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05/04/2021 · Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

Poder Judiciário da União


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

1VAFAZPUB
1ª Vara da Fazenda Pública do DF

Número do processo: 0063796-44.2010.8.07.0001


Classe judicial: EMBARGOS À EXECUÇÃO (172)
EMBARGANTE: DISTRITO FEDERAL
EMBARGADO: SINDICATO EMPREGADOS ESTABELECIM SERVICOS SAUDE
BRASILIA DF

SENTENÇA

Cuida-se de Embargos à Execução opostos


pelo DISTRITO FEDERAL em face dos substituídos do SINDICATO
EMPREGADOS ESTABELECIM SERVIÇOS SAÚDE BRASÍLIA-DF.
Inicialmente, destaco que o presente feito está
elencado na META 2 do CNJ.
Narra o Embargante que o Título Judicial transitado
em julgado é decorrente da condenação do Distrito Federal à
restituição, aos 8.264 substituídos pelo Exequente, dos valores
excedentes a 6%, descontados de sua remuneração a título de
contribuição para o Plano de Seguridade Social, o que se deu em
razão da aplicação do art. 9º da Lei n.° 8.162/2001, que havia
majorado a alíquota da contribuição para 12%.
Noticia que o valor postulado é de R$
181.174.470,08 (Cento e oitenta e um milhões, cento e setenta e
quatro mil, quatrocentos e setenta reais e oito centavos).
Aduz que o pleito do exequente não merece
prosperar, porquanto fulminado pela prescrição. Assevera que, entre
o trânsito em julgado da decisão condenatória (13.04.1998) e o
ajuizamento da execução (agosto de 2010), transcorreram mais de
12 (doze) anos, não tendo havido qualquer causa de interrupção ou
de suspensão da prescrição.

S li t t ã d di lh f i
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Salienta que o exequente não pode dizer que lhe foi


negado acesso às fichas financeiras dos substituídos, vez que
bastava apenas que estes fizessem uma solicitação administrativa
ou, mesmo, autorizassem o sindicato a fazê-la, por meio de
procuração.
No mérito, sustenta o excesso de execução,
afirmando que, em sede de apelação, o Ente Público comprovou, por
amostragem, já ter havido a devolução dos valores descontados a
maior para os servidores substituídos, de modo que, no julgamento
do recurso, foi determinada a análise da compensação no momento
da execução do julgado.
Entende, desta forma, que devem ser analisadas as
fichas financeiras de cada substituído, no intuito de verificar se houve
ressarcimento dos descontos efetuados a maior.
Adverte que o cálculo apresentado pelo exequente
abrangeu o período de janeiro de 1992 a junho de 1999, sem
considerar qualquer limitação temporal. Interpreta que o limite
temporal do cálculo é a entrada em vigor da nova lei que aumenta a
alíquota de contribuição previdenciária, sendo a norma em exame a
Medida Provisória n.° 560/94, declarada constitucional pelo Supremo
Tribunal Federal (ADI n.° 1.135) e aplicável aos servidores do DF.
Compreende, portanto, ser legítima a majoração da
contribuição previdenciária determinada pelo mencionado diploma,
passando de 6% para 12% o desconto incidente sobre a
remuneração dos servidores distritais, a partir de outubro de 1994.
Por fim, pede:

a) sejam recebidos os presentes embargos determinando-se


a imediata suspensão do processo de execução – art 739, §
1° do CPC;
(...)
c) o acolhimento dos presentes Embargos À Execução,
reconhecendo-se a prescrição da ação executiva, nos
termos do artigo 1° do Decreto n° 20.901/32, com a devida
extinção do processo de execução;

d) ã h id i ã j j l d
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d) caso não reconhecida a prescrição, seja julgado


procedente, no mérito, os presentes embargos, nos termos
da fundamentação acima que verificado o excesso na
execução sejam os cálculos refeitos pela douta Contadoria
Judicial, nos termos do art. 475, B do CPC;
(...)
e) sucessivamente, caso não se entenda pela remessa dos
autos ao Contador Judicial, a concessão de prazo de 90
dias para o embargante apresentar os cálculos com as
planilhas individualizada por cada um dos 8124 substituídos,
de acordo com o balizamento de Vossa Excelência sobre as
questões de direito ora levantadas; (...)

Apesar de intimado (Id. 21699237), o embargado


deixou transcorrer, in albis, o prazo para impugnação (Id.
21699337).
Decisão de Id. 21699361 afastou a prejudicial de
prescrição, fundamentando na demora do Ente Distrital na
disponibilização das fichas financeiras dos servidores substituídos.
Da decisão, foi interposto Agravo de Instrumento
(IDs 21699439 e 21699456), ao qual foi negado provimento (Id.
23129076).
Interposto Recurso Especial (IDs. 23129142,
23129193), este foi sobrestado pelo Exmo. Des. Presidente deste
TJDFT (Id. 23129250 – págs. 13/14).
Manifestação do Embargado, rechaçando os
fundamentos postos nos Embargos (Id. 21700355).
Deferida a prova técnica requerida pelo embargante
(Id. 21700667).
Juntada do Laudo Pericial em IDs. 21704550,
21704601, 21704615, 21704633.
Manifestação do DF, discordando dos cálculos
apresentados na perícia (Id. 21707622).
O embargado, por sua vez, se contrapôs à
impugnação do Distrito Federal ao Laudo Pericial (Id. 21707917).

