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Descrição do Curso A disciplina está estruturada em três Unidades Temáticas Integradas. Cada uma contém
itens e subitens que os remetem às outras unidades. Os temas abordados serão acompanhados
de uma exposição, uma animação, vídeos ou ilustrações, com indicação de textos de apoio e
Este curso irá introduzir conceitos e utilização de vetores, no espaço tridimensional, para a problematização das questões do texto. Para cada Unidade será aberta uma discussão no fórum
resolução de vários problemas geométricos como determinar, por exemplo, distâncias entre e proposta uma atividade de avaliação.
pontos, projeções, áreas e volumes. Para tais conceitos utilizaremos algumas ferramentas
algébricas, via resolução de sistemas lineares, matrizes e determinantes.
Depois da apresentação dos vetores, iremos utilizá-los como ferramenta para definir as Unidades Temáticas Integradas
retas e os planos através de suas equações e trataremos os problemas de posições relativas,
distâncias e ângulos entre retas, entre retas e planos e entre planos.
Mostraremos as cônicas nas suas formas reduzidas e paramétricas, para depois introduzir Unidade I Vetores
um método mais algébrico para a classificação das cônicas, usando autovalores e autovetores,
determinando, desta maneira, os novos eixos coordenados para a cônica. Introdução
Finalmente, as quádricas serão exibidas e classificadas a partir de suas equações Segmentos Orientados
reduzidas, mostrando o processo de construção tridimensional da mesma, através de cortes com Norma, direção e sentido
os planos coordenados. Vetores
Operações elementares com vetores
Soma
Objetivos Multiplicação por escalar
Combinação Linear
Dependência Linear
Ao final do curso você estará habilitado a: Ângulos entre vetores
Compreender o conceito de vetores; Produtos entre vetores
Ter uma compreensão espacial dos vetores; Produto Interno
Operacionalizar vetores de forma geométrica e analítica; Produto Vetorial
Compreender os resultados geométricos e numéricos associados às operações com Produto Misto
vetores; Vetores do R3 em coordenadas
Definir as retas e os planos através de suas equações, obtidas utilizando-se vetores;
Exemplos
87 88
Unidade II Retas e Planos Superfície cônica
Superfície cilíndrica
Introdução Exemplos
O plano Cônicas
Por três pontos Quádricas
Por um ponto e dois vetores
Um ponto e um vetor perpendicular
A reta
Por dois pontos
Por um ponto e um vetor
Por dois planos
Posição relativa
Entre retas
Entre retas e planos
Entre planos
Ângulo
Nulo
Não nulo
Interseções
Vazia
Não vazia
Distâncias
Igual a zero
Diferente de zero
Exemplos
Introdução
Cônicas
Forma reduzida
Autovalores e autovetores
Classificando as cônicas
Quádricas
Esfera
Elipsóide
Hiperbolóide de uma folha
Hiperbolóide de duas folhas
Parabolóide elíptico
Parabolóide hiperbólico
89 90
Unidade I Vetores 3.2 Segmentos Orientados
Definição: Dados dois pontos distintos A e B quaisquer, que determinam uma reta r, chamaremos
1. Situando a Temática de segmento AB , ao conjunto formado por todos os pontos da reta r entre A e B .
Nesta unidade estudaremos e definiremos vetores, bem como as operações com esses
Observação: Note que o segmento AB = BA . O segmento AA será considerado segmento nulo.
vetores, obtendo resultados geométricos e analíticos, utilizando como base os conceitos básicos
da trigonometria, como triângulos retângulos e suas relações.
O tratamento vetorial de vários problemas matemáticos e físicos simplifica a compreensão Definição: Um segmento orientado AB é definido por um segmento AB mais a escolha de um
e o estudo destes problemas, possibilitando a ampliação, generalização e confirmação dos dos seus extremos como ponto inicial e o outro como ponto final, ou seja, daremos uma
conceitos e definições existentes. orientação de como deve ser olhado o segmento.
2. Problematizando a Temática
Exemplo: Considere a figura do paralelepípedo da figura
Trataremos vários problemas geométricos, como por exemplo, área de um triângulo 1, o segmento orientado AB tem ponto inicial o ponto A e
utilizando as facilidades dadas pelas propriedades encontradas nos vetores e suas operações.
Observação: Note que o segmento orientado AB ≠ BA .
3. Conhecendo a Temática Figura 1 Paralelepípedo ABCDEFGH
operações algébricas com vetores. Neste caso, vetores e operações vetoriais são colineares, têm o mesmo sentido quando AC I BD = { } , caso contrário têm sentidos
considerados conceitos não definidos, relativamente aos quais se sabe apenas que eles
opostos. Os segmentos orientados AB e CD colineares têm o mesmo sentido, quando um
satisfazem certo conjunto de axiomas. Tal sistema algébrico, com axiomas apropriados,
outro segmento auxiliar A' B' não colinear com CD e no mesmo sentido de AB , satisfaz
chama-se espaço vetorial. Em todos os ramos da Matemática se encontram espaços
vetoriais e eles são apresentados em cursos de Álgebra Linear. A' C I B' D = { }
Nesta unidade, inicialmente introduzimos vetores geometricamente de modo construtivo e Exemplo: Considere a figura do paralelepípedo da figura 1:
já apelando para a visualização do mesmo, dentro do espaço tridimensional. Depois, utilizamos o
método analítico e geométrico para introduzir outros conceitos e operações.
91 92
a) Os segmentos orientados BG , GB , FC , CF , AH , HA , ED e DE possuem a mesma Observações:
norma; • Note que, com as propriedades de eqüipolência, podemos construir em qualquer local do
espaço tridimensional, um segmento eqüipolente a um outro segmento dado qualquer.
b) Os segmentos orientados AB , EF , DC e HG possuem o mesmo sentido;
• Toda relação que é reflexiva, simétrica e transitiva é chamada de relação de equivalência,
c) Os segmentos orientados AB , BA , EF , FE , DC , CD , HG e GH possuem a mesma logo a eqüipolência é uma relação de equivalência.
direção;
3.4 Vetores
Definição: Diremos que dois segmentos orientados MN e PQ, não nulos, são eqüipolentes se os
Vamos considerar como vetor, um representante da classe dos segmentos orientados
segmentos tiverem a mesma norma, mesma direção e mesmo sentido, e representaremos essa
eqüipolentes a um segmento orientado dado qualquer, ou seja, o vetor não é um segmento
relação com MN~ PQ. orientado (conjunto de pontos) específico, mas um representante dos segmentos orientados que
tem a mesma direção, mesmo sentido e mesmo comprimento de um segmento dado.
Observação: Todos os segmentos nulos são eqüipolentes entre si, ou seja, AA ~ BB .
Observações:
Exemplo: No exemplo anterior, temos que o segmento orientado: • O vetor determinado pelo segmento orientado AB será representado por AB , ou por uma
r
a) AB é eqüipolente aos segmentos DC, EF e HG ; letra minúscula a .
b) AE é eqüipolente aos segmentos BF , CG e DH ; • Vale reforçar que o segmento orientado AB é um conjunto de pontos, enquanto o vetor
c) AD é eqüipolente aos segmentos BC, EH e FG ; AB é um representante de um conjunto de vetores eqüipolentes ao segmento orientado
AB .
d) AF é eqüipolente ao segmento DG apenas;
e) AH é eqüipolente ao segmento BG ;
Definição: O vetor determinado por todos os segmentos orientados nulos, será chamado de vetor
f) AC é eqüipolente ao segmento EG ; r
nulo, denotado por 0 .
g) AG é eqüipolente apenas a ele, pois não é eqüipolente a nenhum dos outros segmentos
formado por esses pontos. r
Definição: Um vetor a qualquer é chamado de vetor unitário, se a sua norma for igual a um, ou
r
seja, || a ||= 1 .
Exercício: Encontrar todos os segmentos orientados eqüipolentes, que podem ser formados com
os pontos da figura 1. r r r
Exemplo: Da figura 2, considere os vetores u , v e w ,
como sendo representantes da classe dos segmentos
Propriedade: Dados três segmentos orientados quaisquer MN, PQ e RS temos em relação à
eqüipolência que: orientados eqüipolentes a AB , AC e AD
respectivamente, logo:
r
a) u pode ser representado por um dos elementos do
PE1 Propriedade reflexiva: PQ~ PQ
93 94
r
ou seja, como representantes temos que os vetores são iguais, isto é u = AB = DC = EF = HG ,
r r r
( )
(u + v ) + w = AB + BC + CD = AC + CD = AD e
r r
v = AD = BC = FG = EH e w = AE = BF = CG = DH .
r r r
( )
u + (v + w ) = AB + BC + CD = AB + BD = AD
3.5.1 Soma a) AB + EH = AC
b) HG + EH = AC
r r
A soma de dois vetores u e v quaisquer, é obtida graficamente, da seguinte maneira (ver
c) BC + AE + HG = AG
figura 3):
d) AB + DA + HD = HB
Escolha um ponto qualquer A;
Do ponto A construa um outro representante para o 3.5.2 Multiplicação por escalar
r r
vetor u , ou seja, u = AB ;
r
Do ponto B construa um outro representante para o Definição: A multiplicação de um vetor a , não nulo, por um escalar α ∈ R , é o vetor,
r r r r r
vetor v , ou seja, v = BC ; representado por αa , que tem mesma direção do vetor a , norma igual a | α | . || a || , mesmo
r r
r r Figura 3 Soma dos vetores u e v sentido, se α > 0 e, se α < 0 , sentido oposto.
O vetor soma u + v será representado pelo vetor AC .
r r r r r
Propriedade: Dados três vetores u , v e w quaisquer, temos que: Observação: Qualquer vetor multiplicado por α = 0 será o vetor nulo, ou seja, 0a = 0 e qualquer
r r
valor α ∈ R multiplicado pelo vetor nulo será o vetor nulo, isto é α 0 = 0 .
r r r r
PS1 Propriedade comutativa: v + u = u + v
Da figura 3, temos que: As operações aritméticas comuns também são idênticas com as operações de
r r multiplicação de escalar por vetores, que seguem nas propriedades exibidas a seguir.
u + v = AB + BC = AC
r r
v + u = AD + DC = AC r r
Propriedade: Dados os vetores u e v quaisquer e os números α , β ∈ R , temos que:
r r r r r
PS2 Elemento neutro da soma: u = u + 0 = 0 + u
PME1 Propriedade distributiva do escalar em relação à soma de vetores:
Da figura 3, temos que: r r r r
α (u + v) = αu + αv
r r
u + 0 = AB + BB = AB
PME2 Propriedade distributiva do vetor em relação à soma dos escalares:
r r r r r
0 + u = AA + AB = AB (α + β )u = αu + βu
PME3 Elemento neutro da multiplicação por escalar:
r r r r r r r
PS3 Elemento oposto: u + (-u) = 0 = − u + u 1.u = u
r r r
Da figura 3, temos que: PME4 (αβ )u = α ( β u) = β (αu)
r r
u + ( −u) = AB + BA = AA
r r Observação: Um conjunto qualquer onde são definidas duas operações, normalmente
( −u) + u = BA + AB = BB
denominadas de soma e multiplicação, e que satisfazem as propriedades da soma PS1, PS2,
PS3, PS4 e as propriedades da multiplicação por escalar PME1, PME2, PME3 e PME4 é
PS4 Propriedade associativa:
r r r r r r chamado de espaço vetorial. Os elementos desse conjunto são chamados de vetores (este tema
(u + v ) + w = u + (v + w ) r r r
Figura 4 Soma dos vetores u , v e w será abordado no próximo semestre na disciplina Introdução à Álgebra Linear).
