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A Questão do Clássico
Belo Horizonte
2020
Caroline Leite Lima
A Questão do Clássico
Belo Horizonte
2020
O que é o clássico? Qual a sua importância?
É difícil chegar em uma definição exata do que é o clássico, mas seguimos tentando explicar a
base de alguns fatores importantes na noção do que é um clássico. Um deles é a antiguidade,
segundo Eliot “[...], pois é somente graças a uma compreensão tardia, e em perspectiva
histórica, que um clássico pode ser reconhecido como tal.” (ELIOT, T. S. "O que é um
clássico? 1991, p.78). É relevante enfatizar que nem sempre uma obra antiga pode ser
reconhecida como um clássico. Além disso, a questão da antiguidade nós leva diretamente a
outro aspecto, a maturidade retratada e questionada muito bem por Eliot, que articula a
maturidade de uma literatura sendo exatamente um reflexo da sociedade ao qual ela se
encontra, com isto pode-se considerar que a época de um clássico representaria o seu
reconhecimento como tal.
Diante disso, antes mesmo de dizermos sobre a exemplaridade é necessário pautar sobre a
posteridade útil aquela por qual não se deve pensar como uma escolha pessoal, mas como
escolha de uma cultura, visto que é vinculada ao pertencimento ao universo cultural. Dito
isso, podemos enfim falar um pouco sobre a Exemplaridade, a força de exemplo(modelo) que
constitui os nossos valores com referências ao antigo que servem como exemplo para os
novos clássicos, já que as novas obras sempre iram dialogar com os clássicos. Essa força da
exemplaridade é articulada perfeitamente por Saldanha no trecho a seguir:
[...] o fato é que os clássicos são clássicos, entre outras coisas, justamente porque
mexem com temas, personagens e situações que contém um inesgotável manancial
de lições para os momentos de crise.” (Michalski, Yan. Humanidades, os clássicos
estão na moda. p.37).
A importância do clássico não é somente pela leitura ou releitura desses clássicos, não é
somente pela carga de leitura, assimmas sim como declara Calvino (1985) “Os clássicos são
aqueles que chegam até nós trazendo consigo marcas de leituras que precederam a nossa”.
Lendo e se habituando aos clássicos somos capazes de conhecer não somente culturas e
nações, mas ter toda uma noção da posterioridade advinda com eles, possibilitando comparar
e criticar obras semelhantes ou no mesmo período histórico. Logo, afirmo que a leitura dos
clássicos possibilita que o leitor e o personagem dialoguem, tornando-se uma ferramenta
essencial para a interlocução de diferentes épocas.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALVINO, Í. "Por que ler os clássicos". In: _____. Por que ler os clássicos. Trad. de N.
Moulin. São Paulo: Companhia das Lestas, 1993, p. 9-16.
ELIOT, T. S. "O que é um clássico?". In: _____. De poesia e poetas. Trad. de I. Junqueira.
São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 76-99.