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Como falar com crianças difíceis?

As
possibilidades da linguagem descritiva

Ms. Flávia Maria de Campos Vivaldi

fale@flaviavivaldi.com
www.flaviavivaldi.com
A linguagem do adulto não é inócua
Como falar de
maneira mais
construtiva?
Linguagem descritiva
O que significa?

› Não “brigar” por motivos irrelevantes.


› Refletir se a regra ou limitação é, de fato,
necessária...
Utilizando uma linguagem que não
avalia...
› o emissor deve julgamentos de
caráter
descrever

› evitar o
Preferir palavras que descrevam
Regra básica da linguagem descritiva

“FALAR SOBRE A SITUAÇÃO E


NÃO SOBRE PERSONALIDADE OU
CARÁTER.”
› Princípio válido para todos os contatos
entre o educador* e a criança/jovem.
› Saber como aplicar este princípio nas
situações mais diversas é a essência da
comunicação efetiva (real, verdadeira).
Aceitação e reconhecimento
Na comunicação com as crianças

“Gostaria de terminar a minha explicação.”


Difere de...
“Você não tem educação? Está me interrompendo!”

Ao fazer solicitações às crianças uma mensagem não crítica atrai


a cooperação*, enquanto uma crítica gera resistência.
... apresentar os fatos como são,
procurando interpretar os
sentimentos, desejos, e o que está
vendo.
Não significa que a pessoa vai
deixar fazer o que quiser.
“Você é sempre burra assim ou

anda se esforçando para isso?”

Bom humor (estado de espírito) é


diferente de ironia fina!
› No momento em que a pessoa fez algo errado,
perdeu, quebrou ou estragou alguma coisa, é
comum que os adultos acrescentem uma lição de
moral ou algum ensinamento...

“Como você é desligado! Não olha por


onde anda?”
Palavras de acusação ou ataque

A pessoa canalizará toda


sua energia para a defesa
(justificativa) ou para o revide
e não para a solução

“ Não fui eu... Foi ele quem


começou!”

Ex: desastrada, “porquinha”, burra,


“terrível”, vagabundo, preguiçoso
as reprimendas ou castigos verbais não contribuem
para melhorar a conduta, nem a personalidade de
um indivíduo. Unicamente incitam sentimentos de
ódio - baixa-estima, desvalorização

Ex: desastrada, “porquinha”, burra,


“terrível”, vagabundo, preguiçoso
› Nos momentos de crise, o adulto deve trabalhar
com os sentimentos do envolvido...

os sentimentos são permitidos, as limitações


são para as ações.

“Sei que está aborrecido. Mas diga


isso com palavras e não com as
mãos.”
Técnicas da linguagem descritiva
Quando você está com um problema que
envolve outra pessoa... (mensagem-eu)

• Serve para descrever o mais


claro possível o ponto de vista
do orador, sem ameaçar ou
culpar ninguém de causar o
problema

 Incluem um sentimento, uma descrição - (efeito tangível


desse sentimento na pessoa)
Auxilia a compreender o ponto de vista
do outro.

Expressão dos sentimentos – legitimidade - não


usar para manipular as crianças (*coração)

›Mensagem-eu também deve ser utilizada


com sentido positivo.

›Resultado - Criança também constrói uma


outra maneira de se comunicar.
Quando o outro está com algum
problema... (escuta ativa)

• Inicialmente: avaliar a
própria intenção...
• Escutar e repetir a essência
do que foi dito, procurando
traduzir ou clarear os
sentimentos do outro,
estimulando-o a continuar
falando ou a encontrar uma
solução
• essa técnica faz com que a criança reconheça
seus sentimentos, que perceba que eles são
considerados, que eles são importantes

– não existem sentimentos bons ou ruins...


limitação das ações

– caminhar em direção ao sentido dos


sentimentos da criança e não no sentido
contrário
Assim...

Enquanto a escuta ativa ajuda o outro a


classificar seus próprios pontos de vista, a
mensagem-eu ajuda a perceber as
perspectivas dos outros.
Linguagem descritiva
› Componente de um ambiente
cooperativo, que tem suas relações
baseadas no respeito mútuo.
Linguagem descritiva Favorece:
As relações

senso moral

› A descentração dos sujeitos.


