Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução:
a) Objecto da Introdução ao Estudo do Direito
Fornece conhecimentos básicos, gerais e comuns a qualquer área do Direito.
Estuda noções fundamentais para a compreensão da ciência jurídica, isto é,
diversos conceitos científicos utilizados no Direito, com finalidades
pedagógicas.
Como dizia Cretella Jr. (2009, p. 17), na sua obra “Curso de Direito Romano”:
“Não conheciam os antigos romanos a palavra direito. O vocábulo cognato e
etimológico deste – directus – era um adjetivo que significava: aquilo que é
conforme a linha reta.
1
Instituto de Educação Superior da Paraíba, Brasil.
2
Jéssica Cavalcanti Barros Ribeiro e Guilherme Sabino nascimento Sidrônio de Santana, outro,
Introdução ao Estudo do Direito, disponível em https://conteudojuridico.com.br/consultas/artigos
1
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Europa, verificou-se a transição do termo “jus” para o termo “ius” (séc. III
a.C.).
Sublinhar que o termo “Ius” não é procedente da palavra “Iustitia” (deusa
romana da justiça), “Iustitia” é quem produz o “ius”, é ela quem produz o
Direito, “ius” é o ordenamento de “Iustitia”. Portanto, o termo Direito é
equivalente do latim “ius”, iuris, que, do Latim popular, remete-nos à palavra
“jus”, Latim clássico.
Outrossim, o termo “ius” com o significado de “Direito” que utilizamos hoje
começou pelos juristas romanos: Ulpianus (228) e Paulus (226), segundo o
testemunho do Digesto (ver Corpus Iuris Civilis, justinianus = 530 a 565). Ius,
chama-se assim porque vem de “Iustitia”, como definido por Celsus3, Ulpiano
define o direito como a arte do bom e do justo. Porém, os romanos usaram o
termo ius com muitos e múltiplos significados. Por exemplo:
3
Celso fez parte do conselho do imperador Adriano (Publius Aelius Hadrianus, 117 a 138 DC). Ulpiano foi
o primeiro assessor do prefeito do pretório Papiniano, durante os governos de Septímio Severo e
Caracala. Depois do assassinato de Caracala em 217, o seu sucessor, imperador Heliogábalo passou a
perseguir Ulpiano. Já o sucessor de Heliogábalo, Alexandre Severo, o tornou encarregado de
suprimentos e comandante da guarda pretoriana em 222, sendo o principal conselheiro do imperador.
Impopular com a guarda pretoriana, por ter diminuído seus privilégios concedidos por Heliogábalo,
Ulpiano foi morto pelo liberto Epagate, sob o olhar de Alexandre Severo, no final de 223.
4
Primeiro trabalho de codificação das leis que vigoravam na era da Monarquia (surgiu 451, 449?), feito
por um colégio de 10 magistrados Formava o cerne da constituição da República Romana e do mos
maiorum (antigas leis não escritas e regras de conduta).
2
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
5
Professor Miguel Teixeira de Sousa, Introdução ao Estudo do Direito I, Faculdade de Direito da
Faculdade de Lisboa, Apontamentos, pág. 2, disponível em https://aafdl.pt
6
Texto abaixo do Prof. Miguel Teixeira de Sousa, ob. cit. pag. 2
3
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
7
Professor Miguel Teixeira de Sousa, ob cit.
8
Jean Patrício da Silva, 2014, apontamentos, pág. 3.
4
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Desde que foi assumido como uma das dimensões mais importantes da
cultura, o Direito está ligado ao esforço histórico de realização de valores
fundamentais na convivência social, a saber:
i) - Justiça:
9
Segundo Felice Battaglia (1902-1977), só o suum cuique tribuere tem origens gregas, na senda de
Pitágoras, Sócrates e Platão. E são os romanos que acrescentam os outros dois, acentuando o aspecto
volitivo da justiça, como virtude essencialmente prática, onde o honeste vivere vem de Zenão e o
alterum non laedere, de Epicuro.
10
ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos. p. 91, STACCIARINI, Samantha, nota a seguir
11
STACCIARINI, Samantha. Teoria da justiça em Aristóteles. Revista Eletrônica Direito e Política,
Itajaí, v.2, n.1, 1º quadrimestre de 2007. Disponível em: www.univali.br
5
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
12
SILVA, Moacyr Motta da. Direito, justiça, virtude moral & razão: p. 47-48.
