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ISSN: 2358-5056
14ª Edição / Jul - Dez / 2020
1 INTRODUÇÃO
Até 1966, não existiam trabalhos, nem de juristas, nem de linguístas, que discutissem
o aparecimento da palavra “Direito” (“derectum”), nem porque ela passou a ser usada em
detrimento de sua correspondente “ius”. A partir dessa data, contudo, por causa do constante
uso da palavra “Direito”, surgem diversas indagações: como e por que surgiu a palavra
“derectum” se a palavra “ius” tinha o mesmo significado e o mesmo uso? Quando
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MBA Executivo em Gestão Estratégica de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual; Especialista em
Direito Constitucional pela Universidade Cândido Mendes; Especialista em Direito Penal pela Damásio
Educacional e Ibmec; Especialista em Direito Tributário pelo Instituto Prominas; Especialista em Ciência
Política pela UNIBF. Bacharela em Direito pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professora de
Direito Constitucional da Autarquia Educacional do Vale do São Francisco – AEVSF, Advogada.
<https://orcid.org/0000-0002-6243-2824>
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Especialista em Direito Processual Civil pela Damásio Educacional e Ibmec. Bacharel em Direito pela
Universidade Federal de Pernambuco. Advogado. <https://orcid.org/0000-0002-5634-2099>
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14ª Edição / Jul - Dez / 2020
“derectum” passa a ser utilizada ao lado de “ius”? Porque “ius” não passa a ser utilizada
como palavra principal?
Para responder a essas perguntas, é preciso entender a história da linguagem e da
simbologia dessas palavras, que tem como origem a cultura grega e a cultura romana. Dessa
forma, o objetivo do presente trabalho é investigar a origem da palavra “Direito”, retomando
os estudos linguísticos e etimológicos de jurisconsultos pátrios e estrangeiros.
2 ALUSÃO HISTÓRICO-LINGUÍSTICA
Uma teoria bastante aceita diz que a primeira palavra romana que tinha o significado
de Direito era “Youes” (séc. VI a.C.), denotando um comando, a imposição de “Iovis”
(“Iupiter”) – esse ordenamento por parte de “Iovis” se dá porque as relações (sendo uma
comunidade primitiva) eram de poder. “Youes” é usado no início do sistema jurídico romano
até a República (509 a.C.).
As opiniões de diversos juristas e linguístas são divergentes. Uma das explicações para
a origem da palavra “jus” (indoeuropeia) é que ela provém do termo Sânscrito “yeus” (yu?),
já que várias expressões latinas vêm da Ásia. A palavra “ius” (do Latim popular), por sua vez,
remete à palavra “jus” (Latim Clássico).
A transição do termo “jus” para o termo “ius” deve-se à expansão Romana por toda a
Europa (séc. III a.C.), que precisando colonizar as áreas conquistadas, mandou camponeses,
soldados e artesãos se instalarem nesses locais, segundo leciona Bechara (2010, p. 687). Essas
classes sociais usavam de expressões vulgares, colóquios e gírias e dessa forma modificaram
o termo para que se adequasse a sua realidade linguística. A expansão Romana levou o Latim
a quase todas as partes da Europa, e os locais que não o adotaram foram, pelo menos,
influenciados por ele.
“Ius” é a segunda palavra latina a denotar Direito, sendo muito utilizada pela Lei das
XII Tábuas. “Ius” não é procedente da palavra “Iustitia” (deusa romana da justiça), “Iustitia”
é quem produz o “ius”, é ela quem produz o Direito.
É interessante observar que “youes” não é a origem da palavra “ius” (porém, as duas
têm, provavelmente, a mesma origem na palavra “YEUS”); “youes” é o ordenamento de
“Iovis”, enquanto que “ius” é o ordenamento de “Iustitia”. Até o séc. III a.C. o símbolo da
justiça era representado, além da balança com o fiel no meio, ou por “Iupiter” ou por
“Iustitia”. Com o tempo, o símbolo do Direito passa a ser somente “Iustitia”.
Testamento, além disso, ela provém de “rek-to”, reforçando esse argumento (de “rek-to”, ou
talvez de “rectum”, surgiu diretamente, sem o acréscimo do “de”, “right”, “recht”, “reht”).
Dessa forma, “derectum” significa algo totalmente/perfeitamente reto, que não admite
inclinação, nem para a direita, nem para a esquerda.
