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Manual Processo Civil
Manual Processo Civil
de Oficial de Justiça
PROCESSO CIVIL
DGAJ-DF - 2013
Introdução
A maioria das vezes, o processo identifica-se com o conjunto dos atos que hão-de
praticar-se em juízo na propositura e desenvolvimento da ação.
Numa aceção mais concreta, o processo significa ainda o mesmo que pleito, litígio,
demanda ou causa – a situação concreta resultante da pretensão de tutela jurisdicional
deduzida por determinada pessoa com oposição ou possibilidade dela por parte duma outra.
Por outro lado, o Direito Processual Civil é também um ramo de direito instrumental na
medida em que se destina à aplicação do Direito Civil, o qual se afigura como um direito
substantivo ou material regulador das relações entre os indivíduos ou entre eles e o Estado
(agora, despido do seu “iure imperii”, ou seja, despido do seu poder de soberania, porque
posicionado num plano de igualdade com os demais cidadãos).
A divisão é feita amigavelmente ou nos termos da lei do processo, ou seja, não sendo
feita amigavelmente, a divisão da coisa comum concretizar-se-á pela via do Direito Processual
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Civil, o mesmo é dizer, por aplicação das normas próprias do Código de Processo Civil – art.ºs
1052.º a 1057.º.
Lê-se no preâmbulo do Dec. Lei n.º 329-A/95, de 12 de Dezembro, que “os princípios
gerais estruturantes do processo civil, em qualquer das suas fases, deverão essencialmente
representar um desenvolvimento, concretização e densificação do princípio constitucional do
acesso à justiça”.
Princípio da legalidade
A todo o direito, exceto quando a lei determine o contrário, corresponde a ação adequada
... – art.º 2.º n.º 2 –, o que pressupõe a existência de base legal que preveja tanto o
direito reivindicado como a respetiva ação.
Este princípio arrasta consigo o da adequação formal segundo o qual, quando a
tramitação processual prevista na lei não se adequar às especificidades da causa, deve o
juiz oficiosamente, ouvidas as partes, determinar a prática dos atos que melhor se
ajustem ao fim do processo, bem como as necessárias adaptações – art.ºs 265.º-A; 31.º,
n.º 3; 274.º, n.º 3 e 470.º.
Princípio do dispositivo
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O tribunal só intervém na resolução do litígio a pedido das partes, que, para o fim em
vista, alegam, no caso do autor, os factos que integram a causa de pedir e o réu os factos
em que suporta a defesa.
Com base nos factos alegados o juiz profere a sua decisão – art.ºs 3.º, n.º 1 e 264.º.
Princípio do contraditório
Segundo este princípio, as decisões dos tribunais devem ser precedidas de audição da
parte contrária, salvos os casos excecionais legalmente previstos – art.ºs 3.º, n.ºs 2 a 4 -
como acontece, por exemplo, nalguns procedimentos cautelares, em que as decisões são
tomadas sem prévia audiência da parte contrária, respeitando-se, no entanto, o princípio
do contraditório a posteriori - art.ºs 385.º, n.º 1; 394.º e 408.º, n.º 1.
Princípio do inquisitório
Como veremos mais adiante, a instância inicia-se com a propositura da ação, ou seja,
com a apresentação da petição, sem prejuízo da data a partir da qual produza os
correlativos efeitos.
1 - Iniciada a instância, cumpre ao juiz, sem prejuízo do ónus de impulso especialmente imposto pela
lei às partes, providenciar pelo andamento regular e célere do processo, promovendo oficiosamente as
diligências necessárias ao normal prosseguimento da ação e recusando o que for impertinente ou
meramente dilatório.
Esta norma permite-nos afirmar que, atualmente, raríssimos são os casos em que o
escrivão poderá oficiosamente (sem despacho do juiz) remeter à conta processos parados
há mais de três meses por inércia das partes.
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Princípio da preclusão
Significa que, ultrapassado certo momento ou certa fase processual, esgota-se o
direito facultado às partes destinado à prática de atos processuais – art.º 145.º, n.º 3.
Senão vejamos:
Nenhuma das partes deve usar, nos seus escritos ou alegações orais, as expressões
desnecessárias ou injustificadamente ofensivas da honra ou do bom nome da outra, ou do
respeito devido às instituições - art.º 266.º-B, n.º 2.
1
Na sequência de várias queixas que se basearam na inobservância deste preceito, após recomendação do COJ este Centro de
Formação, hoje Divisão de Formação da DGAJ, publicou na Habilândia, no dia 27 de Fevereiro de 2006, a seguinte informação:
“Uma das funções que faz parte do quotidiano dos Oficiais de Justiça é a assistência aos Senhores Magistrados na
realização de diligências.
Quando estão marcadas várias diligências para o mesmo dia, os atrasos de umas diligências implicam os atrasos das que se
lhes seguirem.
Um dos princípios fundamentais e estruturantes do Código de Processo Civil é o da cooperação, consagrado nos art.ºs 266.º
(princípio da cooperação), 266.º-A (dever de boa fé processual) e 266.º-B (dever de recíproca correção).
Segundo o n.º 3 deste último dispositivo legal, "se ocorrerem justificados obstáculos ao início pontual das diligências, deve
o juiz comunicá-los aos advogados e a secretaria às partes e demais intervenientes processuais, dentro dos trinta minutos
subsequentes à hora designada para o seu início."
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Nas relações com os mandatários judiciais, devem os funcionários agir com especial
correção e urbanidade – art.º 161.º, n.º 3.
Por exemplo, a apensação de ações prevista no art.º 275.º, também cabe no âmbito
deste princípio.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Não se verificando algum desses requisitos, como a legitimidade das partes, a capacidade
judiciária de uma delas ou de ambas, o juiz terá, em princípio, que abster-se de apreciar a
procedência ou improcedência do pedido, por falta de um pressuposto essencial para o efeito.
Vamos agora estudar brevemente alguns destes pressupostos, nomeadamente aqueles que
requerem a intervenção do oficial de justiça.
***
Aos Oficiais de Justiça compete, entre outras funções, assegurar o expediente, autuação e regular tramitação dos
processos, no que dependem funcionalmente do juiz competente - art.ºs 6.º, n.º 3 do Estatuto dos Funcionários de Justiça e
161.º, n.º 1 do Código de Processo Civil.
Os Senhores Oficiais de Justiça não podem deixar de observar a regra de pontualidade do início dos atos a realizar em
juízo que está implícita no referido normativo, informando oportunamente - na linha das orientações que forem dadas pelos
Senhores Magistrados - os intervenientes processuais e mandatários judiciais afetados pelos atrasos, usando de correção e
urbanidade (cfr. art.º 161.º, n.º 3 do CPC).
A inobservância destes deveres pode trazer consequências de natureza disciplinar.”
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Antunes Varela, J. Miguel Bezerra, Sampaio e Nora; Manual de Processo Civil, 2.ª edição, pg. 104.
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Personalidade judiciária e capacidade judiciária
Por exemplo, os menores têm personalidade judiciária, mas, no entanto, não têm
capacidade judiciária.
Os menores sujeitos ao poder paternal dos pais, enquanto réus, são citados nas pessoas
de ambos os pais (art.º 10.º do CPC.).
***
Competência do tribunal
***
A Competência internacional
3
Poder Jurisdicional – Poder de julgar, de proferir uma decisão acerca de um litígio submetido pelas partes à apreciação do
órgão de jurisdição. “Proferida a sentença, fica imediatamente esgotado o poder jurisdicional do juiz quanto à matéria da
causa”, pelo que a partir daí, já só lhe é lícito “retificar erros materiais, suprir nulidades, esclarecer dúvidas existentes na
sentença e reformá-la quanto a custas e multa”, mas não alterar a decisão, ainda que venha a convencer-se de que ela não foi
a mais adequada ou a mais justa. O mesmo princípio se aplica, “até onde seja possível”, aos despachos. - Ana Prata,
Dicionário Jurídico, 3.ª edição, pág. 741.
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A Competência interna (art.º 62.º n.º 2) pode ser atribuída em razão:4
- da matéria
- da hierarquia
- do território
***
A incompetência absoluta é uma exceção dilatória, que pode ser suscitada pelas partes
e deve ser conhecida oficiosamente pelo tribunal em qualquer momento do processo,
enquanto não houver sentença transitada em julgado sobre o mérito da causa (art.ºs 101.º a
107.º, 493.º, 494.º, al. a) e 495.º).
***
4
Em casos excecionais atende-se também à qualidade do réu. Exemplo de ações em que a competência do tribunal é fixada em
função da qualidade do réu são as previstas no art.º 89.º: ações em que seja parte o juiz, seu cônjuge, descendente ou
ascendente.
