (animais ou plantas).


Quando os animais ou plantas vivas nascem nas explorações agrícolas e está
identificado o seu destino como ativos biológicos consumíveis, o registo contabilístico
deverá ser o seguinte:

Conta a débito Conta a crédito Valor

371 - Ativos biológicos 774 – Ganhos por Pelo reconhecimento em ativos


Consumíveis aumentos de justo valor biológicos consumiveis ao justo valor

Ajustamento da mensuração a cada data do balanço.

Os ativos biológicos consumíveis são mensurados ao justo valor no reconhecimento inicial e


em cada data do balanço. O que significa que no final de cada período (ou quando se
elaboram balanços intercalares) o justo valor dos ativos biológicos consumíveis deve ser
ajustado se existirem variações ao valor registado.

Se o justo valor do ativo biológico consumível aumentou

Conta a débito Conta a crédito Valor

371 - Ativos biológicos 774 – Ganhos por Pelo ajustamento em cada data do
consumíveis aumentos de justo valor balanço

Se o justo valor do ativo biológico consumível diminuiu

Conta a débito Conta a crédito Valor

664 - Perdas por redução do 371 - Ativos biológicos Pelo ajustamento em cada data do
justo valor consumíveis balanço

137
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Alienação de ativos biológicos consumíveis vivos

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

21 - Clientes ou 1 Meios
71 - Vendas x Pelo valor da venda
Fianceiros liquidos

Pelo
664 - Perdas por redução do Justo 371 - Ativos biológicos desreconhecimento do
y
valor ativos biológicos * consumiveis valor do ativo biológico
vendido

(*) Não é usada a conta 73 Variação de inventários de produção atendendo que os ativos
não são valorizados pelo método de custeio de produção.

De acordo com a NCRF 20 – Rédito cujo objetivo é o de prescrever o tratamento


contabilístico de réditos, entendidos como os rendimentos que surgem no decurso das
atividades ordinárias de uma entidade, como, por exemplo, vendas, honorários, juros,
dividendos e royalties deve ser dada evidência ao registo da venda, de acordo com o § 14
quando tiverem sido satisfeitas todas as condições seguintes:

(a) A entidade tenha transferido para o comprador os riscos e vantagens significativos


da propriedade dos bens;
(b) A entidade não mantenha envolvimento continuado de gestão com grau geralmente
associado com a posse, nem o controlo efetivo dos bens vendidos;
(c) A quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada;
(d) Seja provável que os benefícios económicos associados com a transação fluam
para a entidade; e
(e) Os custos incorridos ou a serem incorridos referentes à transação possam ser
fiavelmente mensurados.

138
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Abate de ativos biológicos consumíveis mensurados ao justo valor

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

664 - Perdas por redução do Justo 371 - Ativos biológicos


y Pelo abate
valor Ativos biológicos consumiveis

Não se aplica a mensuração ao custo aos ativos biológicos consumíveis

Não é aplicável aos ativos biológicos consumíveis a mensuração ao custo prevista no § 30


da NCRF 17 atendendo que esta possibilidade só é aplicável ao ativos biológicos não
correntes.

Nota final Importante:

Os registos relacionados com o apuramento do custo dos ativos biológicos consumíveis


vendidos poderão ser efetuados apenas no final do ano, pela diferença entre as animais ou
plantas adquiridas, nascidas, vendidas e abatidas.

Os registos contabilísticos preconizados deverão ser acompanhados por uma relação dos
nascimentos, aquisições, alterações de preços de mercado, vendas e outras alterações nos
ativos biológicos consumíveis, devidamente quantificadas face ao respetivo justo valor
(menos custos de alienação).

Estes procedimentos contabilísticos não necessitam de ser efetuados animal a animal ou


planta a planta mas por agrupamento de animais ou plantas, com o objetivo de facilitar a
aplicação das mensurações pelo justo valor. Dessa forma, esses agrupamentos poderão ser
efetuado tendo por base a idade e/ou raça dos animais, ou de qualquer outro atributo
utilizado por exemplo no SIMA, conforme disposto no § 15 da NCRF 17.

139
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5.3 Apontamentos fiscais

Nos ativos biológicos consumíveis, está previsto que os ganhos e perdas resultantes da
aplicação do justo valor concorram para a formação do lucro tributável.50/ 51

Com efeito, para a determinação do lucro tributável, os inventários são mensurados ao


preço de venda dos produtos colhidos de ativos biológicos no momento da colheita,
deduzidos dos custos estimados no ponto de venda, excluindo os de transporte e outros
necessários para colocar os produtos no mercado.

Foram, porém, excecionadas as explorações silvícolas plurianuais, mantendo-se o


tratamento fiscal anterior (artigo 18.º n.º 7 do CIRC) o que significa que para efeito da
determinação do lucro tributável em IRC o justo valor, dos ativos biológicos consumíveis de
atividades silvícolas, não é aceite fiscalmente.

De acordo com o artigo 18.º52 do Código do IRC, os gastos das explorações silvícolas
plurianuais podem ser imputados ao lucro tributável tendo em consideração o ciclo de
produção, caso em que a quota-parte desses gastos, equivalente à percentagem que a
extração efetuada no período de tributação represente na produção total do mesmo produto,
e ainda não considerada em período de tributação anterior, podendo ainda ser atualizada de
acordo com a aplicação dos coeficientes de correção monetária.

Na prática, os Gastos e os Ganhos das atividades silvícolas para efeitos fiscais só serão
reconhecidos no ano da venda, sendo que aos gastos como foi acima referido será aplicado
o coeficiente de correção monetária.

50De acordo com a alínea g), n.º 1 do artigo 20.º do Código do IRC, consideram-se rendimentos os resultantes de operações
de qualquer natureza, em consequência de uma ação normal ou ocasional, básica ou meramente acessória, nomeadamente
os ganhos por aumentos de justo valor em ativos biológicos consumíveis que não sejam explorações silvícolas plurianuais.
51
De acordo com a alínea k), n.º 2 do artigo 23.º do Código do IRC, são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou
suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC, nomeadamente as perdas por reduções
de justo valor em ativos biológicos consumíveis que não sejam explorações silvícolas plurianuais;
52
Artigo 18.º, n.º7 do CIRC - “Os gastos das explorações silvícolas plurianuais podem ser imputados ao lucro tributável tendo
em consideração o ciclo de produção, caso em que a quota parte desses gastos, equivalente à percentagem que a extração
efetuada no período de tributação represente na produção total do mesmo produto, e ainda não considerada em período de
tributação anterior, é atualizada pela aplicação dos coeficientes constantes da portaria a que se refere o artigo 47.º” do Código
do IRC.

140
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O tratamento paralelo entre a contabilidade e a fiscalidade deve ser assegurado pelos


respetivos ajustamentos no quadro 07 da declaração modelo 22 e por informação vertida no
dossier fiscal que permita com objetividade saber o que foi considerado para efeitos fiscais.

141
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

6 Produto agrícola

6.1 Reconhecimento e mensuração

De acordo com o § 2 da NCRF 17, esta norma deve ser aplicada na contabilização do que
se segue quando se relacione com a atividade agrícola:

a) ativos biológicos;
b) produto agrícola no ponto da colheita; e
c) subsídios de entidades públicas

Assim, a NCRF 17 também é aplicada ao produto agrícola colhido dos ativos biológicos da
entidade no momento da colheita. Após este momento, é aplicada a NCRF 18 - Inventários,
ou uma outra Norma Contabilística e de Relato Financeiro aplicável, conforme referido no §
4 da NCRF 17.

Entende-se por colheita quer a separação de um produto de um ativo biológico (por exemplo
a colheita de fruta) quer a cessação dos processos de vida de um ativo biológico (vitelas
abatidas para produção de carne).

Isto é, a NCRF 17 não trata do processamento do produto agrícola após colheita; por
exemplo, a transformação de uvas em vinho por um vitivinicultor que tenha cultivado a vinha
e colhido as uvas. Se bem que tal processamento possa ser uma extensão lógica e natural
da atividade agrícola e os acontecimentos que tenham tido lugar possam ter alguma
similitude com a transformação biológica, esse processamento não é incluído na definição
de atividade agrícola da NCRF 17.

O produto agrícola colhido dos ativos biológicos de uma entidade deve ser mensurado pelo
seu justo valor menos os custos de vender, no momento da colheita. Tal mensuração é
o custo nessa data aquando da aplicação da NCRF 18 - Inventários, ou uma outra Norma
Contabilística e de Relato Financeiro aplicável.

O conceito de justo valor definido por esta NCRF “será a quantia pela qual um ativo pode
ser trocado, ou liquidado um passivo, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa
transação em que nenhum relacionamento existe entre elas”.

142
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Custos de alienação: são os custos incrementais diretamente atribuíveis à alienação de um


ativo, excluindo os gastos de financiamento e os gastos de impostos sobre o rendimento.

A determinação do justo valor de produto agrícola pode ser facilitada pelo agrupamento dos
produtos agrícolas de acordo com características que os diferenciem, por exemplo, por
idade ou qualidade. Para ajudar a determinar esses agrupamentos, a entidade pode
selecionar as características mais usadas na determinação do preço de mercado dos bens.

Este critério de mensuração (justo valor menos custos de alienação) deverá ser utilizado
quando exista um mercado ativo para o produto agrícola, podendo-se utilizar o preço cotado
nesse mercado como base para determinar o justo valor.

O exemplo de mercado para produtos agrícolas poderá ser o SIMA53 (Sistema de


Informação de Mercados Agrícolas), disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, outro
semelhante, ou outro mercado onde a exploração agrícola opere.

No caso de existir mais de um mercado ativo desses bens, deverão utilizar-se os preços do
mercado mais relevantes para o produto agrícola em questão, ou seja, os preços do
mercado no qual o bem irá ser usado.

Se não existir qualquer mercado ativo para esse produto agrícola poderão ser utilizados os
seguintes indicadores na determinação do justo valor:

- o preço mais recente de transação no mercado;


- ou, os preços de mercado de ativos semelhantes com ajustamento para refletir diferenças;
- ou ainda, referências do sector, tais como o preço do quilo da carne.

53 SIMA – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas - www.gppaa.min-agricultura.pt/sima.html - Este sistema é


desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e disponibiliza no site cotações dos produtos agrícolas vegetais e animais
semanalmente.

143
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

6.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma

Sugestões e comentários sobre reconhecimento/registos contabilísticos relacionados com o


produto agrícola e com a sua mensuração, tendo em conta o layout das demostrações
financeiras e o código de contas aprovado pela Portaria 218/2015 de 23 de Julho de 2015.

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando aplicáveis.

Reconhecimento inicial

O produto agrícola aqui considerado é aquele que resulta da colheita dos ativos biológicos
de uma entidade, pelo que não é adquirido, resulta da própria atividade da exploração.

O produto agrícola é mensurado pelo seu justo valor menos custos de vender no
momento da colheita.

Em todos os casos, uma entidade mensura o produto agrícola no ponto de colheita pelo seu
justo valor menos custos de vender no momento da colheita. A NCRF 17 reflete o ponto de
vista de que o justo valor do produto agrícola no ponto de colheita pode ser sempre
fiavelmente mensurado.

Lembramos que de acordo com § 2 da NCRF 17 no momento da colheita aplica-se esta


norma, situação que é reforçada pelo § 2 da NCRF 18 – Inventários que refere
expressamente que a NCRF 18 não se aplica ao produto agrícola no ponto da colheita.

Entende-se por colheita quer a separação de um produto de um ativo biológico (por exemplo
a colheita de fruta) quer a cessação dos processos de vida de um ativo biológico (vitelas
abatidas para produção de carne).

Para produtos agrícolas colhidos em resultado da separação de um ativo biológico (por


exemplo leite, uvas, cortiça ou laranjas).

• Assim, tendo em conta o referido nas normas 17 e 18, no momento da colheita, o


registo contabilístico deverá ser o seguinte:

144
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Se não incorporarem um processo produtivo por exemplo: para a venda em bruto das
uvas:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos acabados e 774 – Ganhos por Pelo reconhecimento do produto


intermédios - produtos aumentos de justo x agrícola ao justo valor menos custos
agrícolas valor estimados no ponto de venda

Se forem para incorporar num processo produtivo por exemplo: elaboração de vinho
pelo produtor:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

774 – Ganhos por Pelo reconhecimento do produto


3314 - Matérias-primas -
aumentos de justo x agrícola ao justo valor menos custos
produtos agrícolas
valor estimados no ponto de venda

Para produtos agrícolas que resultam da cessação do processo de vida de um ativo


biológico (consumível ou de produção por exemplo vacas produtores abatidas para carne ou
vitelas nascidas com o objetivo da venda) que já se encontravam registados em ativos
biológicos.

Se não incorporarem um processo produtivo, por exemplo, se o objetivo for para


venda das carcaças em bruto:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

387 - Pela passagem de ativo biológico


345 - Produtos acabados e
Reclassificação e para produto agrícola ao justo valor
intermédios - produtos x
regularização de menos custos estimado no ponto
agrícolas
ativos biológicos de venda

* O registo na conta da 387 vai influenciar o justo valor apurado no final do período em
relação aos ativos biológicos consumíveis, aquando da contagem física dos bens.

145
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Se forem para incorporar num processo produtivo por exemplo: elaboração de


enchidos pelo produtor:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

387 - Pelo reconhecimento do produto


3314 - Matérias-primas - Reclassificação e agrícola ao justo valor menos
x
produtos agrícolas regularização de custos estimados no ponto de
ativos biológicos venda

* O registo na conta da 387 vai influenciar o justo valor apurado no final do período em
relação aos ativos biológicos consumíveis, aquando da contagem física dos bens.

Os registos relacionados com a transferência de ativos biológicos para inventários poderão


ser efetuados apenas no final do ano, de acordo com o sistema de inventário utilizado, pela
diferença entre as animais ou plantas adquiridas, nascidas, vendidas e abatidas.

Os registos contabilísticos preconizados deverão ser acompanhados por uma relação dos
nascimentos, aquisições, alterações de preços de mercado, vendas e outras alterações nos
ativos biológicos, devidamente quantificadas face ao respetivo justo valor (menos custos no
ponto-de-venda). Estes procedimentos contabilísticos não necessitam de ser efetuados
animal a animal ou planta a planta, podendo ser efetuados por agrupamento de animais ou
plantas, com o objetivo de facilitar a aplicação das mensurações pelo justo valor. Dessa
forma, esses agrupamentos poderão ser efetuados tendo por base a idade e/ou raça dos
animais, ou de qualquer outro atributo utilizado por exemplo no SIMA, conforme disposto no
§ 15 da NCRF 17.

Nota importante: A opção dos registos acima referidos atendeu ao disposto nas NCRF.
Outra opção não iria, na nossa opinião, ao encontro do preconizado nas NCRF, o que
acontece, por exemplo, quando procedemos ao registo dos ativos biológicos por
contrapartida da conta 73 – Variação dos inventários de Produção (situação que é utilizada
em vários manuais publicados e em pareceres sobre a matéria).

Regra geral a conta 73 – Variação nos inventários de produção inclui a diferença entre os
inventários no fim e no início do período dos produtos acabados e intermédios, dos
subprodutos, resíduos e refugos e dos produtos e trabalhos em curso, valorizados pelo
método de custeio de produção.

146
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para sustentar esta opção refira-se que o procedimento contabilístico relativo ao registo da
variação dos inventários de produção não se encontra expresso em nenhuma NCRF (não se
encontra na NCRF 17 nem na NCRF 18 nem na NCRF 20). A necessidade da utilização
dessa conta, como uma conta de balanceamento resulta do § 93 da Estrutura Conceptual
onde se refere a necessidade de balanceamento entre os gastos e os rendimentos.

§ 93 – “Os gastos são reconhecidos na demonstração dos resultados com base numa
associação direta entre os custos incorridos e a obtenção de rendimentos específicos. Este
processo, geralmente referido como o balanceamento de custos com réditos, envolve o
reconhecimento simultâneo ou combinado de réditos e de gastos que resultem directa e
conjuntamente das mesmas transações ou de outros acontecimentos; por exemplo, os
vários componentes de gastos constituindo o custo dos produtos vendidos são reconhecidos
ao mesmo tempo que o rendimento derivado da venda dos produtos. Porém, a aplicação do
conceito de balanceamento segundo esta Estrutura Conceptual não permite o
reconhecimento de itens no balanço que não satisfaçam a definição de ativos ou passivos.”

Assim, tendo em conta que o reconhecimento dos ativos biológicos está a ser feito pela
aplicação do justo valor e não pelo balanceamento de gastos já registados, entendemos que
o que está em causa é um aumento do justo valor pelo que a aplicação da conta 774 –
Ganhos por aumento do justo valor e consequentemente a apresentação na Demonstração
de Resultados na rubrica de aumentos/reduções do justo valor enquadra do ponto de vista
conceptual a operação corretamente.

Após o reconhecimento em inventários, o processamento dos registos relacionados com os


produtos agrícolas segue os procedimentos preconizados na NCRF 18 – Inventários.

Assim, vejamos os registos que podem ocorrer nas várias situações relacionadas com o
tratamento dos produtos agrícolas.

No que respeita ao tratamento das entradas e saídas de inventários, as entidades podem


aplicar inventário permanente ou beneficiar da dispensa da sua aplicação, optando por
utilizar o sistema de inventário “intermitente”

147
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Sistema de inventário permanente

Em sistema de inventário permanente, no que respeita à mensuração, vão-se registando as


entradas e saídas dos inventários ao longo do exercício, operação a operação ou
periodicamente.

O artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, que aprovou o Sistema de


Normalização Contabilística, alterado pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho,
estabelece que as entidades a que o SNC ou as normas internacionais de contabilidade
adotadas pela UE, seja aplicável, ficam obrigadas a adotar o sistema de inventário
permanente na contabilização dos inventários, da seguinte forma:

a) Proceder às contagens físicas dos inventários com referência ao final do período,


ou, ao longo do período, de forma rotativa, de modo a que cada bem seja contado,
pelo menos, uma vez em cada período;

b) Identificar os bens quanto à sua natureza, quantidade e custos unitários e globais,


por forma a permitir a verificação, a todo o momento, da correspondência entre as
contagens físicas e os respetivos registos contabilísticos.

O Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º


98/2015, de 2 de junho, por via das alterações do artigo 12.º, alarga a obrigatoriedade de
aplicação do sistema de inventário permanente a um número significativo de entidades, a
partir de 1 de janeiro de 2016.

A obrigação de aplicação do sistema de inventário permanente é aplicável a todas as


entidades a que seja aplicável o SNC ou as normas internacionais de contabilidade
adotadas pela UE, com exceção das microentidades e das situações previstas nos n.ºs 4 e 5
do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho.

De acordo com o n.º 4 do artigo 12.º do Decreto-Lei 158/2009, de 13 de Julho, ficam


dispensadas da obrigação de utilização do inventário permanente as atividades de
agricultura, produção animal, apicultura, caça, silvicultura e exploração florestal, indústria
piscatória e aquicultura.

148
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Uma entidade, que não seja microentidade, que tenha outras atividades, para além das
atividades definidas no n.º 4 do artigo 12.º do Decreto-Lei 158/2009, de 13 de julho, deve
adotar os sistema de inventário permanente a essas outras atividades.

Embora a obrigatoriedade de inventário permanente não se aplique a atividades de


agricultura, produção animal, apicultura, caça, silvicultura e exploração florestal, indústria
piscatória e aquicultura, por ser uma matéria relevante vamos referir alguns dados
importantes para quem está sujeito à sua obrigatoriedade:

- De acordo com o n.º 1 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho,


consideram-se microentidades aquelas que, de entre as referidas no artigo 3.º do mesmo
diploma, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites seguintes:

a) Total do balanço: € 350 000;


b) Volume de negócios líquido: € 700 000;
c) Número médio de empregados durante o período: 10.

- Para determinação do número médio de empregados durante o período deve ser


considerado o estabelecido no artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, e o
artigo 5.º do respetivo Anexo ao diploma54.

- Até 31/12/2015 o inventário permanente não era obrigatório para as entidades que não
ultrapassem, durante dois exercícios consecutivos, dois dos três limites indicados no n.º 2
do artigo 262.º do Código das Sociedades Comerciais:

a) Total do balanço: 1.500.000 euros;


b) Total das vendas líquidas e outros proveitos: 3.000.000 euros;
c) Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50.

- Segundo o Ofício Circulado n.º 20193, de 23/06/2016, da Autoridade Tributária e


Aduaneira, é referido que a adopção do sistema de inventário permanente implica
necessariamente que as entidades procedam ao registo contabilístico das entradas e saídas
de inventários ao longo do período contabilístico, de forma que seja possível conhecer, a
todo o momento, o valor dos inventários e apurar o custo dos inventários vendidos e dos
consumidos. Apesar da periodicidade do registo contabilístico na utilização do sistema de
inventário permanente não estar legamente estabelecida, a mesma deve atender à natureza

54
Ver FAQ 18 da CNC

149
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

das atividades desenvolvidas pela entidade e à relação entre o custo a suportar com a
obtenção da informação e o benefício dela resultante, sendo aceitável que o registo
conatabilistico neste sistema, possa ser efetuado, pelo menos, no final de cada mês.
O mesmo Ofício refere o parecer da CNC55: “a aplicação do sistema de inventário
permanente na escrituração comercial digráfica, pode basear-se em registos extra
contabilísticos, os quais deverão identificar os bens quanto à natureza, quantidade e custos
unitários e globais, suscetíveis de permitiem o controlo de correspondência entre os valores
constantes dos registos contabilísticos e os valores apurados com base em contagens
físicas de inventários.”

Sistema de inventário intermitente

Em sistema de inventário intermitente, no que respeita à mensuração, as existências finais


são apuradas no final do exercício com base na contagem física dos bens, utilizando-se a
fórmula de apuramento do Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas.

CMVMC = Existências inicias + Compras +/- Regularizações – Existências Finais

As Existências Finais resultam da contagem física no final do ano mensuradas de acordo


com as fórmulas de custeio.

• Vejamos então os registos contabilísticos relacionados com os produtos agrícolas que se


destinam à venda em bruto ou dos produtos acabados após transformação:

Pela Venda:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Pelo valor da venda do produto


21 - Clientes 71 - Vendas x
agrícola

E no final do período:
Saídas de produtos acabados no final do período pelo apuramento do custo das vendas

55 Comissão de Normalização Contabilística

150
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos
731 - Variação nos acabados e Pelo apuramento do custo da venda
x
inventários de produção intermédios - do produto agrícola
produtos agrícolas

• Registos contabilísticos relacionados com os produtos agrícolas que vão incorporar um


processo produtivo por exemplo: elaboração de enchidos pelo produtor:

No final do período
Pelo apuramento do custo das matérias-primas (produtos agrícolas) incorporadas

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

3314 - Matérias- Pelo apuramento do custo no final do


612 - Custo das matérias
primas - produtos x período pelas matérias-primas
comsumidas
agrícolas incorporadas

Reconhecimento dos produtos em curso no final do período

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Mensurado ao custo de Produção


acumulado até essa fase de
produção apurado extra
73 - Variações nos
36- Produtos e trabalhos em contabilisticamente através de
inventários de x
curso contabilidade de custos (analítica)-
produção
Neste custo também estão
reflectidos os produtos agrícolas
incorporados

Nota: No período seguinte deve-se desreconhecer este valor (débito 73 /crédito 36), para no
final do período ou quando a produção acabar serem reconhecidos os respetivos custos
totais acumulados, incluídos os já incorporados em períodos anteriores.
Atenção que para controlar bem estas operações devem ser criadas subcontas para
evidenciar bem o que está em causa.

151
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Entradas por produção – registo dos produtos acabados no final do exercício

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Mensurado ao custo de Produção


(Custo de conversão mais as
matérias consumidas) apurado extra
73 - Variações nos
contabilisticamente através de
34 - Produtos acabados inventários de x
contabilidade de custos (analítica)-
produção
Neste custo também estão
reflectidos os produtos agrícolas
incorporados

6.3 Apontamentos fiscais

A NCRF 17 no que respeita ao produto agrícola colhido dos ativos biológicos no ponto da
colheita refere que este deve ser mensurado pelo seu justo valor menos os custos de
vender no momento da colheita. Tal mensuração é o custo nessa data aquando da
aplicação da NCRF 18 - Inventários, ou uma outra Norma Contabilística e de Relato
Financeiro aplicável.

A fiscalidade em regra acompanha o tratamento contabilístico56 permitindo que os respetivos


ganhos e perdas resultantes da aplicação do justo valor concorram para a formação do lucro
tributável.

Com efeito, para a determinação do lucro tributável, os inventários são mensurados a


preços de venda dos produtos colhidos de ativos biológicos no momento da colheita,
deduzidos dos custos estimados no ponto de venda, excluindo os de transporte e outros
necessários para colocar os produtos no mercado.57

56
Para efeitos da determinação do lucro tributável, os rendimentos e gastos dos inventários são os que resultam da aplicação
de métodos que utilizem preços de venda dos produtos colhidos de ativos biológicos no momento da colheita, deduzidos dos
custos estimados no ponto de venda, excluindo os de transporte e outros necessários para colocar os produtos no mercado
(artigo 26.º, n.º 1, alínea d) do Código do IRC)
57
Alínea d), n.º 1 do artigo 26.º do Código do IRC

152
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Vejamos então a aplicação prática da exclusão da aceitação do justo valor nos ativos
biológicos consumíveis e no produto agrícola no momento da colheita:

Exemplo Prático: Mata de Eucalipto

Taxa de desconto: 6%

Coef.
Gastos Gastos Efeito em Custos desv. Custo fiscal em
manutenção exploração Receitas Cash flow Justo valor resultados capitalizados mon. 2021 Tributação

2010 200 000,00 -200 000,00 234 442,76 34 442,76 200 000,00 1,24 248 674,86 0

2011 12 500,00 -12 500,00 261 009,33 14 066,57 212 500,00 1,22 15 237,43 0

2012 12 500,00 -12 500,00 289 169,89 15 660,56 225 000,00 1,2 14 938,66 0

2013 12 000,00 -12 000,00 318 520,08 17 350,19 237 000,00 1,17 14 059,91 0

2014 13 000,00 -13 000,00 350 631,28 19 111,20 250 000,00 1,15 14 932,91 0

2015 12 000,00 -12 000,00 383 669,16 21 037,88 262 000,00 1,13 13 513,95 0

2016 14 000,00 -14 000,00 420 689,31 23 020,15 276 000,00 1,1 15 457,13 0

2017 12 000,00 -12 000,00 457 930,67 25 241,36 288 000,00 1,08 12 989,19 0

2018 5 000,00 -5 000,00 490 406,51 27 475,84 293 000,00 1,06 5 306,04 0

2019 5 000,00 -5 000,00 524 830,90 29 424,39 298 000,00 1,04 5 202,00 0

2020 5 000,00 -5 000,00 561 320,75 31 489,85 303 000,00 1,02 5 100,00 0

2021 5 000,00 150 000,00 750 000,00 595 000,00 595 000,00 33 679,25 458 000,00 1 155 000,00 57 396,98
308 000,00 150 000,00 750 000,00 292 000,00 292 000,00 520 412,08 73 000,00

Ganho fiscal 15 603,02

Considerando-se uma taxa de imposto de 21%58, verifica-se a redução da tributação em


2021 por via da utilização do regime do nº 7 do Artigo 18º do Código do IRC em €15.603,02.

Comunicação dos inventários

O Decreto-Lei n.º 28/2019, de 15 de fevereiro, estipulou a obrigação de comunicação à


Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) até 31 de janeiro, em relação ao ano anterior, do
inventário valorizado por todos os sujeitos passivos de IRC e IRS com contabilidade
organizada. Esta obrigação tem efeitos na comunicação de janeiro de 2020 em relação a
2019.
Até 2019, os sujeitos passivos não dispensados da comunicação dos inventários enviavam
à Autoridade Tributária e aduaneira (AT) a lista dos inventários sem a sua valorização.

58 Taxa geral de IRC em vigor em 2020 que serve como exemplo n.º 1 do artigo 87.º do CIRC

153
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para além disso, por força da publicação da Portaria n.º 126/2019, de 2 de maio, passa
também a ser obrigatória a comunicação dos ativos biológicos (animais ou plantas vivos)
valorizados.

No final de dezembro de 2019, o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais emitiu o


Despacho n.º 66/2019-XXII que determina que:
• a nova estrutura do ficheiro através da qual deve ser efetuada à AT a comunicação
dos inventários, aprovada pela Portaria n.º 126/2019, de 2 de maio, entra em vigor para as
comunicações de inventários relativas a 2020, a efetuar até 31 de janeiro de 2021.
• em relação às comunicações de inventários relativas a 2019 a efetuar até 31 de
janeiro de 2020 deve ser mantida a estrutura de ficheiro que estava em vigor em 2019, que
não prevê a comunicação dos inventários valorizados nem a comunicação dos ativos
biológicos.

A comunicação de inventários a realizar em janeiro de 2020 relativamente aos inventários a


31 de dezembro de 2019, será efetuada com base na anterior estrutura de ficheiro prevista
na Portaria n.º 2/2015, de 6 de janeiro.
Em termos práticos, a obrigação de comunicação da valorização dos inventários foi
prorrogada por um ano, mantendo-se a obrigação de comunicação das quantidades de
inventários nos moldes previstos nos últimos anos.
A estrutura do ficheiro, aprovada pela Portaria n.º 126/2019, de 2 de maio, que passou a
incluir a valorização dos inventários e a comunicação dos ativos biológicos, aplicar-se-á aos
inventários relativos ao ano de 2020, a comunicar até 31 de janeiro de 2021, ou até ao final
do 1.º mês seguinte à data do termo desse período de tributação, se diferente do ano civil.

De acordo com o previsto no Despacho n.º 66/2019-XXII-SEAF, a comunicação dos


inventários a efetuar até 31 de janeiro de 2020, será feita com base na estrutura de ficheiro
anteriormente prevista, ou seja, sem contemplar a inclusão do código "B” – "Ativos
biológicos” previsto na Portaria n.º 126/2019, de 2 de maio.

154
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Mantém-se, para os inventários em 31 de dezembro de 2019, a comunicar até final de


janeiro de 2020, o anterior entendimento já previsto numa FAQ disponibilizada no Portal da
AT, a seguir apresentada, de que os ativos biológicos não devem ser relacionados na
comunicação dos inventários:

“01-1406 Os “ativos biológicos” devem ser relacionados na comunicação dos


inventários?
Os ativos biológicos distinguem-se entre os “consumíveis” (subconta 371) e os “de
produção” (subconta 372).

Quanto aos ativos biológicos de produção, eles não devem ser relacionados na
comunicação dos inventários, devendo apenas referir-se os produtos agrícolas que são
colhidos desses ativos biológicos.
Quanto aos ativos biológicos consumíveis, estes não deverão ser comunicados se, no
exercício a que a comunicação se reporta, não tiver ocorrido a respetiva colheita e a
consequente transição dos produtos colhidos para uma conta de inventário.
Do mesmo modo, as entidades que adotem o regime de normalização contabilística para
microentidades deverão comunicar os ativos biológicos consumíveis após o momento da
colheita.”

Até 2019, em relação aos inventários de 2018, estavam dispensados da comunicação dos
inventários, os sujeitos passivos, cujo volume de negócios (vendas e prestação de serviços)
do exercício anterior ao da respetiva comunicação não excedia 100.000 euros. A partir de
janeiro de 2020, e neste caso em relação aos inventários existentes em 31 de dezembro de
2019, o volume de negócios não é relevante para efeitos de comunicação de inventários,
dado que apenas estão dispensados desta comunicação as entidades a que seja aplicável o
regime simplificado de tributação em sede de IRS ou IRC.
As entidades do setor não lucrativo enquanto pessoas coletivas com sede, estabelecimento
estável ou domicílio fiscal em território nacional, que disponham de contabilidade
organizada, também estão abrangidas por esta obrigatoriedade de comunicação dos
inventários até 31 de janeiro.

Os sujeitos passivos obrigados à comunicação de inventários, ainda que não tenham


existências no final do ano, têm que declarar esta informação no Portal das Finanças.

A comunicação dos inventários à AT é independente do sistema de valorização dos


inventários utilizado pelas entidades sujeitas a esta obrigação, isto é, quer estas entidades
adotem o sistema de inventário intermitente quer adotem o sistema de inventário
permanente (por opção ou por imposição legal), deverão proceder à comunicação.

155
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Na prática, a dispensa de comunicação dos inventários, para as comunicações a efetuar a


partir de 1 de janeiro de 2020, abrange apenas, as pessoas coletivas ou singulares a quem
seja aplicável o regime simplificado de tributação, no ano a que o inventário se reporta,
independentemente do valor do volume de negócios.

156
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

7 Os equipamentos biológicos – NCRF 17 versus NCRF 7

7.1 Reconhecimento e mensuração

São reconhecidos como equipamentos biológicos os animais e plantas vivas que reúnam os
requisitos de reconhecimento como investimento e que não se enquadrem na NCRF 17 –
Agricultura, isto é que não se destinem a atividades agrícolas.

Entende-se como atividade agrícola, a gestão efetuada por uma entidade na transformação
biológica de ativos biológicos, em produto agrícola ou em ativos biológicos para venda.

Como exemplos de equipamentos biológicos temos:

- Cavalos em escolas de equitação;


- Touros bravos para lides;
- Animais em jardins zoológicos;
- Cão guarda;
- Árvores para jardins.

Estes ativos são reconhecidos como ativos fixos tangíveis e seguem a aplicação da NCRF7.

Para se verificarem as condições de reconhecimento inicial de um ativo fixo tangível, em


primeiro lugar, devemos verificar se cumpre a definição de ativo, isto é, se é um bem
controlado pela empresa do qual se espera fluam benefícios económicos futuros.

Por exemplo, se uma empresa que tem como atividade o ensino de equitação e compra um
cavalo, estamos perante um bem que a empresa controla e gera benefícios económicos
para a empresa através da sua utilização, pelo que cumpre as características de
reconhecimento como ativo.

Por seu lado a NCRF 7 refere no seu § 7, que “o custo de um item de activo fixo tangível
deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:
(a) for provável que futuros benefícios económicos associados ao item fluam para a
entidade; e

157
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(b) o custo do item puder ser mensurado fiavelmente”.

Entretanto, a NCRF 7 estabelece que, por definição “Um item do ativo fixo tangível que seja
classificado para reconhecimento como um ativo deve ser mensurado pelo seu custo.

Mensuração subsequente

A NCRF 7 refere que na mensuração subsequente uma entidade pode optar pelo método do
custo ou pelo método da revalorização como sua política contabilística e deve aplicar essa
política a uma classe inteira de ativos fixos tangíveis.

Resumo

Custo = preço de compra+ direitos de importação+ impostos


de compra não reembolsáveis+ custos necessários para o
Reconhecimento
colocar em funcionamento+ custos de desmantelamento e
inicial
remoção relacionados com o bem - descontos e
abatimentos;

Método do custo
Mensuração
ou
subsequente
Método da revalorização

7.2 Aspetos práticos relacionados com a Norma

Sugestões e comentários sobre reconhecimento/registos contabilísticos relacionados


comequipamentos biológicos e com a sua mensuração, tendo em conta o layout das
demostrações financeiras e o código de contas aprovado pela Portaria 218/2015 de 23 de
Julho de 2015.

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando aplicáveis.

158
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Atendendo às características específicas dos animais e plantas vivas, mesmo tratando-se


de equipamentos biológicos, devemos atender a vários cenários possíveis de
reconhecimento e mensuração (registos contabilísticos) inicial dos animais ou plantas
atendendo à sua origem. Os animais ou plantas podem ser:

1- Adquiridos
2- Nascer na entidade;

Registos relativos a equipamentos biológicos adquiridos

Pela aquisição de um equipamento biológico (são ativos fixos tangíveis):

Conta a débito Conta a crédito Valor


2711 - Fornecedores
436 - Ativo fixo tangível - de investimentos -
Pelo valor de aquisição do bem
Equipamento Biológico contas gerais ou 12
meios financeiros
liquidos

Abate de equipamentos biológicos:


Valor
Conta a débito Conta a crédito Valor
(u.m.)
6873-Gastos em Pela desreconhecimento
438-Depreciações Acumuladas investimentos não x das depreciações
financeiros-Abates registadas

6873-Gastos em Pela desreconhecimento de


439-Perdas por Imparidades
investimentos não y eventuais imparidades
acumuladas
financeiros-Abates registadas

6873-Gastos em investimentos não 436 - Ativo fixo tangível - Pelo desreconhecimento do


z
financeiros-Abates Equipamento Biológico ativo

159
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Venda de equipamentos biológicos

Valor
Conta a débito Conta a crédito Valor
(u.m.)

7871- Rendimentos em
438-Depreciações investimentos não financeiros - Pela desreconhecimento das
x
Acumuladas Alienações ou 6871-Gastos em depreciações registadas
investimentos não financeiros

7871- Rendimentos em
Pela desreconhecimento de
439-Perdas por Imparidades investimentos não financeiros -
y eventuais imparidades
acumuladas Alienações ou 6871-Gastos em
registadas
investimentos não financeiros

7871- Rendimentos em
investimentos não financeiros
436 - Ativo fixo tangível - Pelo desreconhecimento do
- Alienações ou 6871-Gastos z
Equipamento Biológico ativo
em investimentos não
financeiros

7871- Rendimentos em
278-Outros devedores e
investimentos não financeiros -
credores ou 12 Depositos à W Pelo Valor da venda
Alienações ou 6871-Gastos em
ordem
investimentos não financeiros

Nota: Apenas devem ser reconhecidas as depreciações até ao período anterior ao abate ou
à venda

Registos relacionados com equipamentos biológicos nascidos na entidade

O reconhecimento dos ativos fixos tangíveis apenas deverá acontecer no momento em que
os ativos estejam prontos e disponíveis para serem utilizados na atividade da entidade.

Quando os animais ou plantas nascem na entidade pode decorrer um período em que se


encontram a crescer para poderem vir a ser reconhecidos como equipamentos biológicos.

Neste caso, todos as despesas diretamente incorridas no nascimento e criação do animal ou


da planta deverão ser adicionadas ao custo inicial do ativo, devendo ser registadas numa
conta de investimentos em curso (conta 45), durante o período em que esse ativo (animal ou
planta) esteja a ser criado e preparado para ser utilizado na atividade.

160
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a débito Conta a crédito Valor

741-Trabalhos para a própria o somatório de todos os custos necessários


453 - Investimento em curso -
empresa - Equipamentos para o seu nascimento ou crescimento e que
Equipamentos biológicos
biológicos já foram registados em contas da classe 6

Após a conclusão do processo de nascimento e criação do animal, logo que este esteja em
condições de ser utilizado, deverá ser reconhecido o ativo, valorizado com o total dos custos
associados ao nascimento e criação.

Conta a débito Conta a crédito Valor

436 - Aivo fixo tangível - 453 - Investimento em curso Pela transferência do Investimento em curso
Equipamento Biológico - Equipamentos biológicos para AFT

Esses gastos do ativo poderão incluir, conforme o estabelecido no parágrafo 18 e 23 da


NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis:

- Todos os materiais a integrarem diretamente no nascimento e criação do animal ou das


plantas, como por exemplo: medicamentos, vacinas, alimentação, rações;
- A mão-de-obra associada, como por exemplo, horas de trabalho de veterinários e
tratadores especializados ou tratamento do terreno;
- E, ainda todos os gastos gerais diretamente suportados para a criação, tais como, custos
de preparação das instalações e honorários de outros trabalhos especializados.

Estes custos a serem imputados à obra poderão ser apurados extra-contabilisticamente, por
exemplo, através de uma folha de obra, onde se registem as quantidades de materiais
utilizados na obra, o nº de horas de utilização de pessoal, o nº horas de utilização de
máquinas e outras quantidades de bens ou serviços utilizados.

O registo contabilístico do reconhecimento do ativo poderá ter como suporte este


documento extra-contabilístico, quer seja enquanto está em curso, quer quando estiver
pronto para entrar em funcionamento.

161
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

De referir, que o parágrafo 11 da NCRF 7 permite que se considerem por uma quantia e
quantidade fixa, os animais que, no seu conjunto, satisfaçam as seguintes condições:

- Sejam renovados frequentemente;


- Representem, bem a bem, uma quantia imaterial para a entidade;
- Tenham uma vida útil não superior a três anos.

Este poderá ser o caso, por exemplo, de aquários em lojas em que se verifica o nascimento
de pequenos animais, em grandes quantidades, como por exemplo: pequenos peixes ou
pequenas rãs, que poderão ser registados por uma única quantia e uma única quantidade,
com base num valor padrão, tendo em atenção o histórico da criação desses animais.

Os registos contabilísticos para o abate e venda são os mesmos que se aplicam aos
equipamentos biológicos adquiridos.

7.3 Apontamentos fiscais

Os equipamentos biológicos são reconhecidos como ativos fixos tangíveis quer para efeitos
contabilísticos quer para efeitos fiscais, sendo as depreciações e imparidades aceites
fiscalmente de acordo com o definido para os activos fixos tangíveis.

162
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8 Os Terrenos Agrícolas

8.1 Reconhecimento e mensuração

É definido no parágrafo 3 da NCRF 17 – Agricultura que a NCRF 17 não se aplica a terrenos


relacionados com a atividade agrícola. Aos terrenos relacionado com a atividade agrícola
aplica-se a NCRF 7 - Ativos Fixos Tangíveis e NCRF 11 - Propriedades de Investimento.

A NCRF 7 aplica-se aos ativos fixos tangíveis usados para desenvolver ou manter os ativos
biológicos relacionados com a atividade agrícola no âmbito da NCRF 17.

O custo de um terreno agrícola deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:

(a) For provável que futuros benefícios económicos associados ao item fluam para a
entidade; e

(b) O custo do terreno agrícola puder ser mensurado fiavelmente.

No reconhecimento inicial um terreno que seja classificado para reconhecimento como um


ativo deve ser mensurado pelo seu custo.

Na mensuração após o reconhecimento uma entidade deve escolher ou o modelo de custo,


no qual o terreno pertencente ao ativo fixo tangível deve ser escriturado pelo seu custo
menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por imparidade acumuladas, ou
o modelo de revalorização ou seja pelo justo valor à data da revalorização menos qualquer
depreciação acumulada subsequente e perdas por imparidade acumuladas subsequentes,
como sua política contabilística e deve aplicar essa política a uma classe inteira de ativos
fixos tangíveis, neste caso à classe terrenos.

O § 17 da NCRF 7 define que o custo de um terreno para exploração agrícola compreende:

(a) O seu preço de compra, incluindo os impostos de compra não reembolsáveis59, após
dedução dos descontos e abatimentos;

(b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo nas condições necessárias
para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida;

59 Incluindo o IMT suportado no valor de aquisição do terreno.

163
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(c) A estimativa inicial dos custos de desmantelamento e remoção do terreno e de


restauração do local no qual este está localizado, em cuja obrigação uma entidade incorre
seja quando o terreno é adquirido seja como consequência de ter usado o terreno durante
um determinado período para finalidades diferentes da produção de inventários durante
esse período60.

Exemplos de custos diretamente atribuíveis ao terreno, definidos no §18 da NCRF 7 são:

(1) Custos de benefícios dos empregados (aplica-se subsidiariamente a NCRF 28 -


Benefícios dos Empregados) decorrentes diretamente da construção ou aquisição de um
item do ativo fixo tangível;

(2) Custos de preparação do local;

(3) Custos iniciais de entrega e de manuseamento;

(4) Custos de instalação e montagem;

(5) Honorários.

Numa exploração agrícola estão associados aos custos de aquisição do terreno os custos
de desbravamento, movimentação de terras e drenagem que lhes respeitam. São ainda de
incluir nos custos dos terrenos a preparação dos terrenos para a atividade produtiva, como
sejam terraplanagens, vedações, sistemas de águas, de esgotos, entre outros. Estes
melhoramentos estão sujeitos a deperecimento, contrariamente ao que regra geral acontece
com os terrenos propriamente ditos.

Uma entidade aplica a NCRF18 -Inventários aos custos das obrigações de


desmantelamento, remoção e restauração do local em que um terreno está localizado que
sejam incorridos durante um determinado período como consequência de ter usado o
terreno para produzir inventários durante esse período. As obrigações por custos
contabilizados de acordo com a NCRF 18 ou com a presente Norma são reconhecidas e
mensuradas de acordo com a NCRF 21 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
Contingentes.

O parágrafo 58 da NCRF 7 define que os terrenos e edifícios são ativos separáveis e são
contabilizados separadamente, mesmo quando sejam adquiridos conjuntamente. Com
algumas exceções, como as pedreiras e os locais usados como aterros, os terrenos têm

60 Não será de incluir na base fiscal depreciável a estimativa inicial dos custos de desmantelamento e remoção
do ativo e de restauração do local no qual está localizado, a qual corresponde a uma provisão.

164
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

uma vida útil ilimitada pelo que não são depreciados. Os edifícios têm vida útil limitada e, por
isso, são ativos depreciáveis. Um aumento no valor de um terreno no qual um edifício esteja
construído não afeta a determinação da quantia depreciável do edifício.

Existe uma limitação às depreciações dos terrenos tanto a nível contabilístico como a nível
fiscal, dado que os mesmos, regra geral, não são passiveis de depreciação, bem como da
parte dos terrenos de exploração que não seja depreciável.
Desta forma, excetuando os casos de desgaste efetivo dos terrenos, tais como minas,
pedreiras e terrenos de cultivo agrícola, os mesmos não são passíveis de deperecimento
contabilístico e fiscal. Os terrenos para fins agrícolas que tenham sido adquiridos em estado
de uso, conforme o Despacho de 26/02/2007 sobre o Processo n.º 2583/06 a seguir
transcrito, podem ser objeto de depreciações contabilísticas e fiscais.
Temos que dar relevância à separação da parte do terreno de exploração que é passível de
deperecimento daquela que não é. A nível fiscal não existindo critério objetivo definido para
a desagregação deverá ser aceite qualquer critério económico razoável.

Neste contexto será relevante salientar o conteúdo do § 59 da NCRF 7 – Ativos fixos


tangíveis que diz “se o custo do terreno incluir os custos do desmantelamento, remoção e
restauração do local, essa porção do custo do terreno é depreciada durante o período de
benefícios obtidos ao incorrer nesses custos. Nalguns casos, o próprio terreno pode ter uma
vida útil limitada, caso em que é depreciado de modo a refletir os benefícios a serem dele
retirados”. Ainda que o terreno não seja depreciado, poderá existir uma componente do
respetivo custo de aquisição que seja depreciada contabilisticamente durante um período de
tempo finito e definido. Esta depreciação não será reconhecida para efeitos fiscais dado que
as provisões para custos de desmantelamento, remoção não se encontram incluídas na
base fiscal dos ativos. Neste âmbito, podem assumir particular interesse as provisões
aplicáveis ao setor das indústrias extrativas, que podem ser relevantes para efeitos fiscais,
desde que cumpridas as condições previstas no artigo 40.º do Código do IRC.

Por exemplo61 uma sociedade que detém um parque eólico para produzir eletricidade,
possui uma licença de exploração de um terreno por um período de 15 anos. Existe um
contrato celebrado com o proprietário do terreno onde estão implantadas as turbinas eólicas
que prevê que no final do período de 15 anos deverá a empresa do setor das energias

61
Exemplo referido em: Vasconcelos, André Alpoim; Pinto, Cristina, “Regime Fiscal das Depreciações e Amortizações”
Anotado e Comentado. Areal Editores, junho 2011.

165
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

renováveis proceder ao restauro do local, cujo custo estimado é de €600.000. Desta forma,
de acordo com o § 17 da NCRF 7 na aquisição e construção do parque eólico deverá ser
registada uma provisão com base no valor estimado de restauro/reposição em contrapartida
do valor do ativo fixo tangível. Apesar deste custo de desmantelamento constituir o custo de
aquisição do ativo fixo tangível, este valor não integrará a base fiscal do ativo para efeitos de
depreciação fiscal.

8.2 Apontamentos fiscais

Despacho de 26 de fevereiro de 2007, com despacho do Subdiretor-Geral substituto


legal do Diretor-Geral – Processo n.º 2583/06

Assunto: Bens em Estado de Uso

Nos termos do n.º 1 do artigo 28.º do CIRC, “são aceites como custos as reintegrações e
amortizações de elementos do ativo sujeitos a deperecimento, considerando-se como tais
os elementos do ativo imobilizado que, com caráter repetitivo, sofrerem perdas de valor
resultantes da sua utilização, do decurso do tempo, do progresso técnico ou de quaisquer
outras causas”.
Ainda de acordo com o previsto n.º 1 do artigo 1.º do Decreto Regulamentar n.º 2/90, de 12
de janeiro, podem ser objeto de reintegração e amortização os elementos do ativo
imobilizado sujeitos a deperecimento. Considerando-se estes normativos, conclui-se que só
podem ser considerados como em estado de uso os bens sujeitos a deperecimento.
Ora, no caso de imóveis, para efeitos de cálculo das respetivas quotas de reintegração, é
excluído o valor do terreno ou, no caso de terrenos de exploração, a parte do respetivo valor
não sujeita a deperecimento, ou seja, regra geral os terrenos não estão sujeitos a
deperecimento, exceto no caso de terrenos de exploração em que se considere que existem
perdas de valor resultantes da sua utilização, do decurso do tempo, do progresso técnico ou
de qualquer outras causas com caráter repetitivo.
Assim, um terreno agrícola e, como tal, de exploração, só poderá ser adquirido em estado
de uso se na esfera do alienante foi considerado como sujeito a deperecimento, devendo
nesse caso cumprir as condições do n.º 2 do artigo 11.º do Decreto Regulamentar n.º 2/90.
Não sendo considerado adquirido em estado de uso, não poderá ser aplicada a parte final
do n.º 1 do artigo 45.º, ainda que existam relações especiais ente a entidade adquirente e o
alienante.

166
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

9 Casos Práticos

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando aplicáveis.

9.1 Caso prático I

Bovinos Reprodutores e para abate

Bovinos – Mirandesas

A Sociedade Portugal, Lda., cuja atividade consiste na produção de vitelas para abate,
adquiriu em Janeiro de N, 500 vacas reprodutoras Mirandesas por 400.000,00 €. De acordo
com a consulta das cotações no sistema SIMA o valor mais frequente de cada vaca
reprodutora é de 925,00€.

Em Dezembro de N nasceram 450 vitelos para abate, cujo justo valor a essa data é de
450,00 € . O justo valor das vacas reprodutoras mantêm-se.

Face ao SNC o que deve ter em conta para o tratamento do reconhecimento/registo


contabilístico e que consequências têm estas operações nas Demonstrações Financeiras da
sociedade?

Dados importantes a reter em relação às vacas reprodutoras:


Aquisição das vacas reprodutoras Mirandesas - 400.000,00 €
Justo valor das vacas reprodutoras Mirandesas na data da compra - 465.000,00 €

Vitelos para abate:


Justo valor dos vitelos recém-nascidos – 202.500,00 €

Problemática do Reconhecimento

Inicialmente
- reconhecidos nos Ativos pelo justo valor

Subsequentemente:

167
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- Ativos ao Justo valor – as variações do justo valor são reconhecidas diretamente em


Resultados (gastos ou rendimentos)

Reconhecimento Inicial:
• Pela Aquisição do Ativo Biológico de Produção (vacas reprodutoras Mirandesas)
Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
372x 11 ou 12 ou 2711 400.000,00 Custo de aquisição
372x 774x 65.000,00 Justo valor - ajustamento

Nota: Tratando-se da aquisição de bens/serviços que confiram direito a dedução do IVA, há


que considerar a débito a conta 2432-Estado e Outros entes Públicos – IVA dedutível

• Pelo reconhecimento dos vitelos recém-nascidos para abate


Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

371x 774x 202.500,00 Justo valor

Balanço em 31 de Dezembro de N

Sociedade Portugal, LDA.


BALANÇO INDIVIDUAL em 31 Dezembro N
DATAS
RUBRICAS NOTAS
Ano N Ano N-1
ATIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 50.000,00
Ativos biológicos 465.000,00
Ativo corrente
Inventários
Ativos biológicos 202.500,00
Clientes
Caixa e depósitos bancários 50.000,00
Total do Ativo 767.500,00
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio
Capital realizado 50.000,00
Resultados Transitados
Resultado Líquido do Período 267.500,00
Total do Capital Próprio 317.500,00
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 400.000,00
Outras contas a pagar
Passivo corrente
Fornecedores 50.000,00
Adiantamentos de clientes
Estado e outros entes públicos
Total do passivo 450.000,00
Total do capital próprio e do
passivo 767.500,00

168
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Implicações fiscais da aplicação do justo valor em Ativos biológicos no Ano N


Contabilidade Fiscalidade

Ganho
Vacas
do 65.000,00 Não é aceite fiscalmente Deduz Q 07 mod 22
reprodutoras
exercício

É aceite
Ganho
Vitelos para fiscalmente/releva para Não se faz nenhum
do 202.500,00
abate efeitos do apuramento ajustamento no mod 22
exercício
do lucro tributável

Reconhecimento fiscal da depreciação relacionada com o valor de aquisição das vacas


reprodutoras (artigo 45.º A do Código do IRC):

Contabilidade Fiscalidade

Aquisição de
Valor Aquisição das vacas
Vacas 400.000,00 Não se faz nada
Aquisição reprodutoras
reprodutoras

Gastos para efeitos


fiscais equivalente à
Gastos
Vacas depreciação Deduz Q 07 mod 22
Com 0,00
reprodutoras contabilística aceite 40.000,00
depreciação
fiscalmente se esta
existisse

169
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Como esta operação só releva para efeitos fiscais é importante que o dossier fiscal explicite
esta situação para controlo do período mínimo de depreciação dos animais, sugerindo-se a
criação deste mapa que deve constar todos os anos do dossier fiscal:

Vacas Reprodutoras

Gasto fiscal a
considerar
Data N.º de Valor de anualmente Gasto fiscal
Aquisição animais aquisição Txa minima Deduz Q07 Acumulado

1/1/N 500 400.000,00 10% 40 000,00 40 000,00


N+1 500 400.000,00 10% 40 000,00 80 000,00
N+2 500 400.000,00 10% 40 000,00 120 000,00
N+3 500 400.000,00 10% 40 000,00 160 000,00
N+4 500 400.000,00 10% 40 000,00 200 000,00
N+5 500 400.000,00 10% 40 000,00 240 000,00
N+6 500 400.000,00 10% 40 000,00 280 000,00
N+7 500 400.000,00 10% 40 000,00 320 000,00
N+8 500 400.000,00 10% 40 000,00 360 000,00
N+9 500 400.000,00 10% 40 000,00 400 000,00

Nota: Durante este período de tempo deverá ter em conta os abates e vendas nos animais
adquiridos que poderão alterar o mapa em anos seguintes.
A taxa mínima considerada teve como base a tabela I – taxas específica do Decreto-
Regulamentar 25/2009 prevista para outros animais reprodutores (cód 0165) 10%62.

9.2 Caso prático II

A Sociedade Alentejana, Lda., cuja atividade consiste na exploração de suínos para abate
adquiriu em Janeiro de N, 300 porcas de raça alentejana reprodutoras por 40.000,00€. De
acordo com a consulta das cotações no sistema SIMA o valor mais frequente de cada porca
reprodutora daquela raça é de 130,00€.

Em Dezembro de N, nasceram 1550 leitões para abate cujo justo valor a essa data é de
40,00 €. O justo valor das porcas reprodutoras é à data de 31 de Dezembro 140,00€.

62
Existe uma informação vinculativa que permite a aplicação de uma taxa mínima de 25% para as vacas leiteiras.

170
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Face ao SNC o que deve ter em conta para o tratamento do reconhecimento/registo


contabilístico e que consequências têm estas operações nas Demonstrações Financeiras da
sociedade?

Dados importantes a reter em relação às porcas reprodutoras:

Aquisição das porcas reprodutoras Alentejanas - 40.000,00€


Justo valor das porcas reprodutoras na data da compra - 39.000,00€
Justo valor das porcas reprodutoras em 31/dez de N – 42.000,00€

Leitões para abate:


Justo valor dos 1550 leitões com menos de 12 Kg – 62.000,00€

Reconhecimento Inicial:

• Pela Aquisição do Ativo Biológico de Produção (porcas reprodutoras)


Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
372x 11 ou 12 ou 2711 40.000,00 Custo de aquisição
664x 372x 1.000,00 Justo valor - ajustamento

Nota: Tratando-se da aquisição de bens/serviços que confiram direito a dedução do IVA, há


que considerar a débito a conta 2432-Estado e Outros entes Públicos – IVA dedutível.

• Pelo reconhecimento dos leitões para abate


Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
371x 774x 62.000,00 Justo valor

Mensuração subsequente:
• Pelo ajustamento em 31 de Dez relativamente ao justo valor das porcas
Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
371x 774x 3.000,00 Justo valor

171
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Sociedade Portugal, LDA.


BALANÇO INDIVIDUAL EM 31 DE Dezembro DE N
DATAS
RUBRICAS NOTAS
31 Dez N 31 Dez N-1
ATIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 50.000,00
Acivos biológicos 42.000,00
Activo corrente
Inventários
Ativos biológicos 62.000,00
Clientes
Caixa e depósitos bancários 50.000,00
Total do Ativo 204.000,00
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio
Capital realizado 50.000,00
Resultados Transitados 25.000,00
Resultado Líquido do Período 64.000,00
Total do Capital Próprio 139.000,00
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 40.000,00
Outras contas a pagar
Passivo corrente
Fornecedores 25.000,00
Adiantamentos de clientes
Estado e outros entes públicos
Total do passivo 65.000,00
Total do capital próprio e do
passivo 204.000,00

Implicações fiscais da aplicação do justo valor em Ativos biológicos


Contabilidade Fiscalidade

Porcos perda do Não é aceite Acresce Q 07 mod


1.000,00
reprodutoras exercício fiscalmente 22

É aceite
fiscalmente/releva Não se faz nenhum
Leitões para Ganho do
62.000,00 para efeitos do ajustamento no mod
abate exercício
apuramento do lucro 22
tributável

Ganho em
Porcas Não é aceite
31 Dez do 3.000,00 Deduz Q 07 mod 22
reprodutoras fiscalmente
exercício

172
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reconhecimento fiscal da depreciação relacionada com o valor de aquisição das porcas


reprodutoras (artigo 45.º A do Código IRC):

Contabilidade Fiscalidade

Aquisição de
Valor Aquisição das porcas
porcas 40.000,00 Não se faz nada
Aquisição reprodutoras
reprodutoras

Gastos para efeitos


fiscais equivalente à
Gastos
Porcas depreciação Deduz Q 07 mod 22
Com 0,00
reprodutoras contabilística aceite 13 333,33
depreciação
fiscalmente se esta
existisse

Como esta operação só releva para efeitos fiscais, é importante que o dossier fiscal explicite
esta situação para controlo do período mínimo de depreciação dos animais, sugerindo-se a
criação deste mapa que deve constar todos os anos do dossier fiscal:

Porcas Reprodutoras

Gasto fiscal a
Data N.º de Valor de considerar Gasto fiscal
Aquisição animais aquisição Txa minima anulamente Acumulado

1/1/N 300 40 000,00 33,33% 13 333,33 13 333,33


N+1 300 40 000,00 33,33% 13 333,33 26 666,66
N+2 300 40 000,00 33,33% 13 333,33 40 000,00

Nota: Durante este período de tempo deverá ter em conta os abates e vendas nos animais
adquiridos que poderão alterar o mapa em anos seguintes.
A taxa mínima considerada teve como base a tabela I – taxas especifica do Decreto-
Regulamentar 25/2009 prevista para porcas reprodutores (cód 0160) 33,33%.

173
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

9.3 Caso prático III

A Sociedade Lima, Lda., cuja atividade consiste no cultivo de Laranjas e Limões para venda.

A sociedade tinha adquirido o Laranjal em 2005 por 10.000,00€ e o seu justo valor atual é
de 9.800,00€.

Os produtos colhidos em 31 de Dezembro somam em Laranjas 450Kg e em limões 270 Kg.

De acordo com a consulta das cotações no sistema SIMA, o valor por Kg de Laranja tem
uma cotação de 0,80€ e para o limão 0,90€.

Face ao SNC o que deve ter em conta para o tratamento do reconhecimento/registo


contabilístico e que implicações tem estas operações nas Demonstrações Financeiras da
sociedade?

Dados importantes a reter em relação à produção frutícola:

Valor de Aquisição do Laranjal - 10.000,00 €


Justo valor do Laranjal em 31/Dez - 9.800,00 €

Justo valor dos produtos colhidos em 31/Dez

Justo valor das Laranjas – 360,00 €


Justo valor das Limões - 243,00 €

174
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reconhecimento Inicial:
• Pela Aquisição do Laranjal
Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
372x – Ativos
biológicos de 11 ou 12 ou 2711 10.000,00 Custo de aquisição
produção

• Pela aplicação do justo valor aos produtos colhidos em 31 de Dez


Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
345 - Produtos
acabados e 774x – ganhos
intermédios - por aumento do 360,00 Justo valor
produtos justo valor
agrícolas
345 - Produtos
acabados e 774x – ganhos
intermédios - por aumento do 243,00 Justo valor
produtos justo valor
agrícolas

Mensuração subsequente:
• Pela Mensuração do Laranjal ao justo valor em 31/dez
Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor
664x-Perdas 372x – Ativos
por diminuição biológicos 200,00 Justo valor
do justo valor consumíveis

O Laranjal é ajustado ao justo valor de acordo com a NCRF17, pelo que contabilisticamente
não pode ser depreciado.

175
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Balanço
Sociedade Portugal, LDA.
BALANÇO INDIVIDUAL EM 31 DE Dezembro DE N
DATAS
RUBRICAS NOTAS
31 Dez N 31 Dez N-1
ATIVO
Ativo não corrente
Acivos fixos tangíveis 20.000,00
Ativos biológicos 9.800,00
Ativo corrente
Inventários 603,00
Ativos biológicos
Clientes
Caixa e depósitos bancários 2.000,00
Total do Activo 32.403,00
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio
Capital realizado 5.000,00
Resultados Transitados 0,00
Resultado Líquido do Período 403,00
Total do Capital Próprio 5.403,00
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 26.000,00
Outras contas a pagar
Passivo corrente
Fornecedores 1.000,00
Adiantamentos de clientes
Estado e outros entes públicos
Total do passivo 27.000,00
Total do capital próprio e do
passivo 32.403,00

Implicações fiscais da aplicação do justo valor em Ativos biológicos

Contabilidade Fiscalidade

Justo valor do perda do Não é aceite Acresce Q 07 mod


200,00
Laranjal exercício fiscalmente 22

É aceite
Justo valor fiscalmente/releva Não se faz nenhum
Ganho do
dos produtos 603,00 para efeitos do ajustamento no mod
exercício
colhidos apuramento do lucro 22
tributável

176
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reconhecimento fiscal da depreciação relacionada com o valor de aquisição do laranjal


(artigo 45.º A do Código do IRC):

Contabilidade Fiscalidade

Aquisição do Valor
10.000,00 Aquisição do laranjal Não se faz nada
laranjal Aquisição

Gastos para efeitos


Gastos fiscais equivalente à
Contabilísticos depreciação Deduz Q 07 mod 22
Laranjal 0,00
Com contabilística aceite 13 333,33
depreciação fiscalmente se esta
existisse

Como esta operação só releva para efeitos fiscais é importante que o dossier fiscal explicite
esta situação para controlo do período mínimo de depreciação, sugerindo-se a criação deste
mapa que deve constar todos os anos do dossier fiscal:

Laranjal

Gasto fiscal a
Data N.º de Valor de considerar Gasto fiscal
Aquisição plantas aquisição Txa minima anulamente Acumulado

1/1/N 200 10 000,00 5,00% 500,00 500,00


N+1 200 10 000,00 5,00% 500,00 1 000,00
… … … … … ….

N+19 200 10 000,00 5,00% 500,00 10 000,00

Nota: Durante este período de tempo deverá ter em conta o abate das plantas ou compra de
novas plantas que poderão alterar o mapa em anos seguintes.
A taxa mínima considerada teve como base a tabela I – taxas especifica do Decreto-
Regulamentar n.º 25/2009 prevista para as plantações de citrinos (cód. 0055) 5%.

177
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

9.4 Caso prático IV - Silvicultura

Produção Nacional – Sector da cortiça

Pelas características do seu solo e clima, para além de outros fatores, Portugal tem sido,
desde há décadas, líder na produção e transformação mundial de cortiça natural da espécie
designada Quercus Suber63.

A cortiça natural corresponde à casca do sobreiro, uma árvore de grande longevidade com
uma enorme capacidade de regeneração. O sobreiro vive em média 150 a 200 anos, apesar
dos muitos descortiçamentos que lhe fazem ao longo da sua existência: cerca de 16
intercalados por períodos de 9 anos. A cortiça é extraída ciclicamente, em intervalos
regulares, o que promove o crescimento saudável da árvore ao longo da sua vida.

