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PORTUGUÊS 11.

O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO

ESCOLA________________________________________________ DATA ___/ ___/ 20__

NOME________________________________________________ N.O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A

Era uma hora, e estava Simão defronte do convento, contemplando uma a uma as
janelas. Em nenhuma vira o clarão de luz; luz, só a do lampadário do Sacramento se coava
baça e pálida na vidraça duma fresta do templo. Sentou-se nas escadarias da igreja, e ouviu
ali, imóvel, as quatro horas. Das mil visões que lhe relancearam no atribulado espírito, a que
5 mais a miúdo se repetia era a de Mariana suplicante, com as mãos postas; mas, ao mesmo
tempo, cria ele ouvir os gemidos de Teresa, torturada pela saudade, pedindo ao Céu que a
salvasse das mãos de seus algozes. O vulto de Tadeu de Albuquerque, arrastando a filha a um
convento, não lhe afogueava a sede de vingança; mas cada vez que lhe acudia à mente a
imagem odiosa de Baltasar Coutinho, instintivamente as mãos do académico se asseguravam
10 da posse das pistolas. […]
Momentos depois, viu Simão chegar à portaria Tadeu de Albuquerque, encostado ao
braço de Baltasar Coutinho. O velho denotava quebranto e desfalecimento. O de Castro
Daire, bem composto de figura e caprichosamente vestido à castelhana, gesticulava com
aprumo de quem dá as suas irrefutáveis razões, e consola tomando a riso a dor alheia.
15 – Nada de lamúrias, meu tio! – dizia ele. – Desgraça seria vê-la casada! Eu prometo-
-lhe antes de um ano restituir-lha curada. Um ano de convento é um ótimo vomitório do
coração. Não há nada como isso para limpar o sarro1 do vício em corações de meninas criadas
à discrição. Se meu tio a obrigasse, desde menina, a uma obediência cega, tê-la-ia agora
submissa, e ela não se julgaria autorizada a escolher marido.
20 – Era uma filha única, Baltasar! – dizia o velho, soluçando.
– Pois por isso mesmo – replicou o sobrinho. – Se tivesse outra, ser-lhe-ia menos sensível
a perda, e menos funesta a desobediência. Faria a sua casa na filha mais querida, embora
tivesse de impetrar2 uma licença régia para deserdar a primogénita. Assim, agora não vejo
outro remédio senão empregar o cautério3 à chaga; com emplastros3 é que não se faz nada.
25 Abriu-se novamente a portaria, e saíram as três senhoras, e após elas Teresa.
Tadeu enxugou as lágrimas, e deu alguns passos a saudar a filha, que não ergueu do chão
os olhos.
– Teresa… – disse o velho.
– Aqui estou, senhor – respondeu a filha, sem o encarar.
30 – Ainda é tempo – tornou Albuquerque.
– Tempo de quê?
– Tempo de seres boa filha.

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– Não me acusa a consciência de o não ser.
– Ainda mais?!... Queres ir para tua casa, e esquecer o maldito que nos faz a todos
35 desgraçados?
– Não, meu pai. O meu destino é o convento. Esquecê-lo nem por morte. Serei filha
desobediente, mas mentirosa é que nunca.
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição (cap. X),Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2006.

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imundice; requer, pedir; cautério e emplastros: métodos curativos por meio de queima ou de pensos,
respetivamente (significando "matar o mal pela raiz").

1. Explicite as críticas às convicções sociais da época evidentes neste excerto.

2. Demonstre que o sentimento que une Teresa e Simão exemplifica o tema do “amor-
-paixão”.

3. Explicite três traços caracterizadores de Teresa, à luz do tópico “herói romântico”.

PARTE B

Leia o soneto de Luís de Camões.

O céu, a terra, o vento sossegado…


As ondas, que se estendem pela areia…
Os peixes, que no mar o sono enfreia…
O noturno silêncio repousado…

5 O pescador Aónio, que, deitado


onde co vento a água se meneia,
chorando, o nome amado em vão nomeia,
que não pode ser mais que nomeado:

– Ondas (dezia), antes que Amor me mate,


10 torna-me a minha Ninfa, que tão cedo
me fizestes à morte estar sujeita.

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;


move-se brandamente o arvoredo;
leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita.
Luís de Camões, Rimas, Coimbra, Almedina, p. 169.

4. Explicite a relação que se estabelece entre o estado de espírito do pescador Aónio e o


espaço circundante.

5. Demonstre a estrutura narrativa do poema.

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PARTE C

6. O sentimento amoroso, ou o amor, está representado em várias obras com que


contactou ao longo do ensino secundário.

