Guilherme Pereira dos Santos Breve histórico ◙ Gregos: acreditavam que a febre era um mecanismo mais terapêutico que fisiopatológico.
◙ Início do séc. XIX
- Billbroth: primeiro a usar o termo “pirogênio” para descrever o princípio motor
da febre. - Burdon-Sanderson: Febre com origem em um agente exógeno, como a bactéria, ou de origem endógena, da célula do hospedeiro.
◙ Final do séc. XIX
- Centanni: primeiro a reconhecer a relação causa-efeito entre endotoxina e
febre. - Gram desenvolveu o processo de coloração de bactérias. A partir daí, concluiu- se que as endotoxinas estavam associadas às Gram (-). ◙ Passagem do séc. XIX para o séc. XX - os métodos de eliminação de bactérias por esterilização térmica ou filtração não eliminavam a pirogenicidade. - teste em coelhos: classificava a bactéria em pirogênica e não pirogênica e as correlacionava com o esquema Gram de classificação bacteriana. ◙ 1952: - Westphal e colaboradores – métodos de extração de lipopolissacarídeos (LPS) purificados, livres de proteínas, de diferentes enterobactérias. - Demonstrou-se ser o LPS o responsável pelas reações biológicas induzidas pela endotoxina, pois causava febre mesmo em quantidades reduzidas. Conceito ● Pirogênios são substâncias que induzem febre, atuando na elevação da temperatura corporal. Classes de Pirogênios ● Existem basicamente duas classes de pirogênios, os chamados pirogênios exógenos e os pirogênios endógenos.
fungos, vírus, fármacos, esteróides, frações do plasma, bem como componentes de bactérias Gram (-) e Gram (+). ● Pirogênios endógenos: são produzidos internamente pelo hospedeiro em resposta ao estímulo de vários pirogênios exógenos. Endotoxinas ● São complexos de alto peso molecular, associado à membrana externa de bactérias gram-negativas. ● Constituem a mais significativa fonte de pirogênio para a indústria farmacêutica. ● Endotoxinas purificadas recebem o nome de polissacarídeos. Despirogenização
Atualmente, a melhor forma de eliminar as endotoxinas é a
despirogenização em forno, à temperatura de 250º C por minutos ou 180º C por três horas (Sharma, 1986). Ensaio de Pirogênio pelo método in vivo – Teste em Coelhos
● O teste fundamenta-se na medida do aumento da
temperatura corporal em coelhos, após a injeção de solução estéril em análise. Considerações Gerais ● Observação da variação da temperatura dos coelhos e modo do seu acondicionamento. Material utilizado no teste
◙ As seringas, agulhas e vidrarias devem ser estéreis e
apirogênicas. Os diluentes e soluções extratoras ou de lavagem devem, também ser estéreis e apirogênicos. Procedimento Interpretação ◙ O aumento da temperatura é verificado pela diferença entre a maior temperatura do coelho apresentada no teste e a sua temperatura de controle.
◙ Se nenhum coelho apresentar um aumento individual de temperatura de 0,5 °C
ou mais, acima da respectiva temperatura de controle, o produto atende aos requisitos para ausência de pirogênio.
◙ Se o aumento individual for 0,5 °C, o ensaio deve ser repetido em outros cinco coelhos.
◙ Se no máximo três dos oito coelhos mostrarem aumentos individuais de
temperatura de 0,5 °C ou mais, e se a soma dos oito aumentos máximos individuais não exceder 3,3 °C, o produto atende aos requisitos para ausência de pirogênio. Vantagens e Desvantagens
◙ Envolvimento de toda a reação ◙ tempo
fisiológica do animal ◙ demanda muito trabalho para manuseio e controle dos coelhos ◙ Segurança para os produtos ◙ inadequado para determinar injetáveis, líquidos para infusão e pirogênios em medicamentos como perfusão, materiais cirúrgicos e esteróides descartáveis em geral ◙ não pode quantificar o conteúdo de endotoxinas ◙ falso negativo (plasma sanguíneo) Origem do Método LAL (Lisado do Amebócito Limulus) – Primeiras Descobertas
◙ 1885: Sangue do caranguejo Limulus polyphemus
apresentava formação de coágulo em gel quando associado a doenças provocadas por bactérias marinhas (Gram negativas).
