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Cálculo Vetorial e Geometria Analítica  Determinar as posições relativas, os ângulos, as distâncias, as interseções entre as

retas, entre as retas e os planos e entre os planos;


Prof. Sérgio de Albuquerque Souza
Curso de Licenciatura em Matemática – UFPBVIRTUAL
 Definir e classificar as cônicas nas formas reduzidas;
Correio eletrônico: sergio@mat.ufpb.br  Trabalhar com polinômios característicos, autovalores e autovetores;
Sítio: www.mat.ufpb.br/sergio
 Classificar uma cônica dada na forma geral;
Ambiente Virtual de Aprendizagem: Moodle www.ead.ufpb.br  Definir e classificar as quádricas, superfícies cilíndricas e cônicas.
Site da UFPBVIRTUAL www.virtual.ufpb.br
Site do curso www.mat.ufpb.br/ead
Telefone UFPBVIRTUAL (83) 3216 7257

Carga horária: 60 horas Créditos: 04 Projeto da Disciplina

Descrição do Curso A disciplina está estruturada em três Unidades Temáticas Integradas. Cada uma contém
itens e subitens que os remetem às outras unidades. Os temas abordados serão acompanhados
de uma exposição, uma animação, vídeos ou ilustrações, com indicação de textos de apoio e
Este curso irá introduzir conceitos e utilização de vetores, no espaço tridimensional, para a problematização das questões do texto. Para cada Unidade será aberta uma discussão no fórum
resolução de vários problemas geométricos como determinar, por exemplo, distâncias entre e proposta uma atividade de avaliação.
pontos, projeções, áreas e volumes. Para tais conceitos utilizaremos algumas ferramentas
algébricas, via resolução de sistemas lineares, matrizes e determinantes.
Depois da apresentação dos vetores, iremos utilizá-los como ferramenta para definir as Unidades Temáticas Integradas
retas e os planos através de suas equações e trataremos os problemas de posições relativas,
distâncias e ângulos entre retas, entre retas e planos e entre planos.
Mostraremos as cônicas nas suas formas reduzidas e paramétricas, para depois introduzir Unidade I Vetores
um método mais algébrico para a classificação das cônicas, usando autovalores e autovetores,
determinando, desta maneira, os novos eixos coordenados para a cônica. Introdução
Finalmente, as quádricas serão exibidas e classificadas a partir de suas equações Segmentos Orientados
reduzidas, mostrando o processo de construção tridimensional da mesma, através de cortes com Norma, direção e sentido
os planos coordenados. Vetores
Operações elementares com vetores
Soma
Objetivos Multiplicação por escalar
Combinação Linear
Dependência Linear
Ao final do curso você estará habilitado a: Ângulos entre vetores
 Compreender o conceito de vetores; Produtos entre vetores
 Ter uma compreensão espacial dos vetores; Produto Interno
 Operacionalizar vetores de forma geométrica e analítica; Produto Vetorial
 Compreender os resultados geométricos e numéricos associados às operações com Produto Misto
vetores; Vetores do R3 em coordenadas
 Definir as retas e os planos através de suas equações, obtidas utilizando-se vetores;
Exemplos

87 88
Unidade II Retas e Planos Superfície cônica
Superfície cilíndrica
Introdução Exemplos
O plano Cônicas
Por três pontos Quádricas
Por um ponto e dois vetores
Um ponto e um vetor perpendicular
A reta
Por dois pontos
Por um ponto e um vetor
Por dois planos
Posição relativa
Entre retas
Entre retas e planos
Entre planos
Ângulo
Nulo
Não nulo
Interseções
Vazia
Não vazia
Distâncias
Igual a zero
Diferente de zero
Exemplos

Unidade III Cônicas e Quádricas

Introdução
Cônicas
Forma reduzida
Autovalores e autovetores
Classificando as cônicas
Quádricas
Esfera
Elipsóide
Hiperbolóide de uma folha
Hiperbolóide de duas folhas
Parabolóide elíptico
Parabolóide hiperbólico
89 90
Unidade I Vetores 3.2 Segmentos Orientados

Definição: Dados dois pontos distintos A e B quaisquer, que determinam uma reta r, chamaremos
1. Situando a Temática de segmento AB , ao conjunto formado por todos os pontos da reta r entre A e B .

Nesta unidade estudaremos e definiremos vetores, bem como as operações com esses
Observação: Note que o segmento AB = BA . O segmento AA será considerado segmento nulo.
vetores, obtendo resultados geométricos e analíticos, utilizando como base os conceitos básicos
da trigonometria, como triângulos retângulos e suas relações.
O tratamento vetorial de vários problemas matemáticos e físicos simplifica a compreensão Definição: Um segmento orientado AB é definido por um segmento AB mais a escolha de um
e o estudo destes problemas, possibilitando a ampliação, generalização e confirmação dos dos seus extremos como ponto inicial e o outro como ponto final, ou seja, daremos uma
conceitos e definições existentes. orientação de como deve ser olhado o segmento.

2. Problematizando a Temática
Exemplo: Considere a figura do paralelepípedo da figura

Trataremos vários problemas geométricos, como por exemplo, área de um triângulo 1, o segmento orientado AB tem ponto inicial o ponto A e

qualquer, projeções, volume de um paralelogramo, perpendicularismo, paralelismo e ângulos, ponto final B.

utilizando as facilidades dadas pelas propriedades encontradas nos vetores e suas operações.
Observação: Note que o segmento orientado AB ≠ BA .
3. Conhecendo a Temática Figura 1 Paralelepípedo ABCDEFGH

Exercício: Considere o paralelepípedo da figura 1.


3.1 Introdução a) Verifique que existem 36 segmentos que podem ser definidos pelos pontos ABCDEFGH.
b) São 64 segmentos orientados?
O estudo de vetores iniciou-se no final do século XIX. Eles constituem os instrumentos
ideais para o desenvolvimento de muitos conceitos importantes nas várias áreas do 3.3 Norma, direção e sentido

conhecimento, como em Física e em Matemática.


Para efeito da definição e estudo de vetores, precisamos comparar um segmento orientado
Existem basicamente três maneiras de se introduzir o estudo de vetores:
a um outro, observando as três seguintes características:
• Geometricamente: os vetores são representados por segmentos de reta orientados
(setas) e as operações com eles são definidas geometricamente; • Norma: é o comprimento do segmento orientado AB , denotado por AB .

• Analiticamente: os vetores e correspondentes operações são descritos em termos de


• Direção: dois segmentos orientados AB e CD terão mesma direção se as retas que os
números, chamados componentes dos vetores. A descrição analítica resulta naturalmente
contém são coincidentes ou paralelas.
da descrição geométrica, desde que seja introduzido um sistema de coordenadas;
• Axiomaticamente: não se faz qualquer tentativa para se descrever um vetor ou as • Sentido: dois segmentos orientados AB e CD que tiverem a mesma direção e não forem

operações algébricas com vetores. Neste caso, vetores e operações vetoriais são colineares, têm o mesmo sentido quando AC I BD = { } , caso contrário têm sentidos
considerados conceitos não definidos, relativamente aos quais se sabe apenas que eles
opostos. Os segmentos orientados AB e CD colineares têm o mesmo sentido, quando um
satisfazem certo conjunto de axiomas. Tal sistema algébrico, com axiomas apropriados,
outro segmento auxiliar A' B' não colinear com CD e no mesmo sentido de AB , satisfaz
chama-se espaço vetorial. Em todos os ramos da Matemática se encontram espaços
vetoriais e eles são apresentados em cursos de Álgebra Linear. A' C I B' D = { }

Nesta unidade, inicialmente introduzimos vetores geometricamente de modo construtivo e Exemplo: Considere a figura do paralelepípedo da figura 1:
já apelando para a visualização do mesmo, dentro do espaço tridimensional. Depois, utilizamos o
método analítico e geométrico para introduzir outros conceitos e operações.
91 92
a) Os segmentos orientados BG , GB , FC , CF , AH , HA , ED e DE possuem a mesma Observações:

norma; • Note que, com as propriedades de eqüipolência, podemos construir em qualquer local do
espaço tridimensional, um segmento eqüipolente a um outro segmento dado qualquer.
b) Os segmentos orientados AB , EF , DC e HG possuem o mesmo sentido;
• Toda relação que é reflexiva, simétrica e transitiva é chamada de relação de equivalência,
c) Os segmentos orientados AB , BA , EF , FE , DC , CD , HG e GH possuem a mesma logo a eqüipolência é uma relação de equivalência.
direção;
3.4 Vetores

Definição: Diremos que dois segmentos orientados MN e PQ, não nulos, são eqüipolentes se os
Vamos considerar como vetor, um representante da classe dos segmentos orientados
segmentos tiverem a mesma norma, mesma direção e mesmo sentido, e representaremos essa
eqüipolentes a um segmento orientado dado qualquer, ou seja, o vetor não é um segmento
relação com MN~ PQ. orientado (conjunto de pontos) específico, mas um representante dos segmentos orientados que
tem a mesma direção, mesmo sentido e mesmo comprimento de um segmento dado.
Observação: Todos os segmentos nulos são eqüipolentes entre si, ou seja, AA ~ BB .
Observações:

Exemplo: No exemplo anterior, temos que o segmento orientado: • O vetor determinado pelo segmento orientado AB será representado por AB , ou por uma
r
a) AB é eqüipolente aos segmentos DC, EF e HG ; letra minúscula a .

b) AE é eqüipolente aos segmentos BF , CG e DH ; • Vale reforçar que o segmento orientado AB é um conjunto de pontos, enquanto o vetor

c) AD é eqüipolente aos segmentos BC, EH e FG ; AB é um representante de um conjunto de vetores eqüipolentes ao segmento orientado

AB .
d) AF é eqüipolente ao segmento DG apenas;

e) AH é eqüipolente ao segmento BG ;
Definição: O vetor determinado por todos os segmentos orientados nulos, será chamado de vetor
f) AC é eqüipolente ao segmento EG ; r
nulo, denotado por 0 .
g) AG é eqüipolente apenas a ele, pois não é eqüipolente a nenhum dos outros segmentos
formado por esses pontos. r
Definição: Um vetor a qualquer é chamado de vetor unitário, se a sua norma for igual a um, ou
r
seja, || a ||= 1 .
Exercício: Encontrar todos os segmentos orientados eqüipolentes, que podem ser formados com
os pontos da figura 1. r r r
Exemplo: Da figura 2, considere os vetores u , v e w ,
como sendo representantes da classe dos segmentos
Propriedade: Dados três segmentos orientados quaisquer MN, PQ e RS temos em relação à
eqüipolência que: orientados eqüipolentes a AB , AC e AD
respectivamente, logo:
r
a) u pode ser representado por um dos elementos do
PE1 Propriedade reflexiva: PQ~ PQ

PE2 Propriedade simétrica: Se MN~ PQ então PQ~ MN.


{
conjunto AB, DC, EF, HG ; } Figura 2 Paralelepípedo ABCDEFGH
r
b) v por um dos elementos do conjunto

{AD, BC, FG, EH};


PE3 Propriedade transitiva: Se MN~ PQ e PQ~ RS então MN~ RS.
Desafio: Quantos e quais são os
PE4 Propriedade do paralelogramo: Se MN~ PQ então MP~ NQ vetores que podem ser
r
c) w por um dos elementos do conjunto representados na figura 2

{AE, BF, CG, DH};


PE5 Dado um ponto qualquer P, é possível determinar outro ponto Q de tal forma que MN~ PQ. acima?

93 94
r
ou seja, como representantes temos que os vetores são iguais, isto é u = AB = DC = EF = HG ,
r r r
( )
(u + v ) + w = AB + BC + CD = AC + CD = AD e
r r
v = AD = BC = FG = EH e w = AE = BF = CG = DH .
r r r
( )
u + (v + w ) = AB + BC + CD = AB + BD = AD

3.5 Operações elementares com vetores r r r


Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w (verifique os seguintes resultados!)

3.5.1 Soma a) AB + EH = AC

b) HG + EH = AC
r r
A soma de dois vetores u e v quaisquer, é obtida graficamente, da seguinte maneira (ver
c) BC + AE + HG = AG
figura 3):
d) AB + DA + HD = HB
Escolha um ponto qualquer A;
 Do ponto A construa um outro representante para o 3.5.2 Multiplicação por escalar
r r
vetor u , ou seja, u = AB ;
r
 Do ponto B construa um outro representante para o Definição: A multiplicação de um vetor a , não nulo, por um escalar α ∈ R , é o vetor,
r r r r r
vetor v , ou seja, v = BC ; representado por αa , que tem mesma direção do vetor a , norma igual a | α | . || a || , mesmo
r r
r r Figura 3 Soma dos vetores u e v sentido, se α > 0 e, se α < 0 , sentido oposto.
 O vetor soma u + v será representado pelo vetor AC .

r r r r r
Propriedade: Dados três vetores u , v e w quaisquer, temos que: Observação: Qualquer vetor multiplicado por α = 0 será o vetor nulo, ou seja, 0a = 0 e qualquer
r r
valor α ∈ R multiplicado pelo vetor nulo será o vetor nulo, isto é α 0 = 0 .
r r r r
PS1 Propriedade comutativa: v + u = u + v
Da figura 3, temos que: As operações aritméticas comuns também são idênticas com as operações de
r r multiplicação de escalar por vetores, que seguem nas propriedades exibidas a seguir.
u + v = AB + BC = AC
r r
v + u = AD + DC = AC r r
Propriedade: Dados os vetores u e v quaisquer e os números α , β ∈ R , temos que:

r r r r r
PS2 Elemento neutro da soma: u = u + 0 = 0 + u
PME1 Propriedade distributiva do escalar em relação à soma de vetores:
Da figura 3, temos que: r r r r
α (u + v) = αu + αv
r r
u + 0 = AB + BB = AB
PME2 Propriedade distributiva do vetor em relação à soma dos escalares:
r r r r r
0 + u = AA + AB = AB (α + β )u = αu + βu
PME3 Elemento neutro da multiplicação por escalar:
r r r r r r r
PS3 Elemento oposto: u + (-u) = 0 = − u + u 1.u = u
r r r
Da figura 3, temos que: PME4 (αβ )u = α ( β u) = β (αu)
r r
u + ( −u) = AB + BA = AA
r r Observação: Um conjunto qualquer onde são definidas duas operações, normalmente
( −u) + u = BA + AB = BB
denominadas de soma e multiplicação, e que satisfazem as propriedades da soma PS1, PS2,
PS3, PS4 e as propriedades da multiplicação por escalar PME1, PME2, PME3 e PME4 é
PS4 Propriedade associativa:
r r r r r r chamado de espaço vetorial. Os elementos desse conjunto são chamados de vetores (este tema
(u + v ) + w = u + (v + w ) r r r
Figura 4 Soma dos vetores u , v e w será abordado no próximo semestre na disciplina Introdução à Álgebra Linear).
Da figura 4, temos que:

95 96
1r r r r 3.6 Combinação Linear
Exemplo: Na figura 5, observe os vetores a , 2a , − 3a e a .
2
r
Definição: Diremos que um vetor a é uma combinação linear dos (é gerado pelos) vetores
r r r r r
b1 , b2 , b3 , K , bn se existirem números reais α1 , α 2 , α 3 , K , α n , tais que o vetor a possa ser
formado pela soma:
r r r r r
a = α1b1 + α 2b 2 + α 3b3 + L + α n bn

r
Observação: Os números α1 , α 2 , α 3 , K , α n são chamados de coeficientes do vetor a em
1 r, r, r r
Figura 5 Vetores a 2a − 3a e a r r r r
2 relação aos vetores b1 , b2 , b3 , K , bn .

Exemplo: Considere um triângulo ABC qualquer, e os pontos D e E como pontos médios dos r r r
Exemplo: Da figura 6, considerando os vetores u , v e w do triângulo, temos:
r r r
segmentos AB e BC respectivamente e u = AB , v = BC e w = AC , como exemplificado no r r 1r 1r
a) DE é uma combinação linear dos vetores u e v , pois DE = u + v ;
triângulo da figura 6, logo: 2 2
r r r r r r r r r
a) u + v = w ; b) w é uma combinação linear dos vetores u e v , pois w = 1u + 1v ;
1r 1r r r
b) AD = DB = u e BE = EC = v , pois D e E são pontos médios; c) w é uma combinação linear do vetor DE , pois w = 2DE ;
2 2
1 1 r 1r 1r 1 r r 1 r r r r
c) DE = AC = w , pois DE = DB + BE = u + v = (u + v ) = w , ou seja, além de mostrar Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos:
2 2 2 2 2 2
r r r r r r
a) AG é uma combinação linear dos vetores u , v e w , pois AG = 1u + 1v + 1 w ;
que o segmento DE é paralelo ao segmento AC , mostramos também que o segmento DE
r r r r r r
tem a metade do comprimento do segmento AC . b) BE é uma combinação linear dos vetores u , v e w , pois BE = −1u + 0v + 1 w ;
r r r r
c) BE é também uma combinação linear dos vetores u e w , pois BE = −1u + 1 w ;
r r
d) BE não é uma combinação linear dos vetores u e v pois, para determinar o vetor é
r
necessário usar o vetor w .

r r r
Exercício: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , verifique que:
r r r
a) BG é uma combinação linear dos vetores u , v e w ?
r r
b) BG é uma combinação linear dos vetores v e w ?
Figura 6 Triângulo ABC e quadrilátero FGHI r r r
c) CE é uma combinação linear dos vetores u , v e w ?

