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COMPARAÇÃO DE PAPEL
Introdução
A maior parte dos documentos alvo de uma análise forense encontra-se impresso em suporte de
papel, facto pelo qual o trabalho do perito forense passa muito pela análise do papel em si. Esta
análise pode ser destrutiva ou não destrutiva. Pretende-se com a análise não destrutiva caracterizar
fisicamente o papel, permitindo ao perito pronunciar-se sobre a autenticidade dos documentos e/ou a
sua possível relação com outros documentos, sem os destruir.
As técnicas de análise referidas neste Manual são essencialmente não destrutivas, e compreendem a
análise visual, medições de propriedades físicas do papel, análise ao microscópio, análise sob
condições especiais de luz e alguma análise química do papel embora isso implique algum grau de
destruição do mesmo.
Os procedimentos de análise aqui referidos aplicam-se a todos os casos em que são analisados papéis
e/ou documentos em suporte de papel.
Metodologia
Em papéis fabricados a partir de uma pasta de papel obtida por processo mecânico, a lignina, um
componente natural da madeira. presente nas fibras reage com uma solução de floroglucina, ficando
com cor púrpura. Em papéis fabricados com uma pasta preparada por digestão química, a lignina já
sofreu degradação e, portanto, não se observa qualquer reacção corada.
A solução de floroglucina é sensível à luz e ao calor e degrada-se com alguma facilidade, pelo que
deve ser sempre preparada de fresco.
Na produção de papel, uma das fases consiste no seu branqueamento, processo com o qual se
pretende remover os químicos em suspensão e branquear a pasta através de reacções de oxidação. Os
reagentes utilizados neste processo, ClO2, NaOH, H2O2, O2, etc., são designados por branqueadores
ópticos.
Na análise do papel por cromatografia em camada fina, ao irradiar a placa com uma luz UV é
possível distinguir bandas com uma fluorescência azul, que correspondem aos diferentes subprodutos
do processo de branqueamento.
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Aparelhos, equipamentos, produtos, reagentes e materiais necessários
Amostragem
Aplica-se neste Manual o disposto na norma EN ISO 186:2002 (Ed. 2), no que diz respeito à
determinação do tamanho da amostra a analisar.
Poderá não se aplicar o valor obtido de acordo com a Tabela 1 da referida norma nos casos em que,
pelo número itens envolvidos na análise, isso não seja tecnicamente viável. Nessa circunstância
utilizam-se os valores da Tabela 2.
Na aplicação da referida norma considera-se “lot” as resmas em análise e “unit” as folhas de cada
resma.
Procedimentos a realizar
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Determinação da reacção do papel á fluorescência e á luminescência
Utilizando o comparador vídeo-espectral (VSC) com as condições: Spot 480/620, Camera filters 665,
Integração 1/µs e Iris aberta no máximo, verifica-se a escala de luminescência do papel que vai de 1 a
5 em que 1 corresponde ao valor mais escuro e 5 ao mais claro.
De igual modo utilizando o VSC, desta vez com luz UV num comprimento de onda de 350 verifica-
se a escala de fluorescência que vai de 1 a 12, em que 12 corresponde a um maior brilho e 1 a total
ausência de brilho.
Determinação da espessura
Para determinar a espessura média devem ser feitas 3 a 5 medições com um micrómetro em
diferentes zonas do papel.
Determinação da gramagem
Medir a largura e o comprimento do papel (em metros, com precisão às décimas de milésima).
Pesar o papel (em gramas, com precisão às milésimas).
Calcular a sua gramagem de acordo com a fórmula P/(LxC) (em g/m2, com precisão às unidades).
Determinação do pH
Determinar o pH do papel, ou seja a acidez do mesmo, usando uma caneta de pH (chlorophenol red).
Se as fibras forem de origem têxtil não ocorrerá coloração no papel, se forem de origem madeireira
ocorrerá uma coloração arroxeada.
Existem canetas que para além da coloração dão uma indicação de valor do pH (escala).
Preparar de fresco uma solução com 100 mg de floroglucina, 5 ml de etanol e 2,5 ml de ácido
clorídrico concentrado, ou múltiplos destes valores.
Aplicar uma gota da solução ao papel a analisar.
Após a secagem do papel, este deve ser observado ao microscópio para correcta visualização da cor
das fibras.
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Determinação do tipo de fibras
Cortar um ou dois pedaços com cerca de 1mm2 de cada amostra a analisar sobre os quais se deve
aplicar carbonato de cálcio numa solução a 1% por forma a efetuar a sua digestão. De seguida efetuar
a coloração das fibras adicionando o reagente de Herzberg (20g de cloreto de zinco, 0,1g de iodo e
15g de iodeto de potássio).
Observar as fibras, sujeitas a esta coloração, ao microscópio por forma a identificá-las. As fibras
curtas com menos de 1mm são geralmente de origem de eucalipto, as fibras longas com 2 a 4 mm são
em regra da madeira da família “pinus” e as fibras mais longas e menos bolbosas são fibras têxteis,
em regra de algodão.
TLC
Nos valores de gramagem e espessura do papel é admissível uma variação de +5% da média, desvio
este inerente ao próprio método de fabrico do papel.
A luminescência é apresentada numa escala de 1 a 5.
A fluorescência é avaliada numa escala de 1 a 12, sendo que 12 corresponde a uma aparência mais
brilhante.
Referências
http://palimpsest.stanford.edu/byorg/abbey/napp/testing.html
http://www.metamorfoze.nl/publicaties/cnc_rapporten/cncrapp02-en.html
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Escala de Luminescência
Valor 1 - Valor 4 -
+ ++++
Valor 2 - Valor 5 -
++ +++++
Valor 3 -
+++
Condições: VSC, Spot 480/620, Filters 665, Integração 1/µs, Iris aberta no máximo.