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Aprovada pela Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro (alterada pela Lei n.º 101/99, de 26 de Julho, pelo Decreto-Lei n.º 323/2001, de
17 de Dezembro, pelo Decreto-Lei n.º 38/2003, de 8 de Março, pela Lei n.º 105/2003, de 10 de Dezembro, pelo Decreto-Lei n.º
53/2004, de 18 de Março, e pela Lei n.º 42/2005, de 18 de Março).
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A LOFTJ estabelece quais as causas que, em razão da forma de processo aplicável,
competem aos tribunais de competência específica (art.º 69.º CPC – cfr. art.ºs 96.º a 102.º da
LOFTJ).
***
De um modo geral, o princípio que norteia tais normas é o de que o recurso ordinário
deve ser interposto para o tribunal imediatamente superior àquele que proferiu a decisão
recorrida, sendo também o tribunal imediatamente superior àquele onde exercem funções o
competente para conhecer das ações de indemnização contra magistrados, e igualmente o
tribunal imediatamente superior ao tribunal ou tribunais em conflito que deve conhecer dos
respetivos conflitos de competência (art.ºs 70.º a 72.º e 116.º).
***
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exequente na área metropolitana de Lisboa ou do Porto, o executado tenha domicílio na
mesma área metropolitana (art.ºs 85.º, n.º 1 e 94.º, n.º 1).6
PATROCÍNIO JUDICIÁRIO
A constituição de mandatário judicial é obrigatória nos casos previstos nos art.ºs 32.º e
60.º.
Com efeito, o conhecimento destas regras pelos oficiais de justiça assume particular
importância, na medida em que os réus, ao serem citados, deverão ser informados sobre a
obrigatoriedade ou não de patrocínio judiciário na ação respetiva – cfr. art.º 235.º.
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Cfr. Lei n.º 10/2003, de 13 de Maio.
A Grande Área Metropolitana de LISBOA integra os seguintes municípios: Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa,
Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sesimbra, Setúbal, Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira
(www.aml.pt).
A Grande Área Metropolitana do PORTO integra os seguintes municípios: Arouca, Espinho, Gondomar , Maia, Matosinhos, Porto,
Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, S. João da Madeira, Trofa, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia
(www.amp.pt).
6
A sede da sociedade é o seu domicílio, sem prejuízo de no contrato se estipular domicílio particular para determinados
negócios – art.º 12.º, n.º 2 do Código das Sociedades Comerciais integralmente republicado com o Dec. Lei n.º 76-A/2006, de
29 de Março.
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692.º, n.º 2, alínea b)) com referência à Lei n.º 6/2006, de 27/2, que aprovou o
Novo Regime do Arrendamento Urbano;
Nos recursos e nas causas interpostos nos tribunais superiores;
Nas execuções
de valor superior à alçada da Relação;
de valor inferior mas excedente à alçada do tribunal de 1ª. Instância,
quando seja deduzida oposição à execução ou outro procedimento que
siga a forma declarativa (ou seja, enquanto não for deduzida oposição
não é obrigatória a constituição);
Nas reclamações de créditos, quando seja reclamado crédito de valor superior
à alçada do tribunal de comarca e apenas para apreciação deste crédito.
Nos casos de constituição obrigatória, não tendo a parte constituído advogado, deve ser
notificada para o constituir, em prazo a fixar pelo juiz, sob pena de o réu ser absolvido da
instância, de não ter seguimento o recurso ou de ficar sem efeito a defesa. Esta notificação
pode ser requerida pela parte contrária ou oficiosamente ordenada pelo juiz e deve conter
expressamente a cominação supra referida (art.º 33.º do CPC.).
***
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A palavra processo deriva da expressão latina “pro cedere”, que significa avançar,
progredir.
São conhecidos vários conceitos de processo e o que deles se apreende é que o processo,
além da expressão física que lhe é dada pelo sucessivo arquivamento dos documentos,
encerra em si mesmo todos os atos sucessivamente praticados pelas partes e pelo tribunal
desde a propositura da ação até à decisão judicial que aprecie, com força de caso julgado, a
pretensão regularmente deduzida em juízo (cfr. n.º 1 do art.º 2.º).
O oficial de justiça trabalha nos processos que lhe forem distribuídos (cfr. art.ºs 12.º
a 24.º do Dec. Lei n.º 186-A/99, de 31/05)7 sempre norteado por determinadas regras de
conduta, que deve observar para o bom desempenho e prestígio das suas funções,
nomeadamente:
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É o diploma regulamentar da LOFTJ.
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Não praticar atos judiciais nos dias em que os tribunais estiverem
encerrados, nem durante as férias judiciais, à exceção das citações,
notificações e daqueles que se destinem a evitar dano irreparável, bem
como os atos urgentes (art.º 143.º do CPC.).
Impedimentos
Por outro lado, o oficial de justiça encontra na própria lei - art.º 122.º, n.º 1, als. a),
b) e i), aplicável por força do n.º 2 do art.º 125.º do CPC. – impedimentos que lhe
vedam o exercício de funções em determinados processos, de modo a garantir a
imparcialidade e isenção na tramitação processual.
Sempre que tais situações se verifiquem o oficial de justiça que esteja investido em
lugar de chefia, deve fazer o processo concluso e declarar as razões do seu
impedimento para que o juiz dele tome conhecimento e, se for caso disso, designe
outro oficial de justiça para tramitar o processo (art.º 125.º, n.º 3 do CPC).
Propositura da ação
Importa agora saber em que momento se considera proposta a ação, atento o regime
regra e as seguintes situações excecionais:
- Petição enviada por correio, por telecópia ou por correio eletrónico (art.º
150.º).
Assim, a ação considera-se proposta num dos seguintes momentos:
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o Do envio por transmissão eletrónica de dados;
No data da apresentação do pedido de nomeação de patrono na Segurança
Social – art.º 33.º, n.º 4 da Lei n.º 34/2004, de 29/07;
Em caso de recusa e de apresentação de nova petição inicial, releva a data de
apresentação da primeira – art.º 476.º;
Quanto às ações precedidas de procedimentos cautelares releva, em regra, a
data de apresentação do pedido da providência - cfr. art.º 385.º, n.º 7.
SUSPENSÃO DA INSTÂNCIA
Iniciada uma ação, ela poderá ser suspensa nos casos enumerados nos art.ºs 276.º e 279.º,
não podendo, no entanto, a suspensão por acordo das partes ir além de seis meses – art.º
279.º, n.º 4.
A suspensão da instância implica a suspensão dos prazos em curso, mas, nos casos de
falecimento ou de extinção de alguma das partes e de falecimento ou impossibilidade
absoluta do mandatário judicial, a suspensão inutiliza a parte do prazo já decorrida (art.º
283.º do CPC.).
Exemplo:
Prazos processuais
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Prazo processual é o período de tempo estipulado para se produzir um determinado
efeito e a sua função consiste em cadenciar e organizar no tempo os atos processuais, ou
seja, em regular a distância entre os diversos atos praticados no âmbito do processo.
Pressupõe-se necessariamente que já está proposta a ação, que já existe um determinado
processo, e destina-se ou a marcar o período dentro do qual há-de praticar-se um
determinado ato processual (prazo perentório), ou a fixar a duração de uma certa pausa ou
duma certa dilação que o processo tem de sofrer (prazo dilatório) (Prof. Alberto dos Reis no
Comentário II, págs. 57).
Esse prazo tanto é marcado por lei como pode ser fixado pelo juiz (art.º 144.º n.º 1).
Em todos os processos é necessário respeitar os prazos fixados por lei ou pelo juiz.
Os prazos processuais são marcados por lei ou fixados pelo juiz e a sua contagem
obedece à conjugação dos art.ºs 279.º e 296.º do Código Civil e 144.º do Código de Processo
Civil, determinando este último que os prazos são contínuos, interrompendo-se, no
entanto, durante as férias judiciais, exceto se forem iguais ou superiores a seis meses.
Em tudo quanto não estiver expressamente previsto no art.º 144.º e no que tange ao
cômputo do termo dos prazos, aplicam-se as regras do art.º 279.º do Código Civil, por via
do art.º 296.º do mesmo Código.
Dilatório é o prazo que difere para certo momento a realização de um ato ou início da
contagem de um outro prazo (dilatório ou perentório).
Exemplo dum prazo dilatório é o vulgarmente designado “prazo dos éditos”, que tantas e
tantas vezes é referido no nosso meio profissional. Afixando-se editais e anúncios para citação
de certa pessoa para contestar uma ação no prazo de 15 dias, este prazo perentório não se
inicia com a publicação dos anúncios.