Exemplo: Dado um quadrilátero FGHI qualquer e pontos J, K, L e M como pontos médios dos 3.7 Dependência Linear

segmentos FG , GH , HI e IF respectivamente, exemplificado como na figura 6, então JK = ML r r r r


Definição: Diremos que os vetores b1 , b2 , K , bi , K , bn , são linearmente dependentes (LD), se
e JM = KL , ou seja, JKLM é um paralelogramo. r
um dos vetores, por exemplo, bi for cominação linear dos outros n − 1 vetores, caso contrário,

r r r 1 r diremos que são linearmente independentes (LI).


Exemplo: Dado um vetor a ≠ 0 qualquer, o vetor u = r a é unitário, ou seja, sua norma é igual
|| a ||

r 1 r 1 r 1 r
a 1, pois || u ||= r a = r || a ||= r || a ||= 1 .
|| a || || a || || a ||

97 98
Apesar da definição de dependência linear ser geral, no nosso texto trabalharemos no A vantagem de se trabalhar em uma base ortonormal é que a mesma facilita a visualização
máximo no espaço tridimensional, portanto teremos algumas relações geométricas, visíveis, em tridimensional (pense na quina do chão de sua sala), bem como as futuras operações algébricas
relação à dependência linear, quais sejam: que surgirão no decorrer da disciplina.
r r
• Dois vetores u e v são LD se os mesmos tiverem a mesma direção, ou seja, se um for
r r r r r r
múltiplo do outro: u = αv ; Teorema: Os vetores b1 , b2 , b3 , K , bn são linearmente independentes (LI) se, e somente se, a
r r r
• Três vetores u , v e w são LD se são paralelos a um plano; equação
• Quatro vetores são sempre LD no espaço tridimensional. r r r r r
α1b1 + α 2b2 + α 3b3 + L + α nbn = 0

r r r possuir como única solução α1 = 0 , α 2 = 0 , α 3 = 0 , K , α n = 0 , ou seja, apenas a solução trivial.


Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos que os vetores:

a) AB , AC e AD são LD;
Demonstração: Na demonstração deste teorema, usaremos o método da redução ao absurdo, ou
b) AB e DC são LD; seja, nega-se a tese e chega-se a uma contradição.
r r r
c) u , v e w são LI (verifique!);
r r r r
 Hipótese: Vamos supor que os vetores b1 , b2 , K , bi , K , bn são LI.
r r r r r r r r
Definição: Diremos que o conjunto {a1, a2 ,K, an } é uma base para o R n (espaço com n Se a equação α1b1 + α 2b 2 + L + α i bi + L + α nbn = 0 possuir uma solução não trivial, ou seja,
r r r r
dimensões) se a1 , a2 , K , an forem vetores LI de R n . um dos coeficientes não é nulo α i ≠ 0 ( 1 ≤ i ≤ n ). Neste caso, temos bi com a seguinte
r α r α r α r α r
r r r combinação linear bi = − 1 b1 − 2 b 2 − 3 b3 − L − n bn o que é um absurdo, pois por
Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos que: αi αi αi αi
r r
a) {u, v , w } é uma base do R 3 , pois são 3 vetores LI no espaço tridimensional; hipótese os vetores são LI.

b) { AC, AF , AH } é uma base do R 3 , pois são 3 vetores LI no espaço tridimensional; r r r r r


r  Hipótese: Vamos considerar que a equação α1b1 + α 2b 2 + L + α i bi + L + α nbn = 0 só admita a
c) {u, v } não é uma base do R 3 , pois é um conjunto com apenas 2 vetores;
solução trivial α1 = α 2 = L = α i = L = α n = 0 .
r
d) {u,v , AC } não é uma base do R 3 , pois são 3 vetores LD; r r r r r
Se um dos vetores bi ≠ 0 for combinação linear dos n − 1 vetores b1 , b2 , K , bn , teremos
r r
e) {u,v ,w , AG } não é uma base do R 3 , pois é um conjunto com 4 vetores. r r r r
bi = β1b1 + β 2b 2 + L + β nbn , logo podemos escrever a igualdade:
r r r r r
r r r β1b1 + β 2b2 + L + ( −bi ) + L + β n bn = 0
Definição: Uma base {a1, a 2,K, an } para o R n é chamada de base ortogonal se dois a dois os
ou seja, β1 , β 2 , K , β i = −1 , K , β n também é uma outra solução da equação, o que é um
seus vetores são ortogonais e de base ortonormal se além de ser ortogonal, os seus vetores são
absurdo pois, por hipótese, a equação só admite a solução trivial.
unitários, ou seja, de norma igual a 1.

r r r Observação: Note que a solução trivial α1 = α 2 = L = α i = L = α n = 0 é sempre solução para a


Exemplo: Da figura 3, considerando os vetores u , v e w , temos que: r r r r r
r r equação, pois 0b1 + 0b 2 + 0b 3 + L + 0bn = 0 , mas a força do teorema é a exigência da solução ser
a) {u, v , w } é uma base ortogonal do R 3 , pois seus vetores são perpendiculares dois a dois;
r r única.
 u v w 
b)  r , , r  é uma base ortonormal do R 3 , pois perpendiculares dois a dois e
|| u || || v || || w || 
unitários.
{ }
Exercício: Da figura 2, verifique que AC, AF, AH também é uma base do R 3 .

{ }
Solução: Para verificar que AC, AF, AH é base, basta ver que são 3 vetores LI em R 3 . A
quantidade de vetores está óbvia e para mostrar que são LI utilizaremos o teorema acima, mas
para tanto utilizaremos dois fatos:

99 100
r r r
 Os vetores u , v e w são LI, pois não são paralelos a um plano, temos pelo teorema 3.9 Produtos entre vetores
r r r r
acima que uma equação α1u + α 2 v + α 3 w = 0 possui solução única α1 = α 2 = α 3 = 0 .
r r r Deste momento em diante, estaremos sempre trabalhando no espaço tridimensional R 3 ,
 Os vetores AC , AF e AH são combinações lineares dos vetores u , v e w podemos
porém algumas idéias também podem ser expandidas para dimensões maiores, que serão
r r r r r r r r r
escrevê-los da forma: AC = 1u + 1v + 0 w , AF = 1u + 0 v + 1w e AH = 0u + 1v + 1w . tratadas na disciplina Álgebra Linear.
Vamos montar a equação exigida no teorema e verificar que a equação Os produtos entre vetores são operações que trazem um apelo geométrico bem
r
β1 AC + β2 AF + β3 AH = 0 possui solução única. De fato: interessante e que serão muito úteis na compreensão das definições, propriedades e resoluções
r de alguns problemas, pois estes produtos estão relacionados com as grandezas comprimento
β1 AC + β 2 AF + β 3 AH = 0
r (produto interno), área (produto vetorial) e volume (produto misto), gerado por vetores em certas
r r r r r r r r r
β1(1u + 1v + 0 w) + β 2 (1u + 0 v + 1w ) + β 3 (0u + 1v + 1w ) = 0 condições.
r r r r r r r
β1(u + v) + β 2 (u + w ) + β 3 (v + w ) = 0
3.9.1 Produto Interno
r r r r
( β1 + β 2 )u + ( β1 + β 3 )v + ( β 2 + β 3 )w = 0
Note que a última equação acima possui solução única, ou seja, O produto interno está muito relacionado com uma medida de uma dimensão, um
( β1 + β 2 ) = 0 , ( β1 + β 3 ) = 0 e ( β 2 + β 3 ) = 0 comprimento, seja olhando como o tamanho de uma projeção de um vetor em relação a um outro,

O que resulta em um sistema de três equações e três incógnitas: seja vendo como o comprimento de um vetor qualquer.

 β1 + β 2 = 0
 r r
 β1 + β3 = 0 , Definição: O produto interno entre dois vetores a e b não nulos, é o número denotado por
 β2 + β3 = 0 r v
 a ⋅ b e definido pela expressão:
cuja solução é a trivial e única β1 = β 2 = β 3 = 0 . r v r v r v
a ⋅ b =|| a || . || b || . cos(a, b )

Observação: Este número, produto interno,


3.8 Ângulos entre vetores
aparentemente vindo do nada, na realidade surge de uma

Definição: Vamos considerar o ângulo entre dois vetores simples razão trigonométrica em um triângulo retângulo
r r ABC (ver figura 8), dada por c = a. cos(θ ) ou
a e b , não nulos, como sendo a medida θ do menor
r r c cateto adjacente
ângulo entre dois representantes dos vetores a e b , tendo cos(θ ) = = .
a hipotenusa
ambos o mesmo ponto 0≤θ ≤π
inicial, onde r Figura 8 Triângulos ABC e DEF
r r Considerando unitário o vetor b , temos do triângulo DEF
( 0 ≤ θ ≤ 180 ). Denotaremos essa medida por (a, b ) = θ .
o o
r
r r r v r v
r
Figura 7 Ângulo entre os vetores a e b
r que a norma do vetor DF é DF =|| a || ⋅ cos(θ ) =|| a || ⋅ || b || ⋅ cos(a,b) = a ⋅ b , ou seja, podemos ver
r
este número como sendo o comprimento da projeção do vetor a em relação à direção do vetor
r r
Note que, independente da escolha dos representantes dos vetores a = AC = DF e unitário b .
r ) )
b = AB = DE (ver figura 7), a medida θ do ângulo CAB é igual à medida θ do ângulo FDE ,
pois:
• a reta definida pelos pontos A e C é paralela à reta definida pelos pontos D e F e
• a reta definida pelos pontos A e B é paralela à reta definida pelos pontos D e E.

Figura 9 Paralelepípedo ABCDEFGH com medidas 5x2x3

101 102
r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então:
r r r r r r r r r r r r
a) u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) = 1.1. cos(90 o ) = 0 PPI3 α (u ⋅ v ) = (αu ) ⋅ v = u ⋅ (αv )
r r r r r r
b) v ⋅ w =|| v || . || w || . cos(v ,w ) = 1.1. cos(90o ) = 0 • Se α > 0 , temos que:
r r r r r r r r r r r r
r r r r r r α (u ⋅ v ) = α || u || . || v || . cos(u,v ) =|| αu || . || v || . cos(αu,v ) = (αu ) ⋅ v ;
c) w ⋅ u =|| w || . || u || . cos(w , u ) = 1.1. cos(90 o ) = 0
r r r r r r • Se α < 0 , temos que:
d) u ⋅ u =|| u || . || u || . cos(u, u ) = 1.1. cos(0o ) = 1 r r r r r r r r r r r r
α (u ⋅ v ) = α || u || . || v || . cos(u,v ) =| α | . || u || . || v || . cos(αu,v ) = (αu ) ⋅ v , pois
r r r r r r
e) ( −u ) ⋅ u =|| −u || . || u || . cos( −u, u ) = 1.1. cos(180 o ) = −1 r r r r
cos(αu,v ) = − cos(u,v ) . (Faça um esboço e verifique este fato)
r r r r r r
f) (5u ) ⋅ ( 2v ) =|| 5u || . || 2v || . cos(5u,2v ) = 5.2. cos(90 o ) = 0
r r r r r r
g) AB ⋅ AD =|| AB || . || AD || . cos( AB, AD ) = 5.2. cos(90o ) = 0 PPI4 u ⋅ u =|| u ||2 ou || u ||= u ⋅ u
r r
h) AE ⋅ AD =|| AE || . || AD || . cos( AE, AD ) = 3.2. cos(90o ) = 0 Como a medida angular entre os vetores u e u é zero, da definição temos:
r r r r r r r r
u ⋅ u =|| u || . || u || . cos(u , u ) =|| u || 2 . cos 0 o =|| u || 2
r r r
Exercício: Encontre os produtos internos de todas as combinações entre os vetores u , v e w da
figura 9, bem como de seus opostos. r r r
Exercício: Supondo que || u ||= 3 , || v ||= 2 e que 30o é medida do ângulo entre os vetores u e
r r r r r
r r r v , determine u ⋅ v e || 3u - 2v || .
Propriedades: Dados três vetores u , v e w quaisquer e os números α , β ∈ R , temos:
Solução:
r r r r r r
r r r r • Como u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) , temos que:
PPI1 Propriedade comutativa: u ⋅ v = v ⋅ u
r r r r r r
Como as medidas angulares entre os vetores u e v são iguais, ou seja, (u,v ) = (v , u ) , da
r r
u ⋅v = ( 3 ).(2). cos(30 ) = 2
o
3
2
3 2 3 3
=
2
= 1 .3 = 3
definição temos: r r r r r r
r r r r r r r r r r r r • Como || 3u - 2v ||2 = (3u - 2v ) ⋅ (3u - 2v ) e
u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) =|| v || . || u || . cos(v , u ) = v ⋅ u
r r r r r r r r
(3u - 2v ) ⋅ (3u - 2v ) =|| 3u || 2 −2(3u) ⋅ ( 2v )+ || 2v || 2 =
r r r r
= 9 || u || 2 −12(u ⋅ v ) + 4 || v ||2 = 27 − 36 + 16 = 7
PPI2 Propriedade distributiva do produto interno em
r r
relação à soma: temos que: || 3u - 2v ||= 7
r r r r r r r
u ⋅ (v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w
r r r
Considerando o vetor u como sendo unitário e os Exemplo: Com base nestas propriedades e considerando os vetores unitários e ortogonais u , v
r r r
vetores v e w , como na figura 10, temos que: e w da figura 9, temos:
r r r r r r r r r r r
Figura 10 Propriedade PPI2 a) AB ⋅ AC = (5u ) ⋅ (5u + 2v ) = (5u ⋅ 5u ) + (5u ⋅ 2v ) = 25(u ⋅ u ) + 10(u ⋅ v ) =
r r r r r r r r r
• AB1 =|| v || . cos(u, v ) =|| u || . || v || . cos(u, v ) = u ⋅ v AB ⋅ AC = 25 × 1 + 10 × 0 = 25
r r r r r r r r r r r r r r r
• B1C1 =|| w || . cos(u, w ) =|| u || . || w || . cos(u, w ) = u ⋅ w b) AG ⋅ AG = (5u + 2v + 3w ) ⋅ (5u + 2v + 3w ) =

= [5u ⋅ (5u + 2v + 3w )] + [2v ⋅ (5u + 2v + 3w )] + [3w ⋅ (5u + 2v + 3w )] =


r r r r r r r r r r r r
r r r r r r r r r r r r r r
• AC1 =|| v + w || . cos(u, v + w ) =|| u || . || v + w || . cos(u, v + w ) = u ⋅ (v + w )
= [5u ⋅ 5u + 5u ⋅ 2v + 5u ⋅ 3w ] + [2v ⋅ 5u + 2v ⋅ 2v + 2v ⋅ 3w ] +
r r r r r r r r r r r r

+ [3w ⋅ 5u + 3w ⋅ 2v + 3w ⋅ 3w )] =
r r r r r r
r r r r r r r
Como AC1 = AB1 + B1C1 , concluímos que u ⋅ (v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w .
= [25(u ⋅ u ) + 10(u ⋅ v ) + 15(u ⋅ w )] + [10(v ⋅ u ) + 4(v ⋅ v ) + 6(v ⋅ w )] +
r r r r r r r r r r r r

+ [15(w ⋅ u ) + 6(w ⋅ v ) + 9(w ⋅ w )] =


r r r r r r
Exercício: Mostre que a propriedade acima também é válida quando pelo menos um dos ângulos
r r r r = [25(1) + 10(0) + 15(0)] + [10(0 ) + 4(1) + 6(0 )] + [15(0) + 6(0 ) + 9(1)] =
( u , v ) ou ( u , w ) é maior que 90o.
= [25 + 0 + 0 ] + [0 + 4 + 0] + [0 + 0 + 9] = 38

103 104
r r r r r r
c) AG = AG ⋅ AG = 38 Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w e CE = −5u − 2v + 3w , usando a proposição acima, temos

r r r r r r AG ⋅ CE = (5).( −5 ) + (2).( −2) + (3).(3 ) = −25 − 4 + 9 = −20 , como já havíamos calculado


d) AG ⋅ CE = (5u + 2v + 3w ) ⋅ ( −5u − 2v + 3w ) =

= [5u ⋅ ( −5u ) + 5u ⋅ ( −2v ) + 5u ⋅ 3w ] + [2v ⋅ ( −5u ) + 2v ⋅ ( −2v ) + 2v ⋅ 3w ] +


r r r r r r r r r r r r anteriormente.