O primeiro descortiçamento da casca de cortiça é realizado quando o sobreiro tem 120 cm


de altura e o perímetro do tronco atinge 70 cm. Contudo, a cortiça está apta a ser
transformada em rolhas apenas a partir da terceira tiragem. O sobreiro tem assim muitas
vezes de amadurecer durante mais de 30 anos até produzir cortiça passível de ser
transformada em rolhas.

• A primeira tiragem produz cortiça com uma estrutura muito irregular, denominada
"cortiça virgem"

• Nove anos mais tarde, na segunda tirada, é extraída a denominada "cortiça


secundeira" - um material com uma estrutura mais regular, mais macio, mas ainda
assim impróprio para a produção de rolhas de cortiça. A "cortiça secundeira" é
geralmente granulada e utilizada em produtos como, por exemplo, pavimentos.

É apenas a partir da terceira tiragem e das seguintes que se obtém a cortiça com as
características ideais, denominada "cortiça amadia". A partir desse momento, a árvore passa
a fornecer cortiça de boa qualidade por um período de aproximadamente de 100 a 150
anos.

63 Apenas duas espécies de sobreiros são suscetíveis de ser utilizados para a produção de cortiça natural. A espécie Quercus
Suber, presente em explorações silvícolas nas regiões mediterrânicas de Portugal, Itália, Espanha, Marrocos, França, e Argélia
e a espécie Quercus Variabilis, presente em florestas selvagens, predominantemente na China. As características de cortiças

178
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Por forma a não debilitar as árvores, existem leis governamentais que regulam o
descortiçamento dos sobreiros. Em Portugal, os ciclos de descortiçamento não deverão ser
inferiores a nove anos. Com vista a controlar a última data de descortiçamento da árvore,
inscreve-se o ano da tiragem da cortiça sobre a superfície dos sobreiros.

Caso Prático Cortiça – Regime geral SNC

A Sociedade Oliveira, Lda, cuja atividade é a silvicultura, tem um terreno com 100 hectares
com sobreiros, no Ribatejo, e 15 hectares em Trás-os-Montes, donde extrai cortiça. O custo
de aquisição dos terrenos e dos sobreiros foi respetivamente €200.000,00 e €500.000,00.

A cortiça é extraída de 9 em 9 anos. O último ano em que se extraiu cortiça foi em 2009,
pelo que a próxima extração se prevê para o ano 2018.

A estimativa de colheita é de 36.000 arrobas de cortiça para o Ribatejo e 7.000 arrobas para
Trás-os-Montes. De acordo com a consulta das cotações no sistema SIMA o preço por
Arroba de cortiça no Ribatejo é de €22,00 e em Trás-os-Montes €12,50, pelo que o valor dos
ganhos estimados de venda menos os custos de vender são respetivamente de
€792.000,00 e €87.500,00.

Face ao SNC, como deve ser efetuado o reconhecimento, mensuração e registo


contabilístico e que consequências têm esses procedimentos nas Demonstrações
Financeiras da sociedade ao longo dos vários anos?

das duas espécies são francamente distintas, sendo a espécie Quercus Suber que proporciona cortiça de qualidade superior
com um rol de aplicações mais diversificado de de maior valor acrescentado para a indústria.

179
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Dados importantes a reter em relação à produção silvícola:

Cortiça Cortiça Trás-os-


Ribatejo Montes
Gastos do Justo valor da Justo valor da
exercício * cortiça ** cortiça ***
1ano 2010 10.000,00 88.000,00 9.722,22
2ano 2011 12.500,00 88.000,00 9.722,22
3ano 2012 12.500,00 88.000,00 9.722,22
4ano 2013 12.000,00 88.000,00 9.722,22
5ano 2014 13.000,00 88.000,00 9.722,22
6ano 2015 12.000,00 88.000,00 9.722,22
7ano 2016 14.000,00 88.000,00 9.722,22
8ano 2017 12.000,00 88.000,00 9.722,22
venda 2018 30.000,00 88.000,00 9.722,24
Total 128.000,00 792.000,00 87.500,00
* Os gastos necessários para acompanhar o crescimento da cortiça
** e *** O Justo valor da cortiça para cada ano foi estimado tendo em conta o valor de venda
espectável menos os custos de vender, dividido pelo ciclo de produção dos 9 anos

Como o valor apurado tem a ver com uma projeção futura, dever-se-á recorrer ao valor
presente dos fluxos de caixa líquidos do ativo, descontados a uma taxa pré-imposto,
determinada no mercado corrente, de acordo com o § 20 da NCRF 17.

O objetivo do cálculo do valor presente de fluxos de caixa líquidos esperados é o de


determinar o justo valor de um ativo biológico no seu local e condição atuais. Uma entidade
considerará isto na determinação de uma taxa de desconto apropriada a ser usada e ao
estimar os fluxos de caixa líquidos esperados.

Para estimar o justo valor recorrendo à utilização do valor presente dos fluxos de caixa
esperados, deve-se recorrer, sempre que possível, a dados do mercado. Por exemplo, em
relação à cortiça existe um mercado ativo para o produto colhido, mas não existe um
mercado para a cortiça em crescimento. Neste caso, o justo valor pode ser determinado
projetando os influxos de caixa provenientes da venda da cortiça, menos os gastos
necessários para acompanhar o seu crescimento, descontando-os a um valor presente.

Os gastos necessários para acompanhar o crescimento da cortiça devem incluir todos os


custos diretamente atribuíveis aquele ativo biológico, nomeadamente mão-de-obra,
fertilizantes e horas máquinas para preparação do solo.

180
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Assim, para apuramento do valor presente:

Valor presente da cortiça = (preço de venda total espectável - gastos necessários para
acompanhar o crescimento da cortiça) / (1+ taxa de atualização) n

Considerando que a taxa de atualização é de 6% e n = 9 anos

Calculo do valor
Valor Atualização Valor
presente venda Gastos do Justo valor a
ANO presente da valor dos presente (1)-
da cortiça em exercício (2) reconhecer
venda (1) gastos (3) (3)
(Euros) 2018
((792000+87500)/
31-12-2010 551.809,18 -10.000,00 -88.929,66 462.879,52 462.879,52
n (1+0,06)^9
((792000+87500)/
31-12-2011 584.917,73 -12.500,00 -81.765,44 503.152,29 40.272,77
n+1 (1+0,06)^8
((792000+87500)/
31-12-2012 620.012,80 -12.500,00 -74.171,37 545.841,43 42.689,14
n+2 (1+0,06)^7
((792000+87500)/
31-12-2013 657.213,56 -12.000,00 -66.621,65 590.591,92 44.750,49
n+3 (1+0,06)^6
((792000+87500)/
31-12-2014 696.646,38 -13.000,00 -57.618,95 639.027,43 48.435,51
n+4 (1+0,06)^5
((792000+87500)/
31-12-2015 738.445,16 -12.000,00 -49.076,08 689.369,08 50.341,65
n+5 (1+0,06)^4
((792000+87500)/
31-12-2016 782.751,87 -14.000,00 -38.020,65 744.731,22 55.362,14
n+6 (1+0,06)^3
((792000+87500)/
31-12-2017 829.716,98 -12.000,00 -28.301,89 801.415,09 56.683,87
n+7 (1+0,06)^2
((792000+87500)/
31-12-2018 879.500,00 -30.000,00 -30.000,00 849.500,00 78.084,91
n+8 (1+0,06)^1
Totais 879.500,00 -128.000,00 879.500,00

Atualização do valor presente dos gastos:

n = n+1/(1+0,06)+gastosn+1/1+0,06)
n+1= n+2/(1+0,06)+gastosn+2/1+0,06)
n+2 = n+3/(1+0,06)+gastosn+3/1+0,06)
n+3 = n+4/(1+0,06)+gastosn+4/1+0,06)
n+4 = n+5/(1+0,06)+gastosn+5/1+0,06)
n+5 = n+6/(1+0,06)+gastosn+6/1+0,06)
n+6 = n+7/(1+0,06)+gastosn+7/1+0,06)
n+7 = n+8/(1+0,06)

181
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os valores dos gastos foram atualizados anualmente, atendendo a que os valores anuais
são valores correntes do próprio ano.

No ano n os gastos do período no valor de €10.000 são registados nesse período e no justo
valor a reconhecer considera-se o efeito dos gastos futuros do ciclo de crescimento da
cortiça. Nos períodos seguintes o cálculo é efetuado na mesma forma.

Atendendo que a cortiça tem um ciclo de crescimento gradual, correspondendo cada


período do ciclo produtivo a uma percentagem de crescimento, consideramos essa evolução
no justo valor a reconhecer de forma, a que no reconhecimento do período inicial seja
considerado um valor coerente com a evolução real de crescimento do ativo.

% Valor a
Justo valor a Valor por
ANO crescimento reconhecer
reconhecer reconhecer
(Euros) cortiça por período

n 31/12/2010 462.879,52 11,11% 462.879,52 51.431,06

n+1 31/12/2011 40.272,77 22,22% 451.721,23 100.382,50

n+2 31/12/2012 42.689,14 33,33% 394.027,88 131.342,63

n+3 31/12/2013 44.750,49 44,44% 307.435,74 136.638,10

n+4 31/12/2014 48.435,51 55,56% 219.233,15 121.796,19

n+5 31/12/2015 50.341,65 66,67% 147.778,60 98.519,07

n+6 31/12/2016 55.362,14 77,78% 104.621,68 81.372,42

n+7 31/12/2017 56.683,87 88,89% 79.933,14 71.051,68

n+8 31/12/2018 78.084,91 100,00% 86.966,37 86.966,37

Totais 879.500,00 879.500,00

Implicações fiscais da aplicação do justo valor em Ativos biológicos e da aplicação da


NCRF 17 e do artigo 18.º do CIRC

Para efeito de determinação do lucro tributável em IRC, o justo valor dos ativos biológicos
consumíveis de atividades silvícolas não são aceites fiscalmente.

182
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Refere o artigo 18.º do CIRC que os gastos das explorações silvícolas plurianuais podem
ser imputados ao lucro tributável tendo em consideração o ciclo de produção, caso em que a
quota parte desses gastos, equivalente à percentagem que a extração efetuada no período
de tributação represente na produção total do mesmo produto, e ainda não considerada em
período de tributação anterior, podendo ainda ser atualizada de acordo com a aplicação dos
coeficientes de correção monetária.

Os gastos reais ao longo dos anos do crescimento da cortiça foram respetivamente:

Gastos do
exercício
1ano 2010 10.000,00
2ano 2011 12.500,00
3ano 2012 12.500,00
4ano 2013 12.000,00
5ano 2014 13.000,00
6ano 2015 12.000,00
7ano 2016 14.000,00
8ano 2017 12.000,00
venda 2018 30.000,00
Total 128.000,00

Natureza do problema

Face ao SNC (NCRF 17), em relação aos ativos biológicos:

- de produção (sobreiros e ou valorização dos sobreiros pelo crescimento da cortiça), e,


- aos consumíveis (se individualizar a cortiça)

O seu reconhecimento inicial faz-se ao justo valor.

Fiscalmente, o justo valor não vai ser aceite, pelo que terão que se fazer os ajustamentos
necessários no quadro 07 da declaração modelo 22 do IRC.

Resolução para cada um dos anos tendo em conta os registos contabilísticos e as


respetivas correções fiscais:

183
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ano 2010

❖ Valor liquido no inicio do ano relativo ao terreno e aos ativos biológicos de


produção:

Activo Valor (u.m.) Valor


372x-Ativos
biológicos de 500.000,00 Justo valor dos sobreiros
produção
431x - Ativos fixos
tangíveis - 200.000,00 Custo de aquisição do terreno
terrenos

❖ Mensuração subsequente de 2010 a 2017:

Pela aplicação do justo valor à cortiça que se encontra em crescimento e que vai aumentar
o justo valor dos sobreiros64

O sobreiro é considerado um ativo biológico que está inserido numa atividade de silvicultura.
A cortiça, enquanto não for colhida, é parte integrante do ativo biológico que é o sobreiro,
não reunindo, assim, condições para ser reconhecida como ativo independente pois
considerar a cortiça como ativo biológico implicaria reconhecer que, só por si, seria uma
planta viva, o que não é manifestamente o caso. Planta viva é o sobreiro no seu todo.

Desta forma, cortiça só pode ser reconhecida como elemento independente aquando da
extração, sendo, então, reconhecida como produto agrícola. É, aliás, o que igualmente
sucede com o reconhecimento como produto agrícola da lã, troncos, algodão, leite,
carcaças, folhas, uvas, etc.

Durante o ciclo de produção da cortiça ocorre uma transformação no sobreiro que altera
qualitativa e quantitativamente este ativo biológico. Ou seja, durante esse ciclo, o justo valor
do sobreiro vai aumentando até à data da colheita, em que sofre uma redução.

A quantia dessa redução corresponderá ao justo valor da cortiça extraída, o qual se foi
formando durante o ciclo de produção.

64
Nota: O Justo valor dos sobreiros não sofreu alteração per sí, valorizou-se com o crescimento da cortiça que é imputado ao
sobreiro.

184
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Assim, durante o ciclo de produção, teremos, por um lado, os rendimentos anuais


provenientes da variação do justo valor do sobreiro65, e por outro os gastos anuais incorridos
com o processo de crescimento natural da cortiça.

Valor acumulado
Valor Recomhecimento justo valor dos
presente do justo valor da sobreiros com a
Anos reconhecido cortiça valor do terreno cortiça

372x -Ativos 431x - Ativos 372x -Ativos


biológicos de fixos tangíveis - biológicos de
Conta a débito produção terrenos produção

774 - Ganhos por


Conta a aumentos de justo
crédito valor
31-12-2010 51.431,06 51.431,06 200.000,00 551.431,06
31-12-2011 151.813,55 100.382,50 200.000,00 651.813,55
31-12-2012 283.156,18 131.342,63 200.000,00 783.156,18
31-12-2013 419.794,28 136.638,10 200.000,00 919.794,28
31-12-2014 541.590,48 121.796,19 200.000,00 1.041.590,48
31-12-2015 640.109,54 98.519,07 200.000,00 1.140.109,54
31-12-2016 721.481,96 81.372,42 200.000,00 1.221.481,96
31-12-2017 792.533,63 71.051,68 200.000,00 1.292.533,63

Valor a reconhecer: valor presente, tendo em consideração os gastos futuros, em proporção


da percentagem de crescimento da cortiça.

Gastos registados no exercício relacionados com o tratamento dos sobreiros:

65 Nos termos dos §§ 21 a 23 da NCRF 17 e tomando em linha de conta a evolução da transformação biológica.

185
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Gastos do exercício
relacionados com os
Anos sobreiros
Conta a débito 6x (várias rubricas)

22 ou 12 Fornecedores ou
Conta a crédito meios monetários líquidos
2010 10.000,00
2011 12.500,00
2012 12.500,00
2013 12.000,00
2014 13.000,00
2015 12.000,00
2016 14.000,00
2017 12.000,00

Tratamento fiscal de 2010 a 2017:

Contabilidade Fiscalidade

Gastos
perda do
registados nos É aceite fiscalmente Não se faz nada
exercício
exercícios

Justo valor da Ganho do Não é aceite Deduz Q 07 mod


cortiça exercício fiscalmente 22

A partir de 2014, com a introdução da Reforma do IRC, foi introduzido o artigo 45.º A que
permite reconhecer fiscalmente a depreciação relacionada com o valor de aquisição dos
sobreiros:

Contabilidade Fiscalidade

Não se
Aquisição dos Aquisição dos
Valor Aquisição 500.000,00 faz
sobreiros sobreiros
nada

186
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Gastos para
efeitos fiscais
Deduz
Gastos equivalente à
Q 07
Contabilísticos depreciação
Sobreiros 0,00 mod 22
Com contabilística
20
depreciação aceite
000,00
fiscalmente se
esta existisse

Como esta operação só releva para efeitos fiscais, é importante que o dossier fiscal explicite
esta situação para controlo do período mínimo de depreciação, sugerindo-se a criação deste
mapa que deve constar todos os anos do dossier fiscal:

Sobreiros

Gasto fiscal a
Data N.º de Valor de Taxa considerar
Aquisição plantas aquisição mínima anualmente

115
1/1/N Hectares 500 000,00 4,00% 20 000,00
115
N+1 Hectares 500 000,00 4,00% 20 000,00
… … … … …

115
N+19 Hectares 500 000,00 4,00% 20 000,00

Nota: A taxa mínima considerada teve como base a tabela I – taxas especifica do Decreto-
Regulamentar 25/2009 prevista para as plantações de bosques e florestas (cód 0040) 4%66.

66
Foi publicada a Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, que procedeu à reforma do Código do IRC e do Decreto Regulamentar n.º
25/2009, de 14 de Setembro. Entre as novidades introduzidas destaca-se a objetivação do valor da percentagem da taxa
específica relativa aos bosques e florestas, prevendo-se, a partir de 1 de janeiro de 2014, que a respetiva dedutibilidade fiscal
das depreciações se efetue de acordo com o regime de exploração ou, por opção do sujeito passivo, à taxa específica de 4%.
Recordamos que até 31 de dezembro 2013, não existia definição do valor da taxa específica a aplicar aos bosques e florestas,
nomeadamente ao sobreiro, pinheiro manso, e outras culturas silvícolas.

187
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

❖ Valor liquido no inicio do ano relativo ao terreno e aos ativos biológicos de


produção de 2011 a 2018:

Valor acumulado
justo valor dos
sobreiros com a
Anos valor do terreno cortiça

372x -Ativos
Conta a 431x - Ativos fixos biológicos de
débito tangíveis - terrenos produção
01-01-2011 200.000,00 551.431,06
01-01-2012 200.000,00 651.813,55
01-01-2013 200.000,00 783.156,18
01-01-2014 200.000,00 919.794,28
01-01-2015 200.000,00 1.041.590,48
01-01-2016 200.000,00 1.140.109,54
01-01-2017 200.000,00 1.221.481,96
01-01-2018 200.000,00 1.292.533,63

Ano 2018

Tendo em conta que a cortiça foi efetivamente vendida em 2018 pelo valor de €730.000,00,
que implicações contabilísticas e fiscais se evidenciam na operação no ano 2018?

O justo valor dos sobreiros é à data de31/Dez de 2018 de €450.000,00.

Dados importantes a reter em relação à venda da cortiça em 2018:

- Valor da venda – €730.000,00

- Justo valor dos sobreiros tendo em conta a valorização da cortiça até 2017 –
€1.292.533,63

- Justo valor dos sobreiros após a recolha da cortiça – €450.000,00

188
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

❖ Valor líquido no início do ano da venda da cortiça relativo ao terreno e aos


ativos biológicos de produção:

Ativo Valor (u.m.) Valor


372x-Ativos
biológicos de 1,292,533,63 Justo valor dos sobreiros
produção
431x - Ativos fixos
tangíveis - 200.000,00 Custo de aquisição do terreno
terrenos

Pelo reconhecimento do produto colhido e ajustamento do justo valor dos ativos biológicos
de produção após o corte da cortiça.

O Justo valor da cortiça colhida foi determinado tendo em conta a colheita e o valor por
arroba num mercado ativo relatado pelo SIMA.

Assim, a cortiça colhida no Ribatejo foram 30.000 arrobas e em Trás-os-Montes 6.500


arrobas. A cotação do SIMA para 31 de Dezembro de 2018 era respetivamente €22 e €11
por arroba.

O Justo valor da cortiça corresponde a (30.000*€22) +(6.500*€11) = €731.500

❖ Reconhecimento da cortiça no momento da extração do sobreiro:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor


Pelo reconhecimento do
345 - Produtos 774 – Ganhos por
produto agrícola ao justo valor
acabados e intermédios - aumentos de justo 731.500,00
menos custos estimados no
produtos agrícolas valor
ponto de venda

189
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamento do justo valor dos sobreiros


• (€1.292.533,63 – €450.000 = €842.533,63)

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

664 - Perdas por 372 - Ativos Pelo ajustamento do valor


redução do justo biológico de 842,533,63 dos sobreiros após a
valor Produção recolha da cortiça

Pela venda da cortiça no ano 2018 pelo valor de €730.000,00

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

11 ou 12 ou 211x 71x - Vendas 730.000,00 valor da venda

345 - Produtos
73 - Variações nos
acabados e
inventários de 731.500,00 Custo das vendas
intermédios -
produção
produtos agrícolas

❖ Implicações fiscais da aplicação do justo valor em Ativos biológicos e da


aplicação da NCRF 17 e do artigo 18.º do CIRC

Assim, o impacto que tem em relação ao ano 2018 será o seguinte:

Atualização dos gastos de acordo com a aplicação dos coeficientes correção


monetária conforme decorre do artigo 18.º do CIRC.

coeficiente de Gastos do
Gastos do correcção exercício corrigido
exercício * monetária pelo Coef.
1ano 2010 10.000,00 1,2 12.000,00
2ano 2011 12.500,00 1,16 14.500,00
3ano 2012 12.500,00 1,12 14.000,00
4ano 2013 12.000,00 1,1 13.200,00
5ano 2014 13.000,00 1,08 14.040,00
6ano 2015 12.000,00 1,05 12.600,00
7ano 2016 14.000,00 1,03 14.420,00
8ano 2017 12.000,00 1 12.000,00
venda 2018 0,00 0,00
Total 98.000,00 106.760,00

190
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Contabilidade Fiscalidade

Justo valor dos Perda do


842.533,63 Não é aceite ficalmente Acresce Q 07 mod 22
sobreiros exercício

É aceite
Ganho do fiscalmente/releva para Não se faz nenhum
Valor da venda 730.000,00
exercício efeitos do apuramento do ajustamento no mod 22
lucro tributável

Justo valor dos


Ganho do
produtos biológicos - 731.500,00 Não é aceite ficalmente Deduz Q 07 mod 22
exercício
cortiça colhida

Variação produção Não é aceite


apurada de acordo com fiscalmente/não releva
Perda do
o Justo valor registado 731.500,00 para efeitos do Acresce Q 07 mod 22
exercício
ao longo do ciclo apuramento do lucro
produtivo tributável

Inclusão do acréscimo
dos gastos por
aplicação do 8,760,00 Deduz Q 07 mod 22
coeficiente de correção
monetária

Os ganhos para efeito fiscal só são reconhecidos no ano da venda. Refira-se ainda que aos
gastos foi aplicado o coeficiente de correção monetária, sendo acrescido em termos fiscais o
respetivo diferencial do acréscimo por aplicação do coeficiente de correção monetária, de
acordo com o n.º 7 do artigo 18.º do Código do IRC.

191
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

10 Subsídios relacionados com a agricultura – NCRF 17

10.1 Reconhecimento e mensuração

A NCRF 17 também trata do reconhecimento e mensuração dos subsídios relacionados com


ativos biológicos, § 34 a 36 da norma.

Em relação aos subsídios relacionados com ativos biológicos, a Norma faz a distinção entre
subsídios não condicionais e subsídios condicionais, cada um dos quais com especificidade
no que respeita ao seu reconhecimento, assim:

- Os subsídios não condicionais: devem ser reconhecidos como rendimento quando, e


somente quando, o subsídio se torne recebível (§ 34);

- Os subsídios condicionais: devem ser reconhecidos como rendimento quando, e somente


quando, sejam satisfeitas as condições ligadas ao subsídio (§ 35).

O § 36 da norma refere que “Os termos e condições de subsídios governamentais variam.


Por exemplo, um subsídio do Governo pode exigir que uma entidade cultive num dado local
durante cinco anos e exigir que a entidade devolva todo o subsídio se ela cultivar durante
menos do que cinco anos. Neste caso, o subsídio do Governo não será reconhecido como
rendimento até que os cinco anos tenham passado. Porém, se o subsídio do Governo
permitir que parte do mesmo seja retida com base na passagem do tempo, a entidade
reconhecerá o subsídio do Governo como rendimento numa base proporcional ao tempo”

Quando se verifique o reconhecimento dos subsídios relacionados com ativos biológicos,


quer condicionais quer não condicionais, e estes ainda tiverem como destino financiar
operações que se concretizarão em exercícios futuros, dever-se-á diferir a parte
correspondente a esses exercícios futuros para dar cumprimento ao pressuposto do regime
contabilístico do acréscimo estabelecido no § 22 da Estrutura Conceptual.

Através deste regime, os efeitos das transações e de outros acontecimentos são


reconhecidos quando eles ocorram (e não quando caixa ou equivalentes de caixa sejam
recebidos ou pagos) e são registados contabilisticamente e relatados nas demonstrações
financeiras dos períodos com os quais se relacionem. As demonstrações financeiras

192
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

preparadas de acordo com o regime de acréscimo informam os utentes não somente das
transações passadas envolvendo o pagamento e o recebimento de caixa mas também das
obrigações de pagamento no futuro e de recursos que representem caixa a ser recebida no
futuro. Deste modo, proporciona-se informação acerca das transações passadas e outros
acontecimentos que seja mais útil aos utentes na tomada de decisões económicas.

Quanto aos restantes subsídios que as explorações agrícolas recebam e que não estejam
relacionados com activos biológicos aplica-se a NCRF 22.

10.2 Reconhecimento e mensuração de subsídios aos quais se aplique a


NCRF 22

Conforme supra referido, ficam abrangidas pela NCRF22 os subsídios relacionados com
ativos fixos tangíveis, intangíveis e subsídios à exploração que não estejam diretamente
relacionados com ativos biológicos. Nas atividades agrícolas, as medidas de apoio podem
considerar elegíveis, para além de subsídios diretamente relacionados com ativos
biológicos, outros relacionados com ativos fixos tangíveis, intangíveis ou subsídios
destinados à exploração.

A NCRF 22 trata dos procedimentos que uma entidade deve aplicar na contabilização de
subsídios e apoios das entidades públicas que não fiquem abrangidos pela NCRF 17.

Os subsídios das entidades públicas, incluindo subsídios não monetários pelo justo valor só
devem ser reconhecidos após existir segurança de que:

• a empresa cumprirá as condições a eles associadas; e


• os subsídios serão recebidos.

Assim, a norma clarifica o momento do reconhecimento dos subsídios governamentais: um


subsídio das entidades públicas não é reconhecido até que haja segurança razoável de que
a entidade cumprirá as condições a ele associadas e de que o subsídio será recebido.

A Norma refere ainda que o facto de se receberem tranches do subsídio não proporciona
prova conclusiva de que as condições associadas ao subsídio tenham sido ou serão
cumpridas.

193
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Após se encontrarem cumpridas as condições de reconhecimento, podemos estar perante


dois tipos de subsídios:

• Subsídios relacionados com ativos fixos tangíveis e intangíveis (subsídios ao


investimento).

• Subsídios relacionados com rendimentos (exploração)

Subsídios relacionados com ativos fixos tangíveis e intangíveis (subsídios ao investimento).

Estes subsídios devem ser apresentados no balanço como componente do capital próprio e
serem imputados como rendimentos do exercício numa base sistemática e racional durante
a vida útil do ativo. Isto é, os subsídios do governo devem ser inicialmente reconhecidos nos
capitais próprios e subsequentemente reconhecidos como rendimentos durante os períodos
necessários para balanceá-los com os custos relacionados que se pretende que eles
compensem, numa base sistemática, (se se tratarem de subsídios para ativos tangíveis
depreciáveis, ou intangíveis com vida útil finita).

Subsídios relacionados com a exploração.

Enquadram-se nesta categoria de subsídios aqueles que são concedidos para assegurar
uma rentabilidade mínima ou compensar deficits de exploração de um dado exercício, tais
como compensação de preços, contratação de pessoal, formação etc… Estes subsídios
imputam-se como rendimentos desse exercício, salvo se se destinarem a financiar deficits
de exploração de exercícios futuros, caso em que se imputam aos referidos exercícios.

10.3 Aspetos práticos relacionados com a Norma 17 e 22

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando aplicáveis.

Atendendo aos princípios referidos, as entidades apenas reconhecerão os subsídios quando


tiverem a segurança de cumprir com as condições definidas, independentemente de existir

194
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

já um contrato assinado de atribuição do subsídio, quer estejamos a aplicar a NCRF 17 quer


a 22.

A assinatura do contrato de atribuição do subsídio não será o facto relevante a ter em conta
para se poder, ou não, reconhecer o subsídio, apesar de poder ser um facto que possa levar
à indicação da verificação da existência de segurança, se não existirem outros factos. O
recebimento de uma tranche do subsídio também não garante a segurança do cumprimento
das condições.

Chamamos a atenção que a assinatura do contrato poderá ser apenas o formalismo legal
que estabelecerá a atribuição do subsídio à entidade, podendo contudo de acordo com o
princípio da substância sob a forma, atendendo à realidade financeira da operação em
detrimento da sua forma legal, existir reconhecimento do subsídio mesmo antes da
assinatura do contrato, desde que cumpridas as condições de reconhecimento já referidas.

Quando exista informação por parte da entidade que concede o subsídio que o beneficiário
terá cumprido as condições de acesso a esse apoio e quando exista uma segurança de que
o subsídio vai ser pago, a entidade beneficiária poderá proceder ao reconhecimento /registo
contabilístico do subsídio.

Vejamos então sugestões e comentários sobre registos contabilísticos relacionados com


ativos biológicos de produção e com a sua mensuração.

• Pelo recebimento de tranches de subsídios quando não exista segurança de que as


condições vão ser cumpridas, o subsídio ainda não será reconhecido

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - “Outras contas a receber


1 - Meios Financeiros Liquidos
e a pagar - Devedores e x Pelo recebimento de tranches do subsídio
credores diversos

195
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Reconhecimento de um subsídio relacionado com ativos biológicos de produção


mensurados ao justo valor (menos custos de alienação) ou mensurado ao custo . Ex.
subsídio para plantação de um pomar

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


7886 - Subsídios
receber e a pagar -
relacionados com x Pelo reconhecimento do subsídio
Devedores e credores
ativos biológicos
diversos

• Reconhecimento de um subsídio relacionado com ativos biológicos consumíveis. Ex.


subsídios relacionados com compensação de preços

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


receber e a pagar - 751 - Subsídios à
x Pelo reconhecimento do subsídio
Devedores e credores exploração *
diversos

* Estes subsídios podem ser diferidos se se destinarem a financiar deficits de exploração de exercícios futuros. Nesse caso a
conta a creditar seria a 282 - Rendimentos a reconhecer (na totalidade ou em proporção da parte correspondente ao exercício
futuro)

• Reconhecimento de subsídios relacionados com ativos fixos tangíveis (Ex: subsídios


para construção de um armazém)

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


593 - Outras variações
receber e a pagar -
no capital próprio – x Pelo reconhecimento do subsídio
Devedores e credores
Subsídios
diversos

• Pela imputação dos subsídios relacionados com os ativos fixos tangíveis/ativos


intangíveis a rendimentos à medida da depreciação/amortização dos bens ou direitos
relacionados com o investimento

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação do
Pela imputação anual do subsídio
593 - Subsidios subsídios para x
a reconhecer em rendimentos
investimento

196
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Reconhecimento de subsídios à exploração (ex: formação)

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


751 - Subsídios à
receber e a pagar -
exploração do estado e x Pelo reconhecimento do subsídio
Devedores e credores
outros entes públicos*
diversos

* Estes subsídios podem ser diferidos se se destinarem a financiar deficits de exploração de exercícios futuros. Nesse caso a
conta a creditar seria a 282 - Rendimentos a reconhecer (na totalidade ou em proporção da parte correspondente ao exercício
futuro)

Registo de subsídios reembolsáveis

Os subsídios reembolsáveis são contabilizados como passivos porque, tratam-se, na


prática, de empréstimos efetuados pelo governo com base numa medida de apoio e
atendendo a condições específicas.

Se os subsídios se transformarem em não reembolsáveis devem passar a ser reconhecidos


como subsídios de acordo com a finalidade do mesmo (capitais próprios se respeitar a
subsídios aos investimento de AFT ou reconhecer em resultados se estiverem relacionados
com subsídios à exploração ou com ativos biológicos).

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

2581- Financiamentos
1 - Meios Financeiros
obtidos - Estado Pelo recebimento do subsídios
Liquidos x
subsídios reembolsável
reembolsáveis

197
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Caso seja materialmente relevante aplicar o custo amortizado de acordo com o valor
presente do empréstimo de acordo com a NCRF 27, o registo seria o seguinte:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

2581- Financiamentos
Pelo recebimento do subsídios
obtidos - Estado
x reembolsável descontado ao valor
1 - Meios Financeiros subsídios
presente
Liquidos reembolsáveis

282 - Rendimentos a Pelo diferimento dos ganhos a


x
reconhecer reconhecer em exercícios futuros

Nota: A utilização de um método ou outro é uma opção das entidades.


No entanto para optar pela mensuração ao custo amortizado tem que satisfizer todas
as seguintes condições (§12 da NCRF 27):
Seja à vista ou tenha uma maturidade definida;
➢ Os retornos para o seu detentor sejam de montante fixo, de taxa de juro fixa durante
a vida do financiamento ou de taxa variável que seja um indexante típico de mercado
para operações de financiamento (como por exemplo a Euribor) ou que inclua um
spread sobre esse mesmo indexante;
➢ Não contenha nenhuma cláusula contratual que possa resultar para o seu detentor
em perda do valor nominal e do juro acumulado (excluindo-se os casos típicos de
risco de crédito).

A opção pelo custo amortizado é mais complexa, pelo que, em determinados casos o
custo/benefício da utilização deste método leva a optar pelo método do custo.
Para o cálculo do custo amortizado, a entidade terá que recorrer à determinação do valor
presente dos fluxos de caixa descontados à taxa de juro efetiva (estabelecida pela entidade
financeira) e que será obtido através do cálculo do Valor Presente de acordo com a seguinte
fórmula de cálculo financeiro:

Valor Atual ou Valor Presente = Valor Nominal da divida / (1+ taxa de desconto) n (período)

198
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reembolso de um subsídio que já tinha sido reconhecido

Um subsídio que já tenha sido reconhecido e entretanto tenha que ser devolvido ao Estado
ou passe a reembolsável, deve ser registado como uma revisão de estimativa contabilística
de acordo com a NCRF 4. Isto é, deve ser reconhecido como gasto no período da alteração.

No entanto se a alteração estiver relacionada com valores registados em capitais próprios,


ativos ou passivos a alteração deve ser reconhecida pelo ajustamento da quantia
escriturada do item de capital próprio, ativo ou passivo relacionado no período da alteração.

• Reembolso/alteração do registo de um subsídio relacionado com ativos biológicos de


produção ou consumíveis que tinha sido reconhecido/registado em resultados na conta
7886 - Subsídios relacionados com ativos biológicos:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

6887 - Outros gastos


1 - Meios Financeiros
relacionados com
Liquidos x Pela devolução do subsídio
devolução de subsídios
do governo

• Reembolso/alteração do registo de um subsídio relacionado com ativos fixos tangíveis


(Ex: devolução de um subsídio atribuído para construção de um armazém)

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

593 - Outras variações 1 - Meios Financeiros


no capital próprio – Liquidos x Pela devolução do subsídio
Subsídios

• Na parte já reconhecida como rendimento:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

6887 - Outros gastos


1 - Meios Financeiros
relacionados com
Liquidos x Pela devolução do subsídio
devolução de subsídios
do governo

199
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Reembolso/alteração do registo de um subsídio relacionado com a exploração (por


exemplo subsídios relacionados com formação):

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

6887 - Outros gastos


1 - Meios Financeiros
relacionados com
Liquidos x Pela devolução do subsídio
devolução de subsídios
do governo

• Caso estes subsídios estivessem ainda por reconhecer como rendimento:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

1 - Meios Financeiros
282 - Rendimentos a
Liquidos x Pela devolução do subsídio
reconhecer

10.4 Casos práticos

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA e de impostos diferidos, mesmo quando aplicáveis.

Caso prático 1

Pretende-se o tratamento contabilístico e fiscal para cada uma das operações descritas
relativas à empresa ABC, Lda.

A ABC, Lda. é uma sociedade por quotas, com a atividade agrícola no objeto social e com a
seguinte caracterização:

Sócio A – maior, 12º ano, titular do curso de Jovem Empresário Agrícola, com 60%
do capital social e sócio gerente da sociedade
Sócio B – maior, com 20% do capital
Sócio C – maior, com 20% do capital

No âmbito do Programa PDR 2020 esta empresa apresentou a seguinte candidatura:

200
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

1. Pedido de Apoio à ação n.º 3.1 “Jovens agricultores”, integrada na medida n.º3,
“Valorização da produção agrícola”, da área 2 “Competitividade e organização da
produção” do PDR 202067 com vista ao recebimento do prémio de primeira instalação,
visto que esta empresa reunia as condições de elegibilidade definidas na Portaria nº
31/2015, de 12 de fevereiro;

Enquadramento da ação n.º 3.1, “Jovens agricultores”

Objetivos:

• Fomentar a renovação e o rejuvenescimento das empresas agrícolas;


• Aumentar a atratividade do sector agrícola aos jovens investidores, promovendo o
investimento, o apoio à aquisição de terras, à transferência de conhecimentos e à
participação no mercado.

Forma e montantes do apoio:

O apoio consiste num prémio à instalação, sob a forma de subvenção não reembolsável. O
montante do prémio à instalação é de €15.000,00 por jovem agricultor, ao qual pode
acrescer uma das seguintes majorações:
• 25% do montante do prémio, se o plano empresarial incluir, por jovem agricultor,
investimentos na exploração cujo valor seja igual ou superior a €80.000,00;
• 50% do montante do prémio, se o plano empresarial incluir, por jovem agricultor,
investimentos na exploração cujo valor seja igual ou superior a €100.000,00;
• 75% do montante do prémio, se o plano empresarial incluir, por jovem agricultor,
investimentos na exploração cujo valor seja igual ou superior a €140.000,00.
Quando o beneficiário seja membro de agrupamento ou organização de produtores
reconhecido no sector relacionado com a instalação, é atribuída uma majoração de
€5.000,00.

67 Programa de Desenvolvimento Rural do Continente.

201
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esquematicamente, as possibilidades de apoio são:


Montante Majoração
Majorações Prémio Total
Investimento membro OP
Sup. €55.000,00 e Inf
Prémio base 15.000,00 € 5.000,00 € 20.000,00 €
a €80.000,00

Majoração 25% Sup. ou =€80.000,00


18.750,00 € 5.000,00 € 23.750,00 €
prémio e Inf a €100.000,00
Sup. ou
Majoração 50%
=€100.000,00 e Inf a 22.500,00 € 5.000,00 € 27.500,00 €
prémio
€140.000,00
Majoração 75% Sup. ou
26.250,00 € 5.000,00 € 31.250,00 €
prémio =€140.000,00

Obrigações dos Beneficiários:

• Cumprir o plano empresarial no prazo de cinco anos, devendo iniciar o mesmo no


prazo de 6 meses a contar da data de aceitação do apoio;
• Exercer a atividade agrícola na exploração pelo menos durante 5 anos, a contar da
data de aceitação da concessão do apoio;
• Manter as condições relativas à gerência e detenção do capital social
maioritariamente de jovem agricultor durante o período de duração do plano
empresarial;
• Adquirir a condição de agricultor ativo68, no prazo de doze meses a contar da data de
aceitação da concessão do apoio;
• Possuir formação agrícola adequada ou, caso não a possua deverá adquirir
formação prevista na Portaria;
• Concluir a execução dos investimentos previstos no plano empresarial no prazo
máximo de 24 meses a contar da data de aceitação da concessão do apoio,
podendo, contudo, a autoridade de gestão autorizar a sua prorrogação em casos
excecionais e devidamente fundamentados.

68 Agricultor ativo – a pessoa singular ou coletiva, de natureza pública ou privada, que exerça atividade agrícola e que, caso
receba um montante de pagamento diretos superior a €5.000,00, não exerça as atividades previstas no n.º 2 do artigo 9.º do
Regulamento (UE) n.º 1307/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro.

202
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O plano empresarial relativo a um período de cinco anos a contar da data de aceitação da


concessão do apoio, deve ter coerência técnica, económica e financeira para uma
exploração agrícola que apresente viabilidade económica, e deve contemplar os seguintes
elementos:

• Descrição da situação inicial da exploração agrícola;


• Demonstração do potencial de produção da exploração agrícola, expresso em valor
de produção padrão que seja igual ou superior a €8.000,00, por jovem agricultor, e
inferior ou igual a €1.500.000,00, por beneficiário;
• Indicação das etapas e metas para o desenvolvimento das atividades da exploração
agrícola;
• Descrição da totalidade dos investimentos a realizar, com valor igual ou superior a
€55.000, por jovem agriculto, e inferior ou igual a €3.000.000,00 por beneficiário,
incluindo se aplicável, os investimentos constantes da candidatura à ação n.º 3.2
“Investimentos na exploração agrícola”, do PDR 2020;
• Descrição detalhada das ações necessárias ao desenvolvimento das atividades da
exploração agrícola, designadamente as relacionadas com a sustentabilidade
ambiental e a eficiência na utilização dos recursos, o aconselhamento agrícola e a
formação.

Pagamentos:

O pagamento do prémio à instalação, deduzido do montante correspondente à majoração


por ser membro de agrupamento ou organização de produtores reconhecido, é efetuado na
seguinte forma:
• 75% do valor do prémio, após a aceitação da concessão do apoio;
• 25% do valor do prémio, após verificação do cumprimento dos investimentos e da
boa execução do plano empresarial.
O pagamento da majoração por ser membro de organização de produtores no valor de
€5.000,00 é efetuado após demonstração da adesão.
Os pagamentos são efetuados pelo IFAP, por transferência bancária, de acordo com o
calendário definido antes do início de cada ano civil e divulgado no respetivo portal, em
www.ifap.pt.

203
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Controlo de cumprimento das condições:

A candidatura, os pedidos de pagamento, bem como o cumprimento do plano empresarial


está sujeito a ações de controlo administrativo e in loco a partir da data de aceitação da
concessão do apoio.

Em caso de incumprimento o prémio à instalação está sujeito a reduções ou devolução da


totalidade dos apoios recebidos.

A candidatura foi a provada em N+1 com um plano de investimento de €120.000,00 e a


empresa aceitou a concessão do apoio em N+1, tendo recebido 75% do valor aprovado de
€22.500,00 também em N+1.
Em N+2 o beneficiário fez a adesão a uma organização de produtores, tendo recebido o
valor de €5.000,00 do IFAP.
No ano N+3 a empresa apresentou o último pedido de pagamento acompanhado dos
comprovativos das despesas de investimento efetivamente realizadas e pagas, não tendo
conseguido concretizar a totalidade do investimento previsto de €120.000,00. A empresa
concretizou o investimento de €102.000,00, 85% do investimento previsto no plano
empresarial tendo o apoio uma redução de 15%.
A empresa cumpriu com todas as restantes obrigações previstas.

Períodos Montante aprovado Montante recebido


N+1 22.500,00 € 16.875,00 €
N+2 5.000,00 € 5.000,00 €
N+3 (Red.15%) - 4.125,00 € 1.500,00 €
Total 23.375,00 € 23.375,00 €

Resposta:

O prémio à Instalação de Jovens Agricultores (Portaria n.º 31/2015, de 12 de fevereiro), no


âmbito do PDR 2020, embora seja denominado de prémio, consubstancia um subsídio do
Governo.

204
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Além disso, embora este subsídio seja formalmente classificado como um prémio, em
substância económica e à luz da NCRF 22, enquadra-se no âmbito dos subsídios não
reembolsáveis, uma vez que existe um acordo individualizado da sua concessão a favor da
entidade, cumpriram-se as condições estabelecidas para a sua concessão e, presume-se,
não existirem dúvidas de que o subsídio será recebido (§ 8 da NCRF 22).

Relativamente ao prémio em causa, e analisados os objetivos e condições para a sua


atribuição (Portaria n.º 31/2015, de 12 de fevereiro), somos da opinião que o mesmo se
enquadra no conceito de subsídio ao rendimento. De facto, o prémio visa apoiar o arranque
da atividade agrícola, compensando essencialmente os gastos de exploração durante os
primeiros 5 anos de atividade, não tendo como objetivo primordial adquirir ativos a longo
prazo, embora esteja relacionado com o plano de investimentos previsto no Plano
Empresarial.

Lembramos que os subsídios apenas devem ser reconhecidos após existir segurança
razoável de que a entidade cumprirá as condições a eles associadas e que os subsídios
serão recebidos. Por outro lado, o recebimento do subsídio não proporciona, ele próprio,
prova conclusiva de que as condições associadas ao subsídio tenham sido ou serão
cumpridas.

O reconhecimento do subsídio pode efetuar-se aquando da aceitação da concessão do


apoio, embora nesta data ainda não seja certo que a empresa cumprirá todas as condições
a ele associadas, pode-se considerar que a certeza seja razoável uma vez que se está a
contratualizar o que significa que a empresa está a assumir que irá cumprir com as
condições associadas, da mesma forma que a entidade financiadora se está a comprometer
a pagar o subsídio.

Admitindo que, para o caso em análise, estão cumpridas aquelas condições para o
reconhecimento inicial do subsídio, analisemos o que prevê a NCRF 22 para o tratamento
contabilístico dos subsídios relacionados com rendimentos.

Em face do exposto, o subsídio do prémio de Instalação de Jovens Agricultores deve ser


reconhecido como um subsídio relacionado com rendimentos, subsídios à exploração
(desde que as condições com ele associadas sejam cumpridas), imputando-se aos
rendimentos de cada um dos 5 anos correspondentes ao período em que existe a
obrigatoriedade de manter a atividade. Essa imputação poderá ser feita de forma linear, ou

205
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

em função do nível de atividade, consoante o que for mais apropriado a cada caso, tendo
presente as metas físicas do plano empresarial.

Do ponto de vista fiscal o prémio será tributado em 5 anos sendo o primeiro ano o do
recebimento do subsídio.

Assim, os registos contabilísticos serão os seguintes.

ANO N+1
A candidatura foi a provada em N+1 com um plano de investimento de €120.000,00 e a
empresa aceitou a concessão do apoio em N+1, tendo recebido 75% do valor aprovado de
€22.500,00 também em N+1.

Pelo reconhecimento do subsídio (tendo em conta que existe segurança no cumprimento


das obrigações) aquando da aceitação da concessão do apoio.

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


receber e a pagar - 282 - Rendimentos a
22.500,00 Pelo reconhecimento do subsídio
Devedores e credores reconhecer
diversos

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


1- Meios Financeiros receber e a pagar - Pelo recebimento de 75% do valor do
16.875,00
Liquidos Devedores e credores subsídio
diversos

751 - Subsídios à
282 - Rendimentos a Pela imputação a rendimento da parte
exploração do estado e 4.500,00
reconhecer respeitante a 1/5 no ano N+1
outros entes públicos

O rendimento registado na contabilidade é considerado nos mesmos termos para efeitos


fiscais, pelo que não há lugar a nenhum ajustamento no quadro 07 da declaração modelo
22.

206
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ano N+2

Em N+2 o beneficiário fez a adesão a uma organização de produtores, tendo recebido o


valor de €5.000,00 do IFAP.

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


receber e a pagar - 282 - Rendimentos a Pelo reconhecimento do subsídio pela
5.000,00
Devedores e credores reconhecer adesão à organização de produtores
diversos

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


1- Meios Financeiros receber e a pagar - Pelo recebimento do valor do subsídio
5.000,00
Liquidos Devedores e credores referente adesão OP
diversos

751 - Subsídios à Pela imputação a rendimento da parte


282 - Rendimentos a
exploração do estado e 5.500,00 respeitante a 1/5 no ano N+2
reconhecer
outros entes públicos (22.500+5.000)/5

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

751 - Subsídios à Pela imputação a rendimento da parte


282 - Rendimentos a
exploração do estado e 1.000,00 respeitante a 1/5 do ano N+1
reconhecer
outros entes públicos (5.000/5)

O rendimento registado na contabilidade é considerado nos mesmos termos para efeitos


fiscais, pelo que não há lugar a nenhum ajustamento no quadro 07 da declaração modelo
22.

Ano N+3
No ano N+3 a empresa apresentou o último pedido de pagamento acompanhado dos
comprovativos das despesas de investimento efetivamente realizadas e pagas, não tendo
conseguido concretizar a totalidade do investimento previsto de €120.00,00. A empresa
concretizou o investimento de €102.000,00, 85% do investimento previsto no plano
empresarial tendo o apoio uma redução de 15%.
A empresa cumpriu com todas as restantes obrigações previstas.

207
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a Pelo deseconhecimento do subsídio


282 - Rendimentos a receber e a pagar - devido à redução de 15% por não
4.125,00
reconhecer Devedores e credores cumprimento do investimento do
diversos Plano Empresarial

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


Pelo recebimento do valor final do
1- Meios Financeiros receber e a pagar -
1.500,00 subsídio após o último pedido de
Liquidos Devedores e credores
pagamento
diversos
Pela imputação a rendimento da parte
751 - Subsídios à
282 - Rendimentos a respeitante a 1/5 no ano N+3
exploração do estado e 3.025,00
reconhecer deduzindo o montante em excesso de
outros entes públicos
N+1 e M+2 (*)

(*) (2*(23.375,00/5)) – ((2x6.500,00)-(2*(23.375,00/5)))

O rendimento registado na contabilidade é considerado nos mesmos termos para efeitos


fiscais, pelo que não há lugar a nenhum ajustamento no quadro 07 da declaração modelo
22.

Ano N+4

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

751 - Subsídios à
282 - Rendimentos a Pela imputação a rendimento da parte
exploração do estado e 4.675,00
reconhecer respeitante a 1/5 no ano N+4
outros entes públicos*

O rendimento registado na contabilidade é considerado nos mesmos termos para efeitos


fiscais, pelo que não há lugar a nenhum ajustamento no quadro 07 da declaração modelo
22.

208
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ano N+5

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

751 - Subsídios à
282 - Rendimentos a Pela imputação a rendimento da parte
exploração do estado e 4.675,00
reconhecer restante
outros entes públicos

O rendimento registado na contabilidade é considerado nos mesmos termos para efeitos


fiscais, pelo que não há lugar a nenhum ajustamento no quadro 07 da declaração modelo
22.

2. Pedido de Apoio nº 100 á medida Inovação e Desenvolvimento Empresarial, ação


111 – Modernização e Capacitação das Empresas, definidas na Portaria nº 289-
A/2008, no âmbito do PRODER com vista ao reembolso do apoio aos
investimentos realizados em N-1, conforme se descreve no quadro abaixo.

Compromissos dos Beneficiários

• Executar a operação nos termos e prazos fixados no contrato;

• Cumprir os normativos legais em matéria de contratação pública;

• Publicitar os apoios, de acordo com as regras de publicitação constantes do Menu


Procedimentos » Publicitação no site do PRODER;

• Cumprir as obrigações legais, designadamente as fiscais e para com a segurança


social, e as normas de segurança e higiene no trabalho;

• Manter a atividade e as condições legais necessárias ao exercício da respetiva


atividade, até ao termo da operação;

• Não locar, alienar ou por qualquer forma onerar os equipamentos ou as instalações


co-financiadas, durante 5 anos;

• Garantir que os pagamentos e recebimentos referentes à operação são feitos


através de conta bancária específica;

• Apresentar à autoridade de gestão, 3 anos após o recebimento integral dos apoios,


um relatório de avaliação sobre os resultados económicos da empresa, sempre que
tal seja contratualmente previsto;

209
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Cumprir as normas comunitárias relativas ao ambiente, higiene e bem-estar dos


animais.

Forma, Limite e Nível dos Apoios

• Subsídio não reembolsável ou bonificação de juros, conforme o previsto no aviso de


concurso, quando aplicável;

Controlo:

Sujeito a controlo a efetuar durante a execução da operação a até 24 meses após a


realização do pagamento final.

Reduções e exclusões:

- Em caso de incumprimento por qualquer irregularidade detetada, no controlo, são


aplicáveis ao beneficiário as reduções e as exclusões previstas no Regulamento (CE) n.º
1975/2006, da Comissão, de 7 de Dezembro.

Investimento Vida Útil Valor proposto Valor Elegível Nível de Apoio


Pomar de Macieiras # 10 150.000 150.000 40%
Equipamento de Rega 10 100.000 100.000 40%
Equipamento Suinícola 15 200.000 150.000 40%
Porcas Reprodutoras 3 100.000 0 0
Estudo económico 5.000 5.000 35%

Este pedido foi aprovado e contratualizado em N, o pedido de reembolso efetiva-se em N+1


e a empresa em N+2 recebeu todos os apoios aprovados.

Os bens foram adquiridos em N-1, excecionalmente, porque a medida considerava os bens


adquiridos em N -1 ilegíveis.

Os ativos biológicos de produção (pomar de macieiras) são mensurados ao justo valor.

210
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Investimento Vida Valor Valor Elegível Nível de Montante do


Útil proposto Apoio apoio
Pomar de Macieiras # 10 150.000 150.000 40%
60.000

Equipamento de Rega 10 100.000 100.000 40%


40.000

Equipamento Suinícola 15 200.000 150.000 40%


60.000

Porcas Reprodutoras 3 100.000 0 0

Estudo económico 5.000 5.000 35% 1.750


Total 555.000 405.000 161.750

Resposta :

Os subsídios em causa destinam-se a subsidiar investimentos relacionados quer com ativos


fixos tangíveis quer com ativos biológicos de produção.

A principal dificuldade dos subsídios prende-se com o momento do reconhecimento. A


norma refere que um subsídio do Governo não é reconhecido até que haja segurança
razoável de que a entidade cumprirá as condições a ele associadas e que o subsídio será
recebido.

A Norma esclarece ainda que o facto de se receberem tranches do subsídio não


proporciona prova conclusiva de que as condições associadas ao subsídio tenham sido ou
serão cumpridas.

Como vamos elaborar a resposta, atendendo à decisão tomada pelo empresário. Temos
duas alternativas possíveis:

1.ª Opção

O empresário entende que se encontram reunidas as condições de reconhecimento no


momento em que solicita o pedido de reembolso em N+1:

Ano N

211
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Como não existe segurança no cumprimento das condições e no recebimento do subsídio,


na assinatura do contrato não se reconhece o subsídio.

No entanto, estes factos deverão ser divulgados no anexo da entidade.

Ano N +1

Reconhecimento dos subsídios atendendo a que, no momento do pedido de reembolso,


entende-se que estão cumpridas as condições e existe segurança para o reconhecimento
do subsídio.

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7886 - Subsídios Pelo reconhecimento do subsídio


relacionados com activos 60.000,00 relacionado com os activos biológicos
biológicos de produção (macieiras)

278 - Outras contas a


593 - Outras variações Pelo reconhecimento do subsídio
receber e a pagar -
no capital próprio – 100.000,00 relacionado com os activos fixos
Devedores e credores
Subsídios tangíveis (equip. de rega e suinicola)
diversos

751 - Subsídios à
Pelo reconhecimento do subsídio
exploração do estado e 1.750,00
relacionado com o estudo económico
outros entes públicos*

593 - Outras variações no 7883 - Imputação de Pela imputação do subsídio para


capital próprio – subsídios para 24.000,00 investimento relativo ao ano N-1, N e
Subsídios investimento N+1

Do ponto de vista fiscal, no ano N+1 há que reconhecer a parte proporcional ao rendimento
a reconhecer, tendo em conta que:

➢ O subsídio relacionado com a plantação das macieiras deverá atender a que a o


pomar é mensurado ao justo valor e consequentemente o subsídio é reconhecido na
proporção da depreciação a incluir no lucro tributável nos termos do art. 45.º A CIRC.

➢ Os subsídios relacionados com os equipamentos serão reconhecidos à medida da


depreciação do bem, logo será, para o equipamento de rega repartido por 10 anos
(imputação anual de 4.000,00) e para o equipamento Suinícola repartido por 15 anos
de acordo com a sua depreciação (imputação anual de 4.000,00).

212
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

➢ O subsídio relacionado com o estudo económico é reconhecido num só exercício.

Logo, o valor do subsídio relacionado com a plantação das macieiras reconhecido


contabilisticamente em ganhos na totalidade, deverá ser deduzido ao quadro 07 da
declaração modelo 22 no valor de 54.000,00, consequentemente será considerado no lucro
tributável o valor correspondente à proporção do período de vida útil com base na quota
mínima de depreciação aceite fiscalmente que no caso do pomar é 10 anos.

N+2

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a receber


1 - Meios Financeiros Liquidos
e a pagar - Devedores e 161.750,00 Pelo valor recebido
credores diversos

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento relativo ao ano N+2
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os activos biológicos de produção
mesurados ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o activo biológico de
produção correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+3

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento relativo ao ano N+3
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

213
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

N+4

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+5

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+6

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

214
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

N+7

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+8

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+9

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

593 - Outras variações no 7883 - Imputação de


Pela imputação do subsídio para
capital próprio – subsídios para 4.000,00
investimento
Subsídios investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

215
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

N+10

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

593 - Outras variações no 7883 - Imputação de


Pela imputação do subsídio para
capital próprio – subsídios para 4.000,00
investimento
Subsídios investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+11

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – não há ajustamentos a fazer

N+12

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – não há ajustamentos a fazer

N+13

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – não há ajustamentos a fazer

216
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2.ª Opção

O empresário entende que só no final de todo o processo, quando estiverem efetivamente


garantidas as condições, existirão condições para o reconhecimento do subsídio. Isso irá
ocorrer no ano N+2 mais 24 meses, ou seja, apenas em N+5.

Ano N

Como não existe segurança no cumprimento das condições e no recebimento do subsídio,


na assinatura do contrato não se reconhece o subsídio.

No entanto o mesmo deverá ser divulgado no anexo da entidade.

Ano N+1

Contabilisticamente ainda não se procede ao reconhecimento do subsídio, no entanto, o


mesmo deverá ser divulgado no anexo da entidade.

Do ponto de vista fiscal, deverá ser reconhecida a parte respeitante à depreciação


relacionada com os ativos depreciáveis relativo aos anos N-1 e N e N+1.

Pelo que deverá ser acrescido ao quadro 07 o valor de 24.000,00 €.

Ano N+2

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - “Outras contas a receber


1 - Meios Financeiros Liquidos
e a pagar - Devedores e 161.750,00 Pelo recebimento da totalidade do subsídio
credores diversos

Continuar a divulgar o subsídio no anexo

217
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Do ponto de vista fiscal, deverá ser reconhecida a parte respeitante à depreciação


relacionada com os ativos depreciáveis - deverá ser acrescido ao quadro 07 o valor de
8.000,00 €.

Há ainda que acrescer a parte respeitante aos ativos biológicos de produção que será
imputada ao rendimento pelo período de 10 anos (correspondente à quota mínima de
depreciação) – 6000,00 € e

Acrescer a parte respeitante ao subsídio relacionado com o estudo económico – 1.750,00

Ano N+3

Do ponto de vista fiscal, deverá ser reconhecida a parte respeitante à depreciação


relacionada com os ativos depreciáveis - deverá ser acrescido ao quadro 07 o valor de
8.000,00 €.

Há ainda que acrescer a parte respeitante aos ativos biológicos de produção que será
imputada ao rendimento pelo período de 10 anos (correspondente à quota mínima de
depreciação) – 6000,00 €

Ano N+4

Do ponto de vista fiscal, deverá ser reconhecida a parte respeitante à depreciação


relacionada com os ativos depreciáveis. Pelo que deverá ser acrescido ao quadro 07 o valor
de 8.000,00 €.

Há ainda que acrescer a parte respeitante aos ativos biológicos de produção que será
imputada ao rendimento pelo período de 10 anos (correspondente à quota mínima de
depreciação) – 6000,00 €

218
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ano N+5

Reconhecimento do subsídio

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7886 - Subsídios Pelo reconhecimento do subsídio


relacionados com activos 60.000,00 relacionado com os activos biológicos
biológicos de produção (macieiras)

278 - Outras contas a


593 - Outras variações no Pelo reconhecimento do subsídio
receber e a pagar -
capital próprio – 100.000,00 relacionado com os activos fixos
Devedores e credores
Subsídios tangíveis (equip. de rega e suinicola)
diversos

751 - Subsídios à
Pelo reconhecimento do subsídio
exploração do estado e 1.750,00
relacionado com o estudo económico
outros entes públicos*

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 56.000,00
capital próprio – Subsídios investimento do ano N-1 ao ano N+5
investimento

Deduz ao quadro 07 - 54.000 € (18.000€ já reconhecidos em anos anteriores e o restante


para ser reconhecido em anos futuros)
E
Deduz ao quadro 07 – 1.750,00 € já reconhecidos em N+2

N+6

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

219
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

N+7

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+8

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 8.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+9

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

593 - Outras variações no 7883 - Imputação de


Pela imputação do subsídio para
capital próprio – subsídios para 4.000,00
investimento
Subsídios investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

220
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

N+10

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+11

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

Fiscalmente – acresce ao quadro 07 o valor de 6.000,00 relativo ao reconhecimento da


parte proporcional do subsídio relacionado com os ativos biológicos de produção mesurados
ao justo valor (proporcional do subsídio relacionado com o ativo biológico de produção
correspondente à taxa mínima de depreciação do pomar de 10%)

N+12

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

221
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

N+13

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7883 - Imputação de
593 - Outras variações no Pela imputação do subsídio para
subsídios para 4.000,00
capital próprio – Subsídios investimento
investimento

3. Pedido de Apoio nº 101 às medidas Agro ambientais, Medida Valorização de Modos de


Produção, ação Alteração de Modos de Produção Agrícola, Despacho Normativo n.º
4/2009 para a produção Integrada nos pomares.

Destina-se a apoiar os agricultores que visem, de forma voluntária e durante um período de


cinco anos, praticar o Modo de Produção Integrada (PRODI) ou o Modo de Produção
Biológico (MPB) na sua unidade de produção, prevendo-se apoios à conversão e
manutenção do modo de produção em causa.

Para tal, têm de reunir os critérios de elegibilidade e assumir um conjunto de compromissos


que deverão manter durante a vigência do contrato.

Objetivos

Promover a adoção de formas de exploração das terras agrícolas compatíveis com a


proteção e a melhoria do ambiente, da paisagem e dos recursos naturais;
Produção de bens agrícolas reconhecidos pela qualidade associada aos serviços ambientais
que incorporam.

Tipo, Nível e Limite do apoio

Apoio anual, por ha de área elegível, diferenciado em função do modo de produção e do tipo
de cultura.

Compromissos

Cumprir as regras de condicionalidade

Manter critérios de elegibilidade

Culturas permanentes – frutos frescos e de regadio, com área superior a 10,00 hectares e
até 25,00 hectares, o valor anual a receber é 292,00 € por hectare.

222
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Supondo que o pomar tem 21 hectares, o valor anual a receber será 21 x 292,00=6.132,00
euros.

Resposta:

Estamos perante um subsídio à exploração que é reconhecido em resultados de uma só vez


no ano do recebimento.

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

278 - Outras contas a


751 - Subsídios à
receber e a pagar -
exploração do estado e 6.132,00 Pelo reconhecimento do subsídio
Devedores e credores
outros entes públicos
diversos
278 - Outras contas a
1 - Meios financeiros receber e a pagar -
6.132,00 Pelo recebimento do subsídio
Liquidos Devedores e credores
diversos

10.5 Apontamentos fiscais

Os artigos do Código do IRC relevantes para o tratamento da matéria fiscal no que respeita
aos subsídios, são os artigos 20.º e 22 .º:

“Artigo 22.º
Subsídios relacionados com ativos não correntes

1- A inclusão no lucro tributável dos subsídios relacionados com ativos não correntes
obedece às seguintes regras:
a) Quando os subsídios respeitem a ativos depreciáveis ou amortizáveis, deve ser
incluída no lucro tributável uma parte do subsídio atribuído, independentemente do
recebimento, na mesma proporção da depreciação ou amortização calculada sobre o custo
de aquisição ou de produção, sem prejuízo do disposto no n.º 2;

b) Quando os subsídios respeitem a ativos intangíveis sem vida útil definida, deve ser
incluída no lucro tributável uma parte do subsídio atribuído, independentemente do
recebimento, na proporção prevista no artigo 45.º-A;

223
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

c) Quando os subsídios respeitem a propriedades de investimento e a ativos biológicos


não consumíveis, mensurados pelo modelo do justo valor, deve ser incluída no lucro
tributável uma parte do subsídio atribuído, independentemente do recebimento, na
proporção prevista no artigo 45.º-A;

d) Quando os subsídios não respeitem aos ativos referidos nas alíneas anteriores, devem
ser incluídos no lucro tributável, em frações iguais, durante os períodos de tributação em
que os elementos a que respeitam sejam inalienáveis, nos termos da lei ou do contrato ao
abrigo dos quais os mesmos foram concedidos, ou, nos restantes casos, durante 10 anos,
sendo o primeiro o do recebimento do subsídio.
2- Nos casos em que a inclusão no lucro tributável dos subsídios se efectue, nos
termos da alínea a) do número anterior, na proporção da depreciação ou amortização
calculada sobre o custo de aquisição, tem como limite mínimo a que proporcionalmente
corresponder à quota mínima de depreciação ou amortização nos termos do n.º 4 do artigo
31.º-A”

A matéria fiscal poderá acompanhar a matéria contabilística no que respeita ao tratamento


dos subsídios, excepto:

- No caso de propriedades de investimento e de ativos biológicos não consumíveis


mesurados pelo modelo do justo valor caso em que o subsídio é reconhecido na proporção
da depreciação incluída no lucro tributável (só para efeitos fiscais pois contabilisticamente
não é depreciável).

