O documento descreve o caso de Fernanda, uma paciente transplantada renal há 5 anos que foi internada com rejeição do enxerto. Durante os atendimentos psicológicos, Fernanda expressa ressentimento em relação à irmã que doou o rim, descrevendo-a de forma negativa. Fernanda questiona por que precisou do transplante e por que justamente a irmã com quem tinha menos afinidade escolheu doar, sentindo-se privada de escolha nesse processo.
Descrição original:
Trabalho apresentado no Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
O documento descreve o caso de Fernanda, uma paciente transplantada renal há 5 anos que foi internada com rejeição do enxerto. Durante os atendimentos psicológicos, Fernanda expressa ressentimento em relação à irmã que doou o rim, descrevendo-a de forma negativa. Fernanda questiona por que precisou do transplante e por que justamente a irmã com quem tinha menos afinidade escolheu doar, sentindo-se privada de escolha nesse processo.
O documento descreve o caso de Fernanda, uma paciente transplantada renal há 5 anos que foi internada com rejeição do enxerto. Durante os atendimentos psicológicos, Fernanda expressa ressentimento em relação à irmã que doou o rim, descrevendo-a de forma negativa. Fernanda questiona por que precisou do transplante e por que justamente a irmã com quem tinha menos afinidade escolheu doar, sentindo-se privada de escolha nesse processo.
A escuta analítica a pacientes transplantados renais: a experiência de
um caso de rejeição do enxerto
Caio Tavares
O transplante de órgãos sólidos e tecidos é um procedimento que
envolve fatores biológicos, psíquicos e culturais e, gradualmente, vem incorporando novas nuances técnicas e suscitando debates éticos de alta complexidade no Brasil e no mundo. No caso do transplante renal, ele é uma das opções de tratamento para pacientes que sofrem de doença renal crônica, juntamente com as terapias dialíticas – hemodiálise (HD) e diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) –, conjunto de métodos denominados de terapia renal substitutiva. Contudo, o transplante ainda se configura como a mais completa alternativa de substituição da função renal em doentes em estágio terminal, promovendo uma melhor qualidade de vida e autonomia ao receptor. Este procedimento é realizado através da doação do órgão de um familiar ou pessoa próxima (doação intervivo) ou de uma pessoa falecida por morte encefálica (doador falecido), após exames de compatibilidade entre o rim enxertado do doador e o organismo do receptor, por meio de antígenos presentes no sangue. O termo doença renal terminal (DRT) é, segundo Carvalho et al (2012, p.50) “utilizado para denominar o estágio mais avançado da insuficiência renal crônica, com perda de mais de 90% da função renal”. O Brasil é o segundo país em número de transplante, após os Estados Unidos, contudo possui o maior sistema público mundial de procedimentos deste tipo. Atualmente, entre 5 e 10% da população mundial possui problemas renais. No Brasil, a prevalência da doença renal crônica no Brasil atinge a marca de 10 milhões de pessoas com algum grau da enfermidade, podendo a espera por um transplante chegar a mais de 11 anos (ALENCAR ET AL, 2015). Se com o passar dos anos houve um aumento da sobrevida a curto prazo do enxerto renal, por conta do aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas e da imunossupressão, ainda não há mudanças significativas no que tange a esta sobrevida a longo prazo (PINHEIRO, 2014). Em muitos casos, há possibilidade de disfunção tardia do enxerto com maior ou menor risco de perda da funcionalidade deste órgão transplantado, advindo daí grandes chances de retorno às medidas substitutivas e mesmo um novo transplante (ou re-transplante). Este trabalho apresenta um recorte da construção de um caso clínico com orientação psicanalítica, de uma paciente atendida em uma enfermaria de um hospital para pacientes transplantados renais, na cidade de São Paulo, no contexto de uma residência multiprofissional em saúde. Os atendimentos ocorreram especificamente no setor dedicado aos transplantados tardios, que porventura apresentam alguma complicação relacionada ao enxerto. Em certa ocasião, recebo uma solicitação de atendimento psicológico para Fernanda, jovem transplantada há 5 anos, a partir de uma demanda da equipe de que se tratava de uma paciente “poliqueixosa”, que estava “dando trabalho para a enfermagem”. Ela estaria se queixando de que o quarto não era adequado pois tinha mal cheiro e que ela não merecia aquele tratamento, pois era “desumano”. Sente-se “rejeitada e negligenciada”. Fernanda foi internada no dia 22/05/2018, na instituição mencionada, com um quadro de pielonefrite, inflamação do parênquima renal que pode afetar todo o trato urinário. Na internação, constatou-se uma