+ [3w ⋅ ( −5u ) + 3w ⋅ ( −2v ) + 3w ⋅ 3w ] =


r r r r r r
3.9.2 Produto Vetorial
= [− 25(u ⋅ u ) − 10(u ⋅ v ) + 15(u ⋅ w )] + [− 10(v ⋅ u ) − 4(v ⋅ v ) + 6(v ⋅ w )] +
r r r r r r r r r r r r

+ [− 15(w ⋅ u ) − 6(w ⋅ v ) + 9(w ⋅ w )] =


r r r r r r
O produto vetorial entre dois vetores é um vetor cuja norma está relacionada,
= [− 25(1) − 10(0 ) + 15(0)] + [− 10(0) − 4(1) + 6(0)] + geometricamente, com uma medida em duas dimensões, ou seja, uma área. O fato de o produto
+ [− 15(0 ) − 6(0 ) + 9(1)] = vetorial não ser o vetor nulo será um indicativo, por exemplo, de que:
= [− 25 − 0 + 0] + [− 0 − 4 + 0] + [− 0 − 0 + 9] = −25 − 4 + 9 = −20  Três pontos, que definem dois vetores, formam um triângulo, ou seja, não são colineares;
 A distância entre duas retas paralelas é positiva (unidade 3);
e) Os vetores AG e CE estão representados por duas diagonais internas, da definição do
produto interno para esses vetores, temos:

( )
Além disso, o produto vetorial tem muitos usos em Física como campo magnético, torção, etc.
AG ⋅ CE =|| CE || . || AG || . cos AG, CE

– 20 = 38 . 38 . cos AG, CE ( ) r r r r
Definição: O produto vetorial entre dois vetores a e b não nulos, é o vetor denotado por a × b ,

(
cos AG, CE = ) − 20
=
− 20 − 10
= ≈ −0,526
definido pelas seguintes características:
38. 38 38 19 • Direção:
r r r r r r r r
Portanto podemos calcular o ângulo entre as diagonais (vetores), como Perpendicular aos vetores a e b , ou seja, a × b ⊥ a e a × b ⊥ b ;
(AG, CE ) = arccos(−0,526) ≈ 122 o
• Norma:
r r r r r r
|| a × b ||= || a || . || b || sen(a, b )
Exercício: Demonstre o teorema de Pitágoras para um triângulo retângulo qualquer (ver o • Sentido:
triângulo ABC figura 8) r r r r
É dado pela regra da mão direita que é equivalente, algebricamente a {a, b, a × b } ser
r r r v
Solução: Considere os vetores c = AC e b = CB , portanto o vetor AB = c + b , calculando a
uma base positiva do R 3 .
norma ao quadrado do vetor AB (hipotenusa ao quadrado), temos:
2 r v 2 r v r v r r r v v v r2 r v v 2
Observações:
AB = c +b = (c + b ) ⋅ (c + b ) = c ⋅ c + 2c ⋅ b + b ⋅ b = c + 2c ⋅ b + b
r Analisando a figura 11 em relação à definição do produto vetorial,
r r v
como o triângulo é retângulo, os vetores c e b são perpendiculares, portanto c ⋅ b = 0 , o que • Note que apenas com a direção teríamos uma infinidade de vetores para representar o
resulta em: r r
vetor a × b , pois qualquer vetor AD , onde D ∈ r , satisfaz a direção exigida, onde r é a
r v 2 r 2 v 2
c +b = c + b ⇔ a2 = b2 + c 2 reta que contém o ponto A e é perpendicular aos
r r
vetores a e b ;
r r r r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal {u, v , w } , se a = xau + y av + zaw e b = xbu + y bv + zbw , • Com a característica da norma, teríamos duas
r r
r r possibilidades para o vetor a × b , ou seja, o vetor
então o produto interno entre os vetores a e b é:
r r AD e o vetor AE , desde que estes tenham a
a ⋅ b = xa xb + y a y b + za zb .
r r
norma igual a a × b ;
Figura 11 Produto Vetorial
r r r r
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule AG ⋅ CE . • Para que o vetor a × b seja bem definido, teremos

105 106
que escolher um deles. A escolha será feita usando a regra da mão direita, exibida no
r r r r r
tópico a seguir, mas já adiantando o vetor a × b é o vetor AD . Propriedades: Dados três vetores u , v e w quaisquer e o número α ∈ R , temos que:

• Note que o vetor AE , tem mesma direção, mesmo comprimento, mas sentido oposto, logo r r r r
r r r r PPV1 u × v = −(v × u ) segue da definição;
este vetor é o oposto do vetor a × b , ou seja, AE = −(a × b ) . r r r r r r
PPV2 α (u × v ) = (αu ) × v = u × (αv )
r r r r r r r
3.9.2.1 Regra da mão direita PPV3 Propriedade distributiva: u × (v + w ) = u × v + u × w e
r r r r r r r
(u + v ) × w = u × w + v × w
A regra da mão direita serve informalmente para definir se três vetores LI formam uma
base positiva ou orientação positiva e, no nosso caso em particular, para determinar o sentido do r r r
r r Exercício: Encontre os produtos vetoriais de todas as combinações entre os vetores u , v e w
vetor a × b .
da figura 9, bem como de seus opostos.
Esta regra consiste em usar a mão direita e os dedos desta mão da seguinte maneira,
conforme a figura 12: Observações:
 Posicionar o dedo indicador na direção e sentido
• Geometricamente o número associado à norma
r
do vetor a (primeiro vetor); r r
|| a × b || é exatamente a área do paralelogramo
 Posicionar o dedo médio na direção e sentido do r r
r formado pelos vetores a e b , conforme a figura
b (segundo vetor); Figura 13 Área do Paralelogramo ABCD
r r 13.
 O polegar indicará qual sentido o vetor a × b deve
Basta observar que a área de um paralelogramo qualquer é sempre comprimento da base
ter, que será necessariamente perpendicular aos
Figura 12 Regra da mão direita vezes a altura. Logo, no caso do paralelogramo ABCD formado pelos vetores, a área é
r r
vetores a × b , por definição.
dada por A = base × altura = AB . DE , onde do triângulo retângulo ADE temos a seguinte

r r r r r r relação:
Caso tenhamos três vetores a , b e c , tendo c a mesma direção de a × b mas sentido oposto, r r r
dizemos que a orientação destes vetores é negativa. DE = AD .sen(θ ) =|| b || .sen(a, b ) ,

logo a área é dada por:


r r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então: r r r r r
A = AB . DE =|| a || . || b || sen(a, b ) =|| a × b ||
r r r
a) u × v = w , pois:
r r r • Note que as áreas dos triângulos ABD e BCD são iguais à metade da área do
o w é perpendicular aos vetores u e v ; r r
r r r r r A || a × b ||
o || w ||=|| u || . || v || sen(u, v ) = 1.1.sen(90o ) = 1 ; paralelogramo A∇ = = .
2 2
o usando a regra da mão direita, confirmamos o resultado;
r r r r r
b) v × w = u , análogo ao anterior; Exemplo: Com base nessas propriedades e considerando os vetores unitários e ortogonais u , v
r r r r
c) w × u = v , análogo aos anteriores; e w da figura 9, temos:
r r r
d) v × u = −w , pela definição;
r r r
e) 3u × 2v = 6w , pois: r r r r r r r r r r r
a) AB × AC = (5u ) × (5u + 2v ) = (5u × 5u ) + (5u × 2v ) = 25(u × u ) + 10(u × v ) =
r r r
o 6w é perpendicular aos vetores 3u e 2v ; r r r
r r r r r = 25 ⋅ 0 + 10w = 10w
o || 6w ||=|| 3u || . || 2v || sen(3u,2v ) = 3.2.sen(90 o ) = 6 ;
r r r r r r
b) AG × AG = (5u + 2v + 3w ) × (5u + 2v + 3w ) =
o usando a regra da mão direita, confirmamos o resultado;
= [5u × (5u + 2v + 3w )] + [2v × (5u + 2v + 3w )] + [3w × (5u + 2v + 3w )] =
r r r r r r r r r r r r
r r r
f) u × u = 0 , pois
r r r r r r
o || u × u ||=|| u || . || u || sen(u, u ) = 1.1.sen(0o ) = 0 ;

107 108
= [5u × 5u + 5u × 2v + 5u × 3w ] + [2v × 5u + 2v × 2v + 2v × 3w ] +
r r r r r r r r r r r r
3.9.3 Produto Misto
+ [3w × 5u + 3w × 2v + 3w × 3w )] =
r r r r r r

= [25(u × u ) + 10(u × v ) + 15(u × w )] + [10(v × u ) + 4(v × v ) + 6(v × w )] +


r r r r r r r r r r r r O produto misto é uma junção dos dois produtos anteriores, e com um resultado

+ [15(w × u ) + 6(w × v ) + 9(w × w )] =


r r r r r r geométrico importante: o módulo do produto misto está relacionado, geometricamente, com uma

[ r r r
] [ r r r
] [r r
= 25(0) + 10(w ) + 15( −v ) + 10( −w ) + 4(0) + 6(u ) + 15(v ) + 6( −u ) + 9(0) =
r
] medida em três dimensões, ou seja, um volume. O fato que este volume ser positivo revelará, por
exemplo, que três vetores são LI.
[r r r
] [ r r r
] [ r r r
]r
= 0 + 10w − 15v + − 10w + 0 + 6u + 15v − 6u + 0 = 0u + 0v + 0w = 0
r r r

como era de se esperar; r r r r r r


Definição: O produto misto entre os vetores a , b e c é o número, denotado por [a, b, c ] ,
r r r r r r
c) AG × CE = (5u + 2v + 3w ) × ( −5u − 2v + 3w ) = definido pela expressão:
= [5u × ( −5u ) + 5u × ( −2v ) + 5u × 3w ] + [2v × ( −5u ) + 2v × ( −2v ) + 2v × 3w ] +
r r r r r r r r r r r r r r r r r r
[a, b, c ] = a × b ⋅ c
+ [3w × ( −5u ) + 3w × ( −2v ) + 3w × 3w ] =
r r r r r r

= [− 25(u × u ) − 10(u × v ) + 15(u × w )] + [− 10(v × u ) − 4(v × v ) + 6(v × w )] +


r r r r r r r r r r r r
r r
Observação: Não é necessária a colocação de parênteses em a × b na definição, pois a única
+ [− 15(w × u ) − 6(w × v ) + 9(w × w )] =
r r r r r r
r r r
[ r r r
] [ r r
= − 25(0) − 10(w ) + 15( −v ) + − 10( −w ) − 4(0) + 6(u ) +
r
] maneira de se calcular este número é como sendo o produto interno do vetor a × b com o vetor c ,
r r r
[r r r
+ − 15(v ) − 6( −u ) + 9(0 ) = ] já que o produto vetorial entre o vetor a e o número b ⋅ c não existe.
r
[ r r
] [r r r
] [
r r r
= 0 − 10w − 15v + 10w − 0 + 6u + − 15v + 6u + 0 = 12u − 30v + 0w ]
r r r
r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então:
r r r r r r r r
a) [u,v ,w ] = u × v ⋅ w = w ⋅ w = 1
r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal positiva {u, v , w } qualquer, se a = xau + y av + zaw e r r r r r r r r
b) [w ,u,v ] = w × u ⋅ v = v ⋅ v = 1
r r r r r
b = xbu + y bv + zbw , então produto vetorial entre os vetores a e b é o “determinante”1: r r r r r r r r
c) [v ,w , u ] = v × w ⋅ u = u ⋅ u = 1
r r r r r r r r r r r
u v w d) [u,w ,v ] = u × w ⋅ v = −v ⋅ v = −1
r r
a × b = xa y a za r r r r r r r r
e) [u,w ,v ] = u × w ⋅ v = −v ⋅ v = −1
xb y b zb
r r
f) [ AB, AD, AE ] = AB × AD ⋅ AE = 10w ⋅ 3w = 30
r r r r r r r r
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule a área do paralelogramo formado pelos g) [ AG, CE, BH ] = AG × CE ⋅ BH = (12u − 30v + 0w ) ⋅ ( −6u + 2v + 3w ) = 132

vetores AG e CE .
r r r r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w e CE = −5u − 2v + 3w , usando a proposição acima, temos: Observação: Geometricamente o número [a, b, c ]
r r r
u v w associado ao produto misto, é exatamente o volume
r r r r r r r r r
AG × CE = 5 2 3 = 6u − 15v − 10w + 6u − 15v + 10w = 12u − 30v + 0w r r r
do paralelepípedo definido pelos vetores a , b e c ,
−5 −2 3
conforme a figura 14, pois basta observar que o
como já havíamos calculado anteriormente, e a norma do vetor AG × CE é igual á volume de um paralelepípedo qualquer é sempre a

(AG × CE )⋅ (AG × CE ) =
Figura 14 Paralelepípedo inclinado ABCDEFGH
AG × CE = (12 ) + ( −30 ) + ( 0) = 1044 ≅ 32,31 ,
2 2 2 área da base vezes a altura. No caso do
paralelepípedo ABCDEFGH , formado pelos vetores, temos:
logo a área do paralelogramo será igual a A ≅ 32,31u.a. 2. r r
• Área da base é dada por Abase =|| a × b || ;
r
• Do triângulo retângulo AE 2E temos a seguinte relação para a altura h = AE 2 =|| c || . cos(θ ) ,
1 r r r
O determinante está entre aspas, para enfatizar que o cálculo é igual ao de um determinante qualquer, porém a primeira linha é
composta de vetores.
onde θ = (a × b, c ) ;
2 2 2
A simbologia u.a. significa unidade de área, por exemplo: m (metro quadrado), cm (centímetro quadrado), etc.

109 110
r r r r r r
logo o volume do paralelepípedo é V = Abase .h =|| a × b || . || c || . cos(a × b, c ) , que por definição de  Indicaremos por Ox, Oy e Oz as três retas definidas pelos segmentos orientados OA , OB e
r r r r r r OC , respectivamente, que são chamadas usualmente de eixos dos x (das abscissas), eixos
produto interno implica que V = Abase .h = a × b ⋅ c = [a, b, c ] .
dos y (das ordenadas) e eixos dos z (das cotas).
 As setas na figura indicam o sentido positivo de cada eixo.
r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal positiva {u, v , w } , se a = xau + y av + zaw ,
r r r r r r r r r
b = xbu + y bv + zbw e c = xcu + y cv + zcw , então produto misto entre os vetores a , b e c é o Definição: Dado um ponto P ∈ R3 qualquer, as
determinante: coordenadas do vetor OP na base ortonormal positiva
r r r
xa ya za {i , j , k } , são chamadas de coordenadas de P no sistema
r r
[a, b, c ] = xb yb zb
de coordenadas definida acima, ou seja, se
xc yc zc r r r
OP = xP i + y P j + zP k , então as coordenadas do ponto P,
r r serão denotadas pela tripla P = ( xP , y P , zP ) (figura 16). Figura 16 Representação do ponto P
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule o volume do paralelepípedo gerado pelos

vetores AG , CE e BH .
Exemplo: Na figura 17, estão marcados alguns pontos:
r r r r r r r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w , CE = −5u − 2v + 3w , BH = −6u + 2v + 3w e o volume é o a) Como o vetor OA = 2i + 3 j + 3k , logo A = (2,3,3 ) ;
módulo do produto misto, pela proposição acima, temos: r r r r
b) Como o vetor OO = 0i + 0 j + 0k = 0 , logo
5 2 3
[AG,CE,BH ] = − 5 − 2 3 = 132 O = (0,0,0) ;
−6 2 3 c) Os outros pontos são X A = (2,0,0) , YA = (0,3,0) ,
como já havíamos calculado anteriormente, logo o volume é V =| 132 |= 132 u.v . 3
Z A = (0,0,3) , F = ( 2,3,0) , e H = (2,0,3) .
Figura 17 Representação de pontos
3.10 Vetores em coordenadas do R3
Proposição: Dados dois pontos A = ( x A , y A , zA ) e B = ( xB , y B , zB ) quaisquer, no nosso sistema de

Deste ponto em diante, iremos trabalhar em um sistema ortogonal de coordenadas do coordenadas do R3, temos que as coordenadas do vetor AB são dadas por:

espaço R 3 , onde representaremos pontos e vetores por um trio de números, chamados de AB = ( xB − x A , y B − y A , zB − zA )


coordenadas, e onde aplicaremos toda a teoria anteriormente estudada.
r r r
Para tanto, iremos usar a base ortonormal positiva {i , j , k } de R3, que chamaremos de base Demonstração: Note que qualquer vetor AB , pode ser escrito como:
canônica. r r r r r r
AB = AO + OB = −OA + OB = −( x Ai + y A j + zAk ) + ( xB i + y B j + zB k ) =
r r r r r r
Definição: Seja O ∈ R 3 um ponto e B = {i , j , k } uma base ortonormal positiva. A dupla (O, B ) é = ( xB − x A )i + ( y B − y A ) j + ( zB − zA )k
r r r
chamado de sistema ortogonal de coordenadas em R3, de origem O e base {i , j , k } . que, escrito em coordenadas, tem-se o resultado ( xB − x A , y B − y A , zB − zA ) .