6
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
se nos tria praecepta iuris dos romanos: o honeste vivere, o alterum non
laedere e o suum cuique tribuere13.
Designa, segundo alguns autores (como Leibniz, 1646-1716, alemão),
proporção, ponderação, adequação, correspondência a um fim. Na Grécia
Antiga, a Justiça fazia-se equivaler à igualdade; na tradição judaico-cristã,
supõe conformidade do agir humano com a vontade divina; expressa-se
também no conceito de carácter social que diz respeito à repartição dos
bens escassos entre os homens.
A Justiça é ainda encarada em função do tipo de relações que se estabelecem
entre os indivíduos (justiça comutativa) entre os indivíduos e a sociedade, em
termos de sujeição às normas fixadas pelo Estado (justiça geral ou legal) e
entre o Estado e os indivíduos, tendo estes direitos em relação àquele (justiça
distributiva).
A Justiça comutativa – orienta as “transacções entre os indivíduos”. Trata das
relações “horizontais”, seguindo um princípio de proporcionalidade aritmética -
“é justo que aquele que mais trabalho receba uma maior remuneração” –
equilíbrio prestação/contraprestação. A justiça comutativa pode dividir-se em
iustitia vindicativa (não adoptada nos dias de hoje) – “olho por olho, dente por
dente” – e em iustitia restitutiva -“aquele que violou um bem jurídico deve
reconstituir a situação que existia antes da violação”. A justiça comutativa exige
que cada pessoa dê a outra o que lhe é devido.
Justiça distributiva – orienta a distribuição de bens (materiais e imateriais).
Regula as relações “verticais” entre a comunidade (Estado) e um indivíduo,
gerindo-se pelo princípio da proporcionalidade geométrica – “o mesmo para os
que precisam do mesmo, mais para os que precisam de mais”. Verifica-se um
tratamento igual do que é igual e diferente do que é diferente, assentando
assim num princípio de descriminação positiva. Conclui-se que, nesta
perspectiva, “aquele que necessita de mais tem direito a receber mais do que
aquele que não necessita de tanto”. A Justiça distributiva manda que a
sociedade (o Estado) dê a cada particular o bem que lhe é devido.
13
Os juristas romanos resumem esta atitude conforme ao "direito" em três preceitos: "viver
honestamente" (honeste vivere), "não prejudicar outrem" (alterum non laedere) e "dar a cada um o
que é devido" (suum cuique tribuere) — cfr., Institutos, I, 1, 7.
7
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
14
João Baptista Herkenhoff, http://www.dhnet.org.br
8
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
iii) – Segurança jurídica: Quer dizer que aos cidadãos deve ser dada a
necessária confiança na estabilidade (ou permanência) das normas jurídicas.
As normas jurídicas não podem ser alteradas a cada dia que passa, a fim de
garantirem aos cidadãos a possibilidade de orientar a sua conduta presente e
futura com a necessária estabilidade. Traduz-se na “tranquilidade psicológica
que resulta da certeza de que não há qualquer perigo a temer ou de que se
está protegido contra as ameaças”16. Tendo por segurança social o “conjunto
das medidas coletivas e legais que têm por objetivo garantir os indivíduos
contra riscos17”. A segurança e certeza, portanto, não se opõem, antes são
interdependentes. Formalmente a segurança jurídica é assegurada pelos
princípios seguintes18: irretroatividade da lei, caso julgado, respeito aos direitos
adquiridos, outorga de ampla defesa e contraditório aos acusados em geral,
ficção do conhecimento obrigatório da lei, prévia lei para a configuração de
crimes e transgressões e cominação de penas, declarações de direitos e
garantias individuais, justiça social, devido processo legal, independência do
Poder Judiciário, vedação de tribunais de excepção, vedação de julgamentos
parciais etc.
iv) - Certeza Jurídica: O termo certeza provém do latim certitudo, certitudinis.
Certeza do direito, tem um significado assente nos valores: ter confiança no
direito. Assenta, não apenas na existência das normas jurídicas, mas também
na validez dessas mesmas normas e na força que elas têm para guiar os
comportamentos sociais. Deste modo, no contexto do Estado de Direito há a
15
https://www.facebook.com/messages/read/?fbid=100010377826776#fua
16
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/467/r141-20.pdf?sequence=4&isAllowed=y
17
Idem.
