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UNESC-UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE.

¹Elisabett Moreira, ² Mariana da Rosa; ³Rozilda Lopes

ESTUDO CLINICO REALIZADO À PUÉRPERA PORTADORA DE SÍFILIS, EM


SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL, COM BREVE ABORDAGEM AO NEONATO
PORTADOR DE SÍFILIS CONGÊNITA.

¹ Acadêmica da 7ª fase do curso de Enfermagem da Universidade do Extremo Sul Catarinense;


² Acadêmica da 7ª fase do curso de Enfermagem da Universidade do Extremo Sul Catarinense
³ Professor Orientador da disciplina de IPCSM Enfermeira MSC Rozilda Lopes
INTRODUÇÃO

Estudo clinico desenvolvido em uma paciente do Hospital São José em


Criciúma, com objetivo de promover melhor recuperação como dar todas orientações
necessária para sua recuperação junto a seu plano de alta e esclarecimento de dúvidas
existentes, onde também foi realizado o Ouvir (O), tocar (T), Diagnosticar (D), Planejar
(P), Intervir (I), Avaliar (A), totalizando no método OTDPIA utilizado pelo curso de
enfermagem da UNESC utilizando para tal o instrumento de consulta baseado nas
teorias de Imogine King.

Paciente encontra-se no estado puerperal sendo já multigesta também


diagnosticada a mais de 3 anos com sífilis, usuária de drogas e diagnosticada com
etilismo a mais de 10 anos, em situação de risco social e pessoal devido ser moradora
de rua, onde não possui cuidados básicos adequados para sua necessidade nem para
sua gestação.

Não realizou pré-natal, nem completou seu tratamento adequadamente,


colocando em risco a si mesmo onde desenvolveu gestação de alto risco junto a
sofrimento fetal, ocasionando sua internação imediata e Cesária de emergência.

Foi observado no decorrer do estudo, a rotina e funcionamento da


MATERNIDADE e CENTRO OBSTÉTRICO, que inclui a forma que o atendimento é
prestado, procedimentos, consultas de enfermagem, junto a recuperação e intervenções
realizadas a paciente decorrentes a possíveis crises de abstinências e dores pós
operatórias relatas constantemente pela mesma, também a interação da puérpera com
seu RN que devido ao sofrido fetal, ao diagnóstico de sífilis congênita herdada da mãe
junto a irritabilidade ocasionada ao uso excessivo de drogas no decorrer da gestação
manteve-se em observação junto a tratamentos com antibióticos.
METODOLOGIA Teoria de Imogene M. King

Através do reconhecimento do caso clinico escolhido, não tivemos dificuldade em


escolher a teoria que seria a base da construção e evolução teórico prática, com
objetivos únicos e conclusivos ligados diretamente ao bem estar da paciente e a
relação da mesma com a equipe, obtivemos sucesso no âmbito realizado pois
podemos perceber que a relação da paciente conosco junto a equipe hospitalar
aumentava após interação diária, a metodologia encaixava perfeitamente no caso,
pois entender a situação em que o paciente se encontra e a partir dali pensar
projetar propostas que obteriam resultados de melhora para ela e sua RN em seu
âmbito familiar após internação.

Fatores que fez com que obtivéssemos certeza da teoria escolhida:

1. Percepções do paciente e da enfermeira influenciam a interação;

2. As metas, necessidades e valores de ambos influenciam este processo interativo;

3. Os indivíduos têm direito ao conhecimento sobre si;

4. Os indivíduos têm direito de participar das decisões sobre si (vida, saúde,


comunidade);

5. O profissional de saúde tem de compartilhar a informação, orientando-o nas


decisões;

6. Os indivíduos têm direito de opção;

7. As metas profissionais e do receptor podem ser conflitantes.

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OUVIR

Paciente puérpera K.C.V, sexo Feminino, 36 anos, solteira, moradora de rua,


usuária de vários tipos de drogas em especial o crack, etilista há mais de 10 anos,
portadora de sífilis, natural de Criciúma/SC, MULTIGESTA possuindo 6 filhos sendo 5
de parto vaginal sem distorcia (relatou a paciente) 1 de parto cesariana, com suas
idades respectivas a 21 anos/F, 19 anos/F, 18 anos/F, 16 anos/F, 13 anos/M e RN de
07 dias/F, [5 meninas (F) e 1 meninos (M)].Relata que nunca fez uso de contraceptivo
ou qualquer método de barreira que evitasse gestações indesejadas ou contato com
DSTs. Comunicativa, não consegue deambular sem acompanhamento devido a dor
relacionado ao pós-operatório.