“Derectum” era a palavra que expressava ideia de Direito mais popular e mais
acessível a todos. Era fácil de entender devido à ideia que representava, enquanto que as
outras palavras precisavam ser refletidas/pesquisadas/teorizadas para que seus significados
fossem abstraídos. Sendo assim, não era encontrada em textos jurídicos, apenas em textos de
caráter popular, como textos religiosos e literários.
Com a rápida expansão Romana pela Europa, o Latim vulgar se difunde com grande
facilidade fazendo surgir na Europa vários dialetos que, com o tempo, se transformaram em
novas línguas. Daí aparece o Português, o Castellano, o Francês, o Italiano etc. Com o
desenvolvimento desses novos idiomas, a palavra “derectum” foi se modificando.
Falava-se “dereito” no antigo português, modificando-se devido à pronúncia do “e”
como “i”; hoje, se escreve “direito” (o moderno galego também admite essa escrita). Em
galego, aragonês, navarro e mirandês escreve-se “derept” (“dreit” no antigo aragonês e
também em limusino, e “dreito” em português e galego vulgares). Em francês, “droit”.
“Diritto”, em italiano; contudo, devido a vários dialetos na Itália, também se escreve “dritto”.
“Derecho”, em castellano; em espanhol antigo supre-se o primeiro “e”, ficando assim,
“drecho”.
O termo “derectum” possui ligação com a religião cristã, isso se deve ao fato de que
com o estoicismo, o termo foi cunhado com algum valor moral. O cristianismo acrescenta,
mais tarde, um maior valor moral a “derectum”. “Ius” foi preterido em detrimento a
“derectum” porque este era um termo jurídico mais popular do que aquele. A cristianização
era voltada para o grande público, o povo, então os termos usados pelos cristãos deveriam ser
de conhecimento de todos. Com a luta entre o cristianismo contra o paganismo, e a vitória
daquele, a palavra “derectum” se sobrepõe a palavra “ius”, sendo esta praticamente
esquecida. Com o renascimento, “ius” volta a ser utilizado. Mas, como “derectum” já era a
palavra legitimada, ela continua vigente.
“Directum” não deriva de “derectum”, mas de “dirigere”. Significa “ir direto”, “ir
pelo caminho mais curto”, ou ainda como querem alguns: “alinhar”, ”tornar reto”. Houve um
tempo em que “derectum” e “directum” eram usadas ao mesmo tempo, indistintamente,
chegando-se até a confundir o significado das duas palavras.
Batista e Costa (2006, p. 36) corroboram com essa explicação para o aparecimento da
palavra “direito”:
Por sua vez, Cretella Jr. (2009, p. 17) traz importante destaque sobre a origem da
palavra “direito” na sua obra “Curso de Direito Romano”:
A palavra “direito” vem do latim directum, que supõe a ideia de regra, direção, sem
desvio. No Ocidente, apesar de em alemão ser recht, em italiano diritto, em francês
droit, em espanhol derecho, tem o mesmo sentido. Os romanos não a empregavam,
pois, para eles, jus era direito, diverso de justitia, que significava a justiça, ou seja,
qualidade do direito.
De modo muito amplo, pode-se dizer que a palavra “direito” é usada em três
sentidos: 1.º, regra de conduta obrigatória (direito objetivo); 2.º, sistema de
conhecimentos jurídicos (ciência do direito); 3.º, faculdade ou poderes que tem ou
pode ter uma pessoa, ou seja, o que pode uma pessoa exigir de outra (direito
subjetivo).
3 ALUSÃO SIMBÓLICA
Os símbolos foram criados para representar ações, objetos, pensamentos. São, por isso,
anteriores às palavras já que estas são formadas por letras, e as letras são símbolos em si
mesmos. Os símbolos não são simples imagens, são expressões que dentro de uma
determinada cultura substituem ou sugerem uma ideia por convenção ou princípio de analogia
formal, podendo referenciar uma pessoa ou personagem que representa um comportamento ou
uma qualidade (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2009, p. 1745). A religião e os
mitos o usam para criar parábolas, levando cada pessoa a ter de interpretá-lo para abstrair um
significado verdadeiro. A partir dessa abstração, o símbolo torna-se vivo, tomando um aspecto
transcendente que fundamenta, origina e classifica a realidade, preexistindo em relação aos
seres materiais.