18
SOIBELMAN. Leib. Enciclopédia jurídica. Elfez. Edição em CD-ROM, Apud ELIEZER PEREIRA MARTINS,
Segurança e certeza jurídica …, pág. 143.
9
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
19
Apud Jean Patrício da Silva, 2014, apontamentos, pág. 4
20
Entendemos aqui Sociedade como um conjunto de indivíduos que produzem e reproduzem as
condições de sua sobrevivência, relacionando-se uns com os outros, com base em determinadas regras,
para a satisfação de suas necessidades individuais e colectivas. Para a satisfação de determinadas
necessidades (nomeadamente as de segurança e bem estar), a sociedade tem de se organizar a um nível
superior, dotando-se de uma Autoridade capaz de empregar os meios para se impor, se necessário, de
força coerciva, a toda a colectividade, de modo incontornável. Tem-se, assim, a Sociedade Política, que
aglutina e se impõe a todas as sociedades ditas primárias ou de primeiro grau, como a família,
vizinhança, clubes, associações, etc., que visam satisfazer necessidades de menor alcance...
10
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
12
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Mas, note-se bem: todas as ordens sociais enunciadas têm em comum o facto
de as suas normas (normas morais, religiosas, de trato social e jurídicas)
serem gerais, abstractas e obrigatórias. A generalidade, a abstracção e a
imperatividade ou obrigatoriedade são, pois, características comuns às
mesmas. No entanto, e como marca diferenciadora, só a ordem jurídica (ou de
Direito) se caracteriza pela coercibilidade, assegurada pelo Estado em caso de
não cumprimento voluntário das suas normas (normas jurídicas).
Relações entre Direito e Moral
Miguel Reale elucida que "o Direito representa apenas o mínimo da Moral
declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. Como nem todos
podem ou querem realizar de maneira espontânea as obrigações morais, é
indispensável armar de força certos preceitos éticos, para que a sociedade não
soçobre. A Moral, em regra, dizem os adeptos dessa doutrina, é cumprida de
maneira espontânea, mas, como as violações são inevitáveis, é indispensável
13
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
que se impeça, com mais vigor e rigor, a transgressão das regras que a
comunidade considerar indispensáveis à paz social".
14
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
15
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
O direito é um bem cultural, uma vez que é produto da cultura humana, sendo
criado e desenvolvido em meio às relações sociais. Segundo Machado Neto, o
direito é objeto cultural “porque criação do homem na convivência social”;
criador de cultura “porque submete a inteira extensão do planeta a um
sistema de regulamentação jurídica e, possibilitador de cultura porque”
“sem a relativa margem da segurança que o ordenamento jurídico desenvolve
e garante, impossível se faria a norma realização da cultura”. (Machado Neto,
Antônio Luís. Sociologia jurídica. São Paulo: Saraiva, 1979, p. 158-159).
5. O Direito e a evolução social
16
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
17
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
22
LUDWIG ENNECCERUS/ThEODOR KIPP/MARTIN WOLLF, Lehrbuch des Bürgerlichen Rechts, 1926, §
76.º, p. 185, apud Diogo Costa Gonçalves, ob cit. 125.
23
O conceito de capacidade jurídica foi introduzido na doutrina alemã por Thibaut,
24
GUILhERME MOREIRA, instituições, I, pp. 170 e 171, Idem.
25
CABRAL DE MONCADA, Lições de Direito Civil (Parte Geral), 2.ª ed., 1954, p. 263., Apud Diogo C. Gonç.
Ob cit. pag. 127.
18
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
26
Diogo Costa Gonçalves, ob cit. 126 e segs.
19
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
27
A idade de 18 anos resulta da alteração feita pela Lei n.º 68/76, de 05 de Outubro ao Código Civil de
1966, que no seu art.º 122.º estabelecia o fim da menoridade aos 21 anos de idade, transcrição do art.º
97.º do CC de 1867, Código de Seabra.
20
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
21
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Havia três tipos de matrimônio cum manum reconhecidos como uma união
legal28:
O casamento cum manum era autocrática, pois a mulher não tinha qualquer
tipo de direitos sobre os seus bens nem mesmo sobre a sua própria vida. A sua
situação era semelhante à dos filhos sujeitos à patria potestas ou a dos
escravos sujeitos à domenica potestas.