Da figura 4, temos que:
95 96
1r r r r 3.6 Combinação Linear
Exemplo: Na figura 5, observe os vetores a , 2a , − 3a e a .
2
r
Definição: Diremos que um vetor a é uma combinação linear dos (é gerado pelos) vetores
r r r r r
b1 , b2 , b3 , K , bn se existirem números reais α1 , α 2 , α 3 , K , α n , tais que o vetor a possa ser
formado pela soma:
r r r r r
a = α1b1 + α 2b 2 + α 3b3 + L + α n bn
r
Observação: Os números α1 , α 2 , α 3 , K , α n são chamados de coeficientes do vetor a em
1 r, r, r r
Figura 5 Vetores a 2a − 3a e a r r r r
2 relação aos vetores b1 , b2 , b3 , K , bn .
Exemplo: Considere um triângulo ABC qualquer, e os pontos D e E como pontos médios dos r r r
Exemplo: Da figura 6, considerando os vetores u , v e w do triângulo, temos:
r r r
segmentos AB e BC respectivamente e u = AB , v = BC e w = AC , como exemplificado no r r 1r 1r
a) DE é uma combinação linear dos vetores u e v , pois DE = u + v ;
triângulo da figura 6, logo: 2 2
r r r r r r r r r
a) u + v = w ; b) w é uma combinação linear dos vetores u e v , pois w = 1u + 1v ;
1r 1r r r
b) AD = DB = u e BE = EC = v , pois D e E são pontos médios; c) w é uma combinação linear do vetor DE , pois w = 2DE ;
2 2
1 1 r 1r 1r 1 r r 1 r r r r
c) DE = AC = w , pois DE = DB + BE = u + v = (u + v ) = w , ou seja, além de mostrar Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos:
2 2 2 2 2 2
r r r r r r
a) AG é uma combinação linear dos vetores u , v e w , pois AG = 1u + 1v + 1 w ;
que o segmento DE é paralelo ao segmento AC , mostramos também que o segmento DE
r r r r r r
tem a metade do comprimento do segmento AC . b) BE é uma combinação linear dos vetores u , v e w , pois BE = −1u + 0v + 1 w ;
r r r r
c) BE é também uma combinação linear dos vetores u e w , pois BE = −1u + 1 w ;
r r
d) BE não é uma combinação linear dos vetores u e v pois, para determinar o vetor é
r
necessário usar o vetor w .
r r r
Exercício: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , verifique que:
r r r
a) BG é uma combinação linear dos vetores u , v e w ?
r r
b) BG é uma combinação linear dos vetores v e w ?
Figura 6 Triângulo ABC e quadrilátero FGHI r r r
c) CE é uma combinação linear dos vetores u , v e w ?
Exemplo: Dado um quadrilátero FGHI qualquer e pontos J, K, L e M como pontos médios dos 3.7 Dependência Linear
r 1 r 1 r 1 r
a 1, pois || u ||= r a = r || a ||= r || a ||= 1 .
|| a || || a || || a ||
97 98
Apesar da definição de dependência linear ser geral, no nosso texto trabalharemos no A vantagem de se trabalhar em uma base ortonormal é que a mesma facilita a visualização
máximo no espaço tridimensional, portanto teremos algumas relações geométricas, visíveis, em tridimensional (pense na quina do chão de sua sala), bem como as futuras operações algébricas
relação à dependência linear, quais sejam: que surgirão no decorrer da disciplina.
r r
• Dois vetores u e v são LD se os mesmos tiverem a mesma direção, ou seja, se um for
r r r r r r
múltiplo do outro: u = αv ; Teorema: Os vetores b1 , b2 , b3 , K , bn são linearmente independentes (LI) se, e somente se, a
r r r
• Três vetores u , v e w são LD se são paralelos a um plano; equação
• Quatro vetores são sempre LD no espaço tridimensional. r r r r r
α1b1 + α 2b2 + α 3b3 + L + α nbn = 0
a) AB , AC e AD são LD;
Demonstração: Na demonstração deste teorema, usaremos o método da redução ao absurdo, ou
b) AB e DC são LD; seja, nega-se a tese e chega-se a uma contradição.
r r r
c) u , v e w são LI (verifique!);
r r r r
Hipótese: Vamos supor que os vetores b1 , b2 , K , bi , K , bn são LI.
r r r r r r r r
Definição: Diremos que o conjunto {a1, a2 ,K, an } é uma base para o R n (espaço com n Se a equação α1b1 + α 2b 2 + L + α i bi + L + α nbn = 0 possuir uma solução não trivial, ou seja,
r r r r
dimensões) se a1 , a2 , K , an forem vetores LI de R n . um dos coeficientes não é nulo α i ≠ 0 ( 1 ≤ i ≤ n ). Neste caso, temos bi com a seguinte
r α r α r α r α r
r r r combinação linear bi = − 1 b1 − 2 b 2 − 3 b3 − L − n bn o que é um absurdo, pois por
Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos que: αi αi αi αi
r r
a) {u, v , w } é uma base do R 3 , pois são 3 vetores LI no espaço tridimensional; hipótese os vetores são LI.
{ }
Solução: Para verificar que AC, AF, AH é base, basta ver que são 3 vetores LI em R 3 . A
quantidade de vetores está óbvia e para mostrar que são LI utilizaremos o teorema acima, mas
para tanto utilizaremos dois fatos:
99 100
r r r
Os vetores u , v e w são LI, pois não são paralelos a um plano, temos pelo teorema 3.9 Produtos entre vetores
r r r r
acima que uma equação α1u + α 2 v + α 3 w = 0 possui solução única α1 = α 2 = α 3 = 0 .
r r r Deste momento em diante, estaremos sempre trabalhando no espaço tridimensional R 3 ,
Os vetores AC , AF e AH são combinações lineares dos vetores u , v e w podemos
porém algumas idéias também podem ser expandidas para dimensões maiores, que serão
r r r r r r r r r
escrevê-los da forma: AC = 1u + 1v + 0 w , AF = 1u + 0 v + 1w e AH = 0u + 1v + 1w . tratadas na disciplina Álgebra Linear.
Vamos montar a equação exigida no teorema e verificar que a equação Os produtos entre vetores são operações que trazem um apelo geométrico bem
r
β1 AC + β2 AF + β3 AH = 0 possui solução única. De fato: interessante e que serão muito úteis na compreensão das definições, propriedades e resoluções
r de alguns problemas, pois estes produtos estão relacionados com as grandezas comprimento
β1 AC + β 2 AF + β 3 AH = 0
r (produto interno), área (produto vetorial) e volume (produto misto), gerado por vetores em certas
r r r r r r r r r
β1(1u + 1v + 0 w) + β 2 (1u + 0 v + 1w ) + β 3 (0u + 1v + 1w ) = 0 condições.
r r r r r r r
β1(u + v) + β 2 (u + w ) + β 3 (v + w ) = 0
3.9.1 Produto Interno
r r r r
( β1 + β 2 )u + ( β1 + β 3 )v + ( β 2 + β 3 )w = 0
Note que a última equação acima possui solução única, ou seja, O produto interno está muito relacionado com uma medida de uma dimensão, um
( β1 + β 2 ) = 0 , ( β1 + β 3 ) = 0 e ( β 2 + β 3 ) = 0 comprimento, seja olhando como o tamanho de uma projeção de um vetor em relação a um outro,
O que resulta em um sistema de três equações e três incógnitas: seja vendo como o comprimento de um vetor qualquer.
β1 + β 2 = 0
r r
β1 + β3 = 0 , Definição: O produto interno entre dois vetores a e b não nulos, é o número denotado por
β2 + β3 = 0 r v
a ⋅ b e definido pela expressão:
cuja solução é a trivial e única β1 = β 2 = β 3 = 0 . r v r v r v
a ⋅ b =|| a || . || b || . cos(a, b )
Definição: Vamos considerar o ângulo entre dois vetores simples razão trigonométrica em um triângulo retângulo
r r ABC (ver figura 8), dada por c = a. cos(θ ) ou
a e b , não nulos, como sendo a medida θ do menor
r r c cateto adjacente
ângulo entre dois representantes dos vetores a e b , tendo cos(θ ) = = .
a hipotenusa
ambos o mesmo ponto 0≤θ ≤π
inicial, onde r Figura 8 Triângulos ABC e DEF
r r Considerando unitário o vetor b , temos do triângulo DEF
( 0 ≤ θ ≤ 180 ). Denotaremos essa medida por (a, b ) = θ .
o o
r
r r r v r v
r
Figura 7 Ângulo entre os vetores a e b
r que a norma do vetor DF é DF =|| a || ⋅ cos(θ ) =|| a || ⋅ || b || ⋅ cos(a,b) = a ⋅ b , ou seja, podemos ver
r
este número como sendo o comprimento da projeção do vetor a em relação à direção do vetor
r r
Note que, independente da escolha dos representantes dos vetores a = AC = DF e unitário b .
r ) )
b = AB = DE (ver figura 7), a medida θ do ângulo CAB é igual à medida θ do ângulo FDE ,
pois:
• a reta definida pelos pontos A e C é paralela à reta definida pelos pontos D e F e
• a reta definida pelos pontos A e B é paralela à reta definida pelos pontos D e E.
101 102
r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então:
r r r r r r r r r r r r
a) u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) = 1.1. cos(90 o ) = 0 PPI3 α (u ⋅ v ) = (αu ) ⋅ v = u ⋅ (αv )
r r r r r r
b) v ⋅ w =|| v || . || w || . cos(v ,w ) = 1.1. cos(90o ) = 0 • Se α > 0 , temos que:
r r r r r r r r r r r r
r r r r r r α (u ⋅ v ) = α || u || . || v || . cos(u,v ) =|| αu || . || v || . cos(αu,v ) = (αu ) ⋅ v ;
c) w ⋅ u =|| w || . || u || . cos(w , u ) = 1.1. cos(90 o ) = 0
r r r r r r • Se α < 0 , temos que:
d) u ⋅ u =|| u || . || u || . cos(u, u ) = 1.1. cos(0o ) = 1 r r r r r r r r r r r r
α (u ⋅ v ) = α || u || . || v || . cos(u,v ) =| α | . || u || . || v || . cos(αu,v ) = (αu ) ⋅ v , pois
r r r r r r
e) ( −u ) ⋅ u =|| −u || . || u || . cos( −u, u ) = 1.1. cos(180 o ) = −1 r r r r
cos(αu,v ) = − cos(u,v ) . (Faça um esboço e verifique este fato)
r r r r r r
f) (5u ) ⋅ ( 2v ) =|| 5u || . || 2v || . cos(5u,2v ) = 5.2. cos(90 o ) = 0
r r r r r r
g) AB ⋅ AD =|| AB || . || AD || . cos( AB, AD ) = 5.2. cos(90o ) = 0 PPI4 u ⋅ u =|| u ||2 ou || u ||= u ⋅ u
r r
h) AE ⋅ AD =|| AE || . || AD || . cos( AE, AD ) = 3.2. cos(90o ) = 0 Como a medida angular entre os vetores u e u é zero, da definição temos:
r r r r r r r r
u ⋅ u =|| u || . || u || . cos(u , u ) =|| u || 2 . cos 0 o =|| u || 2
r r r
Exercício: Encontre os produtos internos de todas as combinações entre os vetores u , v e w da
figura 9, bem como de seus opostos. r r r
Exercício: Supondo que || u ||= 3 , || v ||= 2 e que 30o é medida do ângulo entre os vetores u e
r r r r r
r r r v , determine u ⋅ v e || 3u - 2v || .