O direito relaciona-se a vários símbolos, um deles é a balança com o fiel (haste de
metal que indicava o equilíbrio dos pratos) centralizado - em posição vertical -, quando este
existia. Fala-se que a balança representa o homem, os seus braços e mãos seriam os pratos e a
cabeça seria o fiel, pendendo para os lados de acordo com o peso.
O homem seria, dessa forma, uma balança que pesaria o material em oposição ao
imaterial, metaforicamente falando. É dessa metáfora que surge o ato de ponderar, pesar,
deliberar para confrontar os prós e os contras. Provavelmente de origem egípcia, passou para
os gregos e depois para os romanos. Seu uso alegórico remete ao antigo Egito, onde Osíris
utilizava a balança para pesar o coração (alma/bondade) dos homens em oposição a uma pena.
Os gregos começam a utilizá-la a partir do séc. XII a.C. para pesar, além das coisas materiais,
as atitudes humanas, simbolicamente falando. No séc. I a.C., mais ou menos, os romanos
passam a adotá-la para pesar as ações humanas, tal como os gregos.
No começo da mitologia grega, Zeus era considerado o símbolo de justiça absoluta.
Idealizavam-no segurando uma balança (sem o fiel no meio). Com o passar do tempo, a
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imagem de Zeus é substituída pela de Têmis, deusa grega, filha da Terra (Gaia) e do Céu
(Urano), que pertencia à classe dos Titãs. Passou a ser reconhecida pelos outros deuses do
Olimpo, primeiramente como sendo uma divindade secundária submetida à vontade de Zeus,
com este lhe dizendo o que era justo ou injusto. Têmis representava a lei, a estabilidade e a
continuidade da ação. Tinha um olhar sério e uma postura altiva, um rosto com fisionomia
triste e austera. Carregava consigo uma balança e uma espada e pretendia manter-se virgem,
mas Zeus, sabendo disso, forçou-a a casar-se com ele (Têmis torna-se a segunda esposa de
Zeus). Desse relacionamento nascem três jovens: a Equidade, a Lei e a Paz.
A partir de certo momento, sua força passa a ser tanta que Zeus se submete a ela e a
toma como conselheira. Fica sob sua responsabilidade manter a ordem, regulamentar os
cerimoniais e organizar a Assembleia dos Deuses. Seus conselhos tinham sempre como
princípio a justiça e a prudência, o que fez com que ela tivesse grande prestígio.
Punindo os culpados e protegendo os justos, ela representa a justiça divina, algo entre
a Terra e o Céu. Têmis utilizava sua habilidade de interpretação como instrumento de justiça,
podendo-se associar a hermenêutica a essa capacidade. Diz-se que Têmis ainda teve outras
três filhas com Zeus: Irene (a Paz), Eunomia (a Ordem) e Diké (a Justiça).
No tempo de Hesíodo, entretanto, popularizou-se entre os gregos a imagem de Diké
com a balança na mão esquerda, mas sem o fiel ao meio, e a espada na direita – para a
execução da justiça. Diké estava com os olhos abertos, pois, como Deusa administradora da
Justiça, ela precisava especular, enxergar os fatos como verdadeiramente eram. Quando os
pratos da balança estavam nivelados, é que ela dizia que algo era justo; isso porque, para os
gregos, o justo, o legítimo, o verdadeiro era visto como igual (ísos). Para os gregos, a ideia de
justiça estava relacionada à ideia de igualdade.
Os romanos, analogamente, representavam Júpiter (ou Iupiter/Iovis) como o defensor
máximo da justiça. Os romanos, como é sabido, incorporaram parte da cultura grega a sua
cultura, fazendo as devidas adaptações ao seu modo de vida; dessa forma, Júpiter apresenta
equivalência a Zeus. Júpiter, diferentemente, segurava uma balança com o fiel no meio (o
Direito, para os romanos, não estava ligada a ideia de igualdade, mas a uma ideia de equilíbrio
entre interesses opostos; os romanos eram técnicos em relação a isso, eles mediam, pesavam,
examinavam as causas).
Com a evolução dos mitos e da sociedade, o representante da justiça modificou-se,
passando a ser Dione (correspondente à Têmis, na mitologia grega). Depois, com o
surgimento da República, a deusa da justiça passa a ser Iustitia, filha de Júpiter e Dione.