O casamento cum manum caiu em desuso mesmo antes do fim da República,
tendo dado lugar ao matrimónio sine manum. Nesta forma, a mulher
permanecia sob a tutela do seu pai (ou tutor, caso o pai tivesse falecido),
28
A seguir texto de Ricardo Albuquerque, em https://www.worldhistory.org/user/ricardorangelgo/
22
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
poderia dispor dos seus bens e receber heranças; em caso de divórcio, o dote
não ficaria por completo para o marido.
29
Ob. cit.
23
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
“Segundo Maria Celina Bodin de Moraes (TEPEDINO et al, 2004, p.31), que
somente a partir do século XIX, com a elaboração das doutrinas francesa e
alemã que se iniciou a construção dos direitos da personalidade”31.
“O termo “pessoa” foi utilizado pela primeira vez em seu sentido técnico pelos
juristas do século XVI. No século seguinte, a liberdade pessoal aparece como
objecto de estudo de Grozius, enquanto a expressão “direito da
personalidade” se pode atribuir a Gierke, o qual no fim do século XIX,
individualizava os aspectos pertinentes ao indivíduo, como a vida, a honra, a
liberdade física e o nome. Na contradição de uma sociedade que lutava
contra o privilégio de classe e, que todavia, teorizava o privilégio do Rei, não se
visualizava espaço para colocar a tutela da personalidade em termos
completos, como valor absoluto. Somente mais tarde começa a prosperar a
possibilidade de estruturar a sociedade sobre a base da reciprocidade entre
indivíduo e soberano (com obrigações e direitos recíprocos), a qual é
concebida com a teorização da divisão dos poderes.
30
Texto de Silvio Romero Beltrão, direito da personalidade – natureza jurídica, delimitação do objeto e
relações com o direito constitucional, em https://www.cidp.pt/revistas/ridb/2013/01/2013
31
Idem.
24
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Quanto ao previsto no art.º 70.º do CC, estamos perante uma norma que
constitui uma cláusula de tutela geral da personalidade., pela qual a Lei protege
os indivíduos a qualquer ofensa ilícita ou ameaça à sua personalidade física ou
moral. Consagra-se pois um direito geral de personalidade face aos direitos
especiais previstos no CC. Um direito que incide sobre a personalidade
humana no seu todo (ius in se Ipsum), independemente do reconhecimento dos
diferentes direitos especiais que têm como objecto aspectos parcelares da
pessoa humana (iura in se Ipsum)33. O direito geral de personalidade é um
32
Carlos Alberto B. da Silva, ob cit. p. 127
33
Carlos Alberto B. da Silva, ob cit. p. 127
25
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
O direito à imagem (art.º 79.º CC), também previsto na CRA (art.º 32º) tutela-
se a aparência física da pessoa que é distinta dos demais, que pode ser
reproduzida pelo desenho, maquina fotográfica, câmaras etc. Imagem:
representação de uma pessoa na sua configuração exterior35. A imagem não
pode ser exposta, reproduzida ou lançado ao comércio sem consentimento da
pessoa, seu titular. A proibição inclui, não apenas divulgação, mas também
todas as formas de captação. O n.º 2 do art.º 79.º a notoriedade da pessoa, o
cargo que desempenha, exigências policiais ou da justiça, finalidades
científicas, didácticas ou culturais, captação decorrida publicamente, com
interesse público, dispensa o consentimento da pessoa de quem é titular da
imagem, por conseguinte a ilicitude da divulgação ou captação. O n.º 3 do art.º
79.º, tem a ver com o direito à honra, nos casos em que a captação, divulgação
ou reprodução ou exposto ao comércio do retrato resulte prejuízo à honra,
reputação ou simples decoro da pessoa retratada.
34
Idem.
35
A. Menezes Cordeiro, Tratado de direito civil Português, I, Tomo III, pessoas, p. 194
36
Carlos Alberto B. da Silva, ob cit. p. 137
26
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
37
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 4ª edição. Coimbra
[Portugal]: Livraria Almedina, 2000. p. 526 segs..
38
ORGAZ, Alfredo. Personas Individuales. Buenos Aires, Argentina: Editorial Depalma, 1947.
39
Vide MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 8ª ed. São Paulo: Editora Atlas S. A., 2000, p. 61.