Observações: Com base na figura 15: Observações:


 Consideraremos o sistema ortogonal de coordenadas  Para encontrar as coordenadas de um vetor AB basta fazer a diferença, coordenada a
em R3, ou simplesmente sistema de coordenadas, coordenada, entre o ponto final e o ponto inicial;
sendo O a origem do sistema de coordenadas, e  Dois vetores são iguais, quando as coordenadas são iguais.
r r r
escolhendo os vetores i = OA , j = OB e k = OC . 3
Figura 15 Eixos coordenados do R
Exemplo: Considerando os pontos da figura 17, temos que as coordenadas dos vetores são:

3 3 3 AH = (0,−3,0) , AX A = (0,−3,−3) , FG = (−2,0,3) , FZ A = ( −2,−3,3) e YAH = (2,−3,3)


A simbologia u.v. significa unidade de volume, por exemplo: m (metro cúbico), l (litro), cm (centímetro cúbico), etc.

111 112
3.11 Exemplos
AB = ( −1)2 + (1)2 + (1)2 = 1 + 1 + 1 = 3

A partir deste momento iremos refazer, via exercícios e exemplos, todos os produtos entre BC = ( −2)2 + ( −2)2 + (1)2 = 4 + 4 + 1 = 9 = 3
vetores, bem como calcular comprimentos, áreas, volumes e outras coisinhas mais, considerando
o sistema de coordenadas do R3 definido. AC = ( −3 )2 + ( −1)2 + ( 2)2 = 9 + 1 + 4 = 14

Em todos os exemplos abaixo, considere os pontos A = (3,0,1) , B = (2,1,2) e C = (0,−1,3) :


ou seja, AC é o maior lado do triângulo, pois AC = 14 > 3 > 3 ;

3.11.1.1 Os pontos A, B e C são vértices de um triângulo?  Desenhe um triângulo com essas características;
 Note que a altura procurada é relativa à base AC e como a área de um triângulo qualquer
Para verificar que são vértices de um triângulo, basta verificar que os pontos não são
é A = base ⋅ altura , basta encontrar a área, pois o comprimento da base, já sabemos que

colineares, ou seja, que não estão na uma mesma reta. 2
mede 14 , ou seja, como
Como fazer isso? r r r
i j k
 Desenhe um triângulo qualquer; r r r
AB × AC = − 1 1 1 = 3i − j + 4k , temos que a área é dada por:
r r
 Escolha dois vetores, por exemplo, u = AB e v = AC ; − 3 −1 2
 Note que esses dois vetores não são paralelos;
AB × AC (3 )2 + ( −1)2 + ( 4)2 26
 Logo esses vetores são LI; A∇ = = = u.a.
2 2 2
 Dois vetores são LI quando um é múltiplo do outro (correto?)
2 A∇ 26 13
 ERRADO, o certo é que, quando são LI, não existe combinação linear entre eles; Concluímos finalmente que altura = = = u.c.
base 14 7
 Logo vamos verificar se é possível achar uma combinação entre esses vetores;
r Lembrete: Dado o número a ∈ R , qualquer, é sempre possível achar dois números naturais
 Note que u = AB = ( 2 − 3,1 − 0,2 − 1) = ( −1,1,1) e
r consecutivos n e n + 1, tais que, n ≤ a ≤ n + 1. Por exemplo 3 = 9 ≤ 14 ≤ 16 = 4 .
v = AC = (0 − 3,−1 − 0,3 − 1) = ( −3,−1,2)
r r r r r
 Se existisse tal combinação, teríamos que u = λv , que em coordenadas seria: 3.11.1.3 Encontrar um vetor w perpendicular aos vetores u e v .
( −1,1,1) = λ ( −3,−1,2)
Como fazer isso?
− 1 = − 3λ λ = 1 / 3 r r r r
   Lembre-se que o vetor u × v é um vetor perpendicular aos vetores u e v ao mesmo
( −1,1,1) = (−3λ ,−λ ,2λ ) ⇒  1 = − λ ⇒  λ = −1
 1 = 2λ λ = 1 / 2 r
  tempo, logo ele será o nosso vetor w ;
r r r r r r r r
ou seja, é impossível existir um λ ∈ R , tal que u = λv , portanto os vetores são LI, logo os  Logo w = u × v = AB × AC = 3i − j + 4k , calculado anteriormente.
pontos A , B e C são vértices de um triângulo.
r r r
3.11.1.4 Mostre que {u, v , w } é uma base positiva do R3.
3.11.1.2 Qual é a altura relativa ao maior lado do triângulo ABC?
Como fazer isso?
Para determinar a altura relativa, temos que determinar primeiro qual é o maior lado e só
 Para verificar que os três vetores formam uma base, basta mostrar que eles são LI;
depois achar a altura.
 Usando o teorema, basta verificar que a equação
r r r r
xu + yv + zw = 0
Como fazer isso?
r r possui solução única x = y = z = 0 , ou seja, a solução trivial;
 Vamos calcular a normas dos três vetores, ou seja, a norma de u = AB , v = AC e
 Escrevendo a equação em coordenadas temos:
BC = ( −2,−2,1) , logo: x( −1,1,1) + y ( −3,−1,2) + z(3,−1,4) = (0,0,0)
( − x, x, x ) + ( −3 y ,− y ,2y ) + (3 z,− z,4z ) = (0,0,0 )

113 114
(− x − 3y + 3z , x − y − z , x + 2y + 4z ) = (0,0,0) 4 −3 3
det( Ax ) 52
que resulta no seguinte sistema linear: det( Ax ) = 2 − 1 − 1 = 52 ⇒ x = = =2
det( A ) 26
4 2 4
− x − 3 y + 3z = 0

 x − y − z = 0 −1 4 3
 x + 2y det( Ay ) − 26
 + 4z = 0 det( Ay ) = 1 2 − 1 = −26 ⇒ y = = = −1
det( A ) 26
1 4 4
 O sistema possui solução única, a trivial, pois o determinante da matriz dos coeficientes é
−1 − 3 3 −1 − 3 4
det( Az ) 26
det A = 1 − 1 − 1 = 26 ≠ 0 det( Az ) = 1 − 1 2 = 26 ⇒ z = = =1
det( A ) 26
1 2 4 1
2 4
r r r r r r r
 A base é positiva porque w = u × v .  Concluímos então que a = 2u − 1v + 1w
(encontre esta mesma resposta usando escalonamento)
r r r
3.11.1.5 Calcule o volume do paralelepípedo formado pelos vetores u , v e w .
4. Avaliando o que foi construído
Como fazer isso?
 Lembre-se que o módulo do produto misto é exatamente o volume pedido. Foram introduzidas, nesta unidade, noções básicas de vetores, suas características,
juntamente com as suas operações básicas de soma e multiplicação por escalar.
−1 − 3 3
r r r Definimos também os três produtos entre vetores:
[u,v ,w ] = 1 − 1 − 1 = 26
1 2 4 • Produto interno relacionado com a medida de um comprimento, ou seja, projeção de um

 Note que o determinante é o mesmo do sistema do item anterior, portanto o volume do vetor em relação à direção do outro;

paralelepípedo é: • Produto vetorial relacionando com a medida de uma área, ou seja, com o cálculo da área
r r r de um paralelogramo formado por dois vetores;
V = [u,v ,w ] =| 26 |= 26 u.v .
• Produto misto relacionado com o volume, ou seja, com o cálculo do volume de um
r r r r
3.11.1.6 Escrever o vetor a = ( 4,2,4) na base {u, v , w } . paralelepípedo, definido por três vetores.
E finalmente foram dadas coordenadas aos vetores, trazendo de vez os vetores para o
Como fazer isso? nosso espaço com três dimensões, ou seja, as noções de comprimento, largura, altura, LI, LD e
r r r r base foram todos tratados algebricamente.
 Isto significa escrever o vetor a como combinação linear dos vetores u , v e w , ou seja:
r r r r
a = xu + yv + zw
 Temos que determinar os valores de x, y e z que satisfaçam à equação acima, e
escrevendo em coordenadas ficaria:
x( −1,1,1) + y ( −3,−1,2) + z(3,−1,4) = ( 4,2,4)
( − x, x, x ) + ( −3 y ,− y ,2y ) + (3z,− z,4z ) = ( 4,2,4)

(− x − 3y + 3z , x − y − z , x + 2y + 4z ) = ( 4,2,4)
que resulta no o sistema
− x − 3 y + 3z = 4

 x − y − z = 2
 x + 2y + 4z = 4

 Como já sabemos que o sistema possui solução única, pois o determinante da matriz dos
coeficientes é 12, podemos resolvê-lo pela regra de Cramer;
 Usando a regra, temos que determinar os seguintes três determinantes:

115 116
letra LETRA Nome letra LETRA Nome letra LETRA Nome
Unidade II Retas e Planos
α Α Alfa ι Ι Iota ρ Ρ Rô
β Β Beta κ Κ capa σ Σ Sigma
γ Γ Gama λ Λ Lambda τ Τ Tau
1. Situando a Temática δ ∆ Delta µ Μ Mi υ Υ Ípsilon
ε Ε Epsílon ν Ν Ni φ Φ Fi
Nesta unidade estudaremos e definiremos as retas e os planos, através de suas equações ζ Ζ Dzeta ξ Ξ csi χ Χ Qui
ε Η Eta ο Ο Ômicron ψ Ψ Psi
vetoriais e algébricas, utilizando de vetores e de suas operações. θ Θ Teta π Π Pi ω Ω Ômega
Tabela 1 Letras gregas minúsculas, maiúsculas e nome.
2. Problematizando a Temática
3.2.1 Por três pontos
Trataremos vários problemas geométricos, como por exemplo, posições relativas entre as
retas, entre as retas e os planos e entre planos, bem como calcularemos o ângulo, distâncias e Considere três pontos não colineares4 A , B e C
interseções entre estes elementos, utilizando as facilidades dadas pelas propriedades quaisquer do espaço tridimensional R3, como na figura 2.
encontradas nos vetores e suas operações elementares e seus produtos, com suas respectivas As condições para um ponto P qualquer, pertencer
características geométricas e algébricas. ao plano π , são:

3. Conhecendo a Temática  Os vetores AB , AC e AP estão “contidos” no


plano π , na realidade são paralelos ao plano π ,
logo o volume do paralelepípedo formado por Figura 2 Plano definido por três pontos.
3.1 Introdução
estes vetores é zero, ou seja, o módulo do produto misto é zero, portanto:
Vamos primeiramente definir plano, pois uma das possibilidades para a definição de uma [AP, AB, AC ] = 0
reta é a interseção de dois planos não paralelos (pense na interseção do plano do chão com o
 Os vetores AB , AC e AP são linearmente dependentes, logo existe uma combinação
plano de uma parede: é uma reta).
linear do vetor AP em relação aos vetores AB e AC , ou seja, existem dois números
Sempre que possível, tente desenhar, fazer um esboço, de uma reta, um plano, como será
mostrado aqui, mas mesmo se não tiver habilidades no desenho, imagine sempre planos, aqueles reais κ 1 e κ 2 , tais que:

que estão ao seu redor, como paredes, chão, teto, telhados e as retas, como sendo as quinas das AP = κ1 AB + κ 2 AC
paredes, as linhas de uma quadra de jogo, etc., pois será muito importante ver, ou pensar, de
como essas retas e planos podem estar dispostos no espaço tridimensional. Definição: A equação

3.2 O plano AP = κ1 AB + κ 2 AC

é chamada de equação vetorial do plano π e os dois vetores AB e AC são chamados de


Vamos definir um plano de três maneiras diferentes,
vetores diretores do plano.
ou seja, vamos encontrar uma relação que um ponto P
qualquer tenha que satisfazer para que pertencer ao plano.
No sistema de coordenadas, seja P = ( x, y , z ) um ponto qualquer do plano π definido
Sempre utilizando as ferramentas e idéias dadas pelos
vetores (e sistemas) estudados nas unidades anteriores. pelos pontos, não colineares, do espaço A = ( x A , y A , zA ) , B = ( xB , y B , zB ) e C = ( xC , y C , zC ) ,

Vamos representar um plano graficamente por um considere os vetores


r
“pedaço”, usualmente na forma de um paralelogramo, pois u = AB = ( xB − x A , y B − y A , zB − zA ) = ( xu , y u , zu ) ,
seria impossível representa-lo em um espaço limitado, pois o Figura 1 Representação de um plano. r
v = AC = ( xC − x A , y C − y A , zC − z A ) = ( xv , y v , zv ) e
plano é infinito, veja na figura 1. Usaremos letras gregas minúsculas para representar os planos,
exibidas nas colunas letra da tabela 1. AP = ( x − x A , y − y A , z − z A ) ,

4
Que não pertencem a uma reta ou que formam um triângulo.

117 118
Portanto: Que resulta em nas equações paramétricas do plano π :
 Dá equação vetorial, temos:  x = 3 − 1κ1 − 3κ 2

AP = κ1 AB + κ 2 AC π : y = 0 + 1κ1 − 1κ 2
 z = 1 + 1κ + 2κ
r r  1 2
AP = κ1u + κ 2v
 Do produto misto temos:
( x − x A , y − y A , z − zA ) = κ 1( xu , y u , zu ) + κ 2 ( xv , y v , zv )
1444424444 3 142 r
43 142 r
43 x −3 y z −1
AP u v
−1 1 1 =0
Escrevendo cada coordenada como uma equação e isolando as variáveis x , y e z ,
−3 −1 2
temos o seguinte sistema de equações, chamado de sistemas de equações
Que resulta na seguinte equação normal do plano π :
paramétricas do plano π ou simplesmente de equações paramétricas do plano:
π : 3 x − y + 4z − 13 = 0
x = xA + xu κ1 + xv κ 2

π : y = y A + y u κ1 + y v κ 2
z = z + zuκ1 + zv κ 2  Para verificar que o ponto D = (1,−6,1) e a origem O = (0,0,0) , pertencem ao plano, basta
 A

substituir as três coordenadas dos pontos na equação do plano π . Se a igualdade for


 Do produto misto temos:

[AP, AB, AC ] = 0 satisfeita, o ponto pertence ao plano, caso contrário, não pertence, logo:
O = (0,0,0) ⇒ 3({
0) − ({ 0) − 13 = −13 ≠ 0 , logo O não pertence a π ;
0) + 4({
[AP,ur,vr ] = 0
o
x y z

x − xA y − yA z − zA o D = (1,−6,1) ⇒ 3({
1) − ({ 1) − 13 = 0 , logo D pertence ao plano π .
−6) + 4({
x y z
xu yu zu = 0
xv yv zv
Observações:
( x − x A )( y u zv − y v zu ) + ( y − y A )( xv zu − xu zv ) + ( z − z A )( xu y v − xv y u ) = 0
144244 3 142 4 43 4 144244 3 • Note que, nas equações paramétricas do exercício anterior, as coordenadas do ponto
a b c

Fazendo: A = (3,0,1) , estão “soltas” em uma coluna e as coordenadas dos dois vetores AB = (−1,1,1)

o a = ( y u zv − y v zu ) , e AC = ( −3,−1,2) também estão nas colunas, porém multiplicadas pelos dois parâmetros

o b = ( xv zu − xu zv ) , κ1 e κ 2 .

o c = ( x u y v − xv y u ) e • Nas equações paramétricas do plano π , substituindo:

o d = −(ax A + by A + czA ) κ 1 = 0 e κ 2 = 0 , temos o ponto A,

Temos a chamada equação geral, ou equação normal, ou simplesmente equação do κ1 = 1 e κ 2 = 0 , temos o ponto B e

plano π , dado por: κ 1 = 0 e κ 2 = 1, temos o ponto C;


π : ax + by + cz + d = 0 • Para cada par de parâmetros κ1 e κ 2 correspondem a um único ponto do plano e para
cada ponto P do plano corresponde um único par de parâmetros.
Exercício: Determinar as equações paramétricas e a equação normal do plano π que contém os
pontos A = (3,0,1) , B = (2,1,2) e C = (0,−1,3) , e verificar se o ponto D = (1,−6,1) e a origem do
3.2.2 Por um ponto e dois vetores
sistema pertencem ao plano.