Se o prazo dilatório (o tal prazo dos éditos) for de 30 dias, este sim, inicia-se a partir da
data da publicação do último anúncio, logo seguido do prazo perentório de 15 dias, contando-
se como um único - art.º 148.º do CPC. Ou seja, o prazo de 15 dias para a parte contestar
(perentório) é “atirado” para momento imediatamente subsequente ao termo do prazo
dilatório de 30 dias.
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O prazo perentório destina-se efetivamente à prática do ato processual e com a sua
extinção esgota-se o direito de a parte praticar o ato, salvos os casos previstos nos art.º 145.º
e 146.º do CPC.
O art.º 146.º prevê a possibilidade de a parte praticar o ato para além do limite do prazo
pré-fixado se o juiz reconhecer verificado o justo impedimento invocado pela parte.
o Prorrogação de prazos
Como vimos, o prazo está delimitado a montante pela data da ocorrência do facto que
lhe dá início e a jusante pela data limite.
De notar que, se o prazo original for prorrogado, seja por acordo das partes nos termos
previstos no art.º 147.º do CPC, seja a pedido de uma das partes (cfr. por exemplo o art.º
486.º, n.º 5), o “prazo da prorrogação” acresce ao inicial e conta-se como um único reportado
ao início do prazo original.
Exemplo:
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o Contagem dos prazos
DO CÓDIGO CIVIL
ARTIGO 296.º
ARTIGO 279. º
(Cômputo do termo)
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b)- Na contagem de qualquer prazo não se inclui o dia, nem a hora, se o
prazo for de horas, em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo começa
a correr;
PRAZOS FIXADOS EM
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e)- O prazo que termine em domingo ou dia feriado transfere-se para o
primeiro dia útil; aos domingos e dias feriados são equiparadas as férias
judiciais, se o ato sujeito a prazo tiver de ser praticado em juízo 8.
***
Estabelece o art.º 144.º do CPC que os prazos processuais são contínuos e suspendem-se
nas férias judiciais9, à exceção dos que tiverem duração igual ou superior a 6 meses e dos que
se destinem à prática de atos em processos que a lei considere urgentes, como é caso das
ações cautelares comuns, a que faremos referência mais adiante.
O prazo processual
suspende-se
nas férias judiciais
- Igual a 6 meses
NÃO - Superior a 6 meses
- Qualquer duração em processos urgentes
8
O disposto nesta alínea está refletido no n.º 2 do art.º 144.º do CPC em conjugação com o art.º 143.º n.ºs 1 e 2
do mesmo diploma.
9
As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa
e de 16 de Julho a 31 de Agosto - art.º 12.º da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro.
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Prazo geral das partes
Quando o prazo destinado à prática de atos processuais pelas partes não estiver
fixado por disposição legal ou por despacho judicial, ele tem-se por fixado em 10 dias
(art.º 153.º, n.º 1 do CPC.).
Não sendo paga a multa devida, a secretaria toma a iniciativa de liquidá-la, desta feita,
de valor igual a 25% do valor da multa prevista no n.º 5 do art.º 145.º acrescida de 25%
deste valor, e notifica a parte para efetuar o pagamento voluntário da multa no prazo de 10
dias, para o que lhe envia as guias respetivas (n.º 6 do art.º 145.º), desde que se trate de ato
praticado por mandatário.
Se o ato for praticado diretamente pela parte, desde que a ação não seja de
constituição obrigatória de mandatário, tal pagamento só é devido após notificação efetuada
pela secretaria, para, no prazo de 10 dias, proceder ao pagamento da multa (n.º 7 do art.º
145.º).
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Exemplo10:
LIQUIDAÇÃO
Responsável:
Processo: nº
- IGFEJ -
Multa
Pagamento imediato
Observação:
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Com este exemplo pretende-se apenas ilustrar a liquidação da multa, sendo certo que o impresso tipo consta da aplicação
informática instalada nas secretarias.
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A observar:
Exemplo:
Tal multa, neste caso, teria o valor correspondente a 10% da taxa de justiça devida
pelo ato (10% x € 204,00), ou seja, € 20,40.
Se o réu não solicitasse as guias ou não pagasse a multa até ao 1.º dia útil posterior ao
da prática do ato, a secretaria, independentemente de despacho, notificá-lo-ia para, no
prazo de dez dias (art.º 28º do R.C.P.), pagar a multa acrescida de uma penalização de 25%
do valor da multa, tudo no valor de 25,50 (20,40+5,10), enviando-lhe, para o efeito, as
respetivas guias (Portaria n.º 419-A/2009 de 17 de Abril).
Não se praticam atos processuais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados,
nem durante as férias judiciais, excetuados os casos de citação, notificação e atos que se
destinem a evitar dano irreparável – art.º 143.º, n.ºs 1 e 2.
Quando o prazo para a prática do ato processual terminar em dia em que os tribunais
estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte – art.º
144.º, n.º 2.
As secretarias funcionam nos dias úteis e no horário fixado no art.º 122.º da L.OF.T.J. e
mantêm-se encerradas nos sábados, domingos, feriados e tolerâncias de ponto.
Da conjugação dos preceitos atrás indicados resulta claramente que o ato processual
que se pretender praticar em qualquer dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do
prazo a que se refere o n.º 5 do art.º 145.º, pode sê-lo após o decurso das férias judiciais,
uma vez que, excetuados os casos de urgência, cujos prazos correm também em férias, não
se praticam atos processuais durante as férias judiciais.
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Ilustremos com o seguinte caso prático:
O prazo para o réu apresentar a sua contestação termina no dia 13/7/2012 (sexta-
feira-último dia útil antes das férias judicias).
3/9/2012 (2.ª Feira), 1.º dia útil após o termo do prazo (após férias) .
4/9/2012, (3.ª feira) 2.º dia útil após o termo do prazo.
5/9/2012 (4.ªfeira), 3.º dia útil após o termo do prazo.
Sempre mediante o pagamento das multas previstas nos n.ºs 5 e 6 do art.º 145.º.
ATOS EM GERAL
Com as alterações produzidas nos artigos 150.º e 152.º, pelo Decreto-Lei n.º
303/2007, de 24 de Agosto, a apresentação dos atos processuais podem ser efetuadas em
juízo, por uma das seguintes formas:
C Telecópia Da expedição
Transmissão eletrónica de
D Da expedição
dados
ENTREGA NA SECRETARIA
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Quanto a estas duas formas de entrega das peças processuais, nada há a registar que
possamos considerar como novidade, exceto no que diz respeito à abolição da expressa
referência à exigência da prova da identidade dos apresentantes não conhecidos em tribunal
(cfr. art.º 150.º n.º 1, alínea a)).11
A petição inicial deve ser recusada se, no ato da entrega (diretamente na secretaria ou
através da via postal), não se mostrar acompanhada do comprovativo do prévio pagamento da
taxa de justiça inicial ou da concessão do benefício do apoio judiciário ou ainda do
comprovativo da apresentação do pedido do apoio judiciário (somente nos casos
expressamente consignados no n.º 4 do art.º 467.º) - art.º 474.º, al.ª f).
Se o documento em falta for o comprovativo do pagamento da taxa de justiça inicial, o
autor poderá apresentar o documento em falta no prazo de dez dias a contar da recusa de
recebimento (art.º 476.º) ou, no caso de a falta ser detetada antes da distribuição, da recusa
de distribuição (art.º 213.º, n.º 2) ou ainda, no caso de haver reclamação para o juiz do ato
de recusa, da notificação do despacho judicial que confirmar a recusa de recebimento por
parte da secretaria.
As peças processuais e documentos apresentados pelas partes desta forma são
incorporados no respetivo processo físico.
TELECÓPIA
De acordo com a versão anterior do n.º 3 do art.º 150.º, as partes que praticassem os atos
processuais por meio de telecópia deveriam enviar ao tribunal, no prazo de cinco dias, o
respetivo original e bem assim os documentos que não tivessem sido enviados, fixando-se, no
entanto, em dez dias o prazo para apresentação do comprovativo do pagamento da taxa de
justiça ou da concessão do apoio judiciário, naturalmente, sem prejuízo das regras próprias
da petição inicial.
11
Redação anterior ao D.L. n.º 324/2003, de 27/12: “Art.º 150.º, n.º 2, al. a) – “Entregues na secretaria judicial, sendo exigida a
prova da identidade dos apresentantes não conhecidos em tribunal e, a solicitação destes, passado recibo de entrega”.