Demostra dificuldade de falar de sua vida pessoal, sentindo-se insegura devido


a risco social vivido e a as constantes abordagens por parte do conselho tutelar e dos
serviços sociais do município, entretanto as informações obtidas foram claras e
objetivas e tão logo se sentiu a vontade para falar relatou com riqueza detalhes de sua
vivencia como moradora de rua.

Demostra vontade de melhorar sua situação social e relata que irá morar com a
mãe tão logo receba alta para assim poder ficar com a guarda legal da RN.. Relata
passar por complicações nesta última gestação por conflitos familiares vivenciados no
que se refere à guarda do RN e seu suposto pai biológico, que por estas circunstâncias
fez com que a mesma se mudasse de endereço constantemente, dificultando assim a
realização das consultas do pré-natail e o tratamento necessário da sífilis, relata que
mesmo com essas as mudanças constantes afirma ter realizado a última consulta pré-
natal no mês de novembro, junto às aplicações para o tratamento da sífilis que foram
prejudicadas.

Paciente relata a entrada no hospital trazida pelo Serviço Médico de Urgência


(SAMU) devido à secreção vaginal intensa após inalação abusiva de CRACK momentos
antes da admissão na instituição, menciona que não sentia dor nesse momento,
descreveu também a perda de peso excessiva no final da gestação e aumento do
consumo de drogas e de bebidas alcoólicas durante todo o período gestacional, mesmo
sabendo das possíveis complicações ao RN.
Após ser submetida a um parto Cesária de emergência já com líquido amniótico
espesso e sanguinolento com Atonia Uterina (possível hemorragia após rompimento da
placenta) irreversível onde foi realizado uma histerectomia (remoção do útero) com
complicações sendo necessário reimplante bilateral de ureteres pós lesão ureteral
bilateral, permaneceu em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) por 24 horas para
observação pós-cirúrgico.

Ao final da consulta sentiu-se à vontade para perguntar sobre como seria a sua
vida sexual após a cirurgia. Consciente da sua situação atual como portadora de sífilis
e seu pós-operatório que relata estar sendo doloroso e cansativo de acordo com a
paciente que se encontrava no 7º dia de recuperação, menciona sentir-se melhor
diariamente, a alimentação está sendo por via oral e realizada com sólidos e líquidos,
demostra apetite aguçado, ingestão de liquido razoável, mas continua com SVD e sem
presença de evacuação, alega dores abdominais e irritabilidade constante, sente-se
agitada e inquieta dificultava o processo de recuperação, deixando-a incomodada, mais
ainda pelo fato de não ter sido liberada ainda para ver a filha no centro obstétrico
fazendo com que as queixas fossem mais frequentes. Após a sensação de ‘quase morte’
relatado pela mesma, promete mudanças futuras diretamente direcionadas ao seu estilo
de vida e diz ser uma nova pessoa que irá pensar mais na filha e fazer tudo diferente
dali em diante.

TOCAR

Realizado tocar ao segundo dia de estudo, porém obtivemos dificuldades devido


à irritabilidade aumentada da paciente e queixa de dores constantes.

Paciente com biótipo mediolíneo, pele negra com textura lisa e ressecada,
cabelo espesso sem anormalidade, face atípica, pupilas isocoricas e fotorreagentes,
reflexo glabelar(+), ausência de linfonodos auriculares anteriores e posteriores,
submandibulares e cervicais, nariz com mucosa normocoradas com presença de
vibrissas sem sujidades, pavilhão auricular límpido e com cerume, boca com dentição
prejudicada pena parte superior e inferior junto a desgaste e caries em ambas partes.
Tireoide palpável e lisa, elástica, móvel, indolor, temperatura da pele normal, ausência
de frêmito e ausência de linfonodos, carótida com pulsação, MMSS aquecidos e bem
perfundidos, unhas ligeiramente curvada atípico, tórax plano, murmúrios vesiculares (+)

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sem ruídos adventícios bilateralmente, AC: B1 e B2 2T RR Hipofoneticos. MAMAS
simétricas com mamilos sem anormalidade, com presença mínima de colostro de
acordo com relato da paciente, não foi possível realizar palpação devido não
autorização da mesma. Abdome globoso, rígido com dreno de portovac localizado no
QEI, drenando conteúdo de aspecto sanguinolenta em pouca quantidade dolorido a
palpação, relata a paciente, RHA (+) com baixa ausculta, Paciente relata estar com
pouco sangramento vaginal (Lóquios), não foi permitido ver a quantidade pois havia
realizado higiene corporal a pouco tempo. Mantém curativo limpo e seco em região
supra púbica. MMII livres de edema, aquecidos e com boa perfusão. Pulsos periféricos
palpáveis.