P i t d P it t à i ã à
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Pronunciamento do Perito, quanto à impugnação à


prova técnica (Id. 21708384).
Certidão de Id. 27413496, apresentando históricos
de pedidos para cumprimento individual de sentença realizados nos
autos.
Decisão de Id. 35605734 Indeferiu o
processamento dos referidos pedidos no presente feito, vez que,
“como consignado na Decisão de ID nº 33996857, os pedidos de
cumprimento de sentença individual do crédito referente à ação
coletiva principal devem ser apresentados em ação autônoma, a
qual, inclusive, não indica prevenção com o presente feito”.
Laudo Complementar apresentado em Id. 35751104.
Pronunciamento do SindSaúde-DF, demonstrando
concordância com os valores exibidos no Laudo Complementar (Id.
37193414).
Perícia Complementar apresentada em IDs
40837155, 40837160.
O embargante se manifestou, requerendo a
confecção de perícia, considerando as restituições administrativas e
as limitações temporais apresentadas pelo Distrito Federal (Id.
43431145).
Manifestação da parte embargada em Id. 44777773.
Deferido o pedido para a realização de perícia
complementar pleiteada pelo embargante (Id. 53352470).
Apresentação do Laudo, ponderando as limitações
temporais reclamadas pelo Distrito Federal, decorrentes da aplicação
da Lei n.° 8.688/1993 e da Medida Provisória n.° 560/1994 (Id.
67830572 e anexos).
Manifestação do embargado, esclarecendo que a
prova técnica complementar é contrária à coisa julgada material, que
reveste as decisões proferidas na ação originária. Alude que o perito
teria aplicado à hipótese, Legislação Federal não recepcionada pelo
Distrito Federal, no que concerne ao período em análise, aplicando
alíquota de Contribuição Previdenciária mais alta do que o devido (Id.
69826203).

O b t t (Id 70036201)
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O embargante, por seu turno (Id. 70036201),


defende que o Laudo Complementar considerou a limitação temporal
correta para realização do cálculo, qual seja, 1º de janeiro de 1992 a
23 de outubro de 1994. Ressalta, contudo, que formulou também
pedido subsidiário quanto à data final para limitação do título judicial
objeto de execução.
Entende, assim, que o Perito deveria ter formulado
dois cálculos: (i) um com limitação temporal até a entrada em vigor
da Lei n.° 8.688/1993, considerando o período de 1º de janeiro de
1992 até 20 de outubro de 1993, e (ii) outro com limitação até a
vigência da Medida Provisória n.° 560/1994, observando o lapso
entre 1º de janeiro de 1992 e 23 de outubro de 1994.
Outrossim, frisa que o laudo teria incluído valores
relativos a substituídos que já teriam desistido da execução em
comento, optando por aviar Cumprimentos Individuais de Sentença.
Deste modo, requer a correção dos cálculos, nos termos indicados.
Concebendo a desnecessidade de complementação
da prova (Id. 71578641), este Juízo procedeu a homologação do
Laudo Pericial Complementar de Id. 67830572.
Embargos de Declaração opostos por ambos os
litigantes.
O SindSaúde-DF suscita erro e omissão
no Decisum, visto não ter havido homologação do primeiro laudo
pericial confeccionado nos autos. Destaca que a Decisão embargada
não teria examinado suas argumentações, quanto ao limitador
temporal adequado para a extensão da condenação (Id. 72635902).
Já o Distrito Federal, diz ter havido omissão, no que
tange ao seu pedido de realização dos cálculos com dois limites
temporais distintos, o que seria necessário caso a Medida Provisória
n.° 560/1994 não fosse considerada aplicável ao caso (Id.
73320290).
Decisão de Id. 75435538 rejeitou os Aclaratórios
opostos pelo DF, ao passo que acolheu em parte o recurso aviado
pelo SindSaúde-DF, alterando o trecho final do Decisum de Id.
71578641, nos seguintes termos: “Desta feita,  REJEITO  as
impugnações oferecidas pelas partes e  HOMOLOGO  todos os
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laudos periciais e esclarecimentos prestados pelo  Expert ao longo


do feito, consubstanciados nos documentos de IDs n. 21704550,
21704984, 21707582, 21708384, 23153224, 23153692, 29458231,
35751104, 40837155, 40837160, 47396120 e 67830572”.
Alegações Finais das partes em IDs 79870111 e
82749243.
Os autos vieram conclusos.
É o relatório.
 
Decido.  
Ab initio, consigno que a prejudicial de prescrição
foi enfrentada na Decisão de Id. 21699361, tendo sido objeto de
Agravo de Instrumento (IDs 21699439 e 21699456), o qual restou
improvido  (Id. 23129076). Interposto Recurso Especial  (IDs.
23129142, 23129193), este foi retido nos autos  (Id. 23129250 –
págs. 13/14).
Assim, presentes os pressupostos processuais e as
condições da ação, estando o feito em ordem e maduro para
julgamento, passo a análise do mérito da demanda, nos termos
do art. 93, IX[1]
(file:///C:/TJDFT/MINUTAS%201%C2%AA%20VFP%20GL%C3%93RIA/MINUTAS%20SENTEN%C3%87AS%202
%201%C2%AA%20VFP/SENTEN%C3%87AS%20MAR%C3%87O/0063796-44.2010.8.07.0001%20-
%20Embargos%20%C3%A0%20Execu%C3%A7%C3%A3o%20-%20Distrito%20Federal%20-
%20Sindicato.docx#_ftn1) da Constituição Federal.
 
1. Da pretensão do Embargante.
A execução de título Judicial é decorrente da
condenação do Distrito Federal à restituição aos 8.214 substituídos
pelo SindSaúde-DF, dos valores excedentes a 6% descontados de
sua remuneração, a título de contribuição para o Plano de
Seguridade Social, em razão da aplicação da lei n.° 8.162/2001, que
havia majorado a alíquota da contribuição para 12%.