Solução: Os vetores diretores são AB = (−1,1,1) e AC = ( −3,−1,2) . Seja P = ( x, y , z ) um ponto Considere um ponto A qualquer do espaço
r r
tridimensional e dois vetores u e v , não paralelos, ou
qualquer do plano, então temos AP = ( x − 3, y , z − 1) , logo:
seja, linearmente independentes, como na figura 3.
 Da equação vetorial temos:
( x − 3, y , z − 1) = κ 1( −1,1,1) + κ 2 ( −3,−1,2)
Figura 3 Plano definido por um ponto e
dois vetores.
119 120
As condições para que um ponto P qualquer pertença ao plano π são as mesmas utilizadas  Achar outros dois pontos, recaindo em um plano definido por três pontos, atribuindo
anteriormente para planos definidos por três pontos, pois só foram de fato utilizados o ponto A e valores para as variáveis, encontrando pontos que satisfaçam à equação do plano ϕ ,

os vetores diretores AB e AC . como por exemplo, os pontos R = (0,0,2) , T = (3,0,0) , Q = ( 2,4,0) , etc.
 A outra maneira, bastante algébrica, seria considerar duas variáveis da equação do plano
3.2.3 Um ponto e um vetor perpendicular
igual a dois parâmetros µ1 e µ2 quaisquer, como por exemplo, considere x = µ1 e z = µ2 ,

Considere um ponto A qualquer do espaço logo as equações paramétricas do plano ϕ seriam


r
tridimensional e um vetor nπ (chamado de vetor normal),  x = µ1  x = 0 + 1µ1 + 0 µ 2
 
ϕ : y = 6 − 2µ1 − 3µ 2 ou na forma completa ϕ : y = 6 − 2µ1 − 3µ 2 .
não nulo, perpendicular ao plano π , como na figura 4.
z = µ  z = 0 + 0 µ + 1µ
 2  1 2
Note que a condição para um ponto P qualquer
r
pertencer ao plano π , é que os vetores nπ e AP sejam 3.3 A reta
Figura 4 Plano definido por um ponto e
perpendiculares, ou seja, que o produto interno um vetor normal.
r Uma reta pode ser definida de três maneiras,
nπ ⋅ AP = 0 .
bastando observar os dados que se dispõe para defini-la,
Em um sistema de coordenadas, seja P = ( x, y , z ) um ponto qualquer do plano π definido
mas os três casos, olhando com atenção, se reduzem a
r r
pelo ponto A = ( x A , y A , z A ) e pelo vetor normal nπ = (a, b, c ) , então pela condição nπ ⊥ AP , temos um só, mas vamos ver as três possibilidades logo adiante.
r Usaremos letras latinas minúsculas para
nπ ⋅ AP = 0 , logo:
representar as retas, como por exemplo, a , b ,..., r , s ,...
(1
a,2 c ) ⋅ ( x − x A , y − y A , z − zA ) = 0
b,3 Figura 5 Representação de uma reta.
r 1444 424444 3
nπ AP
Vamos representar a reta graficamente por um

a( x − x A ) + b( y − y A ) + c ( z − z A ) = 0 “pedaço”, por um segmento, pois seria impossível representá-la em um espaço limitado, pois a
reta é infinita. Veja na figura 5.
ax + by + cz − (ax A + by A + czA ) = 0

Considerando d = −(ax A + by A + czA ) , temos a equação geral do plano π , dada por: 3.3.1 Por dois pontos

π : ax + by + cz + d = 0
Considere dois pontos distintos A e B quaisquer do
Observação: Os coeficientes das variáveis x , y e z da equação geral de um plano qualquer,
espaço tridimensional R3, como na figura 6.
definido por π : ax + by + cz + d = 0 , são exatamente, na ordem, as coordenadas de um vetor
Note que a condição para um ponto P qualquer pertencer
r
normal ao plano π , ou seja, nπ = (a, b, c ) .
à reta r é que os vetores AB e AP sejam paralelos, ou
seja, são linearmente dependentes, logo são múltiplos,
Exercício: Determinar as equações paramétricas e a equação normal do plano ϕ que contém o portanto existe um número τ , que resulta a seguinte Figura 6 Reta definida por dois pontos.
r
ponto S = (1,1,1) e é perpendicular ao vetor w = (2,1,3) . equação vetorial AP = τ AB
Solução: Vamos primeiro, achar a equação geral do plano, considerando como vetor normal do
r r
plano o vetor nϕ = w = ( 2,1,3 ) , portanto um ponto P = ( x, y , z ) para pertencer ao plano ϕ , tem que Definição: Qualquer vetor não nulo, que dá a direção de uma reta r , é chamado de vetor diretor
r da reta r .
satisfazer à equação nϕ ⋅ SP = 0 , logo:

(2,1,3) ⋅ ( x − 1, y − 1, z − 1) = 0
Observação: No sistema de coordenadas, seja P = ( x, y , z ) um ponto qualquer da reta r , definida
2( x − 1) + 1( y − 1) + 3( z − 1) = 0
pelos pontos, distintos, do espaço A = ( x A , y A , zA ) e B = ( xB , y B , zB ) , considere os vetores
Que resulta na equação normal do plano ϕ : 2x + 1y + 3z − 6 = 0 r
u = AB = ( xB − x A , y B − y A , zB − zA ) = ( xu , y u , zu ) e
A partir da equação geral, para achar as equações paramétricas do plano, podemos:
AP = ( x − x A , y − y A , z − z A ) ,

121 122
Portanto, da equação vetorial, temos: 0 − 3 0 − 0 0 −1
 O = (0,0,0) ⇒ = = ⇒ 3 ≠ 0 ≠ −1, não pertence a r;
AP = τ AB 1−
231 13 {
12 1
=3 =0 = −1
r
AP = τu 1− 3 2 − 0 3 − 1
 E = (1,2,3) ⇒ = = ⇒ 2 = 2 = 2 , pertence à reta r.
( x − x A , y − y A , z − zA ) = τ ( xu , y u , zu ) {− 1 1213 { 1
1444 424444 3 142 r
43 =2 =2 =2
AP u

Escrevendo cada coordenada como uma equação e isolando as variáveis x , y e z , 3.3.2 Por um ponto e um vetor
temos o seguinte sistema de equações, chamado de sistemas de equações paramétricas da
reta r ou simplesmente de equações paramétricas da reta: Considere um ponto A qualquer do espaço
r
x = xA + xuτ tridimensional e um vetor u , não nulo, como na figura 7.

r : y = y A + y uτ As condições de um ponto P qualquer pertencer à
z = z + zuτ
 A reta r são as mesmas utilizadas anteriormente para uma
Figura 7 Reta definida por um ponto
r reta definidos por dois pontos, pois só foram utilizados, de e um vetor
Se nenhuma das coordenadas do vetor diretor u = AB , for nula, podemos isolar o
r
x − xA y − yA z − zA fato, o ponto A e o vetor diretor u = AB .
parâmetro τ de cada uma das equações acima, obtendo τ = ,τ= eτ= , ou
xu yu zu
3.3.3 Por dois planos
x − x A y − y A z − zA
seja, temos a seguinte igualdade τ = = = .
xu yu yu
Considere dois planos, não paralelos e não
coincidentes, quaisquer, como na figura 8.
Definição: O sistema de equações Para determinar a reta r interseção destes dois
x − x A y − y A z − zA planos, vamos considerá-los definidos por
r: = =
xu yu yu
α : ax + by + cz + d = 0 e β : px + qy + rz + s = 0 , logo a
é chamado sistema de equações da reta r na forma simétrica, ou simplesmente equações
reta é a solução do sistema: Figura 8 Reta definida por dois planos.
simétricas da reta r.
ax + by + cz + d = 0
r :
 px + qy + rz + s = 0
Exercício: Determinar as equações paramétricas e simétricas da reta r que contém os pontos
Lembre-se que para definir uma reta, é necessário:
A = (3,0,1) e B = (2,1,2) , e verificar se o ponto E = (1,2,3) e a origem do sistema pertencem à reta.
 Dois pontos
Solução: O vetor diretor da reta é AB = (−1,1,1) . Seja P = ( x, y , z ) um ponto qualquer da reta, Neste caso podemos achar duas soluções para o sistema acima, não necessariamente tendo
que resolver o sistema.
então temos AP = ( x − 3, y , z − 1) e a equação vetorial:
Como fazer isso?
( x − 3, y , z − 1) = τ ( −1,1,1)
“Será que esta reta tem algum ponto cuja primeira coordenada seja 0?”
 x = 3 − 1τ o Fazendo x = 0 , o sistema acima, fica apenas com duas variáveis, que é bem mais fácil

Que resulta em nas equações paramétricas da reta r :  y = 0 + 1τ .
 z = 1 + 1τ by + cz + d = 0
 de resolver, ou seja, r :  . Se tiver solução, achamos o primeiro ponto,
 qy + rz + s = 0
Isolando o parâmetro τ das equações acima, obtemos as equações simétricas da reta:
caso contrário, faça y = 0 , z = 0 ou qualquer outro valor para uma das coordenadas.
x − 3 y − 0 z −1
r: = = , ou r : 3 − x = y = z − 1. o Para achar o segundo ponto, siga a mesma idéia de achar o primeiro ponto.
−1 1 1
Para verificar que o ponto E = (1,2,3) e a origem O = (0,0,0) , pertencem à reta, basta substituir as
 Um ponto e um vetor diretor
três coordenadas dos pontos nas equações simétricas da reta, se as igualdades forem satisfeitas,
Ache um ponto como anteriormente e observe que o vetor diretor da reta é perpendicular aos
o ponto pertence à reta, caso contrário, não pertence, logo: r r r r r
vetores nα e nβ , ou seja, podemos considerar o vetor diretor u = nα × n β .

123 124
r r r
o Para determinar um vetor diretor, basta calcular u = nα × nβ , logo
Exercício: Determinar as equações paramétricas e simétricas da reta r dada pela interseção dos r r r
i j k
planos α : x + y + z + 1 = 0 e β : 2 x + 3 y + z = 0 . r r r r r r
u = nα × nβ = 1 1 1 = −2i + j + k .
Solução: 2 3 1
 x + y + z + 1= 0
 Vamos primeiro determinar esta reta r, como solução do sistema  , usando o  x = 1 − 2τ
2 x + 3 y + z = 0 
Portanto as equações paramétricas da reta são r : y = 0 + 1τ e destas, obtemos as
método do escalonamento, temos:  z = − 2 + 1τ

 1 1 1 − 1  1 1 1 − 1 L1 → L1 − L2 ⇒  1 0 2 − 3  x −1 y z + 2
2 3 1 0  L → L − 2L ⇒ 0 1 − 1 2  0 1 − 1 − 2  equações simétricas r : = = .
  2 2 1     −2 1 1
 x + 2z = −3
O que resulta no sistema equivalente  , escolhendo z = τ e substituindo no
 y − z = −2 Observação: Apesar das equações paramétricas e simétricas da reta r, encontradas no exercício

 x = − 3 − 2τ acima, serem diferentes, elas representam a mesma reta r, o que as diferencia é a escolha de um

sistema equivalente, obtemos as equações paramétricas da reta r : y = − 2 + 1τ e destas, ponto inicial e de um “novo” vetor diretor, múltiplo do vetor diretor obtido anteriormente.
 z = 0 + 1τ

3.4 Posição relativa
x +3 y +2 z
obtemos as equações simétricas r : = = .
−2 1 1
Para o estudo de posições relativas, é importante “enxergar” as retas e os planos,
juntamente com os elementos que o definem, ou seja, FAÇA vários esboços, por exemplo, duas
 Se não gostar de escalonamento, podemos então determinar dois pontos da reta r ,
retas paralelas, uma reta perpendicular a um plano, etc.
escolhendo, por exemplo,
Para resolver problemas, como ângulos, distâncias e interseções, envolvendo retas e
 x + z + 1= 0
o y = 0 , reduzindo o sistema para  , tendo como solução x = 1 e z = −2 , ou planos, não como eles estão definidos pelas suas equações, mas genericamente, é necessário
2 x + z = 0
saber como eles estão colocados no espaço, ou seja, em que posição um está em relação ao
seja, um primeiro ponto da reta é A = (1,0,−2) ;
outro.
 x + y + 1= 0
o z = 0 , reduzindo o sistema para  , tendo como solução x = −3 e y = 2 , 3.4.1 Entre retas
2 x + 3 y =0
ou seja, um segundo ponto da reta é B = (−3,2,0) .
Existem quatro possibilidades para a posição relativa entre duas retas.
r
Logo um vetor diretor é o vetor u = AB = (−4,2,2) e, portanto, as equações paramétricas da

 x = 1 − 4τ Vamos considerar, para efeito de estudos das posições relativas:


 r
reta são r : y = 0 + 2τ e, destas equações, obtemos as equações simétricas  A reta r definida pelo ponto R e pelo vetor diretor r e
 z = − 2 + 2τ r
  A reta s definida pelo ponto S e pelo vetor diretor s .
x −1 y z + 2
r: = = .
−4 2 2 3.4.1.1 Retas coincidentes

 Pode-se também determinar um ponto e um vetor diretor da reta. Observando as duas retas r e s paralelas coincidentes, na

o Para encontrar um ponto, fazemos como acima. Vamos utilizar, então, o ponto figura 9, concluímos que:

A = (1,0,−2) .  Representam a mesma reta;


r r
 Os vetores diretores r e s são paralelos, logo são
LD;
 O ponto S ∈ r e R ∈ s ; Figura 9 Retas coincidentes.

125 126
r r
 O vetor SR é paralelo aos vetores diretores;  O volume do paralelepípedo formado pelos vetores r , s e SR é positivo;
 A interseção entre as retas é a própria reta;  A distância d ( r , s ) entre as retas é positiva.
o
 O ângulo (r , s ) entre as retas é 0 ;
3.4.2 Entre retas e planos
 A distância d ( r , s ) entre as retas é 0.

Existem três possibilidades para a posição relativa entre uma reta e um plano.
3.4.1.2 Retas paralelas

Observando as duas retas r e s paralelas distintas, na figura Vamos considerar, para efeito de estudos das posições relativas:
r
10, concluímos que:  A reta r definida pelo ponto R e pelo vetor diretor r e
r r r
 Os vetores diretores r e s são paralelos, logo são LD;  O plano α definido pelo ponto A e pelo vetor normal nα , ou pelo ponto A e dois vetores
r r
 O ponto S ∉ r e R ∉ s ; diretores u e v .

 O vetor SR não é paralelo aos vetores diretores;


Figura 10 Retas paralelas. 3.4.2.1 Reta contida no plano
 Não existe interseção entre as retas;
 O ângulo (r , s ) entre as retas é 0o; Observando a reta r paralela e contida no plano α , na
r
 A área do paralelogramo formado pelos vetores r e SR é positiva; figura 13, concluímos que:
r r
 A distância d ( r , s ) entre as retas é positiva.  Os vetores r e nα são perpendiculares, logo
r r
r ⋅ nα = 0 ;
3.4.1.3 Retas concorrentes
 A interseção entre a reta e o plano é a própria reta r;

Observando as duas retas r e s concorrentes, na figura 11,  O ângulo (α , r ) entre a reta e o plano é 0o; Figura 13 Reta contida no plano

concluímos que: r
 O vetor AR é perpendicular ao vetor nα ;
r r r r
 Os vetores diretores r e s não são paralelos, logo r
 Os vetores r , u e v , podem ser representados em um plano, logo são LD;
são LI; r r
 O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AR , u e v é 0;
 A interseção entre as retas é o ponto I;
 A distância d (α , r ) entre a reta e o plano é 0.
 O ângulo (r , s ) entre as retas está entre 0o e 180o; Figura 11 Retas concorrentes.
r r
 Os vetores r , s e SR , podem ser representados em um plano, logo são LD; 3.4.2.2 Reta paralela ao plano
r r
 O volume do paralelepípedo formado pelos vetores r , s e SR é 0;
Observando a reta r paralela ao plano α , na figura 14,
 A distância d ( r , s ) entre as retas é 0.
concluímos que:
r r r r
3.4.1.4 Retas reversas  Os vetores r e nα são perpendiculares, logo r ⋅ nα = 0 ;
 A interseção entre a reta e o plano é vazia;
Observando as duas retas r e s reversas, ou seja, as retas  O ângulo (α , r ) entre a reta e o plano é 0o;
Figura 14 Reta paralela ao plano.
estão em planos paralelos distintos, como na figura 12, r
 O vetor AR não é perpendicular ao vetor nα ;
concluímos que:
r r r
r r  Os vetores r , u e v , podem ser representados em um plano, logo são LD;
 Os vetores diretores r e s não são paralelos, logo
r r
são LI;  O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AR , u e v é positivo;
 Não existe interseção entre as retas;  A distância d (α , r ) entre a reta e o plano é positiva.
Figura 12 Retas reversas.
o o
 O ângulo (r , s ) entre as retas está entre 0 e 180 ;
r r 3.4.2.3 Reta concorrente ao plano
 Os vetores r , s e SR , não podem ser representados em um plano, logo são LI;