disfunção aguda do enxerto renal, ou seja, seu rim transplantado estava funcionando apenas 30%, logo havia risco de retorno iminente para a hemodiálise. Após insistentes reclamações sobre o quarto, a paciente é transferida para outro andar, para um local que foi do seu agrado. Acato a solicitação da equipe e acompanho-a a partir desta data por pouco mais de duas semanas. Fernanda é uma jovem de 28 anos de idade, mora em Guarulhos, SP, com os pais e uma das irmãs, e está afastada do trabalho como vendedora em uma drogaria, há 1 ano e meio, após uma lesão no joelho. Os pais são idosos, o pai aposentado por invalidez e a mãe dona de casa. É a caçula de cinco filhos, são mais 3 irmãs e um irmão: uma das irmãs, V., mora com ela e os pais, junto do seu filho pequeno, as outras duas C. e M., moram próximas. A paciente descobriu a doença renal aos 19 anos, no ano seguinte iniciou hemodiálise, que durou 3 anos, até necessitar de um transplante (ocorrido há 5 anos). Logo de partida, um fato chama a atenção: Fernanda relata que a família, tendo decidido pela doação intervivo, havia se reunido, na época, sem a sua presença para realização dos exames de compatibilidade com o seu rim. Ironicamente, o órgão mais compatível era o de M., a irmã com quem tinha menos convívio e uma relação tensa, conflituosa. Mesmo assim, transplantou aos 23 anos, através da doação intervivo, proveniente desta irmã. Teve algumas complicações posteriores, como infecções do trato urinário recorrentes e, a pior delas, uma endocardite bacteriana, decorrente de uma infecção no cateter da diálise. Dentre os variados assuntos que escuto da fala de Fernanda, a doação pela irmã aparece como questão crucial, ponto que norteará sua narrativa. Ela a descreve como uma pessoa “folgada e ingrata” e que, no processo do seu transplante renal, “doou por doar”. Fernanda relata que foi privada de uma escolha neste processo e acabou recebendo o rim da irmã unicamente em função do teste de compatibilidade. Logo depois descobriu que o rim tinha fibrose e, na internação em questão, apresentava sinais de rejeição. Após a doação, segundo a paciente, sua irmã queria que ela lhe retribuísse de alguma forma e a “colocasse em um pedestal”, gesto que ela nunca fez. Se pudesse, Fernanda devolveria para ela o rim imediatamente. Apesar de grata pela doação, ela garante que nunca vai “puxar o saco” da irmã por ter doado. Aqui cabe ressaltar o que afirma Moretto (2006, p.80): “o paciente que recebe o órgão passa a ocupar uma posição de quem tem algo a menos, contrai uma dívida. O que perde parte de seu órgão passa a ocupar uma posição de quem tem algo a mais, contrai um crédito”. Esta dívida, por sua vez, é impagável. M. doou por que quis, não foi Fernanda quem escolheu o rim. Mesmo tendo doado do seu próprio consentimento, Fernanda assegura que a irmã não queria ter se submetido ao procedimento. Os outros irmãos não eram compatíveis, mas também não se mostraram favoráveis a doar. A partir desta premissa, a paciente retorna à sua história antes do transplante. Conta que a doença foi um ponto de virada na vida: após descobrir a insuficiência renal, decidiu “aproveitar mais a vida”. Na época era a mais nova da turma do colégio, pensava em trabalhar e não fazer uma faculdade. Conseguiu balancear entre as sessões de hemodiálise (três vezes na semana) e o trabalho na farmácia, paralelo ao qual fazia curso técnico para ser radiologista. Além disso, apesar do tratamento, conseguia um tempo para curtir, namorar, sair com amigos e ir à praia, o que causou inveja em seus irmãos, que sempre acharam que ela tinha “uma vida boa, sem preocupações”. No entanto, ela discorda, pois acredita que mesmo tendo aproveitado de outras formas, desde que descobriu a doença renal, sua vida girou em torno dos tratamentos diversos. “A doença vem no topo da pirâmide, depois vem as outras coisas”, diz. Com as diversas intercorrências de saúde, sofreu discriminações no trabalho e frustrou-se por não ter ascendido no seu posto, acontecimento que atribui à sua condição de doente. Diante da contextualização das queixas da paciente, frente a sua história, utilizei do recurso da escuta para fazer funcionar o dispositivo analítico, apostando que poderia me colocar no lugar de agente como causa do desejo de saber daquela que dirigia a palavra a mim. Pude, assim, nos poucos encontros com a paciente, escutar do ponto de partida de um corpo adoecido, narrado inicialmente pelo discurso médico – transplantada, pielonefrite, rejeição do enxerto - favorecendo que dali um sujeito pudesse advir, com suas elucubrações inconscientes, seus sintomas, seu desejo e seu gozo. Com a psicanálise, damos lugar a um sujeito, na medida em que, segundo Sarno e Fernandes (2004, p. 1), ele “está fora do alcance dos cuidados médicos uma vez que a medicina