›Contribui para o

Palavras usadas de maneira inadequada


O professor deve evitar:
Linguagem que mostra
autoridade
› Autoridade requer brevidade
› Ser firme e ser objetivo

› A linguagem deve
lidar com o
incidente
específico, no
momento
específico
Nada pior, para perder a autoridade...
Correção é direção

A correção útil é a direção. Ela descreve


processos. Não julga produtos ou pessoas;

As crianças e jovens precisam de orientação e


diálogo, não de críticas.
parcimônia e conhecimento

•Valorização elogio

• dois aspectos ao emitir um elogio


nossas palavras
dedução do sujeito
Pesquisa realizada por Dweck (Colúmbia)

1ª PARTE: teste de fácil resolução.

Ao final as pesquisadoras:
contavam a nota ao aluno e diziam uma frase com um
elogio, alguns eram elogiados pela inteligência:

"Você deve ser bom nisso".

Outros alunos eram elogiados pelo esforço:


"Você deve ter se esforçado bastante".
2ª PARTE: os alunos puderam escolher o teste: uma opção
era um teste mais difícil que o primeiro, mas disseram às
crianças que aprenderiam muito ao tentar resolver os
problemas.

•A outra opção era um teste fácil, exatamente como o


primeiro.

• Dos que foram elogiados por seu esforço, 90%


escolheram o teste mais difícil.

• Entre os que foram elogiados pela inteligência, a


maioria escolheu o teste fácil.
CONCLUSÃO
Quando elogiamos a característica de personalidade de uma criança,
como a inteligência, sem perceber estamos dizendo a ela: “pareça
inteligente, não se arrisque a errar”.

As crianças escolheram “parecer inteligentes” e evitaram o risco de não


ser bem sucedidas.

Acreditam que inteligência é inata e não decorrente de esforço.


O educador deve se valer de elogios descritivos ou
apreciativos e não valorativos
• o elogio de valoração

•elogio de apreço (produtivo): cria-se um quadro


realístico acerca do comportamento
Deve-se
relacionar
Elogios valorativos não são considerados produtivos
pois:
* implica

* não serve para ajudar


“Que desenho
maravilhoso!”

É diferente de:
“Você usou tantas
cores. Seu desenho
me deu vontade de
passear no campo.”
Para ser eficaz o elogio precisa ser específico.

Sinceridade...
*somente as crianças pequenas, com menos
de 7 anos, aceitam diretamente um elogio.
*as crianças mais velhas já ficam atentas a
intencionalidade tanto quanto adultos
• Meyer realizou estudos em que crianças viam
outros alunos serem elogiados.

 aos 12 anos as crianças acreditam


que ganhar um elogio de um
professor não significa
necessariamente que você fez alguma
coisa de maneira correta - pode ser
sinal de que você não tem capacidade
suficiente e o professor acha que
você precisa de um incentivo extra.
 Adolescentes
descartavam o elogio de tal
maneira que acreditavam
que era a crítica do
professor - e não o elogio -
que expressava uma
atitude positiva em relação
à aptidão do aluno.
Resumindo...

O elogio produtivo (apreciativo/ descritivo) descreve os


esforços e a realização do aluno e nossos sentimentos
sobre os mesmos.
Não avalia a personalidade ou julga o caráter.

A regra básica do elogio é:

* descreva sem avaliar;


* registre, não julgue;
* deixe a avaliação da criança para ela mesma!
Para rir e refletir....

Módulo: A linguagem do educador


Unifran/2009
Conta a história que um casal tomava café da manhã no
dia de suas bodas de prata.
A mulher passou a manteiga na casca do pão e o
entregou para o marido, ficando com o miolo.
Ela pensou:
"Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo
demais o meu marido e, por 25 anos, sempre lhe dei o
miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo. Acho justo que
eu coma o miolo pelo menos uma vez na vida".
Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso
sem fim e ele lhe disse:

- Muito obrigado por este presente, meu amor. Durante 25


anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você
sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!
Você precisa dizer claramente o que deseja, não espere que o
outro adivinhe...
Você pode pensar que está fazendo o melhor para o outro,
mas o outro pode estar esperando outra coisa de você...
Deixe-o falar, peça-o para falar e quando não entender, não
traduza sozinho. Peça que ele se explique melhor.

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