127 128
3.4.3.2 Planos paralelos
Observando a reta r concorrente ao plano α , ou seja,
que o intercepta em apenas um ponto, na figura 15, Observando os dois planos paralelos e distintos α e β , na

concluímos que: figura 17, concluímos que:


r r r r r r r
 Os vetores r e nα não são perpendiculares, logo  Os vetores nα e nβ são paralelos, logo nα × n β = 0 ;
r r
r ⋅ nα ≠ 0 ;  A interseção entre os dois planos é vazia;
 A interseção entre a reta e o plano é o ponto I; Figura 15 Reta concorrente ao plano  O ponto A ∉ β e o ponto B ∉ α ;
Figura 17 Planos paralelos
 O ângulo (α , r ) entre a reta está entre 0 e 180 ;
o o
 O ângulo (α , β ) entre os planos é 0o;
r r r r r r r
 Os vetores r , u e v , não podem ser representados em um plano, logo são LI;  Os vetores u , v , a e b , podem, três a três, ser representados em um plano, logo são LD;
r r r r r
 O volume do paralelepípedo formado pelos vetores r , u e v é positivo;  O vetor AB é perpendicular aos vetores nα e nβ ;
 A distância d (α , r ) entre a reta e o plano é 0. r r r r
 Os vetores AB , u e v são LI, bem como os vetores AB , a e b ;
r r
3.4.3 Entre planos  O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AB , u e v é positivo;
 A distância d (α , β ) entre planos é positiva.
Existem três possibilidades para a posição relativa dois planos.
3.4.3.3 Planos concorrentes
Vamos considerar, para efeito de estudos das posições relativas:
r Observando os dois planos paralelos e coincidentes α e
 O plano α definido pelo ponto A e pelo vetor normal nα , ou pelo ponto A e dois vetores
r r β , na figura 17, concluímos que:
diretores u e v .
r r r
 O plano β definido pelo ponto B e pelo vetor normal n β , ou pelo ponto B e dois vetores  Os vetores nα e nβ não são paralelos, logo
r r r r
r nα × n β ≠ 0 ;
diretores a e b .
 A interseção entre os dois planos é uma reta, já
3.4.3.1 Planos coincidentes Figura 18 Planos concorrentes.
determinada anteriormente;
 O ângulo (α , β ) entre os planos é positivo;
Observando os dois planos paralelos e coincidentes α e
 A distância d (α , β ) entre planos é 0.
β , na figura 16, concluímos que:
r r r r r
 Os vetores nα e nβ são paralelos, logo nα × n β = 0 ;

 A interseção entre os dois planos é o próprio plano α 3.5 Ângulo

(ou β );
Figura 16 Planos paralelos e coincidentes Para determinar ângulos entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, é
 O ponto A ∈ β e o ponto B ∈ α ;
necessário primeiro, saber qual é a posição relativa entre eles, pois dependendo do caso, o
 O ângulo (α , β ) entre os planos é 0o;
ângulo é nulo e nada para se fazer, mas quando não for nulo, o ângulo será calculando, usando o
r r r r
 Os vetores u , v , a e b , podem, três a três, ser representados em um plano, logo qualquer cálculo do ângulo entre dois vetores (3.8 e 3.9.1 da Unidade II).
conjunto com três destes vetores é LD;
r r 3.5.1 Nulo
 O vetor AB é perpendicular aos vetores nα e nβ ;
r r r r O ângulo será nulo quando:
 Os vetores AB , u e v são LD, bem como os vetores AB , a e b ,
r r  As retas r e s forem paralelas ou coincidentes (figuras 9 e 10)
 O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AB , u e v é 0;
 A reta r for paralela, ou estiver contida no plano α (figuras 13 e 14)
 A distância d (α , β ) entre planos é 0.

129 130
 Os planos α e β forem paralelos ou coincidentes (figuras 16 e 17)
O ponto I de interseção das retas é um ponto que deve satisfazer as duas equações
3.5.2 Não nulo paramétricas, ou seja,
I = ( x R + x r τ , y R + y r τ , zR + zr τ ) ∈ r e I = ( xS + x sτ , y S + y sτ , zS + zsτ ) ∈ s
O ângulo será não nulo quando:
 As retas r e s forem concorrentes ou reversas (figuras 11 e 12)
Portanto, basta resolver o seguinte sistema, nas incógnitas τ e ρ :
Neste caso, diremos que o ângulo entre as retas, denotado por (r , s ) , será o menor ângulo
r r r r  x R + x r τ = xS + x s ρ
entres os ângulos (r , s ) e ( −r , s ) . 
I : y R + y r τ = y S + y s ρ
 A reta r for concorrente ao plano α (figura 15) z + y τ = z + z ρ
 R r S s
Neste caso, o ângulo entre a reta e o plano, denotado por (α , r ) , é igual ao ângulo
r r π r r Uma vez determinado o valor de τ ou de ρ , basta substituir na equação da reta
90 o − (nα , r ) ou, em radianos, − (nα , r ) .
2
correspondente, obtendo o ponto I.
 Os planos α e β forem concorrentes (figura 18)
r r
Neste caso, o ângulo entre os planos, denotado por (α , β ) , é igual ao ângulo (nα , nβ )
 A reta r estiver contida no plano α (figura 13)
definido pelos vetores normais. Neste caso a interseção será a própria reta r.

3.6 Interseções
 A reta r for concorrente ao plano α (figura 15)
Neste caso a interseção será um ponto I.
As interseções entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, depende da
posição relativa. Se a interseção for vazia, nada a fazer, se não for vazia, deve-se, basicamente,
Como fazer isso?
resolver sistemas, para encontrar a solução.
 x = xR + x r τ

3.6.1 Vazia Considere a reta r definida pelas equações paramétricas r : y = y R + y r τ e o plano α
z = z + y τ
 R r

A interseção será vazia quando:


definida pela equação geral α : ax + by + cz + d = 0 , o ponto I de interseção da reta com o
 As retas r e s forem paralelas distintas ou reversas (figuras 10 e 12).
plano, é um ponto que deve satisfazer as equações paramétricas da reta e a equação
 A reta r for paralela ao plano α (figura 14).
geral do plano, ou seja, logo, basta resolver a seguinte equação, do primeiro grau, na
 Os planos α e β forem paralelos distintos (figura 17).
incógnita τ :

3.6.2 Não vazia a( x R + x r τ ) + b( y R + y r τ ) + c ( zR + zr τ ) + d = 0


Uma vez determinado o valor de τ , basta substituir na equação da reta r, obtendo o ponto
A interseção não será vazia quando: de interseção I.
 As retas r e s forem coincidentes (figura 9)  Os planos α e β forem paralelos coincidentes (figura 16).
Neste caso, a interseção será a própria reta r (ou s).
Neste caso a interseção será o próprio plano α ou β .
 As retas r e s forem concorrentes (figura 11)
 Os planos α e β forem concorrentes (figura 18).
Neste caso, a interseção será um ponto I.
Neste caso a interseção será uma reta, vista em 3.3.3 desta unidade.
Como fazer isso?
Considere as retas r e s definida pelas seguintes equações paramétricas 3.7 Distâncias
 x = xR + x r τ  x = xS + xs ρ
 
r : y = y R + y r τ e s : y = y S + y s ρ As distâncias entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, também depende
z = z + y τ z = z + z ρ
 R r  S s da posição relativa pois, se a distância for zero, nada a fazer, se não for zero, deve-se,

131 132
basicamente, calcular comprimentos (produto interno), áreas (produto vetorial) e volume (produto Como fazer isso?
misto). “Lembre-se: o volume de um paralelepípedo é igual a área da base vezes altura.”

Observação: A distância entre dois pontos A e B, quaisquer é calculado com a norma do vetor Da figura 20, temos que volume é dado pelo módulo do produto misto

AB , ou seja, d (a, b ) = AB .
r r
[r r
u, v , AP = u × v . h
1424 3 123 Altura
{ ]
Volume Áreabase

3.7.1 Igual a zero


logo a distância entre um ponto P e um plano α é dado por d (P,α ) = h =
[ur,vr, AP ] = Volume
r r
u ×v Áreabase
A distância será zero quando:
 O ponto R pertence à reta r.
3.7.2.3 Outros casos de distâncias
 O ponto A pertence ao plano α .
 As retas r e s forem coincidentes ou concorrentes (figuras 9 e 11).  As retas r e s são paralelas e distintas (figura 10).
 A reta r estiver contida ou for concorrente ao no plano α (figuras 13 e 15). A distância entre as retas é igual à distância do ponto S à reta r, que é igual à distância do
 Os planos α e β forem coincidentes ou concorrentes (figuras 16 e 18). ponto R à reta s, ou seja: d ( r , s ) = d (S, r ) = d (R, s ) .
 As retas r e s são reversas (figura 12)
3.7.2 Diferente de zero
A distância entre as retas r e s é igual à distância do ponto S ao plano α (definido pelo
r r
Vamos considerar, antes de definir as demais distâncias, a distância entre um ponto e uma ponto R e pelos vetores r e s ), que é igual à distância do ponto R ao plano β (definido
r r
reta e a distância entre um ponto e um plano, pois todos os outros casos recaem em um destes pelo ponto S e pelos vetores r e s ), ou seja:
dois. d ( r , s ) = d (S,α ) = d (R, β ) .
 A reta r paralela ao plano α (figura 14)
3.7.2.1 Distância entre um ponto e uma reta
A distância entre a reta r e o plano α é igual à distância do ponto R ao plano α , ou seja:

A distância entre um ponto P e uma reta r será d ( r ,α ) = d (R,α ) .

encontrada através do cálculo de uma determinada área.  Os planos α e β são paralelos distintos (figura 17).
Como fazer isso? A distância entre o plano α e o plano β é igual à distância do ponto A ao plano β , que é
“Lembre-se que: a área de um paralelogramo é igual à igual à distância do ponto B ao plano α , ou seja:
base vezes altura.”
d (α , β ) = d ( A, β ) = d (B,α ) .

Figura 19 Distância de ponto à reta


Da figura 19, temos que a área é dada pela norma do 3.8 Exemplos
produto vetorial
r r A partir deste momento iremos revisar, via exercícios e exemplos, todos os conhecimentos
r × RP = ||{
r ||. h
{
1424 3 base altura anteriores, como definir retas, planos, determinar a posição relativa, a interseção, o ângulo e a
Área
distância entre eles, e outras coisinhas mais, sempre considerando o sistema de coordenadas do
r
r × RP Área R3 definido.
logo a distância do ponto P a uma reta r, é dada por d (P, r ) = h = r =
|| r || base Em todos os exemplos abaixo, considere os pontos A = (3,0,1) , B = (2,1,2) , C = (0,−1,3) e

3.7.2.2 Distância entre um ponto e um plano  x = 3 − 1τ



ponto genérico P = ( x, y , z ) , a reta r :  y = 0 + 1τ e o plano α : 2 x + 1y + 3 z − 6 = 0 .
 z = 1 + 1τ
A distância entre um ponto P e um plano α , será 

encontrada através do cálculo de um determinado volume.

133 134

Figura 20 Distância de um ponto ao plano


3.8.1.1 Determinar a reta s, que passa por C e é paralela à reta r. o Determinar dois vetores diretores do plano. Para tanto, acharemos outros dois
pontos, como por exemplo, os pontos C1 = (0,0,2) e C2 = ( −2,0,0) , achando os
Para determinar a reta s, ou seja, determinar as equações desta reta, você terá que achar
vetores CC1 = (0,1,−1) e CC1 = ( −2,1,−3) , logo:
um vetor diretor da mesma.
 x = 0 + 0µ1 − 2µ 2

β : y = − 1+ 1µ1 + 1µ 2
Como fazer isso?
 z = 3 − 1µ − 3µ
 1 2
 Esboce duas retas paralelas quaisquer;
r
 Represente o ponto R e o vetor r na reta r e os pontos C e P na reta s; o Considere y = µ1 e z = µ 2 , logo x = −2 + µ1 + µ 2 , isto é:

 Observe que, para definir a reta s, só falta determinar o vetor diretor;  x = 2 + µ1 + µ2  x = − 2 + µ1 + µ 2


r r  
 Escolha como vetor diretor para reta s o mesmo da reta r, ou seja, s = r ; β : y = µ1 ou β : y = 0 + µ1 + 0 µ 2
z = µ2  z = 0 + 0 µ + 1µ
  1 2
“Porque posso escolher esse vetor?”
r r
 Temos, portanto, que a reta s é definida por C = (0,−1,3) e s = r = (−1,1,1) ; 3.8.1.3 Determinar o ângulo, a distância e a interseção, caso existam, ente o plano β e a
reta s.
r r
 Como CP // r (LD), temos a equação vetorial CP = ρ r ;

 x = 0 − 1ρ Para determinar o ângulo, a distância e a interseção, verifique, antes de qualquer coisa, a


 posição relativa entre o plano β e a reta s, pois dependendo do caso, não será necessário fazer
 Escrevendo as equações paramétricas da reta s, temos s :  y = − 1+ 1ρ ;
 z = 3 + 1ρ
 contas.
 Escrevendo as equações simétricas (isolando ρ nas paramétricas) obtemos:

x y +1 z − 3 Como fazer isso?


s: = = ou s : − x = y + 1 = z − 3
−1 1 1  Pense nas três possibilidades que existem, com relação à posição relativa, entre uma reta
e um plano.
3.8.1.2 Determinar o plano β que passa C e é perpendicular à reta r.
Pense na sua mesa como o plano (infinito) e o seu lápis como reta (infinita)

Para determinar o plano β , ou seja, determinar as equações deste plano, você terá que achar um 1. Coloque o lápis sobre a mesa (primeira possibilidade);
2. Afaste da mesa paralelamente o lápis (segunda possibilidade);
ponto e um vetor normal do plano β .
3. Encoste apenas a ponta do lápis na mesa (terceira possibilidade).

 Esboce um plano e uma reta quaisquer;


Como fazer isso?
r r
 Esboce um plano e uma reta perpendicular quaisquer;  Represente o ponto R e o vetor r na reta r o ponto C e vetor n β no plano β ;
r r r r r
 Represente o ponto R e o vetor r na reta r e os pontos C e P no plano β ;  Verifique se os vetores r e n β são perpendiculares, ou seja, calcule r ⋅ n β ;
 Observe que, para definir o plano β , só falta determinar o vetor normal; r r
 Como o resultado r ⋅ n β = ( −1,1,1) ⋅ ( −1,1,1) = 3 , os vetores não são perpendiculares, portanto
r r
 Escolha como vetor normal do plano β o mesmo da reta r, ou seja, nβ = r ; a reta só pode ser concorrente ao plano;
“Porque posso escolher esse vetor?”  Como são concorrentes a distância d ( β , r ) = 0 ;
r r
r r
 Temos, portanto que, o plano β é definido por C = (0,−1,3) e nβ = r = ( −1,1,1) ;  Observe que n β = r = (−1,1,1) , logo o ângulo ( β , r ) = 90 o , ou seja, são perpendiculares;

r r  Finalmente para determinar a interseção, que já sabemos que é um ponto, basta pegar um
 Como CP ⊥ r , o produto interno CP ⋅ r = 0 ;
ponto qualquer I = (0 − 1ρ ,−1 + 1ρ,3 + 1ρ ) da reta s e substituir na equação geral do plano
 Logo a equação normal do plano é β : −1x + 1y + 1z − 2 = 0 ;
β , ou seja:
 Para escrever as equações paramétricas do plano partindo da equação normal, temos pelo
− 1(0 − 1ρ ) + 1( −1 + 1ρ ) + 1(3 + 1ρ ) − 2 = 0
menos duas possibilidades:
Resolvendo a equação, temos que ρ = 0 , logo I = (0,−1,3 ) ∈ s ∩ β .

135 136
3.8.1.4 Determinar a equação normal do plano φ que contenha o ponto A e seja paralelo ao Foram introduzidos, nesta unidade, as retas e os planos e como olhar estes elementos de
plano β.
uma maneira geométrica.
Definimos também as equações paramétricas das retas e dos planos, bem como a
Para determinar a equação deste plano, você terá que achar um ponto e vetor normal do
equação simétrica da reta e a equação geral de um plano.
plano ϕ , ou dois vetores diretores do plano.
Foi bastante enfatizado que determinar a posição relativa entre as retas e os planos é, de
fato, muito importante, pois facilita a compreensão dos problemas e principalmente a sua
Como fazer isso?
resolução.
 Esboce dois planos paralelos;
Mostramos também como determinar ângulos, interseções e distâncias entre as retas,
r
 Represente o ponto C e o vetor normal nβ no plano β e os pontos A e P no plano ϕ ; entre retas e planos e entre planos.
 Observe que, para definir o plano β , só falta determinar o vetor normal;
r r
 Escolha como vetor normal do plano ϕ o mesmo do plano β , ou seja, nϕ = n β ;

“Porque posso escolher esse vetor?”


r r
 Temos, portanto, que o plano ϕ é definido por A = (3,0,1) e nϕ = nβ = (−1,1,1) ;
r r
 Como AP ⊥ r , o produto interno AP ⋅ r = 0 ;
 Logo a equação geral do plano é ϕ : −1x + 1y + 1z + 2 = 0 ;

3.8.1.5 Calcule a distância entre os planos β e φ.

Para determinar a distância entre estes planos, vamos de fato calcular um volume.

Como fazer isso?