Com os olhos vendados, significado da imparcialidade, – visão muito criticada, já que
um juiz, para assegurar a justiça, deve ser parcial, aplicando a equidade entre as partes, não
podendo abrir mão do equilíbrio – passa a gerir a justiça com o uso da balança (segurada com
as duas mãos, pois era preciso uma atitude firme do jurista para saber quando havia o direito).
Os pratos da balança deveriam estar equilibrados, com o fiel no meio para que o direito
estivesse sendo declarado. Rectum significa reto; de + rectum significa pelo caminho reto,
pelo caminho correto.
O doutrinador Ferraz Jr. (2011, p. 10 – 11), ao tratar sobre a origem da palavra direito,
explana que a diferenciação entre as imagens e simbologias formuladas pelos romanos
distinguia-se das imagens e simbologias gregas devido ao uso operacional e prático que cada
povo conferia à ideia de justiça e de direito:
[...] ao direito vincula-se uma série de símbolos, alguns mais eloquentes, outros
menos, e que antecederam a própria palavra. De qualquer modo, o direito sempre
teve um grande símbolo. Bastante simples, que se materializava, desde há muito, em
uma balança com dois pratos colocados no mesmo nível, com o fiel no meio –
quando este existia – em posição perfeitamente vertical. Havia, ainda, outra
materialização simbólica, que varia de povo para povo e de época para época.
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Assim, os gregos colocavam essa balança, com os dois pratos, mas sem o fiel no
meio, na mão esquerda da deusa Diké, filha de Zeus e Themis, em cuja mão direita
estava uma espada e que, estando em pé e tendo os olhos bem abertos, dizia
(declarava solenemente) existir o justo quando os pratos estavam em equilíbrio
(íson, donde a palavra isonomia). Daí, para a língua vulgar dos gregos, o justo (o
direito) significar o que era visto como igual (igualdade).
Já o símbolo romano, entre as várias representações, correspondia, em geral, à deusa
Iustitia, a qual distribuía a justiça por meio da balança (com os dois pratos e o fiel
bem no meio) que ela segurava com as duas mãos. Ela ficava de pé e tinha os olhos
vendados e dizia (declarava) o direito (jus) quando o fiel estava completamente
vertical; direito (rectum) = perfeitamente reto, reto de cima a baixo (de + rectum).
(...)
Notamos, ademais, que a deusa grega tinha os olhos abertos. Ora, os dois sentidos
mais intelectuais para os antigos eram a visão e a audição. Aquela para indicar ou
simbolizar a especulação, o saber puro, a sapientia; esta para mostrar o valorativo,
as coisas práticas, o saber agir, a prudência, o apelo à ordem etc. Portanto, a deusa
grega, estando de olhos abertos, aponta para uma concepção mais abstrata,
especulativa e generalizadora que precedia, em importância, o saber prático. Já os
romanos, com a Iustitia de olhos vendados, mostram que sua concepção do direito
era antes referida a um saber-agir, uma prudentia, um equilíbrio entre a abstração e
o concreto. Aliás, coincidentemente, os juristas romanos de modo preponderante não
elaboram teorias abstratas sobre o justo em geral (como os gregos) mas construções
operacionais, dando extrema importância à oralidade, à palavra falada, donde a
proveniência de lex do verbo legere (ler, em voz alta). Além disso, o fato de que a
deusa grega tinha uma espada e a romana não mostra que os gregos aliavam o
conhecer o direito à força para executá-lo (iudicare), donde a necessidade da espada,
enquanto aos romanos interessava, sobretudo quando havia o direito, o jus-dicere,
atividade precípua do jurista que, para exercê-la, precisava de uma atitude firme
(segurar a balança com as duas mãos, sem necessidade de espada); tanto que a
atividade do executor, do iudicare, era para eles menos significativa, sendo o iudex
(o juiz) um particular, geralmente e a princípio, não versado em direito.
4.2 DÍKAION
Com “thémistes”, surgiu outra palavra designando Direito: “díkaion”, que denota o
estabelecimento da justiça, a declaração da sentença/justiça por Diké. As palavras “thémistes”
e “díkaion” são, respectivamente, as declarações do Direito por Têmis e Diké; sendo as duas
palavras usadas somente pela classe culta grega.