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Artigo 2.º
Artigo 4.º
Força probatória
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Artigo 363.º do Código Civil - Modalidades dos documentos escritos - 1 ... 2 - Autênticos são os documentos exarados, com as
formalidades legais, pelas autoridades públicas nos limites da sua competência ou, dentro do círculo de atividades que lhe é
atribuído, pelo notário ou outro oficial público provido de fé pública; todos os outros documentos são particulares. 3 - Os
documentos particulares são havidos por autenticados, quando confirmados pelas partes, perante notário, nos termos
prescritos nas leis notariais. Cfr. tb. art.º 35.º do Código do Notariado - "Espécies de documentos".
13
Determina o artigo 6.º do Dec. Lei n.º 329-A/95, de 12 de Dezembro, na redação dada pelo art.º 4.º do Dec. Lei n.º 180/96, de
25 de Setembro, que os prazos de natureza processual estabelecidos em quaisquer diplomas a que seja subsidiariamente
aplicável o disposto no art.º 144.º do Código de Processo Civil consideram-se adaptados à regra da continuidade, pelo que, em
tais circunstâncias, o prazo de sete dias fixado nesta disposição passou a ser de 10 dias.
Este regime estendeu-se ao processo penal a partir de 01/01/1999, data em que entrou em vigor a Lei n.º 59/98, de
25/08, cujo art.º 8.º al. a) revogou o n.º 3 do art.º 6.º do citado DL 329-A/95.
25
Manual de apoio ao ingresso - 2013
4. Incumbe às partes conservarem até ao trânsito em julgado da decisão os originais de
quaisquer outras peças processuais ou documentos remetidos por telecópia, podendo o juiz, a
todo o tempo, determinar a respetiva apresentação.
5. Não aproveita à parte o ato praticado através de telecópia quando aquela, apesar de
notificada para exibir os originais, o não fizer, inviabilizando culposamente a incorporação nos
autos ou o confronto a que alude o artigo 385.º do código Civil.
6. A data que figura na telecópia recebida no tribunal fixa, até prova em contrário, o dia e
hora14 em que a mensagem foi efetivamente recebida na secretaria judicial.
Por conseguinte, quando as partes praticarem atos processuais por meio de telecópia,
devem apresentar no tribunal, no prazo de 10 dias a contar do envio da telecópia, apenas os
originais das peças que sejam “articulados” (petição inicial, contestação, resposta ou réplica,
tréplica, articulado superveniente) e bem assim dos “documentos autênticos ou
autenticados” (cfr. art.ºs 363.º e seguintes do Código Civil), incorporando-se nos autos.
O mesmo aconteceu com os processos regulados pelo CPEREF, visto que o n.º 2 do seu art.º 14.º foi alterado pelo Dec. Lei n.º
315/98, de 20 de Outubro.
14
Artigo 143.º, n.º 4 do Código de Processo Civil – “As partes podem praticar os atos processuais através de telecópia ou por
correio eletrónico, em qualquer dia e independentemente da hora da abertura e do encerramento dos tribunais.”
Artigo 122.º da Lei n.º 3/99, de 13/01 (LEI DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS) - Horário de
funcionamento - 1- As secretarias funcionam, nos dias úteis, das 9 às 12 horas e 30 minutos e das 13 horas e 30 minutos às 17
horas. 2- O disposto no número anterior não prejudica a instituição, por despacho do ministro da Justiça, de horário contínuo.
3- As secretarias encerram ao público uma hora antes do termo do horário diário. 4- As secretarias funcionam igualmente aos
sábados e feriados que não recaiam em domingo, quando seja necessário assegurar serviço urgente, em especial o previsto no
Código de Processo Penal e na Organização Tutelar de Menores.
Artigo 125.º da mesma Lei - Registo de peças processuais e processos - 1 - As peças processuais e os processos
apresentados nas secretarias são registados em livros próprios. - 2 - O diretor-geral dos Serviços Judiciários pode determinar a
substituição dos diversos livros por suportes informáticos. - 3 - Depois de registados, as peças processuais e os processos só
podem sair da secretaria nos casos expressamente previstos na lei e mediante as formalidades por ela estabelecidas,
cobrando-se recibo e averbando-se a saída. - 4 - Será incentivado o uso de meios eletrónicos para transmissão e tratamento
de documentos judiciais, e para a sua divulgação, nos termos da lei, junto dos cidadãos.
Artigo 28.º do Dec. Lei n.º 186-A/99, de 31 de Maio (diploma regulamentar da Lei n.º 3/99) - Registo de entradas - O
registo de entrada de qualquer documento fixa a data da sua entrada nos serviços. Sempre que os interessados o solicitarem, é
passado recibo no duplicado do papel apresentado, e, no caso de denúncia, certificado do registo, nos termos da lei de
processo. Diariamente, à hora de encerramento dos serviços, o livro de registo de entrada é encerrado pelo funcionário que
chefiar a secretaria, com um traço e rubricado no fim do último registo. No caso de utilização de aplicação informática, esta
deve impedir qualquer registo depois de efetuado o seu encerramento; aplicam-se às listagens informáticas os procedimentos
previstos no número anterior.
26
Manual de apoio ao ingresso - 2013
originais até ao trânsito em julgado da decisão final, podendo o juiz, a todo o tempo,
determinar a respetiva apresentação (cfr. n.ºs 3 a 5 do citado art.º 4.º do Dec. Lei n.º 28/92).
Tratando-se de petição inicial enviada por telecópia, importa, antes de mais, verificar
se ela passa no crivo do art.º 474.º (recusa de recebimento) e se tal acontecer, isto é, se não
houver motivo de recusa, afigura-se-nos que a ausência dos originais não obsta à distribuição
da petição inicial recebida, independentemente do original, tendo em conta a presunção da
fidedignidade das telecópias reconhecida pelo n.º 1 do art.º 4.º do Dec. Lei n.º 28/92.
o Documentos
27
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Não procedendo a parte à entrega de articulados através de transmissão eletrónica de
dados, deve a mesma apresentar os documentos acompanhados dos duplicados e cópias
exigidas pelo n.º 2 do art.º 152.º. Se o não fizer, é oficiosamente notificada pela secretaria
para apresentá-los no prazo de dois dias e pagar a multa fixada na primeira parte do n.º 5 do
artigo 145.º, multa esta que não pode exceder 1 UC. Se a parte notificada não cumprir, é
oficiosamente extraída certidão dos elementos em falta, recaindo sobre a parte o ónus de
pagar, além do respetivo custo, a multa mais elevada prevista no n.º 5 do artigo 145.º, tal
como determina o n.º 3 do art.º 152.º.
Petição inicial
Sendo a petição inicial entregue diretamente na secretaria judicial, remetida via postal
sob registo ou enviada através de telecópia, a falta do comprovativo do pagamento prévio da
taxa de justiça inicial ou da concessão do pedido de apoio judiciário ou ainda, nos casos
previstos no n.º 4 do art.º 467.º, do pedido de apoio judiciário, constitui fundamento de
recusa nos termos da al.ª f) do art.º 474.º.
Se o documento em falta for o da concessão do apoio judiciário ou, nos casos previstos no
n.º 4 do art.º 467.º, do pedido de concessão de apoio judiciário, o procedimento será
idêntico.
Tratando-se de outro articulado que não a petição, não há lugar a desentranhamento mas
sim às sanções previstas nos artigos 486.º-A, 512.º-B e 685.º-D do CPC.
28
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Resumo:
Entrega direta
Recusa da petição inicial – art.º 474.º al.ª f).
Via postal registada
Recebimento;
* Se a petição der início a processo que deva correr por apenso, não há lugar a
distribuição.
Como atrás se referiu, ressalvam-se os casos em que não há distribuição, tais como
processos ou incidentes instaurados por apenso, procedimentos cautelares ou ainda a
citação urgente prevista no art.º 478.º.15
15
Nos casos em que não há lugar à distribuição, os papéis são averbados nos termos constantes do Estatuto Judiciário (Dec. Lei
n.º 44.278, de 14/04/1962) que, apesar de revogado, ainda se mantém como única fonte justificadora, como acontece com as
normas a seguir descritas.
“Art.º 311.º, 1. O averbamento dos papéis é feito logo após a sua apresentação e registo, e por escala, de modo que cada
escrivão e oficial de diligências recebam um só papel da mesma espécie, até que todos estejam preenchidos.
2. São averbados aos oficiais de diligências as citações e notificações avulsas ou por deprecada, outras comunicações
equivalentes e quaisquer atos da sua competência. Os demais papéis não sujeitos a distribuição serão averbados aos escrivães.