 Esboce dois planos paralelos;
r
 Represente o ponto C e o vetor normal nβ no plano β e o ponto A no plano ϕ ;

 Represente o vetor AC ;
r r
 Observe que, o vetor nβ pode representar o produto vetorial de dois vetores diretores v 1 e
r r r r
v 2 do plano β , ou seja, n β = v 1 × v 2 ;
r r
 O volume será gerado pelos vetores v 1 , v 2 e AC , portanto o volume será o módulo do
produto misto:
r r r r r
V = [v 1, v 2 , AC ] = v1 × v 2 ⋅ AC = n β ⋅ AC = 4

“Volume de um paralelepípedo é área da base vezes altura”


r
 Portanto como a área da base é || n β ||= 3 , a distância será:
Unidade III Cônicas e Quádricas
4 4 3
d ( β ,ϕ ) = = u.c.
3 3
1. Situando a Temática
4. Avaliando o que foi construído

137 138
Nesta unidade estudaremos e definiremos as cônicas, como por exemplo, circunferências,
elipses, hipérboles e parábolas, a partir das suas equações gerais dadas por equações do Definição: O lugar geométrico dos pontos (x, y) ∈ R 2 que satisfazem à equação do segundo grau
segundo grau em duas variáveis, usando ferramentas algébricas, como matrizes, determinantes,
em duas variáveis
polinômios característicos, autovalores e autovetores, introduzidos nesta unidade.
Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0
Faremos também uma introdução às superfícies quádricas, bem como serão exibidas
é chamado de cônica.
algumas superfícies de revolução, cilíndricas e cônicas, com o intuito de fazer o aluno olhar os
objetos ao seu redor e tentar ver que tipo de superfície se trata tal objeto e que é possível existir
uma equação associada a tal superfície. Observações: Da equação Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 , chamada de equação da cônica,
temos que:
2. Problematizando a Temática
• Pelos menos um dos números A , B e C é diferente de zero;

Na classificação da cônica, trataremos de modo algébrico a equação geral, para obter a • Os termos Ax 2 e Cy 2 são chamados de termos quadráticos;

cônica na forma reduzida, simplificando, desta maneira, a equação para a obtenção dos seus • O termo Bxy é chamado de termo quadrático misto;
elementos básicos (estudados na disciplina Matemática Básica IV). • Os termos Dx e Ey são os termos lineares e F é o termo independente;
Para a visualização das cônicas utilizaremos o programa Geogebra para exibir as cônicas,
• {
A cônica é o conjunto (x, y) ∈ R 2 Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 }
bem como resolver exercícios e interagir com as curvas, nele definidas, de maneira simples e
• Podemos escrever a equação Ax + Bxy + Cy + Dx + Ey + F = 0 na forma matricial
2 2
agradável.
Como desenhar uma quádrica, ou pelo menos, ter uma idéia de como a quádrica se (verifique):
 A B 2  x  x 
encontra em um espaço tridimensional, sendo capaz de visualizar suas interseções com planos,
[x y ]. . y  + [D E ]. y  + F = 0
determinando qual curva, em duas dimensões, irá surgir nestes cortes. B 2 C    

3. Conhecendo a Temática Exemplos: Teste todas essas cônicas no programa Geogebra.


a) Circunferência: x 2 + y 2 = 1 , ou seja,
3.1 Introdução
1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y - 1 = 0 ;
O tratamento mais básico, ou seja, considerando as cônicas com o eixo focal paralelo ao
x2 y2
eixo x ou ao eixo y , será tratado na disciplina Matemática Básica IV, porém seu conhecimento b) Elipse: + = 1 ⇔ 2x 2 + 3y 2 = 6 , ou seja,
3 2
será necessário para a distinção das cônicas aqui abordadas, pois nosso objetivo será sempre 2x 2 + 0xy + 3y 2 + 0x + 0y - 6 = 0 ;
obter as equações das cônicas na sua forma reduzida.
x2 y2
Para a classificação das cônicas, usaremos os conceitos básicos de como encontrar os c) Hipérbole: − = 1 ⇔ 2x 2 − 3y 2 = 6 , ou seja,
3 2
autovalores e autovetores, associados a uma determinada matriz. A definição e aplicações serão
2x 2 + 0xy − 3y 2 + 0x + 0y - 6 = 0 ;
objetos da disciplina Introdução à Álgebra Linear, mas aqui introduzidas parcialmente, apenas
para usá-las em nossos estudos. d) Parábola: x 2 − y = 0 , ou seja,

No caso das superfícies ficaremos a maior parte do tempo na identificação, compreensão e 1x 2 + 0xy + 0y 2 + 0x − 1y + 0 = 0 ;
esboço das superfícies quádricas, cônicas e cilíndricas, nas suas formas mais conhecidas, apesar
e) Um ponto (circunferência ou elipse degenerada): x 2 + y 2 = 0 , ou seja,
de também ser possível, usando o mesmo procedimento para as cônicas, classificar as quádricas.
1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;
3.2 Cônicas
f) Vazio (circunferência ou elipse degenerada): x 2 + y 2 + 1 = 0 , ou seja,

Vamos considerar, para o estudo das cônicas, o plano cartesiano, ou seja, o espaço de 1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y − 1 = 0 ;

duas dimensões R2. g) Uma reta (parábola degenerada): (x + y)2 = 0 ⇔ x 2 + 2 xy + y 2 = 0 , ou seja,

139 140
1x 2 + 2xy + 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;

h) Duas retas paralelas (parábola degenerada): (x + y)(x + y + 1) = 0 ⇔ x 2 + 2 xy + y 2 + x + y = 0 ,


ou seja,
1x 2 + 2xy + 1y 2 + 1x + 1y + 0 = 0 ;

i) Duas retas concorrentes (hipérbole degenerada): (x + y)(x − y) = 0 ⇔ x 2 − y 2 = 0 , ou seja,

1x 2 + 0xy − 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ; E : F1P + F2P = 2a H : F1 P − F2 P = 2a


( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2
3.2.1 Forma reduzida E: + =1 H: − =1
a2 b2 a2 b2
 x = x0 + a. cos(τ )  x = x0 + a. sec(τ )
E: H:
Apresentaremos a seguir as quatro cônicas mais conhecidas, dadas as equações nas  y = y 0 + b.sen(τ )  y = y 0 + b. tan(τ )
formas vetorial, reduzidas e paramétricas, onde: Onde: Onde:
 2a = A1A2 (eixo maior)  2a = A1A2 (eixo maior)
 P = ( x, y ) é um ponto qualquer da cônica.  2b = B1B2 (eixo menor)  2c = F1F2 (distância focal)
 C = ( x0 , y 0 ) é o cento;  2c = F1F2 (distância focal)  c 2 = a2 + b2
 F1 , F2 e F são os focos;  a2 = b2 + c 2
 A1 , A2 , B1 , B2 e V = ( xV , yV ) são os vértices;
Observação: Nos casos em que na equação não conste do termo quadrático misto, a
classificação se dá através de operações como completamento de quadrados e operações
Circunferência Parábola algébricas básicas (ver exemplos 3.4.1).

3.2.2 Autovalores e autovetores

Utilizaremos autovalores e autovetores como ferramenta para determinar os eixos das


cônicas, em relação aos eixos coordenados, a partir da equação geral, eliminando desta forma o
termo quadrático misto. O detalhamento e o uso mais intensivo desta teoria será tema da
disciplina Introdução à Álgebra Linear.
C : CP = r CP : FP = d (P, r )
Apesar das definições abaixo serem para matrizes quadradas de qualquer ordem,
C : ( x − x0 )2 + ( y − y 0 )2 = r 2 CP : 4c( y − yV ) = ( x − xV )2
ficaremos apenas com as matrizes 2 × 2 , que serão nosso objeto de trabalho.
 x = x0 + r . cos(τ )  x = xV + 2cτ
C: CP : 
y = y 0 + r .sen(τ )  y = yV + cτ
2

 r é a reta diretriz Definição: Chamaremos de polinômio característico de uma matriz An × n ao polinômio definido
Onde r é o raio.  c = FV
por:
p(λ ) = det( A − λIn )

onde In é a matriz identidade n × n .

 5 − 2
Elipse Hipérbole Exemplo: Considere a matriz A =   . O polinômio característico da matriz A será o
− 2 8 
 5 − 2  1 0  5 − λ − 2 
determinante de A2× 2 − λI2 =   − λ 0 1 =  − 2 8 − λ  , ou seja,
− 2 8     

141 142
r
5−λ −2 Obtendo os autovetores v λ1 = ( x,−2 x ) , com x ≠ 0 . Logo, um autovetor unitário será dado
p( λ ) = det( A − λI 2 ) = = (5 − λ )(8 − λ ) − 4 = λ2 − 13λ + 36 .
−2 8−λ
r  −1 2  1
por v λ2 =  ,  , considerando x = − .
 5 5 5
Definição: Chamaremos de autovalores de uma matriz An × n as raízes, caso existam, do
3.2.3 Classificando as cônicas
polinômio característico, ou seja, as soluções da equação:
p(λ ) = 0
Para a classificação e esboço das cônicas, devemos seguir os seguintes passos:

 5 − 2 1) Escrever a equação Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 , na forma matricial:


Exemplo: Considere a matriz A =   como no exemplo anterior, com o seu polinômio
− 2 8 
 A B 2  x  x
característico dado por p(λ ) = λ2 − 13λ + 36 . Os autovalores da matriz são λ1 = 4 e λ2 = 9 . [x y ]. .  + [D E ]. y  + F = 0
B 2 C   y   
r r  A B 2
r 2) Determinar autovetores unitários u e v da matriz dos termos quadráticos   , que
Definição: Chamaremos de autovetor v λ associado ao autovalor λ de uma matriz An ×n , a uma B 2 C 
solução do seguinte sistema linear: darão a direção dos novos eixos coordenados para a cônica;
A. X = λX
r r
Onde X = (x1 x2 ... xn)t é uma matriz coluna composta de n variáveis. A solução X0 da equação 3) Considerando os autovetores unitários u = (u x , u y ) e v = (v x ,v y ) associados aos autovalores
r
matricial acima nos dá as coordenadas de v λ em relação a uma base de Rn.
λu e λv respectivamente, definir as seguintes matrizes:

λ 0 u x vx 
D= u e P=
 5 − 2
Exemplo: Considere os autovalores λ1 = 4 e λ2 = 9 da matriz A =  0 λu  u y v y 
 do exemplo
− 2 8 
4) Escrever a nova equação a partir da equação vetorial, fazendo a mudança das variáveis x e
anterior. Logo, para o autovalor:
y por x1 e y1 , ou seja,

λ 0   x1  u x v x   x1 
 5 − 2  x   x  4x  [x1 y1 ]. u . + [D E ]. .  + F = 0
 λ1 = 4 , temos:     = 4  =   0 λu   y1  u y v y   y 1 
1− 2 8  y  {y  4y 
4243 { r r
A X X 5) Esboçar o gráfico da cônica acima, considerando como eixos dados pelos autovetores u e v .
Que, após a multiplicação das matrizes, resulta no seguinte sistema homogêneo:
 5 x − 2y = 4 x  x − 2y = 0 Proposição: Considere a cônica definida pela equação Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 , λ1 e λ2
 ⇒ ⇒ x = 2y
− 2 x + 8 y = 4 y − 2 x + 4 y = 0
r  A B 2
Obtendo os autovetores v λ1 = (2y , y ) , com y ≠ 0 . Logo, um autovetor unitário será dado os autovalores da matriz dos termos quadráticos M =   , então:
B 2 C 
r  2 1  1 a) λ1.λ2 = A.C − B 2 / 4 ;
por v λ1 =  ,  , considerando y = .
 5 5 5
b) Se λ1.λ2 > 0 , então a cônica é uma elipse, um ponto ou o conjunto vazio;

c) Se λ1.λ2 < 0 , então a cônica é uma hipérbole ou um par de retas concorrentes;


 5 − 2  x   x  9 x 
 λ1 = 9 , temos:     = 9  =   d) Se λ1.λ2 = 0 , temos duas possibilidades:
− 2 8
14243 {y {y  9 y 
A X X i) λ1 ≠ 0 ou λ2 ≠ 0 então a cônica é uma parábola, ou um par de retas
Que, após a multiplicação das matrizes, resulta no seguinte sistema homogêneo: paralelas ou uma reta ou o conjunto vazio;
 5 x − 2y = 9 x − 4 x − 2y = 0 ii) λ1 = λ2 = 0 então a cônica é uma reta.
 ⇒ ⇒ y = −2 x
− 2 x + 8 y = 9 y − 2 x − y = 0

143 144
Observação: Só utilizaremos este método de classificação nos casos em que o coeficiente do 1x 2 + 2 y 2 + 1z 2 + 2 xy − 2yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z + 0 = 0 ;
termo quadrático misto for diferente de zero, pois caso contrário recai numa equação da forma
j) Um plano: (x − y)2 = 0 ⇔ x 2 + y 2 − 2 xy = 0 , ou seja,
reduzida, via completamento de quadrados e operações elementares algébricos (“continhas”).
Veja os exemplos em 3.4.1. 1x 2 + 1y 2 + 0 z 2 + 2 xy + 0yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z + 0 = 0 ;
k) Dois planos paralelos: (x + y + z)(x + y + z + 1) = 0 , ou seja,
3.3 Quádricas
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 2 xy + 2yz + 2 xz − 1x − 1y - 1z + 0 = 0 ;

Vamos considerar para o estudo das quádricas, o espaço tridimensional com o sistema de l) Dois planos concorrentes: (x + z)(x − z) = 0 ⇒ x 2 − z 2 = 0 , ou seja,
eixos coordenados dado na unidade 3. 1x 2 + 0 y 2 − 1z 2 + 0 xy + 0yz + 0 xz + 0x + 0y + 0 z + 0 = 0 ;

Definição: O lugar geométrico dos pontos (x, y, z) ∈ R3 que satisfazem à equação do segundo Observações:
grau em três variáveis • Pelos menos um dos coeficientes dos termos quadráticos é diferente de zero;
Ax + By + Cz + Dxy + Eyz + Fxz + Gx + Hy + Iz + J = 0
2 2 2
• De modo análogo à classificação das cônicas, as quádricas também podem ter as suas

é chamado de superfície quádrica ou simplesmente quádrica. equações modificadas para uma forma reduzida, via autovetores e autovalores, porém
esta classificação não será objeto de estudos nesta disciplina;

Exemplos: • Vamos considerar o ponto C = ( x0 , y 0 , z0 ) como centro, nas quádricas chamadas

a) Esfera: x 2 + y 2 + z 2 = 1 , ou seja, centradas, e o ponto V = ( x0 , y 0 , z0 ) o vértice nas quádricas não centradas.