- No que se refere a bens que não sejam amortizáveis ou depreciáveis e que não sejam os
acima referidos caso em que devem ser incluídos no lucro tributável, regra geral durante 10
anos, sendo o primeiro o do recebimento do subsídio.

- No que respeita a quotas mínimas de bens amortizáveis ou depreciáveis.

Também nas situações em que o reconhecimento só ocorre após o desfecho de todo o


processo, por se considerar que só nesse momento é que existe segurança no cumprimento
das condições e no reconhecimento do subsídio, o tratamento fiscal difere
consideravelmente do tratamento contabilístico.

224
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

11 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF–


PE)

11.1 Reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos

Na introdução do novo Sistema de Normalização Contabilístico (SNC), Portugal optou por


criar uma norma simplificada para as pequenas entidades a NCRF-PE.

A NCRF-PE será sempre uma opção e só poderão optar pela sua aplicação em alternativa
ao restante normativo as entidades que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três
limites seguintes:

- Total de balanço: € 4.000.000;


- Volume de negócios líquido: € 8.000.000;
- Número médio de empregados durante o período:50.

Este regime para as pequenas empresas pretende ser mais simples e menos exigente, com
muitas restrições à aplicação do justo valor privilegiando a aplicação do custo histórico.

No entanto, em determinadas matérias a própria NCRF-PE prevê a possibilidade - sempre


com carácter excecional e quando outra situação não é aplicável -, de aplicar o justo valor,
como é o caso por exemplo do produto agrícola colhido onde a norma estabelece a
mensuração pelo justo valor menos custos estimados no ponto-de-venda (parágrafo 11.12
da NCRF-PE). Esta possibilidade ocorre porque não existe outra medida para determinar a
mensuração naquela operação e apenas o justo valor determina que a imagem verdadeira e
apropriada da empresa seja respeitada.

Assim, também para as pequenas entidades existe a preocupação da busca da imagem


verdadeira e apropriada na informação proporcionada pelas demonstrações financeiras.

Por outro lado, de acordo com o parágrafo 2.3. da NCRF-PE, sempre que esta Norma não
responda a aspetos particulares que se coloquem a dada entidade em matéria de
contabilização ou relato financeiro de transações ou situações, ou a lacuna em causa seja
de tal modo relevante que o seu não preenchimento impeça o objetivo de ser prestada

225
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

informação que, de forma verdadeira e apropriada, traduza a posição financeira numa certa
data e o desempenho para o período abrangido, a entidade deverá recorrer, tendo em vista
tão-somente a superação dessa lacuna, supletivamente e pela ordem indicada:

a) Às NCRF e Normas Interpretativas (NI);


b) Às Normas Internacionais de Contabilidade, adotadas ao abrigo do Regulamento n.º
1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho;
c) Às Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e Normas Internacionais de Relato
Financeiro (IFRS), emitidas pelo IASB, e respetivas interpretações (SIC e IFRIC).

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que alterou o Decreto-Lei n.º
159/2009, de 13 de julho, e consequentemente a publicação do Aviso n.º8257/2015, de 29
de julho, que revogou o Aviso n.º 15654/2009, de 7 de setembro, é introduzido na NCRF-PE
o capítulo 20 – agricultura prevendo-se a aplicação do justo valor aos ativos biológicos,
contrariamente à versão da NCRF-PE em vigor até 31/12/2015, embora esta aplicação do
justo valor tenha uma amplitude mais limitativa em relação às condições previstas na NCRF
17.

O capítulo 20 – agricultura da NCRF-PE deve ser aplicado na contabilização dos ativos


biológicos, do produto agrícola colhido dos ativos biológicos da entidade somente no
momento de colheita, e dos subsídios das entidades públicas relacionados com ativos
biológicos.

Assim, de acordo com o parágrafo 20.3 da NCRF-PE uma entidade deve reconhecer um
ativo biológico ou produto agrícola se, e apenas se, cumprir as condições de
reconhecimento definidas no capítulo 3 da NCRF-PE, “um ativo é reconhecido no balanço,
quando for provável que os benefícios económicos futuros fluam para a entidade e o ativo
tenha um custo ou um valor que possa ser mensurado com fiabilidade”.

Um ativo biológico deve ser mensurado, no reconhecimento inicial e em cada data de


balanço, pelo seu justo valor menos os custos de alienação.

O produto agrícola colhido dos ativos biológicos de uma entidade deve ser mensurado pelo
seu justo valor menos os de vender no momento da colheita. Tal mensuração é o custo
nessa data aquando da aplicação do capítulo 11 – inventários da NCRF-PE.

226
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A NCRF-PE considera como justo valor fiavelmente mensurável as cotações oficiais de


mercado, designadamente as disponibilizadas pelo Sistema de Informação de Mercados
Agrícolas (SIMA).

Atendendo que nem todas as situações estão consideradas no SIMA, a Comissão de


Normalização Contabilistica (CNC), em resposta à Confederação dos Agricultores de
Portugal (CAP), referiu o seguinte:

“Em resposta à vossa solicitação, a Comissão de Normalização Contabilística informa que de


acordo com o estatuído no ponto 20.6 da NCRF-PE, considera-se como justo valor fiavelmente
mensurável as cotações oficiais de mercado, designadamente as disponibilizadas pelo Sistema
de Informação de Mercados Agrícolas.

As cotações oficiais de mercado são aquelas que resultam nomeadamente de mercado


regulamentado, ou como é o caso do SIMA, através do Decreto-Lei n.º 91/85, de 1 abril,
referido na NCRF-PE, de sistema de informação regulamentado, o que lhe confere um adequado
grau de fiabilidade, nomeadamente em resultado dos requisitos de recolha, tratamento e
difusão de informação.

Assim, existe a possibilidade de serem usadas outras cotações disponíveis, desde que sejam
cotações oficiais, eventualmente as estabelecidas em bolsas regulamentadas de produtos
agrícolas internacionais, efetuados que sejam os devidos ajustamentos de comparabilidade.
Não existindo cotação oficial disponível deverá, nos termos do parágrafo 20.10, esse ativo
biológico ou produto agrícola ser mensurado pelo custo menos qualquer depreciação
acumulada e qualquer perda por imparidade acumulada.”

A NCRF-PE pressupõe que, para um ativo biológico ou para um produto agrícola no ponto
de colheita, o seu justo valor pode ser mensurado com fiabilidade, com as cotações oficiais
de mercado, designadamente as disponibilizadas pelo SIMA. Contudo, se esse pressuposto
não se verificar, esse ativo biológico ou produto agrícola colhidos dos ativos biológicos deve
ser mensurado pelo custo menos qualquer depreciação acumulada e qualquer perda por
imparidade acumulada. Quando o justo valor desse ativo biológico ou produto agrícola se
tornar fialvelmente mensurável, deve ser mensurado pelo seu justo valor menos os custos
de alienação.

227
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ao determinar o custo, depreciação acumulada e perdas por imparidade acumuladas, uma


entidade toma em consideração os capítulos 7 – ativos fixos tangíveis e 11 – inventários da
NCRF-PE, bem como, se for o caso, a NCRF 12 – Imparidade de ativos.

Em relação aos subsídios atribuídos por entidades púlicas, os parágrafos 20.12 e 20.13 da
NCRF-PE, referem o seguinte:
• Um subsídio atribuído por entidades públicas que seja não condicional e que se
relacione com um ativo biológico deve ser reconhecido como rendimento quando, e
somente quando, o subsídio atribuído por entidades públicas se torne recebível;

• Se um subsídio atribuído por entidades públicas relacionado com um ativo biológico


for condicional, incluindo quando um subsídio atribuído por entidades públicas exige
que a entidade beneficiária não tenha uma atividade agrícola específica, a entidade
beneficiária deve reconhecer o subsídio como rendimento quando, e somente
quando, sejam satisfeitas as condições ligadas à atribuição do subsídio.

11.2 Aspetos práticos relacionados com a NCRF-PE

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA.

Se para um ativo biológico ou para um produto agrícola colhido de ativos biológicos no


ponto de colheita, o justo valor for mensurado com fiabilidade aplica-se o tratamento de
registos contabilísticos preconizado no âmbito da NCRF 17.

Caso o justo valor não seja mensurado com fiabilidade, a mensuração dos ativos biológicos
será feita pelo custo, exceto para a mensuração dos produtos agrícolas colhidos, que de
acordo com o ponto 11.12 da NCRF-PE, ser-lhe-á aplicado o justo valor.

Neste último caso os registos sugeridos são os seguintes:

Como referido no parágrafo 20.11 da NCRF-PE, ao determinar o custo, depreciação


acumulada e perdas por imparidade acumuladas, uma entidade toma em consideração os
capítulos 7 – ativos fixos tangíveis e 11 – inventários da NCRF-PE, bem como, se for o
caso, a NCRF 12 – Imparidade de ativos.

228
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A mensuração dos ativos biológicos pelo custo, sujeitos a depreciações e imparidades no


que respeita aos ativos biológicos de produção conforme previsto para os ativos fixos
tangíveis (capítulo 7 – ativos fixos tangíveis da NCRF-PE) e no que respeita aos ativos
biológicos consumíveis será determinado em função dos critérios previstos para a
mensuração inicial dos inventários, conforme estabelecido no capítulo 11 – inventários da
NCRF-PE.

Os custos dos ativos biológicos, serão o somatório de todos os custos necessários à sua
aquisição e colocação em condições e no local pronto a ser usado.

Poder-se-ão incluir por exemplo custos de aquisição de sementes para serem implantadas
no terreno, o trabalho de preparação dos terrenos, a plantação das plantas, seja este
trabalho subcontratado ou realizado por mão-de-obra da própria exploração, produtos para
tratamento das plantações, e outros bens e serviços indispensáveis à plantação das várias
situações possíveis.

De referir, que se deverão apenas incorporar no custo do ativo os dispêndios com bens e
serviços até que o ativo biológico de produção esteja colocado no local e pronto a ser usado
na atividade agrícola.

A partir desse momento, o ativo biológico ficará sujeito a depreciações e a imparidades,


conforme as regras gerais definidas para os ativos fixos tangíveis (capítulo 7 da NCRF-PE).

Pela aquisição de um ativo biológico de produção ou consumível por aplicação da


NCRF-PE (método do custo)

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor


Aquisição dos ativos biológicos de
22 - Fornecedores e/ou 734 -
produção, mais, se for relevante, o
371- Ativos biológicos Variação nos inventários de
somatório de todos os custos
consumiveis ou 372 - produção - Ativos biológicos
x necessários à sua aquisição e
Ativos biológicos de ou 745 -Trabalhos para a
colocação em condições e no local
Produção própria entidade Activos
pronto a ser usado já registados em
biológicos
contas da classe 6

Na prática, o custo de produção do ativo biológico será determinado de acordo com as


regras da contabilidade analítica, tal como previsto no parágrafo 11.2 e seguintes da NCRF-
PE.

229
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Este custo de produção (plantação) do ativo biológico incluirá os custos relacionados com o
custo de aquisição da matéria-prima direta, os gastos com pessoal diretamente utilizados na
plantação (mão-de-obra direta) e os restantes gastos gerais diretamente relacionados com a
plantação, nomeadamente, outras matérias utilizadas (por exemplo fertilizantes), trabalhos
subcontratados, materiais utilizados (sem características de ativo), gastos com a
depreciação de equipamentos e materiais utilizados na plantação.

Ativos biológicos nascidos na exploração

• Reconhecimento de ativos biológicos de produção nascidos na exploração pela


aplicação do método do custo.

Conta a débito Conta a crédito Valor

734 - Variação nos


inventários de produção -
371 - Ativos biológicos o somatório de todos os custos
Ativos biológicos ou 745 -
consumiveis ou 372 - Ativos necessários ao seu nascimento e que já
Trabalhos para a própria
biológicos de Produção foram registados em contas da classe 6
entidade - Ativos
biológicos

Este custo de produção do ativo biológico incluirá os custos relacionados com os custos de
aquisição da matéria-prima direta, os gastos com pessoal diretamente relacionados e os
restantes gastos gerais diretamente relacionados.

Ativos biológicos de produção

Os ativos biológicos de produção mensurados ao custo, ficam sujeitos a depreciações e


imparidades.

• A depreciação deverá ser registada em função da vida útil do bem e o registo poderá ser
o seguinte:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

644 – Gastos de
3728 – Depreciações
depreciação e de
Acumuladas – Ativos Pelo registo da depreciação do
amortização – Ativos
Biológicos x ativo biológico de produção
Biológicos de
Mensurados ao mensurado ao custo
Produção
Custo
Mensurados ao Custo

230
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• A imparidade determinada de acordo com a NCRF 12 deverá ser registada da seguinte


forma:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

6527 – Perdas por 3729 – Imparidades


imparidade – Ativos Acumuladas – Ativos Pelo registo da imparidade do
Biológicos de Biológicos x ativo biológico de produção
Produção Mensurados ao mensurado ao custo
Mensurados ao Custo Custo

Alienação de ativos biológicos de produção mensurados ao custo

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros por Pelo
3728 – Depreciações alienação de ativos biológicos de desreconhecimento das
Acumuladas – Ativos Biológicos produção ou 6871 - Outros gastos w depreciações
Mensurados ao Custo - Gastos por reduções em registadas
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros por
Pelo
3729 – Imparidades Acumuladas alienação de ativos biológicos de
desreconhecimento de
– Ativos Biológicos Mensurados produção ou 6871 - Outros gastos z
eventuais imparidades
ao Custo - Gastos por reduções em
registadas
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
por alienação de ativos Pelo
biológicos de produção ou 6871 372 - Ativos biológicos de desreconhecimento do
x
- Outros gastos - Gastos por Produção ativo biológico de
reduções em investimentos não produção
financeiros por alienação de
ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos de
21 - Clientes ou 1 Meios
produção ou 6871 - Outros gastos y Pelo Valor da venda
Financeiros Líquidos
- Gastos por reduções em
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos

231
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Abate de ativos biológicos de produção mensurados ao custo

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Pelo
3728 – Depreciações 6873 - Gastos em investimentos desreconhecimento das
Acumuladas – Ativos Biológicos não financeiros por abate de ativos w depreciações
Mensurados ao Custo biológicos registadas

Pelo
3729 – Imparidades Acumuladas 6873 - Gastos em investimentos
desreconhecimento de
– Ativos Biológicos Mensurados não financeiros por abate de ativos
eventuais imparidades
ao Custo biológicos
registadas

Pelo
6873 - Gastos em investimentos
372 - Ativos biológicos de desreconhecimento do
não financeiros por abate de x
Produção ativo biológico de
ativos biológicos
produção

Ativos biológicos consumíveis

No que respeita aos ativos biológicos consumíveis, após o registo inicial, o seu tratamento
no que respeita às entradas e saídas de inventários, as entidades podem aplicar inventário
permanente ou beneficiar da dispensa da sua aplicação optando por utilizar o sistema de
inventário “intermitente”

• Sistema de inventário permanente

Em sistema de inventário permanente, no que respeita à mensuração, vão-se registando as


entradas e saídas dos inventários ao longo do exercício, operação a operação ou
periodicamente.

Lembramos contudo, que de acordo com o n.º 4 do artigo 12.º do Decreto-Lei 158/2009 de
13 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, ficam dispensadas da
obrigação de utilização do inventário permanente as atividades de agricultura, produção
animal, apicultura, caça, silvicultura e exploração florestal, indústria piscatória e aquicultura.

232
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O inventário permanente também não é obrigatório nos termos do mesmo artigo para as
entidades que não ultrapassem à data do balanço, durante dois exercícios consecutivos
imediatamente anteriores, dois dos três limites:

✓ Total de balanço: €350.000


✓ Volume de negócios líquido: €700.000
✓ Número médio de empregados durante o período: 10

• Sistema de inventário intermitente

Em sistema de inventário intermitente, no que respeita à mensuração, as existências finais


são apuradas no final do exercício com base na contagem física dos bens, utilizando-se a
fórmula de apuramento do Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas.

CMVMC = Existências inicias + Compras +/- Regularizações – Existências Finais

As Existências Finais resultam da contagem física no final do ano mensuradas de acordo


com as fórmulas de custeio.

Vejamos então os registos contabilísticos relacionados com os ativos biológicos


consumíveis que se destinam à venda sem transformação:

Pela Venda:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Pelo valor da venda do ativo


21 - Clientes 714 - Vendas x
biológico consumivel

233
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

E no final do período:

• Saídas de produtos acabados no final do período pelo apuramento do custo das vendas

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos
acabados e Pelo apuramento do custo da
731 - Variação nos
intermédios - ativos x venda do ativo biológico
inventários de produção
biológicos consumivel
consumiveis

Produto agrícola

Sugestões e comentários sobre registos contabilísticos relacionados com o produto agrícola


e com a sua mensuração.

Reconhecimento inicial

O produto agrícola aqui considerado é aquele que resulta da colheita dos ativos biológicos
de uma entidade, não é adquirido, ou seja, resulta da própria atividade da exploração.

Conforme referido no ponto 11.12 da NCRF-PE, os inventários que compreendam o produto


agrícola que uma entidade tenha colhido proveniente dos seus ativos biológicos são
mensurados, no reconhecimento inicial, pelo seu justo valor menos os custos estimados no
ponto de venda na altura da colheita. Este é o custo dos inventários à data para aplicação
desta Norma. Considera-se uma aproximação razoável do justo valor as cotações oficiais de
mercado, designadamente as disponibilizadas pelo Sistema de Informação de Mercados
Agrícolas69.

Entende-se por colheita, quer a separação de um produto agrícola de um ativo biológico (por
exemplo a colheita de fruta ou cortiça) quer a cessação dos processos de vida de um ativo
biológico (vitelas abatidas para produção de carne).

69 SIMA – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas - www.gppaa.min-agricultura.pt/sima.html - Este sistema é


desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e disponibiliza no site cotações dos produtos agrícolas vegetais e animais
semanalmente.

234
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Assim, tendo em conta o referido no momento da colheita o registo deverá ser o


seguinte:

Se não incorporarem um processo produtivo por exemplo: para a venda em bruto das
uvas:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos acabados e 774 – Ganhos por Pelo reconhecimento do produto


intermédios - produtos aumentos de justo x agrícola ao justo valor menos custos
agrícolas valor estimado no ponto de venda

Se forem para incorporar num processo produtivo por exemplo: elaboração de vinho
pelo produtor:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

774 – Ganhos por Pelo reconhecimento do produto


3314 - Matérias-primas -
aumentos de justo x agrícola ao justo valor menos custos
produtos agrícolas
valor estimado no ponto de venda

Para produtos agrícolas que resultam da cessação do processo de vida de um ativo


biológico (consumível ou de produção por exemplo vacas produtores abatidas para carne ou
vitelas nascidas com o objetivo da venda) que já se encontravam registados em ativos
biológicos.

Se não incorporarem um processo produtivo por exemplo: se o objetivo for para


venda das carcaças em bruto:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

387 - Pela passagem de ativo biológico


345 - Produtos acabados e
Reclassificação e para produto agrícola ao justo valor
intermédios - produtos x
regularização de menos custos estimado no ponto
agrícolas
ativos biológicos de venda

Se forem para incorporar num processo produtivo por exemplo: elaboração de


enchidos pelo produtor:

235
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

387 -
Pelo reconhecimento do produto
3314 - Matérias-primas - Reclassificação e
x agrícola ao justo valor menos
produtos agrícolas regularização de
custos estimado no ponto de venda
ativos biológicos

Os registos relacionados com a transferência de ativos biológicos para inventários poderão


ser efetuados apenas no final do ano, pela diferença entre as animais ou plantas adquiridas,
nascidas, vendidas e abatidas.

Pela Venda:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Pelo valor da venda do produto


21 - Clientes 71 - Vendas x
agrícola

E no final do período:

Saídas de produtos acabados no final do período pelo apuramento do custo das


vendas

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos
731 - Variação nos acabados e Pelo apuramento do custo da venda
x
inventários de produção intermédios - do produto agrícola
produtos agrícolas

Nota final Importante:

Os registos contabilísticos preconizados deverão ser acompanhados por uma relação dos
nascimentos, aquisições, alterações de preços de mercado, vendas e outras alterações nos
ativos biológicos de produção, devidamente quantificados face ao respetivo justo valor
(menos custos no ponto-de-venda) para os produtos agrícolas ou com o respetivo suporte
analítico para a mensuração ao custo para os ativos biológicos de produção ou
consumíveis. Estes procedimentos contabilísticos não necessitam de ser efetuados animal a
animal ou planta a planta, podendo ser efetuado por agrupamento de animais ou plantas.

236
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

12 Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME)

12.1 Reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos

Na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que alterou o


Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, foi também alterado o Decreto-Lei n.º 36-A/2011,
de 9 de março, que aprovou o regime de normalização contabilística para micoentidades
(NCM), passando a Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME) a fazer parte
integrante do Sistema de Normalização Contabilística.

Recordamos que em resultado da publicação da Lei n.º 35/2010, de 2 de Setembro, foi


criado o regime contabilístico aplicável às microentidades. Embora o regime de
normalização contabilística para microentidades (NCM), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 36-
A/2011, de 9 de Março, que nestes moldes esteve em vigor até 31/12/2015, recorre-se a
conceitos, definições e procedimentos contabilísticos, tal como enunciados no Sistema de
Normalização Contabilística, constituía um modelo de normalização contabilística que
operava de forma autónoma, não integrando o Sistema de Normalização Contabilística
(SNC).

Consideram-se microentidades as entidades que, à data do balanço, com base em dois


períodos consecutivos imediatamente anteriores, não ultrapassem dois dos três limites
seguintes:

- Total de balanço: €350.000


- Volume de negócios Líquido: €700.000
- Número médio de empregados durante o período: 10

As microentidades podem optar pela aplicação das Normas Contabilísticas e de Relato


Financeiro (NCRF) ou da NCRF-PE, devendo tal opção ser identificada na declaração a que
se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 117.º do Código do IRC.

As microentidades devem aplicar a Norma Contabilística e de Relato Financeiro para


Microentidades (NC-ME), compreendida no SNC.

237
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A NC-ME acolhe os conceitos, definições e procedimentos contabilísticos de aceitação


generalizada em Portugal, tal como enunciados no SNC, tendo como base de referência a
correspondentes Estrutura Conceptual.

A NC-ME é muito simples e menos exigente que a NCRF-PE. Em termos genéricos, esta
norma não permite a aplicação do justo valor remetendo, em consequência, para o custo
histórico.

Vejamos então algumas diferenças significativas entre a NC-ME e as outras normas:

- Não está prevista a aplicação supletiva de outras normas NCRF ou NCRF-PE ou as


Normas Internacionais de Contabilidade.

- No caso de ativos fixos tangíveis e dos ativos intangíveis a NC-ME não permite a
revalorização.

- Os custos dos empréstimos obtidos devem ser sempre reconhecidos como gastos
contrariando o que permite as NCRF (serem acrescidos aos valores dos ativos).

- Os ativos biológicos consumíveis e os produtos agrícolas são reconhecidos como


inventários e tratados como tal, pelo que não se aplica o justo valor.

- Os ativos biológicos de produção são tratados como ativos fixos tangíveis.

- A NC-ME não prevê a aplicação do custo amortizado no rédito nem nas rubricas de ativos
e passivos financeiros.

- Só se apuram impostos correntes, não se aplicam impostos diferidos.

- Não se aplicam as imparidades de acordo com a NCRF12. A NC-ME prevê as situações


de aplicação de imparidades e a sua forma de mensuração.

- Não se aplica o método de equivalência patrimonial nas participações.

- Não se aplicam os conceitos de propriedade de investimento, pelo que os investimentos


em imóveis são tratados como ativos fixos tangíveis.

238
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- Existe a dispensa de apresentação do Anexo.

Ativos biológicos de produção

Assim, no que respeita às atividades agrícolas a NC-ME refere que os ativos biológicos de
produção são reconhecidos como ativos fixos tangíveis. Os animais ou plantas vivos detidos
pela entidade e que não se enquadram na atividade agrícola poderão integrar a
subcategoria de equipamentos biológicos.

A mensuração dos ativos biológicos é feita pelo método do custo, ficando


consequentemente, sujeitos a depreciações no que respeita aos ativos biológicos de
produção conforme previsto para os ativos fixos tangíveis (capítulo 7 da NC-ME) e no que
respeita aos ativos biológicos consumíveis será determinado em função dos critérios
previstos para a mensuração inicial dos inventários, conforme estabelecido no capítulo 11 –
inventários da NC-ME.

O parágrafo 7.2 da NC-ME refere que as propriedades de investimento (terrenos e edifícios),


bem como os ativos biológicos de produção, são reconhecidos conmo ativos fixos tangíveis.
Os animais ou plantas vivos detidos pela entidade e que não se enquadram na atividade
agrícola integram a subcategoria de equipamentos biológicos.

O custo dos ativos biológicos, corresponderá ao somatório de todos os custos necessários à


sua aquisição e colocação em condições e no local pronto a ser usado.
Poder-se-ão incluir por exemplo custos de aquisição de sementes para serem implantadas
no terreno, o trabalho de preparação dos terrenos, a plantação das plantas, seja este
trabalho subcontratado ou realizado por mão-de-obra da própria exploração, produtos para
tratamento das plantações, e outros bens e serviços indispensáveis à plantação das várias
situações possíveis.

De referir que se deverão apenas incorporar no custo do ativo os dispêndios com bens e
serviços até que o ativo biológico de produção esteja colocado no local e pronto a ser usado
na atividade agrícola.

A partir desse momento, o ativo biológico ficará sujeito a depreciações, conforme as regras
gerais definidas para os ativos fixos tangíveis (capítulo 7 da NC-ME).

239
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ativos biológicos consumíveis e produtos agrícolas

Os ativos biológicos consumíveis e os produtos agrícolas são reconhecidos como


inventários e deverão obedecer ao estabelecido no capítulo 11 - inventários da NC-ME, pelo
que na sua mensuração aplica-se o custo ou o valor realizável líquido entre os dois o mais
baixo.

O custo dos inventários deve incluir todos os custos de compra, custos de conversão e
outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua condição atual.

Os custos de compra de inventários incluem o preço de compra, direitos de importação e


outros impostos (que não sejam os subsequentemente recuperáveis das entidades fiscais
pela entidade) e custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente
atribuíveis à aquisição de bens acabados, materiais e de serviços. Descontos comerciais,
abatimentos e outros itens semelhantes deduzem-se na determinação dos custos de
compra.

O custo dos inventários de produtos acabados e de subprodutos será obtido por um dos
seguintes métodos:
- Custo de produção, ou
- Preço de venda deduzido da margem normal de lucro que a gestão demonstre ser
apropriada.

O custo dos produtos e trabalhos em curso será obtido pelo mesmo método corrigido com a
percentagem estimada de acabamento.

12.2 Aspetos práticos relacionados com a NC-ME

Nota: Os procedimentos contabilísticos apresentados não contemplam o tratamento das


operações em sede de IVA.

Os registos sugeridos são os seguintes:

• Pelo reconhecimento de um ativo fixo tangível ou de um ativo biológico consumível por


aplicação da NC-ME (método do custo)

240
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

31 - Compras ou 433 - 22 - Fornecedores ou 2711


Ativo fixo tangível - Fornecedores de x Pelo valor de aquisição
Equipamento básico investimentos

Ativos biológicos nascidos na exploração

• Reconhecimento de ativos biológicos de produção nascidos na exploração pela


aplicação do método do custo.

Conta a débito Conta a crédito Valor


734 - Variação nos
34 - produtos acabados ou 433 inventários de produção - o somatório de todos os custos
- Ativo fixo tangível - Ativos biológicos ou 74 - necessários ao seu nascimento e que já
Equipamento básico Trabalhos para a prórpia foram registados em contas da classe 6
empresa

Este custo de produção do ativo biológico incluirá os custos relacionados com os custos de
aquisição da matéria-prima direta, os gastos com pessoal diretamente relacionados e os
restantes gastos gerais diretamente relacionados.

Os ativos fixos tangíveis mensurados ao custo, ficam sujeitos a depreciações.

• A depreciação deverá ser registada em função da vida útil do bem e o registo poderá ser
o seguinte:

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

644 – Gastos de
Pelo registo da depreciação do
depreciação e de 438 – Depreciações
x ativo fixo tangível mensurado ao
amortização - Ativos Acumuladas
custo
fixos tangíveis

241
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Alienação de ativos biológicos de produção mensurados ao custo

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros por Pelo
alienação de ativos biológicos de desreconhecimento das
438 – Depreciações Acumuladas
produção ou 6871 - Outros gastos w depreciações
– Ativos fixos tangíveis
- Gastos por reduções em registadas
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros
por alienação de ativos Pelo
biológicos de produção ou 6871 desreconhecimento do
433 - Ativos fixos tangíveis x
- Outros gastos - Gastos por ativo biológico de
reduções em investimentos não produção
financeiros por alienação de
ativos biológicos

7871 x Rendimentos em
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos de
21 - Clientes ou 1 Meios
produção ou 6871 - Outros gastos y Pelo Valor da venda
Financeiros Líquidos
- Gastos por reduções em
investimentos não financeiros por
alienação de ativos biológicos

• Abate de ativos biológicos de produção mensurados ao custo

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

Pelo
6873 - Gastos em investimentos desreconhecimento das
438 – Depreciações Acumuladas
não financeiros por abate de ativos w depreciações
– Ativos fixos tangíveis
biológicos registadas

Pelo
6873 - Gastos em
desreconhecimento do
investimentos não financeiros 433 - Ativos fixos tangíveis x
activo biológico de
por abate de ativos biológicos
produção

Ativos biológicos consumíveis

No que respeita aos ativos biológicos consumíveis, após o registo inicial o seu tratamento no
que respeita às entradas e saídas de inventários, as entidades podem aplicar inventário
permanente ou beneficiar da dispensa da sua aplicação optando por utilizar o sistema de
inventário “intermitente”.

242
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Sistema de inventário permanente

Em sistema de inventário permanente, no que respeita à mensuração, vão-se registando as


entradas e saídas dos inventários ao longo do exercício, operação a operação ou
periodicamente.

Lembramos contudo, que de acordo com o n.º 4 do artigo 12.º do Decreto-Lei 158/2009 de
13 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, ficam dispensadas da
obrigação de utilização do inventário permanente as atividades de agricultura, produção
animal, apicultura, caça, silvicultura e exploração florestal, indústria piscatória e aquicultura.

O inventário permanente também não é obrigatório nos termos do mesmo artigo para as
entidades que não ultrapassem à data do balanço, durante dois exercícios consecutivos
imediatamente anteriores, dois dos três limites:
✓ Total de balanço: €350.000
✓ Volume de negócios líquido: €700.000
✓ Número médio de empregados durante o período: 10

Sistema de inventário intermitente

Em sistema de inventário intermitente, no que respeita à mensuração, as existências finais


são apuradas no final do exercício com base na contagem física dos bens, utilizando-se a
fórmula de apuramento do Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas.

CMVMC = Existências inicias + Compras +/- Regularizações – Existências Finais

As Existências Finais resultam da contagem física no final do ano mensuradas de acordo


com as fórmulas de custeio.

243
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Registos contabilísticos relacionados com os ativos biológicos consumíveis que se


destinam à venda sem transformação:

• Pela Venda:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Pelo valor da venda do ativo


21 - Clientes 71 - Vendas x
biológico consumivel

• E no final do período:
Saídas de produtos acabados no final do período pelo apuramento do custo das vendas

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos
acabados e Pelo apuramento do custo da
731 - Variação nos
intermédios - ativos x venda do ativo biológico
inventários de produção
biológicos consumivel
consumiveis

Registos contabilísticos relacionados com o produto agrícola e com a sua


mensuração.

Reconhecimento inicial

O produto agrícola aqui considerado é aquele que resulta da colheita dos ativos biológicos
de uma entidade, pelo que não é adquirido, resulta da própria atividade da exploração.

Os produtos agrícolas também são reconhecidos como inventários e não se aplica o justo
valor, conforme referido no parágrafo 11.2 da NC-ME.

244
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No momento da colheita o registo do produto agrícola deverá ser o seguinte:

• Se não for para incorporar num processo produtivo por exemplo: para a venda em bruto
das uvas:

Conta a débito Conta a crédito Valor

734 - Variação nos Pelo somatório de todos os custos


34 - Produtos acabados inventários de produção - necessários ao seu nascimento e que já
Ativos biológicos foram registados em contas da classe 6

• Se for para incorporar num processo produtivo por exemplo: elaboração de vinho pelo
produtor:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Pelo somatório de todos os custos necessários


3314 - Matérias-primas - 734 - Variação nos inventários
x ao seu nascimento e que já foram registados
produtos agrícolas de produção
em contas da classe 6

• Pela Venda:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

Pelo valor da venda do produto


21 - Clientes 71 - Vendas x
agrícola

• E no final do período:

Saídas de produtos acabados no final do período pelo apuramento do custo das vendas

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos
731 - Variação nos acabados e Pelo apuramento do custo da venda
x
inventários de produção intermédios - do produto agrícola
produtos agrícolas

245
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Nota final Importante:

Os registos contabilísticos preconizados deverão ser acompanhados por uma relação dos
nascimentos, aquisições, alterações de preços de mercado, vendas e outras alterações nos
ativos biológicos de produção, devidamente quantificadas face ao respetivo justo valor
(menos custos no ponto-de-venda) para os produtos agrícolas ou com o respetivo suporte
analítico para a mensuração ao custo para os ativos biológicos de produção ou
consumíveis. Estes procedimentos contabilísticos não necessitam de ser efetuados animal a
animal ou planta a planta, podendo ser efetuado por agrupamento de animais ou plantas.

12.3 Apontamentos fiscais

No que respeita ao tratamento fiscal dos ativos fixos tangíveis onde se inserem as plantas e
os animais vivos utilizados no exercício da atividade (como por exemplo as árvores de fruto
ou o gado leiteiro), a sua mensuração é ao custo menos qualquer depreciação acumulada.

Neste caso a depreciação será aceite do ponto de vista fiscal, pois de acordo com o artigo
29.º do Código do IRC são aceites como gastos as depreciações e amortizações de
elementos do ativo sujeitos a deperecimento, considerando-se como tais os ativos fixos
tangíveis, os ativos intangíveis, os ativos biológicos que não sejam consumíveis e as
propriedades de investimento contabilizados ao custo histórico, pelo que se encontram aqui
incluídos os animais e plantas vivas que sejam utilizados na produção.

Quanto aos animais e plantas vivas que se enquadram como inventários, isto é, cujo destino
é a venda ou a incorporação no processo produtivo, são tratados como inventários, pelo que
no tratamento fiscal são relevantes os artigos n.ºs 26.º a 28.º do Código do IRC.

Do ponto de vista fiscal, o tratamento dos inventários é muito semelhante ao previsto para
efeitos contabilísticos, pelo que normalmente não implica correções a fazer no quadro 07 da
declaração modelo 22.

Os ajustamentos para o valor realizável liquido, quando este for inferior ao valor escriturado
é aceite fiscalmente desde que devidamente comprovados.

246
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

12.4 Caso Prático NC-ME

Silvicultura – Regime das Microentidades NC-ME

A Sociedade Silva e Silva, Lda. cuja atividade é a silvicultura tem uma extensão de terreno
de 15 hectares no Ribatejo donde extrai cortiça. O custo de aquisição do terreno e dos
sobreiros foi respetivamente € 100.000,00 e € 250.000,00.

A cortiça é extraída de 9 em 9 anos. O último ano em que se extraiu cortiça foi em 2011,
pelo que a próxima extração se prevê para o ano 2020.

A estimativa de colheita é de 12.000 arrobas de cortiça. De acordo com a consulta das


cotações no sistema SIMA o preço por Arroba de cortiça no Ribatejo é de €22,00, pelo que o
valor dos ganhos estimados de venda menos os custos de vender são de €264.000,00.

Tendo em conta que a empresa aplica o regime contabilístico das microentidades, que
condições deve ter em conta para o tratamento do reconhecimento/registo contabilístico e
que consequências estas operações têm nas Demonstrações Financeiras da sociedade ao
longo dos vários anos? Que implicações fiscais resultam da aplicação deste regime?

Dados importantes a reter em relação à produção silvícola:

Cortiça Ribatejo
Gastos do Justo valor da
exercício * cortiça **
1ano 2012 10.000,00 29.333,34
2ano 2013 12.500,00 29.333,33
3ano 2014 12.500,00 29.333,33
4ano 2015 12.000,00 29.333,33
5ano 2016 13.000,00 29.333,33
6ano 2017 12.000,00 29.333,33
7ano 2018 14.000,00 29.333,33
8ano 2019 12.000,00 29.333,33
venda 2020 30.000,00 29.333,33
Total 128.000,00 264.000,00

* Gastos necessários para acompanhar o crescimento da cortiça


** e *** O Justo valor da cortiça para cada ano foi estimado tendo em conta
o valor de venda espectável menos os custos de vender, dividido pelo ciclo de produção dos
9 anos

247
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Como a empresa aplica a NC-ME, este regime não permite a aplicação do justo valor
remetendo, em consequência, para o custo histórico.

Assim,
• Os ativos biológicos consumíveis e os produtos agrícolas são reconhecidos como
inventários e tratados como tal, pelo que não se aplica o justo valor.

• Os ativos biológicos de produção são tratados como ativos fixos tangíveis.

Ativos biológicos de produção

Assim, a aquisição dos terrenos e dos sobreiros são reconhecidos como ativos fixos
tangíveis, mensurados pelo método do custo, ficando consequentemente, sujeitos a
depreciações (capítulo 7 da NC-ME)

No que respeita aos ativos biológicos consumíveis será determinado em função dos critérios
previstos para a mensuração inicial dos inventários, conforme estabelecido no capítulo 11
da NC-ME.

A cortiça em crescimento é reconhecida como inventários e deverá ao longo dos anos do


crescimento ser apurado o respetivo valor de produtos e trabalhos tendo em conta os custos
necessário para a produção em curso até ao produto acabado (momento da colheita).

Assim, o custo dos inventários de produtos acabados e de subprodutos será obtido por um
dos seguintes métodos:

- Custo de produção, ou;


- Preço de venda deduzido da margem normal de lucro que a gestão demonstre ser
apropriada.

A opção pelo custo de produção entre estes dois métodos é a mais aconselhável, uma vez
que a fiabilidade para o cálculo da margem normal de lucro é sempre de difícil apuramento.

248
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Assim, os gastos necessários para acompanhar o crescimento da cortiça devem incluir


todos os custos diretamente atribuíveis aquele ativo biológico, nomeadamente mão-de-obra,
fertilizantes e horas máquinas para preparação do solo, o trabalho de preparação dos
terrenos, a plantação das plantas, seja este trabalho subcontratado ou realizado por mão-
de-obra da própria exploração, produtos para tratamento das plantações, e outros bens e
serviços indispensáveis ao tratamento da floresta nas várias situações possíveis.

No ano 2012 os gastos do período no valor de €10.000 são registados nesse período nas
várias contas de gastos de acordo com a sua natureza e no final de cada período esse valor
é reconhecido em produtos e trabalhos em curso por forma a reconhecer o efeito dos gastos
no ciclo de crescimento da cortiça. Nos períodos seguintes o cálculo é efetuado na mesma
forma.

Atendendo que a cortiça tem um ciclo de crescimento gradual, todos os gastos necessários
para a obtenção do produto final são refletidos em produtos e trabalhos em curso ao longo
dos anos.

Implicações fiscais decorrentes da aplicação da NC-ME e do artigo 18.º do CIRC

Para efeito de determinação do lucro tributável em IRC os gastos reconhecidos dos ativos
fixos tangíveis e dos inventários são aceites fiscalmente.

Refere o artigo 18.º do CIRC que os gastos das explorações silvícolas plurianuais podem
ser imputados ao lucro tributável tendo em consideração o ciclo de produção, caso em que a
quota parte desses gastos, equivalente à percentagem que a extração efetuada no período
de tributação represente na produção total do mesmo produto, e ainda não considerada em
período de tributação anterior, podendo ainda ser atualizada de acordo com a aplicação dos
coeficientes de correção monetária.

Como os gastos dos inventários do ponto de vista contabilístico estão reconhecidos em


produtos e trabalhos em curso não há qualquer correção fiscal a fazer ao longo dos anos.

No ano da venda da cortiça o valor do produto final contabilístico é para efeitos fiscais
atualizado pela aplicação do coeficiente de correção monetária.

249
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os sobreiros do ponto de vista contabilístico pode-se considerar uma taxa de depreciação


de 4% que é aceite na totalidade para efeitos fiscais.

Os gastos reais ao longo dos anos do crescimento da cortiça foram respetivamente:

Gastos do
exercício
1ano 2012 10.000,00
2ano 2013 12.500,00
3ano 2014 12.500,00
4ano 2015 12.000,00
5ano 2016 13.000,00
6ano 2017 12.000,00
7ano 2018 14.000,00
8ano 2019 12.000,00
venda 2020 30.000,00
Total 128.000,00

Natureza do problema

Face ao regime das microentidades (NC-ME) em relação aos ativos:


- Fixos Tangíveis (sobreiros)
- Inventários em curso (cortiça)

O seu reconhecimento inicial e subsequente faz-se ao custo.

Resolução para cada um dos anos tendo em conta os registos contabilísticos e as


respectivas correções fiscais:

Ano 2012

❖ Valor liquido no inicio do ano relativo ao terreno e aos sobreiros :

Ativo Valor (u.m.) Valor


433x - Ativos fixos
tangíveis - 250.000,00 Custo de aquisição dos sobreiros
sobreiros
431x - Ativos fixos
tangíveis - 100.000,00 Custo de aquisição do terreno
terrenos

250
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

❖ Mensuração subsequente de 2012 a 2019:

Os ativos fixos tangíveis - sobreiros sofrem uma depreciação anual de 4%.

O valor em balanço, em cada exercício, da cortiça ainda não extraída e reconhecido em


Produtos e Trabalhos em Curso, resulta da acumulação dos gastos reconhecidos e
capitalizados por via do reconhecimento da Variação da Produção.

Assim, durante o ciclo de produção, teremos, por um lado, os gastos anuais incorridos com
o processo produtivo, o reconhecimento dos inventários em curso e a depreciação dos
sobreiros.

Reconhecimento
dos produtos e
Depreciação anual trabalhos em Valor do Valor Liquido
Anos dos sobreiros curso terreno dos sobreiros

642-Gastos de
depreciações e 386 - Produtos e
Conta a amortizações de trabalhos em
débito AFT curso
733 - Produtos e
Conta a 438 - Depreciações trabalhos em
crédito acumuladas curso
31/12/2012 10.000,00 10.000,00 100.000,00 240.000,00
31/12/2013 10.000,00 12.500,00 100.000,00 230.000,00
31/12/2014 10.000,00 12.500,00 100.000,00 220.000,00
31/12/2015 10.000,00 12.000,00 100.000,00 210.000,00
31/12/2016 10.000,00 13.000,00 100.000,00 200.000,00
31/12/2017 10.000,00 12.000,00 100.000,00 190.000,00
31/12/2018 10.000,00 14.000,00 100.000,00 180.000,00
31/12/2019 10.000,00 12.000,00 100.000,00 170.000,00

251
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Gastos registados no exercício relacionados com o tratamento dos sobreiros

Gastos do exercício
relacionados com os
Anos sobreiros
Conta a débito 6x (várias rubricas)
22 ou 12 Fornecedores ou
Conta a crédito meios monetários líquidos
2012 10.000,00
2013 12.500,00
2014 12.500,00
2015 12.000,00
2016 13.000,00
2017 12.000,00
2018 14.000,00
2019 12.000,00

Tratamento fiscal de 2012 a 2019:

Contabilidade Fiscalidade
Depreciação dos perda do
É aceite fiscalmente Não se faz nada
sobreiros exercício

Gastos registados perda do


É aceite fiscalmente Não se faz nada
nos exercícios exercício

Reconhecimento
dos produtos e Ganho do
É aceite fiscalmente Não se faz nada
trabalhos em exercício
cusro

Nota: A taxa mínima considerada teve como base a tabela I – taxas específica do Decreto-
Regulamentar 25/2009 prevista para as plantações de bosques e florestas (cód 0040) 4%70.

70
Foi publicada a Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, que procedeu à reforma do Código do IRC e do Decreto Regulamentar n.º
25/2009, de 14 de Setembro. Entre as novidades introduzidas destaca-se a objetivação do valor da percentagem da taxa
específica relativa aos bosques e florestas, prevendo-se, a partir de 1 de janeiro de 2014, que a respetiva dedutibilidade fiscal
das depreciações se efetue de acordo com o regime de exploração ou, por opção do sujeito passivo, à taxa específica de 4%.

252
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ano 2020

Tendo em conta que a cortiça foi efetivamente vendida em 2020 pelo valor de €270.000,00,
que implicações contabilísticas e fiscais tem a operação no ano 2020?

O Produto acabado tem um valor de 128.000,00.

Dados importantes a reter em relação à venda da cortiça em 2020:

- Valor da venda – €270.000,00

- Valor líquido dos sobreiros – 180.000,00

❖ Reconhecimento da cortiça no momento da extração do sobreiro:

Conta a débito Conta a crédito Valor Valor

345 - Produtos acabados 36 - Produtos e Pelo reconhecimento do custo de


128.000,00
e intermédios trabalhos em curso produção

Pela venda da cortiça no ano 2020 pelo valor de €270.000,00

Conta a débito Conta a crédito Valor (u.m.) Valor

11 ou 12 ou 211x 71x - Vendas 270 000,00 valor da venda

345 - Produtos
73 - Variações nos
acabados e
inventários de 128 000,00 Custo das vendas
intermédios -
produção
produtos agrícolas

Recordamos que até 31 de dezembro 2013, não existia definição do valor da taxa específica a aplicar aos bosques e florestas,
nomeadamente ao sobreiro, pinheiro manso, e outras culturas silvícolas.

253
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

❖ Implicações fiscais do artigo 18.º do CIRC

O impacto fiscal no ano 2020 será o seguinte:

Atualização dos gastos de acordo com a aplicação dos coeficientes correção


monetária conforme decorre do artigo 18.º do CIRC.

coeficiente de Gastos do
Gastos do correcção exercício corrigido
exercício * monetária pelo Coef.
1ano 2012 10.000,00 1,20 12.000,00
2ano 2013 12.500,00 1,16 14.500,00
3ano 2014 12.500,00 1,12 14.000,00
4ano 2015 12.000,00 1,10 13.200,00
5ano 2016 13.000,00 1,08 14.040,00
6ano 2017 12.000,00 1,05 12.600,00
7ano 2018 14.000,00 1,03 14.420,00
8ano 2019 12.000,00 1,00 12.000,00
venda 2020 30.000,00 0,00 30.000,00
Total 128.000,00 136.760,00

254
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Contabilidade Fiscalidade

Depreciação do Perda do
10.000,00 É aceite ficalmente Não se faz nada
exercicio - sobreiros exercício

É aceite
Não se faz nenhum
Ganho do fiscalmente/releva para
Valor da venda 270.000,00 ajustamento no mod
exercício efeitos do apuramento
22
do lucro tributável

Variação da produção
Ganho do
dos produtos 128.000,00 É aceite ficalmente Não se faz nada
exercício
acabados

Perda do
Variação produção 128.000,00 É aceite ficalmente Não se faz nada
exercício

Inclusão do
acrescimo dos gastos
por aplicação do
8.760,00 Deduz Q 07 mod 22
coeficiente de
correção monetária
ao longo do ciclo
produtivo

255
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

13 A atividade agrícola em IRS

13.1 Rendimentos Empresariais e Profissionais - CATEGORIA B

Efetuando uma breve abordagem histórica, lembra-se que as atividades comerciais,


industriais e agrícolas, silvícolas, pecuárias e de prestação de serviços geradoras de
rendimentos profissionais e comerciais em IRS até 31/12/2000 enquadravam-se nas
Categorias B, C e D e ainda na Categoria G, como era o caso dos ganhos pela venda de
bens de investimento afetos à atividade exercida por profissionais independentes.

Com a reforma fiscal concretizada pela Lei 30-G/2000, de 29 de Dezembro, a partir de


1/01/2001, estes rendimentos e ganhos passaram a integrar a Categoria B, tendo sido
extintas as categorias C e D e reformulada a Categoria G.

Assim, atualmente constituem rendimentos da categoria B, nomeadamente, os decorrentes


do exercício de atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias, e os subsídios ou subvenções,
destinados quer à exploração quer a equipamentos, obtidos no âmbito do exercício
daquelas atividades. Também se consideram rendimento da categoria B, os provenientes da
prática de atos isolados referentes às atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias,
considerando-se rendimentos provenientes de atos isolados os que não resultem de uma
prática previsível ou reiterada. Todos estes rendimentos ficam sujeitos a tributação em IRS
no âmbito da categoria B (rendimentos empresariais e profissionais).

O Regulamento (CE) N.º 73/2009 do Conselho, de 19 de janeiro, que estabelece regras


comuns para os regimes de apoio direto aos agricultores no âmbito da Política Agrícola
Comum e institui determinados regimes de apoio aos agricultores, que altera os
Regulamentos (CE) n.º 1290/2005, (CE) n.º 247/2006 e (CE) n.º 378/2007 e revoga o
Regulamento (CE) n.º 1782/2003 define na alínea c) do artigo 2.º que atividade agrícola é “a
produção, criação ou cultivo de produtos agrícolas, incluindo a colheita, ordenha, criação de
animais e detenção de animais para fins de produção, ou a manutenção das terras em boas
condições agrícolas e ambientais”.

256
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O Regulamento (UE) n.º 1307/2013, do Parlamento e do Conselho, de 17 de dezembro de


2013, que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2015, que estabelece regras para os
pagamentos diretos aos agricultores ao abrigo de regimes de apoio no âmbito da política
agrícola comum e que revoga o Regulamento (CE) n.º 637/2008 do Conselho e o
Regulamento (CE) n.º 73/2009, do Conselho, apresenta a definição de “atividade agrícola”
na alínea c) do artigo 4.º:
1. A produção, a criação ou o cultivo de produtos agrícolas, incluindo a colheita, a
ordenha, a criação de animais, e a detenção de animais para fins de produção,
2. A manutenção de uma superfície agrícola num estado que a torne adequada para
pastoreio ou cultivo sem ação preparatória especial para além dos métodos e
máquinas agrícolas habituais, com base em critérios a definir pelos Estados-
Membros a partir de um quadro estabelecido pela Comissão, ou
3. A realização de uma atividade mínima, definida pelos Estados-Membros, em
superfícies agrícolas naturalmente mantidas num estado adequado para pastoreio ou
cultivo.

Desta forma, regra geral, as ajudas da PAC, recebidas pelos agricultores são consideradas
um rendimento da categoria B.

Estes rendimentos relacionados com a categoria B, isto é os rendimentos empresariais e


profissionais ficam sujeitos a tributação desde o momento que para efeitos de IVA seja
obrigatória a emissão de fatura, ou não sendo obrigatória a sua emissão, desde o momento
do pagamento ou colocação à disposição dos respetivos titulares de rendimento, sem
prejuízo da aplicação do disposto no artigo 18.º do Código do IRC, sempre que o rendimento
seja determinado com base na contabilidade.71
Nos casos em que o rendimento não seja determinado com base na contabilidade deve
ainda observar-se que as importâncias recebidas a título de provisão ou a qualquer outro
título destinadas a custear despesas da responsabilidade dos clientes são consideradas
como rendimento do ano posterior ao da sua receção sempre que até ao final desse ano
não seja apresentada a conta final relativa ao trabalho prestado.72

71 Artigo 3.º, n.º 6 do Código do IRS.


72 Artigo 3.º, n.º 7 do Código do IRS, aditado pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro.

257
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

De acordo com o n.º 4, do artigo 4.º do Código do IRS, consideram-se atividades agrícolas,
silvícolas ou pecuárias, designadamente, as seguintes:

• As comerciais ou industriais, meramente acessórias ou complementares daquelas,


que utilizem, de forma exclusiva, os produtos das próprias explorações agrícolas,
silvícolas ou pecuárias;
• Caça e a exploração de pastos naturais, água e outros produtos espontâneos,
explorados diretamente ou por terceiros;
• Explorações de marinhas de sal;
• Explorações apícolas;
• Investigação e obtenção de novas variedades animais e vegetais, dependentes
daquelas atividades.

Conforme disposto no n.º 1, do artigo 4.º do Código de IRS, consideram-se atividades


comerciais e industriais:
• As atividades agrícolas e pecuárias não conexas com a exploração da terra ou em
que esta tenha carácter manifestamente acessório, quando os respetivos custos
diretos sejam inferiores a 25% dos custos diretos totais do conjunto da atividade
exercida.
• Atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias integradas noutras de natureza comercial
ou industrial, cujos produtos se destinem a ser utilizados ou consumidos em mais de
60% do seu valor naquelas atividades.

Desde 1979 até ao ano de 2000, os rendimentos agrícolas tributáveis só eram considerados
em 40% do seu valor.
De acordo com o n.º3, Artigoº4º - Regime Transitório da Categoria B, da Lei 30-G/2000 de
29/12, com aplicação a partir de 1 de Janeiro de 2001, os rendimentos provenientes das
atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias, não excluídos de tributação são considerados,
para efeitos de IRS, nas seguintes percentagens do seu valor: 60% em 2001, 70% em 2002,
80% em 2003, 90% em 2004 e 100% nos anos seguintes.

258
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

13.2 Rendimentos Agrícolas Excluídos da Tributação

❖ Desde 1989 até 2000, não constituíam


rendimentos sujeitos a tributação, os ❖ A partir de 2001 a 2016, são
resultantes de actividades agrícolas, excluídos da tributação os
silvícolas ou pecuárias com proveitos rendimentos resultantes de
inferiores a €14.963,94 e exercidas em actividades agrícolas, silvícolas e
prédios rústicos cujo valor patrimonial pecuárias, quando o valor dos
total para efeitos de contribuição proveitos ou das receitas,
autárquica seja inferior a €7.481,97. isoladamente, ou em cumulação
com o valor dos rendimentos
ilíquidos sujeitos, mesmo isentos,
❖ Dispensa do cumprimento das
desta ou doutras categorias que
obrigações estabelecidas no CIRS
devam ser ou tenham sido
para os titulares de rendimentos da
englobados, não exceda por
Categoria D, com excepção das
agregado familiar quatro vezes e
obrigações de retenção na fonte e das
meia o valor do IAS (Indexante de
obrigações declarativas com esta
apoios sociais) (€419,22x4,5x12) =
relacionadas.
€22.637,88.
❖ Em 2019, o valor do IAS é
atualizado para €435,76, passando
o valor de exclusão a ser
€23.531,04.
❖ Em 2020, o IAS é de €438,81,
passando o valor de exclusão para
€23.695,74.

De 2000 para 2001 o limite de isenção dos rendimentos agrícolas excluídos de tributação
aumentou, mas o legislador introduziu um elemento novo: o agregado familiar. Dado que um
agregado familiar pode ser constituído por mais de um sujeito passivo contribuinte, este
novo elemento pode não ser favorável ao agricultor.

A redação existente até ao ano de 2000, referente aos rendimentos agrícolas excluídos de
tributação, não fazia qualquer alusão a rendimentos de outras categorias, enquanto a
redação em vigor estipula que para o apuramento do montante limite do rendimento não
sujeito a imposto devem-se considerar os valores de todos os outros rendimentos, de todas
as categorias, isentos ou não isentos.

Entre 2001 e 2011, são excluídos da tributação os rendimentos resultantes de atividades


agrícolas, silvícolas e pecuárias, quando o valor dos proveitos ou das receitas,
isoladamente, ou em cumulação com o valor dos rendimentos ilíquidos sujeitos, mesmo

259
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

isentos, desta ou doutras categorias que devam ser ou tenham sido englobados, não
exceda por agregado familiar cinco vezes o valor anual do salário mínimo nacional mais
elevado.
A Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro, do Orçamento Estado para 2012, veio reduzir o
limite dos rendimentos excluídos de tributação passando a ser por agregado familiar quatro
vezes e meia o valor anual do IAS73 (Indexante de apoios sociais).
Assim, o valor de quatro vezes e meia o valor anual do IAS é = (€419,22x12x4,5) =
€22.637,88.74

A Portaria n.º 4/2017, de 3 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2017 do Indexante de
Apoios Sociais para €421,32, passando em 2017 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€421,32x12x4,5) = €22.751,28.

73
O Indexante dos Apoios Sociais (IAS) é um referencial que fixa as regras da actualização das pensões e de outras
prestações atribuídas pelo sistema de segurança social instituído pela Lei n.º 53-B/2006, de 29 de Dezembro, que veio
substituir a Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG). Constitui o referencial determinante da fixação, cálculo e
atualização dos apoios e outras despesas e das receitas da administração central do Estado, das Regiões Autónomas e das
autarquias locais, qualquer que seja a sua natureza, previstos em actos legislativos ou regulamentares.

O valor do IAS para cada ano é fixado por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e
do trabalho e da solidariedade social, tendo por base o valor da retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano anterior,
actualizada pelo índice de preços no consumidor (IPC) sem habitação, correspondente à variação média dos últimos 12
meses, disponível em 30 de Novembro do ano anterior.

A portaria 1514/2008 estabeleceu o IAS para o ano de 2009 para 419,22 euros. O Decreto-Lei n.º 323/2009, de 24 de
Dezembro, suspende o regime de actualização anual do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), mantendo em 2010 o valor de
419,22 euros.
A Lei n.º 55/2010, de 31 de dezembro, no artigo 67.º suspende durante o ano de 2011 o regime de actualização anual do
indexante dos Apoios Sociais (IAS), mantendo-se em vigor o valor de 419,22 euros.
A Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro, no artigo 79.º suspende a atualização do IAS mantendo-se em vigo o valor de 419,22
euros.
A Lei do Orçamento Estado para 2013, n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, no artigo n.º 114 suspende para o ano de 2013, o
regime de atualização anual do IAS, mantendo-se em vigor o valor de €419,22 estabelecido no artigo 3.º do Decreto-Lei n.º
323/2009, de 24 de dezembro, alterado pelas Leis n.ºs 55-A/2010, de 31 de dezembro, e 64-B/2011, de 30 de dezembro.
A Lei do Orçamento Estado para 2014, n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, no artigo n.º 113 suspende para o ano de 2014,
regime de atualização do valor do indexante dos apoios sociais, das pensões e outras prestações sociais, mantendo-se em
vigor o valor de €419,22.
A Lei do Orçamento Estado para 2015, n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro, no artigo n.º 117 suspende para o ano de 2015,
regime de atualização do valor do indexante dos apoios sociais, das pensões e outras prestações sociais, mantendo-se em
vigor o valor de €419,22.
A lei do Orçamento Estado para 2016, mantem o mesmo valor.
74 Artigo 3.º, n.º 4 do Código do IRS.

260
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A Portaria n.º 21/2018, de 18 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2018 do Indexante de
Apoios Sociais para €428,90, passando em 2018 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€428,90x12x4,5) = €23.160,60.

A Portaria n.º 24/2019, de 17 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2019 do Indexante de
Apoios Sociais para €435,76, passando em 2019 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€435,76x12x4,5) = €23.531,04.

A Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2020 do Indexante de
Apoios Sociais para €438,81, passando em 2020 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€438,81x12x4,5) = €23.695,74.

Dado que o exposto no n.º 4, artigo 3.º do Código do IRS e embora se trata de uma
exclusão de tributação e não de uma isenção, os beneficiários de tais rendimentos, que se
enquadrem nesta situação têm que declarar o total dos rendimentos, mesmo os não sujeitos
na declaração modelo 3 do IRS (anexo B ou C conforme o enquadramento do sujeito
passivo).

A aferição da não sujeição é feita pela Administração Fiscal na determinação do rendimento


coletável do sujeito passivo. Esta determinação atenderá ao total dos rendimentos do
agregado familiar para aplicação da dispensa de tributação se for caso disso.

De acordo com o n.º 5 do artigo 31.º do regime simplificado do Código do IRS, os subsídios
ou subvenções não destinados à exploração serão considerados, em frações iguais, durante
cinco exercícios, sendo o primeiro o do recebimento do subsídio.

Para determinar se os rendimentos agrícolas estão excluídos da tributação considera-se nos


subsídios que não sejam à exploração, como por exemplo subsídios ao investimento, um
quinto do valor recebido, durante cinco anos.

261
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

13.3 Determinação dos rendimentos empresariais e profissionais

A determinação dos rendimentos empresariais e profissionais75, faz-se:

• Com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado76;


• Com base na contabilidade.

Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos da categoria B de €200.00077.

Os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado podem optar pela determinação
dos rendimentos com base na contabilidade. Esta opção deve ser formulada pelos sujeitos
passivos:

• Na declaração de início de atividade;


• Até ao fim do mês de Março do ano em que pretendem alterar a forma de
determinação do rendimento, mediante a apresentação de declaração de alterações.

A opção dos sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado de poderem optar pela
determinação dos rendimentos com base na contabilidade organizada mantém-se válida até
que o sujeito passivo proceda à entrega de declaração de alterações, a qual produz efeitos
a partir do próprio ano em que é entregue, desde que seja efetuada até ao final do mês de
março. Esta situação é válida a partir de 1 de janeiro de 2015, através da redação dada pela
Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro.78

Até 31 de dezembro de 2014, o período mínimo de permanência em qualquer dos regimes,


contabilidade organizada ou regime simplificado, era de três anos, prorrogável por iguais
períodos, exceto se o sujeito passivo comunicasse, no vencimento de um período de três
anos, a alteração do regime pelo qual se encontrava abrangido.

75 Salvo no caso da imputação prevista no artigo 20.º do Código do IRS.


76
Quanto ao regime simplificado de tributação, os artigos 28.º e 31.º do Código do IRS estabelecem as principais premissas.
77
Até 31/12/2013 o montante anual ilíquido era €150.000.
78 Artigo 28.º, n.º 5, do Código do IRS.

262
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No exercício de início de atividade, o enquadramento no regime simplificado faz-se,


verificados os demais pressupostos, em conformidade com o valor anual de rendimentos
estimado, constante da declaração de início de atividade, caso não seja exercida a opção
pela contabilidade organizada.

A aplicação do regime simplificado cessa apenas quando o montante de €200.000 seja


ultrapassado em dois períodos de tributação consecutivos ou, quando o seja num único
exercício, em montante superior a 25%, caso em que a tributação pelo regime de
contabilidade organizada se faz a partir do período de tributação seguinte ao da verificação
de qualquer desses factos.

No caso de um sujeito passivo que esteja por opção no regime de contabilidade organizada
e entretanto ultrapassar os limites de enquadramento do regime simplificado, o regime de
contabilidade organizada deixa de ser uma opção. Desta forma, se esse sujeito passivo
passado um ou mais exercícios, num determinado ano não atingir um montante anual
ilíquido de rendimentos da categoria B de €200.000, terá que fazer a opção pela tributação
dos rendimentos pelo regime de contabilidade organizada. Caso não faça essa opção, esse
sujeito passivo poderá ficar no regime simplificado.

Os valores de base necessários para o apuramento do rendimento tributável são passíveis


de correção pela Autoridade Tributária e Aduaneira79 aplicando-se os métodos indiretos, e
ocorrendo a eventual cessação do regime simplificado, quando o valor corrigido tenha
influência no montante de enquadramento no regime simplificado80.

Regime Simplificado de Tributação dos Rendimentos

Neste regime apenas se consideram os rendimentos brutos obtidos, não são consideradas
as despesas ou o custo dos fatores de produção suportados para desenvolver a atividade.

79 Nos termos do artigo 39.º do Código do IRS.


80 Conforme disposto no n.º 7 do artigo 28.º do Código do IRS.

263
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No âmbito do regime simplificado, a determinação do rendimento tributável obtém-se


através da aplicação dos seguintes coeficientes81:

a) 0,15 às vendas de mercadorias e produtos, bem como às prestações de serviços


efetuadas no âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas82;

b) 0,75 aos rendimentos das atividades profissionais especificamente previstas na


tabela a que se refere o artigo 151.º83;

c) 0,35 aos rendimentos de prestações de serviços não previstos anteriormente;

d) 0,95 aos rendimentos provenientes de contratos que tenham por objeto a cessão ou
utilização temporária da propriedade intelectual ou industrial ou a prestação de
informações respeitantes a uma experiência adquirida no setor industrial, comercial
ou científico, aos rendimentos de capitais imputáveis a atividades geradoras de
rendimentos empresariais e profissionais, ao resultado positivo de rendimentos
prediais, ao saldo positivo das mais e menos-valias e aos restantes incrementos
patrimoniais;

e) 0,30 aos subsídios ou subvenções não destinados à exploração;

f) 0,10 aos subsídios destinados à exploração e restantes rendimentos da Categoria B


não expressamente previstos;

g) 1 aos rendimentos decorrentes de prestações de serviços efetuadas a:

1. Sociedades abrangidas pelo regime da transparência fiscal, nos termos da


alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do Código do IRC84;

2. Sociedades nas quais, durante mais de 183 dias do período de tributação:

i) O sujeito passivo detenha, direta ou indiretamente, pelo menos 5%


das respetivas partes de capital ou direitos de voto;

ii) O sujeito passivo, o cônjuge ou unido de facto e os ascendentes e


descendentes destes detenham no seu conjunto, direta ou

81 Redação dada pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro.


82 Com exceção daquelas que se desenvolvam no âmbito da atividade de exploração de estabelecimentos de alojamento local
na modalidade de moradia ou apartamento.
83 Artigo 151.º do Código do IRS.