O b à ã t l Di t it
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Os embargos à execução opostos pelo Distrito


Federal se fundam no excesso de execução. Foi relatado pelo Ente
Distrital que, conforme os cálculos da Procuradoria Geral do DF,
foram detectados os seguintes fatores de incorreção (Id. 21699180 -
p. 6):

1. Os substituídos utilizaram em seus cálculos o período de


janeiro de 1992 a junho de 1999 sem considerar nenhuma
limitação;
2. Os substituídos não atentaram para o Recurso de
Apelação constante às fls. 96/112, em que o Distrito Federal
fez prova de que fora ressarcido aos exequentes o valor
descontado a maior nos meses de novembro e dezembro de
1993 conforme as rubricas de código n° 1514 e n° 1515,
constantes nas fichas financeiras.

Assim, postula o embargante o refazimento dos


cálculos com amparo nas premissas acima elencadas.

2. Da perícia realizada em Juízo e dos


esclarecimentos complementares.

Diante da controvérsia acerca da legitimidade da


pretensão e observadas as alegações exaradas pelo embargante,
este Juízo deferiu o pedido para a realização de prova técnica (Id.
21700667).
Na primeira manifestação do Expert, assim foi
assentado (IDs 21704615 e 21704633):

(...) III OBJETIVO DO EXAME PERICIAL


Apurar individualmente e totalizado, os descontos indevidos
pertinentes e contribuição previdenciária realizadas a maior
no período de janeiro/1992 até junho/1999, susceptíveis de
devolução aos servidores reclamantes e substituídos pelo
SindSaúde-DF, deduzindo-se deles as devoluções

li d l FHDF 1993 1994 l


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realizadas pela FHDF em 1993 e 1994, com os valores


devidamente corrigidos monetariamente até a data de
13/03/2017.

V RESULTADOS DO EXAME
Na inicial os Autores reclamaram a quantia de R$
181.174.470,08 (cento e oitenta e um milhões, cento e
setenta e quatro mil, quatrocentos e setenta reais e oito
centavos ) a preços de 31/052010, atualizados
monetariamente pelos índices de inflação, acrescidos de
juros moratórios de 0,5% (meio por cento) ao mês,
pertinentes as contribuições descontadas indevidamente no
período de janeiro/1992 até junho/1999, correspondente a
8.214 (oito mil e duzentos e quatorze)
reclamantes/acionantes, representados pelo substituto
processual SindSaúde/DF.
(...) Dentro desse universo de reclamantes/acionantes
(8.214), constatou-se que 89 (oitenta e nove) servidores,
discriminados no APÊNDICE III, não foram localizados nos
arquivos em PDF contendo o resumo individual, que se
pressupõe, forma realizados com base nas fichas
financeiras de cada servidor.
(...) foi considerado na relação de substituídos elaborado no
presente exame pericial o quantitativo de 8.124 (oito mil e
cento e vinte e quatro) reclamantes/acionantes.
(...) o referido quantitativo (8.124) de
reclamantes/acionantes com direito a restituição da
contribuição previdenciária descontada indevidamente em
percentuais além do permitido legalmente (APÊNDICES I e
II), e considerando a dedução dos valores já devolvidos por
meio das rubricas 1514 e 1515 nos exercícios de 1993 a
1994 (APÊNDICES I e II), redundaram nos seguintes
resultados, cujos valores estão expressos em reais, a
preços de 13/03/2017:
a) Descontos indevidos com base em alíquotas acima de
6% (seis por cento) no montante de R$
241.755.051,41 (duzentos e quarenta e um milhões,
setecentos e cinquenta e cinco mil, cinquenta e um
reais e quarenta e um centavos);

b) D l õ d d t i d id i d
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b) Devoluções de descontos indevidos por meio das


rubricas 1514 e 1515 realizadas em 1993 e 1994, no
montante de R$ 15.396.650,76 (quinze milhões, trezentos
e noventa e seis mil, seiscentos e cinquenta reais e
setenta e seis centavos);
c) Saldo líquido (descontos indevidos menos devoluções) a
ser restituído aos servidores acionantes no valor de R$
226.358.400,65 (duzentos e vinte e seis milhões,
trezentos e cinquenta e oito mil, quatrocentos reais e
sessenta e cinco centavos);
5) O honorário advocatício, apurado em consonância com
a r. Decisão exarada no Acórdão da Segunda Turma
Cível, considerando o percentual de 5% (cinco por
cento) sobre o valor estabelecido à causa, montando
Cr$ 8.000.000,00 (oito milhões de cruzeiros reais), com o
cálculo de atualização monetária partindo da data de
distribuição do processo em foco ocorrida em
28/05/1993, devidamente convertido em reais,
evidenciou o valor de R$ 47,71 (quarenta e sete reais e
setenta e um centavos) a preços atualizados até
13/03/2017, conforme demonstrado no APÊNDICE I.
6) O valor da demanda em comento, portanto, está
totalizando em 13/03/2017 o valor de R$ 226.358.448,35
(duzentos e vinte e seis milhões, trezentos e cinquenta e
oito mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e trinta e
cinco centavos) (...).

VI CONCLUSÃO

Com base no exame pericial realizado conclui-se que o


montante devido pela FHDF na data de 13/03/2017
acionantes substituídos pelo SindSaúde, correspondentes
aos descontos indevidos da previdência social realizados no
período de janeiro/1992 até junho de 1999, considerando a
exclusão das devoluções efetuadas em 1993 e 1994, foi
de 226.358.400,35 (duzentos e vinte e seis milhões,
trezentos e cinquenta e oito mil, quatrocentos reais e
trinta e cinco centavos), conforme discriminado
sinteticamente no resultado n° 4. O referido valor acrescido
do honorário advocatício definido pelo D. Juízo, totalizou na
mesma data (13/03/2017) o montante de R$
226.358.448,35 (duzentos e vinte e seis milhões,

t t i t it il t t
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trezentos e cinquenta e oito mil, quatrocentos e


quarenta e oito reais e trinta e cinco centavos).
(Negritado)

Após manifestação do embargante, discordando dos


cálculos apresentados, houve pronunciamento do perito, com os
seguintes apontamentos (Id. 21708384):

(...) com o devido respeito ao D. Procurador do DF, sua


petição no que tange a rediscutir o mérito de demanda,
notadamente no intuito reviver a Lei n. 8.688/1993, além da
MP n. 560/94, com o propósito de impugnar os valores
apurados por este Perito, são inapropriadas e inoportunas,
portanto, não merecem acolhimento (...).