1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 1 = 0 ;
O objetivo neste trabalho é, a partir da equação de uma quádrica Q , classificar, via
x 2 y 2 z2
b) Elipsóide: + + = 1 ⇔ 2x 2 + 3 y 2 + 3 z 2 = 6 , ou seja, interseções com planos, esboçar e dar o nome das mesmas. Para tanto, basta proceder da
3 2 2
seguinte forma:
2x 2 + 3 y 2 + 3 z2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z − 6 = 0 ;

x 2 y 2 z2 1) Fazer interseções da quádrica Q com os planos coordenados π 1 : x = 0 , π 2 : y = 0 e


c) Hiperbolóide: − + = 1 ⇔ 2x 2 − 3 y 2 + 3 y 2 = 6 , ou seja,
3 2 2
π 3 : z = 0 , ou com planos paralelos aos planos coordenados. Estes planos são escolhidos de
2x 2 − 3 y 2 + 3 z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 6 = 0 ;
tal forma que a interseção resultante com a quádrica, seja uma curva conhecida, onde a idéia
d) Parabolóide: x 2 + y 2 − z = 0 , ou seja,
básica é “fazer sumir” uma das variáveis da equação da quádrica;
1x + 1y + 0 z + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y − 1z + 0 = 0 ;
2 2 2
2) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja uma das cônicas conhecidas,

e) Cone: x + y − z = 0 , ou seja,
2 2 2 classificar e observar quais são as características desta cônica em relação aos eixos paralelos
ao plano π n ;
1x + 1y − 1z + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z + 0 = 0 ;
2 2 2

3) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja um ponto ou vazia, deve-se encontrar
f) Cilindro: x 2 + y 2 − 1 = 0 , ou seja,
um outro plano α n paralelo ao plano π n , de tal forma que a interseção da quádrica com o
1x 2 + 1y 2 + 0 z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z − 1 = 0 ;
plano α n seja uma das cônicas conhecidas, voltando para o segundo item;
g) Um ponto: x 2 + y 2 + z 2 = 0 , ou seja,
4) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja uma circunferência, a superfície será
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z + 0 = 0 ;
de revolução, ou seja, gira em torno de uma reta perpendicular ao plano π n , passando pelo
h) Vazio: x 2 + y 2 + z 2 + 1 = 0 , ou seja, centro ou pelo vértice da quádrica;
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 1 = 0 ;
Veja alguns exemplos destes procedimentos em 3.4.2.
i) Uma reta: (x − y)2 + (y − z)2 = 0 ⇔ x 2 + 2y 2 + z 2 − 2 xy − 2yz = 0 , ou seja,

145 146
3.3.1 Esfera ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 1 : − + =1
a2 b2 c2
A esfera com centro C = ( x0 , y 0 , z0 ) e raio r é uma
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 1 : − + + =1
superfície dada pela equação a2 b2 c2
Q : ( x − x0 )2 + ( y − y 0 )2 + ( z − z0 )2 = r 2
Observações:

Observações: • Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são

• A esfera é um caso particular de elipsóide; Figura 1 Esfera com centro na origem. positivos;

• Todos os coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são • Duas das interseções da quádrica QH 1 com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0

positivos; são hipérboles, por este motivo o nome é hiperbolóide;


• As três interseções da quádrica Q com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0 são o Se a outra interseção for uma elipse o nome será hiperbolóide elíptico de uma

circunferências. folha;
o Se a outra interseção for uma circunferência o nome será hiperbolóide circular (ou
3.3.2 Elipsóide de revolução) de uma folha;
• O “sobrenome” uma folha é para diferenciar do hiperbolóide de duas folhas (compare as
O elipsóide com centro C = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma figuras 3 e 4).
superfície dada pela equação
3.3.4 Hiperbolóide de duas folhas
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QE : + + =1
a2 b2 c2
O hiperbolóide de duas folhas com centro
C = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma superfície dada por uma das
Observações:
Figura 2 Elipsóide com centro na origem
equações abaixo:
• A esfera é um caso particular de elipsóide,
bastando considerar os valores a = b = c = r , na equação acima; ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 2 : − − =1
a2 b2 c2
• Todos os coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
positivos; QH 2 : − + − =1
a2 b2 c2
• Duas das interseções da quádrica QE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0 Figura 4 Hiperbolóide de duas folhas
com centro na origem
( x − x0 )
2
(y − y 0 ) ( z − z0 )
2 2
são elipses, por este motivo o nome é elipsóide; QH 2 : − − + =1
a2 b2 c2
o Se a outra interseção for uma elipse o nome será elipsóide elíptica;
o Se a outra interseção for uma circunferência o nome será elipsóide circular ou
Observações:
elipsóide de revolução.
• Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
3.3.3 Hiperbolóide de uma folha negativos;
• Duas das interseções da quádrica QH 2 com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
O hiperbolóide de uma folha com centro são hipérboles, por este motivo o nome é hiperbolóide;
C = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma superfície dada por uma das • A outra interseção é vazia, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja
equações abaixo: interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica;
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2 o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será hiperbolóide elíptico de duas
QH 1 : + − =1
a2 b2 c2 folhas;

Figura 3 Hiperbolóide de uma folha com o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será hiperbolóide circular
centro na origem
(ou de revolução) de duas folhas;
147 148
• O “sobrenome” duas folhas é para diferenciar do hiperbolóide de uma folha (compare as • Duas das interseções da quádrica QPE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
figuras 3 e 4). são parábolas, por este motivo o nome é parabolóide;
• A outra interseção são duas retas, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este,
3.3.5 Parabolóide elíptico
cuja interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica.

O parabolóide elíptico com vértice V = ( x0 , y 0 , z0 ) é • Esta nova interseção é uma hipérbole, logo o nome será parabolóide hiperbólico;
• Esta superfície também é conhecida como cela de cavalo.
uma superfície dada por uma das equações abaixo:
( x − x 0 )2 ( y − y 0 )2
QPE : ± ± = c( z − z0 )
a2 b2 3.3.7 Superfície cônica
( x − x0 )2 ( z − z0 )2
QPE :± ± = b( y − y 0 )
a2 c2 Uma superfície cônica é gerada por uma reta que
Figura 5 Parabolóide elíptico com
vértice na origem
( y − y 0 )2 ( z − z0 )2 se move ao longo de uma curva e passando por um ponto
QPE :± ± = a( x − x0 )
b2 c2 fixo, fora do plano da curva.
Vamos considerar a superfície cônica, ou
Observações: simplesmente cone, com vértice V = ( x0 , y 0 , z0 ) . Esta
• Os dois coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação possuem o superfície é dada por uma das equações abaixo:
mesmo sinal;
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QSC : + − =0
• Duas das interseções da quádrica QPE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0 a2 b2 c2 Figura 7 Cone com vértice na origem

são parábolas, por este motivo o nome é parabolóide; ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2


QSC : − + =0
• A outra interseção é um ponto, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja a2 b2 c2
interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica; ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QSC : − + + =0
o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será parabolóide elíptico; a2 b2 c2
o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será parabolóide circular
(ou de revolução); Observações:
• A reta é chamada de geratriz, a curva é a diretriz e o ponto fixo o vértice da superfície
3.3.6 Parabolóide hiperbólico
cônica;
• Vamos considerar o caso particular, onde a curva geratriz é uma elipse ou uma
O parabolóide hiperbólico com vértice
circunferência;
V = ( x0 , y 0 , z0 ) é uma superfície dada por uma das
• Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
equações abaixo:
positivos;
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2
QPH : ± m = c( z − z0 ) • Duas das interseções da quádrica QSC com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
a2 b2
são duas retas concorrentes no vértice.
( x − x0 )2 ( z − z0 )2
QPH : ± m = b( y − y 0 ) • A outra interseção é um ponto, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja
a2 c2
Figura 6 Parabolóide hiperbólico com interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica;
( y − y 0 )2 ( z − z0 )2 vértice na origem
QPH :± m = a( x − x 0 ) o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será cone elíptico;
b2 c2
o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será cone circular (ou de
revolução).
Observações:
• Os dois coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação possuem
sinais opostos;

149 150
3.3.8 Superfície cilíndrica  Completando os quadrados para ( x 2 − 2 x ) e ( y 2 + 4 y ) temos:

A superfície cilíndrica é uma superfície gerada por


[ ] [
9 ( x 2 − 2 x + 1) − 1 + 4 ( y 2 + 4 y + 4) − 4 − 11 = 0 ]
uma reta que se move ao longo de uma curva, [
9 ( x − 1) 2
− 1] + 4[( y + 2) 2
]
− 4 − 11 = 0
paralelamente a uma reta fixa, concorrente ao plano da 9( x − 1)2 − 9 + 4( y + 2)2 − 16 − 11 = 0
curva.
9( x − 1)2 + 4( y + 2)2 − 36 = 0
Vamos considerar uma superfície cilíndrica cuja
 De maneira análoga ao exemplo anterior,
curva diretriz esteja em um plano paralelo a um dos
dividindo toda a equação por 36, obtemos a
planos coordenados e cuja reta geratriz seja 2 2
Figura 8 Cilindro circular x + z = 1 2 2
forma reduzida da cônica, dada por: Figura 10 Elipse: 9x + 4y - 18x + 16y – 11 = 0
perpendicular a este plano.
9( x − 1)2 4( y + 2)2 36 ( x − 1)2 ( y + 2)2
Caso a curva diretriz seja uma circunferência, elipse, hipérbole ou parábola a superfície + − =0⇒ + =1
36 36 36 4 9
cilíndrica é chamada de circular, elíptica, hiperbólica ou parabólica respectivamente.

 Observe que a equação na forma reduzida é uma elipse;


3.4 Exemplos
 Com centro no ponto C = (1,−2) ;
 O eixo focal é paralelo ao eixo y e o eixo menor é paralelo ao eixo x ;
3.4.1 Cônicas
 Os valores são a = 3 , b = 2 e c = 9 − 4 = 5 ;
Classificar e esboçar as cônicas dadas pelas equações abaixo:
 Os focos são F1 = (1,−2 + 5 ) e F2 = (1,−2 − 5 ) ;

3.4.1.1 C1 : 9 x 2 − 16 y 2 − 144 = 0  Os vértices são A1 = (1,−5 ) e A2 = (1,1) ;

 A excentricidade é e = 5 / 3 < 1.
Como fazer isso?
 Dividindo toda a equação por 144, temos: 3.4.1.3 C3 : 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 − 36 = 0
9 x 2 16 y 2 144 x2 y 2
− − =0⇒ − =1
144 144 144 16 9 Como fazer isso?
 Observe que a equação na forma reduzida é uma  Como a equação possui o termo quadrático misto,
hipérbole; vamos utilizar o procedimento, via autovalores e
2 2
 Com centro na origem; Figura 9 Hipérbole: 9x - 16y - 144=0 autovetores, para determinar uma equação na
 O eixo focal é o eixo x e o eixo imaginário é o eixo y ; forma reduzida em um novo sistema de eixos;

 Os valores são a = 4 , b = 3 e c = 16 + 9 = 5 ;  Completando a equação temos


Figura 11 Elipse: 5x² - 4x y + 8y² = 36

 As duas assintotas são dadas pelas retas r1 : y = 3 / 4 x e r2 : y = −3 / 4 x ; 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 + 0 x + 0 y − 36 = 0 , logo a

 5 − 2  x  x
 Os focos são F1 = ( −5,0) e F2 = (5,0 ) ; equação na forma matricial é [x y ]. . y  + [0 0]. y  − 36 = 0 , ou simplesmente
 − 2 8    
 Os vértices são A1 = ( −4,0 ) e A2 = ( 4,0) ;
 5 − 2  x 
 A excentricidade é e = 5 / 4 > 1 . [x y ]. .  − 36 = 0 ;
− 2 8   y 
r r
3.4.1.2 C2 : 9 x 2 + 4 y 2 − 18 x + 16 y − 11 = 0  Para determinar os autovetores unitários u e v da matriz dos termos quadráticos
 5 − 2
− 2 8  , temos que determinar o polinômio característico, que é dado por
Como fazer isso?  
 Colocando em evidência 9 x e 4 y na equação temos: 9( x 2 − 2 x ) + 4( y 2 + 4 y ) − 11 = 0 p(λ ) = λ2 − 13λ + 36 , logo os autovalores da matriz são λ1 = 4 e λ2 = 9 , portanto os

151 152
r  2 1  r  −1 2   Escrevendo na nova forma matricial:
autovetores unitários são u =  ,  e v =  ,  respectivamente (ver exemplos
 5 5   5 5  2 − 1
 4 0  x1   20 80   5 . x1  + 4 = 0
anteriores); [x1 y1 ]. .  +  − 
. 5
1 2   y1 
0 9  y 1   5 5
 2 − 1  5 5 
4 0  5 5 
 Sejam as matrizes D =   e P= 1 2  Temos a equação da cônica dada pela equação 4 x12 + 9 y12 − 8 x1 − 36 y1 + 4 = 0 no novo
 0 9  
 5 5 
sistema de eixos x1 e y1 . Transformando a equação e completando os quadrados,
 Escrevendo
obtemos:
 2 − 1
 4 x12 + 9 y12 − 8 x1 − 36 y1 + 4 = 0
[x1  4 0  x1 
y1 ]. 5 . x1  − 36 = 0
. y  + [0 0 ].
5
 0 9   1  1 2   y1  4( x12 − 2 x1 ) + 9( y12 − 4 y1 ) + 4 = 0
 5 5 
4[( x12 − 2 x1 + 1) − 1] + 9[( y 12 − 4 y1 + 4) − 4] + 4 = 0

4( x1 − 1)2 + 9( y1 − 2)2 − 36 = 0
Temos a equação da cônica dada pela equação 4 x12 + 9 y12 − 36 = 0 no novo sistema de
que, após uma simples divisão, obtemos a cônica na forma reduzida
eixos x1 e y1 , que após uma simples divisão, obtemos a cônica na forma reduzida
( x1 − 1)
2
( y − 2) 2

x12 y12 + 1 = 1 , que é uma elipse. Observe que o centro é C = (1,2) no sistema de
+ = 1, que é uma elipse (ver figura 2). 9 4
9 4
eixos x1 e y1 .

20 80
3.4.1.4 C4 : 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 + x− y +4=0 3.4.2 Quádricas
5 5

Classificar e esboçar as quádrica dadas pelas equações abaixo:


Como fazer isso?
 Neste exemplo também aparece o termo xy , logo
x 2 y 2 z2
3.4.2.1 Q1 : + + =1
faremos um procedimento análogo ao exemplo 4 4 25
anterior;
 Note que a equação acima já está completa, logo Como fazer isso?
basta escrevendo a equação na forma matricial, Figura 12 Elipse com C = (1,2) no sistema  Fazendo as interseções com os planos coordenados temos:
de eixos x1 e y1.
temos: y 2 z2
o Para o plano π 1 : x = 0 , a interseção Q1 I π 1 : + = 1 é uma elipse com eixo focal
 5 − 2  x   20 80   x  4 25
[x y ]. .  +  − .  + 4 = 0 ;
− 2 8   y   5 5  y  paralelo ao eixo z ;

 5 − 2 x 2 z2
 Como é a mesma matriz dos termos quadráticos  o Para o plano π 2 : y = 0 , a interseção Q1 I π 2 : + = 1 é uma elipse com eixo focal
 do exemplo anterior, temos 4 25
− 2 8 
paralelo ao eixo z ;
que o polinômio característico é dado por p(λ ) = λ2 − 13λ + 36 e os autovalores da matriz
x2 y 2
r  2 1  r  −1 2  o Para o plano π 3 : z = 0 , a interseção Q1 I π 3 : + = 1 é uma circunferência de raio
são λ1 = 4 e λ2 = 9 e, portanto os autovetores unitários são u =  4 4
,  e v =  , 
 5 5  5 5 2, logo a quádrica é uma superfície de revolução em torno do eixo z ;
respectivamente;
 2 − 1
4 0  5 5 
 Considerando as matrizes D =   e P = 
0 9   1 2 
 5 5 

153 154
Figura 13 Interseções da cônica com os planos coordenados Figura 15 Interseções da cônica com os planos

 O nome da cônica Q1 é elipsóide circular ou elipsóide de revolução pois, nas interseções com  O nome da cônica Q2 é hiperbolóide circular ou hiperbolóide de revolução, pois nas
os planos, surgiram duas elipses e uma circunferência; interseções com os planos surgiram duas hipérboles, vazio e circunferências;

Figura 14 Quádrica Q1: elipsóide circular Figura 16 Quádrica Q1: hiperbolóide circular de duas folhas

x 2 y 2 z2 4. Avaliando o que foi construído


3.4.2.2 Q2 : − + − =1
4 25 4

Foram mostradas as quatro cônicas principais, com as suas respectivas equações


Como fazer isso?
vetoriais, reduzidas e paramétricas. O detalhamento destas cônicas na sua forma reduzida é tema
 Fazendo as interseções com os planos coordenados temos:
da disciplina Matemática Básica IV.
y 2 z2
o Para o plano π 1 : x = 0 , a interseção Q2 I π 1 : − = 1 é uma hipérbole com eixo Foram introduzidas noções básicas de autovalores e autovetores, como ferramentas
25 4
utilizadas para a classificação de uma cônica que não está na sua forma reduzida, dando um
focal paralelo ao eixo y ;
roteiro de como, a partir de uma equação do segundo grau em duas variáveis que define uma
x2 y 2
o Para o plano π 3 : z = 0 , a interseção Q2 I π 3 : − + = 1 é uma hipérbole com eixo cônica, achar novos eixos, de tal forma que a equação se reduza a uma forma conhecida.
4 25
Todos os exemplos e exercícios propostos nas aulas terão um apelo ao visual, seja
focal paralelo ao eixo y ;
usando o Geogebra (www.geogebra.org), JavaView (www.javaview.de) e LiveGraphics3D, seja
x 2 z2
o Para o plano π 2 : y = 0 , a interseção Q2 I π 2 : − − = 1 é vazia, logo devemos através de links para figuras na internet.
4 4
Foram exibidas as principais quádricas com suas equações na forma reduzida,
escolher um plano β paralelo ao plano π 2 , de tal forma que a interseção Q2 I β seja
características e nomes, dando desta forma uma visão tridimensional das mesmas.
uma cônica conhecida, como por exemplo β : y = 5 2 ; Durante as aulas serão dadas várias dicas com links, para que você possa visualizar essas

x2
z 2 quádricas de forma bastante simples, bastando apenas clicar nas figuras para movê-las.
o Para este novo plano β : y = 5 2 , a interseção Q2 I β : + = 1 é uma
4 4
circunferência de raio 2. Logo, a quádrica é uma superfície de revolução em torno do
eixo y ;

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Referências Bibliográficas

CAMARGO, I., BOULOS, P., Geometria Analítica um tratamento vetorial, Pearson Prentice
Hall, 3a Edição.
Murdoch, D. Geometria Analítica. Ed.LTC.
Material didático elaborado pelo Departamento de Matemática/CCEN/UFPB.
Boldrini, J. L. et all. Álgebra Linear. 3a. ed. Rio de Janeiro: Harbra. 1986.

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