84
Transparência fiscal - Sociedades de profissionais.

264
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

indiretamente, pelo menos 25% das respetivas partes de capital ou


direitos de voto.

i) 0,50 aos rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local na


modalidade de moradia ou apartamento, localizados em área de contenção.

Até 31 de dezembro 2013, ao rendimento obtido na Categoria B aplicava-se o coeficiente de


0,20 no caso de vendas de produtos e subsídios destinados à exploração85 e o coeficiente
de 0,75 aos restantes proveitos, excluindo a variação da produção (entre 2001 e 2006 o
coeficiente a aplicar aos restantes proveitos foi de 0,65 e entre 2007 e 2012 foi de 0,70).
Os subsídios ou subvenções não destinados à exploração eram considerados, para efeitos
de aplicação do coeficiente de 0,75, em frações iguais, durante cinco exercícios, sendo o
primeiro o do recebimento do subsídio.

Regime simplificado IRS - Coeficientes


Coeficientes

Rendimentos 2014 2020

Vendas de mercadorias e produtos 0,15 0,15


Prestação de Serviços atividades hoteleiras e
0,15 0,15
similares, restauração e bebidas
Prestação de Serviços das atividades
profissionais da tabela a que se refere art.151.º 0,75 0,75
CIRS
Prestação de Serviços não previstas nas
atividades profissionais da tabela a que se refere 0,35
art.151.º CIRS
Atividade de exploração de estabelecimentos de
alojamento local na modalidade de moradia ou 0,50
apartamento

85
Na redação dada pela Lei n.º 109-B/2001, de 27 de Dezembro, do Orçamento Estado 2002, ao n.º 5 do artigo 31.º do Código
do IRS aplicava-se o coeficiente de 0,20 aos subsídios destinados à exploração que tenham por efeito compensar reduções
nos preços de venda de mercadorias e produtos. Esta redação teve aplicação entre 2002 e 2007 e efeitos retroativos de
aplicação no ano de 2001.

265
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Restantes rendimentos categoria B86 0,10 0,10


Subsídios à exploração 0,10 0,10
Subsídios ao investimento 0,30 0,30
Subsídio não destinados à exploração 0,30 0,30
Subsídio não destinados à exploração - Prémio
0,30 0,30
instalação jovens agricultores
Provenientes de contratos que tenham por objeto
a cessão ou utilização temporária da propriedade
intelectual ou industrial ou a prestação de
0,95 0,95
informações respeitantes a uma experiência
adquirida no sector industrial, comercial ou
científico,
Outros rendimentos de capitais 0,95 0,95
Resultado positivo de rendimentos prediais 0,95 0,95
Saldo positivo das mais e menos-valias 0,95 0,95
Restantes incrementos patrimoniais 0,95 0,95
Rendimentos de prestação serviços efetuadas
pelo sócio a uma sociedade abrangida pelo
regime da transparência fiscal87 1 1

Os sujeitos passivos que obtenham os rendimentos88 de atividades profissionais


especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS e
rendimentos de outras prestações de serviços, após aplicação dos coeficientes previstos
para estes rendimentos, podem deduzir, até à concorrência do rendimento líquido assim
obtido, os montantes comprovadamente suportados com contribuições obrigatórias para

86 De acordo com a Circular n.º5/2014, de 20/03/2014, da DSIRS, estão aqui incluídos os rendimentos provenientes das
prestações de serviços que, por força do artigo 4.º do Código do IRS, sejam enquadráveis na alínea a) do n.º 1 desse Código
(atividades comerciais e industriais, agrícolas, silvícolas e pecuárias), uma vez que as atividades comerciais e industriais
elencadas no artigo 4.º que operam através de prestações de serviços, de que constituem exemplo os serviços de transporte,
serviços hoteleiros e similares, serviços de restauração e serviços prestados por agências de viagens, são enquadráveis na
alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º e não na alínea b) do n.º 1 do mesmo artigo (cf. Circular n.º 5, de 12/03/2001, da Direção de
Serviços de IRS). A estes rendimentos decorrentes de atividades comerciais e industriais que operam através de prestações
de serviços, com enquadramento na alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º do Código do IRS, é aplicável o coeficiente de 0,10, a que
se refere a alínea e) do n.º 2 do artigo 31.º do mesmo Código, exceto se outros se encontrarem previstos nas alíneas
anteriores desse n.º 2.
87 Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do Código do IRC
88 Rendimentos previstos nas alíneas b) e c) do artigo 31.º do Código do IRS

266
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

regimes de proteção social, conexas com as atividades em causa, na parte em que


excedam 10% dos rendimentos brutos, quando não tenham sido deduzidas a outro título.

O rendimento tributável é objeto de englobamento e tributado nos termos gerais previstos no


Código do IRS.

O resultado positivo dos rendimentos prediais corresponde ao rendimento líquido da


categoria F, determinado nos termos do artigo 41.º do Código do IRS89.

Os rendimentos referentes aos subsídios ou subvenções não destinados à exploração,


como nomeadamente os subsídios ao investimento e o prémio de instalação dos jovens
agricultores, serão considerados, depois de aplicado o coeficiente de 0,30, em frações
iguais, durante cinco exercícios, sendo o primeiro o do recebimento do subsídio.

89
Aos rendimentos brutos prediais referentes a rendas dos prédios rústicos, urbanos e mistos pagas ou colocadas à disposição
dos respetivos titulares, deduzem-se, relativamente a cada prédio ou parte de prédio, todos os gastos efetivamente suportados
e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos, com exceção dos gastos de natureza financeira, dos
relativos a depreciações e dos relativos a mobiliário, eletrodomésticos e artigos de conforto ou decoração.

No caso de fração autónoma de prédio em regime de propriedade horizontal, são dedutíveis, relativamente a cada fração ou
parte de fração, outros encargos que, nos termos da lei, o condómino deva obrigatoriamente suportar e que sejam
efetivamente pagos pelo sujeito passivo.

Caso o sujeito passivo detenha mais do que uma fração autónoma do mesmo prédio em regime de propriedade horizontal, os
encargos referidos no número anterior são imputados de acordo com a permilagem atribuída a cada fração ou parte de fração
no título constitutivo da propriedade horizontal.

Caso o sujeito passivo arrende parte de prédio suscetível de utilização independente, os encargos referidos no número anterior
são imputados de acordo com o respetivo valor patrimonial tributário ou, na falta deste, na proporção da área utilizável de tal
parte na área total utilizável do prédio.

O imposto municipal sobre imóveis e o imposto do selo, pagos em determinado ano, apenas são dedutíveis quando respeitem
a prédio ou parte de prédio cujo rendimento seja objeto de tributação nesse ano fiscal.

Na sublocação, a diferença entre a renda recebida pelo sublocador e a renda paga por este não beneficia de qualquer
dedução.

Podem ainda ser deduzidos gastos suportados e pagos nos 24 meses anteriores ao início do arrendamento relativos a obras
de conservação e manutenção do prédio, desde que entretanto o imóvel não tenha sido utilizado para outro fim que não o
arrendamento.

Os gastos referidos devem ser documentalmente comprovados.

267
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Cessando a aplicação do regime simplificado, as frações dos subsídios ainda não


tributadas, serão imputadas, para efeitos de tributação, ao último exercício de aplicação do
regime simplificado.

Para efeitos do cálculo das mais-valias, são utilizadas as quotas mínimas de depreciação,
calculadas sobre o valor definitivo, se superior, considerado para efeitos de liquidação de
imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis.

Quando, por força da remissão do artigo 32.º90 do Código do IRS, o sujeito passivo tenha
beneficiado da aplicação do regime previsto no artigo 48.º do Código do IRC (reinvestimento
dos valores de realização), não sendo concretizado o reinvestimento até ao fim do 2.º
período de tributação seguinte ao da realização, acresce ao rendimento tributável desse
período de tributação a diferença ou a parte proporcional da diferença prevista no n.º 1 no
artigo 48.º do Código do IRC não incluída no lucro tributável, majorada em 15%.

Os coeficientes previstos91 no regime simplificado, aplicáveis:

• Aos rendimentos das atividades profissionais especificamente previstas na tabela a


que se refere o artigo 151.º;

• Aos outros rendimentos de prestações de serviços;

• Aos subsídios destinados à exploração e restantes rendimentos da Categoria B não


elencados no n.º 1 do artigo 31.º do Código do IRS.

São reduzidos em 50% e 25% no período de tributação do início da atividade e no período


de tributação seguinte, respetivamente, desde que, nesses períodos, o sujeito passivo não
aufira rendimentos das categorias A ou H. Esta situação não é aplicável nos casos em que
tenha ocorrido cessação de atividade há menos de cinco anos.

Ao rendimento tributável, determinado no âmbito do regime simplificado, podem ser


deduzidos os prejuízos fiscais apurados em períodos anteriores àquele em que se iniciar a
aplicação do regime simplificado com base na possibilidade de dedução até seis exercícios

90 Na determinação dos rendimentos empresariais e profissionais não abrangidos pelo regime simplificado, aplicam-se as
regras estabelecidas no Código do IRC.
91 Previstos na nas alíneas b), c) e f) do n.º 1 do artigo 31.º do Código do IRS.

268
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

no ano de 2010 e quatro no ano de 2011, cinco no ano de 2012 e 2013 e doze a partir do
ano de 2014 de acordo com as regras definidas no Código do IRC92.

No âmbito da aplicação do regime simplificado, para efeitos de determinação da taxa de IRS


a aplicar a rendimentos da categoria B decorrentes de explorações silvícolas plurianuais, o
respetivo valor é dividido por 1293.

O artigo 228.º da Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado
para o ano de 2018, alterou de forma substancial o artigo 31.º do Código do IRS referente
ao regime simplificado de determinação do rendimento tributável dos sujeitos passivos da
Categoria B, com rendimentos empresariais e profissionais.

Embora a redação final do artigo 31.º do Código do IRS tenha menos alterações do que o
inicialmente previsto na proposta de OE2018 apresentada pelo Governo, é importante aferir
que a muito curto prazo o “regime simplificado” poderá ter alterações.

Salienta-se que a Lei do OE2018 introduziu no artigo 228.º o n.º 2 com a seguinte redação:

“Tendo em vista a evolução do regime simplificado no sentido de uma maior aproximação à


tributação sobre o rendimento real, com base na experiência da aplicação das novas regras
do regime simplificado de IRS em 2018, e acompanhando os trabalhos relativos à revisão do
IRC simplificado que deverão dar origem a novas regras a entrar em vigor em 1 de janeiro
de 2019, o Governo deverá equacionar as alterações que se mostrem adequadas à
evolução do regime simplificado em IRS.”

Decorrente da alteração do OE2018, no caso de rendimentos aos quais seja aplicado o


coeficiente de 0,75 e 0,35 referentes à prestação de serviços, o sujeito passivo, passa a ter
que justificar despesas e encargos suportados no montante correspondente a 15% dos
respetivos rendimentos brutos de prestação de serviços. Não ficam abrangidos por esta
situação os rendimentos brutos de prestação de serviços que não ultrapassem o valor de
27.360 euros, atendendo à existência de uma única dedução automática no valor de 4.104
euros (valor da dedução especifica).
O valor que não seja possível justificar através de despesas e encargos é acrescido ao valor
do rendimento tributável obtido por aplicação dos coeficientes.
Em relação às vendas e subsídios não existe qualquer alteração.

92
Artigo 52.º do Código do IRC
93 Artigo 59.º - D Incentivos fiscais à atividade silvícola, do Estatuto dos Benefícios Fiscais, aditado pela Lei n.º 82-D/2014, de
31 de dezembro, com entrada em vigor em 1 de janeiro 2015.

269
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quadro 1 - Exemplos
Aplicação
Prestação Dedução
Exemplos coeficiente Aplicação 15% Despesas a
Serviços Especifica
75% justificar
Exemplo 1 27.360,00 € 20.520,00 € 4.104,00 € - 4.104,00 € - €
Exemplo 2 40.000,00 € 30.000,00 € 6.000,00 € - 4.104,00 € 1.896,00 €
Exemplo 3 80.000,00 € 60.000,00 € 12.000,00 € - 4.104,00 € 7.896,00 €
Exemplo 4 120.000,00 € 90.000,00 € 18.000,00 € - 4.103,00 € 13.897,00 €
Exemplo 5 160.000,00 € 120.000,00 € 24.000,00 € - 4.104,00 € 19.896,00€
(*) Por aplicação do coeficiente de 0,75 ao valor da prestação serviços

São as seguintes as despesas e encargos a considerar:

● Valor 4.104,00€ da dedução especifica ou, quando superior, os montantes


comprovadamente suportados com contribuições obrigatórias à segurança social, conexas
com a atividade, que não sejam dedutíveis nos termos do n.º 2 do artigo 31.º do CIRS.

● Despesas com pessoal e encargos a título de remunerações, ordenados ou salários,


comunicados pelo sujeito passivo à Autoridade Tributária e Aduaneira.

● Rendas de imóveis afetas à atividade empresarial ou profissional que constem de faturas


e outros documentos, comunicados à Autoridade Tributária e Aduaneira.

●1,5 % do valor patrimonial tributário dos imóveis afetos à atividade empresarial ou


profissional ou, quanto aos imóveis afetos a atividades hoteleiras ou de alojamento local,
4 % do respetivo valor patrimonial tributário, de que o sujeito passivo seja o proprietário,
usufrutuário ou superficiário.

● Outras despesas com a aquisição de bens e prestações de serviços relacionadas com a


atividade, que constem de faturas comunicadas à Autoridade Tributária e Aduaneira,
designadamente despesas com materiais de consumo corrente, eletricidade, água,
transportes e comunicações, rendas, contencioso, seguros, rendas de locação financeira,
quotizações para ordens e outras organizações representativas de categorias
profissionais respeitantes ao sujeito passivo, deslocações, viagens e estadas do sujeito
passivo e dos seus empregados.

270
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

● Importações ou aquisições intracomunitárias de bens e serviços relacionados com a


atividade.

Exemplo 2 do quadro 1

O sujeito passivo que tem 40.000€ de rendimentos brutos de prestação de serviços e


apresenta 2.100,00€ de encargos.

Exemplo 2
Prestação Serviços 40.000,00 €
Aplicação Coeficiente 75% 30.000,00 €
Aplicação 15% 6.000,00 €
Dedução especifica - 4.104,00 €
Despesas a justificar 1.896,00 €
Despesas apresentadas - 2.100,00 €
Rendimento tributável 30.000,00 €

Nesta situação o valor do rendimento tributável (30.000,00€) é o valor da aplicação do


coeficiente, dado que são apresentadas despesas e encargos de valor superior ao valor que
seria necessário apresentar.

Exemplo 3 do quadro 1

O sujeito passivo que tem 80.000€ de rendimentos brutos de prestação de serviços e


apresenta 4.000,00€ de encargos.

Exemplo 3
Prestação Serviços 80.000,00 €
Aplicação Coeficiente 75% 60.000,00 €
Aplicação 15% 12.000,00 €
Dedução especifica - 4.104,00 €
Despesas a justificar 7.896,00 €
Despesas apresentadas - 4.000,00 €
Rendimento tributável 63.896,00 €

271
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Nesta situação o valor do rendimento tributável (63.896,00€) é o valor da aplicação do


coeficiente mais o valor de 3.896,00€ referente a parte dos 15% não justificada por
despesas e encargos.

Contabilidade Organizada no âmbito do IRS

Na determinação dos rendimentos empresariais e profissionais não abrangidos pelo regime


simplificado, aplicam-se as regras estabelecidas no Código do IRC, com exceção do
previsto nos artigos 51.º, 51.º-A, 51.º-B, 51.º-C e 54.º-A do Código do IRC, com as
adaptações resultantes do Código do IRS. (Artigo 32.º do Código do IRS)

Os titulares de rendimentos da categoria B que não estejam abrangidos pelo regime


simplificado de tributação são obrigados a dispor de contabilidade organizada, nos termos
da lei comercial e fiscal, que permita o controlo do rendimento apurado, sendo aplicável o
disposto no artigo 123.º do Código do IRC.

Imputação de custos e proveitos (artigo 29.º do Código do IRS)

• Na determinação do rendimento só são considerados proveitos e custos os relativos


a bens ou valores que façam parte do ativo da empresa individual do sujeito passivo
ou que estejam afetos às atividades empresariais e profissionais por ele
desenvolvidas.
• No caso de afetação de quaisquer bens do património particular do sujeito passivo à
sua atividade empresarial e profissional, o valor de aquisição pelo qual esses bens
são considerados corresponde ao valor de mercado à data da afetação.
• No caso de transferência para o património particular do sujeito passivo de bens
afetos à sua atividade empresarial e profissional, o valor dos bens corresponde ao
valor de mercado dos mesmos à data da transferência.
• O valor de mercado acima referido, atribuído pelo sujeito passivo no momento da
afetação ou da transferência dos bens, pode ser objeto de correção sempre que a
Direcção-Geral dos Impostos considere, fundamentadamente, que o mesmo não
corresponde ao que seria praticado entre pessoas independentes.

272
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artigo 33.º do Código do IRS)

As remunerações dos titulares de rendimentos da categoria B, assim como outras


prestações a título de ajudas de custo, utilização de viatura própria ao serviço da atividade,
subsídios de refeição e outras prestações de natureza remuneratória, não são dedutíveis
para efeitos de determinação do rendimento da categoria B.

Por portaria do Ministro das Finanças podem ser fixados o número máximo de veículos e
respetivo valor por sujeito passivo.

Quando o sujeito passivo afete à sua atividade empresarial e profissional parte do imóvel
destinado à sua habitação, os encargos dedutíveis com ela conexos referentes a
amortizações ou rendas, energia, água e telefone fixo não podem ultrapassar 25% das
respetivas despesas devidamente comprovadas.

Se o sujeito passivo exercer a sua atividade em conjunto com outros profissionais, os


encargos dedutíveis são rateados em função da respetiva utilização ou, na falta de
elementos que permitam o rateio, proporcionalmente aos rendimentos brutos auferidos.

As importâncias pagas ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou coletivas


residentes fora do território português, e aí submetidas a um regime fiscal mais favorável
nos termos do n.º 1 ou 5 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária, ou cujo pagamento seja
efetuado em contas abertas em instituições financeiras aí residentes ou domiciliadas, não
são dedutíveis para efeitos de determinação do rendimento da categoria B, salvo se o
sujeito passivo provar que tais encargos correspondem a operações efetivamente realizadas
e não têm um caracter anormal ou um montante exagerado.

Custos das Explorações Plurianuais (artigo 34.º do Código do IRS)

A parte dos encargos das explorações silvícolas plurianuais suportados durante o ciclo de
produção, equivalente à percentagem que a extração efetuada no exercício represente na
produção total do mesmo produto e ainda não considerada em exercício anterior, é
atualizada pela aplicação dos coeficientes atualizados anualmente constantes da portaria do
Ministro das Finanças94.

273
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Critérios Valorimétricos (artigo 35.º do Código de IRS)

Na determinação do lucro das atividades agrícolas pode ser sempre utilizado o critério
referido no n.º 5 do artigo 26.º do Código do IRC. Na determinação do lucro tributável, os
rendimentos e gastos dos inventários podem resultar da aplicação de método de utilização
dos preços de venda deduzidos da margem normal de lucro, o que só é aceite nos setores
de atividade em que o cálculo do custo de aquisição ou de produção se torne
excessivamente oneroso ou não possa ser apurado com razoável rigor, podendo a margem
normal de lucro, nos casos de não ser facilmente determinável, ser substituída por uma
dedução não superior a 20% do preço de venda.
Consideram-se preços de venda os constantes de elementos oficiais ou os últimos que em
condições normais tenham sido praticados pelo sujeito passivo ou ainda os que, no termo
do período de tributação, forem correntes no mercado, desde que sejam considerados
idóneos ou de controlo inequívoco.

Subsídios à Agricultura e Pesca (artigo 36.º do Código de IRS)

Os subsídios de exploração atribuídos a sujeitos passivos no âmbito das atividades


agrícolas, silvícolas, pecuárias ou de pesca exercidas, pagos numa só prestação sob a
forma de prémios pelo abandono de atividade, arranque de plantações ou abate de efetivos,
e na parte em que excedam custos ou perdas, podem ser incluídos no lucro tributável, em
frações iguais, durante cinco exercícios, sendo o primeiro o exercício do recebimento do
subsídio.

Tributação do subsídios na mudança de regime

No âmbito da determinação dos rendimentos com base no regime simplificado, os subsídios


ou subvenções não destinados à exploração são considerados, para efeitos de aplicação do
coeficiente de 0,30 em frações iguais, durante cinco exercícios, sendo o primeiro o do
recebimento do subsídio.
Cessando a aplicação do regime simplificado, as frações dos subsídios ainda não
tributadas, serão imputadas, para efeitos de tributação, ao último exercício de aplicação do
regime simplificado.

94
A Portaria n.º 362/2019, de 9 de outubro, procede à atualização dos coeficientes de desvalorização da moeda a aplicar aos
bens e direitos alienados durante o ano de 2019.

274
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Cessando a determinação do rendimento tributável com base na contabilidade no decurso


do período estabelecido de afetação do subsídio à amortização ou depreciação do próprio
investimento financiado, a parte dos subsídios ainda não tributada será imputada, para
efeitos de tributação, ao último exercício de aplicação daquele regime.

Em caso de mudança de regime de determinação do rendimento tributável durante o


período em que o bem seja depreciável, devem considerar-se no cálculo das mais-valias as
quotas praticadas, tendo em conta as correções previstas no n.º 2 do artigo 64.º do Código
do IRC, (sempre que, nas transmissões onerosas de direitos reais sobre bens imóveis o
valor constante do contrato seja inferior ao valor patrimonial tributário definitivo do imóvel, é
este o valor a considerar pelo alienante e adquirente), para determinação do lucro tributável,
relativamente ao período em que o rendimento tributável seja determinado com base na
contabilidade, e as quotas mínimas calculadas de acordo com o previsto no n.º 9 do artigo
31.º, relativamente ao período em que seja aplicado o regime simplificado.
O n.º 9 do artigo 31:º do Código do IRS define que para efeitos do cálculo das mais-valias,
são utilizadas as quotas mínimas de amortização, calculadas sobre o valor definitivo, se
superior, considerado para efeitos de liquidação de imposto municipal sobre as
transmissões onerosas de imóveis.

Dedução de Prejuízos Fiscais

Relativamente a cada titular de rendimentos, existe a possibilidade de dedução de prejuízos


fiscais da categoria B, de um ou mais dos cinco exercícios posteriores a partir do exercício
de 2012, e de um ou mais dos doze exercícios a partir de 2014, e só nos casos de sucessão
por morte pode ser aproveitada pelo sujeito passivo que suceder àquele que suportou o
prejuízo.

275
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS

Período de tributação
em que o prejuízo é Período de dedução Período de tributação limite
apurado (nº de anos) para a dedução de prejuízos
2006 6 2012
2007 6 2013
2008 6 2014
2009 6 2015
2010 6 2016
2011 4 2015
2012 5 2017
2013 5 2018
2014 12 2026
2015 12 2027
2016 12 2028
2017 12 2029
2018 12 2030
2019 12 2031
2020 12 2032

De acordo com o artigo 55.º do Código do IRS o resultado líquido negativo apurado na
categoria B só pode ser reportado, de harmonia com a parte aplicável do artigo 52.º do
Código do IRC, aos doze anos seguintes àquele a que respeita, deduzindo-se aos
resultados líquidos positivos da mesma categoria.

Ao rendimento tributável, determinado no âmbito do regime simplificado, podem ser


deduzidos os prejuízos fiscais apurados em períodos anteriores àquele em que se iniciar a
aplicação do regime.

Quando a determinação do rendimento for efetuada por métodos indiretos nos termos dos
artigos 87.º, 88.º ou 89.º-A da lei geral tributária, não há lugar à dedução do resultado
negativo apurado em qualquer categoria de rendimentos, sem prejuízo da sua dedução nos
anos seguintes, dentro do período legalmente previsto.

276
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Regras de Tributação da Categoria A

Para que o sujeito passivo possa optar pelas regras de tributação da Categoria A, apenas
pode prestar serviços a uma única entidade nos termos do n.º 8 do artigo 28.º do Código do
IRS.

Tratando-se de prestações de serviços efetuadas por um sócio a uma sociedade abrangida


pelo regime de transparência fiscal, não é possível optar pelas regras de tributação da
Categoria A.

A opção pelas regras de tributação da Categoria A é feita anualmente95. Até 31 de


dezembro 2014 a opção era feita para um período de três anos.
O rendimento tributável é determinado como se fosse rendimento de trabalho dependente.

Não há dedução de quaisquer custos em que se tenha incorrido para a obtenção do


rendimento, exceto a dedução específica da categoria A, prevista no artigo 25.º do Código
do IRS.

13.4 Ato Isolado

Consideram-se rendimentos provenientes de atos isolados os que, não resultem de uma


prática previsível ou reiterada96. Um ato isolado traduz-se em uma só operação tributável,
desde que conexa com o exercício da atividade comercial, industrial ou profissional97.

A prática reiterada está relacionada com o caráter de habitualidade com que a atividade é
exercida, encontrando-se fora do conceito de ato isolado a prática reiterada de uma
atividade ainda de caráter ocasional ou esporádico, como um serviço prestado de mês a
mês, de três em três meses, ano a ano ou de dois em dois anos.

O ato isolado tem subjacente a intenção de não continuidade de prestar determinado serviço
ou de vender determinados produtos. Quando determinada pessoa faz um ato de comércio,

95 Artigo 28.º, n.º 8 do Código do IRS, alterado pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro.
96
De acordo com o n.º 3 do artigo 3.º do Código do IRS
97
De acordo com as alíneas i) e h) do n.º2 do artigo 3.º do Código do IRS

277
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

de venda de bens ou presta um serviço ocasional sem intenção de lhe dar continuidade
então esta operação deverá consubstanciar-se num ato isolado.

O ato isolado é considerado em IRS, um rendimento da categoria B – rendimentos


empresariais e profissionais.

Como exemplo de um ato isolado podemos considerar a venda pontual de madeira (arvores
em pé) efetuada por um particular ou uma prestação de serviço ocasional no âmbito de uma
colheita de produtos agrícolas, com utilização dos meios necessários, totalmente da
responsabilidade do prestador de serviços.

Salientamos o facto que o contrato de prestação de serviço é aquele em que uma das
partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou
manual, com ou se retribuição. Desta forma, diferentemente do contrato de trabalho, o
prestador de serviços obriga-se à obtenção de um resultado, que efetiva por si próprio, com
autonomia, sem subordinação à direção ou orientação de outra parte.
Este tipo de contratos, devem ser celebrados por escrito, para que se possa verificar que
são efetivamente contratos de prestação de serviços, uma vez que há a presunção de
contrato de trabalho98 quando existem algumas das seguintes características na relação
entre a pessoa que presta uma atividade e outra ou outras que dela beneficiam:

• A atividade seja realizada em local pertencente ao seu beneficiário ou por ele


determinado;

• Os equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados pertençam ao beneficiário da


atividade;

• O prestador de atividade observe horas de início e de termo da prestação,


determinadas pelo beneficiário da mesma;

• Seja paga, com determinada periodicidade, uma quantia certa ao prestador de


atividade, como contrapartida da mesma;

• O prestador de atividade desempenhe funções de direção ou chefia na estrutura


orgânica da empresa.

No contexto agrícola, a seleção do prestador de serviços deve ser cuidadosa, atendendo


que ultimamente tem sido detetadas, em diversas ações de fiscalização por parte da
Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
(SEF), situações em que o prestador de serviços comete ilícitos de natureza laboral e

98
Artigo 12.º do Código do Trabalho

278
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

eventualmente criminal, relativamente aos trabalhadores ocasionalmente contratados para a


realização do serviço.

Apuramento do rendimento tributável referente ao ato isolado

Os sujeitos passivos que pratiquem atos isolados, estão sempre dispensados de dispor de
contabilidade organizada por referência a esses atos99.

Na determinação do rendimento tributável, referente ao ato isolado:


• Aplicam-se os coeficientes previstos para o regime simplificado, quando o respetivo
rendimento anual ilíquido seja inferior ou igual a €200.000;
• Sendo o rendimento anual ilíquido superior a € 200.000, aplicam-se, com as devidas
adaptações, as regras aplicáveis aos sujeitos passivos com contabilidade
organizada.

Apesar de tributados, os rendimentos relacionados com as atividades agrícolas ficam


dispensados de tributação até determinado montante.

Isto é, são excluídos de tributação os rendimentos resultantes de atividades agrícolas,


silvícolas e pecuárias, quando o valor dos proveitos ou das receitas, em acumulação com o
valor dos rendimentos de outras categorias (rendimentos do trabalho dependente, reforma,
pensões, etc), não exceda por agregado familiar quatro vezes e meia o valor anual do
IAS100 (Indexante de apoios sociais)101.
Isto é, até 2016, o valor de quatro vezes e meia o valor anual do IAS é = (€419,22x12*4,5) =
€22.637,88.
Em 2017, na sequência da alteração do valor do IAS102, o valor de quatro vezes e meia o
valor anual do IAS é €22.751,28.

99
Conforme disposto no n.º 1 do artigo 30.º do Código do IRS, com a redação dada pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro
100
O Indexante dos Apoios Sociais (IAS) é um referencial que fixa as regras da atualização das pensões e de outras
prestações atribuídas pelo sistema de segurança social instituído pela Lei n.º 53-B/2006, de 29 de Dezembro, que veio
substituir a Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG).
A Lei do Orçamento Estado para 2015, n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro, no artigo n.º 117 suspende para o ano de 2015,
regime de atualização do valor do indexante dos apoios sociais, das pensões e outras prestações sociais, mantendo-se em
vigor o valor de €419,22.
101
Conforme n.º 4 do artigo 3 do Código do IRS
102
A Portaria n.º 4/2017, de 3 de janeiro, altera o valor do IAS do ano de 2017 para €421,23.

279
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A Portaria n.º 21/2018, de 18 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2018 do Indexante de
Apoios Sociais para €428,90, passando em 2018 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€428,90x12x4,5) = €23.160,60.
A Portaria n.º 24/2019, de 17 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2019 do Indexante de
Apoios Sociais para €435,76, passando em 2019 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€435,76x12x4,5) = €23.531,04.
A Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro, atualiza o valor para o ano de 2020 do Indexante de
Apoios Sociais para €438,81, passando em 2020 o de quatros vezes e meia o valor anual do
IAS = (€438,81x12x4,5) = €23.695,74.

No entanto, e embora se trata de uma exclusão de tributação e não de uma isenção, os


agricultores que se enquadrem nesta situação têm que declarar o total dos rendimentos,
mesmo os não sujeitos, na declaração modelo 3 do IRS anexo B do IRS.

No âmbito do regime simplificado, a determinação do rendimento tributável obtém-se


através da aplicação, entre outros, dos seguintes coeficientes103:

a) 0,15 às vendas de mercadorias e produtos, bem como às prestações de serviços


efetuadas no âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas;

b) 0,75 aos rendimentos das atividades profissionais104

c) 0,35 aos rendimentos de outras prestações de serviços

e) 0,30 aos subsídios ou subvenções não destinados à exploração;

f) 0,10 aos subsídios destinados à exploração e restantes rendimentos da Categoria B


não expressamente previstos.

Exemplo 1:
Em 2020, qual o rendimento tributável derivado de uma venda ocasional, efetuada por um
particular, de madeira (árvores em pé) no montante de €6.000?

103
Redação dada pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro

104
Especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS

280
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resposta: O apuramento do rendimento tributável é feito de acordo com as regras do


regime simplificado sendo aplicado à venda de produtos o coeficiente de 0,15. Neste caso o
rendimento tributável será de 0,15x€6.000=€900.

Se o agregado familiar tiver rendimentos totais inferiores a €23.695,74, o valor referente à


venda de madeira de €6.000 está excluído da tributação.

Retenção na fonte

Relativamente à retenção na fonte105, sobre os rendimentos dos atos isolados há lugar a


retenção na fonte por aplicação da respetiva taxa desde que se tratem de rendimentos
previstos no artigo 101.º n.º 1 do Código do IRS.

A taxa de retenção na fonte para as prestações de serviços decorrentes de atividades


profissionais, especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código
do IRS, é de 25%.

Tratando-se de rendimentos da categoria B auferidos no exercício, por conta própria, de


qualquer atividade de prestação de serviços, não elencada na tabela a que se refere o artigo
151.º do Código do IRS, a taxa de retenção na fonte é 11,5%.

A taxa de retenção na fonte é aplicada ao rendimento ilíquido sujeito a retenção, antes da


liquidação do IVA a que, sendo caso disso, deva proceder-se, no momento do respetivo
pagamento ou colocação à disposição.

Estão dispensados de retenção na fonte, os rendimentos da categoria B, referentes a


prestação de serviços com um montante anual inferior a €11.000106 em 2020107.

As atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias108 e os subsídios ou subvenções no âmbito


do exercício dessa atividade não estão sujeitos a retenção na fonte

105
Conforme definido no n.º 1 do artigo 101.º do Código do IRS, as entidades que disponham ou devam dispor de
contabilidade organizada são obrigadas a reter o imposto, mediante a aplicação aos rendimentos ilíquidos de que sejam
devedoras
106
Conforme n.º 1 do artigo 101.º-B do Código do IRS
107 A Lei n.º 2/2020, de 31 de março, do Orçamento do Estado para 2020, altera o artigo 53.º do CIVA.
108
Artigo 3.º n.1, alínea a) do Código do IRS

281
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Apresentação da declaração de início de atividade

Não há lugar à entrega da declaração de início de atividade quando se trate de sujeitos


passivos de IVA que pratiquem uma só operação tributável109 (ato isolado), exceto se essa
operação exceder o limite de €25.000110.

Se a operação for superior ou igual a €25.000 o sujeito passivo, deverá entregar, a


declaração de registo/início de atividade, para cumprir as seguintes obrigações111:

• Entregar um mapa recapitulativo com identificação dos sujeitos passivos seus


clientes, donde conste o montante total das operações internas realizadas com cada
um deles no ano anterior, desde que superior a €25.000, o qual é parte integrante da
declaração anual a que se referem os Códigos do IRS e do IRC;
• Entregar um mapa recapitulativo com a identificação dos sujeitos passivos seus
fornecedores, donde conste o montante total das operações internas realizadas com
cada um deles no ano anterior, desde que superior a €25.000, o qual é parte
integrante da declaração anual a que se referem os Códigos do IRS e do IRC.

Declaração de rendimentos

O prazo de entrega das declarações de rendimento, para sujeitos passivos com rendimentos
da categoria B (ato isolado) decorre no período de 1 de abril a 30 de junho112.

Estão dispensados de apresentar a declaração de rendimentos os sujeitos passivos que, no


ano a que o imposto respeita:
• Realizem atos isolados cujo montante anual seja inferior a quatro vezes o valor do
IAS113 (€1.755,24), desde que não aufiram outros rendimentos ou apenas aufiram
rendimentos tributados pelas taxas libratórias (artigo 71.º do Código do IRS).

A dispensa de apresentação de declaração não impede os agricultores de, querendo,


apresentarem declaração de rendimentos nos termos gerais.

109
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA
110
De acordo com o previsto no n.º 3 do artigo 31.º do Código do IVA
111
Previstas nas alíneas e) e f) do n.º 1 do artigo 29.º do Código do IVA.
112 Artigo 60.º do Código do IRS.

282
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As situações de dispensa de declaração previstas não abrangem os sujeitos passivos que:

• Optem pela tributação conjunta;


• Aufiram rendas temporárias e vitalícias;
• Aufiram rendimentos em espécie;
• Aufiram rendimentos de pensões de alimentos de valor superior a € 4.104.

Obrigações acessórias das entidades devedoras de rendimentos de ato isolado –


comunicação de rendimentos e retenções

As entidades devedoras de rendimentos, provenientes de ato isolado, que estejam


obrigadas a efetuar a retenção, total ou parcial, do IRS, são obrigadas114 a entregar à
Autoridade Tributária e Aduaneira uma declaração de modelo oficial, referente aos
rendimentos pagos ou colocados à disposição e respetivas retenções de imposto, até ao dia
10 de fevereiro de cada ano, relativamente aos rendimentos do ano anterior.

As referidas entidades também devem possuir registo atualizado das pessoas credoras
desses rendimentos, ainda que não tenha havido lugar a retenção do imposto, do qual
constem, nomeadamente, o nome, o número fiscal e respetivo código, bem como a data e
valor do pagamento.

13.5 Herança Indivisa

Quando um titular de rendimentos da categoria B, empresário em nome individual, morre e a


atividade empresarial prossegue, estamos em presença de uma Herança Indivisa, devendo
os herdeiros comunicar ao Serviço de Finanças o falecimento, de forma a ser obtido o
respetivo número de identificação fiscal de Herança Indivisa, que continuará a ser tributada
em IRS.

A herança indivisa é regulada pelo Código Civil, não podendo renunciar-se ao direito de
partilha. Contudo, pode convencionar-se não exercer o direito à partilha por certo prazo, que
não exceda 5 anos, nos termos do artigo 2101.º do Código Civil, ou renovar esse prazo uma
ou mais vezes, desde que haja acordo (convenção) entre os herdeiros.

113
Com base no IAS de 2020 de €438,81. Em relação ao ano de 2019 o valor deve ser inferior a €1.743,04.
114
Artigo 119.º do Código do IRS

283
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Atribuição do Número de Identificação Fiscal da Herança Indivisa

Na sequência das alterações ao regime do Registo Nacional de Pessoas Coletivas,


introduzidas pelo artigo 26.º do Decreto-Lei n.º 247-B/2008, de 30 de dezembro o Ficheiro
Central de Pessoas Coletivas (FCPC) deixou de integrar informação relativa às heranças
indivisas, deixando por isso de atribuir o Número de Identificação de Pessoas Coletivas
(NIPC) a estas entidades.

As alterações provocadas pelo diploma mencionado á alínea g) e ao n.º 2 do artigo 4.º do


Decreto-Lei n.º 129/98, de 13 de maio, retiraram ao RNPC a possibilidade de atribuir
Número de Identificação de Pessoas Coletivas às heranças indivisas quando o autor da
sucessão seja empresário individual (única situação em que este NIF era emitido por aquela
entidade).

Desta forma, e na sequência do estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 19/97, de 21 de janeiro e


na Portaria n.º 386/98, de 3 de julho, a atribuição do Número de Identificação Fiscal destas
entidades – iniciado pelos algarismos 70 – passou a ser efetuada oficiosamente pela
Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), em qualquer Serviço de Finanças, sendo aplicável a
todos os tipos de herança indivisa.
Para efeito de atribuição do NIF da herança indivisa, é definido no Oficio Circulado n.º
90.016, de 23/06/2010, da área de Cobrança – Gabinete do Subdiretor Geral, que os
Serviços de Finanças devem aceder na aplicação informática do Sistema de Gestão de
Registo dos Contribuintes (SGRC), à recolha na área de identificação, optando pela vertente
heranças indivisas / Inscrição de Heranças Indivisas, devendo ser preenchidos
obrigatoriamente os seguintes dados:

● Número fiscal do autor da herança (deverá proceder-se à inscrição oficiosa de


Contribuinte Singular, quando este ainda não tiver número fiscal atribuído);
● Número fiscal do Cabeça-de-Casal115;
● Identificação de todos os Herdeiros (incluindo o Cabeça-de-Casal);

115
Nos termos do artigo 2079.º do Código Civil a administração da herança, até à sua liquidação e partilha, pertence ao
cabeça-de-casal. O cargo de cabeça-de-casal defere-se pela ordem seguinte: a) Ao cônjuge sobrevivo, não separado
judicialmente de pessoas e bens, se for herdeiro ou tiver meação nos bens do casal; b) Ao testamenteiro, salvo declaração do
testador em contrário; c) Aos parentes que sejam herdeiros legais; d) Aos herdeiros testamentários.

284
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

● Código do Serviço de Finanças (respeitante ao domicílio do Autor da Herança)

Declarações de Atividade

1.1 Autor da sucessão titular de rendimentos industriais, comerciais ou agrícolas

Sempre que se esteja perante heranças indivisas cujo autor da sucessão desenvolvesse
uma atividade de âmbito comercial, industrial ou agrícola, a alteração a nível cadastral
proceder-se-á através da apresentação de uma declaração de alterações onde se
indicará, para além da mudança de identificação fiscal, o novo tipo de sujeito passivo,
utilizando-se, para o efeito, o campo 18 (herança indivisa) do quadro 05 da declaração
de alterações de atividade.

1.2 Cônjuge sobrevivo com rendimentos industriais, comerciais ou agrícolas

Nas situações em que não é o autor da sucessão que desenvolve a atividade comercial,
industrial ou agrícola, mas sim o conjugue sobrevivo, e de forma a que este possa continuar
o desenvolvimento dessa atividade, deve proceder-se da seguinte forma:

1. Cessação de atividade do cônjuge sobrevivo;


2. Início de Atividade da herança indivisa;
3. Cessação da herança indivisa assim que ocorra a partilha;
4. Eventual reinício de atividade pelo cônjuge sobrevivo.

De notar que, nos casos em que o regime de casamento seja o de separação de bens, uma
vez que o património não faz parte da herança indivisa, não haverá lugar à cessação de
atividade do empresário.
No quadro seguinte, poder-se-ão observar as obrigações declarativas das heranças
indivisas:

285
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Fonte: Manual de Operações “Início de Atividade”, Autoridade Tributária e Aduaneira, Direção de Serviços de
Registo de Contribuintes – DSRC, setembro 2012

No caso da herança indivisa, em que a atividade empresarial ou profissional era exercida


em nome do falecido, não há lugar à apresentação da declaração de cessação de atividade

286
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

e consequente início de atividade por parte dos herdeiros, devendo tão só ser solicitado, em
qualquer Serviço de Finanças, o número de identificação fiscal para a herança indivisa e ser
apresentada uma declaração de alterações com o novo número de identificação iniciado por
70.

Logo que ocorra a partilha, deve ser apresentada declaração de cessação para a herança
indivisa.

Entrega da declaração anual de rendimentos

No âmbito de uma herança indivisa, compete ao cabeça-de-casal ou administrador,


enquanto a herança indivisa se mantiver, apurar o resultado de cada exercício,
preenchendo, junto com a sua declaração de rendimentos modelo 3, o Anexo B ou C
(consoante a herança indivisa se encontre enquadrada no regime simplificado ou no regime
de tributação com base na contabilidade), assinalando que se está perante herança indivisa
e efetuar a respetiva imputação por cada um dos contitulares, na proporção das suas quotas
na herança, através do preenchimento do Anexo I. Por sua vez, cada um dos herdeiros,
incluído o cônjuge sobrevivo, apresenta um anexo D com a sua parte no rendimento
apurado na atividade empresarial da herança indivisa.

Nos termos do artigo 19.º do Código do IRS, os rendimentos que pertençam em comum a
várias pessoas são imputados a estas na proporção das respetivas quotas, que se
presumem iguais quando indeterminadas.

Os rendimentos da herança indivisa são tributados na esfera de cada um dos herdeiros na


proporção da sua quota-parte na herança.

No ano em que o óbito ocorreu só constituem rendimentos da herança indivisa os


correspondentes ao período decorrido entre o dia seguinte ao óbito e o final do ano.

Tratando-se de rendimentos da categoria B da herança indivisa, cada contitular englobará a


parte do lucro tributável que lhe couber, na proporção das respetivas quotas hereditárias,
observando-se os seguintes procedimentos:

● Incumbe ao cabeça de casal da herança indivisa apresentar na sua declaração de


rendimentos a totalidade dos elementos contabilísticos exigidos para determinação do

287
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

rendimento líquido da categoria B, nela identificando os restantes contitulares e a parte que


lhes couber (n.º 3, artigo 57.º do Código do IRS);
Este procedimento é efetuado mediante apresentação de anexos próprios, em função de o
estabelecimento estar no regime simplificado (Anexo B) ou no regime com base na
contabilidade (Anexo C), que evidenciará os elementos necessários para a determinação do
rendimento líquido, e do Anexo I, onde serão identificados todos os contitulares e será feita
a imputação não apenas do rendimento, mas também dos montantes dedutíveis
(nomeadamente por retenções na fonte) a que tenham direito;

● O englobamento efetua-se mediante a apresentação do anexo respetivo (Anexo D), em


conjunto com a declaração modelo 3 do cabeça-de-casal e de cada um dos herdeiros. Cada
contitular declarará também a sua quota-parte nas retenções na fonte de imposto
eventualmente feitas à herança indivisa.

Outros rendimentos

Tratando-se de rendimentos gerados por herança indivisa integráveis noutras categorias,


designadamente rendimentos prediais (categoria F), de capitais (categoria E) ou mais-valias
(categoria G), cada contitular declarará a sua quota-parte nos rendimentos líquidos e
deduções, incluindo as que respeitem a retenções de imposto, a que haja lugar, sem
necessidade de o cabeça de casal ou administrador contitular declarar a respetiva
totalidade. Estes rendimentos não devem constar do anexo D nem do anexo I, mas sim dos
anexos respetivos a apresentar por cada um dos herdeiros.

A tributação dos rendimentos decorrentes de uma herança indivisa não depende da sua
efetiva distribuição aos contitulares (herdeiros). Se o rendimento em causa foi gerado em
determinado ano, deve ser incluído na declaração de rendimentos respeitante a esse
mesmo ano.

288
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

13.6 Obrigações Declarativas e de Registo

Declaração de Rendimentos

Os sujeitos passivos de IRS devem apresentar, anualmente, uma declaração de modelo


oficial116, relativa aos rendimentos do ano anterior e a outros elementos informativos
relevantes para a sua concreta situação tributária, nomeadamente para os efeitos do artigo
89.º-A117 da lei geral tributária, devendo ser-lhe juntos, fazendo dela parte integrante os
anexos e outros documentos que para o efeito sejam mencionados no referido modelo.

Os anexos B e C do Modelo 3 de IRS são os modelos onde se declaram os rendimentos da


Categoria B. O anexo C destina-se à contabilidade organizada, o anexo B destina-se ao
regime simplificado.

Tributação de casados e de unidos de facto118

Na tributação separada cada um dos cônjuges ou dos unidos de facto, caso não esteja de
tal dispensado, apresenta uma declaração da qual constam os rendimentos de que é titular
e 50% dos rendimentos dos dependentes que integram o agregado.

Na tributação conjunta:

• Os cônjuges ou os unidos de facto apresentam uma declaração da qual consta a


totalidade dos rendimentos obtidos por todos os membros que integram o agregado
familiar;

• Ambos os cônjuges ou unidos de facto devem exercer a opção na declaração de


rendimentos;

• A opção só é válida apenas para o ano em questão;

116 Artigo 57.º do Código do IRS


117 Manifestações de fortuna e outros acréscimos patrimoniais não justificados
118 Artigo 59.º do Código do IRS. Redação dada pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro que entrou em vigor no dia 1 de
janeiro de 2015.

289
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Prazo de entrega da declaração de rendimentos:

A declaração de rendimentos é entregue entre o dia 1 abril e 30 de junho,


ndependentemente de este dia ser útil ou não útil.

A declaração de rendimentos é ainda apresentada nos 30 dias imediatos à ocorrência de


qualquer facto que determine alteração dos rendimentos já declarados ou implique,
relativamente a anos anteriores obrigação de os declarar, salvo se outro prazo estiver
previsto neste Código.

Nas situações em que o sujeito passivo aufira rendimentos de fonte estrangeira


relativamente aos quais tenha direito a crédito de imposto por dupla tributação internacional,
cujo montante não esteja determinado no Estado da fonte até ao termo do prazo normal
previsto para entrega da declaração de rendimentos, o prazo é prorrogado até ao dia 31 de
dezembro desse ano. O sujeito passivo deve comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira
que cumpre essas condições, devendo indicar a natureza dos rendimentos e o respetivo
Estado da fonte, dentro dos prazos normais previstos para entrega de declaração de
rendimentos.

Durante o mês de janeiro do ano seguinte àquele em que se tiver tornado definitivo o valor
patrimonial dos imóveis alienados, no âmbito da categoria B, quando superior ao
anteriormente declarado (n.º 2 do artigo 31.º-A do Código do IRS), nos anexos B ou C.

QUEM ESTÁ DISPENSADO DE APRESENTAR A DECLARAÇÃO

Estão dispensados de apresentar a declaração de rendimentos, modelo 3, os sujeitos


passivos que, no ano a que o imposto respeita, apenas tenham auferido, isolada ou
cumulativamente:

• Rendimentos tributados pelas taxas liberatórias, e não optem, quando legalmente


permitido, pelo seu englobamento;

• Rendimentos de trabalho dependente ou pensões, desde que o montante total


desses rendimentos seja igual ou inferior a € 8.500 e não tenham sido sujeitos a
retenção na fonte, exceto se auferirem rendimentos de pensões de alimentos a que
se refere o n.º 9 do artigo 72.º do Código do IRS, de valor superior a € 4.104.

290
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Estão igualmente dispensados de apresentar a declaração de rendimentos os sujeitos


passivos que, no ano a que o imposto respeita:

• Aufiram subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) de


montante anual inferior a quatro vezes o valor do IAS, desde que simultaneamente
apenas aufiram outros rendimentos tributados pelas taxas liberatórias (artigo 71.º do
Código do IRS) e, bem assim, rendimentos do trabalho dependente ou pensões cujo
montante não exceda, isolada ou cumulativamente, € 4.104;

• Realizem atos isolados cujo montante anual seja inferior a quatro vezes o valor do
IAS, desde que não aufiram outros rendimentos ou apenas aufiram rendimentos
tributados pelas taxas libratórias (artigo 71.º do Código do IRS).

As situações de dispensa de declaração previstas não abrangem os sujeitos passivos que:

a) Optem pela tributação conjunta;

b) Aufiram rendas temporárias e vitalícias que não se destinam ao pagamento de


pensões enquadráveis nas alíneas a), b) ou c) do n.º 1 do artigo 11.º do Código do
IRS;

c) Aufiram rendimentos em espécie;

d) Aufiram rendimentos de pensões de alimentos a que se refere o n.º 9 do artigo 72.º


do Código do IRS de valor superior a € 4.104.

A dispensa de apresentação de declaração não impede os sujeitos passivos de, querendo,


apresentarem declaração de rendimentos nos termos gerais.

Nos casos em que os sujeitos passivos optem pela não entrega da declaração por reunirem
as condições de dispensa previstas, a Autoridade Tributária e Aduaneira certifica, a pedido
do sujeito passivo, sem qualquer encargo para este, o montante e a natureza dos
rendimentos que lhe foram comunicados em cada ano, bem como o valor do imposto
suportado relativamente aos mesmos.

Declaração de Informação Contabilística e Fiscal - IES

Os sujeitos passivos de IRS devem entregar anualmente uma declaração de informação


contabilística e fiscal, de modelo oficial (IES - Informação Empresarial Simplificada), relativa
ao ano anterior, quando possuam ou sejam obrigados a possuir contabilidade organizada ou

291
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

quando estejam obrigados à apresentação de qualquer dos anexos que dela fazem parte
integrante. A declaração deve ser enviada, por transmissão eletrónica de dados, até 15 de
Julho, independentemente de esse dia ser útil ou não.
Excecionalmente em 2020, devido ao COVID-19, o prazo para entrega da IES referente ao
ano de 2019, foi prolongado até 7 de agosto de 2020119.

Emissão de Recibos e Faturas

Os titulares dos rendimentos da categoria B são obrigados:

a) A passar fatura, recibo ou fatura-recibo, em modelo oficial, de todas as importâncias


recebidas dos seus clientes, pelas transmissões de bens ou prestações de serviços
referidas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 3.º do Código do IRS, ainda que a título de
provisão, adiantamento ou reembolso de despesas, bem como dos rendimentos indicados
na alínea c) do n.º 1 do mesmo artigo;120 ou

b) A emitir fatura nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do Código do IVA por cada
transmissão de bens, prestação de serviços ou outras operações efetuadas e a emitir
documento de quitação de todas as importâncias recebidas.

As pessoas que paguem rendimentos empresariais e profissionais no âmbito da categoria B,


são obrigadas a exigir os respetivos recibos ou faturas.

Registos121

Os titulares dos rendimentos da categoria B, que não possuam contabilidade organizada,


são obrigados a:

• Efetuar os registos a que se referem as alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 50.º122 do


Código do IVA, com a salvaguarda:

119 Despacho 153/2020.XXII, do SEAF, de 24 de abril de 2020.


120 Alínea a), n.º 1 do artigo 115.º do Código do IRS, alterado pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro
121 Artigo 116.º do Código do IRS, alterado pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro

122
a) Livro de registo de compras de mercadorias e ou livro de registo de matérias-primas e de consumo; b) Livro de

registo de vendas de mercadorias e ou livro de registo de produtos fabricados; c) Livro de registo de serviços prestados;

292
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

o Os lançamentos devem ser efetuados no prazo máximo de 60 dias;


o As importâncias recebidas a título de provisão ou a qualquer outro título
destinadas a custear despesas da responsabilidade dos clientes devem ser
registadas em conta corrente;
o Os lançamentos devem ser sempre suportados por documentos
comprovativos.

• Registar em separado as importâncias respeitantes a reembolsos de despesas


efetuadas em nome e por conta do cliente, as quais, quando devidamente
documentadas, não influenciam a determinação do rendimento.

Os titulares dos rendimentos de Atos Isolados estão dispensados do cumprimento das


obrigações de registo atrás referidas.

Os sujeitos passivos que exerçam atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias devem ainda:

• Registar o movimento de produtos, gado e materiais; e

• Registar imobilizações.

Os registos dos agricultores podem ser substituídos pelos livros e demais elementos de
escrita exigidos pelo sistema adotado na Rede de Informação de Contabilidades Agrícolas
(RICA) ou pelas listagens do Sistema Gestagro, independentemente de os sujeitos passivos
estarem integrados na referida rede.

Os titulares de rendimentos da categoria B que, não sendo obrigados a dispor de


contabilidade organizada, possuam, no entanto, um sistema de contabilidade que satisfaça
os requisitos adequados ao correto apuramento e fiscalização do imposto podem não
efetuar os registos referidos.

Os titulares de rendimentos da categoria B que não estejam abrangidos pelo regime


simplificado de tributação são obrigados a dispor de contabilidade organizada, nos termos
da lei comercial e fiscal, que permita o controlo do rendimento apurado. (Como previsto no
artigo 123.º do Código do IRC).

293
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Declaração de início, alterações e cessação de atividade

• O artigo 112.º do Código do IRS estipula que antes de iniciar alguma atividade
suscetível de produzir rendimentos da categoria B, deve o sujeito passivo apresentar
a respetiva declaração de início de atividade num serviço de finanças, em impresso
de modelo oficial.
• Declaração de alterações - sempre que se verifiquem alterações de qualquer dos
elementos constantes da declaração de início de atividade, o sujeito passivo deve
entregar, no prazo de 15 dias a contar da alteração, a declaração de alterações, se
outro prazo específico não for previsto.
• No caso de cessação de atividade, deve o sujeito passivo, entregar a declaração no
prazo de 30 dias a contar da data da cessação.

Quando o serviço de finanças recetor disponha dos meios informáticos adequados, as


declarações de início, alterações ou cessação de atividade podem ser substituídas pela
declaração verbal, efetuada pelo sujeito passivo, de todos os elementos necessários ao
registo e início de atividade, à alteração de dados constantes daquele registo e à cessação
de atividade, sendo estes imediatamente introduzidos no sistema informático e confirmados
pelo declarante, após a sua impressão em documento tipificado. O documento tipificado nas
condições substitui, para todos os efeitos legais, as declarações de modelo oficial.
O documento comprovativo do início de atividade, das alterações ou da cessação é o
documento tipificado, consoante os casos, processado após a confirmação dos dados do
declarante, autenticado com a assinatura do funcionário recetor e com aposição de vinheta
do técnico oficial de contas que assume a responsabilidade fiscal do sujeito passivo a que
respeitam as declarações, quando seja adotada contabilidade organizada.
As declarações de início, alterações ou cessação de atividade podem ser enviadas por
transmissão eletrónica de dados.

Estão dispensados de apresentação da declaração de início de atividade os sujeitos


passivos que apenas aufiram, na categoria B, subsídios ou subvenções no âmbito da PAC
de montante anual inferior a quatro vezes o valor do IAS (€1.755,24).123

123 N.º 8 do artigo 112.º do Código do IRS, aditado pela Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro. Em vigor a partir de 1 de
janeiro de 2015.

294
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Centralização, arquivo e esquituração

Sem prejuízo das obrigações previstas no Código do IRS, os sujeitos passivos titulares de
rendimentos da categoria B estão sujeitos às obrigações de faturação, de emissão de recibo
e de arquivo nos termos previstos no Código do IVA e no Decreto-Lei n.º 28/2019, de 15 de
fevereiro.

Os sujeitos passivos são obrigados a arquivar e conservar em boa ordem todos os livros,
registos e respetivos documentos de suporte por um prazo de 10 anos, se outro prazo não
resultar de disposição especial, sem prejuízo do disposto em seguida.

Sempre que os sujeitos passivos exerçam direito cujo prazo é superior ao referido
anteriormente, a obrigação de arquivo e conservação de todos os livros, registos e
respetivos documentos de suporte mantém-se até ao termo do prazo de caducidade relativo
à liquidação dos impostos correspondentes.

Quando a contabilidade ou a faturação for estabelecida por meios informáticos, deve ser
assegurado quanto aos respetivos registos o seguinte:

a) O seu armazenamento seguro durante o período legalmente estabelecido, através


de:

i) Preservação em condições de acessibilidade e legibilidade que permitam a sua


utilização sem restrições, a todo o tempo;

ii) Existência de controlos de integridade, impedindo a sua alteração, destruição ou


inutilização;

iii) Abrangência dos dados que sejam necessários à completa e exaustiva


reconstituição e verificação da fundamentação de todas as operações
fiscalmente relevantes;

b) A sua acessibilidade e legibilidade pela AT da informação, através da disponibilidade


de:
i) Funções ou programas para acesso controlado aos dados, independentemente
dos sistemas informáticos e respetivas versões em uso no momento do
processamento;
ii) Funções ou programas permitindo a exportação de cópias exatas para suportes
ou equipamentos correntes no mercado;
iii) Documentação, apresentada sob forma legível, que permita a sua interpretação.

295
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A obrigação de conservação é extensiva à documentação relativa à análise, programação e


execução dos tratamentos informáticos, e às cópias de segurança dos dados de suporte aos
programas de faturação e contabilidade.

Os sujeitos passivos com sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional


são obrigados a manter as faturas emitidas e recebidas, os livros, registos e demais
documentos referidos no artigo anterior, abrangendo igualmente as operações realizadas no
estrangeiro:

a) Quando se apresentem em formato papel, em estabelecimento ou instalação


situado em território nacional;

b) Quando se apresentem em suporte eletrónico, incluindo o arquivamento das cópias


de segurança da informação processada, em qualquer Estado membro.

Os sujeitos passivos que pretendam proceder ao arquivamento das faturas e outros


documentos fiscalmente relevantes, emitidos e recebidos por via eletrónica, fora do território
da União Europeia devem solicitar autorização prévia à AT.

Quanto aos sujeitos passivos sem sede ou domicílio em território nacional, mas que aí
disponham de estabelecimento estável, a centralização do arquivo abrange apenas as
operações que lhe sejam imputadas, devendo, no caso de existir mais do que um
estabelecimento estável, abranger as operações imputáveis a todos.

Os sujeitos passivos que não disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em


território nacional que pretendam manter o arquivo das faturas emitidas e recebidas, dos
livros, registos e demais documentos, fora do território da União Europeia, devem solicitar
autorização prévia à AT.

Os sujeitos passivos devem indicar, na declaração de início de atividade referida no artigo


31.º do Código do IVA ou, quando for o caso, na declaração a que se refere o artigo 32.º do
mesmo Código, o estabelecimento ou instalação em que seja feita a centralização do
arquivo mencionada na alínea a) do n.º 1 e no n.º 3, bem como a localização do arquivo em
suporte eletrónico.

296
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

13.7 Taxas de tributação autónoma

Taxas de tributação autónoma – artigo 73.º do Código do IRS


Taxa aplicável 2014 Taxa aplicável 2018 a 2020

Despesas Contabilidade Regime Contabilidade Regime


Organizada Simplificado Organizada Simplificado

50% 50% 50% 50%


Despesas não documentadas
Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas hibridas
plug-in, cujo valor de aquisição seja inferior a 5%
€20.000

Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas hibridas


plug-in, cujo valor de aquisição seja igual ou 10%
superior a €20.000

Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas movidas


a gases petróleo liquefeito (GPL) ou gás natural 7,5%
veicular (GNV), cujo valor de aquisição seja inferior
a €20.000
Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas movidas
a gases petróleo liquefeito (GPL) ou gás natural
15%
veicular (GNV), cujo valor de aquisição seja igual
ou superior a €20.000
Encargos relacionados com viaturas ligeiras de
passageiros e mistas, motos e motociclos, cujo
valor de aquisição seja inferior a €20.000, 10% 10%
excluindo os veículos movidos exclusivamente a
energia eléctrica
Encargos relacionados com viaturas ligeiras de
passageiros e mistas, motos ou motociclos, cujo
custo de aquisição seja igual ou suferior a €20.000, 20% 20%
excluindo os veículos movidos exclusivamente a
energia eléctrica

Encargos dedutíveis relativos a despesas de 10% 10%


representação
Despesas pagas a entidades submetidas a um
regime fiscal mais favorável, não sendo possível 35% 35% 35% 35%
provar os encargos

5% 5%
Encargos dedutíveis relativos a ajudas de custo
Encargos dedutíveis relativos à compensação pela
5% 5%
deslocação em viatura própria

Excluem-se os encargos relacionados com viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, motos


e motociclos, afetos à exploração do serviço público de transportes, destinados a serem
alugados no exercício da atividade normal do sujeito passivo, bem como as reintegrações

297
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

relacionadas com as viaturas relativamente às quais tenha sido celebrado o acordo previsto
no n.º 9) da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º do Código do IRS124.

Consideram-se despesas de representação, nomeadamente, os encargos suportados com


receções, refeições, viagens, passeios e espetáculos oferecidos no país ou no estrangeiro a
clientes ou a fornecedores ou ainda a quaisquer outras pessoas ou entidades.
Consideram-se encargos relacionados com viaturas ligeiras de passageiros, motos e
motociclos, nomeadamente, as reintegrações, rendas ou alugueres, seguros, despesas com
manutenção e conservação, combustíveis e impostos incidentes sobre a sua posse ou
utilização.

Excluem-se da tributação autónoma os encargos dedutíveis relativos a despesas com


ajudas de custo e com compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao
serviço da entidade patronal, faturadas a clientes, escrituradas a qualquer título, e na parte
em que haja lugar a tributação em sede de IRS na esfera do respetivo beneficiário.

Nas situações de contitularidade de rendimentos abrangidas pelo artigo 19.º do Código do


IRS125, o imposto apurado relativamente às despesas que, nos termos dos números
anteriores, estão sujeitas a tributação autónoma é imputado a cada um dos contitulares na
proporção das respetivas quotas.

13.8 Comunicação da atribuição de subsídios

De acordo com o artigo 121.º do Código do IRS, aditado pela Lei do Orçamento de Estado
para 2012 (Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro), as entidades que paguem subsídios ou
subvenções não reembolsáveis126 no âmbito do exercício de uma atividade abrangida pela
categoria B devem entregar à Autoridade Tributária, até ao final do mês de fevereiro de cada
ano, uma declaração de modelo oficial, referente aos rendimentos atribuídos no ano
anterior.

124 Consideram-se rendimentos de trabalho dependente os resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador ou membro de
órgão social de viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal, quando exista acordo escrito entre o
trabalhador ou membro do órgão social e a entidade patronal sobre a imputação àquele da referida viatura automóvel.
125 Os rendimentos que pertençam em comum a várias pessoas são imputados a estas na proporção das respetivas quotas,
que se presumem iguais quando indeterminadas.
126
Nomeadamente o IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, IP

298
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A Portaria n.º 416/2012, de 17 de Dezembro, aprovou o modelo n.º 42 e as respetivas


instruções de preenchimento, a utilizar pelas entidades a que se referem o artigo 121.º do
Código do IRS e o n.º 2 do artigo 127.º do Código do IRC, com a redação que lhe foi dada
pela Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro.