Propriedades: Dados três vetores u , v e w quaisquer e os números α , β ∈ R , temos:
Solução:
r r r r r r
r r r r • Como u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) , temos que:
PPI1 Propriedade comutativa: u ⋅ v = v ⋅ u
r r r r r r
Como as medidas angulares entre os vetores u e v são iguais, ou seja, (u,v ) = (v , u ) , da
r r
u ⋅v = ( 3 ).(2). cos(30 ) = 2
o
3
2
3 2 3 3
=
2
= 1 .3 = 3
definição temos: r r r r r r
r r r r r r r r r r r r • Como || 3u - 2v ||2 = (3u - 2v ) ⋅ (3u - 2v ) e
u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) =|| v || . || u || . cos(v , u ) = v ⋅ u
r r r r r r r r
(3u - 2v ) ⋅ (3u - 2v ) =|| 3u || 2 −2(3u) ⋅ ( 2v )+ || 2v || 2 =
r r r r
= 9 || u || 2 −12(u ⋅ v ) + 4 || v ||2 = 27 − 36 + 16 = 7
PPI2 Propriedade distributiva do produto interno em
r r
relação à soma: temos que: || 3u - 2v ||= 7
r r r r r r r
u ⋅ (v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w
r r r
Considerando o vetor u como sendo unitário e os Exemplo: Com base nestas propriedades e considerando os vetores unitários e ortogonais u , v
r r r
vetores v e w , como na figura 10, temos que: e w da figura 9, temos:
r r r r r r r r r r r
Figura 10 Propriedade PPI2 a) AB ⋅ AC = (5u ) ⋅ (5u + 2v ) = (5u ⋅ 5u ) + (5u ⋅ 2v ) = 25(u ⋅ u ) + 10(u ⋅ v ) =
r r r r r r r r r
• AB1 =|| v || . cos(u, v ) =|| u || . || v || . cos(u, v ) = u ⋅ v AB ⋅ AC = 25 × 1 + 10 × 0 = 25
r r r r r r r r r r r r r r r
• B1C1 =|| w || . cos(u, w ) =|| u || . || w || . cos(u, w ) = u ⋅ w b) AG ⋅ AG = (5u + 2v + 3w ) ⋅ (5u + 2v + 3w ) =
+ [3w ⋅ 5u + 3w ⋅ 2v + 3w ⋅ 3w )] =
r r r r r r
r r r r r r r
Como AC1 = AB1 + B1C1 , concluímos que u ⋅ (v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w .
= [25(u ⋅ u ) + 10(u ⋅ v ) + 15(u ⋅ w )] + [10(v ⋅ u ) + 4(v ⋅ v ) + 6(v ⋅ w )] +
r r r r r r r r r r r r
103 104
r r r r r r
c) AG = AG ⋅ AG = 38 Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w e CE = −5u − 2v + 3w , usando a proposição acima, temos
( )
Além disso, o produto vetorial tem muitos usos em Física como campo magnético, torção, etc.
AG ⋅ CE =|| CE || . || AG || . cos AG, CE
– 20 = 38 . 38 . cos AG, CE ( ) r r r r
Definição: O produto vetorial entre dois vetores a e b não nulos, é o vetor denotado por a × b ,
(
cos AG, CE = ) − 20
=
− 20 − 10
= ≈ −0,526
definido pelas seguintes características:
38. 38 38 19 • Direção:
r r r r r r r r
Portanto podemos calcular o ângulo entre as diagonais (vetores), como Perpendicular aos vetores a e b , ou seja, a × b ⊥ a e a × b ⊥ b ;
(AG, CE ) = arccos(−0,526) ≈ 122 o
• Norma:
r r r r r r
|| a × b ||= || a || . || b || sen(a, b )
Exercício: Demonstre o teorema de Pitágoras para um triângulo retângulo qualquer (ver o • Sentido:
triângulo ABC figura 8) r r r r
É dado pela regra da mão direita que é equivalente, algebricamente a {a, b, a × b } ser
r r r v
Solução: Considere os vetores c = AC e b = CB , portanto o vetor AB = c + b , calculando a
uma base positiva do R 3 .
norma ao quadrado do vetor AB (hipotenusa ao quadrado), temos:
2 r v 2 r v r v r r r v v v r2 r v v 2
Observações:
AB = c +b = (c + b ) ⋅ (c + b ) = c ⋅ c + 2c ⋅ b + b ⋅ b = c + 2c ⋅ b + b
r Analisando a figura 11 em relação à definição do produto vetorial,
r r v
como o triângulo é retângulo, os vetores c e b são perpendiculares, portanto c ⋅ b = 0 , o que • Note que apenas com a direção teríamos uma infinidade de vetores para representar o
resulta em: r r
vetor a × b , pois qualquer vetor AD , onde D ∈ r , satisfaz a direção exigida, onde r é a
r v 2 r 2 v 2
c +b = c + b ⇔ a2 = b2 + c 2 reta que contém o ponto A e é perpendicular aos
r r
vetores a e b ;
r r r r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal {u, v , w } , se a = xau + y av + zaw e b = xbu + y bv + zbw , • Com a característica da norma, teríamos duas
r r
r r possibilidades para o vetor a × b , ou seja, o vetor
então o produto interno entre os vetores a e b é:
r r AD e o vetor AE , desde que estes tenham a
a ⋅ b = xa xb + y a y b + za zb .
r r
norma igual a a × b ;
Figura 11 Produto Vetorial
r r r r
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule AG ⋅ CE . • Para que o vetor a × b seja bem definido, teremos
105 106
que escolher um deles. A escolha será feita usando a regra da mão direita, exibida no
r r r r r
tópico a seguir, mas já adiantando o vetor a × b é o vetor AD . Propriedades: Dados três vetores u , v e w quaisquer e o número α ∈ R , temos que:
• Note que o vetor AE , tem mesma direção, mesmo comprimento, mas sentido oposto, logo r r r r
r r r r PPV1 u × v = −(v × u ) segue da definição;
este vetor é o oposto do vetor a × b , ou seja, AE = −(a × b ) . r r r r r r
PPV2 α (u × v ) = (αu ) × v = u × (αv )
r r r r r r r
3.9.2.1 Regra da mão direita PPV3 Propriedade distributiva: u × (v + w ) = u × v + u × w e
r r r r r r r
(u + v ) × w = u × w + v × w
A regra da mão direita serve informalmente para definir se três vetores LI formam uma
base positiva ou orientação positiva e, no nosso caso em particular, para determinar o sentido do r r r
r r Exercício: Encontre os produtos vetoriais de todas as combinações entre os vetores u , v e w
vetor a × b .
da figura 9, bem como de seus opostos.
Esta regra consiste em usar a mão direita e os dedos desta mão da seguinte maneira,
conforme a figura 12: Observações:
Posicionar o dedo indicador na direção e sentido
• Geometricamente o número associado à norma
r
do vetor a (primeiro vetor); r r
|| a × b || é exatamente a área do paralelogramo
Posicionar o dedo médio na direção e sentido do r r
r formado pelos vetores a e b , conforme a figura
b (segundo vetor); Figura 13 Área do Paralelogramo ABCD
r r 13.
O polegar indicará qual sentido o vetor a × b deve
Basta observar que a área de um paralelogramo qualquer é sempre comprimento da base
ter, que será necessariamente perpendicular aos
Figura 12 Regra da mão direita vezes a altura. Logo, no caso do paralelogramo ABCD formado pelos vetores, a área é
r r
vetores a × b , por definição.
dada por A = base × altura = AB . DE , onde do triângulo retângulo ADE temos a seguinte
r r r r r r relação:
Caso tenhamos três vetores a , b e c , tendo c a mesma direção de a × b mas sentido oposto, r r r
dizemos que a orientação destes vetores é negativa. DE = AD .sen(θ ) =|| b || .sen(a, b ) ,
107 108
= [5u × 5u + 5u × 2v + 5u × 3w ] + [2v × 5u + 2v × 2v + 2v × 3w ] +
r r r r r r r r r r r r
3.9.3 Produto Misto
+ [3w × 5u + 3w × 2v + 3w × 3w )] =
r r r r r r
[ r r r
] [ r r r
] [r r
= 25(0) + 10(w ) + 15( −v ) + 10( −w ) + 4(0) + 6(u ) + 15(v ) + 6( −u ) + 9(0) =
r
] medida em três dimensões, ou seja, um volume. O fato que este volume ser positivo revelará, por
exemplo, que três vetores são LI.
[r r r
] [ r r r
] [ r r r
]r
= 0 + 10w − 15v + − 10w + 0 + 6u + 15v − 6u + 0 = 0u + 0v + 0w = 0
r r r
vetores AG e CE .
r r r r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w e CE = −5u − 2v + 3w , usando a proposição acima, temos: Observação: Geometricamente o número [a, b, c ]
r r r
u v w associado ao produto misto, é exatamente o volume
r r r r r r r r r
AG × CE = 5 2 3 = 6u − 15v − 10w + 6u − 15v + 10w = 12u − 30v + 0w r r r
do paralelepípedo definido pelos vetores a , b e c ,
−5 −2 3
conforme a figura 14, pois basta observar que o
como já havíamos calculado anteriormente, e a norma do vetor AG × CE é igual á volume de um paralelepípedo qualquer é sempre a
(AG × CE )⋅ (AG × CE ) =
Figura 14 Paralelepípedo inclinado ABCDEFGH
AG × CE = (12 ) + ( −30 ) + ( 0) = 1044 ≅ 32,31 ,
2 2 2 área da base vezes a altura. No caso do
paralelepípedo ABCDEFGH , formado pelos vetores, temos:
logo a área do paralelogramo será igual a A ≅ 32,31u.a. 2. r r
• Área da base é dada por Abase =|| a × b || ;
r
• Do triângulo retângulo AE 2E temos a seguinte relação para a altura h = AE 2 =|| c || . cos(θ ) ,
1 r r r
O determinante está entre aspas, para enfatizar que o cálculo é igual ao de um determinante qualquer, porém a primeira linha é
composta de vetores.
onde θ = (a × b, c ) ;
2 2 2
A simbologia u.a. significa unidade de área, por exemplo: m (metro quadrado), cm (centímetro quadrado), etc.