tendo sua promessa de cura abalada a ele nada pode oferecer”. Fernanda, durante os atendimentos denuncia em sua fala sua divisão subjetiva, podendo atentar para os lugares que ocupava: por um lado, se coloca como a enferma, privada de muitas coisas na vida, como ter construído uma carreira sólida. Por outro, orgulha-se de ter feito, antes mesmo de descobrir a doença renal, uma escolha pelo trabalho e pela “liberdade” (para sair, curtir e namorar), diferentemente de suas irmãs, que “casaram para segurar homem”. Dentre as irmãs, ela insiste em marcar a história de M., de quem recebeu o rim. Esta vive um casamento frustrado, engravidou aos 17 anos, “dando golpe da barriga para prender o namorado”, e hoje não tem condições de criar o filho sozinha, necessitando do auxílio dos pais. Já Fernanda pôde conquistar a sua liberdade de escolher seus parceiros, teve dois namorados, tem a opção de casar ou não, ter filhos ou não. Exceto ter escolhido pelo rim. Neste sentido, Fernanda rejeitava as escolhas das irmãs e sentia-se à deriva na família, pelo fato de marcar uma diferença em relação a elas, sobretudo M. Diferença esta que Fernanda lutou para sustentar. Em vez de ratificar para Fernanda a melhor adesão aos tratamentos médicos e convencê-la sobre a pertinência do transplante, demanda que me foi feita pela equipe, achei prudente pedi-la unicamente que me falasse o que pensava sobre todo o processo, ato que deixei clara à equipe sua relevância. Fernanda então se questiona o porquê do transplante e o porquê de M. ter doado para ela, já que, em suas palavras, “foi pior para ela do que para mim”. A partir do momento em que M. perde o rim na doação, ela não só se arrepende como ainda rejeita Fernanda, culpando-a por esta perda ao mesmo tempo que velava o fato de não aceitar sua independência e ausência de filhos. No discurso de Fernanda, durante os atendimentos, a consequência disto foi o rim, anos depois, também ser rejeitado. Ou seja, uma hora Fernanda também acaba perdendo. A partir da psicanálise escutamos ai a clara dissociação entre organismo e corpo, entre o funcionamento renal e a dinâmica psíquica em torno da simbolização dos órgãos. Na época do transplante, Fernanda diz ter pensado em passar com um psicólogo para entender o que estava acontecendo. Diz ela: “Eu me perguntava: será que o problema era meu? Foi ela que fez escolhas erradas no casamento. Ela não tem porque me odiar”. Daí reflete sobre as complicações ocorridas no enxerto renal: “Depois que eu recebi, tudo isso que aconteceu com o rim, pode ser uma ligação emocional. Dizem que quando a pessoa transplanta, ela sente alguma coisa, você fica interligada com a pessoa. Não sei se ela ainda está com rancor. O que aconteceu com este rim não é normal”. O transplante aqui aparece não apenas com um procedimento médico, envolvendo doação e enxertia de órgão, mas como um evento psíquico, que não é sem consequências para este sujeito. Consequências estas que só adquirem corpo, só ganham um sentido no a posteriori da narrativa de Fernanda. Ao relembrá-lo, ela conclui que desde o início ele estava fadado a um fracasso. Como afirma Moretto (2006, p.77), “do ponto de vista psíquico, perder o próprio órgão doente parece não ser tão complexo quanto receber o enxerto, presentificando e materializando assim, o “outro em si””. Assim, ela paga o preço de receber o pedaço de um outro. Fernanda entende que M. não apenas fez escolhas erradas na vida como também fez a escolha errada em doar. Ela, por outro lado, parece não ter escolhido receber, deixando a critério da família o processo do transplante. A rejeição caso evoluísse para uma perda efetiva do enxerto, tornaria a volta para hemodiálise um “retrocesso” e ainda mais delicado um novo transplante. Fernanda, agora já próxima dos 30 anos, teme não ter a mesma força de antes para aguentar novamente a diálise ou eventualmente uma nova cirurgia. Ela que sempre trabalhara na área da saúde – “como espectadora”, em suas palavras – ao adoecer torna-se protagonista. Aqui devemos guardar as devidas proporções sobre a instalação de um dispositivo clínico de escuta analítica em uma instituição de saúde, que impõe, segundo Christian Dunker (2017) uma série de obstáculos à instalação do discurso analítico e, portanto, da própria transferência. Contudo, se apostamos na possibilidade de dar lugar à escuta de um sujeito, emprestando-nos às suas associações significantes, partimos de um pressuposto básico de convidá-lo à falar, sem um roteiro pré-estabelecido como as anamneses rotineiras nas práticas hegemônicas no hospital. Da demanda da equipe sobre a paciente, dita “poliqueixosa”, o primeiro passo em fazer operar o dispositivo analítico foi o acolhimento e trabalho sobre estas queixas: claramente, não se tratava apenas de reclamações objetivas