Escreva uma breve exposição sobre a representação do amor nas Rimas Camonianas e
em Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.
A sua exposição deve incluir:
‒ uma introdução ao tema;
‒ um desenvolvimento onde apresente os autores/as obras e o modo como o amor
está representado;
‒ uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

O Amor também congela

Será que o Amor também “tira férias”, “congela” ou “hiberna” quando não é visto,
valorizado, apreciado, cuidado, mimado?
Sim, a temática dava para escrever vários livros. As histórias são todas diferentes, mas têm
muitos pontos em comum, como o cansaço e o desgaste emocional e psicológico, a angústia, a
5 ansiedade e o desespero de não saber o que mais fazer, mas pior, de não saber o que aconteceu
com todo o Amor que sentia.
Restou-lhes, a alguns, o Amor-próprio, e a certeza de que aquela não era vida para o seu
Amor. Então, um dia, olharam para ele, o Amor, e disseram-lhe: Vem cá! Vou proteger-te! Vou
cuidar de ti! Vou defender-te! Vou congelar-te, hibernar-te, fazer com que vás de férias, sem
10 saber quando voltas, mas a saber que, assim, eu sobreviverei, e tu sobreviverás. E tudo isto pode
passar-se, e passa-se, a maioria das vezes, a nível inconsciente. E assim foi! E assim é! Até que o
outro começa a sentir que algo de estranho se passa.
Também acontece, vezes sem fim, se existir uma coisa que se chama capacidade empática e
de Amar, que, perante a ausência de qualquer afeto, o outro comece a falar, a dar, a fazer,
15 a colocar o Amor que pensa existir dentro do micro-ondas para o descongelar, a tentar despertá-
-lo de um sono profundo, a procurá-lo por toda a parte.
Mas, sabe? Nada parece resultar! Porque o Amor não quer a mesma conversa que conhece
de cor, nem afetos, nem passeios, nem jantares, nem flores, nem caixinhas de bombons, nem
férias, nem casas novas, nem fazer bebés…
20 O Amor precisa de algo que nada tem a ver com isso. Nesta fase, nada disso resulta mais,
porque ele, o Amor, não acredita mais em nada disso. Aliás, isso até o irrita, enfurece e revolta
ainda mais, pois pensa que poderia ter tudo isso, vivido tudo isso, e não teve nem o viveu.
E agora pergunta-me: “E o Amor pode não voltar, despertar ou “descongelar”?” Sim,
acontece! Mas acredito que, ainda assim, vale sempre a pena tentar.
Margarida Vieitez,
in http://visao.sapo.pt (adaptado, acedido em janeiro de 2020).

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1. O fim das relações amorosas, no dizer da especialista, traz


(A) a certeza de que a pessoa que julgávamos amar não era a pessoa certa.
(B) a incredulidade por terem terminado, entre as consequências a nível emocional.
(C) consequências emocionais só para uma das partes envolvidas no relacionamento.
(D) a necessidade de procurar uma solução, embora isso não aconteça.

2. Perante as dificuldades encontradas nos relacionamentos,


(A) uns fingem que nada se passa e tentam preservar a relação, enquanto outros tentam
revitalizá-la, recorrendo a estratégias triviais.
(B) a tendência generalizada é a de propor ao outro uma separação provisória, mas
também de lhe oferecer bens materiais como forma de compensação.
(C) as duas estratégias enunciadas têm em comum o facto de se tentar esclarecer a
situação através do diálogo.
(D) a generalidade das pessoas aceita que isso é uma crise passageira e que passará,
portanto, não mostra preocupação.

3. No primeiro parágrafo do texto, as consequências do não investimento na relação amorosa


são expressas através de
(A) hipérbole e metáfora.
(B) comparação e hipérbole.
(C) comparação e enumeração.
(D) metáfora e enumeração.

4. As orações “que nada tem a ver com isso.” (l. 20) e “que poderia ter tudo isso” (l. 22)
classificam-se como orações subordinadas
(A) substantiva completiva e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
(B) adjetiva relativa restritiva e substantiva completiva, respetivamente.
(C) substantivas completivas em ambos os casos.
(D) adjetivas relativas restritivas em ambos os casos.

5. A utilização do pronome no segmento “não teve nem o viveu” (l. 22) exemplifica um
mecanismo de coesão
(A) gramatical frásica.
(B) gramatical interfrásica.
(C) gramatical referencial.
(D) lexical por repetição.

6. Considere o segmento “a tentar despertá-lo de um sono profundo” (ll. 15-16).


a) Indique a função sintática do pronome.
b) Transcreva o referente do pronome.

7. Refira a modalidade e o valor modal configurados na frase “As histórias são todas
diferentes” (linha 3).

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GRUPO III

O pensador quinhentista John Donne disse que “nenhum homem é uma ilha isolada”.

Com efeito, qualquer ser humano necessita de se relacionar, de amar. No entanto, as


relações amorosas, mais do que felicidade, podem trazem dor e sofrimento àqueles que
amam.

