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Conhece-te a ti mesmo
A máxima socrática continua valendo. Se você não se conhece, não sabe quais são suas
deficiências, como começar a fazer mudanças? De onde partir? Você já ouviu falar que o
expert é o cara que parou de aprender? Claro. Se ela já é um expert, para que aprender? O
primeiro passo para desenvolver sua inteligência emocional é saber que há deficiências e
pontos que precisam ser melhorados ou fortalecidos. Se você não reconhece o problema,
como vai reconhecer a cura? Este conhecimento é a base de tudo. Você deve estar
continuamente se analisando e sendo ajudado (por outras pessoas) a se analisar. Muitos
profissionais não mudam porque não sabem que precisam mudar.
Márcio explica que a dificuldade dessa prática tem início na infância e o grau de dificuldade
varia de pessoa a pessoa. "Se a criança tem uma relação muito firme com os pais, se sente
mais amparada, então ela sempre verá mais possibilidades. A criança que tem medo, insegura,
não soltará a mão da mãe para vivenciar outras experiências", afirma. "Quem puder desfrutar
de todo o potencial que o contato humano é capaz tem a chance de conhecer melhor a si
mesmo e ao mundo", completa Márcio.
Se você observar bem, a falta de diálogo é a origem do arrogante (só eu sou bom), do
egocêntrico (a negação do outro) e do chato (literalmente, como o próprio nome diz, plano,
porque só consegue ver um único ponto de vista - o dele). Todos esses tipos têm déficit de
aprendizado interpessoal (o que não os impedem de terem um QI de gênio).
O chato não aprendeu a ver nuances nem "espessuras", o egocêntrico não aprendeu que no
mundo não existe só ele e o arrogante é outra versão do chato, que só consegue valorizar o
ponto de vista dele. Qualquer um, com um mínimo de "experiência humana", sabe como é
difícil conviver com alguns destes tipos. Aqui, valem parênteses. Quando falo em "convivência",
refiro-me a todos os tipos de convivência: a relação cliente/fornecedor, professor/aluno,
chefe/subordinado, comprador/vendedor.
Pessoas fracas nessa aptidão vivem lutando contra sentimentos de desespero e desânimo,
enquanto outras se recuperam mais rapidamente dos reveses e das perturbações da vida. O
autocontrole emocional - saber adiar a satisfação e conter a impulsividade - está por trás de
qualquer tipo de realização. Pessoas com essa capacidade tendem a ser mais produtivas e
eficazes em qualquer atividade que exerçam.
Um vaso novo
Posso mudar tudo na minha personalidade? Como aumentar o meu desempenho emocional?
Depende. Segundo Dácio Bonoldi Dutra, psiquiatra e psicodramatista, o primeiro passo é
reconhecer e relacionar pontos fortes e pontos fracos. Mas, atenção: não se esqueça dos
pontos fortes. Isso pode ser feito de várias formas, desde a potencialização deles até a opção
pelo exercício de tarefas ou profissões em que eles são mais valorizados. Um exemplo: se
você é criativo, descarte profissionais que não exijam essa aptidão. Se você não conseguir dar
vazão a esse talento, além de atrofiá-lo você perde motivação.
Os fracos... Bem, comece logo as mudanças. Se vai dar certo? Só dá para saber com a prática.
Mesmo o que você não conseguir mudar, a consciência deles vai preparar você para se sair o
melhor possível em todas as situações. Sabe a máxima de que "mais vale a jornada do que o
destino"? Encaixa-se perfeitamente na busca da inteligência emocional.
Controlando a raiva
Tomemos um exemplo familiar a todo ser vivo: a raiva. Pecado capital, é uma das emoções
mais danosas e de difícil controle. Quando se manifesta, a maioria das pessoas a assume
como um dado invariável, reagem impensadamente e se justificam: 'Eu não podia deixar de
xingar', 'faz mal guardar raiva'. Outras pessoas reprimem a raiva e se sentem idiotas.
Os dois extremos não funcionam nem contribuem para a solução do conflito. É preciso modular
as emoções através da reflexão, para agirmos na realidade de uma forma mais produtiva. "As
pessoas vão para um dos dois extremos: 'eu sou assim mesmo, eu falo o que penso', ou
reprimem seus sentimentos - 'é feio brigar, não posso'. Optando por qualquer um desses
extremos você não interage nem aprende a lidar com suas emoções. É um caminho fácil, mas
totalmente ineficiente", esclarece Dácio.
Além de não aprender, você ainda precisa arcar - e às vezes, consertar - a conseqüência
desses extremos. Afinal, quem nunca experimentou as toxinas do descontrole e, em seguida, o
arrependimento (droga, perdi o emprego, não devia ter falado aquilo!)
Vamos à ação:
Se você costuma se arrepender, bom sinal: você já tem consciência de que precisa mudar. O
segundo passo é saber o que pode ser mudado. (Se você chegou até aqui, é porque acredita
nisso. Avance mais duas casas.) Em seguida, parta para a ação, literalmente. Comece o treino
devagar. Quando sentir muita raiva, dilua-a com empatia, comece a pensar porque o outro
disse ou agiu assim, reflita sobre o acontecimento e não se deixe dominar por ela. Ah!, quando
você for o alvo da ira, fuja! Diga que vocês conversam depois e saia pela tangente. Lembre-se:
dependendo do que você falar, a pessoa pode ficar mais fora de si.
Bem, depois dessa sacudida... Voltemos. Sendo absolutamente sincero, você não entende
porque ficam tão magoados com você. Vejamos: depois de uma semana em que seu gerente
evita olhar nos seus olhos e não aceita convites para um almoço, finalmente modula sua
emoção (raiva) e resolve falar com você. Você fica perplexo! Nunca imaginou que um simples
comentário pudesse abalar tanto uma pessoa.
Isso indica que você precisa exercitar sua empatia. Como? "Comece a prestar atenção nas
pessoas e imagine o que elas estão sentindo. Depois, confira: 'Você me parece um pouco
triste, hoje'. 'Tenho a impressão de que você está com pressa'. Você vai arriscando um palpite,
sugerindo e depois verificando. Você só saberá perguntando para a pessoa, e aí você vai
focando e acertando a pontaria. É treino. Puro treino", diz Dácio.
Como 100% do sucesso do feedback é a habilidade para o diálogo, são poucos os que
conseguem bons resultados. Por isso mesmo, o honroso feedback pode se transformar em
agressões emocionais: críticas destrutivas, ataques pessoais, sarcasmos... Resultado: reações
defensivas, fuga à responsabilidade e a mágoa de ter sido tratado com injustiça. Esses fatores
são devastadores para a motivação, a energia e a segurança na execução do trabalho. Quando
a crítica atinge o pessoal, as pessoas acreditam que o fracasso se deve a alguma deficiência
delas mesmas, se desiludem e desistem.