A referida declaração é apresentada por transmissão eletrónica de dados, no site da


Autoridade Tributária e Aduaneira. Para além dos dados gerais da entidade que apresenta a
declaração, deve-se indicar o NIF das pessoas singulares ou coletivas beneficiárias dos
subsídios ou subvenções, respetivos valores e natureza.

13.9 Casos práticos no âmbito do Regime Simplificado

• Caso 1

Questão:

Um jovem agricultor127, que recentemente fez o inicio de atividade na AT com o regime simplificado
de tributação de rendimentos, efetuou um Pedido de Apoio à ação n.º 3.1 “Jovens agricultores”,
integrada na medida n.º3, “Valorização da produção agrícola”, da área 2 “Competitividade e
organização da produção” do PDR 2020128 com vista ao recebimento do prémio de primeira
instalação, visto que reunia as condições de elegibilidade definidas na Portaria nº 31/2015, de 12 de
fevereiro.

A candidatura foi a provada em N+1 com um plano de investimento de €60.000,00 e o jovem


agricultor aceitou a concessão do apoio em N+1, tendo recebido 75% do valor aprovado de
€15.000,00 também em N+1.
Em N+2 o jovem agricultor fez a adesão a uma organização de produtores, tendo recebido o valor de
€5.000,00 do IFAP.
No ano N+3 o jovem agricultor apresentou ao IFAP129 o último pedido de pagamento acompanhado
dos comprovativos das despesas de investimento efetivamente realizadas e pagas, tendo conseguido
concretizar a totalidade do investimento previsto de €60.000,00. No ano N+3 o jovem agricultor
recebeu o valor remanescente do prémio. O jovem agricultor cumpriu com todas as restantes
obrigações previstas no projeto.

127 “Jovem agricultor”, o agricultor que, à data de apresentação de candidatura, tenha idade compreendida entre os 18 e os 40
anos, inclusive, e se instale pela primeira vez numa exploração agrícola.
128 Programa de Desenvolvimento Rural do Continente.
129 Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P. (IFAP, I.P.)

299
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Qual é o valor do prémio de primeira instalação do jovem agricultor a considerar como rendimento
tributável nos vários anos?

Resolução:

Anos Montante aprovado Montante recebido


N+1 15.000,00 € 11.250,00 €
N+2 5.000,00 € 5.000,00 €
N+3 3.750,00 €
Total 20.000,00 € 20.000,00 €

No regime simplificado de IRS, na determinação do rendimento tributável dos rendimentos referentes


aos subsídios ou subvenções não destinados à exploração, nomeadamente os subsídios ao
investimento e o prémio de instalação dos jovens agricultores, serão considerados, depois de
aplicado o coeficiente de 0,30, em frações iguais, durante cinco exercícios, sendo o primeiro o do
recebimento do subsídio.
Valor do prémio de primeira instalação do jovem agricultor a considerar como rendimento tributável:

Montante Aplicação do
Rendimento tributável por ano
Anos recebido coeficiente 0,30

N+1 11.250,00 € 3.375,00 € 1/5 valor recebido 675,00 €


1/5 valor recebido
5.000,00 € 1.500,00 € 975,00 €
N+2 (n+1)+(n+2)
1/5 valor recebido
3.750,00 € 1.125,00 € 1.200,00 €
N+3 (n+1)+(n+2)+(n+3)
1/5 valor recebido
1.200,00 €
N+4 (n+1)+(n+2)+(n+3)
1/5 valor recebido
1.200,00 €
N+5 (n+1)+(n+2)+(n+3)
1/5 valor recebido
525,00 €
N+6 (n+2)+(n+3)
1/5 valor recebido
225,00 €
N+7 (n+3)
Total 20.000,00 € 6.000,00 € 6.000,00 €

300
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Caso 2

O Senhor Manuel Ferreira, sujeito passivo de IRS com o regime simplificado de tributação
de rendimentos, produtor agrícola com um olival de 25,59 hectares, recebeu durante o ano
de 2020, os seguintes rendimentos:

Valores recebidos
Descrição
2020

Vendas produtos 25.883,61 €


Subsídios RPB 16.383,87 €
Subsídio Investimento 45.000,00 €

Total 87.267,48 €

Qual é o rendimento tributável do Senhor Manuel Ferreira, referente ao ano de 2020?

No regime simplificado, para determinação do rendimento tributável, aplica-se o coeficiente


de 0,15 caso se trate de vendas de produtos e 0,10 subsídios destinados à exploração e o
coeficiente de 0,30 aos subsídios ao investimento. O rendimento coletável é objeto de
englobamento e tributado nos termos gerais previstos no Código do IRS.
Os subsídios ou subvenções não destinados à exploração serão considerados, depois de
aplicado o coeficiente de 0,30, em frações iguais, durante cinco exercícios, sendo o primeiro
o do recebimento do subsídio.

Assim temos:
Valores recebidos Rendimento a Rendimento
Descrição
2020 considerar tributável

Vendas produtos 25.883,61 € 25.883,61 € 3.882,54 €


Subsídios RPB 16.383,87 € 16.383,87 € 1.638,39 €
Subsídio
45.000,00 € 9.000,00 € 2.700,00 €
Investimento
Total 87.267,48 € 51.267,48 € 8.220,93 €

O rendimento tributável do Senhor Manuel Ferreira, referente ao ano de 2020 é €8.220,93.

301
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

14 IRC – Regime Simplificado de Determinação da Matéria Coletável

A Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, de reforma do IRC reintroduz130 o regime simplificado de


determinação da matéria coletável, com aplicação a partir de 1 de Janeiro de 2014131.

A adoção do regime simplificado tem carácter optativo: não basta achar-se assegurada a
verificação dos requisitos de acesso ao regime simplificado, sendo exigida uma opção
expressa nesse sentido. Essa opção formaliza-se na declaração de início de atividade ou na
declaração de alterações de atividade, até ao fim do 2.º mês do período de tributação em
que se pretenda iniciar a aplicação do regime. Se o período de tributação corresponder ao
ano civil será até final de Fevereiro.

No exercício do início de atividade, o enquadramento no regime simplificado faz-se em


função do valor anualizado dos rendimentos estimado, constante da declaração de início de
atividade.

A opção pelo regime simplificado de determinação da matéria coletável que não descura a
obrigação da empresa ter contabilidade organizada nos termos do normativo contabilístico
aplicável, é possível para os sujeitos passivos residentes não isentos nem sujeitos a um
regime especial de tributação, que exerçam a título principal uma atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola, que verifiquem, cumulativamente, as seguintes
condições:

a) Total de rendimentos anuais brutos não superiores a €200.000, no período de tributação


anterior;

b) Ativo não superior a €500.000, no período de tributação anterior;

c) Não estejam legalmente obrigados à revisão legal de contas;

d) O respetivo capital não seja detido em mais de 20%, direta ou indiretamente, por
entidades que não preencham alguma das condições descritas, salvo se se tratar de
sociedades de capital de risco ou de investidores de capital de risco;

e) Adoção do regime de normalização contabilística para microentidades;

130 Tivemos um Regime Simplificado criado pela Lei n.º 30-G/2000, de 29 de Dezembro, e “suspenso” através da Lei n.º 64-
A/2008, de 31 de Dezembro (OE2009). Apesar de algumas semelhanças, existem diferencias significativas entre os dois
regimes simplificados.
131
Artigos 86.ºA e 86.ºB do Código do IRC.

302
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

f) Não tenham renunciado à aplicação do regime nos três anos anteriores, com referência à
data em que se inicia a aplicação do regime. Existe um tempo mínimo de permanência no
regime geral no caso de a empresa optar por abandonar o regime simplificado.

O regime simplificado de determinação da matéria coletável cessa quando deixem de se


verificar os respetivos requisitos ou o sujeito passivo renuncie à sua aplicação.

O regime simplificado de determinação da matéria coletável cessa ainda quando o sujeito


passivo não cumpra as obrigações de emissão e comunicação das faturas previstas,
respetivamente, no Código do IVA e no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, de
24 de agosto, sem prejuízo das demais sanções aplicáveis.

Os efeitos da cessação ou da renúncia do regime simplificado de determinação da matéria


coletável reportam-se ao 1.º dia do período de tributação em que:

a) Deixe de se verificar algum dos requisitos referidos para estar no regime


simplificado ou se verifique a causa de cessação por não cumprimento das
obrigações previstas;

b) Seja comunicada a renúncia à aplicação do regime simplificado de determinação da


matéria coletável.

303
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A determinação da matéria coletável, para efeitos de aplicação da taxa de IRC, é efetuada


através da aplicação dos seguintes coeficientes:
Rendimentos Coeficiente

Vendas de mercadorias e produtos 0,04


Prestação de Serviços atividades hoteleiras e similares, restauração e
0,04
bebidas

Prestação de Serviços das atividades profissionais especificamente


0,75
previstas na tabela a que se refere art.151.º CIRS
Restantes prestações serviços 0,10
Subsídios à exploração 0,10
Subsídios ao investimento 0,30
Subsídios não destinados à exploração 0,30
Subsídios não destinados à exploração - Prémio instalação jovens
0,30
agricultores
Provenientes de contratos que tenham por objeto a cessão ou
utilização temporária da propriedade intelectual ou industrial ou a
0,95
prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida
no sector industrial, comercial ou científico,
Outros rendimentos de capitais 0,95
Resultado positivo de rendimentos prediais 0,95
Saldo positivo das mais e menos-valias 0,95
Restantes incrementos patrimoniais 0,95
Rendimentos de exploração de estabelecimento local na modalidade
0,50
de moradia ou apartamento, localizados em área de contenção
Rendimentos de exploração de estabelecimento local na modalidade
0,35
de moradia ou apartamento, não localizados em área de contenção
Valor de aquisição dos incrementos patrimoniais obtidos a título
1,00
gratuito

O resultado positivo de rendimentos prediais obtém-se deduzindo ao montante dos


rendimentos prediais ilíquidos, até à sua concorrência, as despesas de manutenção e de
conservação dos imóveis que os geraram, o imposto municipal sobre imóveis, o imposto do
selo que incide sobre o valor dos prédios ou parte de prédios, os prémios dos seguros
obrigatórios e as respetivas taxas municipais132.

132 Redação Lei n.º 82.ºC/2014, de 31 de dezembro.

304
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A matéria coletável será apurada pela aplicação de coeficientes, com redução nos dois
primeiros anos de início de atividade, 50% no primeiro e 25% no segundo ano, aos
seguintes rendimentos:
Coeficiente
Rendimentos Base 1-º ano 2-º ano

Vendas de mercadorias e produtos 0,04 0,02 0,03


Prestação de Serviços atividades hoteleiras e
similares, restauração e bebidas 0,04 0,02 0,03
Restantes prestações serviços 0,10 0,05 0,075
Subsídios à exploração 0,10 0,05 0,075

Relativamente a subsídios ao investimento relacionados com ativos não correntes


depreciáveis ou amortizáveis, são considerados, depois da aplicação do coeficiente de
0,30, pelo montante que proporcionalmente corresponder à quota mínima de depreciação ou
amortização.

Exemplo: trator adquirido por €30.000, financiado em 40%. Se a empresa estiver no regime
simplificado, o efeito anual na matéria coletável será:

40% x € 30.000 x 0,30 x 8,33% = €299,88

Quando os subsídios ao investimento respeitem a ativos intangíveis sem vida útil definida,
são considerados, depois da aplicação do coeficiente de 0,30, repartidos por 20 anos.

Quando os subsídios ao investimento respeitem a ativos fixos não depreciáveis, como por
exemplo terrenos, são considerados, depois da aplicação do coeficiente de 0,30, repartidos
por 10 anos.

Quando o sujeito passivo tenha beneficiado da aplicação do regime previsto no artigo 48.º133
do Código do IRC, não sendo concretizado o reinvestimento até ao fim do 2.º período de
tributação seguinte ao da realização, acresce à matéria coletável desse período de
tributação a diferença ou a parte proporcional da diferença prevista nos n.ºs 1 e 4 do artigo
48.º do Código do IRC, não incluída no lucro tributável majorada em 15%.

133 Reinvestimento dos valores de realização

305
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No âmbito de aplicação do regime simplificado de determinação da matéria coletável não é


possível deduzir eventuais valores que existem referentes ao pagamento especial por conta,
nem os benefícios fiscais.

As taxas de tributação em IRC aplicáveis ao regime simplificado são as mesmas que


vigoram para o regime geral.

O regime simplificado tem tributações autónomas134 mais reduzidas, mas mantem-se a


tributação autónoma nas despesas mais correntes nomeadamente a nível das despesas
com viaturas:

134
Artigo 88.º do Código do IRC

306
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Taxas aplicáveis
Regime simplificado determinação lucro tributável Taxa aplicável 2014 Taxa aplicável 2020

c/lucro c/prejuízo fiscal c/lucro c/prejuízo fiscal


Despesas
Tributável (**) Tributável (**)

Despesas não documentadas 50% n.a 50% n.a

Despesas com viaturas ligeiras de passageiros híbridas plug-in 5% n.a


cujo custo de aquisição seja inferior a €25.000
Despesas com viaturas ligeiras de passageiros híbridas plug-in,
cujo custo de aquisição seja igual ou suferior a €25.000, e inferior 10% n.a
a €35,000

Despesa com viaturas ligeiras de passageiros híbridas plug-in, 17,5% n.a


cujo custo de aquisição seja igual ou suferior a €35.000

Despesas com viaturas ligeiras de passageiros movidas GNV, 7,5% n.a


cujo custo de aquisição seja inferior a €25.000

Despesas com viaturas ligeiras de passageiros movidas a GNV,


cujo custo de aquisição seja igual ou suferior a €25.000, e inferior 15% n.a
a €35,000

Despesa com viaturas ligeiras de passageiros movidas a GNV, 27,5% n.a


cujo custo de aquisição seja igual ou suferior a €35.000

Despesas com viaturas ligeiras de passageiros (*), cujo custo de


10% n.a 10% n.a
aquisição seja inferior a €27.500, excluindo os veículos movidos
exclusivamente a energia eléctrica

Despesas com viaturas ligeiras de passageiros (*),, cujo custo de 27,5% n.a 27,5% n.a
aquisição seja igual ou suferior a €27.500, e inferior a €35,000,
excluindo os veículos movidos exclusivamente a energia eléctrica

Despesa com viaturas ligeiras de passageiros (*), cujo custo de


35% n.a 35% n.a
aquisição seja igual ou suferior a €35.000,excluindo os veículos
movidos exclusivamente a energia eléctrica
Encargos dedutíveis relativos a despesas de representação n.a n.a 10% n.a

Despesas pagas a pessoas singulares ou colectivas residentes


fora do território nacional e aí submetidas a um regime fiscal 35% n.a 35% n.a
claramente mais favorável

Despesas relativas a ajudas de custo n.a n.a 5% n.a

Despesas relativas à compensação pela deslocação em viatura n.a n.a 5% n.a


própria

n.a n.a 25% n.a


Lucros distribuídos a sujeitos passivos que beneficiam de isenção

Indemnizações ou outras compensações pagas a órgãos de n.a n.a 35% n.a


gestão

Bónus e outras remunerações variáveis pagas aos orgâos de n.a n,a 35% n.a
gestão superiores a 25% da remuneração anual e a €27.500

(*) São tributados autonomamente os encargos efetuados ou suportados por sujeitos


passivos que não beneficiem de isenções subjetivas e que exerçam, a título principal,
atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, relacionados com viaturas ligeiras de
passageiros, viaturas ligeiras de mercadorias referidas na alínea b) do n.º 1 do artigo 7.º do

307
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Código do Imposto sobre Veículos, motos ou motociclos, excluindo os veículos movidos


exclusivamente a energia elétrica135.
(**) Regime simplificado – Não existe prejuízo fiscal

Consideram-se encargos com as viaturas ligeiras de passageiros, nomeadamente,


depreciações, rendas ou alugueres, seguros, manutenção e conservação, combustíveis e
impostos. A designação “nomeadamente” significa que podem ser incluídos todos os outros
encargos com estas viaturas, como portagens, estacionamento, juros (de leasing) e
encargos com honorários e despesas de tribunal diretamente relacionadas com viaturas
ligeiras de passageiros e ainda outros encargos não previstos como os referentes a
infrações.

Os encargos suportados provenientes de contratos de rent-a-car estão sujeitos a tributação


autónoma à taxa de 10%, uma vez que não se trata de aquisição nem de situação
assimilável a aquisição.

15 Incentivos fiscais à atividade silvícola

O artigo 59.º-D, do Estatuto dos Benefícios Fiscais aditado pela Lei n.º 82-D/2014136, da
Reforma da Fiscalidade Verde, de 31 de dezembro, introduziu benefícios fiscais à atividade
silvícola.

Benefícios a nível do IRS

Para efeitos de determinação da taxa de IRS a aplicar a rendimentos da categoria B


decorrentes de explorações silvícolas plurianuais, o respetivo valor é dividido:

a) Por 12, para os rendimentos que sejam determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado, incluindo o ato isolado;

b) Pela soma do número de anos ou fração a que respeitem os gastos imputados ao


respetivo lucro tributável, nos termos do n.º 7 do artigo 18.137º do Código do IRC,

135
Redação dada pela Lei n.º 82-C/2014, de 31 de dezembro.
136
Procede à alteração das normas fiscais ambientais nos sectores da energia e emissões, transportes, água, resíduos,
ordenamento do território, florestas e biodiversidade, introduzindo ainda um regime de tributação dos sacos de plástico e um
regime de incentivo ao abate de veículos em fim de vida, no quadro de uma reforma da fiscalidade ambiental.
137
Os gastos das explorações silvícolas plurianuais podem ser imputados ao lucro tributável tendo em consideração o ciclo de
produção, caso em que a quota-parte desses gastos, equivalente à percentagem que a extração efetuada no período de
tributação represente na produção total do mesmo produto, e ainda não considerada em período de tributação anterior, é
atualizada pela aplicação dos coeficientes constantes da portaria a que se refere o artigo 47.º do Código do IRC que atualiza

308
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

para os rendimentos que sejam determinados com base na contabilidade, incluindo


o ato isolado.

Exemplo 1 – Regime Simplificado

A Sra. Olinda Cruz, sujeito passivo de IRS com o regime simplificado de tributação dos
rendimentos, no âmbito da categoria B, silvicultora, recebeu no ano 2019 o valor de
€160.000,00 referente à venda de cortiça. Qual é o rendimento tributável e a respetiva taxa
de IRS aplicável no ano 2019, da Sra. Olinda Cruz?

Valor recebido Rendimento


Descrição Taxa IRS Valor IRS
em 2019 Tributável
Venda cortiça 160.000,00 € 24.000,00 € 14,5% 3.480,00 €
Rendimento Tributável /12 2.000,00 €
Taxa c/ beneficio fiscal 14,5% 3.480,00 €
Taxa s/beneficio fiscal 35,0% 5.891,89 €
(*) Taxa 35% parcela a abater €2.508,11

O rendimento tributável da Senhora Olinda Cruz, referente ao ano de 2019 é


€24.000,00 por aplicação do coeficiente de 0,15, de acordo com o artigo 31.º do
Código do IRS e a taxa de IRS aplicável é 14,5% porque para efeitos de
determinação da taxa o rendimento é €2.000,00.

os coeficientes de desvalorização da moeda. A Portaria n.º 362/2019, de 9 de outubro, atualiza os coeficientes de


desvalorização da moeda a aplicar aos bens e direitos alienados durante o ano de 2019.

309
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Exemplo 2 – Contabilidade Organizada

O Sr. Pedro de Carvalho, sujeito passivo de IRS com o regime de contabilidade organizada
de tributação dos rendimentos, no âmbito da categoria B, silvicultor, vendeu no ano de 2019,
12.000 arrobas de cortiça ao valor por arroba de €22,00.

Os gastos relacionados com a exploração e extração da cortiça, num ciclo produtivo de 9


anos, são os seguintes:

Coeficiente Gastos
Anos Gastos de correção corrigidos pelo
monetária coeficiente (**)

1 ano 2011 10.000,00 € 1,06 10.600,00 €


2 ano 2012 12.500,00 € 1,03 12.875,00 €
3 ano 2013 12.500,00 € 1,03 12.875,00 €
4 ano 2014 12.000,00 € 1,03 12.360,00 €
5 ano 2015 13.000,00 € 1,03 13.390,00 €
6 ano 2016 12.000,00 € 1,02 12.240,00 €
7 ano 2017 14.000,00 € 1,01 14.140,00 €
8 ano 2018 12.000,00 € 1,00 12.000,00 €
Venda 2019 30.000,00 € 1,00 30.000,00 €
TOTAL 128.000,00 € 130.480,00 €
Diferença (gasto fiscal) 2.480,00 €
(**) Artigo 18.º do CIRC e artigo 34.º do CIRS

Nota: É usada como base de referência a Portaria n.º 362/2019, de 9 de outubro.

Qual é a estimativa de lucro tributável e a respetiva taxa de IRS aplicável no ano de 2019,
ao Sr. Pedro de Carvalho?

Rendimentos Arroba Taxa Valor


Venda 12.000 arrobas cortiça 22,00 € 264.000,00 €
Gastos - 128.000,00 €
Resultado Liquido Período 136.000,00 €
Atualização encargos plurianuais
(artigo 34.º CIRS) - 2.480,00 €
Lucro tributável 133.520,00 €
Lucro tributável /9 14.835,56 €
Taxa IRS c/ benefício fiscal 28,5% 36.861,97 €
Taxa IRS s/ benefício fiscal 48,0% 55.713,52 €
(*) 28,5% parcela a abater: €1.191,23
(*) 48% parcela a abater: €8.376,08

No ano de 2019, o Sr. Pedro de Carvalho tem um lucro tributável estimado de €133.520,00 e
a taxa de IRS de 28,5%.

310
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Benefícios a nível do Imposto Municipal sobre transmissões onerosas de


imóveis e de imposto de selo

• Zona de Intervenção Florestal (ZIF)

Ficam isentas de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis (IMT) e de


imposto do selo138, as aquisições onerosas de prédios ou parte de prédios rústicos que
correspondam a áreas florestais abrangidas por zona de intervenção florestal (ZIF)139, ou de
prédios contíguos aos mesmos, na condição de estes últimos serem abrangidos por uma
ZIF num período de três anos contados a partir da data de aquisição.

As isenções de IMT e imposto de selo são reconhecidas pelo chefe do serviço de finanças
da situação dos prédios, mediante requerimento apresentado pelos sujeitos passivos, nesse
serviço de finanças, acompanhado de documento comprovativo da inclusão do prédio na
ZIF ou de que o prédio é contíguo a prédio abrangido por ZIF, a apresentar, em qualquer
caso, antes do ato ou contrato que originou a transmissão.

O pedido de reconhecimento apresentado no serviço de finanças deve conter a identificação


e descrição dos prédios, o fim a que se destinam, bem como cópia da decisão de criação ou
de alteração da ZIF e da relação dos proprietários e produtores florestais aderentes.

A aquisição relativa aos prédios contíguos a prédios abrangidos por ZIF, deixa de beneficiar
da isenção quando, após o período de três anos do pedido de reconhecimento ao serviço de
finanças, tal prédio não esteja abrangido por ZIF.
Zona de intervenção florestal (ZIF) é uma área territorial contínua e delimitada, constituída
maioritariamente por espaços florestais, submetida a um plano de gestão florestal e a um
plano específico de intervenção florestal e administrada por uma única entidade.

Um dos principais objetivos da política florestal nacional assenta na dinamização da gestão


florestal privada e na sua associação para uma gestão comum. Neste contexto, assumem
particular relevância as zonas de intervenção florestal (ZIF), instrumento de política florestal

138 Verba 1.1 da tabela geral do imposto do selo - Aquisição onerosa ou por doação do direito de propriedade ou de figuras
parcelares desse direito sobre imóveis, bem como a resolução, invalidade ou extinção, por mútuo consenso, dos respetivos
contratos - sobre o valor aplica-se a taxa de 0,8%.
139 Zona de intervenção florestal (ZIF) os termos do disposto no Decreto-Lei n.º 127/2005, de 5 de agosto, alterado pelos
Decretos-Leis n.ºs 15/2009, de 14 de janeiro, 2/2011, de 6 de janeiro, e 27/2014, de 18 de fevereiro. O Decreto-Lei n.º 67/2017,
de 12 de junho, procede à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 127/2005, de 5 de agosto, alterado e republicado pelo Decreto-
Lei n.º 27/2014, de 18 de fevereiro, que estabelece o regime de criação das zonas de intervenção florestal (ZIF), bem como os
princípios reguladores do seu funcionamento e extinção.

311
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

que visa garantir uma gestão eficiente dos espaços florestais à escala da paisagem e uma
aplicação coerente dos apoios públicos ao desenvolvimento florestal.

Resumo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) da


situação das ZIF no final junho de 2019

• Prédios rústicos submetidos a Plano de Gestão Florestal (PGF)

Ficam isentas de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis (IMT) e de


imposto do selo, as aquisições onerosas de prédios ou parte de prédios rústicos destinados
à exploração florestal que sejam confinantes com prédios rústicos submetidos a plano de
gestão florestal elaborado, aprovado e executado140, desde que o adquirente seja
proprietário do prédio rústico confinante.

O plano de gestão florestal (PGF) é um instrumento de administração de espaços florestais


que, de acordo com as orientações definidas no plano regional de ordenamento florestal
(PROF), determina, no espaço e no tempo, as intervenções de natureza cultural e de
exploração dos recursos, visando a produção sustentada dos bens e serviços por eles
proporcionado e tendo em conta as atividades e os usos dos espaços envolventes. As
opções de natureza económica contidas no PGF são determinadas livremente pelos titulares
das áreas abrangidas. No período de 2009 a 2014 foram aprovados pelo ICNF mais de
2.500 PGF correspondendo a mais de 1,2 milhões de hectares141.

140 Nos termos do Decreto-Lei n.º 16/2009, de 14 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis n.ºs 114/2010, de 22 de outubro, e
27/2014, de 18 de fevereiro.
141 Resolução do Conselho de Ministros n.º 6-B/2015, DR I.ª série, N.º 24, de 4 fevereiro 2015.

312
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As isenções de IMT e imposto de selo são reconhecidas pelo chefe do serviço de finanças
da situação dos prédios, mediante requerimento apresentado pelos sujeitos passivos, nesse
serviço de finanças, acompanhado do documento comprovativo da aprovação do plano de
gestão florestal e da situação de contiguidade do prédio, nas situações de prédios rústicos
submetidos a plano de gestão florestal elaborado, aprovado e executado, a apresentar, em
qualquer caso, antes do ato ou contrato que originou a transmissão.

Benefícios a nível do Imposto Municipal sobre Imóveis

• Zona de Intervenção Florestal (ZIF)

Ficam isentos de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) os prédios rústicos que
correspondam a áreas florestais aderentes a ZIF142.

A isenção de IMI inicia-se no ano, inclusive, em que o prédio seja abrangido por zona de
intervenção florestal (ZIF).

A isenção de IMI é reconhecida pelo chefe do serviço de finanças da situação do prédio, em


requerimento devidamente documentado, que deve ser apresentado pelos sujeitos passivos
no serviço de finanças da área do prédio, no prazo de 60 dias contados da verificação do
facto determinante da isenção.

Se o pedido de reconhecimento da isenção de IMI for apresentado para além do prazo de


60 dias contados da verificação do facto determinante da isenção, a respetiva isenção inicia-
se a partir do ano imediato, inclusive, ao da sua apresentação.

A isenção de IMI cessa quando o prédio deixe de estar abrangido por zona de intervenção
florestal.

142 Nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 127/2005, de 5 de agosto, alterado pelos Decretos-Leis n.ºs 15/2009, de 14 de
janeiro, 2/2011, de 6 de janeiro, e 27/2014, de 18 de fevereiro.

313
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Prédios rústicos submetidos a Plano de Gestão Florestal (PGF)

Ficam isentos de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) os prédios rústicos destinados à
exploração florestal submetidos a plano de gestão florestal elaborado, aprovado e
executado143.

A isenção de IMI inicia-se a partir do ano em que o prédio seja submetido a plano de gestão
florestal144.

A isenção de IMI é reconhecida pelo chefe do serviço de finanças da situação do prédio, em


requerimento devidamente documentado, que deve ser apresentado pelos sujeitos passivos
no serviço de finanças da área do prédio, no prazo de 60 dias contados da verificação do
facto determinante da isenção.

Se o pedido de reconhecimento da isenção de IMI for apresentado para além do prazo de


60 dias contados da verificação do facto determinante da isenção, a respetiva isenção inicia-
se a partir do ano imediato, inclusive, ao da sua apresentação.

A isenção de IMI cessa com o termo da vigência do plano de gestão florestal.

Benefícios a nível do IRC e IRS

Para efeitos de determinação do lucro tributável dos sujeitos passivos de IRC e dos sujeitos
passivos de IRS com contabilidade organizada que exerçam diretamente uma atividade
económica de natureza silvícola ou florestal, as contribuições financeiras dos proprietários e
produtores florestais aderentes a uma zona de intervenção floresta (ZIF)l, destinadas ao
fundo comum constituído pela respetiva entidade gestora nos termos do artigo 18.º do

143 Nos termos do Decreto-Lei n.º 16/2009, de 14 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis n.ºs 114/2010, de 22 de outubro, e
27/2014, de 18 de fevereiro.

144
Elaborado, aprovado e executado nos termos do Decreto-Lei n.º 16/2009, de 14 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis
n.ºs 114/2010, de 22 de outubro, e 27/2014, de 18 de fevereiro, consoante aplicável.

314
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Decreto-Lei n.º 127/2005, de 5 de agosto,145 são consideradas em 140% do respetivo


montante, contabilizado como gasto do exercício.

O montante máximo da majoração prevista não pode exceder o equivalente a 8/1000 do


volume de negócios referente ao exercício em que são realizadas as contribuições.

A majoração prevista em 140% do gasto do exercício é também aplicável aos sujeitos


passivos de IRS e IRC com o regime simplificado, sendo aplicável uma dedução ao
rendimento tributável ou à matéria coletável, obtidos após a plicação dos coeficientes, e até
ao limite previsto de 8/1000 do volume de negócios.

A majoração é aplicável aos sujeitos de IRS e de IRC que preencham, cumulativamente, as


seguintes condições:

a) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos;

b) A respetiva produção silvícola ou florestal esteja submetida a um plano de gestão


florestal146.

“É reconhecido que a existência de uma estrutura fundiária muito fragmentada, em parcelas


de dimensão reduzida, o êxodo rural e o consequente abandono das terras têm constituído
um forte entrave ao progresso sustentado do meio rural e um obstáculo ao desenvolvimento
socioeconómico e ao reforço da competitividade do setor florestal. A pequena dimensão da
propriedade e a sua dispersão dificultam a aplicação de regras mínimas de gestão e
prevenção de riscos abióticos, com consequências na deterioração dos recursos, na
ocorrência mais fácil do fogo e na redução das receitas dos produtores. Em face das
reduzidas dimensões associadas à generalidade dos prédios rústicos, com particular
incidência nas regiões norte e centro, a obtenção de áreas mínimas de gestão está muito
dependente das atitudes e formas de estar dos proprietários que as detém e implica
forçosamente figuras de agrupamento que poderão assumir diferenças quanto à sua
intensidade e forma.

145 Alterado pelos Decretos-Leis n.ºs 15/2009, de 14 de janeiro, 2/2011, de 6 de janeiro, e 27/2014, de 18 de fevereiro. Fundo
comum – as entidades gestoras das ZIF podem constituir um fundo comum destinado a financiar ações geradoras de
benefícios comuns e de apoio aos proprietários e outros produtores florestais aderentes. Constituem receitas do fundo comum,
nomeadamente, as contribuições financeiras dos proprietários e produtores florestais aderentes, bem como os prémios,
incentivos e outras receitas que lhes sejam atribuídos nos termos da lei e das condições

146
Elaborado, aprovado e executado nos termos do Decreto-Lei n.º 16/2009, de 14 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis
n.ºs 114/2010, de 22 de outubro, e 27/2014, de 18 de fevereiro.

315
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

É neste contexto que surgem as ZIF, que têm como objetivos fundamentais a promoção da
gestão sustentável dos espaços florestais que as integram, a coordenação, de forma
planeada, da proteção de espaços florestais e naturais, a redução das condições de ignição
e de propagação de incêndio, a recuperação destes espaços. Assim, é estimulada a criação
de dimensão, possibilitando ganhos de eficiência no ordenamento, gestão e prevenção de
riscos nas propriedades florestais.

O facto de a ZIF resultar da iniciativa de um conjunto de proprietários ou de organismos


gestores (núcleo fundador) que subscrevem a sua constituição e, depois de constituída,
passar a ter uma “entidade gestora”, que pode ser uma organização de produtores florestais
ou uma empresa, permite obter uma gestão mais coerente do território nas áreas de
minifúndio, com base num plano específico de intervenção florestal (PEIF), para a defesa
contra agentes bióticos e abióticos e num plano de gestão florestal (PGF).”

Resolução do Conselho de Ministros n.º 6-B/2015, DR I.ª série, N.º 24, de 4


fevereiro 2015.

Foi disponibilizada no Portal das Finanças, a Circular n.º 11/2015, da Autoridade Tributária e
Aduaneira (Gabinete do Diretor Geral), com data de 6 de outubro, que define os
procedimentos conducentes ao reconhecimento da isenção do Imposto Municipal sobre
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), do Imposto de Selo (IS) e do Imposto Municipal
sobre Imóveis (IMI), dos prédios rústicos aderentes a Zonas de Intervenção Florestal (ZIF)
ou submetidos a Plano de Gestão Florestal (PGF), nos termos do artigo 59.º D do Estatuto
dos Benefícios Fiscais, aditado pela Lei n.º 82-D/2014, de 31 de dezembro (Reforma da
Fiscalidade Verde).

316
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

16 O enquadramento das atividades agrícolas em IVA

16.1 IVA - Enquadramento das atividades agrícolas

Em termos de Imposto sobre o valor acrescentado (IVA), a atividade agrícola tem


características próprias que determinam o enquadramento da tributação e que é necessário
abordar.

Lembramos que o IVA é um imposto de base comunitária que tem sido ao longo dos tempos
regulado por várias diretivas do Conselho da União Europeia, pelo que se aplica em todos
os estados membros de forma semelhante. É um imposto que incide sobre a despesa ou
consumo e tributa o "valor acrescentado" das transações efetuadas pelos contribuintes.

As disposições relativas ao sistema comum do IVA da União Europeia são atualmente


reguladas pela Diretiva IVA (Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de Novembro de
2006).

Breve abordagem histórica ao regime do IVA aplicado em Portugal às atividades agricolas

A sexta diretiva do IVA do Conselho, de 17 de Maio 1977 (atualmente revogada e


substituída pela Diretiva IVA), foi a Diretiva que mais tempo teve de aplicação nos estados
membros. Esta Diretiva, no artigo 25.º previa um regime comum forfetário para produtores
agrícolas sempre que a aplicação do regime normal do IVA ou do regime especial (na
legislação nacional regime especial de isenção previsto no artigo 53.º do Código do IVA)
encontrar dificuldades de forma a compensar a carga do IVA paga pelos agricultores
abrangidos relativamente às aquisições de bens e serviços.

Na atual Diretiva IVA, o regime comum forfetário dos produtores agrícolas encontra-se
previsto nos artigos 295.º a 305.º da Diretiva 2006/112/CE do Conselho de 28 de Novembro
de 2006, encontrando-se revogada a Sexta Diretiva.

317
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Portugal até 2015 nunca transpôs para o direito interno o regime forfetário dos produtores
agrícolas.

Na sequência do Tratado de Adesão de Portugal em 1985, Portugal entendeu que não


estavam criadas a nível interno as condições que permitissem a correta aplicação do regime
comum forfetário previsto na Diretiva, tendo ficado acordado com as autoridades
comunitárias que Portugal aplicaria uma isenção completa (taxa zero) a um conjunto de
fatores de produção agrícola e a um conjunto de bens alimentares de primeira necessidade,
sendo esta taxa zero complementada com as isenções que vieram a ficar consignadas no
artigo 9.º do Código do IVA, conseguindo assim isolar o setor agrícola por forma a que não
viesse a ser afetado significativamente pelo sistema de tributação em IVA (Acórdão do
Tribunal Central Administrativo Sul, Processo 3905/00 de 19/03/02). Esta opção vigorou até
31 de Janeiro de 2012, tendo vindo a ser revogada a isenção prevista no n.º 33 do art. 9.º
com a lei de orçamento do Estado para 2013 (artigo 198.º da Lei n.º 66-B/2012, de 31 de
dezembro).

Esta alteração que originou a revogação do n.º 33 do art. 9.º (onde se encontrava prevista a
isenção para as atividades agrícolas), teve como origem o Acórdão do Tribunal de Justiça
(Quarta Secção) de 8 de março de 2012 no âmbito do processo C-524/10 que tem por
objeto uma ação por incumprimento de Portugal nos termos do artigo n.º 258.º TFUE,
entrada em 11 de novembro de 2010, a pedido da Comissão Europeia. No referido Acórdão
o Tribunal de Justiça declara-se que “ao aplicar aos produtores agrícolas um regime
especial que não respeita o regime instituído pela Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28
de Novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado e
prever a aplicação de uma percentagem forfetária de compensação de nível zero, a
República Portuguesa não cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força dos artigos
296.º a 298.º da referida diretiva”.

Esta alteração estabeleceu novas regras para os contribuintes que, até 31 de dezembro de
2012, estavam dispensados da obrigação da liquidação do IVA nas transmissões de bens e
prestações de serviços no âmbito das atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias.

Para além desta alteração significativa que entrou em vigor em 1 de janeiro de 2013,
também o orçamento do Estado para 2015 (aprovado pela Lei n.º 82-B/2014 de 31 de
Dezembro) introduziu finalmente no código do IVA o regime forfetário dos produtores
agrícolas.

318
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Estas duas alterações introduzem mudanças significativas em termos de IVA na atividade


agrícola, vejamos então o enquadramento atual para efeito de IVA das atividade agrícolas:

➢ Alterações introduzidas em 1 de Janeiro de 2013 e formalismos e obrigações dos


agricultores

Com a revogação do n.º 33 do artigo 9.º, os agricultores que à data de 31 de dezembro de


2012 se encontravam abrangidos pelo regime de isenção previsto no n.º 33 do artigo 9.º do
Código do IVA, e que, durante aquele ano civil, realizaram um volume de negócios superior
a €10.000 ou que não reúnam as demais condições para o respetivo enquadramento no
regime especial de isenção previsto no artigo 53.º do Código do IVA, deviam apresentar a
declaração de alterações prevista no artigo 32.º do Código do IVA, durante o primeiro
trimestre de 2013 e ficavam submetidos ao regime geral de tributação do IVA a partir
de 1 de abril de 2013. Este prazo foi várias vezes prorrogado até 30 de abril de 2014.
(Despacho n.º 4/2014-XIX do SEAF)

As transmissões de bens e as prestações de serviços no âmbito das atividades de produção


agrícola, exercidas de um modo independente e com carácter de habitualidade, configuram
uma atividade económica no campo de incidência subjetiva do imposto, abrangida pela
alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, pelo que os agricultores que se encontrem
nestas condições devem apresentar a declaração de início de atividade prevista no artigo
31.º do Código do IVA.

O Ofício Circulado n.º 30.143/2003 de 13/03/2013, da Direção de Serviços do IVA, clarifica


de forma objetiva a obrigação de apresentação da declaração pelos sujeitos passivos de
reduzida dimensão económica, cuja atividade não se encontrava anteriormente declarada
para efeitos de IVA. Existe a obrigação, com efeitos a 1 de abril de 2013, de apresentação
da declaração de início de atividade ou, sendo o caso, da declaração de alterações, para
todos os sujeitos passivos que realizem transmissões de bens ou prestações de serviços no
âmbito das atividades de produção ou exploração agrícola, silvícola ou pecuária,
independentemente da sua dimensão económica, ainda que se trate de operações com
carácter acessório com recurso à sua própria mão-de-obra e equipamentos, que não se
encontrem ainda registados para efeitos de IVA ou que não tenham esta atividade declarada
nos elementos constantes da sua declaração de início de atividade. Este prazo foi

319
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

prorrogado quatro vezes, pelo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, até 30 de abril de
2014

16.2 Regime Especial de Isenção do artigo 53.º do Código do IVA

Apesar da revogação do n.º 33 do artigo 9.º, os pequenos agricultores, podem ainda


beneficiar da isenção do artigo 53.º do Código do IVA.

Este regime de isenção aplica-se apenas aos sujeitos passivos que:

• Não tenham nem sejam obrigados a ter contabilidade organizada para efeitos do
IRS;
• Não pratiquem importações, exportações ou atividades conexas com alguma destas
operações;
• Não exerçam atividades que consistam em transmissões de bens ou prestações de
serviços do setor de desperdícios, resíduos e sucatas recicláveis, mencionados
no anexo E do Código do IVA;
• Não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios superior a
€12.500147. Em relação ao ano de 2020 o volume de negócios não pode ser superior
a €11.000148.

Podem, ainda, beneficiar do regime de isenção os retalhistas com um volume de negócios


superior a €10.000 mas inferior a €12.500, que, se fossem tributados, preencheriam as
condições de inclusão no regime dos pequenos retalhistas.

O conceito de volume de negócios está definido no artigo 42.º do Código do IVA, sendo
constituído pelo valor, com exclusão do imposto, das transmissões de bens e prestações de
serviços efetuadas pelo sujeito passivo. Os subsídios ou subvenções não fazem parte do
volume de negócios.

Esta isenção do artigo 53.º é uma isenção simples ou incompleta, caracterizada pela não
liquidação do imposto a jusante, mas também pela não dedução do IVA suportando nas
aquisições de bens e serviços a montante.

147
A Lei do OE2020 alterou o limite de €10.000 para €12.500.
148
O montante a que se refere o n.º 1 do artigo 53.º do Código do IVA, na redação dada pela presente lei, é de 11.000 € em
2020. (n.º 2 do artigo 337.º da lei n.º 2/2020, de 31 de março)

320
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os sujeitos passivos que iniciem a sua atividade devem declarar, na respetiva declaração de
início de atividade, a previsão do volume de negócios relativo ao ano civil corrente, a qual,
depois de confirmada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), é tida em consideração
no enquadramento desse mesmo ano.

No entanto, quando o período em referência for inferior ao ano civil, deve converter-se o
volume de negócios relativo a esse período num volume de negócios anual correspondente.

O Ofício-Circulado n.º30219, de 02/04/2020, da AT, clarifica as alterações mais significativas


em matéria de IVA, na sequência da publicação da Lei n.º 2/2020, de 31 de março, do
OE2020.
Em relação à alteração do n.º 1 do artigo 53.º do Código do IVA, que altera o limiar limiar de
isenção do imposto de €10.000 pra €12.500 é referido o seguinte:
“Considerando que por força do disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 58.ºdo Código do
IVA, a alteração de enquadramento dos sujeitos passivos que em 2019 ultrapassaram o
limiar previsto no artigo 53.º ocorreu durante o mês de janeiro de 2020 e que a Lei do
OE2020 só veio a entrar em vigor no dia 1 de abril, não prevendo um dispositivo que afaste
ou substitua os efeitos daquele prazo neste ano, a norma prevista no n.º 2 do artigo 337.º da
Lei do OE2020 não tem aplicação práticaa esses sujeitos passivos.
Com efeito, os sujeitos passivos que em 2019 obtiveram um volume de negócios superior a
€10.000, procederam, ou deveriam ter procedido, à necessária alteração do enquadramento
para o regime normal em janeiro, face às disposições legais em vigor à altura, encontrando-
se a liquidar IVA nas operações ativas que lhes confere o direito à dedução do imposto
suportado nas operações passivas, que realizam desde 1 de fevereiro.
Assim, são válidos os enquadramentos no regime normal do imposto decorrentes da
obrigação de apresentação de uma declaração de alterações durante o mês de janeiro de
2020 pelos sujeitos passivos que em 2019 se encontravam enquadrados no regime especial
de isenção previsto no artigo 53.º e obtiveram um volume de negócios superior a €10.000.
Afigura-se, também, que aos sujeitos passivos que tenham iniciado a sua atividade entre 1
de janeiro e 31 de março de 2020 e que, nos termos do n.º 3 do artigo 53.º tenham estimado
um volume de negócios superior a € 10.000, ficando enquadrados no regime normal de
tributação, não é possível a aplicação da norma prevista no n.º 2 do artigo 337.º da Lei do
OE2020, uma vez que, à data da sua entrada em vigor, realizam já operações ativas
tributadas, conferindo o direito à dedução do imposto suportado nas suas operações
passivas.

321
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Deve, assim, concluir-se que o montante de €11.000 previsto no n.º 2 do artigo 337.º da Lei
do OE2020 se aplica apenas aos sujeitos passivos que iniciem a sua atividade a partir de 1
de abril de 2020, observando o disposto no n.º 3 do artigo 53.º do Código do IVA.
O limiar de €12.500 será aplicável no ano de 2021, com referência ao volume de negócios
atingido em 2020.”

O sujeito passivo no regime especial de isenção de IVA do artigo 53.º tem a


obrigatoriedade de emitir fatura, fatura simplificada ou fatura–recibo com a menção
“IVA – regime de isenção”.

Passagem de um regime de tributação ao regime especial de isenção e vice-


versa

O artigo 54.º do Código IVA determina que, uma vez verificados os condicionalismos
previstos no artigo 53.º do Código do IVA para poder beneficiar da isenção do IVA, se os
sujeitos passivos não isentos pretenderem a aplicação do regime especial nele
estabelecido, devem apresentar uma declaração de alterações. Esta declaração só pode ser
apresentada durante o mês de janeiro do ano seguinte àquele em que se verifiquem os
pressupostos estabelecidos no artigo 53.º e produz efeitos a partir de 1 de janeiro do ano da
sua apresentação.

Por outro lado, o artigo 58.º do Código do IVA determina que os sujeitos passivos
enquadrados no regime especial de isenção estabelecido no artigo 53.º do Código do IVA,
quando deixem de reunir as condições para aplicação do citado regime, estão obrigados a
apresentar uma declaração de alterações de atividade no prazo de 15 dias, tendo em vista o
enquadramento no regime de tributação.

Quando a obrigação da entrega da declaração de alterações de atividade se deve a ter sido


atingido um volume de negócios superior ao limite previsto para aquela isenção, de €10.000
no ano 2019, de €11.000 no ano de 2020, de €12.500 no ano de 2021, a declaração é
apresentada durante o mês de janeiro do ano seguinte àquele em que o volume de negócios
auferido ultrapassou esse limite, resultando desta alteração, o enquadramento do sujeito
passivo no regime de tributação em 1 de fevereiro desse mesmo ano (n.º 5 do artigo 58.º do
Código do IVA).

322
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reinício após a cessação da atividade

O artigo 53.º do Código do IVA exige a verificação cumulativa dos requisitos nele previstos,
para que os sujeitos passivos possam beneficiar da isenção aí consagrada.

Contudo, o n.º 2 do artigo 56.º do Código impõe duas limitações à aplicação do regime
especial de isenção, quando os sujeitos passivos reiniciem a atividade após cessação, não
obstante preencherem as condições exigidas nesta norma legal. Não podem beneficiar do
regime de isenção:

“Nos 12 meses seguintes ao da cessação, os sujeitos passivos que, estando enquadrados


num regime de tributação à data de cessação de atividade, reiniciem essa ou outra
atividade;

No ano seguinte ao da cessação, os sujeitos passivos que reiniciem essa ou outra atividade
e que, se não tivessem declarado a cessação, seriam enquadrados, por força da alínea a)
do n.º 2 do artigo 58.º, no regime normal."

16.3 Regime Forfetário

O Orçamento do Estado para 2015 (Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro) aditou ao Código
do IVA o “Regime forfetário dos produtores agrícolas” e os anexos F e G.
Este regime que se encontra previsto nos artigos 59.º-A a 59.º-E, tem como objetivo
compensar os pequenos produtores agrícolas inseridos no regime de isenção de IVA
previsto no artigo 53.º, que, por serem isentos de IVA, não podem deduzir os montantes de
IVA pagos aos seus fornecedores. Aderindo a este regime, os produtores agrícolas isentos
de IVA podem obter uma compensação forfetária calculada a partir da aplicação de uma
percentagem de 6% sobre o total das vendas e serviços agrícolas por si efetuados em cada
ano a outros sujeitos passivos de IVA (empresas, cooperativas, outros produtores,
comerciantes e prestadores de serviços em geral).

Quem pode beneficiar do regime:

Os produtores agrícolas enquadrados no regime de isenção do IVA (artigo 53.º do Código


do IVA) ou que reúnam as condições para beneficiarem daquele regime, designadamente,
que não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios149 (vendas e

149
O valor das ajudas da PAC (subsídios) não faz parte do volume de negócios.

323
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

prestação de serviços) superior a 10.000 euros no ano de 2019, superior a 11.000 euros no
ano de 2020, superior a 12.500 euros no ano de 2021, ou que, no ano do início da atividade,
prevejam obter um volume de negócios igual ou inferior àquele montante, que efetuem
transmissões de produtos agrícolas e prestações de serviços que conferem direito à
compensação forfetária150. É importante referir que no ano do início de atividade essa
previsão é anualizada de acordo com o valor indicado na declaração de início de atividade.

O regime de isenção do artigo 53.º do CIVA e consequentemente no regime forfetário aplica-


se aos sujeitos passivos que reúnam as seguintes condições:

● Produtores agrícolas que não possuam nem sejam obrigados a possuir


contabilidade organizada;

● Não pratiquem operações de importação ou exportação;

● Não exerçam atividades que consistam na transmissão de bens ou prestação de


serviços mencionadas no anexo E do CIVA (sucatas);

● E que não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios superior a
€12.500 (€10.000 em 2019, €12.500 em 2021) ou que, no ano do início da atividade,
prevejam obter um volume de negócios igual ou inferior àquele montante.

O regime forfetário dos produtores agrícolas aplica-se a sujeitos passivos de IRS e IRC,
desde que cumpridas as condições de enquadramento. No caso de sujeitos passivos de IRC
apenas se pode aplicar a entidades do sector não lucrativo que não disponham de
contabilidade organizada e que estejam abrangidas pelo regime especial de isenção do
artigo 53.º do CIVA.

Um produtor agrícola com o regime forfetario pode desenvolver simultaneamente outro tipo
de atividades não agrícolas, desde que, no conjunto das operações que realiza, não
ultrapasse os €11.000, no ano de 2020, de volume de negócios.

Se a par da atividade agrícola, o produtor agrícola desenvolver uma atividade isenta ao


abrigo do artigo 9.º do Código do IVA, que não confere direito à dedução, pode calcular o
volume de negócios, para efeitos de inclusão no regime forfetário, tomando apenas em
conta os resultados relativos à atividade agrícola.

150
Previstas nos anexos F e G do Código do IVA.

324
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Como é calculada a compensação forfetária?

O valor da compensação a atribuir resulta da aplicação de uma percentagem de 6% sobre o


total das vendas de produtos agrícolas ou das prestações de serviços agrícolas efetuadas,
em cada ano, a outros sujeitos passivos de IVA (empresas, cooperativas, outros produtores,
comerciantes e prestadores de serviços em geral, transações intracomunitárias), que por
sua vez não beneficiem do regime forfetário.

A compensação forfetária, não revestindo a natureza de imposto, visa atenuar o impacto do


IVA suportado pelo produtor agrícola na aquisição de bens e serviços necessários ao
exercício da sua atividade, relativamente ao qual não pode exercer o direito de dedução.

1. Exemplo 1:
Um pequeno agricultor que optou pelo regime forfetário, efetuou durante o ano 2019 as
seguintes vendas e prestações de serviços:

Compensação
Vendas e prestações de serviços valor
6%

Venda de produtos agrícolas a cooperativas agrícolas 2.900 € 174 €


Prestações de serviços de sementeira e colheita a sociedades
agrícolas 900 € 54 €
Prestaçõesde serviços de sementeira e colheita a um produtor
agrícola no regime especial de isenção 600 € 36 €
Venda de produtos agrícolas a produtor com regime forfetário 400 € 0€
Venda de produtos agrícolas a estabelecimentos comerciais 1.400 € 84 €
Venda de produtos agrícolas a particulares 570 € 0€
Total 6.770 € 348 €

Compensação a que o agricultor tem direito a pedir à AT (Autoridade Tributária e Aduaneira)


até final de março/2020, referente ao ano de 2019: 348 euros

2. Exemplo 2:
Um pequeno silvicultor que optou pelo regime forfetário, efetuou durante o ano de 2019,
uma venda de €14.000, a uma sociedade, referente à extração de cortiça.
Este silvicultor tem direito a pedir pedir á AT uma compensação forfetária no valor de €840
(6%x€14.000), embora no ano de 2020 já não possa ficar no enquadrado no regime especial
de isenção, e consequentemente no regime forfetário, porque no ano de 2019 ultrapassou o
volume de negócios de €10.000.

325
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Que vendas de produtos agrícolas conferem direito à compensação forfetária?151

São abrangidas pelo regime forfetário do IVA as vendas de bens provenientes diretamente
da exploração do produtor agrícola e que resultem do exercício das seguintes atividades:
I - Cultura propriamente dita:
1 - Agricultura em geral, incluindo a viticultura;
2 - Fruticultura (incluindo a oleicultura) e horticultura floral e ornamental, mesmo em estufas;
3 - Produção de cogumelos, de especiarias, de sementes, de material de propagação
vegetativa e exploração de viveiros.
II - Criação de animais conexa com a exploração do solo ou em que este tenha carácter
essencial:
1 - Criação de animais;
2 - Avicultura;
3 - Cunicultura;
4 - Sericicultura;
5 - Helicicultura;
6 - Apicultura.
III - Culturas aquícolas e piscícolas.
IV - Silvicultura.
V - São igualmente consideradas atividades de produção agrícola as atividades de
transformação efetuadas por um produtor agrícola sobre os produtos provenientes,
essencialmente, da respetiva produção agrícola com os meios normalmente utilizados nas
explorações agrícolas e silvícolas.

Que prestações de serviços agrícolas conferem direito à compensação forfetária?152

Conferem direito à compensação forfetária as seguintes prestações de serviços, quando


efetuadas com caráter acessório pelo produtor agrícola que utiliza os seus próprios recursos
de mão-de-obra e equipamento normal da respetiva exploração:
1 - As operações de sementeira, plantio, colheita, debulha, enfardação, ceifa e
recolha;
2 - As operações de embalagem e de acondicionamento, tais como a secagem,
limpeza, trituração, desinfeção e ensilagem de produtos agrícolas;
3 - O armazenamento de produtos agrícolas;

151 Anexo F do Código do IVA


152 Anexo G do Código do IVA

326
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

4 - A guarda, criação e engorda de animais;


5 - A locação, para fins agrícolas, dos meios normalmente utilizados nas
explorações agrícolas e silvícolas;
6 - A assistência técnica;
7 - A destruição de plantas e animais nocivos e o tratamento de plantas e de
terrenos por pulverização;
8 - A exploração de instalações de irrigação e de drenagem;
9 - A poda de árvores, corte de madeira e outras operações silvícolas.

Quais as operações que não conferem direito à compensação forfetária?

• Vendas e prestações de serviços agrícolas a consumidores finais (particulares);


• Vendas e prestações de serviços agrícolas a produtores agrícolas enquadrados no
regime forfetário.
• Vendas e prestações de serviços que não se enquadrem no âmbito de uma atividade
agrícola.

Como é solicitada a compensação forfetária?

A compensação forfetária é solicitada pelo produtor agrícola através do preenchimento de


um requerimento de modelo oficial publicado pela portaria n.º 19/2015 de 04 de Fevereiro,
relativo a cada ano, a ser entregue através do Portal das Finanças, até ao último dia do mês
de março de cada ano.

327
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Posteriormente à data da submissão do pedido a AT procede á análise do pedido, efetuando


a compensação que for devida no prazo de 45 dias a contar da apresentação da declaração,
sendo a transferência bancária efetuada diretamente para a conta bancária que o agricultor
indica na declaração do pedido de compensação.
Caso ocorra a cessação de atividade ou a renúncia ao regime o sujeito passivo pode
sempre pedir a compensação a partir do momento em que ocorre essa alteração tendo
como prazo limite o estabelecido para os pedidos normais.

No pedido de compensação forfetária deve ser inscrito:

a) O valor total das transmissões de bens e a prestações de serviços realizadas no


semestre anterior, que conferem o direito a receber a compensação;
b) Uma lista dos números de identificação fiscal (NIF) dos clientes nas referidas
operações.
• Para confirmar o enquadramento em IVA dos clientes, poderá ser utilizado o serviço
“Consultar Identificação clientes/fornecedores”, disponível no Portal das Finanças.

328
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Como aderir ao regime forfetário?

Produtor agrícola no regime especial de isenção (artigo 53.º do Código do IVA):


• Para o produtor agrícola que já se encontre isento de IVA ao abrigo do artigo 53.º do
Código do IVA para aderir ao regime forfetário do IVA basta apresentar a qualquer
momento uma declaração de alterações em qualquer Serviço de Finanças ou
através do Portal das Finanças (não tem data limite nem um momento próprio para o
fazer, sendo que o regime só será aplicável após a entrega da declaração de
alteração).

Produtor agrícola no regime normal de IVA com condições para estar no


regime especial de isenção:
• Para os produtores agrícolas enquadrados no regime normal do IVA que, reunindo
as condições para beneficiar do regime forfetário, pretendam optar por este regime,
terão de entregar uma declaração de alterações no mês de janeiro do ano seguinte
àquele em que se verifiquem as condições para dele beneficiarem e produz efeito a
partir de 1 de janeiro do ano da apresentação da declaração.
• Esta opção pelo regime forfetário pressupõe o enquadramento no regime especial de
isenção, acarretando o cumprimento das obrigações previstas no n.º 4 do artigo 54.º
do Código do IVA quando aplicável. Os sujeitos passivos nestas condições devem
proceder, à regularização da dedução efetuada quanto a bens do ativo imobilizado e,
devem também efetuar a regularização do imposto deduzido e respeitante às
existências remanescentes no fim do ano, devendo, em qualquer dos casos, as
referidas regularizações ser incluídas na declaração ou guia referente ao último
período de tributação no regime normal de IVA.

Formalismos e Obrigação de faturação

• Os agricultores que optem pelo regime forfetário estão obrigados a emitir fatura por
cada venda ou prestação de serviços.
• As faturas emitidas pelo agricultor que opte pelo regime forfetário, quer de vendas
quer de prestações de serviços relacionadas com a agricultura, devem conter a
menção «IVA – regime forfetário».
• Se o agricultor para além da atividade agrícola desenvolver outras atividades, essas
faturas devem conter “ IVA – Regime de isenção”

329
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para o ano 2015 foi criado um regime transitório que permite que durante o ano 2015 a
menção “IVA – regime forfetário” possa ser adicionado às faturas manualmente.

Este regime também se aplica aos pequenos agricultores que utilizem


autofacturação?

Este regime também se aplica a pequenos agricultores, cujas faturas sejam emitidas pelos
seus clientes através do sistema de autofaturação, desde que reúnam as condições e
tenham optado pelo regime forfetário.

Quando cessa o regime forfetário?

• O regime pode cessar quando deixem de se verificar qualquer das condições


previstas para o seu enquadramento.
• O sujeito passivo após a opção pelo regime forfetário também pode renunciar ao
regime apresentando uma declaração de alteração que produz efeito no momento da
sua entrega. Fazendo esta opção de renúncia o agricultor fica obrigado a
permanecer no regime escolhido durante um período de pelo menos 5 anos.

Pedidos compensação forfetária – alterações a partir de 01/01/2017

O Decreto-Lei n.º 41/2016, de 01 de agosto153, simplifica o regime forfetário dos produtores


agrícolas, definindo-se a anualidade do regime, em substituição da atual entrega semestral
do pedido de compensação forfetária, com aplicação a partir de 1 de janeiro de 2017.

A partir de 2017, o montante da compensação forfetária é calculado mediante a aplicação


de uma taxa de 6% sobre o total das transmissões de bens e das prestações de serviços
que conferem direito à compensação forfetária, realizadas em cada ano.

O pedido da compensação forfetária passa a ser feito anualmente, sendo submetido à


Autoridade Tributária e Aduaneira, até ao último dia de março de cada ano.

153 Altera o artigo 59.º B do Código do IVA

330
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Após a análise do pedido, a Autoridade Tributária e Aduaneira procede ao pagamento da


compensação devida, no prazo de 45 dias contados a partir da data de apresentação do
pedido.

Não existe lugar ao pagamento da compensação quando o montante calculado seja inferior
a €10.

De acordo com as disposições transitórias do Decreto-Lei n.º 41/2016, de 1 de agosto, os


pedidos de compensação forfetária referentes aos 1.º e 2.º semestres de 2016 são
efetuados até 31 de agosto de 2016 e 28 de fevereiro de 2017, respetivamente.

16.4 Taxa de IVA aplicável à agricultura

Como já referido, deixou de existir a partir de 1 de abril de 2013, a isenção de IVA para as
transmissões de bens efetuados no âmbito das explorações enunciadas no Anexo A do
Código do IVA (agricultura, silvicultura ou pecuária), bem como as prestações de serviços
agrícolas definidas no Anexo B, quando efetuadas com carácter acessório por um produtor
agrícola que utilize os seus próprios recursos de mão-de-obra e equipamento normal da
respetiva exploração agrícola ou silvícola, seja qual for o volume de negócios auferido, e
foram aditadas à Lista I anexa ao Código do IVA as verbas 4.2 e 5, aplicando-se a taxa
reduzida de IVA. Esta nova redação dada pela Lei do OE2013, com as alterações da Lei do
OE2014, tem por base, os números 1 e 2 do artigo 98.º e alínea 11) do anexo III da Diretiva
IVA, relativos à possibilidade de aplicação de taxas reduzidas pelos Estados membros.
A alínea 11) do anexo III da Diretiva IVA, define que os Estados membros podem aplicar
taxas reduzidas à “entrega de bens e prestação de serviços, do tipo utilizado normalmente
na produção agrícola com exclusão dos bens de equipamento, tais como máquinas ou as
construções”.

As verbas 4. e 5. da Lista I anexa ao Código do IVA tem a seguinte redação:

4 - Prestações de serviços normalmente utilizados no âmbito das atividades de produção


agrícola e aquícola listados na verba 5:

4.1 - Prestações de serviços de limpeza e de intervenção cultural nos povoamentos e


habitats, realizadas no âmbito da agricultura, da gestão da floresta e da prevenção de
incêndios.

4.2. - Prestações de serviços que contribuem para a produção agrícola e aquícola,

331
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

designadamente as seguintes:

a) As operações de sementeira, plantio, colheita, debulha, enfardação, ceifa, recolha e


transporte;
b) As operações de embalagem e de acondicionamento, tais como a secagem, limpeza,
trituração, desinfeção e ensilagem de produtos agrícolas;
c) O armazenamento de produtos agrícolas;
d) A guarda, criação e engorda de animais;
e) A locação, para fins agrícolas, dos meios normalmente utilizados nas explorações
agrícolas e silvícolas;
f) A assistência técnica;
g) A destruição de plantas e animais nocivos e o tratamento de plantas e de terrenos por
pulverização;
h) A exploração de instalações de irrigação e de drenagem;
i) A poda de árvores, corte de madeira e outras operações silvícolas.

5. - As transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas no âmbito das seguintes


atividades de produção agrícola: (Redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro,
do OE2014)154

5.1. - Cultura propriamente dita:

5.1.1. - Agricultura em geral, incluindo a viticultura;

5.1.2. - Fruticultura (incluindo a oleicultura) e horticultura floral e ornamental, mesmo em


estufas;

5.1.3. - Produção de cogumelos, de especiarias, de sementes e de material de propagação


vegetativa; exploração de viveiros. (Redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de
dezembro, do OE2014)155

5.2. - Criação de animais conexa com a exploração do solo ou em que este tenha caráter
essencial:

154 Em 2014, a verba 5 passa a ter a designação de "5 - As transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas no
âmbito das seguintes atividades de produção agrícola:", passando a abranger, também, as prestações de serviços efetuadas
no âmbito das atividades ali elencadas.
155
No ano de 2013 não é aplicável a taxa reduzida às atividades agrícolas não conexas com a exploração da terra ou em que
esta tenha caráter meramente acessório, designadamente as culturas hidropónicas e a produção em vasos, tabuleiros e outros
meios autónomos de suporte. A Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, do OE2014 alterou a redação da verba 5.1.3 da Lista I
do Código do IVA.