109 110
r r r r r r
logo o volume do paralelepípedo é V = Abase .h =|| a × b || . || c || . cos(a × b, c ) , que por definição de Indicaremos por Ox, Oy e Oz as três retas definidas pelos segmentos orientados OA , OB e
r r r r r r OC , respectivamente, que são chamadas usualmente de eixos dos x (das abscissas), eixos
produto interno implica que V = Abase .h = a × b ⋅ c = [a, b, c ] .
dos y (das ordenadas) e eixos dos z (das cotas).
As setas na figura indicam o sentido positivo de cada eixo.
r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal positiva {u, v , w } , se a = xau + y av + zaw ,
r r r r r r r r r
b = xbu + y bv + zbw e c = xcu + y cv + zcw , então produto misto entre os vetores a , b e c é o Definição: Dado um ponto P ∈ R3 qualquer, as
determinante: coordenadas do vetor OP na base ortonormal positiva
r r r
xa ya za {i , j , k } , são chamadas de coordenadas de P no sistema
r r
[a, b, c ] = xb yb zb
de coordenadas definida acima, ou seja, se
xc yc zc r r r
OP = xP i + y P j + zP k , então as coordenadas do ponto P,
r r serão denotadas pela tripla P = ( xP , y P , zP ) (figura 16). Figura 16 Representação do ponto P
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule o volume do paralelepípedo gerado pelos
vetores AG , CE e BH .
Exemplo: Na figura 17, estão marcados alguns pontos:
r r r r r r r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w , CE = −5u − 2v + 3w , BH = −6u + 2v + 3w e o volume é o a) Como o vetor OA = 2i + 3 j + 3k , logo A = (2,3,3 ) ;
módulo do produto misto, pela proposição acima, temos: r r r r
b) Como o vetor OO = 0i + 0 j + 0k = 0 , logo
5 2 3
[AG,CE,BH ] = − 5 − 2 3 = 132 O = (0,0,0) ;
−6 2 3 c) Os outros pontos são X A = (2,0,0) , YA = (0,3,0) ,
como já havíamos calculado anteriormente, logo o volume é V =| 132 |= 132 u.v . 3
Z A = (0,0,3) , F = ( 2,3,0) , e H = (2,0,3) .
Figura 17 Representação de pontos
3.10 Vetores em coordenadas do R3
Proposição: Dados dois pontos A = ( x A , y A , zA ) e B = ( xB , y B , zB ) quaisquer, no nosso sistema de
Deste ponto em diante, iremos trabalhar em um sistema ortogonal de coordenadas do coordenadas do R3, temos que as coordenadas do vetor AB são dadas por:
111 112
3.11 Exemplos
AB = ( −1)2 + (1)2 + (1)2 = 1 + 1 + 1 = 3
A partir deste momento iremos refazer, via exercícios e exemplos, todos os produtos entre BC = ( −2)2 + ( −2)2 + (1)2 = 4 + 4 + 1 = 9 = 3
vetores, bem como calcular comprimentos, áreas, volumes e outras coisinhas mais, considerando
o sistema de coordenadas do R3 definido. AC = ( −3 )2 + ( −1)2 + ( 2)2 = 9 + 1 + 4 = 14
3.11.1.1 Os pontos A, B e C são vértices de um triângulo? Desenhe um triângulo com essas características;
Note que a altura procurada é relativa à base AC e como a área de um triângulo qualquer
Para verificar que são vértices de um triângulo, basta verificar que os pontos não são
é A = base ⋅ altura , basta encontrar a área, pois o comprimento da base, já sabemos que
∇
colineares, ou seja, que não estão na uma mesma reta. 2
mede 14 , ou seja, como
Como fazer isso? r r r
i j k
Desenhe um triângulo qualquer; r r r
AB × AC = − 1 1 1 = 3i − j + 4k , temos que a área é dada por:
r r
Escolha dois vetores, por exemplo, u = AB e v = AC ; − 3 −1 2
Note que esses dois vetores não são paralelos;
AB × AC (3 )2 + ( −1)2 + ( 4)2 26
Logo esses vetores são LI; A∇ = = = u.a.
2 2 2
Dois vetores são LI quando um é múltiplo do outro (correto?)
2 A∇ 26 13
ERRADO, o certo é que, quando são LI, não existe combinação linear entre eles; Concluímos finalmente que altura = = = u.c.
base 14 7
Logo vamos verificar se é possível achar uma combinação entre esses vetores;
r Lembrete: Dado o número a ∈ R , qualquer, é sempre possível achar dois números naturais
Note que u = AB = ( 2 − 3,1 − 0,2 − 1) = ( −1,1,1) e
r consecutivos n e n + 1, tais que, n ≤ a ≤ n + 1. Por exemplo 3 = 9 ≤ 14 ≤ 16 = 4 .
v = AC = (0 − 3,−1 − 0,3 − 1) = ( −3,−1,2)
r r r r r
Se existisse tal combinação, teríamos que u = λv , que em coordenadas seria: 3.11.1.3 Encontrar um vetor w perpendicular aos vetores u e v .
( −1,1,1) = λ ( −3,−1,2)
Como fazer isso?
− 1 = − 3λ λ = 1 / 3 r r r r
Lembre-se que o vetor u × v é um vetor perpendicular aos vetores u e v ao mesmo
( −1,1,1) = (−3λ ,−λ ,2λ ) ⇒ 1 = − λ ⇒ λ = −1
1 = 2λ λ = 1 / 2 r
tempo, logo ele será o nosso vetor w ;
r r r r r r r r
ou seja, é impossível existir um λ ∈ R , tal que u = λv , portanto os vetores são LI, logo os Logo w = u × v = AB × AC = 3i − j + 4k , calculado anteriormente.
pontos A , B e C são vértices de um triângulo.
r r r
3.11.1.4 Mostre que {u, v , w } é uma base positiva do R3.
3.11.1.2 Qual é a altura relativa ao maior lado do triângulo ABC?
Como fazer isso?
Para determinar a altura relativa, temos que determinar primeiro qual é o maior lado e só
Para verificar que os três vetores formam uma base, basta mostrar que eles são LI;
depois achar a altura.
Usando o teorema, basta verificar que a equação
r r r r
xu + yv + zw = 0
Como fazer isso?
r r possui solução única x = y = z = 0 , ou seja, a solução trivial;
Vamos calcular a normas dos três vetores, ou seja, a norma de u = AB , v = AC e
Escrevendo a equação em coordenadas temos:
BC = ( −2,−2,1) , logo: x( −1,1,1) + y ( −3,−1,2) + z(3,−1,4) = (0,0,0)
( − x, x, x ) + ( −3 y ,− y ,2y ) + (3 z,− z,4z ) = (0,0,0 )
113 114
(− x − 3y + 3z , x − y − z , x + 2y + 4z ) = (0,0,0) 4 −3 3
det( Ax ) 52
que resulta no seguinte sistema linear: det( Ax ) = 2 − 1 − 1 = 52 ⇒ x = = =2
det( A ) 26
4 2 4
− x − 3 y + 3z = 0
x − y − z = 0 −1 4 3
x + 2y det( Ay ) − 26
+ 4z = 0 det( Ay ) = 1 2 − 1 = −26 ⇒ y = = = −1
det( A ) 26
1 4 4
O sistema possui solução única, a trivial, pois o determinante da matriz dos coeficientes é
−1 − 3 3 −1 − 3 4
det( Az ) 26
det A = 1 − 1 − 1 = 26 ≠ 0 det( Az ) = 1 − 1 2 = 26 ⇒ z = = =1
det( A ) 26
1 2 4 1
2 4
r r r r r r r
A base é positiva porque w = u × v . Concluímos então que a = 2u − 1v + 1w
(encontre esta mesma resposta usando escalonamento)
r r r
3.11.1.5 Calcule o volume do paralelepípedo formado pelos vetores u , v e w .
4. Avaliando o que foi construído
Como fazer isso?
Lembre-se que o módulo do produto misto é exatamente o volume pedido. Foram introduzidas, nesta unidade, noções básicas de vetores, suas características,
juntamente com as suas operações básicas de soma e multiplicação por escalar.
−1 − 3 3
r r r Definimos também os três produtos entre vetores:
[u,v ,w ] = 1 − 1 − 1 = 26
1 2 4 • Produto interno relacionado com a medida de um comprimento, ou seja, projeção de um
Note que o determinante é o mesmo do sistema do item anterior, portanto o volume do vetor em relação à direção do outro;
paralelepípedo é: • Produto vetorial relacionando com a medida de uma área, ou seja, com o cálculo da área
r r r de um paralelogramo formado por dois vetores;
V = [u,v ,w ] =| 26 |= 26 u.v .
• Produto misto relacionado com o volume, ou seja, com o cálculo do volume de um
r r r r
3.11.1.6 Escrever o vetor a = ( 4,2,4) na base {u, v , w } . paralelepípedo, definido por três vetores.
E finalmente foram dadas coordenadas aos vetores, trazendo de vez os vetores para o
Como fazer isso? nosso espaço com três dimensões, ou seja, as noções de comprimento, largura, altura, LI, LD e
r r r r base foram todos tratados algebricamente.
Isto significa escrever o vetor a como combinação linear dos vetores u , v e w , ou seja:
r r r r
a = xu + yv + zw
Temos que determinar os valores de x, y e z que satisfaçam à equação acima, e
escrevendo em coordenadas ficaria:
x( −1,1,1) + y ( −3,−1,2) + z(3,−1,4) = ( 4,2,4)
( − x, x, x ) + ( −3 y ,− y ,2y ) + (3z,− z,4z ) = ( 4,2,4)
(− x − 3y + 3z , x − y − z , x + 2y + 4z ) = ( 4,2,4)
que resulta no o sistema
− x − 3 y + 3z = 4
x − y − z = 2
x + 2y + 4z = 4
Como já sabemos que o sistema possui solução única, pois o determinante da matriz dos
coeficientes é 12, podemos resolvê-lo pela regra de Cramer;
Usando a regra, temos que determinar os seguintes três determinantes:
115 116
letra LETRA Nome letra LETRA Nome letra LETRA Nome
Unidade II Retas e Planos
α Α Alfa ι Ι Iota ρ Ρ Rô
β Β Beta κ Κ capa σ Σ Sigma
γ Γ Gama λ Λ Lambda τ Τ Tau
1. Situando a Temática δ ∆ Delta µ Μ Mi υ Υ Ípsilon
ε Ε Epsílon ν Ν Ni φ Φ Fi
Nesta unidade estudaremos e definiremos as retas e os planos, através de suas equações ζ Ζ Dzeta ξ Ξ csi χ Χ Qui
ε Η Eta ο Ο Ômicron ψ Ψ Psi
vetoriais e algébricas, utilizando de vetores e de suas operações. θ Θ Teta π Π Pi ω Ω Ômega
Tabela 1 Letras gregas minúsculas, maiúsculas e nome.