27
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
28
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
29
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
8. Norma Jurídica
a. Estrutura
Estrutura da norma jurídica A norma jurídica tem uma estrutura interna
constituída, amiúde, por três elementos, a saber:
30
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
b. Características
Características da norma jurídica A partir da própria definição acabada de
apresentar, podem extrair-se as características mais marcantes da norma
jurídica, que são:
a) Generalidade: Todos os cidadãos são iguais perante a lei, razão por que a
norma jurídica se aplica a todas as pessoas em geral. As normas jurídicas são
válidas para todos e a todos obrigam de igual forma;
32
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Direito Público:
O Legislativo: estabelece normas que regem a sociedade. Cabe a ele criar leis
em cada uma das três esferas e fiscalizar e controlar os atos do Poder
Executivo. O presidente da República também pode legislar, seu principal
instrumento é a medida provisória.
34
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Os deputados são eleitos por círculos eleitorais, para um mandato de cinco (5)
anos, existindo um círculo eleitoral nacional e círculos eleitorais
correspondentes a cada uma das províncias. Para a eleição dos Deputados
pelos círculos eleitorais é fixado o seguinte critério:
35
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Fontes directas ou imediatas são aquelas que, por si só, pela sua própria
força, são suficientes para gerar a regra jurídica”. São a lei, o Costume e o
Tratado Internacional.
Fontes indirectas ou mediatas são as que não têm tal virtude, porém
encaminham os espíritos, mais cedo ou mais tarde, à elaboração da norma.
São o costume, a doutrina e a jurisprudência, os usos, os princípios gerais do
Direito".
36
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
37
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
O Tratado Internacional
38
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
No Direito Romano, desde a fundação de Roma (753 a.C data presumível) até
meados do século V a.C, o costume foi a única fonte do direito. A Lei das
XII Tábuas surge como uma representação dos costumes. A partir de então os
costumes passam a desempenhar um papel menor no Direito Romano.
39
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Para que um costume seja reconhecido como fonte de Direito deve reunir
determinados requisitos. Assim, é preciso: a) que seja contínuo (factos
esporádicos, que se verificam vez por outra não são considerados costumes);
b) que seja constante (a repetição dos factos deve ser efectiva, sem dúvidas,
sem alteração); c) que seja moral (o costume não pode contrariar a moral ou
os bons hábitos, não pode ser imoral); d) que seja obrigatório, isto é, que não
seja facultativo, sujeito a vontade das partes interessadas".
A Doutrina
Do latim, docere (ensinar, instruir, mostrar), em sentido jurídico a doutrina é
entendida como o conjunto de princípios explanados nos livros de Direito, onde
se materializam teorias e analisam interpretações quanto às ciências jurídicas.
Savigny denominava doutrina como "Direito científico" ou "Direito dos juristas".
É o conjunto de opiniões, estudos e pareceres jurídicos elaborados por
professores e técnicos de Direito de reconhecida competência sobre a forma
adequada e correcta de aplicar, articular e interpretar as normas jurídicas.
Como salienta Caio Mário da Silva Pereira, "em determinadas fases da cultura
jurídica sobressaem escritores, a cujos trabalhos todos recorrem de tal forma
que as suas opiniões se convertem em preceitos “obrigatórios41”... Com efeito,
é de grande valor o trabalho dos doutrinadores na elaboração e na aplicação
do direito objectivo, já que, analisando criticamente as diferentes opções
jurídicas, apontando as falhas, os inconvenientes e defeitos da lei vigente,
ajuda o legislador na feitura de lei mais perfeita e o aplicador do direito na
procura das soluções mais adequadas aos casos em apreço.
41
“Obrigatórios” no sentido de que essas orientações são pacificamente seguidas, pela sapiência
revelada pelos doutrinadores e pela consistência e razoabilidade de suas tomadas de posição. Em todo o
caso, entre nós, e nos sistemas romano-germânicos em geral, a Doutrina não é uma fonte de direito de
carácter vinculativo, tal como acontece, também, com a Jurisprudência
40
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
A Jurisprudência
41
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
1. Estado de necessidade
2. Legítima defesa
3. Acção directa
42
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Acção directa, art. 336º CC- Meio de autotutela que visa assegurar o próprio
direito, e não o direito de outrem- Admitida em termos cautelosos -
Pressupostos: defesa de um direito próprio [a agressão já é finda e
consumada - justiça privada repressiva] conduta típica: apropriação,
destruição ou deterioração de uma coisa, racionalidade dos meios
empregados: proporcionalidade directa [em caso algum pode excedê-la] -
quando não existe outro meio de impedir a perda do direito.