4.3 ÍSON
5 DIREITO E JUSTIÇA
A ideia de Justiça possui uma complexidade de expectativas que tornam difícil a sua
conceituação. Segundo Lamas (1998, p. 46) os gregos utilizaram duas palavras ou dois grupos
de palavras para designar o que hoje entendemos por Direito. Esses dois grupos de palavras
designam a lei, por um lado, e a justiça, por outra. Gautério (2013, p. 79), ao se referir aos
dois grupos de palavras proposto por Lamas explica o que segue:
Nόµοϛ – uso, costume, norma, lei, estatuto, provém do verbo νέµή – distribuir,
reparti, dar, apascentar, conduzir ao pasto, habitar, ocupar, possuir, governar,
administrar. Nos encontramos frente a uma família de palavras amplíssima. Nesse
sentido veja-se: Υoµή- reparto, distribuição, Υoµίζω- acostumar, julgar, estimar, etc.
O ponto central é a norma enquanto regra condutora e resultado do ato de uma
autoridade que manda e reparte. Enquanto regra designa o critério de retidão, um
certo modelo que vincula o homem na polis, uma medida que não se deve
ultrapassar bem como uma orientação racional para o bem comum.
Com efeito, Direito e Justiça não são sinônimos. Toda norma jurídica além de vigência
e eficácia, deve ter também um fundamento que vem a ser o valor ou fim visado por ela.
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Sobre a ideia de Justiça e finalidade do Direito Bittar e Almeida (2016 p. 604) ressaltam o
seguinte:
Dessa forma, a Justiça pressupõe enquanto valor que norteia a construção histórico-
dialética dos direitos como fim e como fundamento para expectativas sociais em torno do
Direito. Apesar de a Justiça ser valor de difícil contorno conceitual, ainda assim é um valor
essencialmente humano e extremamente necessário para as realizações do convívio humano,
pois nela mora a gênese da ideia de igualdade (BITTAR e ALMEIDA, 2016, p. 605).
É de se admitir que entre as tarefas do jurista se encontra propriamente a de discutir o
valor da justiça. Nesse caminho, o importante não é encontrar solução para o dilema, mas a
aquisição de consciência sobre a sua existência (BITTAR e ALMEIDA, 2016 p. 606). O
Direito é fenômeno sem sentido quando dissociado da ideia de justiça. Esse pensamento é
algo antigo desde os Romanos, Direito e Justiça já se relacionavam intimamente, como
observamos nos estudos de Gautério (2013, p. 81):
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ideia a ser seguida (“derectum”) - estar reto e equilibrado com as partes em conflito (ideia até
hoje seguida pelas democracias modernas). A investigação etimológica da palavra “direito”,
portanto, tem a importância de evidenciar a evolução que as diversas sociedades e culturas
passaram, demonstrando ainda o que significava o direito para cada uma delas.
A ideia de Justiça não pertence apenas ao Direito, contudo, faz parte da sua essência.
Discutir o “valor”, o alcance axiológico, do que seria a Justiça é algo de suma importância
para a Ciência do Direito, uma vez que esses conceitos não são sinônimos, nem possuem a
mesma origem etimológica. O mais importante não é encontrar uma solução final para o
dilema, mas a aquisição de consciência sobre a sua existência. O Direito é fenômeno sem
sentido quando dissociado da ideia de Justiça, que concretiza a dominação de grupos que
estão no poder, se afastando das transformações sociais, e por consequência de ideias de
Justiça. O Direito é um meio para se alcançar a Justiça.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Rosangela de Fátima Jacó e COSTA, José Pereira da. Introdução à Ciência do
Direito. Juazeiro: Ed. e Gráfica Franciscana, 2006.
BETIOLI, Antonio Bento. INTRODUÇÃO AO DIREITO. 11ª Edição. São Paulo. Editora
Saraiva. 2011.
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito.
12ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
CRETELLA JR., José. Curso de Direito Romano. 31ª Edição. Rio de Janeiro. Editora
Forense. 2009.
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 6ª Edição. São Paulo.
EDITORA ATLAS S.A. 2011.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. 10ª Edição. Rio de Janeiro.
Editora Forense. 1984.
LAMAS, F.A., Dialéctica y Derecho, em Circa Humana Philosophia, Ed. El Derecho, III,
Bs. As., 1998.