29
Manual de apoio ao ingresso - 2013
o OMISSÃO DE DUPLICADOS E CÓPIAS - art.º 152.º do CPC
Acautelando a possibilidade do envio ser feito pelo correio e para evitar a prática de atos
inúteis, sugere-se que se aguarde por cinco dias a contar do terceiro dia útil após a
notificação postal (art.º 254.º, n.º 3) a receção do expediente eventualmente enviado pela
parte, por via postal, com base no seguinte raciocínio:
Praticado o ato em qualquer dos dois dias úteis, se, no momento da receção, não forem
solicitadas guias para pagamento imediato da multa, a secção liquida-a e notifica a parte
3. Efetuadas as diligências respeitantes aos papéis que lhes hajam sido averbados, os oficiais de diligências entregá-los-ão ao
chefe da secretaria para serem devolvidos ou restituídos depois de pagas as custas, quando devidas. A devolução ou restituição
é comunicada, nas comarcas de Lisboa e Porto, ao secretário-geral, a fim de ser anotada.
Art.º 312.º Os apensos dos processos judiciais têm sempre o número de entrada do processo principal na respetiva secção, mas
serão diferenciados por letras.”
16
Note-se que não estão sujeitas à apresentação de duplicados as peças apresentadas através de correio eletrónico ou outro
meio de transmissão eletrónica de dados, nos termos do n.º. 7 do art.º 152.º, casos em que a secretaria imprimirá os exemplares
necessários.
30
Manual de apoio ao ingresso - 2013
para proceder ao pagamento respetivo no prazo de 10 dias, enviando-lhe as respetivas guias
(art.º 28º do R.C.P. e Portaria n.º 419-A/2009, de 17/04).
A lei fundamental, enunciando o princípio da tutela jurisdicional efetiva, prevê que todos
os cidadãos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objeto de decisão em
prazo razoável e mediante processo equitativo – art.º 20.º, n.º 4 do C.R.P..
O não cumprimento deste dever implica a chamada denegação de justiça que pode dar
lugar a responsabilidade criminal e civil e, ainda, a responsabilidade disciplinar.
DESPACHOS:
Despachos de mero expediente são os que o juiz profere para prover ao andamento
regular do processo sem interferirem no conflito de interesses entre as partes, tal como o
despacho que marca dia e hora para a audiência de julgamento – art.º 156.º, n.º4.17
17
Exemplo: despacho que designa dia para a conferência de interessados – Ac. STJ de 25/11/1975 in BMJ 251-252.
31
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Despachos proferidos no uso legal do poder discricionário são os proferidos pelo juiz,
no uso legal do seu prudente arbítrio (art.º 156.º, n.º 4).18
Devem ser proferidos no prazo de dois dias e são irrecorríveis (art.ºs 160.º, n.º 2 e 679.º).
Devem ser proferidos no prazo de 10 dias, na falta de disposição especial e podem ser ou
não passíveis de recurso consoante a matéria que versem e o valor da ação, incidente ou
recurso em que se enquadrem – art.º 160.º, n.º 1
SENTENÇAS E ACÓRDÃOS
As sentenças e acórdãos distinguem-se, entre si, porque a sentença é proferida pelo juiz
singular e o acórdão é proveniente de um tribunal coletivo.
As sentenças são os atos processuais pelos quais o juiz decide a causa principal ou um
incidente do processo que apresente a estrutura de uma causa regulada pelo direito
substantivo, conforme dispõe o art.º 156.º, n.º 2.
Todas as decisões que conheçam do mérito da causa são sentenças, quer o juiz o conheça
no despacho saneador (art.º 510.º, n.º 1, al. b)) ou na sentença final (art.º 660.º n.º 2).
São igualmente sentenças as decisões em que, mesmo não decidindo sobre o mérito da
causa, o juiz absolve o réu da instância (art.º 660.º n.º 1), bem como as que homologuem
desistências, confissões ou transações (art.º 300.º, n.º 3), e julguem incidentes com estrutura
de ação.
As decisões judiciais são datadas e assinadas pelo juiz, sendo as sentenças e acórdãos
registados em livro especial – art.º 157.º, n.ºs 1 e 4.
18
Exemplos: despacho que ordena a notificação das partes para suprirem irregularidades dos seus articulados as
insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada (art.º 508.º, n.ºs 2 e 3)
ou o despacho do relator a convidar as partes a aperfeiçoar as conclusões das respetivas alegações (art.º 700.º,
n.º 1-b).
32
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Os atos do Magistrado do Ministério Público designam-se por promoções, que são
submetidas a despacho do juiz - art.º 160.º.
Nos termos do disposto no art.º 155.º o juiz deve providenciar pela marcação das datas
de diligências mediante prévio acordo com os mandatários judiciais que devam comparecer,
para o que pode encarregar a secretaria de realizar de forma expedita os contactos prévios
necessários (via telefónica, fax, correio eletrónico, etc.).
Quando a marcação não possa ser feita com o prévio acordo dos mandatários judiciais,
devem estes, se impedidos noutro serviço judicial já marcado, comunicar o facto ao tribunal,
no prazo de 5 dias, propondo datas alternativas, datas estas que deverão ser sugeridas após
contacto com os restantes mandatários interessados.
Uma vez que o juiz pode alterar a data inicialmente fixada, o despacho que designa dia
para a diligência é necessariamente cumprido a dois tempos, apenas se procedendo à
notificação dos demais intervenientes após o decurso do prazo de 5 dias atrás referido, ou
seja, depois de definitivamente fixada a data.
Apenas podem ver adiada a audiência de julgamento os advogados que faltarem no dia e
hora designados, quando o juiz não tiver providenciado pela marcação mediante acordo
prévio nos termos do art.º 155.º, n.º1, ou quando os advogados tenham comunicado ao
tribunal a impossibilidade de comparência nos termos do n.º 5 do mesmo normativo – art.º
651.º, n.º 1, al. c) e d).
***
ATOS DA SECRETARIA
33
Manual de apoio ao ingresso - 2013
É proibida a prática de atos inúteis – para além de quebrar a boa ordem processual,
ofendem os princípios da economia e da celeridade processual, podendo implicar a
responsabilização do oficial de justiça no pagamento de custas (art.ºs 137.º e 448.º, n.º 2);
Os atos processuais devem ser redigidos em língua portuguesa e ter a forma que,
nos termos mais simples, melhor correspondam ao fim que visam atingir, devendo o seu
conteúdo ser claro e não deixar dúvidas quanto à sua autenticidade (art.ºs 139.º e 138.º);
A forma dos atos é determinada pela lei que vigore no momento da sua prática
(art.º 142.º);
A forma do processo é determinada pela lei que vigorar à data da propositura da
ação (art.º 142.º);
Há atos que são praticados oficiosamente, ou seja, independentemente de
despacho a ordená-los (ex. cfr. art.º 229.º do CPC);
Não se praticam atos judiciais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados,
nem durante as férias judiciais, à exceção das citações, notificações e daqueles que se
destinem a evitar dano irreparável, bem como os atos urgentes (art.º 143.º do CPC.);
Nas relações com os mandatários judiciais os oficiais de justiça agirão com especial
correção e urbanidade (art.º 161.º, n.º 3), prestando às partes interessadas, seus
representantes ou mandatários judiciais ou aos funcionários destes, devidamente
credenciados, informações precisas acerca dos processos pendentes (art.º 167.º, n.º 3).
Os autos e termos são, em regra, lavrados na secretaria e deles constarão a data e
o lugar da prática do ato e dos demais elementos essenciais (art.º 163.º, n.º 1).
Os espaços em branco devem ser inutilizados e as emendas, rasuras ou
entrelinhas devem ser devidamente ressalvadas, sendo que a ressalva de números rasurados
é acompanhada da escrita por extenso (art.ºs 138.º, n.º 4 e 163.º, n.º 2).
Os atos processuais da secretaria são, por via de regra, praticados no sistema de
gestão processual – art.º 138.º-A CPC e Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro.
Nota:
Dos atos dos funcionários da secretaria judicial é sempre
admissível reclamação para o juiz de que aquela depende
funcionalmente – art.º 161.º, n.ºs 1 e 5;
Os erros e omissões praticados pela secretaria judicial não
podem, em qualquer caso, prejudicar as partes – art.º 161.º,
n.º 6.
34
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Os oficiais de justiça devem assinar os autos e termos que elaborem, juntamente com as
demais pessoas referidas no art.º 164.º, exceção a esta norma, ocorre sempre que os atos
sejam praticados por meios eletrónicos e estes atos abranjam uma comunicação interna, a
remessa do processo ao Juiz, ao Ministério Público, outra secretaria ou secção do mesmo
tribunal (art.º 19.º, n.º 1 da Portaria).