Tutela pública
44
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Toda a relação social que é disciplinada pelo direito. A relação jurídica é fruto
de vínculo, elo entre pessoas, tutelado pelo Direito, por criar direitos e deveres.
O conceito de relação jurídica pressupõe um conjunto de elementos cuja
sistematização tradicional é a seguinte:
Esta distinção entre objecto imediato e mediato nem sempre se verifica, pois
nos direitos reais não há intermediário entre o titular do direito e o bem. O
proprietário está em contacto directo com o objecto do seu direito, como vimos
no primeiro exemplo.
Porém, a distinção verifica-se nas obrigações de prestação de coisa
determinada. Nestas, o objecto imediato de direito do credor é o
comportamento do próprio devedor, isto é, a prestação do devedor e o objecto
mediático é a própria coisa. Assim, entre o credor e a coisa intromete-se a
pessoa do devedor. Por exemplo: o contrato de depósito. O objecto imediato
torna-se o comportamento do devedor (depositário), que é guardar a coisa. O
objecto mediato será a coisa depositada.
4. Possíveis objectos da relação jurídica
45
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Coisas Corpóreas: São as coisas físicas, isto é, aquelas que podem ser
apreendidas pelos sentimentos. Artigo 202º do Código Civil. Diz-se coisa, tudo
aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas. Está neste caso o objecto
dos chamados direitos reais, maxime do direito de propriedade, que é o direito
real por excelência. O artigo 1302º do Código Civil: Objecto do direito de
propriedade “Só as coisas corpóreas, móveis ou imóveis, podem ser objecto
do direito de propriedade regulado neste código”. Exemplo: Propriedade sobre
um automóvel.
Coisas Incorpóreas: Não são mais do que valores da natureza que não
podem ser apreendidos pelos sentidos. São concebidos apenas pelo espírito.
Assim, o objecto de tais direitos é a respectiva obra na sua forma ideal e não
as coisas materiais que constituem a sua corporização exterior, como o livro, o
filme, etc. Exemplo: Um determinado autor pode adaptar a sua obra literária ao
cinema e daí auferir lucros, mas pode também mantê-la inédita ou impedir que
depois de publicada seja posteriormente reproduzida com modificações. Assim,
apenas a obra na sua concepção ideal é o objecto de direitos.
46
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Direitos potestativos: aquele exercido pelo titular per si, não depende da
conduta de ninguém.
Dentro dos simples actos jurídicos é usual fazer-se uma distinção entre: quase-
negócios jurídicos, que se traduzem na manifestação exterior de uma
vontade (interpelação do devedor, gestão de negócios, etc.); e operações
jurídicas (materiais) que se traduzem na efetivação ou realização de um
resultado material ou factual a que a lei liga determinados efeitos jurídicos
(acessão industrial, ocupação de animais ou coisas móveis, etc.).
8. A Garantia
48
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Para ser comerciante é necessário que se tenha para praticar actos e fazer do
comércio uma profissão. A profissionalidade significa a prática reiterada e
regular de actos de comércio por natureza ou absolutos. Ou seja, não é
necessário exclusividade na prática de actos de comércio, daí que pode ser
comerciante e a par disso exercer outra actividade em simultâneo.
As sociedades comerciais
49
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
50
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Fonte: https://docs.google.com/a/ucan.edu
15. DIREITO DA CONCORRÊNCIA
Lei n.º 5/18 de 10 de Maio, Lei da Concorrência.
Concorrência: existência das empresas, independentes entre si, que exerçam
a mesma actividade e compitam umas com as outras, em igualdade de
circunstâncias, para atrair clientela (art.º 3.º al. b) da Lei da concorrência).
(Defesa da concorrência) art.º 4º da proposta LGS.
52
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
Direitos do consumidor
Nos termos do art.º 4.º, o consumidor tem direito:
a) A qualidade dos bens e serviços;
53
APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
TEXTOS RECOMENDADO PELO PROFESSOR ERNESTO KAMBALI
BIBLIOGRAFIA.
LEIS
Código Civil
Constituição da República
Lei n.º 15/03 de 22 de Julho, Lei da Defesa do consumidor
Lei n.º 5/18 de 10 de Maio, Lei da Concorrência.
54