Todavia, no tocante a questão dos juros de mora, tecemos


os seguintes esclarecimentos:

1) A sentença do D. Juízo no âmbito da Primeira Instância,


determinou os cálculos dos valores recolhidos a maior pela
Embargante considerando juros de 0,5% (meio por cento)
ao mês. Essa determinação foi ratificada pela Segunda
Instância (...).

3) ao interpretarmos literalmente o disposto na sentença


prolatada, chegamos a conclusão relativa aos juros de mora
a serem acumulados, ou seja, 0,5% a.m. até o advento da
Lei 11.960/2009 e juros aplicáveis a poupança a partir desta
data.

(...)

5) Desta maneira, salvo melhor juízo, retificamos os


cálculos no ponto impugnado para fazer incidir os juros
conforme item mencionado anteriormente (Item 3), que
totaliza da data do trânsito em julgado até a data do referido
cálculo o montante de 114% em consequência retificamos
os valores individuais de execução, conforme detalhado no
anexo, obtendo o montante da execução de R$
191.808.465,46 (cento e noventa e um milhões,
oitocentos e oito mil, quatrocentos e sessenta e cinco
reais e quarenta e seis centavos), na data base de
17/03/2017 (...).
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Por determinação do Juízo, nos Laudos


Complementares de IDs 35751104 40837155, 40837160, foram
incluídos mais 27 servidores, que enviaram suas respectivas fichas
financeiras relativas ao período da avença (janeiro de 1992 a junho
de 1999).
Após a readequação dos cálculos, amparada nos
mesmos parâmetros técnicos que nortearam os valores encontrados
para os outros 8.124 servidores, o perito anotou o valor bruto de R$
662.480,13 (seiscentos e sessenta e dois mil reais, quatrocentos e
oitenta reais e treze centavos. Deduzidos R$ 39.708,80 (trinta e nove
mil, setecentos e oito reais e oitenta centavos), relativos às
devoluções realizadas, a quantia líquida foi assentada em R$
622.771,32 (seiscentos e vinte e dois mil, setecentos e setenta e
um reais e trinta e dois centavos).
Somados com o montante dos outros 8.124
servidores, o valor líquido, considerando as devoluções realizadas e
acrescentado o valor dos honorários advocatícios, foi definido em R$
203.648.763,71 (duzentos e três milhões, seiscentos e quarenta e
oito mil, setecentos e sessenta e três reais e setenta e um
centavos (Id. 40837155 – p. 10).
Destaque-se, ainda, que foi acolhido pedido do
Distrito Federal para confecção de perícia, considerando as
restituições administrativas e as limitações temporais apresentadas
pelo Ente Público. Na complementação do Laudo foi pontuado (Id.
67830572):

(...) Este Laudo Técnico contempla o exame pericial


complementar realizado para atendimento ao pleito do
DISTRITO FEDERAL – DF, considerando nos cálculos as
delimitações temporais decorrentes da Lei nº 8.688/1993 e
da MP nº 560/1994.

(...)
V OBJETIVO DA PERÍCIA COMPLEMENTAR

N í i l t ti d li ã
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Na perícia complementar e partindo-se para a realização
dos cálculos os resultados apurados até a data base de
23/05/2019 (último exame pericial realizado - ID 40837155),
observou-se:

1) Consideração às delimitações temporais reclamadas pelo


DF decorrentes da Lei nº 8.688/93 e da MP nº 560/94,
conforme discriminadas anteriormente nos itens II e III deste
Laudo Pericial Técnico, apurando-se os novos valores
representativos da dívida do DF para com os acionantes.

2) Na atualização monetária até a data base de 02/07/2020


e nos cálculos de acréscimos de juros sobre os novos
resultados apurados na perícia complementar, foi aplicado a
mesma metodologia utilizada nos trabalhos anteriores,
assegurando, desta forma, a uniformidade e a
comparabilidade dos resultados.

3) Comparação dos resultados apurados na perícia


complementar atualizados até a data de 02/07/2020, com e
sem consideração às delimitações temporais decorrentes da
Lei nº 8.688/93 e da MP nº 560/94, evidenciando os
respectivos impactos.

VII RESULTADOS OBTIDOS

1- RESULTADOS APURADOS CONSIDERANDO A


DELIMITAÇÃO TEMPORAL:
(Posição na data base de 02/07/2020)

Considerando a delimitação temporal o saldo da dívida do


DF para com os 8.151 (oito mil e cento e cinquenta e um
mil) acionantes totalizou a quantia de R$26.691.272,11
(vinte e seis milhões, seiscentos e noventa e um mil,
duzentos e setenta e dois reais e onze centavos) (...).

2- RESULTADO DOS CÁLCULOS ORIGINAIS SEM


CONSIDERAÇÃO DA DELIMITAÇÃO TEMPORAL:

(Posição na data base de 23/05/2019)

( ) l t t l d id l DF d t b d
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(...) o valor total devido pelo DF na data base de
23/05/2019, também decomposto entre os acionantes
iniciais e os adicionados posteriormente, totalizando a
preços da data mencionada, a quantia de R$
203.648.716,00 (duzentos e três milhões, seiscentos e
quarenta e oito mil e setecentos e dezesseis reais) (...).