Para além disso, devem rubricar as folhas que não contenham a sua assinatura, salvo
os atos praticados por meios eletrónicos (art.º 165.º).
As partes e seus mandatários têm o direito de rubricar quaisquer folhas do processo físico
(art.º 165.º, n.º 2).
o Publicidade do processo
A natureza pública do processo civil traduz-se no direito de exame e consulta dos autos
na secretaria e de obtenção de cópias ou certidões de quaisquer peças nele incorporadas,
pelas partes ou seus representantes, por qualquer advogado ou solicitador, mesmo que não
esteja constituído mandatário das partes, ou por quem revele interesse “atendível” – art.º
167.º, n.º 3 – e em caso de dúvida, sobre este direito de acesso ao processo, a secretaria
submetê-la-á, por escrito, à apreciação do juiz – art.º 172.º, n.º 1.
35
Manual de apoio ao ingresso - 2013
sistema informático Citius. Trata-se duma possibilidade de consulta aberta aos advogados,
advogados estagiários e solicitadores registados no sistema (art.º 22.º).
O processo civil é público, salvas as restrições previstas na lei, pelo que o acesso é
limitado nos casos em que a divulgação do seu conteúdo possa causar dano à dignidade das
pessoas, à intimidade da vida privada ou familiar ou à moral pública, ou pôr em causa a
eficácia da decisão a proferir, de que são exemplos, não só os processos constantes das
alíneas a) e b) do n.º 2 do art.º 168.º, a que apenas podem ter acesso as partes e os seus
mandatários, bem como noutros previstos em legislação externa ao Código de Processo Civil
(ex. Regulação do Poder Paternal, suas alterações ou incidentes, e processos de Adoção).
Sobre a confiança de processos, ver os art.ºs 169.º a 173.º do CPC, n.º 3 do art.º 125.º da
Lei n.º 3/99.
A secretaria confia o processo pelo prazo de cinco dias, que pode ser reduzido se causar
embaraço grave ao andamento da causa, exceto quando, por lei ou por despacho do juiz, o
mandatário tenha prazo para exame, casos em que lhe será facultado o processo pelo prazo
marcado (exemplos: alegações por escrito dos art.ºs 484.º, n.º 2, 657.º e 698.º, n.º 2) – art.º
169.º, n.º 3 e 171.º.
Esta recusa é fundamentada e comunicada por escrito ao interessado, que dela pode
reclamar para o juiz nos termos do art.º 172.º.
Sobre a passagem de certidões convém ter presente o que dispõem os art.ºs 174.º e
175.º do CPC e 24.º da Portaria n.º 114/2008.
Nos restantes casos, é dever da secretaria passar as certidões que lhe forem
solicitadas, verbalmente ou por escrito, sem necessidade de despacho, pelas partes no
36
Manual de apoio ao ingresso - 2013
processo, por quem possa exercer o mandato judicial ou ainda por quem revele interesse
atendível em as obter – art.º 174.º, n.º 1.
Quando estas certidões tenham por fim a sua junção a processo judicial pendente, são as
mesmas efetuadas eletronicamente, devendo a secretaria enviá-las, sempre que possível
através do sistema informático, para o tribunal onde corre o referido processo, devendo
conter a indicação do processo a que destina e de quem requereu a mesma (art.º 24.º da
Portaria n.º 114/2008).
São passadas no prazo de cinco dias, salvo nos casos de urgência ou de manifesta
impossibilidade, caso em que se consignará o dia em que devem ser levantadas – art.º 175.º,
n.º 1. 19
Porém, os atos que devam ser praticados fora da comarca são solicitados ao tribunal ou
autoridade que exerça a sua competência nessa área ou, em certos casos, comunicados
diretamente pelo correio aos destinatários (art.ºs 176.º, n.º 3, 252.º-A, n.º 1, al. b) e 245.º,
n.º 2, todos do CPC.).
Contudo, não sendo possível a comunicação nos moldes supra referidos e num âmbito
mais alargado, ou seja, a necessidade de comunicação dos atos judiciais fora do território
nacional, há que distinguir as comunicações dos atos judiciais da seguinte forma:
19
Nos casos de manifesta impossibilidade, tais como a escassez de funcionários e a consequente acumulação de serviço, que
inviabilizam o cumprimento dos processos nos prazos legalmente fixados, a secretaria deve indicar o dia, atendendo à sua
capacidade de resposta, em que o requerente se deve apresentar a levantá-la. Não são aqui de admitir respostas como a de
“vá passando ou telefonando a saber se a certidão está passada”, por um lado, porque a parte final do n.º 1 do art.º 175.º o
não permite, e por outro porque, assim não se procedendo, são evitados constrangimentos e até possíveis procedimentos de
natureza disciplinar em consequência do disposto nos n.ºs 2 e 3 do mesmo normativo.
37
Manual de apoio ao ingresso - 2013
a)- Dentro da área da comarca; e
Com exceção das citações e notificações pelo correio, que são enviadas diretamente ao
citando, se o ato dever ser praticado fora da comarca, solicitar-se-á a sua realização à
entidade competente com jurisdição na área respetiva, através de:
Nota:
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Na transmissão de quaisquer mensagens e na expedição ou evolução de
cartas precatórias podem os serviços judiciais utilizar, além da via postal, a
telecópia 20 e os meios telemáticos.
ATOS ESPECIAIS
o DISTRIBUIÇÃO
A distribuição visa repartir com igualdade o serviço do tribunal. É através dela e das
operações de classificação, numeração e sorteio dos papéis sujeitos a distribuição, que se
designa a secção e a vara ou juízo em que o processo vai correr termos ou o juiz que vai
exercer as funções de relator – art.ºs 209.º, 215.º e 216.º.
Estão sujeitos à distribuição na 1.ª instância todos atos processuais que importem
começo de causa, salvo se forem dependência de outras já distribuídas às quais serão
apensadas (ex. : execuções fundadas em sentença e execuções por custas e multas que devam
correr por apenso – art.º 90.º, n.º 3, 92.º e 211.º).
20
O Decreto-Lei n.º 28/92, de 27/02, disciplina o regime do uso da telecópia na transmissão de documentos
entre tribunais e outros serviços e para a prática de atos processuais, sem prejuízo do disposto no art.º 150.º do
CPC relativamente à data dos atos praticados por esta via.
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Não dependem de distribuição as notificações avulsas, as arrecadações, os atos
preparatórios, os procedimentos cautelares e quaisquer diligências urgentes feitas antes de
começar a causa ou antes da citação do réu (ex.: Produção antecipada de Prova – at.º 520.º e
521.º) – art.º 212.º.
Havendo erro na distribuição procede-se nos termos previstos no art.º 220.º, norma esta
que se aplica, com as necessárias adaptações, à retificação da distribuição, nos termos do
art.º 221.º.
o CITAÇÃO E NOTIFICAÇÃO
DISPOSIÇÕES COMUNS
O tribunal não pode resolver o conflito de interesses que a ação pressupõe sem que a
resolução lhe seja pedida por uma das partes e a outra seja devidamente chamada a deduzir
oposição – art.º 3.º, n.º 1.
Este chamamento é feito por meio de citação, ato através do qual se dá conhecimento ao
réu (aqui referido no sentido lato do termo) de ter sido contra si proposta a ação, sendo
admitido exercer o direito de defesa no próprio processo.
É também pela via da citação que se chama ao processo, pela primeira vez, qualquer
outra pessoa interessada na causa – art.º 228.º, n.º 1.
40
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Determina a produção dos efeitos da ação proposta em relação ao réu, a partir da
citação – at.º 267.º, n.º 2 CPC;
Faz cessar a boa fé do possuidor – art.º 481.º, al. a) do CPC;
Torna estáveis os elementos essenciais da causa - art.ºs 268.º e 481.º, al. b);
Inibe o réu de propor contra o autor ação destinada à apreciação da mesma questão
jurídica - art.º 481.º, al. c) do CPC;
Constitui o devedor em mora – art.º 805.º C. Civil;
Determina o início da contagem dos prazos para a defesa.
Podemos afirmar, em síntese, que, em cada processo, a mesma pessoa é citada uma só
vez e notificada tantas vezes, quantas as que se revelarem necessárias.
A notificação é também a forma de comunicação legal que serve para chamar a juízo
qualquer pessoa não interessada na causa, para nela intervir acidentalmente, como é o caso,
por exemplo, de testemunhas e de peritos (art.º 228.º, n.º 2 ).