2. Problematizando a Temática
3.2.1 Por três pontos
Trataremos vários problemas geométricos, como por exemplo, posições relativas entre as
retas, entre as retas e os planos e entre planos, bem como calcularemos o ângulo, distâncias e Considere três pontos não colineares4 A , B e C
interseções entre estes elementos, utilizando as facilidades dadas pelas propriedades quaisquer do espaço tridimensional R3, como na figura 2.
encontradas nos vetores e suas operações elementares e seus produtos, com suas respectivas As condições para um ponto P qualquer, pertencer
características geométricas e algébricas. ao plano π , são:
que estão ao seu redor, como paredes, chão, teto, telhados e as retas, como sendo as quinas das AP = κ1 AB + κ 2 AC
paredes, as linhas de uma quadra de jogo, etc., pois será muito importante ver, ou pensar, de
como essas retas e planos podem estar dispostos no espaço tridimensional. Definição: A equação
3.2 O plano AP = κ1 AB + κ 2 AC
4
Que não pertencem a uma reta ou que formam um triângulo.
117 118
Portanto: Que resulta em nas equações paramétricas do plano π :
Dá equação vetorial, temos: x = 3 − 1κ1 − 3κ 2
AP = κ1 AB + κ 2 AC π : y = 0 + 1κ1 − 1κ 2
z = 1 + 1κ + 2κ
r r 1 2
AP = κ1u + κ 2v
Do produto misto temos:
( x − x A , y − y A , z − zA ) = κ 1( xu , y u , zu ) + κ 2 ( xv , y v , zv )
1444424444 3 142 r
43 142 r
43 x −3 y z −1
AP u v
−1 1 1 =0
Escrevendo cada coordenada como uma equação e isolando as variáveis x , y e z ,
−3 −1 2
temos o seguinte sistema de equações, chamado de sistemas de equações
Que resulta na seguinte equação normal do plano π :
paramétricas do plano π ou simplesmente de equações paramétricas do plano:
π : 3 x − y + 4z − 13 = 0
x = xA + xu κ1 + xv κ 2
π : y = y A + y u κ1 + y v κ 2
z = z + zuκ1 + zv κ 2 Para verificar que o ponto D = (1,−6,1) e a origem O = (0,0,0) , pertencem ao plano, basta
A
[AP, AB, AC ] = 0 satisfeita, o ponto pertence ao plano, caso contrário, não pertence, logo:
O = (0,0,0) ⇒ 3({
0) − ({ 0) − 13 = −13 ≠ 0 , logo O não pertence a π ;
0) + 4({
[AP,ur,vr ] = 0
o
x y z
x − xA y − yA z − zA o D = (1,−6,1) ⇒ 3({
1) − ({ 1) − 13 = 0 , logo D pertence ao plano π .
−6) + 4({
x y z
xu yu zu = 0
xv yv zv
Observações:
( x − x A )( y u zv − y v zu ) + ( y − y A )( xv zu − xu zv ) + ( z − z A )( xu y v − xv y u ) = 0
144244 3 142 4 43 4 144244 3 • Note que, nas equações paramétricas do exercício anterior, as coordenadas do ponto
a b c
Fazendo: A = (3,0,1) , estão “soltas” em uma coluna e as coordenadas dos dois vetores AB = (−1,1,1)
o a = ( y u zv − y v zu ) , e AC = ( −3,−1,2) também estão nas colunas, porém multiplicadas pelos dois parâmetros
o b = ( xv zu − xu zv ) , κ1 e κ 2 .
Temos a chamada equação geral, ou equação normal, ou simplesmente equação do κ1 = 1 e κ 2 = 0 , temos o ponto B e
Solução: Os vetores diretores são AB = (−1,1,1) e AC = ( −3,−1,2) . Seja P = ( x, y , z ) um ponto Considere um ponto A qualquer do espaço
r r
tridimensional e dois vetores u e v , não paralelos, ou
qualquer do plano, então temos AP = ( x − 3, y , z − 1) , logo:
seja, linearmente independentes, como na figura 3.
Da equação vetorial temos:
( x − 3, y , z − 1) = κ 1( −1,1,1) + κ 2 ( −3,−1,2)
Figura 3 Plano definido por um ponto e
dois vetores.
119 120
As condições para que um ponto P qualquer pertença ao plano π são as mesmas utilizadas Achar outros dois pontos, recaindo em um plano definido por três pontos, atribuindo
anteriormente para planos definidos por três pontos, pois só foram de fato utilizados o ponto A e valores para as variáveis, encontrando pontos que satisfaçam à equação do plano ϕ ,
os vetores diretores AB e AC . como por exemplo, os pontos R = (0,0,2) , T = (3,0,0) , Q = ( 2,4,0) , etc.
A outra maneira, bastante algébrica, seria considerar duas variáveis da equação do plano
3.2.3 Um ponto e um vetor perpendicular
igual a dois parâmetros µ1 e µ2 quaisquer, como por exemplo, considere x = µ1 e z = µ2 ,
a( x − x A ) + b( y − y A ) + c ( z − z A ) = 0 “pedaço”, por um segmento, pois seria impossível representá-la em um espaço limitado, pois a
reta é infinita. Veja na figura 5.
ax + by + cz − (ax A + by A + czA ) = 0
Considerando d = −(ax A + by A + czA ) , temos a equação geral do plano π , dada por: 3.3.1 Por dois pontos
π : ax + by + cz + d = 0
Considere dois pontos distintos A e B quaisquer do
Observação: Os coeficientes das variáveis x , y e z da equação geral de um plano qualquer,
espaço tridimensional R3, como na figura 6.
definido por π : ax + by + cz + d = 0 , são exatamente, na ordem, as coordenadas de um vetor
Note que a condição para um ponto P qualquer pertencer
r
normal ao plano π , ou seja, nπ = (a, b, c ) .
à reta r é que os vetores AB e AP sejam paralelos, ou
seja, são linearmente dependentes, logo são múltiplos,
Exercício: Determinar as equações paramétricas e a equação normal do plano ϕ que contém o portanto existe um número τ , que resulta a seguinte Figura 6 Reta definida por dois pontos.
r
ponto S = (1,1,1) e é perpendicular ao vetor w = (2,1,3) . equação vetorial AP = τ AB
Solução: Vamos primeiro, achar a equação geral do plano, considerando como vetor normal do
r r
plano o vetor nϕ = w = ( 2,1,3 ) , portanto um ponto P = ( x, y , z ) para pertencer ao plano ϕ , tem que Definição: Qualquer vetor não nulo, que dá a direção de uma reta r , é chamado de vetor diretor
r da reta r .
satisfazer à equação nϕ ⋅ SP = 0 , logo:
(2,1,3) ⋅ ( x − 1, y − 1, z − 1) = 0
Observação: No sistema de coordenadas, seja P = ( x, y , z ) um ponto qualquer da reta r , definida
2( x − 1) + 1( y − 1) + 3( z − 1) = 0
pelos pontos, distintos, do espaço A = ( x A , y A , zA ) e B = ( xB , y B , zB ) , considere os vetores
Que resulta na equação normal do plano ϕ : 2x + 1y + 3z − 6 = 0 r
u = AB = ( xB − x A , y B − y A , zB − zA ) = ( xu , y u , zu ) e
A partir da equação geral, para achar as equações paramétricas do plano, podemos:
AP = ( x − x A , y − y A , z − z A ) ,
121 122
Portanto, da equação vetorial, temos: 0 − 3 0 − 0 0 −1
O = (0,0,0) ⇒ = = ⇒ 3 ≠ 0 ≠ −1, não pertence a r;
AP = τ AB 1−
231 13 {
12 1
=3 =0 = −1
r
AP = τu 1− 3 2 − 0 3 − 1
E = (1,2,3) ⇒ = = ⇒ 2 = 2 = 2 , pertence à reta r.
( x − x A , y − y A , z − zA ) = τ ( xu , y u , zu ) {− 1 1213 { 1
1444 424444 3 142 r
43 =2 =2 =2
AP u
Escrevendo cada coordenada como uma equação e isolando as variáveis x , y e z , 3.3.2 Por um ponto e um vetor
temos o seguinte sistema de equações, chamado de sistemas de equações paramétricas da
reta r ou simplesmente de equações paramétricas da reta: Considere um ponto A qualquer do espaço
r
x = xA + xuτ tridimensional e um vetor u , não nulo, como na figura 7.
r : y = y A + y uτ As condições de um ponto P qualquer pertencer à
z = z + zuτ
A reta r são as mesmas utilizadas anteriormente para uma
Figura 7 Reta definida por um ponto
r reta definidos por dois pontos, pois só foram utilizados, de e um vetor
Se nenhuma das coordenadas do vetor diretor u = AB , for nula, podemos isolar o
r
x − xA y − yA z − zA fato, o ponto A e o vetor diretor u = AB .
parâmetro τ de cada uma das equações acima, obtendo τ = ,τ= eτ= , ou
xu yu zu
3.3.3 Por dois planos
x − x A y − y A z − zA
seja, temos a seguinte igualdade τ = = = .
xu yu yu
Considere dois planos, não paralelos e não
coincidentes, quaisquer, como na figura 8.
Definição: O sistema de equações Para determinar a reta r interseção destes dois
x − x A y − y A z − zA planos, vamos considerá-los definidos por
r: = =
xu yu yu
α : ax + by + cz + d = 0 e β : px + qy + rz + s = 0 , logo a
é chamado sistema de equações da reta r na forma simétrica, ou simplesmente equações
reta é a solução do sistema: Figura 8 Reta definida por dois planos.
simétricas da reta r.
ax + by + cz + d = 0
r :
px + qy + rz + s = 0
Exercício: Determinar as equações paramétricas e simétricas da reta r que contém os pontos
Lembre-se que para definir uma reta, é necessário:
A = (3,0,1) e B = (2,1,2) , e verificar se o ponto E = (1,2,3) e a origem do sistema pertencem à reta.
Dois pontos
Solução: O vetor diretor da reta é AB = (−1,1,1) . Seja P = ( x, y , z ) um ponto qualquer da reta, Neste caso podemos achar duas soluções para o sistema acima, não necessariamente tendo
que resolver o sistema.
então temos AP = ( x − 3, y , z − 1) e a equação vetorial:
Como fazer isso?
( x − 3, y , z − 1) = τ ( −1,1,1)
“Será que esta reta tem algum ponto cuja primeira coordenada seja 0?”
x = 3 − 1τ o Fazendo x = 0 , o sistema acima, fica apenas com duas variáveis, que é bem mais fácil
Que resulta em nas equações paramétricas da reta r : y = 0 + 1τ .
z = 1 + 1τ by + cz + d = 0
de resolver, ou seja, r : . Se tiver solução, achamos o primeiro ponto,
qy + rz + s = 0
Isolando o parâmetro τ das equações acima, obtemos as equações simétricas da reta:
caso contrário, faça y = 0 , z = 0 ou qualquer outro valor para uma das coordenadas.
x − 3 y − 0 z −1
r: = = , ou r : 3 − x = y = z − 1. o Para achar o segundo ponto, siga a mesma idéia de achar o primeiro ponto.