332
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5.2.1. - Criação de animais;

5.2.2. - Avicultura;

5.2.3. - Cunicultura;

5.2.4. - Sericicultura;

5.2.5. - Helicicultura;

5.2.6. - Culturas aquícolas e piscícolas;

5.2.7. - Canicultura;

5.2.8. – (Revogada)

5.2.9. - Criação de animais para experiências de laboratório.

5.3. – Apicultura;

5.4. – Silvicultura;

5.5. - São igualmente consideradas atividades de produção agrícola as atividades de


transformação efetuadas por um produtor agrícola sobre os produtos provenientes,
essencialmente, da respetiva produção agrícola com os meios normalmente utilizados nas
explorações agrícolas e silvícolas.»

Taxas de IVA – Prestações de serviços silvícolas

A verba 4.1 da lista I anexa ao Código do IVA prevê a aplicação da taxa reduzida de IVA
às “Prestações de serviços de limpeza e de intervenção cultural nos povoamentos e
habitats, realizadas no âmbito da agricultura, da gestão da floresta e da prevenção de
incêndios”, no âmbito das atividades de produção agrícola a que se refere categoria 4 da
lista I, em que a verba 4.1 está inserida.

O Oficio-Circulado n.º 30162, de 08/07/2014, da Autoridade Tributária e Aduaneira, Área de


Gestão Tributária, que revoga o Ofício-Circulado n.º 30.096, de 4/07/2009, da Direção de
Serviços do IVA, clarifica a lista de prestações de serviços de limpeza e de intervenção
cultural nos povoamentos realizados em explorações agrícolas e silvícolas.

Lista das prestações de serviços que se enquadram na verba 4.1 da lista I anexa ao Código
do IVA:

4.1. Prestações de serviços silvícolas em beneficiações de povoamentos:


4.1.1. Controlo da vegetação espontânea, designadamente limpeza de matos;

333
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

4.1.2. Prospeção (marcação e referenciação) de exemplares de espécies hospedeiras


de agentes bióticos nocivos que apresentem sintomas de declínio e despiste destas
patologias com recurso a amostragem;

4.1.3. Cortes sanitários de exemplares de espécies hospedeiras que apresentem


sintomas de declínio, no âmbito da prevenção e controlo de agentes bióticos nocivos;

4.1.4. Instalação e monitorização de armadilhas e atrativos para captura de agentes


bióticos nocivos;

4.1.5. Aplicação de produtos fitofarmacêuticos;

4.1.6. Aplicação de adubos, fertilizantes e corretivos de solo e instalação de cultura de


melhoramento do solo;

4.1.7. Rolagem;

4.1.8. Podas;

4.1.9. Desramação;

4.1.10. Recolha e destruição de sobrantes florestais;

4.1.11. Seleção de árvores de futuro;

4.1.12. Sinalização da regeneração natural;

4.1.13. Controlo de espécies lenhosas invasoras;

4.1.14. Controlo e redução de densidades em povoamentos;

4.1.15. Seleção de varas em talhadias.

4.2. Prestações de serviços silvícolas em arborizações ou rearborizações, incluindo


adensamentos de povoamento

4.2.1. Limpeza de vegetação espontânea;

4.2.2. Gradagem de destorroamento;

4.2.3. Ripagem;

4.2.4. Subsolagem;

4.2.5. Abertura de valas e cômoros;

4.2.6. Lavoura contínua;

334
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

4.2.7. Abertura de regos;

4.2.8. Destruição de cepos de eucalipto;

4.2.9. Marcação e piquetagem;

4.2.10. Abertura de covas;

4.2.11. Plantação;

4.2.12. Sementeira;

4.2.13. Aplicação de adubos, fertilizantes e corretivos de solo;

4.2.14. Colocação de protetores individuais;

4.2.15. Sacha e amontoa.

4.3. Prestações de serviços silvícolas de limpeza em espaço florestal

4.3.1. Abertura e beneficiação de aceiros e de faixas e mosaicos de parcelas de gestão


do combustível, incluindo o uso do fogo controlado.

Verba 4.2. a) da lista I do Código do IVA - Operações de sementeira, plantio, colheita,


debulha, enfardação, ceifa, recolha e transporte

Se o agricultor, no âmbito de uma atividade listada na verba 5 da lista I anexa ao Código do


IVA, recorrer a empresas que lhe prestam serviços agrícolas, designadamente de
sementeira, colheita, preparação, embalamento, e acondicionamento de produtos
hortofrutícolas as referidas prestações de serviços beneficiam da aplicação da taxa
reduzida. Mas se os serviços se referem à cedência de mão de obra efetuada por empresas
de trabalho temporário, tais operações não consubstanciam prestações de serviços no
âmbito da atividade agrícola, dado que os serviços prestados pelas empresas de trabalho
temporário cingem-se à mera colocação de pessoal à disposição dos clientes, ainda que
produtores agrícolas156.

As prestações de serviços: espalhar adubo na terra, arrancar cepas, fazer poda de vinhas,
fazer vindima nas vinhas e desmatar terrenos efetuadas mediante a utilização de diferentes
equipamentos motorizados, e que contribuem para a produção agrícola, são tributados à

156 Informação vinculativa, Processo n.º 9352, por despacho de 2015-10-20, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.

335
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

taxa reduzida de IVA157.

Atendendo que os serviços de transporte não se encontram autonomizados numa alínea


dedicada da lista I do anexo ao Código do IVA (como acontece, por exemplo com a
assistência técnica ou o armazenamento de produtos agrícolas), mas se encontram
relacionados com os serviços de sementeira, plantio, colheita debulha, enfardação, ceifa e
recolha, ou seja, com as operações mais comuns à produção agrícola, aplica-se a taxa
reduzida de IVA ao transporte associado a esta operações, no âmbito da atividade de
produção agrícola, com exclusão das situações elencadas nas alíneas b) a i) da verba 4.1
da lista I anexa ao Código do IVA, quando estas não visem o transporte de matérias-primas
ou bens resultantes da produção agrícola158.

Existem casos em que o adquirente do serviço de transporte não exerce qualquer atividade
de produção agrícola, mas apenas, a de comercialização de produtos e matérias-primas
agrícolas e muitas vezes refatura o serviço de transporte aos produtores agrícolas que
surgem, deste modo, na qualidade de destinatários do serviço de transporte. Nesta situação
o transporte de bens da produção agrícola é faturado à entidade que tem a comercialização
à taxa normal, e esta última entidade refatura o respetivo valor do serviço de transporte ao
produtor dos bens da produção agrícola à taxa reduzida159.

OFÍCIO CIRCULADO N.º 30202 DE 22/05/2018

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) vinha entendendo que, face ao elemento literal da
norma, as operações elencadas nas verbas 4.1 e 4.2, da Lista I anexa ao CIVA, apenas
beneficiavam da taxa reduzida quando realizadas no âmbito de uma atividade de produção
agrícola ou aquícola das elencadas nas verbas 5.1 a 5.5 da mesma Lista.

De acordo com o despacho n.º 170/2018-XXI, de 15 de maio, do Secretário de Estado dos


Assuntos Fiscais, á luz dos objetivos das taxas reduzidas e dos princípios estruturantes do
sistema de IVA, a limitação que vinha sendo entendimento da AT é injustificada.

157 Informação vinculativa, Processo n.º 5032, por despacho de 2013-08-19, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
158 Informação vinculativa, Processo n.º 6638, por despacho de 2014-03-28, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
159 Informação vinculativa, Processo n.º 5716, por despacho de 2014-03-28, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.

336
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As verbas 4.1 e 4.2, da Lista I anexa ao CIVA, resultam da transposição da alínea 11) do
anexo III da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro, que define que os
Estados-Membros podem aplicar taxas reduzidas à “Entrega de bens e prestação de
serviços, do tipo utilizado normalmente na produção agrícola com exclusão dos bens de
equipamento, tais como máquinas ou as construções”, não resultando da norma
Comunitária qualquer limitação quanto à sua abrangência em função do adquirente.

Desta forma, para salvaguardar o princípio da neutralidade, a aplicação da verba 4 da Lita I


anexa ao CIVA não deve depender do enquadramento ou da qualidade do adquirente dos
serviços.

Como exemplo, é referido no Ofício Circulado que os serviços de limpeza de terrenos, bem
como o abate e corte de árvores, no âmbito da gestão ativa da floresta e prevenção de
incêndios, beneficiam da taxa reduzida a que se referem, as verbas 4.1 e 4.2, alínea j).

Taxa IVA – Arrendamento Rural

Em 19/11/2015, foi disponibilizada a informação vinculativa n.º 5666, por despacho de


18/08/2014, do SDG do IVA, sobre a taxa de IVA a aplicar no âmbito do arrendamento rural.

O arrendamento de terrenos agrícolas está isento de IVA, nos termos da alínea 29) do artigo
9.º do Código do IVA, se:

-“ Não for antecedido de prévia preparação do terreno mediante operações de drenagem,


lavra, socalcagem ou outras que sejam abrangidas pelo conceito de benfeitorias úteis;

- No terreno não se achar implantada qualquer obra (poços, furos, diques de rega, etc)
construída com carácter de benfeitoria ou adquirida por acessão industrial imobiliária nos
termos dos artigos 1339.º e seguintes do Código Civil”.

Os contratos de arrendamento de terrenos agrícolas que não reúnam os requisitos de


isenção previstos e delimitados na alínea 29) do artigo 9.º do Código do IVA e pelo Ofício
Circulado n.º 30.022, de 16/06/2000, ficam sujeitos a tributação em sede de IVA.

Na Informação vinculativa n.º 5666, disponibilizada no Portal das Finanças, é definindo que
a locação de um terreno agrícola em que o arrendatário é um produtor agrícola, que
beneficia dessa mesma locação no âmbito do exercício de uma das atividades de produção

337
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

agrícola listadas na verba 5 da Lista I anexa ao Código do IVA, está sujeita à aplicação da
taxa reduzida do IVA.

16.5 Ato Isolado

O IVA é um imposto geral sobre o consumo de bens e serviços, que abrangendo toda a
atividade económica ainda que decorrente de prática ocasional, inclui no conceito de sujeito
passivo um vasto leque de operadores económicos160.

Estão sujeitas a IVA “as transmissões de bens e as prestações de serviços efetuadas no


território nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal”.161

São sujeitos passivos de IVA “as pessoas singulares ou coletivas que, de um modo
independente e com carácter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio
ou prestação de serviços, (…) e, bem assim, as que, do mesmo modo independente,
pratiquem uma só operação tributável, desde que essa operação seja conexa com o
exercício das referidas atividades, onde quer que este ocorra, ou quando,
independentemente dessa conexão, tal operação preencha os pressupostos de incidência
real do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) ou do imposto sobre o
rendimento das pessoas coletivas (IRC)”162.

No âmbito do IVA, um ato isolado resulta da realização de uma única operação e não a
prática, ainda que irregular ou esporádica de várias operações sujeitas a tributação,
surgindo, desta forma, como algo contingente ou imprevisível. No caso de verificar-se a
prática reiterada de operações torna-se obrigatório o registo da atividade em sede de IVA.

A prática de um ato isolado, porque preenche os pressupostos de incidência do IRS,


encontra-se sempre sujeito a IVA à taxa legal em vigor para a operação, seja qual for o seu
montante, não se aplicando neste caso o limiar de isenção €12.500 referido no artigo 53.º do
Código do IVA.

Regra geral o “ato isolado” está sempre sujeito a IVA a não ser que a operação subjacente
seja isenta ao abrigo do artigo 9.º do Código do IVA. Estando a operação sujeita a IVA o

160
Os seus princípios encontram-se vinculados na Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro.
161
Alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º do Código do IVA (CIVA)
162
Alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA.

338
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

respetivo pagamento do imposto deverá ser efetuado pelo sujeito passivo, em qualquer
Serviço de Finanças até ao último dia do mês seguinte ao da conclusão da operação163,
através do impresso de pagamento modelo P2 ou através do Portal das Finanças,
procedendo da seguinte forma:
Início ►Cidadãos ► Pagar ► Documentos ►Documentos de Pagamento ► IVA ► Guia de
Pagamento P2, devendo indicar o número de identificação fiscal e ter em seu poder a senha
de acesso ao Portal das Finanças.

Exemplo 1:
Qual o valor do IVA a pagar derivado de uma venda ocasional, efetuada por um particular,
de madeira (árvores em pé) no montante de €6.000?

Resposta: A transmissão de madeira é uma operação sujeita a IVA e dele não isenta que,
no caso de ato isolado não beneficia do regime de isenção de IVA previsto no artigo 53.º do
Código do IVA. Desta forma a venda ocasional de madeira dever ser tributada à taxa
reduzida de 6% (verba 5.4 da Lista I anexa ao Código do IVA). O valor a pagar de IVA será
€360.

Obrigação de emissão de fatura

A Portaria n.º 426-B/2012, de 28 de dezembro, aprovou os modelos designados de faturas-


recibo,164 definindo entre outros, o modelo de fatura-recibo emitido para ato isolado para
prestação de serviços (rendimentos provenientes de atividades profissionais). A emissão da
fatura-recibo para o ato isolado, independentemente da qualidade do adquirente e, ainda
que não solicitada, efetua-se nos prazos definidos no Código do IVA165.
A emissão da fatura-recibo deve ser efetuada o mais tardar no 5.º dia útil seguinte ao do
momento em que o imposto é devido, nas transmissões de bens, no momento em que os
bens são postos à disposição do adquirente e nas prestações de serviços, no momento da
sua realização.

163
Conforme n.º 2 do artigo 27.º do Código do IVA
164
Para efeitos do disposto no artigo 115.º do Código do IRS
165
Artigo 36.º do Código do IVA

339
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A Lei n.º 82-E/2014166, de 31 de dezembro, alterou o n.º 1 do artigo 115.º do Código do IRS,
passando a existir a possibilidade a partir de 1 de Janeiro de 2015, de emissão de fatura-
recibo para venda de bens, no Portal das Finanças, à semelhança da fatura-recibo dos
prestadores de serviços.

Num ato isolado referente a vendas de bens pode ser utilizado o mecanismo da
autofacturação, em que o requerente, na qualidade de sujeito passivo adquirente, emite a
respetiva fatura por conta do transmitente, desde que observadas as condições previstas no
n.º 11 do artigo 36.º do Código do IVA167. Assim, o requerente deve entregar ao transmitente
dos bens, o duplicado da fatura para que o transmitente efetue o pagamento do imposto
liquidado.

16.6 Autoliquidação do IVA relativamente a certas transmissões de bens de


produção silvícola

O Decreto-Lei n.º 165/2019, publicado no Diário da República, 1.ª Série, n.º 209, em 30 de
outubro, altera o Código do IVA, estabelecendo um mecanismo de autoliquidação do IVA
relativamente a certas transmissões de bens de produção silvícola.

Este mecanismo consiste na aplicação da inversão do sujeito passivo, passando a


liquidação do IVA, que se mostre devido em certas transmissões de bens de produção
silvícola, a ser efetuada pelo respetivo adquirente, desde que seja sujeito passivo do
imposto com direito à dedução total ou parcial.

166
Reforma do IRS
167
Código do IVA, artigo 36.º n.º 11 - A elaboração de faturas por parte do adquirente dos bens ou dos serviços fica sujeita às
seguintes condições:

a) A existência de um acordo prévio, na forma escrita, entre o sujeito passivo transmitente dos bens ou prestador dos serviços
e o adquirente ou destinatário dos mesmos;;

b) O adquirente provar que o transmitente dos bens ou prestador dos serviços tomou conhecimento da emissão da fatura e
aceitou o seu conteúdo.

c) Conter a menção 'autofaturação'.

340
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Paralelamente é introduzida a obrigatoriedade de autofaturação nas operações em que os


sujeitos passivos adquiram aquele tipo de bens a particulares que, pela sua transmissão, se
tornam sujeitos passivos do imposto.

O Ofício Circulado n.º 30217 de 23/12/2019, da AT, clarifica a aplicação do mecanismo de


autoliquidação do IVA relativamente a certas transmissões de bens de produção silvícola:

Quem está sujeito à inversão do sujeito passivo

A inversão do sujeito passivo prevista na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA
aplica-se aos sujeitos passivos que disponham de sede, estabelecimento estável ou
domicílio em território nacional e pratiquem operações com direito a dedução total ou parcial
do imposto, quando efetuem aquisições de cortiça, madeira, pinhas e pinhões com casca
localizadas no território nacional.
Tal significa que o adquirente, sujeito passivo do imposto, deve proceder à liquidação do IVA
que se mostre devido naquelas operações.

Que bens estão sujeitos à inversão do sujeito passivo

O mecanismo de inversão do sujeito passivo previsto na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do


Código do IVA aplica-se às transmissões de cortiça, madeira, pinhas e pinhões com casca.

Para o efeito, considera-se:


– Cortiça: produto resultante da extração da casca ao sobreiro, que não tenha sido objeto de
qualquer transformação, incluindo a cozedura;
– Madeira: produto resultante do abate, poda ou limpeza de planta lenhosa, incluindo os
respetivos sobrantes, que não tenha sido objeto de qualquer transformação para além do
corte. Este conceito abrange a lenha, bem como aparas, estilha e demais excedentes
vegetais resultantes da correspondente exploração agrícola ou florestal;
– Pinhas: Pinhas de pinheiro, em qualquer estado (verde ou seco);
– Pinhão com casca: semente do pinheiro manso, em casca.

A informação vinculativa n.º 17105, de 27/02/2020, DSIVA, define que “Nas transmissões de
determinados bens de produção silvícola (cortiça, madeira, pinhas e pinhões com casca)
que não tenham sido objeto de qualquer transformação (ou seja, resultantes da mera
extração, colheita ou corte), o IVA é devido e entregue ao Estado pelos sujeitos passivos
adquirentes que disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território

341
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

português e que pratiquem operações que confiram o direito à dedução total ou parcial do
imposto, em conformidade com o disposto na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA.
Assim, a transmissão de biomassa florestal (restos do aproveitamento da madeira - cepos
de arvores, ramos, e de diferentes resíduos florestais) resultante de limpezas florestais e
arranques de árvores, que não foi objeto de qualquer transformação para além do corte,
encontra-se abrangida no âmbito do citado mecanismo de autoliquidação, desde que o
sujeito passivo adquirente disponha de sede, estabelecimento estável ou domicílio em
território português e que pratique operações que confiram o direito à dedução total ou
parcial do imposto.
Contudo, na transmissão de biomassa triturada ou processada, não é de aplicar a citada
regra de inversão, dado que já não se está perante um produto resultante do mero abate,
poda ou limpeza e que não tenha sido objeto de qualquer transformação além do corte (no
caso, os sobrantes são objeto de uma transformação para além do corte, a trituração),
devendo, por conseguinte, o transmitente (a Requerente), proceder à liquidação do imposto
nos termos gerais do CIVA”.

A informação vinculativa n.º 17077, de 08/04/2020, DSIVA, define que “a transmissão de


«eucaliptos», para corte, a um adquirente sujeito passivo de IVA que disponha de sede,
estabelecimento estável ou domicílio em território nacional e pratique operações com direito
a dedução total ou parcial do imposto, tendo em vista a obtenção da madeira, configura uma
operação sujeita à regra de inversão prevista na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA,
uma vez que não está em causa a transmissão da árvore enquanto bem, mas da madeira
que resultará do seu abate e corte, ainda que estas operações sejam realizadas pelo
adquirente”.

OBRIGAÇÃO DE FATURAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO

Quando o transmitente é um sujeito passivo que exerce uma atividade com carácter
de habitualidade

De acordo com a regra de inversão do sujeito passivo, o vendedor dos bens emite uma
fatura sem liquidação de IVA, a qual deve conter a expressão “IVA – Autoliquidação”. Por
sua vez, o adquirente liquida o imposto devido pela aquisição, aplicando a taxa em vigor,
podendo a liquidação ser efetuada na fatura emitida pelo fornecedor ou em documento
interno emitido para esse efeito.

342
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O imposto assim liquidado confere direito à dedução nos termos previstos na alínea c) do n.º
1 do artigo 19.º do Código do IVA, sem prejuízo do disposto no artigo 23° do mesmo Código,
quando se trate de sujeito passivo com limitações no direito à dedução.

Quando o transmitente se torna sujeito passivo pela realização de uma das operações
referidas na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA

Nestes casos, compete ao adquirente elaborar a fatura que titula a operação, devendo
liquidar na mesma o correspondente imposto, o qual confere direito à dedução de acordo
com o referido no parágrafo anterior.
Não sendo aplicáveis os condicionalismos previstos no n.º 11 do artigo 36.º do Código do
IVA, não é exigido qualquer acordo prévio ou prova de que o transmitente dos bens tomou
conhecimento da emissão da fatura e aceitou o seu conteúdo.
Tendo em atenção o disposto no n.º 1 do artigo 5.º e no n.º 4 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º
28/2019, de 15 de fevereiro, estas faturas são emitidas em nome e por conta do
transmitente, em série convenientemente referenciada, devendo ser datadas e numeradas
de forma progressiva e contínua por um período não inferior a um ano fiscal.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS

Face às alterações verificadas e no que toca ao preenchimento das declarações periódicas,


deve ser observado o seguinte:

Quanto ao transmitente
– Quando o transmitente é um sujeito passivo do regime normal que exerce uma atividade
com carácter de habitualidade, deve inscrever estas operações no campo 8 do quadro 06 da
declaração periódica do IVA.
– Quando o transmitente se torna sujeito passivo pela realização de uma destas operações
e o respetivo valor for igual ou inferior a € 25.000, não existe qualquer obrigação declarativa
em sede de IVA.
Quando aquele valor for superior a € 25.000, o transmitente deve proceder à entrega de
uma declaração de início de atividade (nos termos dos artigos 31.º e 35.º do Código do IVA)
antes de realizar a operação, assinalando para o efeito o campo 7 do respetivo Quadro 08.
Nestes casos não existe obrigação de entrega da declaração periódica do IVA.

343
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quanto ao adquirente

Competindo ao adquirente a liquidação do imposto por aplicação da inversão do sujeito


passivo, os respetivos montantes devem ser inscritos na declaração periódica, nos campos
1 ou 3 (base tributável) e 2 ou 4 (imposto liquidado), todos do Quadro 06, consoante a taxa
que seja aplicável aos bens.
Simultaneamente, pode inscrever o imposto dedutível nos campos 21, 22 ou 24, todos do
Quadro 06, consoante se trate de inventários (existências) ou outros bens e serviços.
Finalmente, tratando-se de operações que, não obstante a obrigação legal de liquidar o
imposto, não fazem parte do volume de negócios do declarante, o respetivo valor tributável
deve ainda ser inscrito no Quadro 06A da declaração periódica.
Não existindo campo específico para o efeito e enquanto o mesmo não for criado, aquele
montante deve ser inscrito no campo 105 (Emissão de gases com efeito de estufa) do
referido Quadro.

ENTRADA EM VIGOR

De acordo com o disposto no artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 165/2019, de 30 de outubro, o


mecanismo de autoliquidação do IVA relativamente a certas transmissões de bens de
produção silvícola, previsto na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, entrou em
vigor no dia 1 de janeiro de 2020.

16.7 Outras situações particulares relacionadas com taxas de atividades


agrícolas formalismos e obrigações

Prestação de serviços de transformação de azeitona em azeite - Taxa 6% no continente e


4% na região autónoma dos Açores e 5% na região autónoma da Madeira

A prestação de serviços de transformação da azeitona em azeite, enquadra-se na alínea c)


do n.º 2 do artigo 4.º do CIVA, pelo que, aplicando-se a norma referida no n.º 6 do artigo
18.º, é sujeita a IVA à taxa de 6%, 4% ou 5% (o azeite tem enquadramento na verba 1.5.1
da Lista I anexa ao CIVA).

344
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Maquia - Taxa 6% no continente, 4% na região autónoma dos Açores e 5% na região


autónoma da Madeira

Maquia é a porção de azeite que os lagareiros recebem dos agricultores em paga da


transformação de azeitona em azeite. Esta situação particular inclui duas operações
distintas, pelo que existe em relação à tributação em IVA duas fases distintas do circuito
económico, uma aquando da realização da prestação de serviços e outra na venda do
produto, vejamos então como são tributadas em sede de IVA.

A prestação de serviços de transformação da azeitona em azeite, enquadra-se na alínea c)


do n.º 2 do artigo 4.º do CIVA, pelo que, aplicando-se a norma referida no n.º 6 do artigo
18.º, é sujeita a IVA à taxa de 6% (o azeite tem enquadramento na verba 1.5.1 da Lista I
anexa ao CIVA).

Ainda que o pagamento dos referidos serviços seja efetuado através da “maquia”
(quantidade de azeite que o lagareiro recebe em paga dos seus serviços), continuamos
perante uma prestação de serviços, sujeita a IVA à taxa de 6%, por enquadramento nas
disposições atrás referidas.

Quanto à entrega da “maquia” por parte do agricultor, é uma transmissão de bens sujeita a
imposto à taxa de 6%, devendo o agricultor emitir fatura que cumpra os requisitos do art.
36.º do CIVA168.

Os olivicultores regra geral procedem à transformação das azeitonas em azeite, para venda
ou consumo. Em regra recorrem ao serviço de terceiros (lagares) para proceder a essa
transformação.
Por outro lado as empresas produtoras de azeite (lagares) transformam a azeitona de
terceiros, podendo para o efeito cobrar uma percentagem sobre a produção a pagar em

168 Esta obrigação poderá ser substituída pela denominada auto-facturação. A auto-facturação consiste na adopção de um
sistema de facturação segundo o qual o cliente se substitui aos seus fornecedores na emissão das respectivas facturas, pelo
que o lagar pode substituir o agricultor na emissão da factura.
As condições para esta premissa encontram-se definidas no n.º 11 do artigo 36.º. Isto é, a elaboração de facturas por parte do
adquirente fica sujeita à existência de um acordo prévio, por escrito, e o adquirente terá que provar que o transmitente dos
bens ou prestador dos serviços tomou conhecimento da emissão da factura e aceitou o seu conteúdo. Actualmente, o CIVA
prevê no n.º 5 do artigo 19.º a aceitação da autofacturação sem necessidade de autorização prévia dos Serviços do IVA.

345
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

espécie pelos olivicultores com uma porção de azeite ou serem pagos por meios
monetários.Com já referimos essa porção de azeite é designada por “maquia”.

Vamos então analisar as várias hipóteses existentes e que procedimentos devem ser
efetuados a nível do tratamento do IVA e dos vários formalismos e obrigações a cumprir.

• 1.º Cenário

O Agricultor colhe a azeitona e entrega ao lagar para transformar em azeite e paga o serviço
do lagar com dinheiro e recolhe o seu azeite
Neste cenário estamos perante uma prestação de serviços de transformação das azeitonas
do olivicultor em azeite, efetuada pelo lagar de azeite. Esta operação será enquadrada como
uma prestação de serviços em termos de IVA, ficando enquadrada nos termos da alínea c)
do n.º 2 do artigo 4.º do Código do IVA (CIVA).

Apesar desta operação de transformação das azeitonas do olivicultor em azeite ser


enquadrada como prestação de serviços, a taxa a aplicar na respetiva liquidação de IVA
será a taxa prevista tal como se fosse enquadrada como uma transmissão de bens,
conforme o disposto no n.º 6 do artigo 18.º do CIVA.

Neste caso, como a prestação de serviços referente à transformação da azeitona em azeite


se enquadra na alínea c) do n.º 2 do artigo 4º do CIVA, em conjugação com o n.º 6 do artigo
18º do CIVA, a taxa a aplicar será de 6%, uma vez o azeite tem enquadramento na verba
1.5.1 da Lista I anexa ao CIVA.

De acordo com as regras gerais do IVA, a obrigação da liquidação e entrega ao Estado do


imposto pertence ao lagar de azeite, que será o sujeito passivo de imposto, nos termos da
alínea a) do nº 1 do artigo 2º do CIVA.

O prestador de serviços (lagar de azeite) tem ainda a obrigação nos termos do artigo 29.º do
CIVA de emitir a respetiva fatura ao agricultor olivicultor pelos serviços prestados.

Circuito documental:

Fatura:
✓ O lagar emite fatura ao agricultor dos serviços de transformação à taxa de 6%.

346
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Documentos de transporte:
✓ Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
✓ Transporte do azeite após transformação – Tem que ser acompanhado com
documento de transporte

• 2.º Cenário

O Agricultor colhe a azeitona, entrega ao lagar para transformar em azeite e paga com uma
porção de azeite correspondente ao valor da prestação de serviço (pagamento em espécie)
e recolhe o restante azeite para vender ou consumir.

Neste cenário ainda poderemos equacionar duas hipóteses:

1.ª Hipótese

Agricultor que transforma a azeitona num lagar apenas para consumo do azeite.
Nesta hipótese é onde se tem levantado mais problemas decorrentes da revogação da
isenção anteriormente prevista no n.º 33 do art. 9.º do CIVA.
Na prática, esta operação traduz-se em duas operações distintas uma efetuada pelo lagar e
outro pelo agricultor olivicultor.
Vejamos então o terá que se assegurar em cada um dos intervenientes.

Em primeiro lugar, existe a prestação do serviço de transformação das azeitonas do


olivicultor em azeite, efetuada pelo lagar de azeite. Esta operação será enquadrada como
uma prestação de serviços em termos de IVA, ficando enquadrada nos termos da alínea c)
do n.º 2 do artigo 4.º do Código do IVA (CIVA).

Portanto, quando o lagar de azeite efetuar a transformação das azeitonas do olivicultor, e


proceder à entrega do azeite (produto final), essa operação será enquadrada como uma
prestação de serviços para efeitos de liquidação de IVA.

Apesar desta operação de transformação das azeitonas do olivicultor em azeite ser


enquadrada como prestação de serviços, a taxa a aplicar na respetiva liquidação de IVA

347
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

será a taxa prevista tal como se fosse enquadrada como uma transmissão de bens,
conforme o disposto no n.º 6 do artigo 18.º do CIVA.
Neste caso, como a prestação de serviços referente à transformação da azeitona em azeite
se enquadra na alínea c) do n.º 2 do artigo 4º do CIVA, em conjugação com o n.º 6 do artigo
18º do CIVA, a taxa a aplicar será de 6%, uma vez o azeite tem enquadramento na verba
1.5.1 da Lista I anexa ao CIVA.

O enquadramento descrito não se altera, ainda que o referido serviço do lagar seja efetuado
através de um pagamento em espécie: a “maquia” (quantidade de azeite que o lagareiro
recebe em paga dos seus serviços).

De acordo com as regras gerais do IVA, a obrigação da liquidação e entrega ao Estado


deste imposto pertence ao lagar de azeite, que será o sujeito passivo de imposto, nos
termos da alínea a) do nº 1 do artigo 2º do CIVA.

Este IVA liquidado pelo lagar de azeite e repercutido ao olivicultor na fatura da prestação de
serviços será “pago”, conjuntamente com o valor bruto da prestação de serviço, pela entrega
da referida maquia, sendo este um pagamento em espécie.
A entrega da “maquia” por parte do olivicultor será a segunda operação.
Na verdade, esta entrega da “maquia”, como pagamento pela prestação de serviços, será
considerada uma transmissão de bens efetuado pelo agricultor independentemente de ser
para seu consumo, nos termos do artigo 3º do CIVA.
Nesta operação, o olivicultor terá que efetuar a respetiva liquidação de IVA (à taxa de 6%
pelo mesmo enquadramento atrás descrito) na fatura de venda do azeite ao lagar referente
à maquia entregue.
De referir, ainda, que o valor que servirá de base para a liquidação do imposto será o valor
normal dos bens dados em troca, conforme o disposto no nº 3 do artigo 16º do CIVA.
O valor normal dos bens ou serviços deverá entender-se como o preço que um adquirente
ou destinatário teria de pagar, no estádio de comercialização onde é efetuada a operação e
em condições normais de concorrência a um fornecedor ou prestador independente, no
tempo e lugar em que é efetuada a operação ou no tempo e lugar mais próximos, para obter
os bens ou serviços, conforme o disposto no nº 4 do artigo 16º do CIVA.

Por último, de referir, também que nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 29º do CIVA,
ambos os intervenientes nas duas operações (prestação de serviços e a entrega da
maquia), sendo sujeitos passivos referidos na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do mesmo

348
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Código, estarão obrigados a emitir fatura por cada transmissão de bens (pela entrega da
maquia) ou prestação de serviços (pela transformação das azeitonas em azeite).

Só não existirá liquidação de IVA nesta operação se o lagar for uma cooperativa se a
mesma se enquadrar no nº 6 do artº 3º do CIVA onde se refere que não são consideradas
transmissões de bens as cedências devidamente documentadas feitas por cooperativas aos
seus sócios, de bens, não embalados para fins comerciais, resultantes da primeira
transformação de matérias-primas por eles entregues, na medida em que não excedam as
necessidades do seu consumo familiar, tendo sempre presente as regres e limites
especificados na portaria 1158/2000 (20 litros X (n+2), sendo que n corresponde ao numero
de pessoas de maioridade, ligadas por laços de parentescos, afinidade ou uma união de
facto, vivendo sobre o mesmo teto, em comunhão de mesa e habitação, e 2 constitui um
acréscimo para considerar o pessoal doméstico e hóspedes)

Circuito documental:

Fatura:
✓ O lagar emite fatura ao agricultor dos serviços de transformação à taxa de 6%.
✓ O agricultor emite fatura ao lagar do azeite que lhe vende para pagamento dos
serviços de transformação
Neste caso não há pagamento em dinheiro existe apenas encontro de contas entre as
partes.
Documentos de transporte:
✓ Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
✓ Transporte do azeite após transformação – Tem que ser acompanhado com
documento de transporte

2.ª Hipótese

Agricultor que transforma a azeitona em azeite paga o serviço com azeite (pagamento em
espécie) e vende o restante azeite ao lagar

É em tudo idêntico à 1.ª hipótese, mas existe no fim a venda total do azeite ao lagar.

349
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Na prática, esta operação traduz-se em duas operações distintas uma efetuada pelo lagar e
outro pelo agricultor olivicultor.
Vejamos então o terá que se assegurar em cada um dos intervenientes.

Em primeiro lugar, existe a prestação do serviço de transformação das azeitonas do


olivicultor em azeite, efetuada pelo lagar de azeite. Esta operação será enquadrada como
uma prestação de serviços em termos de IVA, ficando enquadrada nos termos da alínea c)
do n.º 2 do artigo 4.º do Código do IVA (CIVA).

Portanto, quando o lagar de azeite efetuar a transformação das azeitonas do olivicultor, e


proceder à entrega do azeite (produto final), essa operação será enquadrada como uma
prestação de serviços para efeitos de liquidação de IVA.

Apesar desta operação de transformação das azeitonas do olivicultor em azeite ser


enquadrada como prestação de serviços, a taxa a aplicar na respetiva liquidação de IVA
será a taxa prevista tal como se fosse enquadrada como uma transmissão de bens,
conforme o disposto no n.º 6 do artigo 18.º do CIVA.
Neste caso, como a prestação de serviços referente à transformação da azeitona em azeite
se enquadra na alínea c) do n.º 2 do artigo 4º do CIVA, em conjugação com o n.º 6 do artigo
18º do CIVA, a taxa a aplicar será de 6%, uma vez o azeite tem enquadramento na verba
1.5.1 da Lista I anexa ao CIVA.

O enquadramento descrito não se altera, ainda que o referido serviço do lagar seja efetuado
através de um pagamento em espécie: a “maquia” (quantidade de azeite que o lagareiro
recebe em paga dos seus serviços).

A entrega da “maquia” por parte do olivicultor será a segunda operação que neste caso é
efetuada em conjunto com a venda do restante azeite ao lagar.
Nesta operação, o olivicultor terá que efetuar a respetiva liquidação de IVA (à taxa de 6%
pelo mesmo enquadramento atrás descrito) na fatura de venda do azeite ao lagar referente
à maquia e ao azeite entregue.
Por último, de referir, também que nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 29º do CIVA,
ambos os intervenientes nas duas operações (prestação de serviços e a entrega da
maquia), sendo sujeitos passivos referidos na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do mesmo
Código, estarão obrigados a emitir fatura ou documento equivalente por cada transmissão

350
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

de bens (pela entrega da maquia) ou prestação de serviços (pela transformação das


azeitonas em azeite).

Circuito documental:

Fatura:
✓ O lagar emite fatura ao agricultor dos serviços de transformação à taxa de 6%.
✓ O agricultor emite fatura ao lagar do azeite que lhe vende (maquia + restante azeite)
Documentos de transporte:
✓ Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)

3.º Cenário

O Agricultor colhe a azeitona e transforma em azeite no seu próprio lagar e depois vende o
azeite.
A operação de transformação é uma operação interna de incorporação de matérias-primas
(azeitona) no processo de transformação.

Circuito documental:

Fatura:
✓ O lagar emite fatura da venda do azeite aos seus clientes
Documentos de transporte:
✓ Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
✓ Transporte do azeite após a venda – Tem que ser acompanhado com documento de
transporte

• Outras situações particulares

- Apanhadores de azeitona
Os olivicultores regra geral contratam, na altura da campanha, apanhadores para a apanha
da azeitona.

351
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esses serviços podem ser pagos como trabalho independente ou como trabalho
dependente.
Dentro do trabalho independente ou dependente o trabalho pode ser pago em espécie (litros
de azeite) ou em dinheiro.
O caso mais sensível é o do pagamento em espécie (litros de azeite) por essa apanha,
vejamos então neste caso que procedimentos devem ser efetuados a nível fiscal e
documental.

Pagamento do serviço (como trabalho independente) de apanha em litros de azeite


Esta operação consubstancia um serviço prestado pelos apanhadores, o que significa que
estamos perante uma prestação de serviços em termos de IVA, ficando enquadrada no
artigo 4.º do Código do IVA (CIVA).
De acordo com as regras gerais do IVA, a obrigação da liquidação e entrega ao Estado do
imposto pertence ao prestador de serviços, embora o adquirente o possa substituir na
obrigação da emissão da fatura emitindo uma autofacturação em nome e por conta do
prestador de serviços.
Como o serviço é pago em litros de azeite pelo agricultor, este (agricultor) terá que passar
uma fatura aos apanhadores de azeitona do azeite vendido.
Quer o prestador de serviços quer o agricultor tem que estar coletados nas finanças (tem
que ter o inicio de atividade)

Circuito documental:

Fatura:
✓ Os apanhadores emitem fatura ao agricultor dos serviços da apanha à taxa de 6% ou
isento de IVA ao abrigo do art. 53.º se for esse o enquadramento do sujeito passivo.
✓ O agricultor passa fatura ao apanhador da venda do azeite.
Documentos de transporte:
✓ Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
✓ Transporte do azeite após transformação – Tem que ser acompanhado com
documento de transporte

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Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Auto-facturação:

O sistema de autofacturação, cada vez mais utilizado entre os operadores económicos,


consiste na adoção de um sistema de faturação segundo o qual o cliente se substitui aos
seus fornecedores na emissão das respetivas faturas.
A necessidade de tal procedimento prende-se com a existência de determinadas atividades
económicas que, pela sua informalidade, de pequenos vendedores, não dispõem de
estrutura de natureza administrativa que lhes permita emitir faturas que contenham todos os
elementos exigidos pelo artigo 36.º, n.º 5 do Código do IVA.

Neste caso a empresa adquirente deve dispor no seu sistema informático de serie próprias
para esse efeito.
Estes mesmos documentos, que podemos designar como faturas próprias em aquisições a
terceiros devem conter todos os requisitos exigidos pelo artigo 36.º, n.º 5 e devem ser
comunicadas pelos prestadores de serviços ou adquirente.
A elaboração de faturas por parte do adquirente dos bens ou dos serviços em substituição
do fornecedor fica sujeita a:
✓ Existência de um acordo prévio, por escrito, entre o sujeito passivo transmitente dos
bens ou prestador dos serviços e o adquirente ou destinatário dos mesmos;
✓ E o adquirente terá que provar que o transmitente dos bens ou prestador dos
serviços tomou conhecimento da emissão da fatura e aceitou o seu conteúdo(esta
prova faz-se, por exemplo pela assinatura do fornecedor ou prestador de serviços na
fatura ou documento equivalente emitida pelo adquirente).

16.8 Tributação em sede de IVA dos subsídios atribuídos às atividades


agrícolas

Regra geral as atividades agrícolas podem recorrer a 3 tipos de subsídios:

➢ Subsídio ao investimento

➢ Subsídio para compensação de preços (onde se inserem as indemnizações


compensatórias destinadas a compensar, por razões sociais ou derivadas de
dificuldades de um sector económico, os baixos preços de venda praticados (preços
inferiores à normal rentabilidade da empresa subvencionada), desde que sejam
estabelecidas com referência ao preço ou quantidade transmitidas.

353
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

➢ Subsídios à exploração não diretamente ligados aos preços (onde se inserem


nomeadamente os subsídios para contratação de pessoal e formação)

Vejamos então o tratamento em sede de IVA dos subsídios recebidos pelas entidades que
desenvolvam atividades agrícolas atendendo aos vários enquadramentos possíveis
(exclusivamente isento, exclusivamente sujeito ou misto)

Sujeitos passivos exclusivamente isentos (Situação em vigor até 31/12/2012)

Se a entidade que desenvolve atividade agrícola estiver enquadrada na isenção prevista no


art. 9.º e não tiver qualquer outra atividade sujeita, isto é, for exclusivamente isento, os
subsídios recebidos não influenciam aquele enquadramento.

O que significa que quer a entidade agrícola receba subsídios ao investimento,


compensação de preço169 ou subsídios à exploração, os mesmos também beneficiam da
isenção enquanto operações ativas da entidade.

No âmbito da atividade agrícola a partir de 2013 esta situação de isenção prevalece para os
sujeitos passivos enquadrados no regime especial de isenção previsto no artigo 53.º do
Código do IVA.

Sujeitos passivos exclusivamente sujeitos

Se a entidade for exclusivamente sujeito a IVA em todas as operações que pratica, vejamos
os como deve proceder no tratamento dos subsídios em sede de IVA.

Subsídios ao investimento – Conforme resulta do disposto no n.º 4 do art. 23 do CIVA os


subsídios ao investimento não interferem com o IVA, seja no que se refere à liquidação, seja
no que se refere à dedução, pelo que a entidade nada terá que fazer em sede de IVA em
relação a este tipo de subsídios.

169 Os subsídios directamente conexos com o preço de cada operação acompanham em termos de sujeição ou isenção a
operação em função da qual são concedidos.

354
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Subsídios para compensação de preços – Conforme estabelece a alínea c) do n.º 5 do


artigo 16.º do CIVA, este tipo de subvenções estão sujeitas a IVA, no entanto quando estas
estão relacionadas com a atividade agrícola são excluídas da tributação em IVA.

Isso é, embora sujeitos, os subsídios (subvenções) que são oriundos da Comunidade


Europeia (e atribuídos, nomeadamente através do IFAP), têm um tratamento especial. Este
enquadramento encontra-se vinculado no despacho favorável do Secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais, de 15.10.91 onde refere que são de excluir da tributação em IVA as
subvenções comunitárias à agricultura.

Subsídios à exploração não diretamente ligados aos preços - Se o sujeito passivo estiver no
regime geral e praticar exclusivamente atividades sujeitas, o facto de receber subsídios não
tributados em IVA (fora do campo de imposto como é o caso dos subsídios à exploração)
não influencia o direito à dedução conforme previsto no art. 23.º do CIVA 170
com as
alterações introduzidas pela Lei do Orçamento do estado para 2008.

Este enquadramento é reforçado pelo entendimento expresso no ponto VI - 6 a) do Ofício-


Circulado n.º 30103, de 23/ 05/ 2008 onde se refere que:
“6. No que respeita às subvenções não tributadas, porque não conexas com o preço das
operações tributáveis, deve atender-se ao seguinte:
a) Caso a subvenção vise financiar operações decorrentes de uma atividade económica
sujeitas a IVA, o respetivo montante deve integrar o denominador do pró-rata previsto no n.º
4 do artigo 23.º do CIVA no caso dos sujeitos passivos mistos, não tendo qualquer influência
no montante do imposto dedutível no caso dos sujeitos passivos integrais.”

170
Anteriormente a 2008, antes da alteração introduzida pelo OE para 2008 - Lei n.º 67-A/2007, de 31 de Dezembro, os
subsídios à exploração embora não sujeitos a IVA (fora do campo do imposto) quando fossem recebidos por sujeitos passivos
de IVA “exclusivamente” sujeitos, influenciavam o direito à dedução do imposto, levando na prática a que as entidades que
recebessem esses subsídios ficassem enquadradas num regime misto no que respeitava ao direito à dedução. No entanto se
os subsídios à exploração estivessem directamente relacionados com a actividade agrícola, ficavam excluídos dessa limitação
do direito à dedução conforme o teor da informação n.º 130, de 15/10/91 do Gabinete do Subdirector-Geral do IVA averbada de
despacho concordante do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais da mesma data, pelo que, tais subvenções comunitárias
à agricultura não eram de incluir no numerador nem no denominador da fracção a que se refere o artigo 23.º do Código do IVA.

355
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Sujeitos passivos mistos

São considerados sujeitos passivos mistos, os sujeitos passivos que praticam em


simultâneo atividade sujeitas a IVA e atividade isentas.

Exemplo se situações em que este enquadramento pode ocorrer:

- Atividade agrícola sujeita e atividade isenta ensino (escolas agrárias).


- Atividade agrícola sujeita e atividades isentas de associações sem fins lucrativos.

Vejamos então como proceder no tratamento dos subsídios em sede de IVA quando o
enquadramento da atividade agrícola, é mista.

Subsídios ao investimento – Conforme resulta do disposto no n.º 4 do art. 23 do CIVA os


subsídios ao investimento não interferem com o IVA, seja no que se refere à liquidação, seja
no que se refere à dedução, pelo que a entidade nada terá que fazer em sede de IVA em
relação a este tipo de subsídios.

Subsídios para compensação de preços – Conforme estabelece a alínea c) do n.º 5 do


artigo 16.º do CIVA, este tipo de subvenções estão sujeitas a IVA, no entanto quando estas
estão relacionadas com a atividade agrícola são excluídas da tributação em IVA.
Isso é embora sujeitos, os subsídios (subvenções) que são oriundos da Comunidade
Europeia (e atribuídos, nomeadamente através do IFAP), têm um tratamento especial. Este
enquadramento encontra-se vinculado no despacho favorável do Secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais, de 15.10.91 onde refere que são de excluir da tributação em IVA as
subvenções comunitárias à agricultura.

Subsídios à exploração não diretamente ligados aos preços - Se o sujeito passivo pratica
simultaneamente operações sujeitas e isentas, o facto de receber subsídios não tributados
em IVA (fora do campo de imposto como é o caso dos subsídios à exploração) pode limitar
o direito à dedução conforme previsto no artigo 23.º do CIVA.

Assim, se os subsídios estiverem diretamente relacionados com a atividade agrícola, ficam


excluídos dessa limitação do direito à dedução conforme o teor da informação n.º 130, de
15/10/91 do Gabinete do Subdiretor-Geral do IVA averbada de despacho concordante do
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais da mesma data, pelo que, tais subvenções

356
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

comunitárias à agricultura não são de incluir no numerador nem no denominador da fração a


que se refere o artigo 23.º do Código do IVA.

Casos os subsídios respeitam a outras atividades desenvolvidas pela entidade, como por
exemplo atividade hoteleira de turismo rural, já vão limitar o direito à dedução.
Esta limitação verifica-se na prática pela influência negativa no direito à dedução, já que os
valores dos subsídios devem ser considerados no denominador da fração para cálculo do
valor do pró-rata.

IVA – Subvenções À Agricultura e Pecuária

Informação n.º 1122, de 93.01.20, averbada do despacho concordante de 93.02.15 do Exm.º


Senhor Subsecretário de Estado Adjunto da Secretaria de Estado Adjunta e do Orçamento

1. A alínea c) do n.º 5 do art.º 16.º do Código do IVA (CIVA), aditada pelo Decreto-Lei n.º
195/88 de 12 de Junho, determina a inclusão no valor tributável das transmissões de bens
e das prestações de serviços, das subvenções diretamente conexas com o preço de cada
operação, considerando como tais as que são estabelecidas em função do número de
unidades transmitidas ou do volume dos serviços prestados e sejam fixadas anteriormente
à realização das operações.
2. Vem esta regra inspirar-se na 6.ª Diretiva do Conselho das Comunidades de 17 de Maio
de 1977 (77/388/CEE), mais precisamente no art.º 11.º-A, n.º1, alínea a), a qual inclui no
valor tributável, asa subvenções diretamente relacionadas com o preço de tais operações.
3. Importa pois saber qual o âmbito e limite deste preceito e verificar se as subvenções a
que se refere o oficio n.º 742/92/DA-P de 24.11.92 da CAP, se enquadram ou não no
espirito do mesmo.
4. Foi já anteriormente emitido entendimento destes serviços no sentido de se considerar
como de integrar no valor tributável sujeito a imposto, apenas aqueles subsídios ou
subvenções que estando diretamente conexas com os preços de cada operação,
preencham cumulativamente duas condições:
4.1 sejam estabelecidas em função do número de unidades transmitidas ou do volume de
serviços prestados;
4.2 sejam fixadas anteriormente à realização das operações.

357
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5. Assim quando as subvenções sejam atribuídas em função da área cultivada, afastar-se-á


a sua inclusão na matéria tributável pois não existirá conexão direta com o preço final do
bem.
6. Em relação a outras subvenções há que dar especial destaque àquelas que são oriundas
das comunidades europeias (CEE).
7. Assim, foi já transmitido entendimento por estes Serviços através da informação n.º 130
de 15 de Outubro de 1991 do Gabinete do Subdiretor-Geral o qual mereceu despacho
favorável de Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais em
15.10.91.
8. E, nessa informação, veiculado parecer no sentido de excluir da tributação em IVA as
subvenções comunitárias à agricultura, até que a incidência do imposto seja tomada em
conta no estabelecimento dos respetivos montantes. Refere-se ainda nessa informação
que não deverão sequer ser consideradas essas subvenções para efeitos de cálculo do
prorata (excluidas de numerador e do denominador).
9. São pois este Serviços de opinião, e de acordo com o veiculado no referido despacho de
Sua Excelência o Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que será de excluir
da tributação em IVA qualquer subvenção comunitária dirigida à agricultura ou pecuária,
não devendo também ser considerada para efeitos de calculo de prorata.
10. Mais se esclarece que, os subsídios à contabilidade e ao gasóleo, ainda que tipifiquem
um subsídio à exploração, não existe um elemento de conexão inequívoco entre os
subsídios atribuídos e os preços ou quantidades das operações, subsidiadas pelo que
também não deverão ser tributados, conforme informação n.º 1913, de 91.07.04, que
mereceu despacho concordante de 91.07.05.

16.9 Transferência de direitos RPB – Tributação em IVA

A transmissão onerosa de direitos de pagamento de ajudas comunitárias, nomeadamente


do Regime de Pagamento de Base (RPB) previsto na Portaria n.º 57/2015, de 27 de
fevereiro, e respetivas alterações, regra geral está sujeita a tributação em IVA à taxa normal.

No entanto, no caso da primeira atribuição dos direitos que é feita pelo Estado a título
gratuito aos agricultores, tal operação não é considerada uma operação sujeita a IVA171,
constituindo uma operação fora do campo do imposto.

171
Nos termos do artigo 2.º da Diretiva de IVA

358
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As transferências dos direitos de pagamento a título oneroso, são um negócio jurídico


celebrado, entre agricultores que exercem a atividade agrícola, que são regra geral sujeitos
passivos de IVA172. Ainda que o cedente vendedor não seja sujeito passivo de IVA, esta
operação de venda dos direitos reveste a forma de uma só operação tributável (ato isolado),
sendo tributável em IVA.

No âmbito da transferência dos direitos de pagamento, podemos diferenciar três situações


distintas:

1. Transferência efetuada através de venda dos direitos sem a terra;


2. Venda dos direitos, acompanhada da venda da terra explorada;
3. Transferência dos direitos com o arrendamento da terra.

No caso de transferência por venda de direitos não acompanhada de transferência de


“terra”, pelo facto destes direitos serem bens intangíveis, a respetiva transmissão é
qualificada para efeitos de IVA como prestação de serviços173, sujeita a tributação,
constituindo uma operação não abrangida por qualquer exclusão ou isenção em sede de
IVA, sendo tributada à taxa normal, por não se enquadrar no âmbito das prestações de
serviços agrícolas definidas na verba 4.2 da Lista I anexa ao Código do IVA.

A transmissão dos direitos, em conjunto com a venda da terra, na perspetiva da Autoridade


Tributária e Aduaneira, carecerá de uma análise casuística e deverá ser avaliada caso a
caso. Normalmente, as transações de venda de direitos com a terra, têm caraterísticas de
uma transmissão única, pelo que a transmissão de direitos constitui uma operação
acessória da transmissão da terra, ficando a operação isenta de IVA174.

Se a transferência dos direitos for acompanhada de arrendamento da terra, porque as duas


operações não são separáveis, esta situação configura uma única operação abrangida pela
isenção de IVA prevista no n.º 29 do artigo 9.º do Código do IVA.

O arrendamento de terrenos agrícolas está isento de IVA, nos termos da alínea 29) do artigo
9.º do Código do IVA, se:

-“Não for antecedido de prévia preparação do terreno mediante operações de drenagem,


lavra, socalcagem ou outras que sejam abrangidas pelo conceito de benfeitorias úteis;

172 Nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA


173 Alínea a) do artigo 25.º da Diretiva de IVA

359
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- No terreno não se achar implantada qualquer obra (poços, furos, diques de rega, etc)
construída com carácter de benfeitoria ou adquirida por acessão industrial imobiliária nos
termos dos artigos 1339.º e seguintes do Código Civil”.

Os contratos de arrendamento de terrenos agrícolas que não reúnam os requisitos de


isenção previstos e delimitados na alínea 29) do artigo 9.º do Código do IVA e pelo Ofício
Circulado n.º 30.022, de 16/06/2000, ficam sujeitos a tributação em sede de IVA.

Na Informação vinculativa n.º 5666175, disponibilizada no Portal das Finanças, é definindo


que a locação de um terreno agrícola em que o arrendatário é um produtor agrícola, que
beneficia dessa mesma locação no âmbito do exercício de uma das atividades de produção
agrícola listadas na verba 5 da Lista I anexa ao Código do IVA, está sujeita à aplicação da
taxa reduzida do IVA.

174 N.º 30 do artigo 9.º do Código do IVA


175
Por despacho de 18/08/2014, do SDG do IVA

360
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

17 A legislação de segurança social aplicável

17.1 Enquadramento

No dia 16 de Setembro de 2009, foi publicada a Lei n.º 110/2009 que aprovou o Código dos
Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, doravante apenas
designado apenas por Código Contributivo, que surge na sequência do acordo176 celebrado
com os parceiros sociais no âmbito das relações laborais, com o objetivo de dar um
contributo importante para o combate à precariedade e à segmentação no mercado de
trabalho.

Todavia, a aprovação do Código Contributivo só veio a concretizar-se quase dois anos


depois de decorrido o prazo previsto para a respetiva conclusão, com efeito no Acordo entre
os parceiros sociais encontrava-se previsto que a discussão do Código Contributivo iria ser
iniciada ainda no ano de 2006 e encontrava-se finalizada até final do 1.º semestre de 2007.
Em 2009, data em que foi discutido e aprovado o Código Contributivo, estavam
profundamente alteradas as circunstâncias de conjuntura económica e social que rodearam
a celebração do Acordo.

Atendendo à grave crise económica-financeira, que tem tido um efeito verdadeiramente


devastador a nível nacional, com preocupantes repercussões no plano social, ao nível do
desemprego e quebra de rendimentos das famílias, os pressupostos em que se baseou a
aprovação do Acordo com os Parceiros Sociais já não se verificavam nessa mesma data.
Assim, em 30 de Dezembro de 2009, foi publicada a Lei n.º 119/2009, que alterou a data de
entrada em vigor do Código Contributivo de 1 de Janeiro de 2010 para 1 de Janeiro de
2011.177

176
Dar cumprimento ao disposto nos Pontos n.º 9 do “Acordo sobre as Linhas Estratégicas da Reforma da Segurança Social”,
de 10 de Julho de 2006, e n.º 11 do “Acordo sobre a Reforma da Segurança Social”, de 10 de Outubro de 2006, ambos
celebrados em sede de concertação social.
177
Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro, com a redação dada pela Lei n.º 119/2009, de 30 de dezembro – Aprova o código dos
regimes contributivos do sistema previdencial da segurança social.
Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro – Aprova o orçamento do Estado para o ano de 2011. Aprova ainda o sistema de
incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento empresarial II (SIFDE II) e o regime que cria a contribuição sobre o setor
bancário.
Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro – Regulamenta a Lei n.º 110/2009.

361
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ao abrigo da autorização legislativa prevista no artigo 96.º da Lei do Orçamento de Estado


para 2017, no dia 9 de janeiro de 2018 foi publicado o Decreto-Lei n.º 2/2018, que alterou de
forma substancial o regime contributivo dos trabalhadores independentes desde de 1 de
janeiro de 2019. As alterações previstas neste diploma referentes às entidades contratantes
entraram em vigor no dia 1 de janeiro de 2018.
O Decreto Regulamentar n.º 6/2018, de 2 de julho, procede à sexta alteração ao Decreto
Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro, que regulamenta o Código Contributivo.

O Código Contributivo tem a virtude de compilar e agregar de forma sistemática, pela


primeira vez, um leque extenso de matérias que se encontravam dispersas por inúmeros
diplomas que regulam a relação jurídica entre os contribuintes, beneficiários e o sistema
previdencial de segurança social. Por outro lado, vem introduzir profundas alterações em
matéria de contribuições para a Segurança Social, que vão ter um forte impacto no dia-a-dia
das empresas e dos trabalhadores.

O Código Contributivo regula os regimes abrangidos pelo sistema previdencial aplicáveis


aos trabalhadores por conta de outrem ou em situação legalmente equiparada para
efeitos de segurança social, aos trabalhadores independentes, bem como o regime de
inscrição facultativa, definindo o âmbito pessoal, o âmbito material, a relação jurídica de
vinculação e a relação jurídica contributiva e regulando o respetivo quadro sancionatório.

Esquematicamente, temos os seguintes regimes abrangidos pelo Código Contributivo:

Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem, que compreende:

• O regime aplicável à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem;

• O regime aplicável aos trabalhadores integrados em categorias ou situações


específicas;

• O regime aplicável às situações equiparadas a trabalho por conta de outrem.

Portaria n.º 66/2011, de 4 de fevereiro – Define os procedimentos, os elementos e os meios necessários à inscrição, ao
enquadramento e ao cumprimento da obrigação contributiva previstos no Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro.
Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro – Aprova o Orçamento de Estado para 2012 – pág. 5538(72) a 5538(76).
Lei n.º 20/2012, de 14 de maio – Primeira alteração à Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro (Orçamento do Estado para 2012),
no âmbito da iniciativa para o reforço da estabilidade financeira.
Portaria n.º 178-A/2012, de 31 de maio, no âmbito da Resolução do Conselho de Ministros n.º 37/2012, de 27 de março.

362
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Regime dos trabalhadores independentes

Regime de inscrição facultativa (Seguro Social Voluntário)

O regime aplicável aos trabalhadores integrados em categorias ou situações específicas,


inserido no regime geral dos trabalhadores por conta de outrem, abrange:

1. Trabalhadores com âmbito material reduzido (art.ºs 61.º a 91.º);

2. Trabalhadores em regime de trabalho intermitente (art.ºs 92.º a 94.º);

3. Trabalhadores de atividades economicamente débeis (art.ºs 95.º a 99.º);

4. Disposições Gerais referentes ao regime de incentivos ao emprego (art.ºs 100.º a


104.º);

5. Incentivos à permanência no mercado de trabalho (art.ºs 105.º a 107.º);

6. Incentivo à contratação de trabalhadores com deficiência (art.ºs 108.º a 109.º);

7. Trabalhadores ao serviço de entidades empregadoras sem fins lucrativos (art.ºs


110.º a 121.º).

Os trabalhadores com âmbito material reduzido, englobam:

• Membros Orgãos Estatutários (art.ºs 61.º a 70.º);

• Trabalhadores no domicílio (art.ºs 71.º a 73.º);

• Praticantes desportivos profissionais (art.ºs 74.º a 79.º);

• Trabalhadores em regime de trabalho de muito curta duração (art.ºs 80.º a 83.º);

• Trabalhadores em situação de pré-reforma (art.ºs 84.º a 88.º);

• Pensionistas em atividade (art.ºs 89.º a 91.º).

Trabalhadores de atividades economicamente débeis, que são:

• Trabalhadores de atividades agrícolas (art.ºs 95.º a 96.º);

• Trabalhadores da pesca local ou costeira (art.ºs 97.º a 99.º).

363
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Trabalhadores ao serviço de entidades empregadoras sem fins lucrativos, abrange:

O regime aplicável às situações equiparadas a trabalho por conta de outrem, engloba:

• Membros das igrejas, associações e confissões religiosas (art.ºs 122.º a 128.º);


• Trabalhadores em regime de acumulação (art.ºs 129.º a 131.º).

No Código Contributivo são subsidiariamente aplicáveis:

• Quanto à relação jurídica contributiva, a Lei Geral Tributária;

• Quanto à responsabilidade civil, o Código Civil;

• Quanto à matéria procedimental, o Código do Procedimento Administrativo;

• Quanto à matéria substantiva contra-ordenacional, o Regime Geral das


Infrações Tributárias.

364
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Antes de entramos nas áreas específicas do Código Contributivo ligadas mais diretamente
às atividades agrícolas, passamos a elencar algumas das disposições comuns do Código,
importantes para a compreensão dos vários Regimes previstos.

Inscrição na Segurança Social

A relação jurídica de vinculação é a ligação estabelecida entre as pessoas singulares ou


coletivas e o sistema previdencial de segurança social e efetiva-se através da inscrição na
instituição de segurança social competente. A inscrição pressupõe a identificação do
interessado no sistema de segurança social através de um número de identificação na
segurança social (NISS). A relação jurídica de vinculação tem por objeto a determinação
dos titulares do direito à proteção social do sistema previdencial da segurança social, bem
como dos sujeitos das obrigações.

A inscrição na Segurança Social é o ato administrativo pelo qual se efetiva a vinculação


ao sistema previdencial da segurança social e confere:

• A qualidade de beneficiário às pessoas singulares que preenchem as condições


de enquadramento no âmbito pessoal de um dos regimes abrangidos pelo sistema
previdencial;

• A qualidade de contribuinte às pessoas singulares ou coletivas que sejam


entidades empregadoras.

A inscrição dos beneficiários é obrigatória e vitalícia permanecendo independentemente


dos regimes em cujo âmbito o indivíduo se enquadre.

A inscrição das entidades empregadoras é obrigatória, única e definitiva.

Enquadramento

O enquadramento é o ato administrativo pelo qual a instituição de segurança social


competente reconhece, numa situação de facto, a existência dos requisitos materiais
legalmente definidos para ser abrangido por um regime de segurança social.

Sempre que ocorra em relação à mesma pessoa mais de um enquadramento estes são
efetuados por referência ao mesmo NISS.

365
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Relação jurídica contributiva

A relação jurídica contributiva fundamenta-se no vínculo de natureza obrigacional que liga


ao sistema previdencial:

• Os trabalhadores e as respetivas entidades empregadoras;

• Os trabalhadores independentes e quando aplicável as pessoas coletivas e as


pessoas singulares com atividade empresarial que com eles contratam;

• Os beneficiários do regime de seguro social voluntário.

A relação jurídica contributiva mantém-se mesmo nos casos em que normas especiais
determinem a dispensa temporária, total ou parcial, ou a redução do pagamento de
contribuições.

Objecto da obrigação contributiva

A obrigação contributiva tem por objeto o pagamento regular de contribuições e de


quotizações por parte das pessoas singulares e coletivas que se relacionam com o
sistema previdencial de segurança social.

As contribuições são da responsabilidade das entidades empregadoras, dos


trabalhadores independentes, das entidades contratantes e dos beneficiários do seguro
social voluntário, consoante os casos, e as quotizações são da responsabilidade dos
trabalhadores.

As contribuições e quotizações destinam-se ao financiamento do sistema previdencial que


tem por base uma relação sinalagmática direta entre a obrigação legal de contribuir e o
direito às prestações.

Contribuições e quotizações

As contribuições e as quotizações são prestações pecuniárias destinadas à efetivação do


direito à segurança social. O seu montante é determinado pela aplicação da taxa
contributiva às remunerações que constituem base de incidência.

A base de incidência contributiva é o montante das remunerações, reais ou


convencionais, sobre as quais incidem as taxas contributivas, nos termos previstos no
Código Contributivo, para efeitos de apuramento do montante das contribuições e das
quotizações.