Exemplos: art.ºs 145.º, n.ºs 5 e 6; 146.º, n.º 2; 152.º, n.ºs 2 e 3; 181.º, n.º 1; 188.º; 242.º,
n.º 1; 258.º.
41
Manual de apoio ao ingresso - 2013
No entanto, e como exceção a esta regra, o réu que seja menor (art.ºs 9.º do CPC e 67.º,
122.º, 123.º e 124.º do Cód. Civil) e sujeito ao poder paternal dos pais, deve ser citado nas
pessoas de ambos os progenitores (art.º 10.º, n.º 3).
DA CITAÇÃO
A citação pessoal pode ser efetuada por via postal mediante entrega ao citando de
carta registada com aviso de receção, seu depósito ou certificação de recusa de
recebimento nos termos do art.º 237.º-A ou por contacto pessoal do agente de execução
ou do funcionário judicial com o citando.
É ainda possível a citação promovida por mandatário judicial, nos termos dos artigos
245.º e 246.º.
A citação tem-se por efetuada na própria pessoa do citando, mesmo que feita por via
postal, e ou recebida por terceiro (art.º 238.º do CPC.).
42
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Rosto do modelo para a citação via postal nos processos iniciados
a partir de 15/Set/2003 – art.ºs 236.º e 237.º-A, n.º 1 do CPC.
43
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Quando a citação diga respeito a duas ou mais pessoas ou entidade com a mesma
residência ou sede, devem ser expedidos tantos sobrescritos e AR’s quantos os
destinatários (ofício-circular n.º 5/97, de 16 de Janeiro, da DGSJ).
Na citação efetuada por depósito da carta nos termos do art.º 237.º-A, n.º 5 ter-se-á
em atenção aos procedimentos definidos na Portaria n.º 953/2003, de 9 de Setembro, assim
como à declaração lavrada pelo distribuidor do serviço postal em local próprio do
sobrescrito.
44
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Casos em que a citação é precedida de despacho - art.º 234.º n.º 4 CPC
No ato de citação pessoal (seja ela por via postal ou por contacto pessoal) deve ser
remetido ou entregue ao citando o duplicado da petição inicial e cópia dos documentos com
ela juntos, acompanhados de nota de citação de que conste obrigatoriamente (art.º 235.º):
45
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A obrigatoriedade de constituir mandatário (processos em que seja admissível
recurso ordinário – art.ºs 32.º, 60.º e 678.º do CPC. e 24.º da Lei n.º 3/99, de
13/01);
A cominação legalmente prevista para a ausência de contestação.
A “via postal” está na primeira linha da citação (art.º 236.º) e só em caso de frustração é
que entra a modalidade “contacto pessoal” através do agente de execução e residualmente
através do funcionário judicial (art.º 239.º).
o autor declare, na petição inicial, que assim o pretende, pagando para o efeito a
taxa fixada no art.º 9.º RCP, ou quando;
não haja agente de execução inscrito em comarca do círculo judicial a que o
tribunal pertence ( art.º 239.º, n.º 8).
A citação feita em pessoa diversa do réu obriga ao envio posterior de carta registada,
pela secretaria, no prazo de 2 dias úteis, comunicando-se-lhe o modo e a data como a
citação foi realizada, assim como os elementos necessários à sua defesa e as cominações
aplicáveis (art.ºs 241.º e 235.º).
46
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Art.º 241.º
Quando o “réu” (expressão aqui referida no sentido mais lato do termo) seja citado em
terceira pessoa - por via postal registada (art.º 236.º, n.º 2) ou por contacto pessoal (art.º
240.º, n.º 2 – hora certa) ou ainda por meio de nota afixada nos termos previstos no n.º 3 do
art.º 240.º, a secção de processos notifica o “citado” (note-se que, neste momento, o réu já
se encontra citado), no prazo de 2 dias úteis, comunicando-lhe:
Com esta notificação deve seguir fotocópia do aviso de receção por forma a
transmitir ao réu todos os elementos relacionados com a sua citação.
Porque o réu já se encontra citado, a notificação a que se refere o art.º 241.º integra-se
no grupo de “notificações às partes que não constituam mandatário” prevista no art.º 255.º
do Cód. Proc. Civil, norma esta que determina a notificação das partes segundo as mesma
regras estabelecidas nos art.º 254.º para as notificações dos mandatários. Daí que, sendo
devolvida a carta “corretamente” enviada ao réu (já citado, repete-se), é junto ao processo
o respetivo sobrescrito, presumindo-se a notificação feita no 3.º dia posterior ao do registo,
tudo isto nos termos do n.º 4 do art.º 254.º.
Vindo o AR assinado, mas não datado, o réu tem-se por citado na data do carimbo da estação
postal reexpedidora, se for visível, ou na data da entrada do AR na secretaria judicial.
Do agente de execução:
47
Manual de apoio ao ingresso - 2013
As regras acabadas de enunciar para a citação por contacto pessoal do funcionário
judicial são aplicáveis “mutatis mutandis” ao agente de execução e ao mandatário judicial.
São seus deveres, entre outros, a prática diligente dos atos processuais de que seja
incumbido, a observância escrupulosa dos prazos legais ou judicialmente fixados, prestar ao
tribunal os esclarecimentos que lhe forem solicitados sobre o andamento das diligências,
bem como sujeitar a decisão do juiz aqueles atos que dependam de despacho ou autorização
judicial e cumpri-los nos precisos termos fixados (art.º 123.º do D.L. 88/2003, de 26/4).
Se, decorridos 30 dias o réu ainda não estiver citado, incumbe ao agente de execução
informar o autor das diligências efetuadas, nos termos do n.º 2 do art.º 234.º, por força do
disposto no n.º 10 do art.º 239.º.
Se, decorridos outros trinta dias (sessenta, no total) sem que o réu se mostre citado,
deve o agente de execução informar imediatamente o juiz do processo nos termos do n.º 3
do art.º 234.º. No entanto, se, uma vez terminado o prazo de 60 dias sem que o réu se
mostre citado e o agente de execução não apresentar a informação, a secretaria não pode
deixar de fazer o processo concluso com as indicações que conhecer.
21
ARTIGO 161.º, Função e deveres das secretarias judiciais
....................................................................................................
4. As pessoas que prestem serviços forenses junto das secretarias, no interesse e por conta dos mandatários
judiciais, devem ser identificadas por cartão de modelo emitido pela Ordem dos Advogados ou pela Câmara
dos Solicitadores, com expressa identificação do advogado ou solicitador, número e cédula profissional,
devendo a assinatura deste ser reconhecida pela Ordem dos Advogados ou pela Câmara dos Solicitadores.
48
Manual de apoio ao ingresso - 2013
nos termos do Decreto –Lei n.º 202/2003, de 10 de Setembro. Nesta situação, não deve ser
junta ao processo a reprodução em papel do conteúdo da comunicação prevista no n.º 3 do
artigo 3.º do referido diploma, bastando a sua incorporação no sistema informático – cfr. art.º
11.º da Portaria 114/2008.
Apesar de introduzidas duas novas modalidades de citação pessoal (depósito da carta nos
termos do n.º 5 do art.º 237.º-A e certificação da recusa de recebimento, nos termos do n.º
3 do mesmo artigo), prevalece, como regra, a citação via postal registada (art.º 236.º).
Esta citação (que é efetuada mediante a remessa ao citando de carta registada com aviso
de receção contendo os elementos já mencionados – art.º 235.º) considera-se feita no dia em
que se mostrar assinado o aviso de receção, mesmo que por terceira pessoa. E a partir desse
dia, contam-se como um único prazo, a dilação que houver e o prazo fixado para a defesa –
art.º 148.º.
O D.L. 38/2003, de 8/3, introduziu a reforma da ação executiva e inovou no que se refere
à citação no caso de domicílio convencionado.
49
Manual de apoio ao ingresso - 2013
permitido estipular para determinados negócios, desde que essa estipulação seja reduzida a
escrito.
Reunidos que estejam aqueles pressupostos, o réu é oficiosamente citado por via postal
(art.ºs 235.º a 237.º), através de carta registada com aviso de receção expedida para o
domicílio convencionado, contanto que o valor da ação não exceda a alçada do tribunal da
relação ou, se a exceder, a obrigação respeite a fornecimento continuado de bens ou
serviços (art.º 237.º-A, n.º 1).
