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Resumo

Eletrofisiologia Cardíaca
– Condução do Impulso

Lara Frangiotto Lopes


Universidade Federal do Paraná
Resumo de Eletrofisiologia Cardíaca – Condução do Impulso 2

1. Complexo Estimulante do Coração


É o responsável por gerar e transmitir os impulsos que produzem as contrações
coordenadas do ciclo cardíaco.

● Nó sinoatrial (NSA): localiza-se na porção anterolateral do átrio direito (AD) e


consiste no marcapasso do coração, responsável por iniciar e controlar os
impulsos para as contrações cardíacas.

○ O sinal de contração do NSA se propaga através da musculatura de ambos


os átrios. De fato, sua propriedade de gerar seu próprio potencial de
elétrico determina-o como um marcapasso natural.

○ A estimulação simpática acelera a frequência cardíaca (FC) e a


parassimpática a faz retornar ou aproximar-se de sua frequência basal.

● Nó atrioventricular (NAV): localiza-se na região póstero-inferior do septo


interatrial e é responsável por distribuir o sinal gerado no NSA para os ventrículos
através dos ramos direito e esquerdo do feixe de Hiss. No NAV, ocorre um
retardo na condução do potencial de ação que permite a sincronia dos
batimentos cardíacos.

○ A estimulação simpática acelera a condução e a parassimpática a torna


mais lenta.

○ Feixe de His: segue do NAV através do esqueleto fibroso do coração e ao


longo da parte membranácea do septo interventricular e, na junção entre
a parte membranácea e muscular do septo interventricular, divide-se em
ramos direito e esquerdo. Esses ramos prosseguem de cada lado do septo
interventricular profundamente ao endocárdio e depois se ramificam
originando as fibras de Purkinje.

○ Fibras de Purkinje: são ramificações dos ramos direito e esquerdo do


feixe de His, que se estendem até as paredes dos ventrículos.

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○ As fibras oriundas do ramo direito estimulam o músculo do septo


interventricular, o músculo papilar anterior e a parede do VD.

○ As fibras oriundas do ramo esquerdo estimulam o septo interventricular,


os músculos papilares anteriores e posteriores e a parede do VE.

Figura 1. FONTE: https://bit.ly/2Yi0B2j

2. Células Musculares Cardíacas


A maior parte do coração é composto por células musculares cardíaca, ou
miocárdio. Destas, a maioria é contrátil e apenas 1% delas, as chamadas células
autoexcitaveis ou células marcapasso, são especializadas em gerar potenciais de ação
espontaneamente, dando ao coração a propriedade única de contrair-se sem nenhum
sinal externo.

As células autoexcitáveis são anatomicamente diferentes pois são menores e


contem poucas fibras de contração e portanto, não contribuem para a força contrátil do
coração. Já as células contráteis são típicas células musculares estriadas cardíacas com
fibras organizadas em sarcomeros.

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3. A Atividade Elétrica das Células Cardíacas


A atividade elétrica é consequência do potencial elétrico liberado pelas células
miocárdicas, resultante das diferenças de composição iônica entre os meios extra e
intracelular. A Natureza semipermeável da membrana celular permite que íons
responsáveis pela atividade elétrica sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloro e ânions não
difusíveis (fosfato e bicarbonato) desloquem-se por ela.

No repouso há maior concentração do íon potássio no meio intracelular,


tendendo, portanto, a migrar para fora da célula devido a diferença de concentração. Já
no meio extracelular, há maior concentração de sódio, que tende a migrar para dentro
da célula. Essa diferença de força elétrica gera um potencial de -90mV mantendo a
célula cardíaca em repouso e polarizada.

Quando ocorre a ativação do potencial de membrana, há a redução da


resistência e o aumento da condutância aos íons intra e extracelulares, permitindo seu
deslocamento e levando a uma inversão de polaridade de -90mV para +30mV e
consequentemente a despolarização celular.

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Figura 2. Acoplamento excitação-contração (E-C) e relaxamento do músculo cardíaco. FONTE:


Silverthorn, 5 ed., 2010.

Ainda, as células cardíacas podem apresentar dois tipos distintos de potencial de


ação: o de resposta rápida e o de resposta lenta. O potencial de resposta lenta é
encontrado principalmente no nó sinusal e NAV, locais onde há células autoexcitáveis.

A principal diferença deste para o potencial de resposta rápida é a ausência dos


canais rápidos de sódio, sendo o influxo de cálcio, através de canais especializados, o
responsável pela despolarização. Além disso, essas células não possuem potencial de
repouso fixo, havendo despolarização de maneira gradual e assim, nenhum dos seus
canais podem ser inativados, inexistindo período refratário. O potencial de ação lento é
decisivo para a frequência de batimento, sendo que sua regulação determina o ritmo
cardíaco. No entanto, de forma contraditória, o tempo de duração do potencial lento é
mais curto que o potencial rápido.

Uma peculiaridade do processo de despolarização das células cardíacas em

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relação as células do mundo esquelético estriado, é a existência de um platô, importante


para evitar a contração sustentada, ou tetania do musculo cardíaco. A tetania ocorre
quando um músculo pode ser estimulado a contrair-se mesmo sem ter sofrido seu
relaxamento completo. Portanto, a fase de platô aumenta o intervalo entre a geração
dos potenciais – Período Refratário – garantindo que o musculo cardíaco sempre relaxe
por completo e permitindo um enchimento atrioventricular e um fluxo sanguíneo
adequado.

Figura 3. Potencial de ação de uma célula cadíaca. FONTE: Silverthorn, 5 ed., 2010.

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Figura 4. Potencial de ação em células autoexcitáveis cardíacas. FONTE: Silverthorn, 5 ed., 2010.

Referências Bibliográficas

1. Silverthorn. Fisiologia Humana – Uma abordagem integrada, 5 ed., 2010


2. Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia Médica - 12ª Ed. 2011.

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