3- RESULTADO DOS CÁLCULOS ORIGINAIS


APURADOS NA DATA BASE DE 23/05/2019,
ATUALIZADOS ATÉ 02/07/2020:

(Posição de 23/05/2019 atualizada até a data base de


02/07/2020)

(...) o valor devido pelo DF em 23/05/2019, atualizado até


a data base de 02/07/2020, obtendo-se o montante
atualizado monetariamente de R$ 204.548.867,79
(duzentos e quatro milhões, quinhentos e quarenta e
oito mil, oitocentos e sessenta e sete reais e setenta e
nove centavos) (...).

O referido valor atualizado relativo à dívida do DF em


02/07/2020 (R$ 204.548.867,79), teve por fim possibilitar a
comparação com os resultados apurados da mesma dívida
calculada com consideração das delimitações temporais
(...).

VIII CONCLUSÃO

A perícia complementar considerando as delimitações


temporais decorrentes das aplicações da Lei nº 8.688/93 e
da MP nº 560/94, evidenciou os impactos discriminados
abaixo, quando comparados aos resultados sem a
consideração às mencionadas delimitações temporais:

1) O valor da dívida, a preços de 02/07/2020, diminuiu do


patamar de R$ 204.548.867,79 (duzentos e quatro milhões,
quinhentos e quarenta e oito mil, oitocentos e sessenta e
sete reais e setenta e nove centavos) para R$
26.691.272,77 (vinte e seis milhões, seiscentos e noventa e
um mil, duzentos e setenta e dois reais e setenta e sete
centavos).

2) E id i t t di i i ã d dí id d DF
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2) Evidenciou, portanto, uma diminuição da dívida do DF
para com os acionantes no montante de R$ 177.857.595,02
(cento e setenta e sete milhões, oitocentos e cinquenta e
sete mil, quinhentos e noventa e cinco reais e dois
centavos), equivalente a um decréscimo de 86,95% (oitenta
e seis virgula noventa e cinco por cento) (...).

3) Em razão da consideração da delimitação temporal


solicitada pelo DF, além da diminuição da dívida, 45
(quarenta e cinco) acionantes que tinham saldo credor (a
receber do DF) passaram a ter saldos negativos, cujo
montante totalizou R$ 19.766,85 (dezenove mil, setecentos
e sessenta e seis reais e oitenta e cinco centavos) também
diminuído da dívida em 23/05/2019 (...).

Ressalte-se, ainda, que este juízo não acolheu as


insurgências do embargante para a confecção de novas
complementações periciais, restando homologados os Laudos
apresentados pelo Expert, ressalvando-se, contudo, que “questões
relativas à metodologia de cálculo adequada, com a indicação dos
limites temporais efetivamente aplicáveis ao caso, serão analisadas
por ocasião da sentença” (Id. 74435538).

3. Da base de cálculo e da coisa julgada.


O cerne da controvérsia reside em apurar se os
cálculos que instruem o Título Judicial devem observar a limitação
temporal no que tange à vigência da Lei n.° 8.688/1993 ou da Medida
Provisória n.° 560/1994.
Entendo que não.
O dispositivo da sentença que fixou o título judicial
foi assim redigido (Id. 22824226 dos autos originários):

Em face do exposto, julgo procedente o pedido formulado


na inicial, para condenar a Fundação Hospitalar do Distrito
Federal a restituir os valores indevidamente descontados
dos autores, a partir do respectivo lançamento, devidamente

t li d d d ã té f ti t
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atualizados desde a exação até o efetivo pagamento,
acrescidos de juros de 0,5% (meio por cento) ao mês, a
partir do trânsito em julgado.

Em fase recursal, quando do julgamento pela D. 2ª


Turma Cível deste Eg. TJDFT, foi negado provimento ao apelo da
parte ré com a atenção de que, no mérito, não houve qualquer
questionamento por parte da então Fundação Hospitalar do Distrito
Federal a respeito do tema.
Observe-se a ementa do julgado (23128882 – p. 3):

PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE. SINDICATO.


CONTRIBUIÇÃO PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL. LEI N.
8.112/90 (ART. 231); LEI N. 8162/91 (ART. 9)
INCONSTITUCIONALIDADE. Sindicato dos Empregados
em Estabelecimentos de Serviços em Saúde de Brasília tem
legitimidade para representar seus filiados. A sindicalização
nasce de laços de solidariedade e a liberdade de
associação profissional e sindical garantida por regra
constitucional, visa o fortalecimento das categorias
profissionais. Decretada pelo STF a inconstitucionalidade
de dispositivos de lei nos quais se fulcravam os
descontos previdenciários, cumpre serem restituídos os
valores indevidamente cobrados. (Acórdão 101859,
APC3711895, Relator: CARMELITA BRASIL, Revisor:
GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, 2ª Turma Cível, data de
julgamento: 29/9/1997, publicado no DJU SEÇÃO 3:
4/3/1998. Pág.: 60. Negritado)

No voto condutor, assim foi sintetizada a contenda


(Id. 23128882):

“...a Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, instituiu em


seus artigos 231 e 249 que as contribuições para a
Previdência Social dos servidores abrangidos por esta lei,
seria de 6% (seis por cento), com base no disposto no
Decreto n° 83.081/79, art. 95 e Decreto-lei n° 1.910/81. A lei
n° 8.162, de 08 de janeiro de 1991, em seu art. 9°,
l t i d t 231 d l i 8 112/90
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regulamentou o mencionado art. 231, da lei 8.112/90
estabelecendo que a contribuição mensal referida, incidiria
sobre a remuneração mensal do servidor e seria calculada
mediante tabela que dividiu o desconto em faixas, e que no
caso dos servidores em questão, a alíquota deduzida seria
na ordem de 12% (doze por cento) de seus salários. Porém,
o Ministério Público Federal, argüiu a inconstitucionalidade
das Leis n°s 8.112/90, art. 231 e art. 1°, e Lei n° 8.162/91,
art. 9°, e obteve liminar no sentido de que a União Federal
deveria abster de deduzir dos seus servidores da
Administração Direta e Indireta nos moldes dos
mencionados artigos dessas leis, por serem
inconstitucionais.” A ação foi julgada procedente. Decisão
do STF publicada em 27.10.92.

