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Fim da Televisão

Mario Carlón
Yvana Fechine
(editores)

Confraria dos Ventos


Editora UFPE
Fim da Televisão

Mario Carlón
Yvana Fechine
(eds.)

Tradução
Diego Andres Salcedo

Revisão da tradução
José Afonso da Silva Junior
Yvana Fechine

Revisão
Diego Gouveia Moreira

Apoio
Programa de Pós-graduação em Comunicação - UFPE

Rio de Janeiro/Recife
Confraria dos Ventos
Editora UFPE
Sumário

Fim da televisão, diálogos, Mario Carlón e Yvana Fechine

Repensando os debates anglo-saxões e latino-americanos sobre o “fim da televisão”,


Mario Carlón

This is the end: as intermináveis discussões sobre o fim da televisão, Carlos A. Scolari

Fim da televisão?, Arlindo Machado e Marta Lucía Velez

O agora e o futuro da televisão, Toby Miller

Televisão: causa e efeito de si mesma, Guillermo Orozco

Elogio à programação: repensando a televisão que não desapareceu, Yvana Fechine

Sobre os autores
Fim da televisão, diálogos

A expressão “fim da televisão” remete hoje, em diferentes contextos, a um intenso


debate em torno das grandes mudanças pelas quais tem passando a TV a partir da sua
digitalização e convergência com outros meios. Mais que uma tomada de posição fatalista,
essa afirmação engloba um leque amplo de interrogações e especulações sobre o destino da
principal mídia de massa do século XX. Não há posições consensuais e as discussões
ganham matizes distintos em função das realidades sociocultural e econômica de cada País:
como sabemos, a televisão é uma mídia, historicamente, ancorada no nacional. Também
influi nesse debate uma tradição construída em torno dos próprios estudos de televisão, um
certo modo de abordagem da TV forjado justamente por essas realidades e nacionalidades.
Neste livro, colocamos em diálogo alguns importantes estudiosos de televisão,
ligados, sobretudo, ao que poderíamos chamar de um pensamento latino-americano sobre o
meio. Esse diálogo em torno do “fim da TV” é rico justamente porque ocorre a partir de
distintos lugares de fala, o que inclui também suas diferentes posições geográficas – afinal,
os colaboradores aqui reunidos estão analisando as mudanças da TV a partir do
cotejamento do cenário internacional com o que têm visto, especialmente, na Argentina,
Brasil, Espanha, México e Estados Unidos, países onde estão atuando. Entre os textos aqui
reunidos, é possível observar não apenas contrapontos, mas também frequentes citações e
referências de uns aos outros em uma interessante prática intertextual e interdiscursiva que
dá testemunho do diálogo mantido pelos autores para além dessa publicação. Foi a partir de
uma produtiva troca de ideias entre uns e outros em sucessivos encontros acadêmicos e da
interlocução e colaboração mantidas em outros fóruns de debate sobre a televisão que
surgiu a proposta deste volume. O livro foi concebido como uma espécie de “mesa
redonda” entre os participantes, um encontro que, presencialmente, nunca ocorreu, pois os
autores nunca estiveram todos ao mesmo tempo em um mesmo evento. O que não impediu
que o debate entre eles, de outros modos, ganhasse corpo e se tornasse coletivo.
Nesse debate, temos observado – assim como ocorre de modo mais geral no cenário
internacional – ao menos duas correntes de pensamento a partir das quais esse momento de
transição da televisão vem sendo interpretado: uma delas sustenta a ideia que a televisão
não está morta nem morrendo e, a outra, que uma certa televisão está morrendo. Este livro
reúne argumentos construídos tanto numa quanto em outra direção, sem a intenção de
favorecer qualquer das posições nesse jogo argumentativo, mesmo porque, como a leitura
do volume evidenciará, as postulações dos seus próprios editores pesam de um lado e do
outro dessa balança. O objetivo é, antes de mais nada, colaborar para difundir em português
discussões que têm sido travadas em outras línguas e abrigadas por publicações em outros
países (México e Argentina, em particular), contribuindo, assim, para ampliar o debate
sobre o “fim da televisão” no Brasil, onde os títulos dedicados inteiramente a esse tema
ainda são escassos.
Com esse intuito, este livro reúne trabalhos que foram selecionados, com a
autorização e atualização dos autores, principalmente de dois volumes. O primeiro é El fin
de los medios masivos. El comienzo de un debate1, um livro organizado por Mario Carlón e
Carlos A. Scolari, publicado na Argentina e muito citado, nos últimos anos, no âmbito
acadêmico latino-americano. O livro argentino propõe uma discussão mais ampla sobre o
“fim” dos distintos meios (o livro, o cinema, as mídias sonoras) e dedica uma seção
exclusivamente ao “fim da televisão” na qual se dá continuidade a discussão que foi muito
influenciada na Argentina pelas ideias do semiólogo Eliseo Verón. Essas ideias são
recuperadas aqui pelo texto de Carlos A. Scolari, mas também pelo trabalho de Mario
Carlón que, ao discutir agora os termos nos quais tem se dado o próprio debate em torno do
“fim da televisão”, mescla argumentos do artigo incluído no livro argentino2 com outros
desenvolvidos em um texto posterior publicado em outro livro, TVMORFOSIS, La
televisión abierta hacia la sociedad de redes.
Organizado por Guillermo Orozco e publicado no México, TVMORFOSIS, La
televisión abierta hacia la sociedad de redes3 é o nosso segundo livro de referência. Dele

