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Confira a seguir algumas dicas para desenvolver

a sua "Inteligência Emocional"

Conhece-te a ti mesmo
A máxima socrática continua valendo. Se você não se conhece, não sabe quais são suas
deficiências, como começar a fazer mudanças? De onde partir? Você já ouviu falar que o
expert é o cara que parou de aprender? Claro. Se ela já é um expert, para que aprender? O
primeiro passo para desenvolver sua inteligência emocional é saber que há deficiências e
pontos que precisam ser melhorados ou fortalecidos. Se você não reconhece o problema,
como vai reconhecer a cura? Este conhecimento é a base de tudo. Você deve estar
continuamente se analisando e sendo ajudado (por outras pessoas) a se analisar. Muitos
profissionais não mudam porque não sabem que precisam mudar.

Converse com você mesmo


O autoquestionamento é a chave para a melhoria contínua. Aprenda a se questionar: "Estou
vendo isso dessa forma. Por que não vejo de outra?" Mude o foco, como o artista que olha a
mesma paisagem sob diversos ângulos. Pequenas alterações na perspectiva vão aumentar o
seu universo. De acordo com Márcio Giovannetti, você só consegue essa visão quando abre
mão dos preconceitos e prejulgamentos. Parece fácil, mas não é!

Márcio explica que a dificuldade dessa prática tem início na infância e o grau de dificuldade
varia de pessoa a pessoa. "Se a criança tem uma relação muito firme com os pais, se sente
mais amparada, então ela sempre verá mais possibilidades. A criança que tem medo, insegura,
não soltará a mão da mãe para vivenciar outras experiências", afirma. "Quem puder desfrutar
de todo o potencial que o contato humano é capaz tem a chance de conhecer melhor a si
mesmo e ao mundo", completa Márcio.

Mantenha um canal aberto com o mundo


A capacidade para o diálogo é a maior fonte de aprendizado do homem, e a mais eficiente.
"Quem pratica o diálogo abre a possibilidade de outros pontos de vista e tem uma visão mais
aberta para o mundo. É a base da personalidade criativa", diz Márcio Giovannetti. Deve-se
cultivar a capacidade de saber escutar, manter e valorizar um diálogo constante com o outro e
com o mundo. Esta é a fonte da inteligência universal, a base de tudo", complementa.

Se você observar bem, a falta de diálogo é a origem do arrogante (só eu sou bom), do
egocêntrico (a negação do outro) e do chato (literalmente, como o próprio nome diz, plano,
porque só consegue ver um único ponto de vista - o dele). Todos esses tipos têm déficit de
aprendizado interpessoal (o que não os impedem de terem um QI de gênio).

O chato não aprendeu a ver nuances nem "espessuras", o egocêntrico não aprendeu que no
mundo não existe só ele e o arrogante é outra versão do chato, que só consegue valorizar o
ponto de vista dele. Qualquer um, com um mínimo de "experiência humana", sabe como é
difícil conviver com alguns destes tipos. Aqui, valem parênteses. Quando falo em "convivência",
refiro-me a todos os tipos de convivência: a relação cliente/fornecedor, professor/aluno,
chefe/subordinado, comprador/vendedor.

Conheça e controle suas emoções


Reconhecer um sentimento quando ele ocorre é uma forma de medir sua inteligência
emocional. A capacidade de controlar sentimentos a cada momento é fundamental para o
discernimento emocional e para a autocompreensão. A incapacidade de observar nossos
verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas mais seguras acerca de seus
próprios sentimentos são os melhores pilotos de suas vidas.

O descontrole tem ainda um agravante fisiológico: bloqueia o raciocínio, compromete o


funcionamento do cérebro e atrapalha - pasme - o tão valorizado racional. Quando você está
nervoso, você olha sem ver e escuta sem ouvir. Serenamente controlado, seu cérebro funciona
melhor. Só isso já justifica você estar em constante treinamento.

Pessoas fracas nessa aptidão vivem lutando contra sentimentos de desespero e desânimo,
enquanto outras se recuperam mais rapidamente dos reveses e das perturbações da vida. O
autocontrole emocional - saber adiar a satisfação e conter a impulsividade - está por trás de
qualquer tipo de realização. Pessoas com essa capacidade tendem a ser mais produtivas e
eficazes em qualquer atividade que exerçam.

Um vaso novo
Posso mudar tudo na minha personalidade? Como aumentar o meu desempenho emocional?
Depende. Segundo Dácio Bonoldi Dutra, psiquiatra e psicodramatista, o primeiro passo é
reconhecer e relacionar pontos fortes e pontos fracos. Mas, atenção: não se esqueça dos
pontos fortes. Isso pode ser feito de várias formas, desde a potencialização deles até a opção
pelo exercício de tarefas ou profissões em que eles são mais valorizados. Um exemplo: se
você é criativo, descarte profissionais que não exijam essa aptidão. Se você não conseguir dar
vazão a esse talento, além de atrofiá-lo você perde motivação.

Os fracos... Bem, comece logo as mudanças. Se vai dar certo? Só dá para saber com a prática.
Mesmo o que você não conseguir mudar, a consciência deles vai preparar você para se sair o
melhor possível em todas as situações. Sabe a máxima de que "mais vale a jornada do que o
destino"? Encaixa-se perfeitamente na busca da inteligência emocional.