Feitas tais ponderações, é de se consignar, ainda,


que a fundamentação exarada na sentença, confirmada em sede de
recurso, foi clara ao dispor que a inconstitucionalidade do dispositivo
de lei, que ancorava os descontos, tem natureza declaratória, com
efeito ex tunc, abrangendo a restituição de todo o valor
indevidamente retido, senão vejamos:

Tenho presente que a matéria não merece estudos


alongados, a partir do momento que se considera que a
decisão de inconstitucionalidade do preceito do ar. 9°
da Lei n.° 8.162, de 08 de janeiro de 1991, e que implicou
na majoração, proporcional, da alíquota relativa à
contribuição social dos servidores públicos federais
(estendida aos do Distrito Federal) tem natureza
declaratória, com efeitos ex tunc, exsurge inconteste,
salvo raríssimas exceções, que, sendo a cobrança
inconstitucional, não deveria sobremaneira ser levada a
efeito. (Negritado)
À vista disso, nota-se que, em momento algum, a
entrada em vigor dos regramentos citados pelo embargante,
anteriores ao trânsito em julgado da sentença (13.04.1998), foi
motivo limitador para restituição das quantias descontadas
indevidamente. Destaca-se, portanto, que a restituição dos valores
inadequadamente descontados dos servidores foi definida com
trânsito em julgado, não cabendo rediscutir os termos da obrigação
i id tít l ti t id d t t
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inserida no título executivo, uma vez que a oportunidade, para tanto,


já restou superada, materializando-se, portanto, o instituto da
preclusão.
Deveras, consoante o art. 503, do Código de
Processo Civil, “a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito
tem força de lei nos limites da questão principal expressamente
decidida”. Decerto, a execução do título judicial deve observar os
limites da coisa julgada que, no presente caso, determinou
explicitamente a restituição dos valores desde a exação até o efetivo
pagamento.
Outro não é o entendimento jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.


PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
DIALETICIDADE. IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA.
REJEIÇÃO. COISA JULGADA. INTERPRETAÇÃO DO
TÍTULO CONFORME SEUS FUNDAMENTOS E
DISPOSITIVO. ERRO DE CÁLCULO. EQUÍVOCO NÃO
COMPROVADO. PERÍCIA CONTÁBIL. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. SENTENÇA PROFERIDA EM MANDADO DE
SEGURANÇA. HONORÁRIOS. CABIMENTO. ART. 85 §§ 2º
E 3º, I A V, DO CPC. PROVEITO ECONÔMICO.
PARÂMETRO DE 8% A 10%. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Não há violação ao princípio
da dialeticidade se impugnadas as razões lançadas na
sentença. Preliminar rejeitada. 2.
Na interpretação do título executivo judicial, deve-se
observar a conformidade do comando da sentença com
o objeto do processo e as questões debatidas na fase
de conhecimento. 3. Os embargos à execução, ainda que
derivada de ação mandamental, submete-se à regra do
artigo 85/CPC, sendo devida a condenação em honorários.
4. Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a
fixação dos honorários deverá observar os percentuais
estabelecidos nos incisos I a V do § 3º do artigo 85 do
Código de Processo Civil. Deve, ainda, considerar o grau do
zelo profissional, lugar da prestação do serviço, a natureza e
importância da causa, o trabalho realizado pelo profissional
e o tempo exigido para o seu serviço. 5. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(Acórdão 1300437 (https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?
https://pje.tjdft.jus.br/consultapublica/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=28dedaa1ad24d3b5… 17/25
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visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf
Relator: LUÍS GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, 4ª Turma Cível,
data de julgamento: 18/11/2020, publicado no DJE:
26/11/2020. Negritado.)

(...) Na fase de liquidação, deve-se apurar o quantum


debeatur com fundamento nas diretrizes estipuladas na
decisão transitada em julgado. No caso dos autos, o título
judicial determinou o afastamento da capitalização de juros
no contrato firmado entre as partes e o pagamento do valor
cobrado a esse título. O contrato em análise consiste em
arrendamento mercantil (Leasing), em razão do qual foi
paga mensalmente contraprestação pela utilização do bem
e VRG - Valor Residual Garantido. Não houve cobrança de
juros. Diante da ausência de cobrança de juros, inexiste
capitalização que possa ser aritmeticamente apurada, em
liquidação, o que corresponde à denominada liquidação
zero, na qual, há uma condenação (an debeatur), todavia
inexiste valor a ser pago (quantum debeatur). (Acórdão
1151649, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, data de
julgamento: 13/2/2019, publicado no DJE: 20/2/2019.
Negritado)

Nesse descortino, não se mostra admissível uma


apuração fundada na limitação temporal suscitada pelo embargante,
a saber, “da entrada em vigor da MP 560/94, observado o princípio
da anterioridade nonagésima, qual seja outubro de 1994,
reconhecendo-se como indevida a restituição pretendida no período
posterior a esta data, tendo em vista o entendimento pacificado pelo
Supremo Tribunal Federal no sentido da constitucionalidade da
legislação federal (Lei n.° 8.688/93 e Medida Provisória n.° 560/94)
que aumentou a alíquota da contribuição previdenciária dos
servidores públicos” (Id. 21699180 – p. 5), vez que traduz manifesta
afronta aos comandos judiciais acobertados pelo manto da coisa
julgada.