◙ Levin e Bang: lise (ruptura) dos amebócitos do caranguejo
acelerava a reação de formação de gel.
◙ LAL: Lisado dos Amebócitos do Limulus.
Método LAL in vitro para detecção de endotoxinas
● O Teste do LAL é utilizado na determinação das endotoxinas
bacterianas em produtos injetáveis. O princípio do teste baseia-se no processo de coagulação que ocorre com a hemolinfa do Limulus polyphemus na presença de lipopolissacarídeos. ● Os responsáveis pela coagulação da hemolinfa dos caranguejos Limulus polyphemus são os amebócitos, os principais componentes da hemolinfa deste animal. a) Limulus em praia da costa leste dos Estados Unidos, b) e c) lavagem dos animais, d) preparação para a extração do sangue. e) Limulus polyphemus, f) extração da hemolinfa, g) recolhimento da hemolinfa e h) tratamento do extrato. Um estudo feito em 1970 mostrou que o teste de LAL é mais sensível do que os testes realizados em coelhos, pois a intensidade com que o gel é formado é semelhante à concentração das endotoxinas (LEVIN; BANG, 1964). Métodos de ensaio ◙ Gel-Clot (End-Point) ◙ Cromogênico (End-point) ◙ Cromogênico (Kinetic) ◙ Turbidimétrico (End-point) ◙ Turbidimétrico (Kinetic) Procedimento (Gel-Clot) O teste do gel clot é comercializado desde a década de 1970, baseando-se na formação do gel. Volumes iguais do reagente e da solução a ser analisada são transferidos a tubos de ensaio. Esta mistura é incubada a 37°C durante 1 hora. O ponto final da reação é verificado através da inversão dos tubos a 180°C, sendo que a presença do gel que se mantém sólido durante a inversão é considerado positivo para a presença de endotoxinas. Vantagens ● Baixo limite de detecção ● Maior especificidade ● Menor custo ● Menor variabilidade dos resultados ● Possibilidade de quantificar o conteúdo de endotoxinas Determinação Farmacopeica
◙ A Farmacopéia Brasileira, 6ª edição, descreve o método da
formação do gel, turbidimétrico ou colorimétrico do tipo cinético. Sendo que o método de formação do gel deve ser validado de acordo com a recomendação farmacopeica. Referências Bibliográficas
DETERMINAÇÃO DE ENDOTOXINAS BACTERIANAS (PIROGÊNIO) EM RADIOFÁRMACOS PELO MÉTODO DE
FORMAÇÃO DE GEL. VALIDAÇÃO. Disponível em: (Microsoft Word - Disserta\347\343o-NeuzaFukumori.doc) (usp.br). Acesso em 21 de Janeiro de 2021. AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO PIROGÊNICA EM SOROS HIPERIMUNES E AMBIENTES SUJEITOS A VIGILÂNCIA SANITÁRIA: COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS IN VITRO E IN VIVO APLICADOS AO CONTROLE DA QUALIDADE. Disponível em: Tese_Cristiane_BIBLIOTECA. Acesso em 23 de Janeiro de 2021. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopéia Brasileira - 6° edição , v. 1. Guimarães, Dayane Santos. Controle de Endotoxina na Indústria Farmacêutica – Análise dos Métodos in vivo e in vitro. Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017. Brum, Ricardo Cristiano de Souza. Padronização e Validação da técnica do Limulus Amebocyte Lysate (LAL) Semi-Quantitativa e Quantitativa para o Biofármaco Alfainterferona 2b Humana Recombinante. Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2009. WILLIAMS, K. L. Endotoxins. Pyrogens, LAL testing, and despyrogenation. New York: Marcel Dekker, c.2001.