Emoções... para que servem?


"Precisamos entender o papel e a importância das emoções e parar de agir como se elas
fossem um dado imutável. A função delas é preparar você para se posicionar no mundo. Elas
surgem como um alerta. Em seguida, você deve agir, baseado na reflexão, para que as
emoções fiquem do tamanho certo (lembra de Aristóteles, quando se refere à 'medida certa?').
As pessoas consideram as emoções como se fossem um dado invariável, mas elas não são
assim", explica Dácio.

Controlando a raiva
Tomemos um exemplo familiar a todo ser vivo: a raiva. Pecado capital, é uma das emoções
mais danosas e de difícil controle. Quando se manifesta, a maioria das pessoas a assume
como um dado invariável, reagem impensadamente e se justificam: 'Eu não podia deixar de
xingar', 'faz mal guardar raiva'. Outras pessoas reprimem a raiva e se sentem idiotas.

Os dois extremos não funcionam nem contribuem para a solução do conflito. É preciso modular
as emoções através da reflexão, para agirmos na realidade de uma forma mais produtiva. "As
pessoas vão para um dos dois extremos: 'eu sou assim mesmo, eu falo o que penso', ou
reprimem seus sentimentos - 'é feio brigar, não posso'. Optando por qualquer um desses
extremos você não interage nem aprende a lidar com suas emoções. É um caminho fácil, mas
totalmente ineficiente", esclarece Dácio.

Além de não aprender, você ainda precisa arcar - e às vezes, consertar - a conseqüência
desses extremos. Afinal, quem nunca experimentou as toxinas do descontrole e, em seguida, o
arrependimento (droga, perdi o emprego, não devia ter falado aquilo!)
Vamos à ação:
Se você costuma se arrepender, bom sinal: você já tem consciência de que precisa mudar. O
segundo passo é saber o que pode ser mudado. (Se você chegou até aqui, é porque acredita
nisso. Avance mais duas casas.) Em seguida, parta para a ação, literalmente. Comece o treino
devagar. Quando sentir muita raiva, dilua-a com empatia, comece a pensar porque o outro
disse ou agiu assim, reflita sobre o acontecimento e não se deixe dominar por ela. Ah!, quando
você for o alvo da ira, fuja! Diga que vocês conversam depois e saia pela tangente. Lembre-se:
dependendo do que você falar, a pessoa pode ficar mais fora de si.

Quando a pessoa difícil é você


É bem provável (50% de chances) que a pessoa difícil no relacionamento seja você mesmo.
Ah!, você não precisa se preocupar, porque você é o chefe e quem tem que ter jogo de cintura
e "saco" são os subordinados? Cuidado! Relações de trabalho mal resolvidas não são
produtivas (desmotivadas, as pessoas não conseguem dar o melhor de si). Sem contar que em
um ambiente desconfortável os bons profissionais não duram. Conseqüência? Bastam apenas
dois casos de abandono de barco e todos já estarão se perguntando se o problema não é com
você!

Bem, depois dessa sacudida... Voltemos. Sendo absolutamente sincero, você não entende
porque ficam tão magoados com você. Vejamos: depois de uma semana em que seu gerente
evita olhar nos seus olhos e não aceita convites para um almoço, finalmente modula sua
emoção (raiva) e resolve falar com você. Você fica perplexo! Nunca imaginou que um simples
comentário pudesse abalar tanto uma pessoa.

Isso indica que você precisa exercitar sua empatia. Como? "Comece a prestar atenção nas
pessoas e imagine o que elas estão sentindo. Depois, confira: 'Você me parece um pouco
triste, hoje'. 'Tenho a impressão de que você está com pressa'. Você vai arriscando um palpite,
sugerindo e depois verificando. Você só saberá perguntando para a pessoa, e aí você vai
focando e acertando a pontaria. É treino. Puro treino", diz Dácio.

Liderança com inteligência emocional

Você sabe como fazer o verdadeiro feedback?

Quando se fala em exercício da inteligência emocional no trabalho, nada é mais revolucionário


do que a habilidade para o diálogo, que no mundo corporativo se chama feeddback. Seu peso
é tão decisivo, que pode ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso de uma empresa. Base
da motivação, é através do feedback que as pessoas sabem que seus respectivos trabalhos
estão sendo bem executados, que precisam aprimorá-lo, melhorá-lo ou reformulá-lo totalmente.
Sem feedback as pessoas ficam no escuro, não têm idéia da avaliação que o chefe faz do seu
trabalho, com os colegas ou o que se espera deles, e qualquer problema que eventualmente
exista só tende a se agravar com o tempo.

Como 100% do sucesso do feedback é a habilidade para o diálogo, são poucos os que
conseguem bons resultados. Por isso mesmo, o honroso feedback pode se transformar em
agressões emocionais: críticas destrutivas, ataques pessoais, sarcasmos... Resultado: reações
defensivas, fuga à responsabilidade e a mágoa de ter sido tratado com injustiça. Esses fatores
são devastadores para a motivação, a energia e a segurança na execução do trabalho. Quando
a crítica atinge o pessoal, as pessoas acreditam que o fracasso se deve a alguma deficiência
delas mesmas, se desiludem e desistem.

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