4. Da compensação.

N t ti l t l d d id
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Neste particular, nota-se que os laudos produzidos


em juízo, contém a observância de dedução das devoluções
realizadas pela Fundação Hospitalar do Distrito Federal, por meio
das rubricas 1514 e 1515, nos exercícios de 1993 a 1994. Já no
primeiro pronunciamento do Expert (Id. 21704633 – p. 3), é possível
visualizar tal precaução. Confira-se:

b) Devoluções de descontos indevidos por meio das


rubricas 1514 e 1515 realizadas em 1993 e 1994, no
montante de R$ 15.396.650,76 (quinze milhões, trezentos
e noventa e seis mil, seiscentos e cinquenta reais e
setenta e seis centavos);

c) Saldo líquido (descontos indevidos menos


devoluções) a ser restituído aos servidores acionantes no
valor de R$ 226.358.400,65 (duzentos e vinte e seis
milhões, trezentos e cinquenta e oito mil, quatrocentos
reais e sessenta e cinco centavos);
(...)
(Negritado)

Ressalte-se que as informações técnicas


complementares, nas quais foram incluídos novos substituídos,
igualmente foram fundadas na mesma metodologia de cálculos (IDs
35751104 40837155, 40837160).
Dessa forma, também não se justifica a alegação de
excesso de execução por tal fundamento.

5. Dos Juros e Correção Monetária.


Quanto à correção monetária, de início, convém
anotar o que a sentença exequenda assentou, in verbis:

“Assim, se o tributo não era devido, a restituição é de


todo o crédito indevidamente pago, que há de ser
monetariamente corrigido, como ocorre hoje
relativamente aos tributos federais (Lei nº 8.383/91, art.
66, § 3º). Em face do exposto, julgo procedente o pedido
f l d [ ]d id t t li d d d ã té
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05/04/2021 · Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau
formulado [...] devidamente atualizados desde a exação até
o efetivo pagamento, acrescidos de juros de 0,5% (meio
por cento) ao mês, a partir do trânsito em julgado”.
(Negritado)

Da detida análise do decisum, verifica-se que, de


fato, a parte dispositiva nada dispôs acerca de qual seria o índice de
correção adotado.
Contudo, ressalte-se que, conforme anotado na
fundamentação “a restituição [...] há de ser monetariamente
corrigido, como ocorre hoje relativamente aos tributos federais
(Lei nº 8.383/91, art. 66, § 3º)”.
Ora, à luz do art. 489, §3º, CPC[2]
(file:///C:/TJDFT/MINUTAS%201%C2%AA%20VFP%20GL%C3%93RIA/
%201%C2%AA%20VFP/SENTEN%C3%87AS%20MAR%C3%87O/006
44.2010.8.07.0001%20-
%20Embargos%20%C3%A0%20Execu%C3%A7%C3%A3o%20-
%20Distrito%20Federal%20-%20Sindicato.docx#_ftn2), a decisão
judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus
elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. É dizer,
trata-se de consectário lógico para a efetiva prestação jurisdicional.
Na lição de NEVES[3]
(file:///C:/TJDFT/MINUTAS%201%C2%AA%20VFP%20GL%C3%93RIA/
%201%C2%AA%20VFP/SENTEN%C3%87AS%20MAR%C3%87O/006
44.2010.8.07.0001%20-
%20Embargos%20%C3%A0%20Execu%C3%A7%C3%A3o%20-
%20Distrito%20Federal%20-%20Sindicato.docx#_ftn3):

“O caput do art. 489 do Novo CPC deve ser elogiado por


consagrar entendimento doutrinário de que o relatório, a
fundamentação e o dispositivo da sentença são os seus
elementos e não seus requisitos, conforme incorretamente
previa o art. 458, caput, do CPC/1973”. (Negritado)

Para ilustração, confira-se o precedente julgado


neste eg. Tribunal:

( ) I O t úd d i ói d t d t íd
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05/04/2021 · Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau
(...) I. O conteúdo decisório da sentença deve ser extraído
da sua interpretação integral e da conjugação de todos os
seus elementos estruturantes, conforme dispõe o artigo 489,
§ 3º, do Código de Processo Civil. II. A indenização devida
pela seguradora que é condenada solidariamente com o
segurado deve observar os limites da apólice. III. A
responsabilidade civil da seguradora tem natureza
contratual e atrai, para a incidência dos juros de mora, a
regra do artigo 405 do Código Civil. IV. Recurso conhecido e
provido parcialmente. (Acórdão n. 1109095,
20160110034699APC, Relator: JAMES EDUARDO
OLIVEIRA, 4ª TURMA CÍVEL, data de julgamento:
28/6/2018, publicado no DJE: 19/7/2018. Pág.: 244/247.
Negritado)

O entendimento supra está em conformidade com a


orientação jurisprudencial do colendo Superior Tribunal de Justiça,
consoante se extrai do seguinte aresto:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. REPARAÇÃO CIVIL. SEGURADORA
LITISDENUNCIADA. RESPONSABILIDADE. OFENSA À
COISA JULGADA. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES.
CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA NOS LIMITES DA APÓLICE.
SÚMULA 537/STJ. NÃO PROVIMENTO. 1. "A melhor
interpretação do título executivo judicial se extrai da
fundamentação que dá sentido e alcance ao dispositivo
do julgado, observados os limites da lide, em
conformidade com o pedido formulado no processo.
Não viola a coisa julgada a interpretação razoável e
possível de ser extraída do título judicial" (AgInt no REsp
1432268/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, DJe 29/3/2019). 2. "Em ação de reparação de
danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação
ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta
e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da
indenização devida à vítima, nos limites contratados na
apólice." (Súmula 537/STJ). 3. Agravo interno a que se nega
provimento. (AgInt no AREsp 1537439/AM, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
25/05/2020, DJe 28/05/2020. Negritado)

