Você está na página 1de 2

Confusões fonológicas: INEE

Plano de intervenção para a correcção das confusões fonológicas


Uma intervenção deste tipo deve ser programada quando a criança apresenta um
número de erros muito superior ao esperado. Numa situação destas, o primeiro passo
deverá ser o de analisar exaustivamente o desempenho do aluno procedendo a uma
caracterização semiológica circunstanciada e que atenda aos seguintes parâmetros: (i)
fonemas/grafemas que se confundem são semelhantes no seu som e são sonoras (as
cordas vocais vibram): B, M, V, L; (ii) são semelhantes no seu som e são surdas (as
cordas vocais não vibram): P, T, F, Ç, Q; (iii) são semelhantes no seu ponto de
articulação, podendo ser labiais (P-B-M, F-V), dentais (T, D, Ç, Z), alveolares (N-L),
palatais (ch, nh, J) e velares (Q-G). Desta forma podemos deduzir se a origem dos erros
se pode atribuir fundamentalmente a falhas nos sistemas receptores (acuidade auditiva,
v.g) ou a falhas na sensibilidade proprioceptiva a nível dos órgãos fonadores. Em ambos
os casos, deverão planificar-se exercícios que impliquem o maior número possível de
sistemas sensoriais: visão, audição, tacto, sensibilidade corporal profunda.
1) Exercícios de grafia (motricidade) cuja finalidade é implementar
automatismos correctos nos processos de leitura-escrita dos grafemas e substituir os
processos incorrectos já automatizados. Desta forma, os movimentos correctos devem
ser realizados com a máxima lentidão, procurando que intervenham todos os sentidos,
para que a criança esteja perfeitamente consciente de todos os movimentos que é
preciso efectuar para traçar uma letra. As letras devem ser traçadas em tamanho grande
e enunciadas em simultâneo. Podem usar-se letras em papel de lixa e a criança deve
pronunciá-las cada vez que faz o seu traçado com os olhos fechados. Estimula-se o
tacto, quando a lixa é fina. Estimula-se a sensibilidade corporal profunda, quando a lixa
é grossa. Também poderá fazer-se o traçado de letras em diferentes partes do corpo da
criança (conservando ela os olhos fechados), pedindo-lhe que, em simultâneo, articule o
som correspondente. Também se recomenda o traçado de letra no dorso da mão, tendo o
reeducador molhado previamente o dedo em álcool. A criança articulará o som
correspondente à letra traçada, desde o momento em que se inicia o traçado até ao
momento em que termina. Durante todo o exercício a criança deverá permanecer de
olhos fechados.
2) Exercícios de reconhecimento auditivo, o reeducador tapa a boca e
pronuncia um som ao qual a criança deverá fazer corresponder o grafema que lhe
corresponde.
Confusões fonológicas: INEE

3) Exercícios de leitura labial, o reeducador articula a letra sem som e a criança


deve assinalar o grafema que lhe corresponde. A prática deste exercício só deverá ser
feita com fonemas que tenham um ponto de articulação visível. Uma dificuldade
localizada a este nível poderá ter uma etiologia diferenciada: falta de memória visual do
ponto de articulação da letra; problemas na sensibilidade corporal profunda e praxis no
aparelho fonador.
4) Leitura oral, nestes exercícios assinala-se uma letra, entre várias, e pede-se à
criança para a identificar (a criança deve ler a letra que se indica).
5) Reconhecimento de letras pelo tacto, procura-se que a criança tenha os
olhos fechados, dá-se-lhe uma letra em papel de lixa fina e deve seguir o traçado da
letra, guiado pelo reeducador. No final deverá identificar a letra. É um exercício que
pode ser usado com diferentes materiais.
6) Reconhecimento das letras através da sensibilidade corporal profunda,
procede-se do mesmo modo que no ponto anterior, mas agora deverá ser usada lixa
grossa e também traçando letras em diferentes partes do corpo da criança para que esta
as reconheça.
7) Ditado de fonemas, enquanto a escreve a criança deve ir articulando a letra.
8) Abstracção do fonema, pede-se à criança que diga palavras que comecem
com determinada fonema (aquela que se está a estudar) e que o faça com a maior
rapidez possível. Também se podem pedir palavras que integrem esse fonema no final
ou no meio da palavra. Quando as dificuldades da criança impedem que este processo se
implemente de imediato, adapta-se o seguinte: a) associam-se letras com desenhos de
nomes que começam com o fonema que se está a estudar; b) apresentam-se-lhe três ou
quatro desenhos para que escolha aquele que começa com o fonema em análise; c)
exercícios de supressão de fonemas em palavras na posição inicial, final e média.

Você também pode gostar