PROCEDIMENTOS AOS QUAIS FOI SUBMETIDA DURANTE INTERÇÃO NA


INSTITUIÇÃO

 Parto cesariano pós sofrimento fetal;


 Laparotomia exploratória;
 Histerectomia total
 Ureterocistoneostomia com anastomose de ureteres E e D ;
 Cateter de acesso venoso central (AVC) (Cervical / Direito);

SINAIS VITAIS

PA: 11/60mmHg FC: 97 bpm FR: 19 mpm T: 36,6° C Saturação: 85%

BREVE ABORDAGEM AO RN DE K.C.V

RN de sexo feminino, mantendo pulseira de identificação cujo o número identificado


coincide com o da progenitora, deitado em berço aquecido, demostrando
movimentação constante de MMSS e MMII, agitação e por vezes choro sem uma
causa aparente. Bom estado geral aparente, alimentação por livre demanda em
mamadeira do tipo patinho com 150ml de formula láctea balanceada, respiração
abdominal, abertura ocular espontânea, pupilas isofotoreagentes, pele integra e
limpa, corada, mucosas hidratadas, abdômen flácido, coto umbilical clampeado,
integro, limpo e em fase de mumificação, genitália externa sem alteração aparentes
encontra-se em boa situação de higiene. Eliminações vesicais e intestinais presentes
em fralda em aspecto e odor característico de lactante, MMII e MMSS aquecidos e
boa perfusão. Realizado teste neurológico com resultados +, teste do coraçãozinho
e do olhinho dentro dos padrões normais. Segue eupneico, homotérmico e
normocardico. Respiração abdominal de 50 RPM, FC de 112 BPM T: 35,6º C.

SÍFILIS CONGÊNITA

A sífilis congênita é decorrente da disseminação hematogênica do Treponema


pallidum da gestante não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por
via transplacentária. A transmissão pode ocorrer em qualquer fase da gestação e em
qualquer estágio da doença, com probabilidades de 50% a 100% na sífilis primária e
secundária, 40% na sífilis latente precoce e 10% na sífilis latente tardia. É possível
transmissão direta no canal do parto. Ocorrendo a transmissão da sífilis congênita, cerca
de 40 % dos casos podem evoluir para aborto espontâneo, natimorto e óbito perinatal.
A sífilis congênita é dividida em dois períodos: a precoce (até o segundo ano de vida) e
a tardia (surge após segundo ano de vida). A maior parte dos casos de sífilis congênita
precoce é assintomática (cerca de 70%), porém o recém-nascido pode apresentar
prematuridade, baixo peso, hepatomegalia, esplenomegalia, lesões cutâneas (pênfigo
sifilítico, condiloma plano, petéquias, púrpura, fissura peribucal), periostite,
osteocondrite, pseudoparalisia dos membros, sofrimento respiratório com ou sem
pneumonia, rinite sero-sanguinolenta, icterícia, anemia, linfadenopatia generalizada,
síndrome nefrótica, convulsão e meningite, trombocitopenia, leucocitose ou leucopenia.
Na sífilis congênita tardia, as manifestações clínicas são raras e resultantes da
cicatrização da doença sistêmica precoce, podendo envolver vários órgãos. O
tratamento para sífilis congênita é realizado com penicilina conforme os critérios
determinados pelo Ministério da Saúde.

RESUMO

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A sífilis é doença infectocontagiosa, transmitida pela via sexual e verticalmente
durante a gestação. Caracteriza-se por períodos de atividade e latência; pelo
acometimento sistêmico disseminado e pela evolução para complicações graves em
parte dos pacientes que não trataram ou que foram tratados inadequadamente. É
conhecida desde o século XV, e seu estudo ocupou todas as especialidades médicas
e, de modo especial, a dermatologia. Seu agente etiológico, o Treponema pallidum,
nunca foi cultivado e, apesar de descrito há mais de 100 anos e sendo tratado desde
1943 pela penicilina, sua droga mais eficaz, continua como um problema de saúde
importante em países desenvolvidos ou subdesenvolvidos. Dadas as características da
forma de transmissão, a doença acompanhou as mudanças comportamentais da
sociedade e nos últimos anos tornou-se mais importante ainda devido à possibilidade
de aumentar o risco de transmissão da síndrome de imunodeficiência adquirida. Novos
testes laboratoriais e medidas de controle principalmente voltadas para o tratamento
adequado do paciente e parceiro, uso de preservativo, informação à população fazem
parte das medidas adotadas para controle da sífilis pelos responsáveis por programas
de saúde.

PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA: DIAGNÓSTICOS, PLANEJAMENTO,


INTERVENÇÕES E AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM.

Demanda Terapêutica Diagnóstico Planejamento Intervenção

Relata que irá morar Disposição Manter filho RN Orientação para prosseguir
com a mãe tão logo para tomada junto a mãe em casa com a decisão já tomada,
receba alta de decisão de familiares. converso com a familiar
melhorada acompanhante, elogio a
decisão da paciente como
forma de apoio.
Conflitos familiares Processos Melhorar a dinâmica Converso com a prima sobre o
familiares da relação familiar. assunto.
disfuncionais Criar laços
Orientações a paciente e
familiares
oriento procurar a unidade do
seu bairro para
acompanhamento da situação;

sente-se agitada e Síndrome do Aliviar ansiedade, Oriento que isso acontecerá


inquieta estresse por diminuir estresse, por muito tempo ainda e faz
mudança, mudar estilo de vida parte da mudança do estilo de
caracterizada vida. Elogio a conduta como
por forma de manter a abstinência.
dependência.

Tratamento da sífilis queControle Cura da sífilis, evitar Oriento uso de preservativo nas
fora ineficaz. ineficaz da transmissão da relações sexuais.
saúde doença.
Oriento retomada do
Definido por tratamento
Apoio social
Oriento a importância da cura
ineficaz
Converso com familiar
Conflito de
decisão

Falha em
concluir regime
de tratamento

PLANO DE ALTA

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE ENFERMAGEM
PLANO DE ALTA – REFERÊNCIA E CONTRA REFERÊNCIA
ACADÊMICO RESPONSÁVEL: PEDRO LEMOYNE
DOCENTE RESPONSÁVEL: MAGADA TESSMANN
RESUMO DO HISTÓRICO DO PACIENTE Paciente admitido para Cesária de emergia,
NA INTERNAÇÃO realizado histerectomia, laparostomia,
urestectomia.
ORIENTAÇÕES AO PACIENTE Deu-se de forma verbal onde foram sanadas as
dúvidas de vida sexual da paciente que relatou
preocupação e se via como uma pessoa “sem
útero” e tinha dúvidas até de como ela iria
caminhar. Diante dos questionamentos da
paciente, ela foi deixada livre para fazer
perguntas e teve todas as suas dúvidas
respondidas de forma simples e direta levando-
se em conta o grau de escolaridade da mesma.

Também foram feitas orientações no que diz


respeito aos cuidados com o RN, a respeito do
preventivo, métodos de proteção para evitar
disseminar a sífilis e do tratamento para a cura
completa da sífilis cujo a paciente julgava que
não tinha cura. Orientada como procurar ajuda
para acabar com o vicio e iniciar a mudança de
vida pretendida.

ORIENTAÇÕES A FAMILIA Apoiar a paciente para que consiga manter-se “sóbria”


como relatou ser sua vontade, auxiliar nos cuidados com
RN, orientar também ao tratamento correto da sífilis nela
e no RN, acompanha-la em grupos de apoio junto ao
psicólogo e profissionais que irão ajuda-la.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Com a amplitude de conhecimentos a nos passados, conseguir aplicar na
realidade intervindo diretamente na vida da paciente cujo foi realizado o
estudo de uma forma positiva, obtemos então uma superação pessoal e
profissional com interação subsequente de teorias por nós estudadas
interligadas no dia-dia da mesma dali em diante;

REFERENCIAS:

11
Ver. Saúde Pública- Sífilis congênita e sífilis na gestação; 2008;42(4):768-72 ,
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo SP

Portal da Educação :
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/teoria-de-imogene-m-
king/25168 ,acesso em 30/04/2018.

Diagnósticos de Enfermagem da Nanda- definições e classificação, 2015-


2017,ED.Artmed

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/teoria-de-imogene-m-
king/25168

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