D d ã t h t d
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Desse modo, em que pese não tenha constado


expressamente do dispositivo da sentença o índice de atualização a
ser adotado, é possível verificar da sua fundamentação a utilização
de índice que remunera os tributos federais.
No que tange aos juros, em atenção à preservação
da coisa julgada, e por entender, ainda, que não houve qualquer
ilegalidade ou inconstitucionalidade na fixação dos mesmos, estes
serão de 0,5% ao mês, a partir do trânsito em julgado da ação de
conhecimento.
Inclusive, é de se consignar, no ponto, que a Eg.
Corte da Cidadania assim decidiu, recentemente, quanto à
prevalência da coisa julgada no que se refere a índices de correção
monetária e juros de mora. Veja-se o aresto:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA. ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIA E
JUROS DE MORA. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. RE 870.947.
COISA JULGADA. PREVALÊNCIA. 1. Cinge-se a
controvérsia a definir se é possível, em fase de
cumprimento de sentença, alterar os critérios de
atualização dos cálculos estabelecidos na decisão
transitada em julgado, a fim de adequá-los ao
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal
em repercussão geral. 2. O Tribunal de origem fez
prevalecer os parâmetros estabelecidos pela Suprema Corte
no julgamento do RE 870.947, em detrimento do comando
estabelecido no título judicial.3. Conforme entendimento
firmado pelo Pretório Excelso, "[...] a decisão do Supremo
Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a
automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores
que tenham adotado entendimento diferente; para que tal
ocorra, será indispensável a interposição do recurso próprio
ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria,
nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo
prazo decadencial (CPC, art. 495)" (RE 730.462, Rel. Min.
Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgado em 28/5/2015,
acórdão eletrônico repercussão geral - mérito DJe-177
divulg 8/9/2015 public 9/9/2015). 4. Sem que a decisão
b t d l i j l d t h id
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acobertada pela coisa julgada tenha sido


desconstituída, não é cabível ao juízo da fase de
cumprimento de sentença alterar os parâmetros
estabelecidos no título judicial, ainda que no intuito de
adequá-los à decisão vinculante do STF. 5. Recurso
especial a que se dá provimento. (REsp 1861550/DF, Rel.
Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
16/06/2020, DJe 04/08/2020) (Negritado)

Logo, a atualização deve se dar com base em índice


que remunera os tributos federais e os juros em 0,5% (meio por
cento).

Dispositivo.
Ante o exposto, REJEITO os Embargos à Execução
do Distrito Federal e defino como base de cálculo os valores
apresentados na perícia constante em Id. 40837155 – p. 10, com a
observação de que o índice de correção monetária será aquele
aplicado a tributos federais e os juros, por todo o período, será de
0,5%, a contar do trânsito em julgado da ação de conhecimento.
Declaro resolvido o mérito nos termos do art. 487, I,
CPC.
Condeno o Embargante ao pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios, que fixo em R$ 10.000,00
(dez mil reais), considerando que, não obstante o curso da marcha
processual, a matéria em discussão trata basicamente de direito.
A exigibilidade das custas, no entanto, resta
suspensa em razão da isenção legal (art. 1º do Decreto-Lei nº 500/69
e art. 4º da Lei nº 9.289/96).
Preclusa a sentença, remetam-se os autos à
Contadoria Judicial para mera atualização e adequação dos valores
exequendos à Portaria GPR n.° 7/2019, observando-se a
metodologia de cálculo disposta.
Com os cálculos, intimem-se as partes para ciência,
notadamente a parte autora, ora embargada, para que aponte os
substituídos que continuam na execução, haja vista os pedidos de
desistência formulado na mesma.
A ó t t l
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Após, tornem os autos conclusos


para mera homologação e expedição de ofícios requisitórios.

[1]
(file:///C:/TJDFT/MINUTAS%201%C2%AA%20VFP%20GL%C3%93RIA/MINUTAS%20SENTEN%C3%87AS%202
%201%C2%AA%20VFP/SENTEN%C3%87AS%20MAR%C3%87O/0063796-44.2010.8.07.0001%20-
%20Embargos%20%C3%A0%20Execu%C3%A7%C3%A3o%20-%20Distrito%20Federal%20-
%20Sindicato.docx#_ftnref1) Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação.
[2]
(file:///C:/TJDFT/MINUTAS%201%C2%AA%20VFP%20GL%C3%93RIA/MINUTAS%20SENTEN%C3%87AS%202
%201%C2%AA%20VFP/SENTEN%C3%87AS%20MAR%C3%87O/0063796-44.2010.8.07.0001%20-
%20Embargos%20%C3%A0%20Execu%C3%A7%C3%A3o%20-%20Distrito%20Federal%20-
%20Sindicato.docx#_ftnref2) 14 Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

(...) § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus
elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.

[3]
(file:///C:/TJDFT/MINUTAS%201%C2%AA%20VFP%20GL%C3%93RIA/MINUTAS%20SENTEN%C3%87AS%202
%201%C2%AA%20VFP/SENTEN%C3%87AS%20MAR%C3%87O/0063796-44.2010.8.07.0001%20-
%20Embargos%20%C3%A0%20Execu%C3%A7%C3%A3o%20-%20Distrito%20Federal%20-
%20Sindicato.docx#_ftnref3) 3 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito
processual civil – Volume único/Daniel Amorim Assumpção Neves – 8. ed. – Salvador: Ed.
JusPodivm, 2016.

LIZANDRO GARCIA GOMES FILHO


Juiz de Direito
 

Assinado eletronicamente por: LIZANDRO GARCIA GOMES FILHO


03/04/2021 09:24:25
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210403092425430000000820

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05/04/2021 · Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

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