−1 1 1
Para verificar que o ponto E = (1,2,3) e a origem O = (0,0,0) , pertencem à reta, basta substituir as
Um ponto e um vetor diretor
três coordenadas dos pontos nas equações simétricas da reta, se as igualdades forem satisfeitas,
Ache um ponto como anteriormente e observe que o vetor diretor da reta é perpendicular aos
o ponto pertence à reta, caso contrário, não pertence, logo: r r r r r
vetores nα e nβ , ou seja, podemos considerar o vetor diretor u = nα × n β .
123 124
r r r
o Para determinar um vetor diretor, basta calcular u = nα × nβ , logo
Exercício: Determinar as equações paramétricas e simétricas da reta r dada pela interseção dos r r r
i j k
planos α : x + y + z + 1 = 0 e β : 2 x + 3 y + z = 0 . r r r r r r
u = nα × nβ = 1 1 1 = −2i + j + k .
Solução: 2 3 1
x + y + z + 1= 0
Vamos primeiro determinar esta reta r, como solução do sistema , usando o x = 1 − 2τ
2 x + 3 y + z = 0
Portanto as equações paramétricas da reta são r : y = 0 + 1τ e destas, obtemos as
método do escalonamento, temos: z = − 2 + 1τ
1 1 1 − 1 1 1 1 − 1 L1 → L1 − L2 ⇒ 1 0 2 − 3 x −1 y z + 2
2 3 1 0 L → L − 2L ⇒ 0 1 − 1 2 0 1 − 1 − 2 equações simétricas r : = = .
2 2 1 −2 1 1
x + 2z = −3
O que resulta no sistema equivalente , escolhendo z = τ e substituindo no
y − z = −2 Observação: Apesar das equações paramétricas e simétricas da reta r, encontradas no exercício
x = − 3 − 2τ acima, serem diferentes, elas representam a mesma reta r, o que as diferencia é a escolha de um
sistema equivalente, obtemos as equações paramétricas da reta r : y = − 2 + 1τ e destas, ponto inicial e de um “novo” vetor diretor, múltiplo do vetor diretor obtido anteriormente.
z = 0 + 1τ
3.4 Posição relativa
x +3 y +2 z
obtemos as equações simétricas r : = = .
−2 1 1
Para o estudo de posições relativas, é importante “enxergar” as retas e os planos,
juntamente com os elementos que o definem, ou seja, FAÇA vários esboços, por exemplo, duas
Se não gostar de escalonamento, podemos então determinar dois pontos da reta r ,
retas paralelas, uma reta perpendicular a um plano, etc.
escolhendo, por exemplo,
Para resolver problemas, como ângulos, distâncias e interseções, envolvendo retas e
x + z + 1= 0
o y = 0 , reduzindo o sistema para , tendo como solução x = 1 e z = −2 , ou planos, não como eles estão definidos pelas suas equações, mas genericamente, é necessário
2 x + z = 0
saber como eles estão colocados no espaço, ou seja, em que posição um está em relação ao
seja, um primeiro ponto da reta é A = (1,0,−2) ;
outro.
x + y + 1= 0
o z = 0 , reduzindo o sistema para , tendo como solução x = −3 e y = 2 , 3.4.1 Entre retas
2 x + 3 y =0
ou seja, um segundo ponto da reta é B = (−3,2,0) .
Existem quatro possibilidades para a posição relativa entre duas retas.
r
Logo um vetor diretor é o vetor u = AB = (−4,2,2) e, portanto, as equações paramétricas da
Pode-se também determinar um ponto e um vetor diretor da reta. Observando as duas retas r e s paralelas coincidentes, na
o Para encontrar um ponto, fazemos como acima. Vamos utilizar, então, o ponto figura 9, concluímos que:
125 126
r r
O vetor SR é paralelo aos vetores diretores; O volume do paralelepípedo formado pelos vetores r , s e SR é positivo;
A interseção entre as retas é a própria reta; A distância d ( r , s ) entre as retas é positiva.
o
O ângulo (r , s ) entre as retas é 0 ;
3.4.2 Entre retas e planos
A distância d ( r , s ) entre as retas é 0.
Existem três possibilidades para a posição relativa entre uma reta e um plano.
3.4.1.2 Retas paralelas
Observando as duas retas r e s paralelas distintas, na figura Vamos considerar, para efeito de estudos das posições relativas:
r
10, concluímos que: A reta r definida pelo ponto R e pelo vetor diretor r e
r r r
Os vetores diretores r e s são paralelos, logo são LD; O plano α definido pelo ponto A e pelo vetor normal nα , ou pelo ponto A e dois vetores
r r
O ponto S ∉ r e R ∉ s ; diretores u e v .
Observando as duas retas r e s concorrentes, na figura 11, O ângulo (α , r ) entre a reta e o plano é 0o; Figura 13 Reta contida no plano
concluímos que: r
O vetor AR é perpendicular ao vetor nα ;
r r r r
Os vetores diretores r e s não são paralelos, logo r
Os vetores r , u e v , podem ser representados em um plano, logo são LD;
são LI; r r
O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AR , u e v é 0;
A interseção entre as retas é o ponto I;
A distância d (α , r ) entre a reta e o plano é 0.
O ângulo (r , s ) entre as retas está entre 0o e 180o; Figura 11 Retas concorrentes.
r r
Os vetores r , s e SR , podem ser representados em um plano, logo são LD; 3.4.2.2 Reta paralela ao plano
r r
O volume do paralelepípedo formado pelos vetores r , s e SR é 0;
Observando a reta r paralela ao plano α , na figura 14,
A distância d ( r , s ) entre as retas é 0.
concluímos que:
r r r r
3.4.1.4 Retas reversas Os vetores r e nα são perpendiculares, logo r ⋅ nα = 0 ;
A interseção entre a reta e o plano é vazia;
Observando as duas retas r e s reversas, ou seja, as retas O ângulo (α , r ) entre a reta e o plano é 0o;
Figura 14 Reta paralela ao plano.
estão em planos paralelos distintos, como na figura 12, r
O vetor AR não é perpendicular ao vetor nα ;
concluímos que:
r r r
r r Os vetores r , u e v , podem ser representados em um plano, logo são LD;
Os vetores diretores r e s não são paralelos, logo
r r
são LI; O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AR , u e v é positivo;
Não existe interseção entre as retas; A distância d (α , r ) entre a reta e o plano é positiva.
Figura 12 Retas reversas.
o o
O ângulo (r , s ) entre as retas está entre 0 e 180 ;
r r 3.4.2.3 Reta concorrente ao plano
Os vetores r , s e SR , não podem ser representados em um plano, logo são LI;
127 128
3.4.3.2 Planos paralelos
Observando a reta r concorrente ao plano α , ou seja,
que o intercepta em apenas um ponto, na figura 15, Observando os dois planos paralelos e distintos α e β , na
(ou β );
Figura 16 Planos paralelos e coincidentes Para determinar ângulos entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, é
O ponto A ∈ β e o ponto B ∈ α ;
necessário primeiro, saber qual é a posição relativa entre eles, pois dependendo do caso, o
O ângulo (α , β ) entre os planos é 0o;
ângulo é nulo e nada para se fazer, mas quando não for nulo, o ângulo será calculando, usando o
r r r r
Os vetores u , v , a e b , podem, três a três, ser representados em um plano, logo qualquer cálculo do ângulo entre dois vetores (3.8 e 3.9.1 da Unidade II).
conjunto com três destes vetores é LD;
r r 3.5.1 Nulo
O vetor AB é perpendicular aos vetores nα e nβ ;
r r r r O ângulo será nulo quando:
Os vetores AB , u e v são LD, bem como os vetores AB , a e b ,
r r As retas r e s forem paralelas ou coincidentes (figuras 9 e 10)
O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AB , u e v é 0;
A reta r for paralela, ou estiver contida no plano α (figuras 13 e 14)
A distância d (α , β ) entre planos é 0.
129 130
Os planos α e β forem paralelos ou coincidentes (figuras 16 e 17)
O ponto I de interseção das retas é um ponto que deve satisfazer as duas equações
3.5.2 Não nulo paramétricas, ou seja,
I = ( x R + x r τ , y R + y r τ , zR + zr τ ) ∈ r e I = ( xS + x sτ , y S + y sτ , zS + zsτ ) ∈ s
O ângulo será não nulo quando:
As retas r e s forem concorrentes ou reversas (figuras 11 e 12)
Portanto, basta resolver o seguinte sistema, nas incógnitas τ e ρ :
Neste caso, diremos que o ângulo entre as retas, denotado por (r , s ) , será o menor ângulo
r r r r x R + x r τ = xS + x s ρ
entres os ângulos (r , s ) e ( −r , s ) .
I : y R + y r τ = y S + y s ρ
A reta r for concorrente ao plano α (figura 15) z + y τ = z + z ρ
R r S s
Neste caso, o ângulo entre a reta e o plano, denotado por (α , r ) , é igual ao ângulo
r r π r r Uma vez determinado o valor de τ ou de ρ , basta substituir na equação da reta
90 o − (nα , r ) ou, em radianos, − (nα , r ) .
2
correspondente, obtendo o ponto I.
Os planos α e β forem concorrentes (figura 18)
r r
Neste caso, o ângulo entre os planos, denotado por (α , β ) , é igual ao ângulo (nα , nβ )
A reta r estiver contida no plano α (figura 13)
definido pelos vetores normais. Neste caso a interseção será a própria reta r.
3.6 Interseções
A reta r for concorrente ao plano α (figura 15)
Neste caso a interseção será um ponto I.
As interseções entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, depende da
posição relativa. Se a interseção for vazia, nada a fazer, se não for vazia, deve-se, basicamente,
Como fazer isso?
resolver sistemas, para encontrar a solução.
x = xR + x r τ
3.6.1 Vazia Considere a reta r definida pelas equações paramétricas r : y = y R + y r τ e o plano α
z = z + y τ
R r
131 132
basicamente, calcular comprimentos (produto interno), áreas (produto vetorial) e volume (produto Como fazer isso?
misto). “Lembre-se: o volume de um paralelepípedo é igual a área da base vezes altura.”
Observação: A distância entre dois pontos A e B, quaisquer é calculado com a norma do vetor Da figura 20, temos que volume é dado pelo módulo do produto misto
AB , ou seja, d (a, b ) = AB .
r r
[r r
u, v , AP = u × v . h
1424 3 123 Altura
{ ]
Volume Áreabase
encontrada através do cálculo de uma determinada área. Os planos α e β são paralelos distintos (figura 17).
Como fazer isso? A distância entre o plano α e o plano β é igual à distância do ponto A ao plano β , que é
“Lembre-se que: a área de um paralelogramo é igual à igual à distância do ponto B ao plano α , ou seja:
base vezes altura.”
d (α , β ) = d ( A, β ) = d (B,α ) .