Num texto argumentativo bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350
palavras, apresente uma reflexão sobre os efeitos do amor nas relações humanas e os seus
efeitos positivos ou negativos.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

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o
MATRIZ DO TESTE – 11. ANO e PROPOSTA DE CORRECÇÃO
o
MATRIZ DO TESTE – 11. ANO

GRUPOS
Domínios
I II III
e
Conteúdos
Educação Literária Leitura Escrita
Parte A
Amor de perdição
Camilo Castelo Branco Gramática Texto
argumentativo
Orações subordinadas
Parte B
Funções sintáticas
Rimas Coesão
Luís de Camões Referentes
Modalidade e valor modal
COTAÇÕES
Parte C
Rimas, Camões
vs. Frei Luís de Sousa
(Tema do amor)

Tipologia de
itens
Escolha
40 pontos
múltipla 1 a 5 (5 itens x 8 pontos)

Resposta curta 6 e 7 (2 itens x 10 pontos) 20 pontos


Parte A
Resposta 1a3
restrita (3 itens x 16 pontos) 100 pontos

Parte B
4e5
(2 itens x 16 pontos)

Parte C
6
(1 item – 20 pontos)

Resposta 24 + 16 40 pontos
extensa pontos
TOTAL 200 pontos

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PROPOSTA DE COTAÇÃO

GRUPO I

Parte A
1. ……………………………………………………………………………………….……………….. 16 pontos
Conteúdo (10 pontos) + Forma (6 pontos: 2 + 4)
2. ……………………………………………………………………………………….……………….. 16 pontos
Conteúdo (10 pontos) + Forma (6 pontos: 2 + 4)
3. ……………………………………………………………………………………….……………….. 16 pontos
Conteúdo (10 pontos) + Forma (6 pontos: 2 + 4)

Parte B
4. ……………………………………………………………………………………….……………….. 16 pontos
Conteúdo (10 pontos) + Forma (6 pontos: 2 + 4)

5. ……………………………………………………………………………………….……………….. 16 pontos
Conteúdo (10 pontos) + Forma (6 pontos: 2 + 4)

Parte C
6. ……………………………………………………………………………………….……………….. 20 pontos
Conteúdo (12 pontos) + Forma (8 pontos: 4 + 4)

100 pontos

GRUPO II

1 a 5 ……………………………………………………………………………………….…………………….. 40 pontos
(5 x 8 pontos)

6 e 7 ……………………………………………………………………………………….……………………… 20 pontos
((5 + 5) + 10)

60 pontos

GRUPO III

Estruturação temática e discursiva …………………………………………………………………… 24 pontos

Correção linguística ………………………………………………………………………………………….. 16 pontos

40 pontos

TOTAL ……….............................................................................................................. 200 pontos

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PROPOSTA DE CORREÇÃO
GRUPO I
PARTE A

1. Em Amor de perdição, o autor/narrador, tendo como pano de fundo a história dramática dos amores de
Simão e Teresa, faz uma caracterização da época, sob diversos aspetos, enunciando alguns menos
positivos.
No presente excerto, analisando o comportamento de Tadeu de Albuquerque e o relacionamento com a
sua filha Teresa, é percetível uma crítica à relação hierárquica que se estabelecia entre pais e filhos e ao
dever de obrigação e submissão a que os segundos estavam obrigados. Essa ideia de submissão é
corroborada, por exemplo, nas formas de tratamento usadas (“Aqui estou, senhor”; “Tempo de seres boa
filha”) bem como no discurso de Baltasar Coutinho (“se meu tio a obrigasse […] a uma obediência cega,
tê-la-ia agora submissa”).
A submissão dos filhos aos pais destaca-se também na ideia de que a desobediência era punível com a
clausura e a perda da herança (“Um ano de convento […] vomitório do coração”; “deserdar a
primogénita”).
Finalmente, refere-se a ideia do casamento como um meio de ganhar ou manter o prestígio social e
económico, ou seja, criticam-se os casamentos por conveniência, o que é confirmado pela vontade de unir
Teresa e o seu primo.
2. O sentimento que liga Simão Botelho e Teresa de Albuquerque é o centro da trama dramático-romântica
e possui contornos que permitem considerá-lo “amor-paixão”, em virtude do caráter avassalador,
exacerbado e egoísta de que se reveste e que, por vezes, desperta o desejo de vingança sobre aqueles
que constituem um obstáculo. Neste texto são enunciados aspetos que o comprovam.
Refira-se, por exemplo, a defesa da honra e o desejo de vingança, neste caso, por parte de Simão, que
pretende livrar a amada dos seus algozes (Tadeu e Baltasar), cuja lembrança o faz “instintivamente“
assegurar-se “da posse das pistolas”, quando espera a oportunidade de a livrar do convento. Ainda em
Simão, é possível perceber o estado de alma determinado, criado pela paixão intensa, ao aventurar-se
nessa tarefa de libertar Teresa, enfrentando os seus adversários (“cria ele ouvir os gemidos de Teresa, […]
pedindo ao Céu que a salvasse”).
Também Teresa defende o amor que a une a Simão, atrevendo-se a contestar a autoridade do pai e
afirmando--se disposta a morrer por esse amor.
Finalmente, observa-se também o sofrimento de ambos. Simão acredita ouvir as súplicas de Teresa,
“torturada pela saudade”, “pedindo ao Céu” e a jovem menina assegura a seu pai que nem a morte a fará
esquecer Simão, o que evidencia a ideia da “sacralização dos amantes”.

