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R E V I S TA T E O L Ó G I C A V I R T U A L
É interessante notar que a Igreja geralmente celebrar os santos no dia de sua morte, ou
seja, no dia do seu nascimento para a eternidade. Mas o caso de São João Batista é
diferente, celebramos não só o dia do seu martírio, mas também o dia do seu
nascimento.
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“Com a exceção da Virgem Maria, o Batista é o único santo do qual a liturgia
festeja o nascimento, e isto porque ele está estreitamente relacionado com o
mistério da Encarnação do Filho de Deus.”
Bento XVI, Angelus, 24 de junho de 2012.
A união entre Cristo e o Batista é tão estreita que a vida de João é cheia de prefigurações
da vida de Nosso Senhor. Por exemplo: ambos são filho de uma concepção milagrosa –
João nasce de um matrimônio estéril, Jesus nasce de uma Virgem; e no final da vida João
precede Jesus numa morte também violenta (cf. Mt 17,12).
“
“João nasce de uma anciã estéril; Cristo, de uma jovenzinha virgem. O futuro pai
de João não crê no anuncio de seu nascimento e ca mudo; a Virgem crê no
nascimento de Cristo e o concebe pela fé”.
S. Agostinho, Sermão 293, PL 38, 1327.
Convém, nesta Missa, contemplar a vida exemplar do último dos profetas, que foi
elogiado por Cristo como o maior nascido de mulher (cf. Lc 7, 28). Por isso destacamos
três atitudes da vida de João que nos ajudam a ser semelhante a Nosso Senhor: a
vocação, os sacrifícios e a humildade.
Desde o ventre de Isabel o pequeno João já recebeu uma missão. Por isso disse o Anjo a
Zacarias: “ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante de
Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os
rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc 1, 16-
17).
A anunciação de S. João nos ensina que todos nós temos uma missão! Deus tem um
projeto a ser realizado em nossas vidas desde o ventre de nossas mães.
E neste caso a missão do Batista é também de certa forma a missão de todo o batizado:
preparar os caminhos do Senhor! É preciso preparar os caminhos para as pessoas que
convivem conosco, nossos amigos e familiares, encontrem-se com Cristo.
“
“Na sociedade de consumo, onde existe a tentação de buscar a alegria nas coisas, o
Batista nos ensina a viver de maneira essencial”.
Bento XVI, Angelus, 9 de dezembro de 2012.
Além disso, é oportuno também aprender com João a importância do deserto em nossa
vida. Este deserto que simboliza o tempo para a oração, o local exclusivo para o
encontro com Deus. A primeira missão do cristão é rezar. Esse é o primeiro passo
caminho para a santificação.
Outra virtude que se aprende com João, em sua vida penitencial, é a virtude da
fortaleza. Fortaleza para conseguir renunciar, mortificar e sacrificar. Enganam-se
aqueles que pensam que a vida cristã é isenta dessas atitudes, ou que isso é coisa do
passado.
Aprendemos então que o verdadeiro discipulado de Jesus não depende se fizermos muito
barulho ou não, mas depende se a vida cristã é levada a sério!
Um última virtude, entre aquelas muitas que não foi possível enumerar: celebramos hoje
o nascimento de homem que não era covarde. João defendeu a verdade sem medo. E de
fato isso lhe custou “a cabeça”. Quando acusou Herodes, um de seus admiradores, que se
uniu em uma ilegítima união: “não te é lícito ter por mulher a esposa do teu irmão” (Mc 6,
18), João tornava-se o precursor da Igreja na defensor do matrimônio!
Quando os discípulos de João foram lhe dizer que Jesus tinha mais discípulos, ele
respondeu: “É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 27-30). E provavelmente cinco
dos discípulos de Jesus eram antes discípulos de João, e os outros sete se não foram
discípulos, o conheceram e ouviram suas pregações.
E Cristo deve também crescer em nossas vidas, em lugares que ele ainda não é
conhecido nem amado. Quais são os lugares interiores que eu preciso diminuir para que
Cristo cresça? Em quais espaços do coração ainda sou eu quem prevaleço e não Nosso
Senhor?
Com este exemplo da vida de S. João aprendemos uma virtude fundamental para os que
anunciam o Evangelho, para os que “apontam Cristo” nos dias de hoje: a humildade.
Tanto é verdade que ele se considerou indigno de fazer um trabalho de escravo diante de
Jesus: “Eu não sou digno de desatar a sua sandália” (Jo 1, 27).
As palavras de João são tão especiais que a Igreja repete todos os dias, do nascer ao pôr
do sol, durante a Santa Missa, aquela frase que ele disse ao apontar Jesus: “Eis o cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). Que a sua intercessão aumente em nós a
devoção pela Santíssima Eucaristia!
Que Maria, da família de Isabel e de João Batista, e também da nossa família, nos ajude a
seguir seu Filho que S. João anunciou com humildade e coragem profética.
Mercedes disse:
23 de junho de 2020 às 20:49
Muito bom!
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