366
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A taxa contributiva representa um valor em percentagem, determinado actuarialmente em


função do custo da proteção das eventualidades previstas no Código Contributivo, sendo
afeta à cobertura das diferentes eventualidades e às políticas ativas de emprego e
valorização profissional.

Proteção social

São condições gerais de acesso à proteção social garantida pelos regimes do sistema
previdencial a inscrição e o cumprimento da obrigação contributiva dos trabalhadores,
quando for caso disso, das respetivas entidades empregadoras e dos beneficiários do
regime de inscrição facultativa.

A proteção social conferida pelos regimes do sistema previdencial integra a proteção nas
eventualidades de doença, maternidade, paternidade e adoção, desemprego, doenças
profissionais, invalidez, velhice e morte, de acordo com o especificamente regulado para
cada eventualidade. As eventualidades de maternidade, paternidade e adoção são
abreviadamente designadas por parentalidade.

O elenco das eventualidades protegidas pode ser reduzido em função de determinadas


situações e categorias de beneficiários nos termos e condições previstas no Código
Contributivo ou alargado em função da necessidade de dar cobertura a novos riscos
sociais.

Utilização da internet

Regra geral, as entidades empregadoras, os trabalhadores e os serviços gestores do


sistema previdencial da segurança social devem utilizar a internet para as comunicações,
apresentação de requerimentos e cumprimento das obrigações contributivas.

Notificações eletrónicas178

São obrigados a aderir ao sistema de notificações eletrónicas da Segurança Social, quando


não adiram ao serviço público de notificações eletrónicas associado à morada única digital:

a) As entidades empregadoras, com exceção das pessoas singulares sem atividade


empresarial;

b) As entidades contratantes;

178 Decreto-Lei n.º 93/2017, de 1 de agosto

367
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

c) Os trabalhadores independentes que se encontrem sujeitos ao cumprimento da


obrigação contributiva.

O regime da obrigação prevista é regulamentado em diploma próprio.

O regime das notificações e citações efetuadas através da plataforma informática


disponibilizada pelo sítio eletrónico da Segurança Social, previsto no presente artigo, é
regulamentado em diploma próprio

Prazo de resposta a pedido de esclarecimentos

As entidades empregadoras e os trabalhadores devem prestar os esclarecimentos


solicitados pelas instituições de segurança social no prazo de 10 dias quando seja verificada
a falta de elementos ou se suscitem dúvidas quanto aos elementos obtidos por interconexão
de dados ou por via oficiosa.

17.2 Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem

São abrangidos pelo regime geral, com carácter de obrigatoriedade, os trabalhadores que
exercem atividade profissional remunerada ao abrigo de contrato de trabalho nos termos
do disposto no Código do Trabalho.

São também abrangidas pelo regime geral as pessoas singulares que em função das
características específicas da atividade exercida sejam, nos termos do Código
Contributivo, consideradas em situação equiparada à dos trabalhadores por conta de
outrem para efeitos da relação jurídica de segurança social.

Consideram-se entidades empregadoras as pessoas singulares ou coletivas que


beneficiem da atividade dos trabalhadores por conta de outrem sendo abrangidas pelo
regime geral dos trabalhadores por conta de outrem na qualidade de entidades
empregadoras, independentemente da sua natureza e das finalidades que prossigam.

As empresas de trabalho temporário são consideradas entidades empregadoras dos


trabalhadores temporários.

O fim não lucrativo das entidades empregadoras, qualquer que seja a sua natureza
jurídica, não as exclui do âmbito de aplicação do Código Contributivo.

368
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A proteção social conferida pelo regime geral dos trabalhadores por conta de outrem
integra proteção nas eventualidades de doença, parentalidade, desemprego, doenças
profissionais, invalidez, velhice e morte.

⇨ Comunicação da admissão de trabalhadores

A admissão dos trabalhadores é obrigatoriamente comunicada pelas entidades


empregadoras à instituição de segurança social competente, no sítio na Internet da
segurança social, com exceção dos trabalhadores do serviço doméstico, em que aquela
pode ser efetuada através de qualquer meio escrito:

• Nas vinte e quatro horas anteriores ao início da produção de efeitos do contrato


de trabalho;

• Nas vinte e quatro horas seguintes ao início da atividade sempre que, por
razões excecionais e devidamente fundamentadas, ligadas à celebração de
contratos de trabalho de muito curta duração ou à prestação de trabalho por
turnos a comunicação não possa ser efetuada no prazo previsto nas vinte e
quatro horas anteriores.

Com a comunicação a entidade empregadora declara à instituição de segurança social o


NISS, se o houver, se o contrato de trabalho é a termo resolutivo ou sem termo e os
demais elementos necessários ao enquadramento do trabalhador.

Site da Segurança Social, https://www.seg-social.pt/

A violação do cumprimento dos prazos previstos para comunicação da admissão dos


trabalhadores constitui contra-ordenação leve quando seja cumprida nas vinte e quatro
horas subsequentes ao termo do prazo e constitui contra-ordenação grave nas demais
situações.

Na falta de cumprimento da obrigação dos prazos previstos para comunicação da


admissão dos trabalhadores para além de vinte e quatro horas presume-se que o
trabalhador iniciou a prestação de trabalho ao serviço da entidade empregadora faltosa no
1.º dia do 6.º mês anterior ao da verificação do incumprimento. A presunção referida é
eliminada por prova de que resulte a data em que teve, efetivamente, início a prestação
de trabalho.

369
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

⇨ Comunicação da cessação, suspensão ou alteração do contrato de


trabalho

A entidade empregadora é obrigada a declarar à instituição de segurança social


competente, até ao dia 10 do mês seguinte ao da sua ocorrência, a cessação, a
suspensão do contrato de trabalho e o motivo que lhes deu causa, bem como a alteração
da modalidade de contrato de trabalho. Esta obrigação considera-se cumprida sempre
que sejam do conhecimento oficioso do sistema de segurança social. Nos casos de
pessoas singulares com apenas um trabalhador ao serviço, as comunicações à
segurança social podem ser efetuadas através de formulário próprio, em suporte de
papel.

Enquanto não for cumprida a obrigação de comunicar a cessação, presume-se a


existência da relação laboral, mantendo-se a obrigação contributiva, constituindo uma
contra-ordenação leve.

⇨ Inscrição da Entidade Empregadora

A inscrição das pessoas coletivas é feita oficiosamente179 na data da sua constituição


sempre que esta obedeça ao regime especial de constituição imediata de sociedades e
associações ou ao regime especial de constituição online de sociedades e produz efeitos
à data do início do exercício de atividade declarada para efeitos fiscais.

A inscrição das pessoas singulares que beneficiam da atividade profissional de terceiros,


prestada em regime de contrato de trabalho, é feita na data da admissão do primeiro
trabalhador e produz efeitos na data de início do exercício de atividade do primeiro
trabalhador.

⇨ Declaração de Remunerações

As entidades contribuintes são obrigadas a declarar à segurança social, até ao dia 10 do


mês seguinte àquele que diga respeito, em relação a cada um dos trabalhadores ao seu
serviço, o valor da remuneração que constitui a base de incidência contributiva, os tempos
de trabalho que lhe corresponde e a taxa contributiva aplicável.

179
Consideram-se oficiosamente inscritas na segurança social as entidades empregadoras cuja inscrição no registo comercial
ou, tratando-se de entidade não sujeita a registo comercial obrigatório, no ficheiro central de pessoas coletivas, seja
comunicada pelos serviços de registo.
É também efectuada oficiosamente, com base em acções de inspecção ou de fiscalização, a inscrição de entidades
constituídas que tenham trabalhadores ao seu serviço.

370
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A falta ou a insuficiência das declarações de remunerações podem ser supridas ou


corrigidas oficiosamente pela instituição de segurança social competente,
designadamente por recurso aos dados de que disponha no seu sistema de informação,
no sistema de informação fiscal ou decorrente de ação de fiscalização. O suprimento
oficioso das declarações de remunerações é notificado à entidade contribuinte nos termos
do disposto no Código do Procedimento Administrativo.

A não inclusão de trabalhador na declaração de remunerações constitui contra-ordenação


muito grave, sendo contra-ordenação leve quando seja cumprida nos 30 dias
subsequentes ao termo do prazo para a sua entrega.

A declaração de remunerações180 é apresentada por transmissão eletrónica de dados,


através do sítio da segurança social na Internet.

Entrega da declaração de remunerações:

• A declaração efetuada por transferência eletrónica de dados considera-se


entregue na data em que é considerada válida pelo sistema de informação da
segurança social.

• A declaração em suporte de papel é entregue nas instituições de segurança social


da área do local de trabalho, podendo ainda ser-lhes remetida pelo correio.
Considera-se entregue na data que é apresentada, ou na data de carimbo dos
serviços dos correios quando remetida por esta via, desde que seja validada pelo
sistema de informação da segurança social.

• Quando o prazo para a entrega da declaração termine ao sábado, domingo ou dia


feriado transfere-se o seu termo para o 1.º dia útil seguinte.

Tempos de trabalho:

• São declarados em dias, independentemente de a atividade ser prestada a tempo completo


ou a tempo parcial.

• Nos casos em que a atividade corresponda a um mínimo de seis horas de trabalho diário e
se reporte a todos os dias do mês, o tempo declarado corresponde a 30 dias.

180 A declaração de remunerações obedece a modelo próprio e é preenchida de acordo com os requisitos técnicos e
procedimentos constantes no sítio da Internet da segurança social, aprovados por despacho do membro dp Governo
responsável pela área da Segurança Social e inclui a identificação dos trabalhadores ao serviço da entidade contribuinte a
quem seja devida remuneração no mês de referência.

371
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Nas situações de início, interrupção, suspensão ou cessação de contrato de trabalho a


tempo completo é declarado o número efetivo de dias de trabalho prestado a que
correspondeu a remuneração.

• Nas situações de trabalho a tempo parcial, de contrato de muito curta duração e de contrato
intermitente com prestação horária de trabalho, é declarado um dia de trabalho por cada
conjunto de seis horas.

• Nos casos em que o número de horas de trabalho, excedente de múltiplos de seis, for igual
a três ou inferior, é declarado meio dia de trabalho e, nos restantes casos, mais um dia, com
o limite máximo de 30 dias em cada mês.

• Sem prejuízo do definido, nas situações em que o período normal de trabalho a tempo
completo do setor de atividade seja de 35 horas semanais ou inferior, a prestação de
trabalho a tempo parcial, de contrato de muito curta duração e de contrato intermitente com
prestação horária de trabalho é declarada nos seguintes termos181:
a) Um dia de trabalho por cada conjunto de cinco horas;
b) Meio dia de trabalho nos casos em que o número de horas de trabalho, excedente
de múltiplos de cinco, for igual a dois e meio ou inferior e, nos restantes casos, mais
um dia, com o limite máximo de 30 dias em cada mês.

Correção dos elementos declarados:

• Os elementos das declarações de remunerações podem ser corrigidos na declaração de


remunerações do mês de referência seguinte àquele a que os mesmos respeitam.

• Não se efetuando a correção das declarações de remunerações no prazo de um mês, as


correções só podem ser efetuadas através da entrega de declaração de remunerações
autónoma, sendo a mesma considerada, para todos os efeitos, como entregue fora do
prazo.

• A anulação ou correção integral de declaração de remunerações é requerida ao serviço de


segurança social competente, mediante apresentação de prova que fundamente o pedido.

181
Redação dada pelo Decreto-Regulamentar n.º 6/2018, de 2 de julho, que entra en vigor no dia 1 de janeiro 2019.

372
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Declarações de remunerações autónomas:

• A entidade empregadora deve apresentar declarações de remunerações autónomas por


mês de referência das remunerações declaradas, estabelecimento e taxa contributiva
aplicável aos trabalhadores que integram cada estabelecimento.

• As atualizações e os acertos de remunerações, bem como os montantes das comissões,


gratificações, prémios que se reportem a mais do que um mês são declarados no mês que
forem pagos e reportam-se aos meses de referência a que respeitam.

• É apresentada declaração de remunerações autónoma, referente aos honorários dos


trabalhadores em regime de acumulação, pela entidade a quem foram prestados os
serviços, sempre que esta seja distinta da entidade empregadora.

⇨ Base de Incidência

Para a determinação do montante das contribuições das entidades empregadoras e das


quotizações dos trabalhadores, considera-se base de incidência contributiva a remuneração
ilíquida devida em função do exercício da atividade profissional ou decorrente da cessação
do contrato de trabalho.

As bases de incidência convencionais são fixadas por referência ao valor do indexante dos
apoios sociais (IAS). e a sua atualização produz efeitos a partir do 1.º dia do mês seguinte
ao da publicação do diploma que concretize a atualização do IAS.

O Indexante dos Apoios Sociais (IAS) é um referencial que fixa as regras da atualização das
pensões e de outras prestações atribuídas pelo sistema de segurança social instituído pela
Lei n.º 53-B/2006, de 29 de Dezembro, que veio substituir a Retribuição Mínima Mensal
Garantida (RMMG). Constitui o referencial determinante da fixação, cálculo e atualização
dos apoios e outras despesas e das receitas da administração central do Estado, das
Regiões Autónomas e das autarquias locais, qualquer que seja a sua natureza, previstos em
actos legislativos ou regulamentares.

O valor do IAS para cada ano é fixado por portaria conjunta dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas das finanças e do trabalho e da solidariedade social, tendo por
base o valor da retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano anterior, atualizada

373
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

pelo índice de preços no consumidor (IPC) sem habitação, correspondente à variação média
dos últimos 12 meses, disponível em 30 de Novembro do ano anterior.

A portaria n.º 1514/2008 estabeleceu o IAS para o ano de 2009 para 419,22 euros. O
Decreto-Lei n.º 323/2009, de 24 de Dezembro, suspende o regime de atualização anual do
Indexante dos Apoios Sociais (IAS), mantendo em 2010 o valor de 419,22 euros.
A Lei n.º 55/2010, de 31 de dezembro, no artigo 67.º suspende durante o ano de 2011 o
regime de atualização anual do indexante dos Apoios Sociais (IAS), mantendo-se em vigor o
valor de 419,22 euros.
A Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro, no artigo 79.º suspende a atualização do IAS para
o ano de 2012 mantendo-se em vigor o valor de 419,22 euros.
A Lei do Orçamento Estado para 2013, n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, no artigo n.º 114
suspende para o ano de 2013, o regime de atualização anual do IAS, mantendo-se em vigor
o valor de €419,22 estabelecido no artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 323/2009, de 24 de
dezembro, alterado pelas Leis n.ºs 55-A/2010, de 31 de dezembro, e 64-B/2011, de 30 de
dezembro.
A Lei do Orçamento Estado para 2014, n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, no artigo n.º 113
suspende para o ano de 2014, o regime de atualização do valor do indexante dos apoios
sociais, das pensões e outras prestações sociais.182
A Lei do Orçamento Estado para 2015, n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro, no artigo n.º 117
suspende para o ano de 2015, regime de atualização do valor do indexante dos apoios
sociais, das pensões e outras prestações sociais, mantendo-se em vigor o valor de €419,22.
O OE2016 mantem o valor de €419,22 para o ano de 2016.
A Portaria n.º 4/2017, de 3 de janeiro, atualiza para o ano de 2017 o valor do Indexante dos
Apoios Sociais para €421,32.
A Portaria n.º 21/2018, de 18 de janeiro, atualiza para o ano de 2018 o valor do Indexante
dos Apoios Sociais para €428,90.

182
a) O regime de atualização anual do IAS, mantendo-se em vigor o valor de (euro) 419,22 estabelecido no artigo 3.º do
Decreto-Lei n.º 323/2009, de 24 de dezembro, alterado pelas Leis n.os 55-A/2010, de 31 de dezembro, e 64-B/2011, de 30
de dezembro;

b) O regime de atualização das pensões e de outras prestações sociais atribuídas pelo sistema de segurança social,
previsto nos artigos 4.º a 6.º da Lei n.º 53-B/2006, de 29 de dezembro, alterada pelas Leis n.os 3-B/2010, de 28 de abril, 55-
A/2010, de 31 de dezembro, e 64-B/2011, de 30 de dezembro;

c) O regime de atualização das pensões do regime de proteção social convergente, estabelecido no artigo 6.º da Lei n.º
52/2007, de 31 de agosto, alterada pela Lei n.º 11/2008, de 20 de fevereiro.

374
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A Portaria n.º 24/2019, de 17 de janeiro, atualiza para o ano de 2019 o valor do Indexante
dos Apoios Sociais para €435,76.
A Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro, atualiza para o ano de 2020 o valor do Indexante
dos Apoios Sociais para €438,81.

Para efeitos de delimitação da base de incidência contributiva consideram-se remunerações


as prestações pecuniárias ou em espécie que nos termos do contrato de trabalho, das
normas que o regem ou dos usos são devidas pelas entidades empregadoras aos
trabalhadores como contrapartida do seu trabalho.

Integram a base de incidência contributiva, as seguintes prestações:

• A remuneração base, em dinheiro ou em espécie183;

• As diuturnidades e outros valores estabelecidos em função da antiguidade dos


trabalhadores ao serviço da respetiva entidade empregadora;

• As comissões, os bónus e outras prestações de natureza análoga;

• Os prémios de rendimento, de produtividade, de assiduidade, de cobrança, de condução, de


economia e outros de natureza análoga que tenham carácter de regularidade;

• A remuneração pela prestação de trabalho suplementar;

• A remuneração por trabalho noturno;

• A remuneração correspondente ao período de férias a que o trabalhador tenha direito;

• Os subsídios de Natal, de férias, de Páscoa e outros de natureza análoga;

• Os subsídios por penosidade, perigo ou outras condições especiais de prestação de


trabalho;

• Os subsídios de compensação por isenção de horário de trabalho ou situações equiparadas;

183
A equivalência pecuniária das remunerações em espécie para efeitos de determinação da sua incidência contributiva faz-se
nos termos previstos no artigo 24.º do Código de IRS.

375
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Os valores dos subsídios de refeição, quer sejam atribuídos em dinheiro, quer em títulos de
refeição, nos termos previstos no artigo 2.º, n.º 3 b)2) do Código do IRS, valor acima de
€4,77/dia se for em dinheiro ou €7,63 se for em vales de refeição (Lei n.º 114/2017, de 29 de
dezembro, do Orçamento Estado 2018);

• Os subsídios de residência, de renda de casa e outros de natureza análoga, que tenham


carácter de regularidade;

• Os valores efetivamente devidos a título de despesas de representação desde que se


encontrem pré-determinados e dos quais não tenham sido prestadas contas até ao termo do
exercício. Esta prestação tem ajustamento progressivo da base de incidência contributiva;

• As gratificações, pelo valor total atribuído, devidas por força do contrato ou das normas que
o regem, ainda que a sua atribuição esteja condicionada aos bons serviços dos
trabalhadores, bem como as que pela sua importância e carácter regular e permanente,
devam, segundo os usos, considerar-se como elemento integrante da remuneração;

• As importâncias atribuídas a título de ajudas de custo, abonos de viagem, despesas de


transporte e outras equivalentes, na parte em que excedam os limites legais ou quando não
sejam observados os pressupostos da sua atribuição aos servidores do Estado; Esta
prestação tem ajustamento progressivo da base de incidência contributiva;

Os valores estipulados no Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28/12, são os seguintes:


•Vencimentos superiores ao valor do nível remuneratório 18 (€ 1 355,96): € 50,20 por
dia.
•Vencimentos entre os valores dos níveis remuneratórios 18 e 9 (entre € 1 355,96 e
€ 892,53): € 43,39 por dia.
•Outros vencimentos (abaixo de € 892,53): € 39,83 por dia.

376
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As ajudas de custo estabelecidas no Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28/12, Lei n.º 64 -B/2011,
de 30 de Dezembro e Lei n.º 66-B/2012 de 31 de Dezembro para as deslocações ao
estrangeiro, são as seguintes:
•Vencimentos superiores ao valor do nível remuneratório 18 (1 355,96): € 89,35por dia.
•Vencimentos entre os valores dos níveis remuneratórios 18 e 9 (entre € 1 355,96 e €
892,53):€ 85,5por dia.
• Outros vencimentos (abaixo de abaixo de € 892,53): € 72,72 por dia.

• Os abonos para falhas, nos termos previstos no artigo 2.º, n.º 3 c) do Código de IRS184. Os
abonos para falhas devidos a quem, no seu trabalho, tenha de movimentar numerário, na
parte em que excedam 5% da remuneração mensal fixa. Esta prestação tem ajustamento
progressivo da base de incidência contributiva;

• Os montantes atribuídos aos trabalhadores a título de participação nos lucros da empresa,


desde que ao trabalhador não esteja assegurada pelo contrato uma remuneração certa,
variável ou mista adequada ao seu trabalho185. Esta prestação tem ajustamento progressivo
da base de incidência contributiva;

• As despesas resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador de viatura automóvel que


gere encargos para a entidade empregadora. Esta prestação tem ajustamento progressivo
da base de incidência contributiva;

• As despesas de transporte, pecuniárias ou não, suportadas pela entidade empregadora para


custear as deslocações em benefício dos trabalhadores, na medida em que estas não se
traduzam na utilização de meio de transporte disponibilizado pela entidade empregadora ou
em que excedam o valor de passe social ou, na inexistência deste, o que resultaria da
utilização de transportes coletivos, desde que quer a disponibilização daquele quer a
atribuição destas tenha carácter geral. Esta prestação tem ajustamento progressivo da base
de incidência contributiva;

184
O limite previsto no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares pode ser acrescido até 50%, desde
que o acréscimo resulte de aplicação, de forma geral por parte da entidade empregadora, de Instrumento de Regulação
Colectiva de Trabalho. Considera-se que um instrumento de regulamentação colectiva de trabalho é aplicado de forma geral
sempre que a entidade empregadora obedeça a um mesmo critério de aplicação relativamente a todos os trabalhadores por
ele abrangidos.

185
Esta rubrica só entra em vigor quando for regulamentada e a sua regulamentação é precedida de avaliação efetuada em
reunião da Comissão Permanente de Concertação Social e não ocorre antes de 1 de Janeiro de 2014, (artigos 4.º, n.º 2 e 6.º,
nº 3 da Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro.

377
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Os valores correspondentes às retribuições a cujo recebimento os trabalhadores não


tenham direito em consequência de sanção disciplinar, nos termos previstos no Código de
IRS;

• Compensação por cessação do contrato de trabalho por acordo apenas nas situações com
direito a prestações de desemprego, nos termos previstos no Código de IRS186. 187
Esta
prestação tem ajustamento progressivo da base de incidência contributiva;

• Os valores despendidos obrigatória ou facultativamente pela entidade empregadora com


aplicações financeiras, a favor dos trabalhadores, designadamente seguros do ramo «Vida»,
fundos de pensões e planos de poupança reforma ou quaisquer regimes complementares
de segurança social, quando sejam objeto de resgate, adiantamento, remição ou qualquer
outra forma de antecipação de correspondente disponibilidade ou em qualquer caso de
recebimento de capital antes da data da passagem à situação de pensionista, ou fora dos
condicionalismos legalmente definidos188. Esta prestação tem ajustamento progressivo da
base de incidência contributiva;

• As importâncias auferidas pela utilização de automóvel próprio em serviço da entidade


empregadora; nos termos definidos no artigo 2.º, n.º 3 d) do Código de IRS189; Valor
considerado para o transporte automóvel próprio acima do limite de €0,36 por quilómetro
(Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28/12). Esta prestação tem ajustamento progressivo da base
de incidência contributiva;

• As prestações relacionadas com o desempenho obtido pela empresa quando, quer no


respetivo título atributivo quer pela sua atribuição regular e permanente, revistam carácter

186
O limite previsto no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares pode ser acrescido até 50%, desde
que o acréscimo resulte de aplicação, de forma geral por parte da entidade empregadora, de Instrumento de Regulação
Colectiva de Trabalho. Considera-se que um instrumento de regulamentação colectiva de trabalho é aplicado de forma geral
sempre que a entidade empregadora obedeça a um mesmo critério de aplicação relativamente a todos os trabalhadores por
ele abrangidos.

187 Os valores sujeitos a incidência contributiva relevam para efeitos de registo de remunerações do trabalho: a) no último mês

de vigência do contrato de trabalho que cessou, b) no 1.º mês de vigência do contrato de trabalho que inicia, sempre que o
trabalhador celebre novo contrato de trabalho com a mesma entidade empregadora que determine a tributação de toda a
importância recebida para efeitos de IRS.
188
Esta rubrica só entra em vigor quando for regulamentada e a sua regulamentação é precedida de avaliação efectuada em
reunião da Comissão Permanente de Concertação Social e não ocorre antes de 1 de Janeiro de 2014, (artigos 4.º, n.º 2 e 6.º,
nº 3 da Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro.

189 O limite previsto no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares pode ser acrescido até 50%, desde
que o acréscimo resulte de aplicação, de forma geral por parte da entidade empregadora, de Instrumento de Regulação
Colectiva de Trabalho.

378
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

estável independentemente da variabilidade do seu montante190. Esta prestação tem


ajustamento progressivo da base de incidência contributiva;

• O valor mensal atribuído pela entidade patronal ao trabalhador em 'vales de transportes


públicos coletivos'191, nos termos previstos no Código de IRS;

• Constituem base de incidência contributiva, além das prestações referidas, todas as que
sejam atribuídas ao trabalhador, com carácter de regularidade192, em dinheiro ou em
espécie, direta ou indiretamente como contrapartida da prestação do trabalho.

Ajustamento progressivo da base de incidência contributiva:193

A integração na base de incidência contributiva das prestações referidas, faz-se nos


seguintes termos:

• 33% do valor no ano de 2011;


• 66% do valor no ano de 2012;
• 100% do valor a partir do ano de 2013.

Remunerações especialmente abrangidas que Integram a remuneração dos membros dos


órgãos estatutários:

• Os montantes pagos a título de gratificação, desde que atribuídos em função do


exercício da atividade de gerência sem adstrição à qualidade de sócio e sem que
sejam imputáveis aos lucros, os quais devem ser parcelados por referência aos
meses a que se reportam;

• Os montantes pagos a título de senhas de presença.

Não integram a base de incidência contributiva:

• Os valores compensatórios pela não concessão de férias ou de dias de folga;

190
Esta rubrica só entra em vigor quando for regulamentada e a sua regulamentação é precedida de avaliação efectuada em
reunião da Comissão Permanente de Concertação Social e não ocorre antes de 1 de Janeiro de 2014, (artigos 4.º, n.º 2 e 6.º,
nº 3 da Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro.

191 Aditada pela Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro.


192
Considera-se que uma prestação reveste caráter de regularidade quando constitui direito do trabalhador, por se encontrar
preestabelecida segundo critérios objetivos e gerais, ainda que condicionais, por forma que este possa contar com o seu
recebimento e a sua concessão tenha lugar com uma frequência igual ou inferior a cinco anos..

379
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• As importâncias atribuídas a título de complemento de prestações do regime geral de


segurança social;
• Os subsídios concedidos a trabalhadores para compensação de encargos familiares,
nomeadamente os relativos à frequência de creches, jardins-de-infância,
estabelecimentos de educação, lares de idosos e outros serviços ou
estabelecimentos de apoio social;
• Os subsídios eventuais destinados ao pagamento de despesas com assistência
médica e medicamentosa do trabalhador e seus familiares;
• Os valores correspondentes a subsídios de férias, de Natal e outros análogos
relativos a bases de incidência convencionais;
• Os valores das refeições tomadas pelos trabalhadores em refeitórios das respectivas
entidades empregadoras;
• As importâncias atribuídas ao trabalhador a título de indemnização, por força de
declaração judicial da ilicitude do despedimento;
• A compensação por cessação do contrato de trabalho no caso de despedimento
coletivo, por extinção do posto de trabalho, por inadaptação, por não concessão de
aviso prévio, por caducidade e por resolução por parte do trabalhador;
• A indemnização paga ao trabalhador pela cessação, antes de findo o prazo
convencional, do contrato de trabalho a prazo;
• As importâncias referentes ao desconto concedido aos trabalhadores na aquisição
de ações da própria entidade empregadora ou de sociedades dos grupos
empresariais da entidade empregadora.

⇨ Taxas contributivas

A taxa contributiva do regime geral é determinada, de forma global, de harmonia com o seu
âmbito material. e integra o custo correspondente a cada uma das eventualidades, a
doença, maternidade, paternidade e adoção, desemprego, doenças profissionais, invalidez,
velhice e morte,, sendo este calculado em função do valor de cada uma das seguintes
parcelas:

• Custo técnico das prestações;


• Encargos de administração;

193 As disposições nas disposições transitórias do Código Contributivo constantes dos artigos 277.º a 281.º passam a ter como
primeiro ano de referência, para a entrada em vigor, o ano de 2011, adaptando-se consecutivamente os anos seguintes, Lei n.º
119/2009, de 30 de Dezembro.

380
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Encargos de solidariedade laboral;


• Encargos com políticas ativas de emprego e valorização profissional.

A taxa contributiva global do regime geral correspondente ao elenco das eventualidades


protegidas é de 34,75 %, cabendo 23,75 % à entidade empregadora e 11 % ao trabalhador,
sem prejuízo das taxas contributivas aplicáveis a categorias de trabalhadores ou a situações
específicas serem fixadas por referência ao custo de proteção social de cada uma das
eventualidades garantidas, tendo em conta as parcelas que compõem o custo previsto para
cada uma. A taxa contributiva global do regime geral não foi alterada com a entrada em
vigor do Código Contributivo.

A parcela da taxa contributiva a cargo da entidade empregadora194 é:

• Reduzida em um ponto percentual nos contratos de trabalho por tempo


indeterminado.
• Acrescida em três pontos percentuais nos contratos de trabalho a termo resolutivo.195

O acréscimo de três pontos percentuais não se aplica, sendo a taxa contributiva


determinada nos termos gerais (34,75%), aos contratos de trabalho a termo resolutivo
celebrados para:

• Substituição de trabalhador que se encontre no gozo de licença de parentalidade;


• Substituição de trabalhador com incapacidade temporária para o trabalho, por
doença, por período igual ou superior a 90 dias.

Esta situação, de redução e acréscimo da taxa contributiva só entra em vigor quando for
regulamentada e a respetiva regulamentação será precedida de avaliação efetuada em

194 Artigo 55.º Adequação da taxa contributiva à modalidade de contrato de trabalho.


195
Considera-se celebrado a termo resolutivo o contrato de trabalho em comissão de serviço de trabalhador que não seja
titular de contrato de trabalho sem termo e que no âmbito do contrato de comissão de serviço não tenha acordado a sua
permanência na empresa, após o termo da comissão, através de contrato de trabalho sem termo.
A declaração à instituição de segurança social competente, em pelo menos duas declarações de remunerações consecutivas,
de que um determinado contrato de trabalho foi celebrado sem termo quando de facto foi celebrado a termo resolutivo
determina a sua conversão em contrato de trabalho sem termo para todos os efeitos legais, designadamente os previstos no
Código do Trabalho.

381
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

reunião da Comissão Permanente de Concertação Social não podendo ocorrer antes de 1


de Janeiro de 2014, (artigos 4.º, n.º 2 e 6.º, nº 3 da Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro).

A adequação da taxa contributiva à modalidade de contrato de trabalho, prevista no artigo


55.º do Código, não é aplicável:

• Membros Orgãos Estatutários (art.ºs 61.º a 70.º);


• Trabalhadores no domicílio (art.ºs 71.º a 73.º);
• Praticantes desportivos profissionais (art.ºs 74.º a 79.º);
• Trabalhadores em regime de trabalho de muito curta duração (art.ºs 80.º a 83.º);
• Trabalhadores em situação de pré-reforma (art.ºs 84.º a 88.º);
• Pensionistas em atividade (art.ºs 89.º a 91.º);
• Incentivos à permanência no mercado trabalho (art.ºs 105.º a 107.º);
• Incentivo à contratação de trabalhadores com deficiência (art.ºs 108.º a 109.º);
• Trabalhadores que exercem funções públicas (art.ºs 113.º a 115.º);
• Trabalhadores do serviço doméstico (art.ºs 116.º a 121.º);
• Membros das igrejas, associações e confissões religiosas (art.ºs 122.º a 128.º).

Fixação de taxas contributivas mais favoráveis

A fixação de taxas contributivas mais favoráveis do que taxa global de 34,75% traduz-se na
redução da taxa contributiva global na parte imputável à entidade empregadora, ao
trabalhador ou a ambos, conforme o interesse que se visa proteger e depende da
verificação de uma das seguintes situações:

• Redução do âmbito material do regime geral;


• Prossecução de atividades por entidades sem fins lucrativos;
• Sectores de atividade economicamente débeis;
• Adoção de medidas de estímulo ao aumento de postos de trabalho;
• Adoção de medidas de estímulo ao emprego relativas a trabalhadores que, por razões
de idade, incapacidade para o trabalho ou de inclusão social sejam objeto de menor
procura no mercado de trabalho;
• Inexistência de entidade empregadora.

382
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As taxas contributivas mais favoráveis referentes às situações previstas são calculadas de


harmonia com o custo das eventualidades protegidas e a relação custo/benefício das
mesmas.

Regime de incentivos ao emprego

No âmbito das disposições gerais referentes ao regime de incentivos ao emprego o artigo


100.º do Código Contributivo define que podem ser estabelecidas, mediante decreto-lei, de
forma transitória, medidas de isenção ou deferimento contributivo, total ou parcial, que se
destinem:196:
a) Ao estímulo à criação de postos de trabalho e à reinserção profissional de
pessoas afastadas do mercado de trabalho;
b) À redução de encargos não salariais em situação de catástrofe, de calamidade
pública ou de fenómenos de gravidade económica ou social, nomeadamente de
aleatoriedades climáticas;

As medidas de redução de encargos não salariais em situação de catástrofe, de calamidade


pública ou de fenómenos de gravidade económica ou social podem ser determinadas por
portaria do membro do Governo responsável pelas áreas da solidariedade e da segurança
social, desde que tenham sido previstas em resolução de Conselho de Ministros, sendo
integralmente financiadas por transferências do Orçamento de Estado.

Como previsto no artigo 101.º do Código Contributivo, não têm direito às medidas de
estímulo à criação de postos de trabalho e à reinserção profissional de pessoas afastadas
do mercado de trabalho as entidades empregadoras no que respeita a trabalhadores
abrangidos por esquemas contributivos com taxas inferiores à estabelecida para a
generalidade dos trabalhadores por conta de outrem, com exceção das entidades cuja
redução de taxa resulte do facto de serem pessoas coletivas sem fins lucrativos ou
por pertencerem a sectores considerados no Código Contributivo como
economicamente débeis.
Também não têm direito às medidas de estímulo à criação de postos de trabalho e à
reinserção profissional de pessoas afastadas do mercado de trabalho as entidades
empregadoras no que respeita a trabalhadores abrangidos por bases de incidência fixadas
em valores inferiores à remuneração real ou convencionais.

196
Artigo 100.º do Código Contributivo alterado pela Lei n.º 20/2012, de 14 de maio.

383
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Trabalhadores de atividades economicamente débeis, que são:

• Trabalhadores de atividades agrícolas (art.ºs 95.º a 96.º);

• Trabalhadores da pesca local ou costeira (art.ºs 97.º a 99.º).

Acumulação de situações determinantes de taxas contributivas mais favoráveis

Sem prejuízo de a taxa contributiva ser reduzida em um ponto percentual nos contratos de
trabalho por tempo indeterminado, conforme artigo 55.º do Código Contributivo, a
coexistência de situações determinantes da redução das taxas contributivas respeitantes às
entidades empregadoras em função dos mesmos trabalhadores não pode dar lugar à
respectiva aplicação cumulativa, devendo ser-lhes oficiosamente aplicada a taxa mais
favorável.
.

⇨ Trabalhadores em regime de contrato de muito curta duração

São abrangidos pelo regime geral, com as respetivas especificidades, os trabalhadores em


regime de contrato de trabalho de muito curta duração197, nos termos do disposto na
legislação laboral.

De acordo com o artigo 142.º do Código do Trabalho (Lei n.º7/2009, de 12 de Fevereiro), o


contrato de trabalho de muito curta duração é o contrato de trabalho em atividade sazonal
agrícola ou para realização de evento turístico de duração não superior a 15 dias e não está
sujeito a forma escrita198, devendo o empregador comunicar a sua celebração ao serviço
competente da segurança social mediante formulário eletrónico.

A Lei n.º 93/2019, de 4 de setembro, alterou os n.ºs 1 e 2 do artigo 142.º do Código de


Trabalho tendo o limite de duração do contrato de muito curta duração passado para 35
dias, com aplicação a partir do dia 1 de outubro de 2019.

197 Estes contratos ficam excluídos do âmbito de aplicação do fundo de compensação do trabalho.

198
A duração passou de uma semana para 15 dias devido à publicação em Diário da República, da Lei n.º 23/2012, de 25 de
Junho, que procede à terceira alteração ao Código do Trabalho, estabelecendo o seu artigo 11º que "A presente lei entra em
vigor no primeiro dia do segundo mês seguinte ao da sua publicação", ou seja, a 1 de Agosto de 2012.

384
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 142.º - Casos especiais de contrato de trabalho de muito curta duração (Código
Trabalho)

Redação anteriorl Nova redação

1- O contrato de trabalho em atividade sazonal agrícola 1- O contrato de trabalho para fazer face a acréscimo
ou para realização de evento turístico de duração excecional da atividade de empresa cujo ciclo anual
não superior a 15 dias não está sujeito a forma apresente irregularidades decorrentes do respetivo
escrita, devendo o empregador comunicar a sua mercado ou de natureza estrutural que não seja
celebração ao serviço competente da segurança passível de assegurar pela sua estrutura
social, mediante formulário eletrónico que contém os permanente, nomeadamente em atividade sazonal
elementos referidos nas alíneas a), b) e d) do n.º 1 no setor agrícola ou do turismo, de duração não
do artigo anterior, bem como o local de trabalho. superior a 35 dias, não está sujeito a forma escrita,
devendo o empregador comunicar a sua celebração
2- Nos casos previstos no número anterior, a duração
e o local de trabalho ao serviço competente da
total de contratos de trabalho a termo com o mesmo
segurança social, mediante formulário eletrónico
empregador não pode exceder 70 dias de trabalho
que contém os elementos referidos nas alíneas a),
no ano civil.
b) e d) do n.º 1 do artigo anterior.
3- Em caso de violação do disposto em qualquer dos
2- Nos casos previstos no número anterior, a duração
números anteriores, o contrato considera-se
total de contratos de trabalho a termo celebrados
celebrado pelo prazo de seis meses, contando-se
entre o mesmo trabalhador e empregador não pode
neste prazo a duração de contratos anteriores
exceder 70 dias de trabalho no ano civil.
celebrados ao abrigo dos mesmos preceitos.
3- Em caso de violação do disposto em qualquer dos
números anteriores, o contrato considera-se
celebrado pelo prazo de seis meses, contando-se
neste prazo a duração de contratos anteriores
celebrados ao abrigo dos mesmos preceitos.

A duração total de contratos de trabalho a termo com o mesmo empregador não pode
exceder 70 dias de trabalho no ano civil199.

Desta forma, a duração máxima de cada contrato de muito curta duração, que antes era de
15 dias, passa a partir de 1 de outubro de 2019 a ser de 35 dias, mantendo-se no entanto a
duração máxima acumulada de prestação de trabalho ao abrigo deste contrato, que é de 70
dias por ano.

385
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

É alterado o âmbito setorial, passando os contratos de muito curta duração a poder ser
celebrados desta forma não apenas no setor agrícola e do turismo, mas também noutros
setores desde que se verifiquem situações concretas e pontuais de acréscimo excecional de
atividade que não sejam passíveis de assegurar pela estrutura permanente da entidade
empregadora.

Em caso de violação do tempo limite para duração deste contrato, o mesmo considera-se
celebrado pelo prazo de seis meses, contando-se neste prazo a duração de contratos
anteriores celebrados ao abrigo dos mesmos preceitos.

Os trabalhadores em regime de contrato de trabalho de muito curta duração têm direito à


proteção nas eventualidades de invalidez, velhice e morte.

A comunicação de admissão de trabalhador em regime de contrato de muito curta duração é


efetuada no sítio da Internet da segurança social através de formulário próprio, contendo os
seguintes elementos:
• Identificação, domicílio ou sede das partes;
• Atividade do trabalhador e correspondente retribuição;
• Data de início dos efeitos do contrato de trabalho;
• Local de Trabalho;
• Duração do contrato de trabalho.

Constitui base de incidência contributiva a remuneração convencional calculada com base


no número de horas de trabalho prestado e na remuneração horária determinada nos
termos seguintes.

A remuneração horária é calculada de acordo com a seguinte fórmula:


Rh = (IAS x 12)/(52x40)
Na fórmula Rh corresponde ao valor da remuneração horária e IAS ao valor do indexante
dos apoios sociais.

199
Passou de 60 dias para 70 dias de trabalho no ano civil devido à publicação em Diário da República, da Lei n.º 23/2012, de
25 de Junho

386
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Sendo o Indexante dos Apoios Sociais (IAS) atualmente de €438,81, então temos:

Calculo do valor hora: (438,81 x 12) = 2,53


(52 x 40)


Número Base Incidência
dias Número Total Contributiva (Valor hora Aplicação
Exemplos trabalho Horas/Dia Horas x Total horas) taxa 26,1%

Exemplo 1 1 8 8 20,24 5,28


Exemplo 2 2 8 16 40,48 10,57
Exemplo 3 3 8 24 60,72 15,85
Exemplo 4 4 7 28 70,84 18,49
Exemplo 5 5 7 35 88,55 23,11

A taxa contributiva relativa aos trabalhadores em regime de trabalho de muito curta duração
é de 26,1% totalmente da responsabilidade das entidades empregadoras.

Sempre que o contrato de trabalho de muito curta duração se converta em contrato a termo
de acordo com a legislação laboral, aplica-se a taxa contributiva correspondente com efeitos
ao mês da conversão.
Assim, a base de incidência contributiva será a remuneração efetivamente auferida, a taxa
será de 33,3% e a proteção é garantida em todas as eventualidades.

⇨ Pensionistas em atividade

São abrangidos pelo regime geral, com as especificidades previstas, os pensionistas de


invalidez e velhice de qualquer regime de proteção social que cumulativamente exerçam
atividade profissional.

Os pensionistas de invalidez têm direito à proteção nas eventualidades de parentalidade,


doenças profissionais, invalidez, velhice e morte.
Os pensionistas de velhice têm direito à proteção nas eventualidades de parentalidade,
doenças profissionais, velhice e morte.

A taxa contributiva relativa aos pensionistas de invalidez é de 28,2 %, sendo,


respetivamente, de 19,3 % e de 8,9 % para as entidades empregadoras e para os
trabalhadores.

387
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A taxa contributiva relativa aos pensionistas de velhice é de 23,9 %, sendo, respetivamente,


de 16,4 % e de 7,5 % para as entidades empregadoras e para os trabalhadores.

⇨ Trabalhadores de atividades agrícolas

São abrangidos pelo regime geral, com as respetivas especificidades, os trabalhadores que
exercem atividades agrícolas ou equiparadas, sob a autoridade de uma entidade
empregadora, prestadas em explorações que tenham por objeto principal a produção
agrícola, sem prejuízo do que está definido no Código Contributivo para os trabalhadores
em regime de contrato de muito curta duração.
São também abrangidos os trabalhadores que exercem a respetiva atividade em
explorações de silvicultura, pecuária, hortifruticultura, floricultura, avicultura e apicultura, e
em atividades agrícolas ainda que a terra tenha uma função de mero suporte de instalações,
as quais são equiparadas a atividades e explorações agrícolas.

Não são considerados trabalhadores de atividades agrícolas os trabalhadores que exerçam


a respetiva atividade em explorações que se destinem essencialmente à produção de
matérias-primas para indústrias transformadoras que constituam, em si mesmas, objetivos
dessas empresas.

A taxa contributiva relativa aos trabalhadores de atividades agrícolas é de 33,3 %200, sendo
respetivamente, de 22,3 % e de 11 % para as entidades empregadoras e para os
trabalhadores.

TAXAS
Regime em Código Desvio Desvio % %
31/12/2010 Contributivo (3)-(1) (3)-(2) (3)-(1) (3)-(2)
Dif. (1) Indif. (2) (3) Dif. Indif. Dif. Indif.
Entidade
Patronal 23,00% 21,00% 22,30% -0,70% 1,30% -3,04% 6,19%

Trabalhador 9,50% 8,00% 11,00% 1,50% 3,00% 15,79% 37,50%


32,50% 29,00% 33,30% 0,80% 4,30% 2,46% 14,83%
(1) Diferenciados e (2)
Indiferenciados

200
Para efeitos do Código Contributivo o setor agrícola é considerado economicamente débil. Assim, é deduzida à taxa
contributiva global o valor correspondente à solidariedade laboral.

388
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

De acordo com a disposição transitória prevista no artº 273º, nº 2 do Código Contributivo, aos
trabalhadores agrícolas diferenciados e indiferenciados que até à entrada em vigor do Código se
encontrem abrangidos pelo regime previsto no Decreto-Lei n.º 401/86, de 2 de Dezembro, e pelo
Decreto Regulamentar n.º 75/86, de 30 de Dezembro, mantém-se a aplicação desse regime, com
as taxas previstas no Decreto-Lei n.º 199/99, de 8 de Junho, em situação de grupo fechado.

De acordo com aquilo que se encontra previsto no nº 2 do artº 273º do Código Contributivo a
nova taxa de 33,3% só é aplicável aos trabalhadores agrícolas que iniciem a respetiva atividade
como trabalhadores desse sector em 2011.

Tendo-se levantado muitas dúvidas sobre o que é que significaria “grupo fechado” e
consequentemente que trabalhadores agrícolas ficariam abrangidos pelo regime vigente até 2010
e quais seriam abrangidos pelo novo, que entrou em vigor em 2011, foi emitido esclarecimento
jurídico pelo Gabinete do Secretário de Estado da Segurança Social201 considerando que o grupo
fechado abrange todos os trabalhadores agrícolas que, em 2010 tiveram enquadramento nesse
regime (independentemente do número de meses em que trabalharam, podendo mesmo não ter
exercido actividade em Dezembro de 2010), desde que em 2011 voltem a exercer a actividade de
trabalhadores agrícolas. Para assegurar a manutenção em grupo fechado os trabalhadores
sazonais agrícolas têm que ter exercido a actividade em 2010 e voltar a exercê-la em 2011, sem
que entre um período e outro tenham alguma vez sido enquadrados no regime geral. Todos os
trabalhadores agrícolas permanentes que estivessem a exercer a respectiva actividade em 2010
mantêm-se em situação de grupo fechado, que continua a fazer a distinção entre trabalhadores
agrícolas diferenciados e indiferenciados e respectivas taxas.

Em 2011, existem três taxas contributivas para os trabalhadores de actividades agrícolas:


✓ Novos trabalhadores agrícolas a partir de 1 de Janeiro 2011 – taxa de 33,30%
(22,3% da entidade patronal e 11% do trabalhador);
✓ Trabalhadores agrícolas diferenciados em 31 de Dezembro 2010 – taxa de 32,5%
(23% da entidade patronal e 9,5% do trabalhador);
✓ Trabalhadores agrícolas indiferenciados em 31 de Dezembro de 2010 – taxa de 29%
(21% da entidade patronal e 8% do trabalhador).

O artigo 30.º do Decreto Regulamentar n.º 75/86, de 30 de Dezembro, define que


consideram-se trabalhadores diferenciados:

201
Ver anexo: Oficio do Chefe do Gabinete do Secretário de Estado da Segurança Social

389
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

✓ Os que exercem profissão para cujo exercício se exigem habilitações técnico-


profissionais especializadas;
✓ Os que exercem profissão comum a outras actividades económicas;
✓ Os que prestam serviço em empresas que se dedicam às actividades de silvicultura,
pecuária, horto-fruticultura, floricultura, avicultura e apicultura.
O artigo 31.º do Decreto Regulamentar n.º 75/86, de 30 de Dezembro, considera que são
trabalhadores indiferenciados os trabalhadores por conta de outrem das actividades
agrícolas que não sejam diferenciados.

Os trabalhadores agrícolas abrangidos pelo regime previsto no Decreto-Lei n.º 401/86, de 2


de Dezembro, e no Decreto Regulamentar n.º 75/86, de 30 de Dezembro, que contribuam
sobre remunerações efectivamente auferidas têm direito ao subsídio de desemprego ou ao
subsídio social de desemprego.
Os trabalhadores por conta de outrem das actividades agrícolas que contribuam sobre
salários convencionais não tem proteção no desemprego e apenas podem beneficiar do
subsídio social de desemprego.

As contribuições relativas aos trabalhadores indiferenciados são calculadas pela aplicação


da taxa global de 29%, sobre o valor de 1/30 do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) vezes o
número de dias de trabalho efectivo prestado em cada mês.
Mediante acordo escrito entre as entidades patronais e os trabalhadores por conta de
outrem indiferenciados, as contribuições podem ser calculadas em função das
remunerações efectivamente pagas, desde que:
• O valor das remunerações não seja inferior ao da remuneração mínima mensal
garantida ao sector agrícola;
• Os trabalhadores sejam contratados a título permanente e em regime de ocupação
completa.

Com a entrada em vigor do presente Código, constituem grupo fechado202 regulado em


legislação própria situações dos trabalhadores a que se aplicam:

• A taxa contributiva relativa aos trabalhadores agrícolas abrangidos pelo Decreto-Lei


n.º 464/99, de 5 de Novembro, que estabelece um regime de adequação progressiva
relativamente às taxas contributivas dos trabalhadores agrícolas por conta de outrem

202 As taxas dos grupos fechados apenas se aplicam a quem está abrangido em 31/12/2010.

390
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

aplicadas na Região Autónoma da Madeira, é a fixada no referido diploma para o


ano de 2010, que é de 29,00%, correspondendo 20,50% às entidades empregadoras
e 8,50% aos trabalhadores.

Taxa
entidades Taxa
Decreto-Lei 464/99, de 5 de Novembro empregadoras Trabalhadores Total

Trabalhadores agrícolas diferenciados 20,50% 8,50% 29,00%


Trabalhadores agrícolas indiferenciados 18,10% 6,90% 25,00%

• O regime contributivo referente aos trabalhadores e aos produtores abrangidos


pelo disposto no Decreto Legislativo Regional dos Açores n.º 18/84/A, de 12 de
Maio, aplicando-se a taxa de 21% às entidades empregadoras e 8% ao
trabalhador sobre o salário convencional equivalente ao mínimo fixado para os
trabalhadores rurais na Região.

⇨ Trabalhadores da pesca local e costeira203

São abrangidos pelo regime geral, com as respetivas especificidades previstas, os


trabalhadores que exercem actividade profissional na pesca local e costeira, sob autoridade
de um armador de pesca ou do seu representante legal, bem como os proprietários de
embarcações de pesca local e costeira, que integrem o rol de tripulação e exerçam efectiva
actividade profissional nestas embarcações, e ainda os apanhadores de espécies marinhas
e os pescadores apeados.

A declaração de remunerações dos trabalhadores da pesca local e costeira, cujas


remunerações são calculadas com base no valor do produto do pescado vendido na lota, é
preenchida e entregue, pelos proprietários das embarcações, nas entidades que asseguram
os serviços de vendagem em lota.
As entidades de segurança social competentes e as entidades que asseguram os serviços
de vendagem em lota celebram, no prazo máximo de três meses, protocolo que garanta o
apoio necessário aos proprietários das embarcações no preenchimento das declarações de
remunerações.

203
Redação dada pela Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro.

391
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Base de incidência contributiva

A contribuição relativa aos trabalhadores que exercem actividade na pesca local e aos
proprietários de embarcações, que integrem o rol de tripulação e exerçam efectiva
actividade profissional nestas embarcações, corresponde a 10% do valor bruto do pescado
vendido em lota, a repartir de acordo com as respectivas partes.

A contribuição relativa aos apanhadores de espécies marinhas e aos pescadores apeados,


bem como a outros sujeitos que estejam autorizados à primeira venda de pescado fresco,
fora das lotas, corresponde a 10% do valor do produto bruto do pescado vendido de acordo
com as respectivas notas de venda.

A contribuição equivale à aplicação da taxa contributiva à base de incidência e determina a


respectiva remuneração a registar.

A cobrança das contribuições é efectuada pela entidade que explorar a lota, no acto da
venda do pescado em lota ou no acto da entrega da nota de venda, conforme aplicável.

Estas disposições também se aplicam aos trabalhadores e proprietários de embarcações


que exerçam a sua actividade a bordo de embarcações de pesca costeira que, à data da
entrada em vigor do presente Código, estivessem abrangidas pelo n.º 2 do artigo 34.º do
Decreto-Lei n.º 199/99, de 8 de Junho.

A base de incidência contributiva também pode ser determinada nos termos previstos
nos artigos 44.º e seguintes desde que para tal exista manifestação de vontade da entidade
contribuinte, sendo esta irrevogável.

A cobrança das contribuições é efectuada pela entidade que explorar a lota, no acto da
venda do pescado em lota ou no acto da entrega da nota de venda, conforme aplicável.

A base de incidência dos trabalhadores inscritos marítimos que exercem a sua actividade a
bordo de embarcações de pesca costeira determina-se nos termos do disposto nos artigos
44.º e seguintes.,

A taxa para efeitos de cálculo de remuneração corresponde a 29%, sendo, respectivamente,


de 21% e de 8% para as entidades empregadoras e para os trabalhadores.

Relativamente aos proprietários que integrem o rol de tripulação, a taxa prevista de 29% é
aplicável desde que os respectivos rendimentos provenham única e exclusivamente do
exercício da actividade da pesca local ou costeira.

392
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

⇨ Trabalhadores em regime de acumulação

São abrangidos pelo regime geral, com as especificidades previstas na presente secção,
os trabalhadores que acumulem trabalho por conta de outrem com atividade
independente para a mesma entidade empregadora ou para empresa do mesmo
agrupamento empresarial.

O conceito de “agrupamento empresarial” refere-se às sociedades coligadas previstas nas


alíneas c) e d) do artigo 482.º do Código das Sociedades Comerciais, ou seja, às
sociedades em relação de domínio e às sociedades em relação de grupo.

A base de incidência contributiva referente à actividade profissional independente


corresponde ao montante ilíquido dos honorários devidos pelo seu exercício.

É apresentada declaração de remunerações autónoma, referente aos honorários dos


trabalhadores em regime de acumulação, pela entidade a quem foram prestados os
serviços, sempre que esta seja distinta da entidade empregadora.

Tratando-se de serviço prestado à própria entidade empregadora a parcela referente aos


honorários é declarada na mesma declaração de remunerações da remuneração por
trabalho dependente.

Pretende-se que a regra seja – quem paga os honorários declara-os à segurança social.

A taxa contributiva relativa aos trabalhadores referidos na presente secção é a mesma


que for aplicável ao respectivo contrato de trabalho por conta de outrem.

17.3 Regime dos trabalhadores independentes

São obrigatoriamente abrangidos pelo regime dos trabalhadores independentes as


pessoas singulares que exerçam atividade profissional sem sujeição a contrato de
trabalho ou a contrato legalmente equiparado, ou se obriguem a prestar a outrem o
resultado da sua atividade, e não se encontrem por essa atividade abrangidos pelo
regime geral de segurança social dos trabalhadores por conta de outrem.

São abrangidos pelo regime dos trabalhadores independentes:

• As pessoas que exerçam atividade profissional por conta própria geradora de


rendimentos da Categoria B – empresariais e profissionais a que se reportam os

393
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

artigos 3.º e 4.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas


Singulares;

• Os sócios ou membros das sociedades de profissionais, do regime de


transparência fiscal, definidas na alínea a) do n.º 4 do artigo 6.º do Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas;

• Os cônjuges dos trabalhadores que exercem actividade profissional por conta


própria, que com eles exerçam efectiva actividade profissional com carácter de
regularidade e de permanência;

• Os sócios de sociedades de agricultura de grupo204 ainda que nelas exerçam


actividade integrados nos respectivos órgãos estatutários;

204
As sociedades de agricultura de grupo constituem uma das várias modalidades de associativismo agrícola de produção. A
transformação e ou comercialização de produtos provenientes das explorações associadas, bem como iniciativas de
entreajuda visando uma utilização mais racional do material agrícola e serviços de interesse comum, estão igualmente
enquadradas no conceito de sociedade de agricultura de grupo.

Do ponto de vista formal são sociedades civis sob a forma comercial de sociedade por quotas que têm por objecto a
exploração agrícola ou agro-pecuária realizada por um número limitado de agricultores, os quais põem em comum a terra, os
meios financeiros e ou outros factores de produção e asseguram conjuntamente a gestão da empresa e as suas necessidades
em trabalho, em condições semelhantes às que se verificam nas explorações de carácter familiar.

Enquadramento legal

Decreto-Lei nº 336/89 de 4 de Outubro

Em função do seu objecto específico as SAG podem revestir uma das seguintes modalidades:

• Integração completa – quando há lugar à criação de uma nova empresa, através da fusão de explorações já existentes ou de
parte delas;

• Integração parcial – quando é constituída uma unidade económica para a prestação de serviços exclusivamente destinados
às explorações associadas enquadrando actividades de produção, transformação e comercialização.

Para além destas modalidades o Decreto-Lei nº 336/89 prevê ainda, como formas associativas congéneres:

• Agrupamento de Produção Agrícola (APA)

• Agrupamento Complementar da Exploração Agrícola (ACEA)

SAG de integração total:

a) Os sócios serem pessoas singulares, maiores, agricultores a título principal e dotados de capacidade profissional bastante

b) O número de sócios não pode ser superior a dez

c) Os sócios exercerem a sua actividade a título principal na sociedade

d) O volume total de trabalho assegurado pelos sócios deve se equivalente pelo menos a 1,5 UHT (unidade homem/trabalho)

e) Nenhum sócio pode ser detentor de menos de 10% do capital social

f) Cada sócio dispõe de um único voto, independentemente do montante e composição da respectiva quota

SAG de integração parcial:

a) Os sócios podem também ser SAG

b) A qualidade de agricultor a título principal dos sócios pode verificar-se em relação à sociedade em si ou às explorações que
lhe estão associadas

394
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Os titulares de direitos sobre explorações agrícolas ou equiparadas, ainda que a


actividade nelas exercida se traduza apenas em actos de gestão, desde que tais
actos sejam exercidos directamente, de forma reiterada e com carácter de
permanência205.

Categorias de trabalhadores especialmente abrangidos

• Os produtores agrícolas que exerçam efectiva actividade profissional na


exploração agrícola ou equiparada, bem como os respectivos cônjuges que
exerçam efectiva e regularmente actividade profissional na exploração206;

⇨ Trabalhadores a exercer actividade em país estrangeiro

Os trabalhadores independentes que vão exercer a respectiva actividade em país


estrangeiro por período determinado podem manter o seu enquadramento neste regime.
Salvo o disposto em instrumento internacional a que Portugal se encontre vinculado, o
período de actividade no estrangeiro com enquadramento no regime de trabalhadores
independentes tem o limite de um ano, podendo ser prorrogado por outro ano, a
requerimento do interessado, mediante autorização da entidade competente.
Quando se trate de trabalhador independente cujos conhecimentos técnicos ou aptidões
especiais o justifiquem, a autorização pode ser dada por período superior.

c) O número de sócios pode ir até 20, cabendo a cada um pelo menos 5% do capital social

d) Não é necessário verificar-se o volume mínimo de trabalho previsto na alínea d) anterior

e) A sede poderá localizar-se na área de qualquer das explorações associadas

Processo de reconhecimento: O pedido de reconhecimento é apresentado, online, junto da Direcção Geral de Agricultura e
Desenvolvimento Rural (DGADR), de acordo com as instruções constantes no sítio daquele organismo: http://www.dgadr.pt
(“agricultura, territórios e agentes rurais”). Em simultâneo, o requerimento e demais documentos são entregues na Direcção
Regional.
Informação disponível em: www.drapal.min-agricultura.pt

205
O carácter de permanência afere-se pela adstrição dos titulares de explorações agrícolas ou equiparadas a actos de gestão
que exijam uma actividade regular, embora não a tempo completo.

206
a) Consideram-se equiparadas a explorações agrícolas as actividades e explorações de silvicultura, pecuária,
hortofloricultura, floricultura, avicultura e apicultura, ainda que nelas a terra tenha uma função de mero suporte de
instalações; b) Não se consideram explorações agrícolas as actividades e explorações que se destinem essencialmente à
produção de matérias-primas para indústrias transformadoras que constituam, em si mesmas, objectivos dessas
actividades.

395
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

⇨ Trabalhadores abrangidos por diferentes regimes

O exercício cumulativo de actividade independente e de outra actividade profissional


abrangida por diferente regime obrigatório de protecção social não afasta o enquadramento
obrigatório no regime dos trabalhadores independentes, sem prejuízo do reconhecimento do
direito à isenção da obrigação de contribuir.

Consideram-se regimes obrigatórios de protecção social, o regime geral de segurança social


dos trabalhadores por conta de outrem, ainda que com âmbito material reduzido, o regime
de protecção social convergente dos trabalhadores que exercem funções públicas e os
regimes de protecção social estrangeiros relevantes para efeitos de coordenação com os
regimes de segurança social portugueses.

São excluídos do âmbito pessoal do regime dos trabalhadores independentes:


• Os advogados e os solicitadores que, em função do exercício da sua actividade
profissional, estejam integrados obrigatoriamente no âmbito pessoal da respectiva
Caixa de Previdência, mesmo quando a actividade em causa seja exercida na
qualidade de sócios ou membros das sociedades de transparência fiscal;
• Os titulares de direitos sobre explorações agrícolas ou equiparadas, ainda que nelas
desenvolvam alguma atividade, desde que da área, do tipo e da organização da
exploração se deva concluir que os produtos se destinam predominantemente ao
consumo dos seus titulares e dos respetivos agregados familiares e os rendimentos
de atividade não ultrapassem o montante anual de quatro vezes o valor do IAS;
• Os agricultores que recebam subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola
Comum (PAC) de montante anual inferior a quatro vezes o valor do IAS e que não
tenham quaisquer outros rendimentos suscetíveis de os enquadrar no regime dos
trabalhadores independentes.
• Os trabalhadores que exerçam em Portugal, com carácter temporário, actividade por
conta própria e que provem o seu enquadramento em regime de protecção social
obrigatório de outro país. 207
• Os proprietários de embarcações de pesca local e costeira, que integrem o rol de
tripulação e exerçam efectiva actividade profissional nestas embarcações208;

207
Para efeitos da exclusão apenas relevam os regimes de protecção social estrangeiros cujo âmbito material integre, pelo
menos, as eventualidades de invalidez, velhice e morte, sendo ainda aplicável, com as devidas adequações, conforme o
disposto nos trabalhadores a exercer actividade em país estrangeiro.
208
Os sujeitos previstos são excluídos do regime de trabalhador independente atendendo à especificidade de apuramento da
base contributiva da sua actividade, estando sujeitos ao regime previsto nos artigos 97.º a 99.º

396
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Os apanhadores de espécies marinhas e os pescadores apeados.209


• Os titulares de rendimentos da categoria B, resultantes exclusivamente de produção
de eletricidade para autoconsumo ou através de unidades de pequena produção a
partir de energias renováveis, nos termos previstos no regime jurídico próprio210.
• Os titulares de rendimentos da categoria B, resultantes exclusivamente de contratos
de arrendamento e de arrendamento urbano para alojamento local em moradia ou
apartamento, nos termos previstos no regime jurídico próprio211,

⇨ Proteção Social

A proteção social conferida pelo regime dos trabalhadores independentes integra a proteção
nas eventualidades de doença, parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e
morte.

O Decreto-Lei n.º 53/2018, de 2 de julho, que entrou em vigor no dia 1 de julho de 2018,
reforça a proteção social dos trabalhadores independentes nas eventualidades de doença,
desemprego e parentalidade, no âmbito do sistema previdencial.

Relativamente ao regime jurídico de proteção na eventualidade de doença, altera-se o


período de espera de início de pagamento do subsídio de doença, que é reduzido de 30
dias para 10 dias, aproximando-o ao período de espera dos trabalhadores por conta de
outrem, reforçando deste modo a proteção dos trabalhadores independentes na
eventualidade de doença.

Em relação ao regime jurídico de proteção na parentalidade, o qual é na generalidade


semelhante ao regime aplicável a trabalhadores por conta de outrem, é alargada a
proteção dos trabalhadores independentes, passando estes a ter direito aos subsídios
para assistência a filho e para assistência a neto, procedendo-se assim a uma
uniformidade completa entre os dois regimes.

No regime jurídico de proteção na eventualidade de desemprego dos trabalhadores


independentes economicamente dependentes, altera-se o prazo de garantia para
atribuição do subsídio por cessação de atividade, ajustando-o ao prazo de garantia para
atribuição do subsídio de desemprego dos trabalhadores por conta de outrem, bem como
a fórmula de cálculo do montante diário do subsídio por cessação de atividade,
adequando-a às alterações do regime contributivo dos trabalhadores independentes.