3. À luz do tópico do “herói romântico”, Teresa apresenta traços de rebeldia, de determinação e uma ânsia
romântica da individualidade e luta por um idealismo.
Teresa possui traços muitos particulares de rebeldia que a colocam em rutura com as convicções sociais,
ao modo do herói romântico. Neste excerto é visível este aspeto no diálogo entre Teresa e o pai, onde
esta o desafia, aceitando a clausura em vez do casamento a que estaria obrigada (“o meu destino é o
convento”; “serei filha desobediente”).
A determinação de Teresa, fruto do estado de alma (vigor anímico), está patente na sua não aceitação do
casamento com Baltasar, o que se pode entender como o ideal romântico da ânsia de liberdade (de
escolha), (“Esquecê-lo nem por morte”).
A ideia romântica da individualidade do ser humano e a luta por um idealismo está patente em Teresa no
seu amor por Simão, o que a leva a ficar sozinha perante as adversidades.

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PARTE B

4. O espaço natural onde decorre a ação – uma praia – aparenta ser tranquilo. O vento “sossegado”, de
certa forma, condiz com o estado sereno do mar (“ondas, que se estendem pela areia…) e o “silêncio”
noturno parece querer não acordar os peixes. Esta harmonia da Natureza demonstra, assim, contrastar
com o desalento e a dor do pescador que, chorando, tenta, em vão, procurar no mar respostas para o seu
sofrimento pela perda da amada.

5. Podemos dizer que este soneto apresenta uma estrutura narrativa, uma vez que os elementos espaço,
tempo, personagens e ação se encontram presentes. O pescador Aónio, junto ao mar, numa noite serena,
chora as suas mágoas pela perda da amada.

PARTE C
6. São muitos os autores da literatura portuguesa que exploram o tema do amor nas suas diversas
dimensões: platónico, sensual, parental… Tanto em Camões como em Garrett, o amor assume diversas
destas formas.
Camões sugere, nos seus poemas, um amor tendencialmente sofrido, sendo a dor e a infelicidade fruto de
causas variadas como a morte da amada, a sua inacessibilidade ou a sua ausência. Para este autor, “o
amor é um fogo que arde sem se ver”, uma vez que é um sentimento contraditório. Noutros poemas
confessa que “amar” é/foi um das causas do sofrimento que experienciou ao longo da vida (“Erros meus,
má fortuna, amor ardente…”). De resto, este aspeto extasiante com que sempre viveu o amor e observou
a mulher (Bárbara, Dinamene, Lianor…) nota-se em muitas composições poéticas, sendo, contudo,
sempre o sofrimento a consequência mais comum (“Quem ora soubesse / onde o amor nasce”).
Também na obra dramática de Garrett, observamos, entre Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa
Coutinho, a existência de um amor que é causa de dor e de medo. De facto, Madalena de Vilhena vive em
constante sobressalto, uma vez que esta receia que algum fator estranho cause o fim do seu amor com
Manuel de Sousa Coutinho. No entanto, nesta obra, podemos distinguir outras dimensões deste
sentimento, nomeadamente o amor à pátria por parte de Manuel de Sousa, e até de sua filha, Maria, que
não hesitam em colocá-la acima dos bens materiais que possuem.
Deste modo, confirma-se que os dois autores, mesmo pertencendo a períodos literários distintos,
refletem nas suas obras sobre aquele que é considerado o sentimento mais nobre. Este sentimento é,
contudo, aquele que mais cuidados e dor provoca. (279 palavras)

GRUPO II
1. B. 2. A. 3. D. 4.B. 5. C.
6. a) Complemento direto.
b) “o Amor que pensa existir”.
7. Modalidade epistémica com valor de certeza.

GRUPO III
Resposta de caráter pessoal.

O texto deverá respeitar o género/formato solicitado (texto de opinião), incluindo:


• a explicitação do ponto de vista;
• a fundamentação da perspetiva adotada em, pelo menos, dois argumentos distintos;
• a ilustração de cada um dos argumentos com, pelo menos, um exemplo;
• a formulação de uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
 a produção de um discurso valorativo (desenvolvendo um juízo de valor explícito ou implícito).

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