1
CARLÓN, M.; SCOLARI, Carlos (Orgs.). El fin de los medios masivos, el comienzo de un debate. 1. ed.
Buenos Aires: La Crujía, 2009. O livro foi reeditado em 2014, pela mesma editora, com o título El fin de los
medios masivos. El debate continúa, incluindo, agora, textos de Jorge la Ferla (sobre o “fim do cinema”) e de
Guillermo Orozco e Yvana Fechine (sobre “o fim da televisão”).
2
Carlón, M. ¿Autopsia a la televisión? Dispositivo y lenguaje en el fin de una era, em CARLÓN, M.;
SCOLARI, Carlos (Orgs.). El fin de los medios masivos, el comienzo de un debate. 1. ed. Buenos Aires: La
Crujía, 2009.
3
OROZCO, G. (coord.) TVMORFOSIS, La televisión abierta hacia la sociedad de redes. Tintable - U de G,
México, 2012.
vêm também as colaborações do próprio Orozco e o artigo do colega norte-americano Toby
Miller, que agrega ao debate a visão de um cenário no qual a indústria televisiva teve um
desenvolvimento bem distinto do que temos visto, sobretudo, no Brasil. A perspectiva
adotada por Miller é particularmente interessante porque ele também conhece bem o
cenário latino-americano de produção e estudos de televisão. Temos também no presente
volume a colaboração dos pesquisadores brasileiros Yvana Fechine, que têm mantido uma
interlocução estreita com os colegas latino-americanos aqui reunidos, e Arlindo Machado,
um dos principais estudiosos da produção audiovisual no Brasil, que, em colaboração com
a colombiana Marta Lucia Vélez, resume, no título do seu artigo, a pergunta de fundo deste
livro: “fim da televisão?”
Em um momento no qual a reflexão sobre o “fim” (ou não) da televisão (e,
igualmente, sobre o “fim” do cinema, dos jornais, da indústria fonográfica, do rádio, ou
seja, dos meios massivos) tem crescido muito no âmbito acadêmico internacional, esta
edição reúne um conjunto de trabalhos de referência que dão a dimensão das questões
enfrentadas – e ainda a serem enfrentadas – pelas pesquisas em Comunicação em torno
desse tema tão polêmico. Por isso mesmo, a disponibilização e discussão dos textos aqui
reunidos nos parecem tão oportunas e importantes para professores, estudantes,
profissionais de televisão, para todos, enfim, que se inquietam com o futuro da TV ou com
seus futuros (no plural, como prefere nosso colega Orozco). Que a leitura deste volume
estimule novos diálogos!

Mario Carlón
Yvana Fechine

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