209
Os sujeitos previstos são excluídos do regime de trabalhador independente atendendo à especificidade de apuramento da
base contributiva da sua actividade, estando sujeitos ao regime previsto nos artigos 97.º a 99.º
210 Redação do Decreto-Lei n.º 2/2018, de 2 de janeiro, em vigor a partir de 01/01/2019.

211 Redação do Decreto-Lei n.º 2/2018, de 2 de janeiro, em vigor a partir de 01/01/2019.

397
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os trabalhadores independentes que sejam considerados economicamente dependentes de


uma única entidade contratante beneficiam ainda do regime jurídico de proteção social na
eventualidade de desemprego, estabelecido no Decreto-Lei n.º 65/2012, de 15 de março212.

A Lei n.º 66-B/2012, do Orçamento de Estado para 2013 introduz no artigo 141.º do Código
Contributivo o n.º 3 estipulando que os trabalhadores independentes que sejam empresários
em nome individual ou titulares de estabelecimento individual de responsabilidade limitada,
e respetivos cônjuges com rendimentos decorrentes do exercício de qualquer atividade
comercial ou industrial têm igualmente direito à proteção na eventualidade desemprego, nos
termos de legislação própria que veio a ser publicada no dia 25 de janeiro de 2013, através
do Decreto-Lei n.º 12/2013.

O Decreto-Lei n.º 12/2013, de 25 de janeiro, estabelece, no âmbito do sistema previdencial,


o regime jurídico de proteção social na eventualidade de desemprego dos trabalhadores
independentes com atividade empresarial e dos membros dos órgãos estatutários das
pessoas coletivas.

⇨ Comunicação de início de atividade, inscrição e enquadramento

Após a entrega da declaração de início de atividade junto das finanças por parte do
trabalhador independente, a administração fiscal comunica oficiosamente, por via eletrónica,
à instituição da Segurança Social o início de atividade dos trabalhadores independentes,
fornecendo-lhe todos os elementos de identificação, incluindo o número de identificação
fiscal.

Em conformidade com as alterações introduzidas no artigo 139º do Código dos Regimes


Contributivos pela Lei do OE 2014 são excluídos do âmbito pessoal do regime dos
trabalhadores independentes, os seguintes casos:

1. Os titulares de direitos sobre explorações agrícolas ou equiparadas, ainda que nelas


desenvolvam alguma atividade, desde que da área, do tipo e da organização da exploração
se deva concluir que os produtos se destinam predominantemente ao consumo dos seus
titulares e dos respetivos agregados familiares e os rendimentos ilíquidos de atividade

212
Estabelece, no âmbito do sistema previdencial, o regime jurídico de proteção social na eventualidade de desemprego dos
trabalhadores que se encontrem enquadrados no regime dos trabalhadores independentes e que prestam serviços

398
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

não ultrapassem o montante anual de quatro vezes o valor do Indexante dos Apoios
Sociais - IAS213 (4x€438,81=€1.755,24). Nesta situação, os rendimentos anuais ilíquidos,
incluem, se for o caso, os valores relativos a subsídios ou subvenções atribuídos no âmbito
da Política Agrícola Comum.

2. Os agricultores que recebam subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola


Comum (PAC) de montante anual ilíquido inferior a quatro vezes o valor do IAS
(4x€438,81) =€1.755,24, e que não tenham quaisquer outros rendimentos suscetíveis de os
enquadrar no regime dos trabalhadores independentes.
Podem solicitar a exclusão de enquadramento no regime dos trabalhadores independentes,
mediante o preenchimento do requerimento (Mod. RV 1027- DGSS) disponível no site da
segurança social, a entregar nos serviços da Segurança Social, os agricultores que tenham
reiniciado a atividade nas Finanças, e também os agricultores que tenham iniciado a
atividade nas finanças mas que já contribuíram anteriormente para a segurança social como
trabalhadores independentes, e que recebam subsídios ou subvenções no âmbito da PAC,
de montante anual inferior a quatro vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS)
(€1.755,24), e que não tenham quaisquer outros rendimentos suscetíveis de os enquadrar
no regime dos trabalhadores independentes.

O requerimento RV 1027-DGSS deve ser acompanhado do Extrato de Movimentos relativo


aos subsídios ou subvenções atribuídos no âmbito da PAC, a obter no site do IFAP em
www.ifap.pt

Os trabalhadores independentes estão sujeitos a enquadramento no regime mesmo que se


encontrem nas condições determinantes do direito à isenção.

Novas regras desde de 1 de janeiro de 2019:

No caso de primeiro enquadramento no regime dos trabalhadores independentes, este só


produz efeitos no primeiro dia do 12.º mês posterior ao do início de atividade.

maioritariamente a uma entidade contratante. Entrou em vigor no dia 1 de Julho de 2012.


213
Portaria n.º 4/2017, de 3 janeiro, atualiza o valor do IAS do ano de 2017 para €421,32. A Portaria n.º 21/2018, de 18 de
janeiro, atualiza o valor para o ano de 2018 o valor do Indexante dos Apoios Sociais para €428,90

399
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

REINÍCIO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL COMO TRABALHADOR INDEPENDENTE

No caso de reinício de actividade, o enquadramento produz efeitos no 1.º dia do mês do


reinício.

Em caso de cessação de atividade no decurso dos primeiros 12 meses, a contagem do


prazo previsto de 12 meses de isenção é suspensa, continuando a partir do 1.º dia do
mês do reinício da atividade, caso este ocorra nos 12 meses seguintes à cessação.

⇨ Direito de opção das cooperativas

As cooperativas de produção e serviços podem optar, nos seus estatutos, pelo


enquadramento dos seus membros trabalhadores no regime dos trabalhadores
independentes, mesmo durante os períodos em que integrem os respectivos órgãos de
gestão e desde que se encontrem sujeitos ao regime fiscal dos trabalhadores por conta
própria. Uma vez manifestado o direito de opção, este é inalterável pelo período mínimo de
cinco anos.

As Cooperativas de produção e serviços que optem pelo enquadramento dos seus membros
trabalhadores no regime de trabalhadores independentes devem comunicar esta opção à
instituição de segurança social competente através de formulário de modelo próprio.
O enquadramento dos trabalhadores independentes produz efeitos a partir do mês seguinte
ao da comunicação da opção.

⇨ Isenção da obrigação de contribuir (desde de 1/01/2019)

Os trabalhadores independentes estão isentos da obrigação de contribuir:

Relativamente ao rendimento relevante mensal médio apurado trimestralmente de


montante inferior a 4 vezes o valor do IAS (4x438,81€=1.755,24€), quando acumulem
atividade independente com atividade profissional por conta de outrem, desde que se
verifiquem cumulativamente as seguintes condições:

i) O exercício da atividade independente e a outra atividade sejam prestados a


entidades empregadoras distintas e que não tenham entre si uma relação de
domínio ou de grupo;

400
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ii) O exercício de actividade por conta de outrem determine o enquadramento


obrigatório noutro regime de protecção social que cubra a totalidade das
eventualidades abrangidas pelo regime dos trabalhadores independentes;

iii) O valor da remuneração mensal média considerada para o outro regime de


proteção social seja igual ou superior a 1 vez o valor do IAS;

Quando seja simultaneamente pensionista de invalidez ou de velhice de regimes de


protecção social, nacionais ou estrangeiros, e a actividade profissional seja legalmente
cumulável com as respectivas pensões.

Quando seja simultaneamente titular de pensão resultante da verificação de risco


profissional que sofra de incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70%.

Quando, em janeiro do ano seguinte àquele a que corresponde, se tenha verificado a


obrigação do pagamento de contribuições durante o ano anterior nos termos do
disposto no n.º 2 do artigo 163.º e enquanto se mantiverem as condições que
determinaram a sua aplicação.

O reconhecimento da isenção, prevista, é oficioso sempre que as condições que a


determinam sejam do conhecimento directo da instituição de segurança social competente,
dependendo da apresentação de requerimento do interessado nos demais casos.

Isenção da obrigação de contribuir por acumulação com trabalho por conta de outrem

Desde de 1 de janeiro 2019, um trabalhador independente que acumule atividade


profissional por conta de outrem e que tenha um rendimento relevante mensal médio
apurado trimestralmente de montante superior a 4 vezes o valor do IAS
(€4x438,81=€1.755,24) deixa de estar isento da obrigação de contribuir como trabalhador
independente.

Prestação Serviços Vendas

Valor médio mensal 2.507,49 € 8.776,20 €


Valor médio trimestral 7.522,46 € 26.328,60 €
Média anual 30.089,83 € 105.314,40 €

Valores superiores ao referencial são sujeitos a contribuição

401
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quando o rendimento relevante de trabalho independente ultrapasse o limite de 4 IAS, o


trabalhador deve declarar a totalidade dos rendimentos obtidos na declaração trimestral
imediatamente posterior à data em que deixaram de se verificar as condições para a
isenção.
O apuramento do rendimento relevante pelo remanescente de rendimentos, obedece ao
apuramento previsto em termos gerais.

Considera-se reunida a condição para a isenção quando o valor médio da remuneração


mensal no trimestre que antecede a verificação das condições for igual ou superior ao valor
do IAS (€438,81), sendo a informação obtida da seguinte forma:
a) Nos casos de enquadramento no regime geral, oficiosamente por recurso às
remunerações registadas no sistema;
b) Nos casos de enquadramento noutro sistema de proteção social, mediante
comprovativo da remuneração mensal que deve acompanhar o requerimento.

Na impossibilidade de obtenção dos elementos para determinação da remuneração do


trabalhador, a instituição de segurança social notifica-o para, no prazo de 10 dias,
prorrogáveis mediante pedido fundamentado do trabalhador, apresentar os documentos
necessários à referida prova, sob pena de, não o fazendo, não lhe ser reconhecido o direito
à isenção.
Não releva para efeitos de base de incidência contributiva o valor de rendimento relevante
que determine uma contribuição de valor inferior a €5214.

Cessação das condições para a isenção:

Os trabalhadores a quem seja reconhecida a isenção da obrigação de contribuir devem


declarar à instituição da segurança social competente a cessação das condições de que
depende a referida isenção, salvo se as mesmas forem do conhecimento oficioso desta.

A cessação das condições para a isenção constitui o trabalhador na obrigação de pagar


as contribuições para o regime dos trabalhadores independentes a partir do mês seguinte
ao da sua ocorrência, nos termos previstos no Código Contributivo.

Não existe obrigação contributiva do trabalhador independente quando:

• Haja reconhecimento do direito à respetiva isenção;

214 Despacho n.º 599/2019, de 11 de janeiro, Secretaria Estado Segurança Social

402
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Ocorra suspensão do exercício de atividade, devidamente justificada215;

• Se verifique período de comprovada incapacidade ou indisponibilidade para o


trabalho por parentalidade, ainda que não haja direito à atribuição ou ao
pagamento dos respetivos subsídios;

• Se verifique situação de incapacidade temporária para o trabalho,


independentemente de haver, ou não, direito ao subsídio de doença;

A inexistência da obrigação de contribuir quando ocorra suspensão do exercício de


actividade, devidamente justificada, inicia-se a partir da verificação da incapacidade
temporária, se a mesma conferir direito ao subsídio sem exigência do período de
espera, e após este período, nas demais situações

Cessação da obrigação contributiva:

A obrigação contributiva cessa a partir do 1.º dia do mês seguinte àquele em que cesse a
atividade, sem prejuízo do pagamento de contribuições que resulte de revisão anual.

⇨ Obrigação Contributiva dos trabalhadores independentes

A obrigação contributiva dos trabalhadores independentes compreende o pagamento de


contribuições e a declaração dos valores correspondentes à atividade exercida.

A contribuição dos trabalhadores independentes é devida a partir da produção de efeitos


do enquadramento ou da cessação da isenção da obrigação de contribuir e o pagamento
da contribuição é mensal e é efetuado entre o dia 10 e o dia 20 do mês seguinte àquele a
que respeita.

A violação da obrigação de contribuir constitui contra-ordenação leve quando seja


cumprida nos 30 dias subsequentes ao termo do prazo e constitui contra-ordenação grave
nas demais situações.

215
Os trabalhadores independentes que suspendam temporariamente, com carácter voluntário ou não, o exercício efectivo
da sua actividade por conta própria, podem requerer à instituição de segurança social competente a suspensão da
aplicação deste regime, sem prejuízo do disposto em matéria de enquadramento e vinculação, indicando para o efeito as
causas da suspensão. Não se dá como verificada uma situação de suspensão de actividade, designadamente quando a
actividade do trabalhador independente possa continuar a ser exercida por trabalhador ao seu serviço ou pelo respectivo
cônjuge enquadrado, nessa qualidade, por este regime.

403
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

⇨ Obrigações declarativas (desde de 01/01/2019)

Obrigação declarativa trimestral

Os trabalhadores independentes, quando sujeitos ao cumprimento da obrigação


contributiva, são obrigados a declarar trimestralmente216:

a) O valor total dos rendimentos associados à produção e venda de bens, incluindo os


subsídios à exploração;

b) O valor total dos rendimentos associados à prestação de serviços, incluindo os


subsídios à exploração.

Na declaração trimestral são ainda identificados outros rendimentos necessários ao


apuramento do rendimento relevante dos trabalhadores independentes.

Os rendimentos devem ser declarados na ótica da declaração de rendimentos de IRS.

Se por exemplo uma fatura referente a venda de produtos ou prestação de serviços for
emitida no dia 3 de janeiro de 2020, mas estiver relacionada com vendas ou prestação de
serviços de 2019, os respetivos rendimentos devem ser declarados na declaração trimestral
com referência a 2019, neste caso na declaração trimestral a entregar até 31 de janeiro de
2020.

Não são considerados na declaração trimestral os seguintes rendimentos217:


→ Obtidos com a produção de eletricidade para autoconsumo ou através de
unidades de pequena produção a partir de energias renováveis;
→ Obtidos em resultado da celebração de contratos de arrendamento e de
arrendamento urbano para alojamento local em moradia ou apartamento;
→ Subvenções ou subsídios ao investimento;
→ Provenientes de mais-valias;
→ Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial.

O trabalhador independente pode optar pela consideração dos rendimentos excluídos:


→ Subvenções ou subsídios ao investimento;
→ Provenientes de mais-valias;

216
Artigo 151.º-A do Código Contributivo

404
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

→ Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial.

Quando sejam relevados, os rendimentos excluídos por opção são considerados como
rendimentos da atividade que lhes deu origem.

A declaração trimestral é efetuada até ao último dia dos meses de abril, julho, outubro e
janeiro, relativamente aos rendimentos obtidos nos três meses imediatamente anteriores.

Com a suspensão ou cessação da atividade, o trabalhador independente deve efetuar a


declaração trimestral no momento declarativo imediatamente posterior.

As declarações trimestrais são efetuadas eletronicamente no sítio da Internet da segurança


social e consideram-se entregues na data em que são submetidas com sucesso no sistema
de informação da segurança social.

Os dados da declaração trimestral podem ser substituídos durante o próprio mês da


declaração, sendo considerada a última declaração efetuada. Para além disso, os
elementos constantes da declaração trimestral podem ser substituídos até ao 15.º dia
posterior ao termo do prazo previsto.

Quando o prazo para entrega das declarações termine ao sábado, domingo ou dia feriado,
transfere-se o seu termo para o 1.º dia útil seguinte.

As instituições de segurança social podem exigir a confirmação dos elementos constantes


da declaração que lhes suscitem dúvidas, solicitando, para o efeito, provas adicionais das
declarações prestadas.

Dispensa da entrega da declaração trimestral

Todos os trabalhadores independentes têm de entregar a declaração trimestral de


rendimentos, com exceção dos que estejam nas seguintes situações218:

217
Artigo 62.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro, alterado pelo Decreto Regulamentar n.º 6/2018, de 2 de
julho.
218 Artigo 157.º do Código Contributivo

405
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Quando seja simultaneamente pensionista de invalidez ou de velhice de regimes de


proteção social, nacionais ou estrangeiros, e a atividade profissional seja legalmente
cumulável com as respetivas pensões.

• Quando seja simultaneamente titular de pensão resultante da verificação de risco


profissional que sofra de incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70%.

• Acumulam a sua atividade com atividade profissional por conta de outrem, desde
que, cumulativamente:

O rendimento relevante mensal médio de trabalho independente seja de


montante inferior a 4 vezes o valor do IAS (4X€438,81=€1.755,24);

A atividade independente e a outra sejam prestadas a entidades distintas;

Estejam já obrigatoriamente enquadrados num outro regime de proteção


social; e,

A remuneração mensal média como trabalhador por conta de outrem seja


igual ou superior a 1 vez o valor do IAS (€438,81).

• Advogados e os solicitadores integrados obrigatoriamente na respetiva Caixa de


Previdência;

• Trabalhadores que exerçam em Portugal, com caráter temporário, atividade por


conta própria e que provem o seu enquadramento em regime de proteção social
obrigatório de outro país;

• Proprietários de embarcações de pesca local e costeira que integrem o rol de


tripulação e exerçam efetiva atividade profissional nestas embarcações;

• Apanhadores de espécies marinhas e os pescadores apeados;

• Titulares de rendimentos da categoria B resultantes exclusivamente de:

contratos de arrendamento e de arrendamento urbano para alojamento local


em moradia ou apartamento,

produção de eletricidade para autoconsumo ou através de unidades de


pequena produção a partir de energias renováveis;

406
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Trabalhadores independentes no Regime da Contabilidade Organizada que não


tenham exercido, em novembro, a opção de ficarem abrangidos pela declaração
trimestral;

• Quando o primeiro enquadramento ainda não tenha produzido efeitos (só produz
efeitos no primeiro dia do 12.º mês posterior ao inicio de atividade).

Declaração anual da atividade

Os trabalhadores independentes sujeitos ao cumprimento da obrigação contributiva são


obrigados a apresentar, através de modelo oficial e por referência ao ano civil anterior:

a) O valor total das vendas realizadas;

b) O valor total da prestação de serviços a pessoas singulares que não tenham


actividade empresarial;

c) O valor total da prestação de serviços por pessoa colectiva e por pessoa singular
com actividade empresarial.

É ainda objeto da mesma declaração a identificação dos valores necessários ao apuramento


do rendimento relevante dos trabalhadores independentes que não possam ser obtidos por
interconexão de dados com a autoridade tributária.

Quando esteja em causa o acesso a subsídio por cessação de atividade que ocorra em
momento anterior à data da obrigação declarativa anual, a declaração do valor da atividade
é efetuada com o requerimento do subsídio.
A declaração anual deve conter, relativamente a cada entidade a quem foram prestados
serviços:
a) O NISS;
b) O NIF;
c) O valor total dos serviços prestados no ano civil anterior.
São igualmente declarados os montantes dos rendimentos que devam ser considerados ou
excluídos para efeitos de apuramento do rendimento relevante que não possam ser obtidos
oficiosamente.
A declaração é feita por preenchimento do anexo SS ao modelo 3 da declaração de imposto
sobre o rendimento das pessoas singulares, efetuada no prazo legal para a entrega da
declaração fiscal, o qual é remetido aos serviços da segurança social pela entidade tributária
competente.

407
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

⇨ Entidades Contratantes

São abrangidas pelo regime de entidades contratantes as pessoas coletivas e as


pessoas singulares com atividade empresarial, independentemente da sua natureza e
das finalidades que prossigam, que no mesmo ano civil beneficiem de mais de 50% do
valor total da atividade de trabalhador independente.

A qualidade de entidade contratante é apurada apenas relativamente aos


trabalhadores independentes que se encontrem sujeitos ao cumprimento da obrigação
de contribuir e tenham um rendimento anual obtido com prestação de serviços igual ou
superior a seis vezes o valor do IAS.

Considera-se como prestado à mesma entidade contratante os serviços prestados a


empresas do mesmo agrupamento empresarial.

A obrigação contributiva das entidades contratantes constitui-se no momento em que a


instituição de segurança social apura oficiosamente o valor dos serviços que lhe foram
prestados e efetiva-se com o pagamento da respetiva contribuição.

As contribuições das entidades contratantes reportam-se ao ano civil anterior e o


prazo para o seu pagamento é fixado até ao dia 20 do mês seguinte ao da emissão do
documento de cobrança.

Determinação da base de incidência contributiva das entidades contratantes:

Constitui base de incidência contributiva, para efeitos de determinação do montante de


contribuições a cargo da entidade contratante, o valor total dos serviços que lhe foram
prestados por trabalhador independente no ano civil a que respeitam.

A taxa contributiva a cargo das entidades contratantes é de 10% nas situações em que a
dependência económica é superior a 80% e 7% nas restantes situações.

Esta contribuição destina-se a garantir o direito ao subsídio de desemprego dos


trabalhadores independentes economicamente dependentes de uma única entidade
contratante.

408
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

⇨ Base de incidência contributiva dos trabalhadores independentes desde


de 01/01/2019

Determinação do rendimento relevante:

O rendimento relevante do trabalhador independente é determinado com base nos


rendimentos obtidos nos três meses imediatamente anteriores ao mês da declaração
trimestral, na seguinte forma:

a) 70% do valor total de prestação de serviços;

b) 20% dos rendimentos associados à produção e venda de bens.

A determinação do rendimento relevante dos trabalhadores independentes que prestem


serviços no âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas, e que o
declarem fiscalmente como tal, é feita, relativamente a esses rendimentos, com base em
20%.

Não são considerados no apuramento do rendimento relevante dos trabalhadores


independentes os seguintes rendimentos:
→ Obtidos com a produção de eletricidade para autoconsumo ou através de
unidades de pequena produção a partir de energias renováveis;
→ Obtidos em resultado da celebração de contratos de arrendamento e de
arrendamento urbano para alojamento local em moradia ou apartamento;
→ Subvenções ou subsídios ao investimento;
→ Provenientes de mais-valias;
→ Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial.

409
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O trabalhador independente pode optar pela consideração dos rendimentos excluídos:


→ Subvenções ou subsídios ao investimento;
→ Provenientes de mais-valias;
→ Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial.

Quando sejam relevados, os rendimentos excluídos por opção são considerados como
rendimentos da atividade que lhes deu origem.

O rendimento referido é apurado pela instituição de segurança social competente com base
nos valores declarados na declaração trimestral pelo trabalhador independente, bem como
nos valores declarados para efeitos fiscais.

A administração fiscal comunica oficiosamente à instituição de segurança social


competente, por via eletrónica, os rendimentos dos trabalhadores independentes
declarados. Os serviços da segurança social procedem, anualmente, à revisão das
declarações relativas ao ano anterior com base na comunicação de rendimentos efetuada e
notificam o trabalhador independente das diferenças apuradas. O pagamento de
contribuições resultante da revisão é considerado, para todos os efeitos, como efetuado fora
do prazo.

O rendimento relevante do trabalhador independente abrangido pelo regime de


contabilidade organizada, previsto no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares, corresponde ao valor do lucro tributável apurado no ano civil imediatamente
anterior (declarado no Anexo SS, da Declaração Modelo 3 do IRS).

Base de incidência contributiva dos trabalhadores independentes (desde de


01/01/2019:

A base de incidência contributiva mensal corresponde a 1/3 do rendimento relevante


apurado em cada período declarativo, produzindo efeitos no próprio mês e nos dois meses
seguintes.

Quando se verifique a inexistência de rendimentos ou o valor das contribuições devidas por


força do rendimento relevante apurado seja inferior a €20,00, é fixada a base de incidência
que corresponda ao montante de contribuições naquele valor. Este valor é atualizado de
acordo com a atualização do IAS. A Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro, procede à
atualização anual do valor do IAS para 2020 no valor de €438,81, mas até ao momento a
Segurança Social continua a manter o valor de €20,00.

410
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A base de incidência contributiva dos trabalhadores independentes com rendimento


relevante mensal médio apurado trimestralmente de montante igual ou superior a 4 vezes o
valor do IAS (4x€438,81=1.755,24), que acumulem atividade com atividade profissional por
conta de outrem nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 157.º219, corresponde ao valor
que ultrapasse aquele limite.
A base de incidência contributiva considerada em cada mês tem como limite máximo 12
vezes o valor do IAS (12x€438,81=€5.265,72).

Sempre que o rendimento relevante seja apurado com base na contabilidade organizada, a
base de incidência mensal corresponde ao duodécimo do lucro tributável, com o limite
mínimo de 1,5 vezes o valor do IAS (€658,22) e máximo de 12 vezes o valor do IAS
(12x€438,81=€5.265,72), sendo fixada em outubro para produzir efeitos no ano civil
seguinte.

Nas situações de início ou reinício de atividade em que o trabalhador independente tem o


regime de contabilidade organizada para efeitos de IRS, a determinação do rendimento
relevante com base na contabilidade organizada é aplicável apenas após o conhecimento,
pelos serviços competentes da segurança social, da correspondente declaração de imposto
sobre o rendimento das pessoas singulares, comunicada pela entidade tributária
competente. Até ao momento do conhecimento previsto, o rendimento relevante é apurado
com base na declaração trimestral.

Direito de opção desde de 01/01/2019:

219
Relativamente ao rendimento relevante mensal médio apurado trimestralmente de montante inferior a 4 vezes o valor
do IAS, quando acumulem atividade independente com atividade profissional por conta de outrem, desde que se
verifiquem cumulativamente as seguintes condições:

i) O exercício da atividade independente e a outra atividade sejam prestados a entidades empregadoras distintas
e que não tenham entre si uma relação de domínio ou de grupo;

ii) O exercício de actividade por conta de outrem determine o enquadramento obrigatório noutro regime de
protecção social que cubra a totalidade das eventualidades abrangidas pelo regime dos trabalhadores
independentes;

iii) O valor da remuneração mensal média considerada para o outro regime de proteção social seja igual ou
superior a 1 vez o valor do IAS;

411
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No momento da declaração trimestral, o trabalhador independente pode optar pela fixação


de um rendimento superior ou inferior até 25% àquele que resultar dos valores declarados
na declaração trimestral sem prejuízo do limite mínimo do €20.00 E tendo sempre como
limite máximo mensal 12 vezes o valor do IAS (12x€438,81=€5.265,72).

A opção é efetuada em intervalos de 5% (5%, 10%, 15%, 20% e 25%).

A opção pela fixação de um rendimento superior ou inferior até 25% àquele que resultar dos
valores declarado trimestralmente, só é aplicável aos trabalhadores independentes que
estejam abrangidos pela declaração trimestral.

O trabalhador independente com contabilidade organizada notificado pela segurança social


em outubro, da base de incidência contributiva que lhe é aplicável pode requerer, no prazo
que for fixado na respetiva notificação, que lhe seja aplicado o regime de apuramento
trimestral do rendimento relevante, ficando sujeito à obrigação declarativa trimestral a partir
de janeiro do ano seguinte. Esta opção é valida para o período de janeiro a dezembro do
ano seguinte.
Exercida a opção pelo apuramento trimestral, o trabalhador deve efetuar a primeira
declaração trimestral em janeiro, relativa aos rendimentos obtidos no último trimestre do ano
civil anterior, para efeitos de determinação do rendimento relevante a considerar no primeiro
trimestre.

Base de incidência dos cônjuges desde de 01/01/2019:

A base de incidência contributiva dos trabalhadores enquadrados exclusivamente por força


da sua qualidade de cônjuges de trabalhadores independentes corresponde a 70% do
rendimento relevante do trabalhador independente, com os limites mínimos de 20€.

Os cônjuges dos trabalhadores independentes podem requerer que lhes seja fixado um
rendimento relevante inferior até 20% daquele que lhes foi aplicado ou superior até ao limite
do rendimento relevante dos trabalhadores independentes.

⇨ Taxas contributivas do trabalhador independente desde de 01/01/2019

412
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A taxa contributiva a cargo dos trabalhadores independentes é fixada em 21,4%.


É fixada em 25,2% a taxa contributiva a cargo dos empresários em nome individual e dos
titulares de estabelecimento individual de responsabilidade limitada e respetivos cônjuges.

Taxas contributivas 2018 2019

Trabalhadores independentes 29,60%


Produtores agrícolas e respetivos cônjuges cujos 21,40%
rendimentos provenham única e exclusivamente do
exercício da atividade agrícola. 28,30%

Empresários em nome individual e dos titulares de


estabelecimento individual de responsabilidade
limitada e respetivos cônjuges 34,75% 25,20%

A contribuição dos trabalhadores independentes é devida a partir da produção de efeitos


do enquadramento ou da cessação da isenção da obrigação de contribuir e o pagamento
da contribuição é mensal e é efetuado entre o dia 10 e o dia 20 do mês seguinte àquele a
que respeita220.

Com a entrada em vigor do Código Contributivo, constituem grupo fechado221 regulado em


legislação própria situações dos trabalhadores a que se aplicam:

A taxa contributiva referente aos trabalhadores previstos no Decreto-Lei n.º 40/2001, de 9 de


Fevereiro, que estabelece as taxas relativas aos produtores agrícolas e aos trabalhadores
por conta própria das actividades artesanais do sector primário da Região Autónoma da
Madeira, tendo em vista o seu ajustamento progressivo às taxas estabelecidas no regime
geral de segurança social dos trabalhadores independentes é fixada em 8 % ou 15 %
consoante os trabalhadores optem pelo 1.º ou 2.º a 5.ºescalões de base de incidência
contributiva previstos no presente Código para os trabalhadores independentes;

No regime contributivo referente aos produtores222 abrangidos pelo disposto no Decreto


Legislativo Regional dos Açores n.º 18/84/A, de 12 de Maio, é aplicada a taxa de 8%, no 1.º

220 Artigo 155.º, n.º2 do Código Contributivo

413
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

escalão, sobre o salário convencional equivalente ao mínimo fixado para os trabalhadores


da Região. Se os produtores agrícolas optarem por um escalão superior a taxa a aplicar é
15%.
Esta situação não foi alterada com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 2/2018, de 9 de
janeiro.

221 As taxas dos grupos fechados apenas se aplicam a quem está abrangido em 31/12/2010.
222 De acordo com alínea b) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 1.º do Decreto Legislativo Regional n.º 18/84/A, de 12 de Maio, são
produtores agrícolas, silvícolas ou pecuários que exerçam qualquer dessas atividades como profissão principal. Artigo 273.º do
Código Contributivo

414
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

18 Sugestões de desdobramento do código de contas nas contas relacionadas


com a NCRF 17

Conta Descrição conta SNC

28 DIFERIMENTOS
282 RENDIMENTOS A RECONHECER
2822 Subsídios

3 INVENTÁRIOS E ACTIVOS BIOLÓGICOS


31 COMPRAS
313 Ativos biológicos
3131 Consumíveis
31311 Animais
313111 Aquisições no território nacional
3131111 Com IVA dedutível
31311111 Taxa reduzida
3131112 Com IVA não dedutível
3131113 Isentas
313112 Aquisições intracomunitárias
3131121 Com IVA dedutível
31311211 Taxa reduzida
3131122 Com IVA não dedutível
3131123 Isentas
313113 Aquisições em países terceiros
3131131 Com IVA dedutível
31311311 Taxa reduzida
3131132 Com IVA não dedutível
3131133 Isentas

31312 Plantas
313121 Aquisições no território nacional
3131211 Com IVA dedutível

415
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

31312111 Taxa reduzida


3131212 Com IVA não dedutível
3131213 Isentas
313122 Aquisições intracomunitárias
3131221 Com IVA dedutível
31312211 Taxa reduzida
3131222 Com IVA não dedutível
3131223 Isentas
313123 Aquisições em países terceiros
3131231 Com IVA dedutível
31312311 Taxa reduzida
3131232 Com IVA não dedutível
3131233 Isentas

317 DEVOLUÇÕES DE COMPRAS


3173 Ativos biológicos
31731 Aquisições no território nacional
317311 Com IVA dedutível
3173111 Taxa reduzida
317312 Com IVA não dedutível
317313 Isentas
31732 Aquisições intracomunitárias
317321 Com IVA dedutível
3173211 Taxa reduzida
317322 Com IVA não dedutível
317323 Isentas
31733 Aquisições em países terceiros
317331 Com IVA dedutível
3173311 Taxa reduzida
317332 Com IVA não dedutível
317333 Isentas

318 DESCONTOS E ABATIMENTOS EM COMPRAS


3183 Ativos biológicos
31831 Aquisições no território nacional
318311 Com IVA dedutível

416
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3183111 Taxa reduzida


318312 Com IVA não dedutível
318313 Isentas
31832 Aquisições intracomunitárias
318321 Com IVA dedutível
3183211 Taxa reduzida
318322 Com IVA não dedutível
318323 Isentas
31833 Aquisições em países terceiros
318331 Com IVA dedutível
3183311 Taxa reduzida
318332 Com IVA não dedutível
318333 Isentas

37 ATIVOS BIOLÓGICOS
371 Consumíveis
3711 Animais
3712 Plantas
372 De produção
3721 Animais
37211 Aquisições no território nacional
372111 Com IVA dedutível
3721111 Taxa reduzida
372112 Com IVA não dedutível
372113 Isentas
37212 Aquisições intracomunitárias
372121 Com IVA dedutível
3721211 Taxa reduzida
372122 Com IVA não dedutível
372123 Isentas
37213 Aquisições em países terceiros
372131 Com IVA dedutível
3721311 Taxa reduzida
372132 Com IVA não dedutível
372133 Isentas

417
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3722 Plantas
37221 Aquisições no território nacional
372211 Com IVA dedutível
3722111 Taxa reduzida
372212 Com IVA não dedutível
372213 Isentas
37222 Aquisições intracomunitárias
372221 Com IVA dedutível
3722211 Taxa reduzida
372222 Com IVA não dedutível
372223 Isentas
37223 Aquisições em países terceiros
372231 Com IVA dedutível
3722311 Taxa reduzida
372232 Com IVA não dedutível
372233 Isentas

3728 Depreciações acumuladas de Activos Biológicos


mensurados ao custo
3729 Imparidades acumuladas de Activos Biológicos
mensurados ao custo

38 RECLASSIFICAÇÃO E REGULAR. DE INVENT. E


ATIVOS BIOLÓG.
387 Ativos biológicos
3871 Ativos Biológicos consumíveis
3872 Ativos Biológicos Produção

39 ADIANTAMENTOS POR CONTA DE COMPRAS


3972 Ativos biológicos de produção
39721 Aquisições no território nacional
397211 Com IVA dedutível
3972111 Taxa reduzida
397212 Com IVA não dedutível
397213 Isentas
39722 Aquisições intracomunitárias

418
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

397221 Com IVA dedutível


3972211 Taxa reduzida
397222 Com IVA não dedutível
397223 Isentas
39723 Aquisições em países terceiros
397231 Com IVA dedutível
3972311 Taxa reduzida
397232 Com IVA não dedutível
397233 Isentas

4 INVESTIMENTOS
43 ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS
436 Equipamentos Biológicos
4361 Aquisições no território nacional
43611 Com IVA dedutível
436111 Taxa reduzida
43612 Com IVA não dedutível
43613 Isentas
4362 Aquisições em países terceiros
43621 Com IVA dedutível
436211 Taxa reduzida
43622 Com IVA não dedutível
43623 Isentas
43623 Aquisições em países terceiros
436231 Com IVA dedutível
4362311 Taxa reduzida
436232 Com IVA não dedutível
436233 Isentas

438 DEPRECIAÇÕES ACUMULADAS


4386 Equipamentos biológicos

439 PERDAS POR IMPARIDADE ACUMULADAS


4396 Equipamentos biológicos

6 GASTOS

419
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

61 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS E MATÉRIAS


CONSUMIDAS
613 Ativos biológicos - Compras

64 GASTOS DE DEPRECIAÇÃO E DE AMORTIZAÇÃO


642 Activos fixos tangíveis
6426 Equipamentos biológicos
644 Ativos biológicos de produção mensurados ao custo

65 PERDAS POR IMPARIDADE


659 Ativos biológicos de produção mensurados ao custo

66 PERDAS POR REDUÇÕES DE JUSTO VALOR


664 Em ativos biológicos

687 GASTOS EM INVESTIMENTOS NÃO FINANCEIROS


6871 ALIENAÇÕES
68717 Ativos biológicos de produção
6872 SINISTROS
68727 Ativos biológicos de produção
6873 ABATES
68737 Ativos biológicos de produção
6878 OUTROS GASTOS
68787 Ativos biológicos de produção

7 RENDIMENTOS
71 VENDAS
714 ATIVOS BIOLÓGICOS
7141 Transmissões no território nacional
71411 Taxa reduzida
714111 Isentas
7142 Transmissões intracomunitárias
71421 Taxa reduzida
71422 Isentas
71431 Exportações para países terceiros
714311 Taxa reduzida

420
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

714312 Isentas

718 DESCONTOS E ABATIMENTOS EM VENDAS


7184 Ativos biológicos
71841 de Transmissões no território nacional
718411 Taxa reduzida
718412 Isentas
71842 de Transmissões intracomunitárias
718421 Taxa reduzida
718422 Isentas
71843 de Exportações para países terceiros
718431 Taxa reduzida
718432 Isentas

73 VARIAÇÕES NOS INVENTÁRIOS DA PRODUÇÃO


734 Activos biológicos

75 SUBSÍDIOS À EXPLORAÇÃO
751 Subsídios do Estado e outros entes públicos
752 Subsídios de outras entidades

76 REVERSÕES
761 De depreciações e de amortizações
7614 Activos biológicos mensurados ao custo

762 DE PERDAS POR IMPARIDADE


7629 Activos biológicos mensurados ao custo

77 GANHOS POR AUMENTOS DE JUSTO VALOR


774 Em ativos biológicos

787 RENDIMENTOS EM INVESTIMENTOS NÃO


FINANCEIROS
7871 ALIENAÇÕES
78717 Ativos biológicos de produção
7872 SINISTROS

421
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

78727 Ativos biológicos de produção


7878 OUTROS RENDIMENTOS
78787 Ativos biológicos de produção

422
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

19 Anexos

Anexo 1 – NCRF 17
Anexo 2 – Portaria 986/2009, de 7 de Setembro – Modelos das Demonstrações financeira
Anexo 3 – Plano de contas SNC
Anexo 4 – Resposta dada pelo serviços da segurança social à CAP – Confederação dos
Agricultores de Portugal acerca da delimitação do grupo fechado de trabalhadores agrícolas

423
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

19.1 Anexo 1 – NCRF 17

Norma contabilística e de relato financeiro 17 -


Agricultura

Objetivo

1 - O objetivo desta Norma Contabilística e de Relato Financeiro é o de prescrever o


tratamento contabilístico e a apresentação de demonstrações financeiras relativas à
atividade agrícola.
Âmbito

2 - Esta Norma deve ser aplicada na contabilização do que se segue quando se relacione
com a atividade agrícola:
a) Ativos biológicos;
b) Produto agrícola no ponto da colheita; e
c) Subsídios de entidades públicas incluídos nos parágrafos 34 e 35.

3 - Esta Norma não se aplica a:

a) Terrenos relacionados com a atividade agrícola (ver a NCRF 7 - Ativos Fixos


Tangíveis e a NCRF 11 - Propriedades de Investimento); e
b) Ativos intangíveis relacionados com a atividade agrícola (ver a NCRF 6 - Ativos
Intangíveis).

4 - Esta Norma é aplicada ao produto agrícola, que é o produto colhido dos ativos
biológicos da entidade, somente no momento da colheita. Após isso, é aplicada a NCRF
18 - Inventários, ou uma outra Norma Contabilística e de Relato Financeiro aplicável.
Concordantemente, esta Norma não trata do processamento do produto agrícola após
colheita; por exemplo, a transformação de uvas em vinho por um vitivinicultor que tenha
cultivado a vinha e colhido as uvas. Se bem que tal processamento possa ser uma
extensão lógica e natural da atividade agrícola e os acontecimentos que tenham tido
lugar possam ter alguma similitude com a transformação biológica, tal processamento
não é incluído na definição de atividade agrícola nesta Norma.

424
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5 O quadro abaixo apresentado proporciona exemplos de ativos biológicos, produto


agrícola e produtos que são o resultado de processamento após colheita:

Produtos resultantes de
Ativos biológicos Produto agrícola
processamento após colheita

Carneiros Lã Fio de lã, carpetes

Árvores numa plantação florestal Árvores abatidas Troncos, madeira serrada

Plantas Algodão Fio de algodão, roupas


Cana Colhida Açúcar

Gado produtor de leite Leite Queijo

Porcos Carcaças Salsichas, presuntos curados

Arbustos Folhas Chá, tabaco curado

Vinhas Uvas Vinho

Árvores de fruto Frutos colhidos Frutos processados

Definições
Definições relacionadas com a agricultura

6 Os termos que se seguem são usados nesta Norma com os significados especificados:

Atividade agrícola: é a gestão por uma entidade da transformação biológica e a colheita


de ativos biológicos para venda ou para conversão, em produtos agrícolas ou em ativos
biológicos adicionais.

Ativo biológico: é um animal ou planta vivos.

Colheita: é a separação de um produto de um ativo biológico ou a cessação dos


processos de vida de um ativo biológico.

Custos de vender: são os custos marginais diretamente atribuíveis à alienação de um


ativo, com exclusão de custos financeiros e impostos sobre o rendimento.

Grupo de ativos biológicos: é uma agregação de animais ou de plantas vivos


semelhantes.

425
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Produto agrícola: é o produto colhido dos ativos biológicos da entidade.

Transformação biológica: compreende os processos de crescimento natural,


degeneração, produção e procriação que causem alterações qualitativas e quantitativas
num ativo biológico.

7 A atividade agrícola cobre uma escala diversa de atividades. Por exemplo, criação de
gado, silvicultura, safra anual ou perene, cultivo de pomares e de plantações, floricultura
e aquacultura (incluindo criação de peixes). Existem certas características comuns
dentro desta diversidade:capacidade de alteração: os animais vivos e as plantas são
capazes de transformação biológica;

a) Capacidade de alteração: os animais vivos e as plantas são capazes de


transformação biológica;

b) Gestão de alterações: a gestão facilita a transformação biológica pelo aumento, ou,


pelo menos, estabilização, de condições necessárias para que o processo tenha lugar
(por exemplo, níveis nutricionais, mistura, temperatura, fertilidade e luz). Tal gestão
distingue a atividade agrícola de outras atividades. Por exemplo, colher de fontes não
geridas (tais como pesca oceânica e de florestação) não é uma atividade agrícola; e

c) Mensuração de alterações: a alteração de qualidade (por exemplo, mérito genético,


densidade, amadurecimento, cobertura de gordura, conteúdo de proteínas e resistência
das fibras) ou de quantidade (por exemplo, progénie, peso, metros cúbicos, comprimento
ou diâmetro das fibras e número de rebentos) ocasionada por transformação biológica
ou colheita é mensurada e monitorizada como uma função de gestão rotinada.

8 A transformação biológica origina as consequências seguintes:

a) Alterações de ativos por intermédio de:


i) Crescimento (um aumento de quantidade ou melhoramento na qualidade de um
animal ou planta);
ii) Degeneração (uma diminuição na quantidade ou deterioração na qualidade de um
animal ou planta); ou
iii) Procriação (criação de animais ou de plantas vivos adicionais); ou
b) Produção de produto agrícola tal como borracha em bruto (latex), folhas de chá, lã e
leite.

Definições gerais

9 Os termos que se seguem são usados nesta Norma com os significados especificados:

426
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Justo valor: é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado,
entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transação em que não exista
relacionamento entre elas.

Mercado ativo: é um mercado no qual se verifiquem todas as condições seguintes:

a) Os itens negociados no mercado são homogéneos;

b) Podem ser encontrados em qualquer momento compradores e vendedores dispostos


a comprar e vender; e

c) Os preços estão disponíveis ao público.

Quantia escriturada: é a quantia pela qual um ativo é reconhecido no balanço, após a


dedução de qualquer depreciação/amortização acumulada e de perdas por imparidade
acumuladas inerentes.

Subsídios de entidades públicas: são os definidos na NCRF 22 - Subsídios e Outros


Apoios das Entidades Públicas.

10 O justo valor de um ativo é baseado na sua localização e condição presentes.


Consequentemente, por exemplo, o justo valor do gado numa fazenda é o preço do gado
no mercado relevante menos o custo de transporte e outros para levar o gado para o
mercado.
Reconhecimento e mensuração

11 Uma entidade deve reconhecer um ativo biológico ou produto agrícola quando, e


somente quando:

a) A entidade controle o ativo como consequência de acontecimentos passados;


b) Seja provável que benefícios económicos associados ao ativo fluirão para a
entidade; e
c) O justo valor ou custo do ativo possa ser fiavelmente mensurado.

12 Na atividade agrícola, o controlo pode ser evidenciado, por exemplo, pela posse legal do
gado e pela marcação a quente ou de outro modo, aquando da aquisição, nascimento ou
desmama. Os benefícios económicos futuros são normalmente estimados pela
mensuração dos atributos físicos significativos.

13 Um ativo biológico deve ser mensurado, no reconhecimento inicial e em cada data de


balanço, pelo seu justo valor menos os custos de alienação, exceto no caso descrito no
parágrafo 30 em que o justo valor não pode ser fiavelmente mensurado.

427
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

14 O produto agrícola colhido dos ativos biológicos de uma entidade deve ser mensurado
pelo seu justo valor menos os custos de vender no momento da colheita. Tal
mensuração é o custo nessa data aquando da aplicação da NCRF 18, ou uma outra
Norma Contabilística e de Relato Financeiro aplicável.

15 A mensuração pelo justo valor de um ativo biológico ou produto agrícola pode ser
facilitada pelo agrupamento de ativos biológicos ou de produtos agrícolas de acordo com
atributos relevantes, por exemplo, por idade ou qualidade. Uma entidade seleciona os
atributos que correspondam aos atributos usados no mercado como base de
determinação do preço.

16 As entidades celebram muitas vezes contratos para vender os seus ativos biológicos ou
produtos agrícolas numa data futura. Os preços de contrato não são necessariamente
relevantes na mensuração pelo justo valor porque o justo valor reflete o mercado
corrente em que um comprador e um vendedor dispostos a uma transação nela
incorrerão. Consequentemente, o justo valor de um ativo biológico ou produto agrícola
não é ajustado por força da existência de um contrato. Nalguns casos, um contrato para
a venda de um ativo biológico ou produto agrícola pode ser um contrato oneroso, como
definido na NCRF 21 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.

17 Se existir um mercado ativo para um ativo biológico ou produto agrícola, o preço cotado
nesse mercado é a base apropriada para determinar o justo valor desse ativo. Se uma
entidade tiver acesso a diferentes mercados ativos, a entidade usará a mais relevante.
Por exemplo, se uma entidade tiver acesso a dois mercados ativos, usará o preço
existente no mercado em que espera que seja o usado. As cotações oficiais de mercado
disponibilizadas pelo Sistema de Informação de Mercados Agrícolas, são exemplo deste
conceito.Se existir um mercado ativo para um ativo biológico ou produto agrícola, o preço cotado
nesse mercado é a base apropriada para determinar o justo valor desse ativo. Se uma entidade
tiver acesso a diferentes mercados ativos, a entidade usará a mais relevante. Por exemplo, se
uma entidade tiver acesso a dois mercados ativos, usará o preço existente no mercado em que
espera que seja o usado. As cotações oficiais de mercado disponibilizadas pelo Sistema de
Informação de Mercados Agrícolas, são exemplo deste conceito.

18 Se não existir um mercado ativo, uma entidade usará um ou mais dos indicadores que
se seguem, quando disponíveis, na determinação do justo valor:

a) O preço mais recente de transação no mercado, desde que não tenha havido uma
alteração significativa nas circunstâncias económicas entre a data dessa transação e a
do balanço;

428
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

b) Os preços de mercado de ativos semelhantes com ajustamento para refletir


diferenças; e
c) Referências do setor tais como o valor de um pomar expresso por contentores de
exportação, hectare ou outra unidade de medida do setor e o valor do gado expresso em
quilo de carne.

19 Em certos casos, as fontes de informação listadas no parágrafo 18 podem sugerir


diferentes conclusões quanto ao justo valor de um ativo biológico ou produto agrícola.
Uma entidade considerará as razões dessas diferenças, a fim de chegar à estimativa
mais fiável de justo valor dentro de uma série relativamente estreita de estimativas
razoáveis.

20 Em certas circunstâncias, os preços ou valores determinados pelo mercado podem não


estar disponíveis para um ativo biológico na sua condição atual. Nestas circunstâncias,
na determinação do justo valor, uma entidade usará o valor presente dos fluxos de caixa
líquidos de um ativo, descontados a uma taxa pré-imposto determinada no mercado
corrente.

21 O objetivo de um cálculo do valor presente de fluxos de caixa líquidos esperados é o de


determinar o justo valor de um ativo biológico no seu local e condição atuais. Uma
entidade considerará isto na determinação de uma taxa de desconto apropriada a ser
usada e ao estimar os fluxos de caixa líquidos esperados. A condição atual de um ativo
biológico exclui quaisquer aumentos de valor derivados de transformação biológica
adicional e de atividades futuras da entidade, tais como os relacionados com o aumento
por transformação biológica, colheita e venda futura.

22 Uma entidade não inclui quaisquer fluxos de caixa para financiar os ativos, impostos, ou
repor ativos biológicos após colheita (por exemplo, o custo de replantar árvores numa
plantação após o corte).

23 Ao acordar no preço de uma transação entre partes não relacionadas entre si,
compradores e vendedores conhecedores e dispostos a isso considerarão a
possibilidade de variações nos fluxos de caixa. Assim, esse justo valor reflete a
possibilidade de tais variações. Concordantemente, uma entidade incorpora expectativas
acerca de possíveis variações nos fluxos de caixa quer nos fluxos de caixa esperados,
quer na taxa de desconto, quer nalguma combinação das duas. Ao determinar uma taxa
de desconto, uma entidade usa pressupostos consistentes com os usados na estimativa
de fluxos de caixa esperados, para evitar o efeito da dupla contagem de pressupostos ou
da sua omissão.

429
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

24 O custo pode aproximar-se algumas vezes do justo valor, particularmente quando:

a) Tenha tido lugar pouca transformação biológica desde que ocorreu o custo inicial
(por exemplo, pés de árvores de fruto brotados de sementes, plantados imediatamente
antes da data do balanço); ou

b) Não se espera que o impacto da transformação biológica sobre os preços seja


material (por exemplo, no crescimento inicial, num ciclo de produção de 30 anos, de uma
plantação de pinheiros).

25 Os ativos estão muitas vezes fisicamente implantados nos terrenos (por exemplo,
árvores numa floresta plantada). Pode não haver mercado separado para ativos
biológicos que estejam implantados no terreno mas pode existir um mercado ativo para
os ativos combinados, isto é, para os ativos biológicos, terrenos em bruto e
melhoramentos de terrenos, como um conjunto. Uma entidade pode usar informação
relativa a ativos combinados para mensurar o justo valor de ativos biológicos. Por
exemplo, o justo valor de terrenos em bruto e melhoramento de terrenos pode ser
deduzido do justo valor dos ativos combinados para chegar ao justo valor de ativos
biológicos.

Ganhos e perdas

26 Um ganho ou uma perda proveniente do reconhecimento inicial de um ativo biológico pelo


justo valor menos os custos de alienação e de uma alteração de justo valor menos os
custos de alienação de um ativo biológico devem ser incluídos no resultado líquido do
período em que surja.

27 Pode surgir uma perda no reconhecimento inicial de um ativo biológico, porque os custos
de vender são deduzidos ao determinar o justo valor menos os custos de alienação de
um ativo biológico. Pode surgir um ganho no reconhecimento inicial de um ativo
biológico, tal como quando nasce um bezerro.

28 Um ganho ou perda que surja no reconhecimento inicial do produto agrícola pelo justo
valor menos os custos de alienação deve ser incluído no resultado líquido do período em
que surja.

29 Pode surgir um ganho ou uma perda no reconhecimento inicial do produto agrícola como
consequência de colheitas.

430
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Incapacidade de mensurar fiavelmente o justo valor

30 Há um pressuposto de que o justo valor pode ser mensurado com fiabilidade para um
ativo biológico. Contudo, esse pressuposto pode ser refutado apenas no reconhecimento
inicial de um ativo biológico, relativamente ao qual não estão disponíveis preços cotados
de mercado e cujas mensurações alternativas do justo valor estão determinadas como
sendo claramente pouco fiáveis. Nesse caso, esse ativo biológico deve ser mensurado
pelo custo menos qualquer depreciação acumulada e qualquer perda por imparidade
acumulada. Quando o justo valor desse ativo biológico se tornar fiavelmente mensurável,
uma entidade deve mensurá-lo pelo seu justo valor menos os custos estimados do ponto
de venda. Quando um ativo biológico não corrente satisfizer os critérios de classificação
como detido para venda (ou for incluído num grupo para alienação que esteja
classificado como detido para venda) de acordo com a NCRF 8 - Ativos Não Correntes
Detidos para Venda e Unidades Operacionais Descontinuadas, presume-se que o justo
valor pode ser mensurado com fiabilidade.

31 A presunção do parágrafo 30 somente pode ser refutada no reconhecimento inicial. Uma


entidade que tenha previamente mensurado um ativo biológico pelo seu justo valor
menos custos de alienação continuará a mensurar o ativo biológico pelo seu justo valor
menos os custos de alienação até à sua alienação.

32 Em todos os casos, uma entidade mensura o produto agrícola no ponto de colheita pelo
seu justo valor menos os custos de alienação. Esta Norma reflete o ponto de vista de
que o justo valor do produto agrícola no ponto de colheita pode ser sempre fiavelmente
mensurado

33 Ao determinaro custo, depreciação acumulada e perdas por imparidade acumuladas, uma


entidade toma em consideração a NCRF 18, a NCRF 7 e a NCRF 12 - Imparidade de
Ativos.

Subsídios das Entidade Públicas

34 Um subsídio das entidades públicas incondicional relacionado com um ativo biológico


deve ser reconhecido nos resultados quando, e apenas quando, o subsídio das
entidades públicas se tornar recebível.

35 Se um subsídio das entidades públicas relacionado com um ativo biológico for condicional,
incluindo quando um subsídio das entidades públicas exige que uma entidade não

431
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

realize uma atividade agrícola especificada, uma entidade deve reconhecer o subsídio
das entidades públicas nos resultados quando, e apenas quando, as condições
associadas ao subsídio das entidades públicas forem cumpridas.

36 Os termos e e condições de subsídios governamentais variam. Por exemplo, um subsídio


pode exigir que uma entidade cultive num dado local durante cinco anos e exigir que a
entidade devolva todo o subsídio se ela cultivar durante menos do que cinco anos. Neste
caso, o subsídio não é reconhecido nos resultados até que os cinco anos passem.
Contudo, se os termos do subsídio permitirem que parte dele seja retida de acordo com
o tempo que decorreu, a entidade reconhece essa parte nos resultados à medida que o
tempo passar.
Considerações finais

37 Os ativos biológicos consumíveis são os que estejam para ser colhidos como produto
agrícola ou vendidos como ativos biológicos. Exemplos de ativos biológicos consumíveis
são o gado destinado à produção de carne, gado detido para venda, peixe em
aquacultura, colheitas tal como milho e trigo e árvores que estejam em desenvolvimento
para obtenção de madeiras. Os ativos biológicos de produção são os que não sejam
ativos biológicos consumíveis; por exemplo, gado do qual pode ser obtido leite, vinhas,
árvores de fruto e árvores a partir das quais se obtenha lenha por desbaste enquanto
essas árvores permanecem vivas. Os ativos biológicos de produção não são produto
agrícola mas, antes, de regeneração própria

38 Os ativos biológicos podem ser classificados como ativos biológicos maduros (ou adultos)
ou ativos biológicos imaturos (ou juvenis). Os ativos biológicos maduros (ou adultos) são
os que tenham atingido as especificações de colhíveis (relativamente aos ativos
biológicos consumíveis) ou sejam suscetíveis de sustentar colheitas regulares
(relativamente aos ativos biológicos de produção).

39 O justo valor menos os custos de alienação de um ativo biológico pode alterar-se quer
devido a alterações físicas quer devido a alterações de preços no mercado. É útil a
divulgação separada de alterações físicas e de preços, na avaliação do desempenho do
período corrente, e das perspetivas futuras, particularmente quando haja um ciclo de
produção maior do que um ano. Em tais casos, uma entidade é encorajada a divulgar,
por grupo ou de qualquer outra maneira, a quantia de alterações no justo valor menos
custos de alienação incluída nos resultados líquidos devida a alterações físicas e a
alterações de preços. Esta alteração é geralmente menos útil quando o ciclo produtivo

432
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

seja menor do que um ano (por exemplo, quando se criem frangos ou se cultivem
cereais).

40 A transformação biológica origina uma quantidade de tipos de alterações físicas -


crescimento, degeneração, produção e procriação - cada uma das quais é observável e
mensurável. Cada um desses tipos de alterações físicas tem um relacionamento direto
com benefícios económicos futuros. Uma alteração de justo valor de um ativo biológico
devido a colheita é também uma alteração física.

Data de eficácia

41 - Uma entidade deve aplicar esta Norma para os períodos com início em ou após 1 de
janeiro de 2016.

42 - No período que se inicie em ou após 1 de janeiro de 2016, aquando da utilização


desta Norma, as entidades devem aplicar as novas políticas contabilísticas alteradas
pelo Aviso n.º 8256/2015, de 29 de julho, sem reexpressar os saldos existentes no
início desse período, e divulgar no Anexo as quantias que não sejam comparáveis.
[Retificado pela Declaração de retificação n.º 918/2015, 19 de outubro]

43 - Esta Norma substitui a NCRF 17 - Agricultura, constante do Aviso n.º 15655/2009,


publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 173, de 7 de setembro de 2009

19.2 Anexo 4 – Resposta dada pelos serviços da segurança social à CAP

Anexo

Exmo. Senhor
Presidente da Confederação de Agricultores de Portugal

(Fevereiro 2011)

Encarrega-me Sua Excelência o Secretário de Estado da Segurança Social de remeter a V.


Exa. os esclarecimentos prestados pela Direcção Geral de Segurança Social, na sequência
da reunião realizada no passado dia 13 de Janeiro neste Gabinete com a Confederação a
que V. Exa. preside, acerca da delimitação do grupo fechado de trabalhadores agrícolas
prevista no nº 2 do artigo 273º do Código dos Regimes Contributivos:

433
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

1. Delimitação do conceito de grupo fechado no âmbito da relação jurídica de segurança


social

Refere o Dr. Ilídio das Neves, relativamente aos regimes de grupos fechados de
trabalhadores, que as razões determinantes da sua existência "têm que ver com a
integração da respetiva atividade no regime geral e com a aplicação do princípio da
preservação dos direitos adquiridos ou do princípio da equidade social. Por isso, são
regimes do passado, que refletem a evolução havida no desenvolvimento histórico dos
regimes de segurança social" (Direito da Segurança Social, pág. 766).

Por seu turno, no Dicionário Técnico e Jurídico de Proteção Social, do mesmo autor,
identifica-se Grupo Fechado como o "conjunto de beneficiários pertencentes a um
determinado grupo sócio-profissional que, por força da aplicação das leis no tempo e da
subsequente salvaguarda de direitos considerados adquiridos, ou de situações jurídicas
merecedoras de preservação, ou ainda por razões de equidade, continuam a reger-se
globalmente pelo anterior regime jurídico de proteção após a substituição deste por outro
quadro legal, que não lhe é aplicável".

As duas definições que se transcrevem apontam para a manutenção de um regime jurídico


por força das regras de aplicação da lei no tempo a um grupo determinado de trabalhadores,
e que determina a inclusão no grupo dos trabalhadores que se encontrem na situação
protegida no momento de transição da lei antiga para a lei nova.

2. Aplicação do conceito de grupo fechado à situação em análise

O enquadramento dos trabalhadores agrícolas no regime geral pressupõe a existência de


contrato de trabalho subordinado entre o trabalhador e a entidade empregadora para
exercer a respetiva atividade, mediante a correspondente remuneração.

Este enquadramento, determina o respetivo pagamento de contribuições pela entidade


empregadora e pelo trabalhador e o direito de acesso às prestações garantidas pelo regime
geral por parte de trabalhador.

Cessando o contrato de trabalho, o trabalhador deixa de auferir remuneração, e cessam as


obrigações para com a segurança social em termos de pagamento de contribuições, por
cessação daquela situação específica que determinou o enquadramento.

434
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Por aplicação dos princípios expostos, manter-se-ão apenas em regime de grupo fechado,
os trabalhadores agrícolas diferenciados e indiferenciados que em 31 de Dezembro de 2010
se encontravam abrangidos e enquadrados pelo regime geral nessa qualidade.

A adoção de um diferente entendimento traduz-se-ia numa alteração do conceito de grupo


fechado, como entendido no sistema de segurança social.

3. O nº 2 do artigo 273º do Código dos Regimes Contributivos determina que:

"Aos trabalhadores agrícolas diferenciados e indiferenciados que até à entrada em vigor do


presente Código se encontrem abrangidos pelo regime previsto no Decreto-Lei n.º 401/86,
de 2 de Dezembro, e no Decreto Regulamentar n.º 75/86, de 30 de Dezembro, mantém-se a
aplicação do referido regime, com as taxas previstas no Decreto-Lei n.º 199/99, de 8 de
Junho, em situação de grupo fechado."

Contudo, atenta a natureza sazonal da prestação de atividade da grande maioria dos


trabalhadores agrícolas, o universo que constitui este grupo fechado de trabalhadores não
deve ser delimitado da mesma forma.

A natureza sazonal desta atividade consubstancia-se na sua prestação - e no consequente


enquadramento destes trabalhadores no regime geral - maioritariamente fora dos meses de
Inverno. A entrada em vigor da Lei nº 110/2009, de 25 de Setembro, em 1 de Janeiro de
2011 faria assim precludir a inclusão em grupo fechado de todos os trabalhadores agrícolas
que tivessem prestado atividade nessas condições.

Verificando-se que o exercício da atividade agrícola pressupõe, para a esmagadora maioria


dos trabalhadores, períodos de inatividade determinados pelas circunstâncias ligadas ao
próprio fundamento do seu enquadramento neste grupo específico - e que dele são
definidores - pode aceitar-se que os trabalhadores que desenvolvam atividade nestas
circunstâncias, se mantenham abrangidos pelo grupo específico no âmbito do regime geral,
independentemente do momento em que se concretizou o enquadramento anual.

Ou seja, e como consequência do exposto, importará considerar que, no caso concreto dos
trabalhadores agrícolas sazonais, tendo cessado o contrato de trabalho, e cessado
igualmente o pagamento das respetivas contribuições, o trabalhador e respetiva entidade

435
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

empregadora se mantinham abrangidos, em 31 de Dezembro de 2010, pelo regime em que


estiveram enquadrados durante esse ano.

Este entendimento, contudo, está inequivocamente interligado com o exercício regular223 e


efetivo desta atividade profissional.

Em face do exposto, considera-se que este grupo fechado abrange, assim, todos os
trabalhadores agrícolas que, no ano civil que precedeu a entrada em vigor do Código (data
delimitadora da constituição do grupo fechado) tiveram enquadramento nesse grupo
específico de trabalhadores, desde que não se verifique no ano em curso de 2011 novo
enquadramento no regime geral.

Caso tal não se venha a verificar, os trabalhadores que se encontravam nessa situação
terminam a sua inclusão no grupo fechado previsto no preceito em causa.

Com os melhores cumprimentos,

O CHEFE DO GABINETE

(Jorge Damas Rato)

223 Entendendo-se por regular o exercício periódico, anual, da actividade, independentemente da sua frequência em cada ano

436
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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A/2011, de 3 de janeiro.

Decreto Regulamentar n.º 75/86, de 30 de dezembro – regulamenta o Decreto-Lei 401/86,


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Industrial (REAI).

Decreto-Lei n.º 323/2009, de 24 de dezembro – suspende o regime de atualização anual do


indexante de apoios sociais, das pensões e de outras prestações sociais atribuídas pela
segurança social.

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suportar eventuais danos, de natureza económica, derivados da contaminação acidental do
cultivo de variedades geneticamente modificadas.

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441
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Portaria n.º 220/2015 de 24 de Julho

Portaria n.º 21/2018, de 18 de janeiro, atualiza IAS para2018

Avisos n.º 8254 a 8259/2015, de 29 de Julho de 2015

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Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de dezembro – Revisão anual das tabelas de ajudas de


custo, subsídios de refeição e de viagem, bem como dos suplementos remuneratórios, para
os trabalhadores em funções públicas.

Portaria n.º 986/2009, de 7 de Setembro, Aprova os modelos de Demonstrações financeiras


ao abrigo do disposto nos n.ºs 3.1 e 4.1 do anexo do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de
julho, Diário da República, 1.ª Série, n.º 173.

Portaria n.º 31/2015, de 12 de fevereiro, que estabelece o regime de aplicação da ação n.º
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Regime de Depreciações e Amortizações, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º


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442
Ativos Biológicos - SNC e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Regulamento (CE) N.º 1126/2008 da Comissão Europeia, de 3 de Novembro de 2008, que


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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

444

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