sobre seu quarto, mas de sentir-se rejeitada no contexto familiar e negligenciada, ao ser privada de escolher o que era o melhor para si. Da nossa parte, como praticantes da psicanálise, não temos garantia do que é o melhor para o sujeito, por isso o convidamos a bem dizer o seu sintoma, orientados pela ética do bem dizer, não do bem estar. Ofertar um lugar às inquietações de Fernanda significava ratificar a possibilidade de questionar e se implicar como sujeito, questionamentos os quais certamente não faria à equipe médica: se não pôde escolher, por que transplantou? Por que se submeteu a um procedimento tão delicado e além disso advindo de uma doação “mal feita”? Não há resposta a priori, nem tampouco um saber a priori sobre o que a paciente se queixava. A doação do rim talvez apontasse para a possibilidade de livrar-se da condição de doente crônica e do procedimento exaustivo da diálise. Porém, a rejeição do rim reedita a rejeição pela própria irmã – e que de certa forma ela própria também rejeitava as escolhas de M. Assim, expõe a relação já conflituosa entre elas, desde o início. “Estou tentando trabalhar isso, que não vou ficar com o rim por muito tempo”, afirma Fernanda. Caso precise de um novo rim, não pensará mais em doador vivo, só falecido, nem que tenha que aguardar 5 a 7 anos. O meu convite a Fernanda para contar-me retroativamente um pouco de sua história, prévia ao transplante, evento que marcou definitivamente sua vida, possibilitou que ela então pela primeira vez questionasse a própria pertinência de suas escolhas (ou mesmo a falta delas) e qual a implicação ética disto. Após duas semanas, Fernanda consegue recuperar a função renal e tem alta, mantendo acompanhamento médico ambulatorial. A escuta analítica no hospital permite a um sujeito, ao falar, também escutar a si próprio e se posicionar frente a seus ditos, às suas (poli) queixas. Escutar um sofrimento que extrapola os limites do corpo biológico, nesse caso, os tecidos renais e a função renal, mensurada pelos parâmetros de ureia e creatinina. Entendo que este posicionamento como profissional, mais do que técnico, ético, aponta para uma direção bem clara do tratamento, que possa talvez divergir de outras abordagens. Como observa Maria Lívia Moretto (2006, p.30) em sua tese de doutorado, ao se referir a um levantamento na literatura mundial sobre o trabalho de psicanalistas e psicólogos em equipes de transplante (no caso, de fígado), há uma predominância significativa de intervenções calcadas numa referência humanista, educativa e comportamental, valorizando sempre a questão de adaptar o doente à sua nova realidade de transplantado por meio do reforço e do fortalecimento egóico, do ensino de formas de aceitação à nova realidade, muitas delas valorizando o poder do pensamento positivo no enfrentamento de situações difíceis.
Com a oferta da escuta analítica, ainda que sejamos demandados a
tal, não respondemos do lugar de saber sobre aquilo de que o paciente sofre. Ofertar a escuta não é o mesmo que ofertar uma solução para o sofrimento através do pensamento positivo, do tipo “vai dar tudo certo”. Disso não temos garantia. A escuta já consiste em si o próprio tratamento, engendrado pelas diversas circunstâncias da história de vida do paciente, que ele próprio irá localizar em sua fala. No caso em questão, a iminência da perda do órgão de Fernanda, caso a rejeição aguda permanecesse, reeditava outras perdas, para além órgão em si, que remetiam a sua própria condição de sujeito faltante. Concluímos que a escuta analítica no hospital é manejada no sentido de permitir a apropriação de uma narrativa sobre o corpo biológico, pertencente originalmente ao saber biomédico, favorecendo uma investigação do próprio sujeito, compartilhada com quem o escuta, sobre sua posição subjetiva diante de um corpo passível de simbolização, corpo epistêmico, nas palavras de Jacques Allain-Miller, bem como à experiência do adoecer. Assim, como pudemos expor no presente caso, o desenrolar de elaborações simbólicas de uma paciente internada, acerca de um procedimento médico (o transplante), caminharam em direção à subjetivação singular de um evento posterior (a rejeição do enxerto). Fernanda com precisão discorre minuciosamente sobre os detalhes da sua doença, ainda que em poucos atendimentos; tempo possível dentro de uma internação curta. Ao ser escutada, tece, com o emaranhado dos glomérulos renais – aqueles vasos minúsculos que exercem a função de filtração nos rins – os fios de sua própria história, juntando-os em um novelo e escrevendo sua própria novela. Obrigado.
Estudo de Caso Clinico de Enfermagem ESTUDO CLINICO REALIZADO À PUÉRPERA PORTADORA DE SÍFILIS, EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL, COM BREVE ABORDAGEM AO NEONATO PORTADOR DE SÍFILIS CONGÊNITA.