133 134
Para determinar o plano β , ou seja, determinar as equações deste plano, você terá que achar um 1. Coloque o lápis sobre a mesa (primeira possibilidade);
2. Afaste da mesa paralelamente o lápis (segunda possibilidade);
ponto e um vetor normal do plano β .
3. Encoste apenas a ponta do lápis na mesa (terceira possibilidade).
r r Finalmente para determinar a interseção, que já sabemos que é um ponto, basta pegar um
Como CP ⊥ r , o produto interno CP ⋅ r = 0 ;
ponto qualquer I = (0 − 1ρ ,−1 + 1ρ,3 + 1ρ ) da reta s e substituir na equação geral do plano
Logo a equação normal do plano é β : −1x + 1y + 1z − 2 = 0 ;
β , ou seja:
Para escrever as equações paramétricas do plano partindo da equação normal, temos pelo
− 1(0 − 1ρ ) + 1( −1 + 1ρ ) + 1(3 + 1ρ ) − 2 = 0
menos duas possibilidades:
Resolvendo a equação, temos que ρ = 0 , logo I = (0,−1,3 ) ∈ s ∩ β .
135 136
3.8.1.4 Determinar a equação normal do plano φ que contenha o ponto A e seja paralelo ao Foram introduzidos, nesta unidade, as retas e os planos e como olhar estes elementos de
plano β.
uma maneira geométrica.
Definimos também as equações paramétricas das retas e dos planos, bem como a
Para determinar a equação deste plano, você terá que achar um ponto e vetor normal do
equação simétrica da reta e a equação geral de um plano.
plano ϕ , ou dois vetores diretores do plano.
Foi bastante enfatizado que determinar a posição relativa entre as retas e os planos é, de
fato, muito importante, pois facilita a compreensão dos problemas e principalmente a sua
Como fazer isso?
resolução.
Esboce dois planos paralelos;
Mostramos também como determinar ângulos, interseções e distâncias entre as retas,
r
Represente o ponto C e o vetor normal nβ no plano β e os pontos A e P no plano ϕ ; entre retas e planos e entre planos.
Observe que, para definir o plano β , só falta determinar o vetor normal;
r r
Escolha como vetor normal do plano ϕ o mesmo do plano β , ou seja, nϕ = n β ;
Para determinar a distância entre estes planos, vamos de fato calcular um volume.
Represente o vetor AC ;
r r
Observe que, o vetor nβ pode representar o produto vetorial de dois vetores diretores v 1 e
r r r r
v 2 do plano β , ou seja, n β = v 1 × v 2 ;
r r
O volume será gerado pelos vetores v 1 , v 2 e AC , portanto o volume será o módulo do
produto misto:
r r r r r
V = [v 1, v 2 , AC ] = v1 × v 2 ⋅ AC = n β ⋅ AC = 4
137 138
Nesta unidade estudaremos e definiremos as cônicas, como por exemplo, circunferências,
elipses, hipérboles e parábolas, a partir das suas equações gerais dadas por equações do Definição: O lugar geométrico dos pontos (x, y) ∈ R 2 que satisfazem à equação do segundo grau
segundo grau em duas variáveis, usando ferramentas algébricas, como matrizes, determinantes,
em duas variáveis
polinômios característicos, autovalores e autovetores, introduzidos nesta unidade.
Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0
Faremos também uma introdução às superfícies quádricas, bem como serão exibidas
é chamado de cônica.
algumas superfícies de revolução, cilíndricas e cônicas, com o intuito de fazer o aluno olhar os
objetos ao seu redor e tentar ver que tipo de superfície se trata tal objeto e que é possível existir
uma equação associada a tal superfície. Observações: Da equação Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 , chamada de equação da cônica,
temos que:
2. Problematizando a Temática
• Pelos menos um dos números A , B e C é diferente de zero;
Na classificação da cônica, trataremos de modo algébrico a equação geral, para obter a • Os termos Ax 2 e Cy 2 são chamados de termos quadráticos;
cônica na forma reduzida, simplificando, desta maneira, a equação para a obtenção dos seus • O termo Bxy é chamado de termo quadrático misto;
elementos básicos (estudados na disciplina Matemática Básica IV). • Os termos Dx e Ey são os termos lineares e F é o termo independente;
Para a visualização das cônicas utilizaremos o programa Geogebra para exibir as cônicas,
• {
A cônica é o conjunto (x, y) ∈ R 2 Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 }
bem como resolver exercícios e interagir com as curvas, nele definidas, de maneira simples e
• Podemos escrever a equação Ax + Bxy + Cy + Dx + Ey + F = 0 na forma matricial
2 2
agradável.
Como desenhar uma quádrica, ou pelo menos, ter uma idéia de como a quádrica se (verifique):
A B 2 x x
encontra em um espaço tridimensional, sendo capaz de visualizar suas interseções com planos,
[x y ]. . y + [D E ]. y + F = 0
determinando qual curva, em duas dimensões, irá surgir nestes cortes. B 2 C
No caso das superfícies ficaremos a maior parte do tempo na identificação, compreensão e 1x 2 + 0xy + 0y 2 + 0x − 1y + 0 = 0 ;
esboço das superfícies quádricas, cônicas e cilíndricas, nas suas formas mais conhecidas, apesar
e) Um ponto (circunferência ou elipse degenerada): x 2 + y 2 = 0 , ou seja,
de também ser possível, usando o mesmo procedimento para as cônicas, classificar as quádricas.
1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;
3.2 Cônicas
f) Vazio (circunferência ou elipse degenerada): x 2 + y 2 + 1 = 0 , ou seja,
Vamos considerar, para o estudo das cônicas, o plano cartesiano, ou seja, o espaço de 1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y − 1 = 0 ;
139 140
1x 2 + 2xy + 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;
r é a reta diretriz Definição: Chamaremos de polinômio característico de uma matriz An × n ao polinômio definido
Onde r é o raio. c = FV
por:
p(λ ) = det( A − λIn )
5 − 2
Elipse Hipérbole Exemplo: Considere a matriz A = . O polinômio característico da matriz A será o
− 2 8
5 − 2 1 0 5 − λ − 2
determinante de A2× 2 − λI2 = − λ 0 1 = − 2 8 − λ , ou seja,
− 2 8
141 142
r
5−λ −2 Obtendo os autovetores v λ1 = ( x,−2 x ) , com x ≠ 0 . Logo, um autovetor unitário será dado
p( λ ) = det( A − λI 2 ) = = (5 − λ )(8 − λ ) − 4 = λ2 − 13λ + 36 .
−2 8−λ
r −1 2 1
por v λ2 = , , considerando x = − .
5 5 5
Definição: Chamaremos de autovalores de uma matriz An × n as raízes, caso existam, do
3.2.3 Classificando as cônicas
polinômio característico, ou seja, as soluções da equação:
p(λ ) = 0
Para a classificação e esboço das cônicas, devemos seguir os seguintes passos:
λ 0 u x vx
D= u e P=
5 − 2
Exemplo: Considere os autovalores λ1 = 4 e λ2 = 9 da matriz A = 0 λu u y v y
do exemplo
− 2 8
4) Escrever a nova equação a partir da equação vetorial, fazendo a mudança das variáveis x e
anterior. Logo, para o autovalor:
y por x1 e y1 , ou seja,
λ 0 x1 u x v x x1
5 − 2 x x 4x [x1 y1 ]. u . + [D E ]. . + F = 0
λ1 = 4 , temos: = 4 = 0 λu y1 u y v y y 1
1− 2 8 y {y 4y
4243 { r r
A X X 5) Esboçar o gráfico da cônica acima, considerando como eixos dados pelos autovetores u e v .
Que, após a multiplicação das matrizes, resulta no seguinte sistema homogêneo:
5 x − 2y = 4 x x − 2y = 0 Proposição: Considere a cônica definida pela equação Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 , λ1 e λ2
⇒ ⇒ x = 2y
− 2 x + 8 y = 4 y − 2 x + 4 y = 0
r A B 2
Obtendo os autovetores v λ1 = (2y , y ) , com y ≠ 0 . Logo, um autovetor unitário será dado os autovalores da matriz dos termos quadráticos M = , então:
B 2 C
r 2 1 1 a) λ1.λ2 = A.C − B 2 / 4 ;
por v λ1 = , , considerando y = .
5 5 5
b) Se λ1.λ2 > 0 , então a cônica é uma elipse, um ponto ou o conjunto vazio;
143 144
Observação: Só utilizaremos este método de classificação nos casos em que o coeficiente do 1x 2 + 2 y 2 + 1z 2 + 2 xy − 2yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z + 0 = 0 ;
termo quadrático misto for diferente de zero, pois caso contrário recai numa equação da forma
j) Um plano: (x − y)2 = 0 ⇔ x 2 + y 2 − 2 xy = 0 , ou seja,
reduzida, via completamento de quadrados e operações elementares algébricos (“continhas”).
Veja os exemplos em 3.4.1. 1x 2 + 1y 2 + 0 z 2 + 2 xy + 0yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z + 0 = 0 ;
k) Dois planos paralelos: (x + y + z)(x + y + z + 1) = 0 , ou seja,
3.3 Quádricas
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 2 xy + 2yz + 2 xz − 1x − 1y - 1z + 0 = 0 ;
Vamos considerar para o estudo das quádricas, o espaço tridimensional com o sistema de l) Dois planos concorrentes: (x + z)(x − z) = 0 ⇒ x 2 − z 2 = 0 , ou seja,
eixos coordenados dado na unidade 3. 1x 2 + 0 y 2 − 1z 2 + 0 xy + 0yz + 0 xz + 0x + 0y + 0 z + 0 = 0 ;
Definição: O lugar geométrico dos pontos (x, y, z) ∈ R3 que satisfazem à equação do segundo Observações:
grau em três variáveis • Pelos menos um dos coeficientes dos termos quadráticos é diferente de zero;
Ax + By + Cz + Dxy + Eyz + Fxz + Gx + Hy + Iz + J = 0
2 2 2
• De modo análogo à classificação das cônicas, as quádricas também podem ter as suas
é chamado de superfície quádrica ou simplesmente quádrica. equações modificadas para uma forma reduzida, via autovetores e autovalores, porém
esta classificação não será objeto de estudos nesta disciplina;
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 1 = 0 ;
O objetivo neste trabalho é, a partir da equação de uma quádrica Q , classificar, via
x 2 y 2 z2
b) Elipsóide: + + = 1 ⇔ 2x 2 + 3 y 2 + 3 z 2 = 6 , ou seja, interseções com planos, esboçar e dar o nome das mesmas. Para tanto, basta proceder da
3 2 2
seguinte forma:
2x 2 + 3 y 2 + 3 z2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z − 6 = 0 ;
e) Cone: x + y − z = 0 , ou seja,
2 2 2 classificar e observar quais são as características desta cônica em relação aos eixos paralelos
ao plano π n ;
1x + 1y − 1z + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z + 0 = 0 ;
2 2 2
3) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja um ponto ou vazia, deve-se encontrar
f) Cilindro: x 2 + y 2 − 1 = 0 , ou seja,
um outro plano α n paralelo ao plano π n , de tal forma que a interseção da quádrica com o
1x 2 + 1y 2 + 0 z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z − 1 = 0 ;
plano α n seja uma das cônicas conhecidas, voltando para o segundo item;
g) Um ponto: x 2 + y 2 + z 2 = 0 , ou seja,
4) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja uma circunferência, a superfície será
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z + 0 = 0 ;
de revolução, ou seja, gira em torno de uma reta perpendicular ao plano π n , passando pelo
h) Vazio: x 2 + y 2 + z 2 + 1 = 0 , ou seja, centro ou pelo vértice da quádrica;
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 1 = 0 ;
Veja alguns exemplos destes procedimentos em 3.4.2.
i) Uma reta: (x − y)2 + (y − z)2 = 0 ⇔ x 2 + 2y 2 + z 2 − 2 xy − 2yz = 0 , ou seja,
145 146
3.3.1 Esfera ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 1 : − + =1
a2 b2 c2
A esfera com centro C = ( x0 , y 0 , z0 ) e raio r é uma
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 1 : − + + =1
superfície dada pela equação a2 b2 c2
Q : ( x − x0 )2 + ( y − y 0 )2 + ( z − z0 )2 = r 2
Observações:
Observações: • Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
• A esfera é um caso particular de elipsóide; Figura 1 Esfera com centro na origem. positivos;
• Todos os coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são • Duas das interseções da quádrica QH 1 com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
circunferências. folha;
o Se a outra interseção for uma circunferência o nome será hiperbolóide circular (ou
3.3.2 Elipsóide de revolução) de uma folha;
• O “sobrenome” uma folha é para diferenciar do hiperbolóide de duas folhas (compare as
O elipsóide com centro C = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma figuras 3 e 4).
superfície dada pela equação
3.3.4 Hiperbolóide de duas folhas
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QE : + + =1
a2 b2 c2
O hiperbolóide de duas folhas com centro
C = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma superfície dada por uma das
Observações:
Figura 2 Elipsóide com centro na origem
equações abaixo:
• A esfera é um caso particular de elipsóide,
bastando considerar os valores a = b = c = r , na equação acima; ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 2 : − − =1
a2 b2 c2
• Todos os coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
positivos; QH 2 : − + − =1
a2 b2 c2
• Duas das interseções da quádrica QE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0 Figura 4 Hiperbolóide de duas folhas
com centro na origem
( x − x0 )
2
(y − y 0 ) ( z − z0 )
2 2
são elipses, por este motivo o nome é elipsóide; QH 2 : − − + =1
a2 b2 c2
o Se a outra interseção for uma elipse o nome será elipsóide elíptica;
o Se a outra interseção for uma circunferência o nome será elipsóide circular ou
Observações:
elipsóide de revolução.
• Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
3.3.3 Hiperbolóide de uma folha negativos;
• Duas das interseções da quádrica QH 2 com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
O hiperbolóide de uma folha com centro são hipérboles, por este motivo o nome é hiperbolóide;
C = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma superfície dada por uma das • A outra interseção é vazia, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja
equações abaixo: interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica;
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2 o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será hiperbolóide elíptico de duas
QH 1 : + − =1
a2 b2 c2 folhas;
Figura 3 Hiperbolóide de uma folha com o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será hiperbolóide circular
centro na origem
(ou de revolução) de duas folhas;
147 148
• O “sobrenome” duas folhas é para diferenciar do hiperbolóide de uma folha (compare as • Duas das interseções da quádrica QPE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
figuras 3 e 4). são parábolas, por este motivo o nome é parabolóide;
• A outra interseção são duas retas, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este,
3.3.5 Parabolóide elíptico
cuja interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica.
O parabolóide elíptico com vértice V = ( x0 , y 0 , z0 ) é • Esta nova interseção é uma hipérbole, logo o nome será parabolóide hiperbólico;
• Esta superfície também é conhecida como cela de cavalo.
uma superfície dada por uma das equações abaixo:
( x − x 0 )2 ( y − y 0 )2
QPE : ± ± = c( z − z0 )
a2 b2 3.3.7 Superfície cônica
( x − x0 )2 ( z − z0 )2
QPE :± ± = b( y − y 0 )
a2 c2 Uma superfície cônica é gerada por uma reta que
Figura 5 Parabolóide elíptico com
vértice na origem
( y − y 0 )2 ( z − z0 )2 se move ao longo de uma curva e passando por um ponto
QPE :± ± = a( x − x0 )
b2 c2 fixo, fora do plano da curva.
Vamos considerar a superfície cônica, ou
Observações: simplesmente cone, com vértice V = ( x0 , y 0 , z0 ) . Esta
• Os dois coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação possuem o superfície é dada por uma das equações abaixo:
mesmo sinal;
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QSC : + − =0
• Duas das interseções da quádrica QPE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0 a2 b2 c2 Figura 7 Cone com vértice na origem
149 150
3.3.8 Superfície cilíndrica Completando os quadrados para ( x 2 − 2 x ) e ( y 2 + 4 y ) temos:
A excentricidade é e = 5 / 3 < 1.
Como fazer isso?
Dividindo toda a equação por 144, temos: 3.4.1.3 C3 : 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 − 36 = 0
9 x 2 16 y 2 144 x2 y 2
− − =0⇒ − =1
144 144 144 16 9 Como fazer isso?
Observe que a equação na forma reduzida é uma Como a equação possui o termo quadrático misto,
hipérbole; vamos utilizar o procedimento, via autovalores e
2 2
Com centro na origem; Figura 9 Hipérbole: 9x - 16y - 144=0 autovetores, para determinar uma equação na
O eixo focal é o eixo x e o eixo imaginário é o eixo y ; forma reduzida em um novo sistema de eixos;
5 − 2 x x
Os focos são F1 = ( −5,0) e F2 = (5,0 ) ; equação na forma matricial é [x y ]. . y + [0 0]. y − 36 = 0 , ou simplesmente
− 2 8
Os vértices são A1 = ( −4,0 ) e A2 = ( 4,0) ;
5 − 2 x
A excentricidade é e = 5 / 4 > 1 . [x y ]. . − 36 = 0 ;
− 2 8 y
r r
3.4.1.2 C2 : 9 x 2 + 4 y 2 − 18 x + 16 y − 11 = 0 Para determinar os autovetores unitários u e v da matriz dos termos quadráticos
5 − 2
− 2 8 , temos que determinar o polinômio característico, que é dado por
Como fazer isso?
Colocando em evidência 9 x e 4 y na equação temos: 9( x 2 − 2 x ) + 4( y 2 + 4 y ) − 11 = 0 p(λ ) = λ2 − 13λ + 36 , logo os autovalores da matriz são λ1 = 4 e λ2 = 9 , portanto os
151 152
r 2 1 r −1 2 Escrevendo na nova forma matricial:
autovetores unitários são u = , e v = , respectivamente (ver exemplos
5 5 5 5 2 − 1
4 0 x1 20 80 5 . x1 + 4 = 0
anteriores); [x1 y1 ]. . + −
. 5
1 2 y1
0 9 y 1 5 5
2 − 1 5 5
4 0 5 5
Sejam as matrizes D = e P= 1 2 Temos a equação da cônica dada pela equação 4 x12 + 9 y12 − 8 x1 − 36 y1 + 4 = 0 no novo
0 9
5 5
sistema de eixos x1 e y1 . Transformando a equação e completando os quadrados,
Escrevendo
obtemos:
2 − 1
4 x12 + 9 y12 − 8 x1 − 36 y1 + 4 = 0
[x1 4 0 x1
y1 ]. 5 . x1 − 36 = 0
. y + [0 0 ].
5
0 9 1 1 2 y1 4( x12 − 2 x1 ) + 9( y12 − 4 y1 ) + 4 = 0
5 5
4[( x12 − 2 x1 + 1) − 1] + 9[( y 12 − 4 y1 + 4) − 4] + 4 = 0
4( x1 − 1)2 + 9( y1 − 2)2 − 36 = 0
Temos a equação da cônica dada pela equação 4 x12 + 9 y12 − 36 = 0 no novo sistema de
que, após uma simples divisão, obtemos a cônica na forma reduzida
eixos x1 e y1 , que após uma simples divisão, obtemos a cônica na forma reduzida
( x1 − 1)
2
( y − 2) 2
x12 y12 + 1 = 1 , que é uma elipse. Observe que o centro é C = (1,2) no sistema de
+ = 1, que é uma elipse (ver figura 2). 9 4
9 4
eixos x1 e y1 .
20 80
3.4.1.4 C4 : 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 + x− y +4=0 3.4.2 Quádricas
5 5
5 − 2 x 2 z2
Como é a mesma matriz dos termos quadráticos o Para o plano π 2 : y = 0 , a interseção Q1 I π 2 : + = 1 é uma elipse com eixo focal
do exemplo anterior, temos 4 25
− 2 8
paralelo ao eixo z ;
que o polinômio característico é dado por p(λ ) = λ2 − 13λ + 36 e os autovalores da matriz
x2 y 2
r 2 1 r −1 2 o Para o plano π 3 : z = 0 , a interseção Q1 I π 3 : + = 1 é uma circunferência de raio
são λ1 = 4 e λ2 = 9 e, portanto os autovetores unitários são u = 4 4
, e v = ,
5 5 5 5 2, logo a quádrica é uma superfície de revolução em torno do eixo z ;
respectivamente;
2 − 1
4 0 5 5
Considerando as matrizes D = e P =
0 9 1 2
5 5
153 154
Figura 13 Interseções da cônica com os planos coordenados Figura 15 Interseções da cônica com os planos
O nome da cônica Q1 é elipsóide circular ou elipsóide de revolução pois, nas interseções com O nome da cônica Q2 é hiperbolóide circular ou hiperbolóide de revolução, pois nas
os planos, surgiram duas elipses e uma circunferência; interseções com os planos surgiram duas hipérboles, vazio e circunferências;
Figura 14 Quádrica Q1: elipsóide circular Figura 16 Quádrica Q1: hiperbolóide circular de duas folhas
x2
z 2 quádricas de forma bastante simples, bastando apenas clicar nas figuras para movê-las.
o Para este novo plano β : y = 5 2 , a interseção Q2 I β : + = 1 é uma
4 4
circunferência de raio 2. Logo, a quádrica é uma superfície de revolução em torno do
eixo y ;
155 156
Referências Bibliográficas
CAMARGO, I., BOULOS, P., Geometria Analítica um tratamento vetorial, Pearson Prentice
Hall, 3a Edição.
Murdoch, D. Geometria Analítica. Ed.LTC.
Material didático elaborado pelo Departamento de Matemática/CCEN/UFPB.
Boldrini, J. L. et all. Álgebra Linear. 3a. ed. Rio de Janeiro: Harbra. 1986.
157