Por outro lado, se a carta registada com aviso de receção enviada ao citando for
devolvida por o mesmo não a ter levantado no estabelecimento postal, ou por ter sido
recusada a assinatura do AR ou o recebimento da carta por pessoa diversa do citando, na
situação prevista no art.º 236.º, n.º 2, repete-se a citação, enviando-se nova carta (ver
modelo a seguir), que é deixada e depositada na caixa de correio do citando, contendo
cópia de todos os elementos do art.º 235.º, bem como a advertência de que a citação se
considera efetuada na data certificada pelo distribuidor postal ou, no caso de ser deixado
aviso, no 8.º dia posterior a essa data.
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Rosto do modelo para a citação via postal nos processos iniciados
a partir de 15/Set/2003 – art.º 237.º-A, n.º 5 do CPC.
51
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Verso do modelo de aviso de receção para citação via postal com
depósito da carta nos processos iniciados a partir de 15/Set/2003 –
art.º 237.º-A, n.º 5 do CPC.
***
A citação promovida pelo mandatário judicial segue o regime da citação pessoal por
agente de execução ou funcionário judicial, com as necessárias adaptações.
O propósito de promover a citação por mandatário judicial deve ser por ele
manifestada, na petição inicial, indicando se a pretende fazer por si, por outro mandatário
judicial, por agente de execução ou por pessoa ao seu serviço, podendo tal diligência ser
requerida a todo o tempo, desde que se verifique a frustração da citação tentada por
qualquer outra forma legalmente prevista – art.º 245.º.
Caso a citação não seja efetuada no prazo de 30 dias, contados da solicitação (petição
ou requerimento), o mandatário comunica tal facto ao tribunal, procedendo à citação nos
termos gerais, a começar pela citação postal encetada pela secretaria – art.º 246.º.
52
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se o réu residir no estrangeiro observa-se o que estiver estipulado nos tratados e
convenções internacionais – art.º 247.º, n.º 1.22
Não havendo tratado ou convenção, realiza-se a citação pela via postal, por carta
registada com aviso de receção, observando-se o regulamento local dos serviços postais.
No caso de o réu ser estrangeiro e também no caso de ser inviável a citação de réu
português através de consulado, é ordenada, depois de ouvido o autor, a expedição de carta
rogatória dirigida às autoridades competentes (art.º 247.º, n.ºs 2 e 3).
CITAÇÃO EDITAL
Inviabilizada a citação do réu porque
Nos tribunais onde vigora o Regime Processual Civil Experimental, aprovado pelo Decreto-
Lei n.º 108/2006, de 8 de Junho, e da Portaria n.º 955/2006, de 13 de Setembro, a citação
22
Aconselha-se a consulta da legislação, informações, manuais e formulários dos Serviços de Cooperação
Judiciária Internacional da DGAJ disponíveis para download no seguinte endereço: http://www.cji-
dgaj.mj.pt/Paginas/default.aspx.
53
Manual de apoio ao ingresso - 2013
edital consiste unicamente na publicação de um só anúncio no sítio www.tribunaisnet.mj.pt,
não havendo lugar à publicação de anúncios em jornais nem à afixação de editais.
Com efeito, naqueles Tribunais, a citação edital em qualquer processo iniciado a partir de
16 de Outubro de 2006 e sujeito às regras do processo civil, resume-se à publicação eletrónica
de um anúncio no referido endereço (cfr. art.º 5.º do DL 108/2006 e Portaria n.º 1097/2006,
de 13/Outubro), havendo, porém, lugar à afixação de um edital nos seguintes casos:
A citação edital:
- Considera-se feita na data da publicação do último anúncio ou, não havendo lugar a
anúncio (art.º 248.º, n.º 4 – inventários com herança deferida a incapazes, ausentes ou
pessoas coletivas, processo sumaríssimo e quando o juiz dispensar a publicação), da afixação
dos editais, contando-se desta a dilação e, de seguida, o prazo para a defesa (art.º 250.º).
Se a citação edital for determinada pela incerteza das pessoas a citação será feita
também nos termos do disposto nos art.ºs 248.º a 250.º, afixando-se apenas um edital na
porta do tribunal, exceto se os incertos forem citados como herdeiros ou representantes de
pessoa falecida, sendo neste caso afixados editais na porta da casa da última residência do
falecido e na porta da sede da respetiva junta de freguesia, se forem conhecidas e no país; os
anúncios são publicados num dos jornais, de âmbito regional ou nacional, mais lidos na sede
da comarca – art.º 251.º.
٭
Nas ações sujeitas ao regime processual civil experimental instituído pelo Decreto-Lei
n.º 108/2006, de 8 de Junho, a citação edital é feita unicamente através da publicação de
anúncio em página informática de acesso público (www.tribunaisnet.mj.pt).
54
Manual de apoio ao ingresso - 2013
DILAÇÃO
Nota: nos termos do art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 269/98, de 1 de Setembro, não há
dilação nas ações especiais previstas nos art.ºs 1.º a 5.º do anexo ao referido
diploma.
DA NOTIFICAÇÃO
As notificações, salvo disposição legal em contrário, são feitas pelo correio, sob registo
postal (art.ºs 254.º, 255.º, n.º 1 e 253.º).
55
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Haverá que distinguir entre as notificações às pessoas que são parte no processo e
àquelas que nele apenas intervêm acidentalmente.
1 - Notificações às partes
Prevê o n.º 2 do art.º 254.º que os mandatários que pratiquem os atos processuais através
de transmissão eletrónica de dados, de acordo com o disposto n.º 1 do art.º 150.º do CPC ,
são notificados pela secretaria pela mesma via, presumindo-se a notificação efetuada na data
da expedição.
Seja qual for a comarca onde residam, a notificação ser-lhes-á feita nos termos
estabelecidos para a notificação aos mandatários - carta registada (art.º 255.º).
Porém, se a parte tiver de ser notificada pessoalmente, bem como nos casos
especialmente previstos na lei, aplicar-se-ão as disposições relativas à citação (art.º 256.º),
ou seja, por carta registada com aviso de receção “de citação”.
As notificações que tenham por fim “chamar ao tribunal” intervenientes acidentais, tais
como, testemunhas, peritos, intérpretes e outras pessoas com intervenção acidental são
56
Manual de apoio ao ingresso - 2013
feitas por meio de “aviso” expedido pelo correio, sob registo23, indicando-se a data, o local e
o fim da comparência – cfr. n.º 1 do art.º 257.º.
Os avisos relativos às pessoas que a parte se comprometer a apresentar, são-lhe
entregues, sempre que a parte o solicitar, ainda que verbalmente (art.º 257.º, n.º 2).
Tem-se por efetuada a notificação cuja carta seja devolvida com indicação de ter sido
recusada pelo destinatário (art.º 257.º, n.º 3).
O Código não contém norma específica que regule a notificação dos intervenientes
acidentais com outra finalidade que não se destina à “comparência em tribunal”, o que leva a
perguntar, por exemplo, em que termos se processa a notificação dum perito para justificar
as razões pelas quais não apresentou o relatório no prazo que lhe foi fixado pelo juiz?
Esta lacuna da lei preenche-se com o recurso aos casos análogos, nos termos do art.º
10.º do Código Civil, aplicando-se o regime de notificações estabelecido para as partes
sem mandatário judicial constituído.
Sempre que ambas as partes tenham constituído mandatário judicial, após a notificação
ao autor, por parte da secretaria, da apresentação da contestação, incumbe aos mandatários
das partes notificarem-se reciprocamente dos atos processuais que devam ser praticados
por escrito e apresentados em juízo (cfr. art.ºs 229.º-A e 260.º-A), devendo juntar ao
processo, no prazo de dez dias (art.º 153.º), documento comprovativo da data da
notificação à contraparte (n.º 4 do art.º 260.º-A), documento este que a parte fica isenta
de apresentar se efetuar a notificação por transmissão eletrónica de dados.
23
Não é o mesmo que bilhete-postal – cfr. art.º 13.º do Dec. Lei n.º 176/88, de 18 de Maio, que aprovou o
Regulamento do Serviço Público de Correios.
57
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Formação da DGAJ, à luz dos incentivos à utilização das novas tecnologias que o preceito
transporta, interpreta da seguinte maneira:
a feriado,
a sábado,
a domingo
o prazo para a resposta inicia-se no primeiro dia útil seguinte;
a férias judiciais
o prazo para a resposta inicia-se no primeiro dia posterior ao termo das férias judiciais –
art.º 260.º-A, n.º 4 (redação do Dec. Lei n.º 324/2003, de 27 de Dez).
Além das decisões finais, são sempre oficiosamente notificadas ao Ministério Público
quaisquer decisões, ainda que interlocutórias, que possam suscitar a interposição de recursos
por força da lei – art.º 258.º.
24
O problema mais sentido nas secretarias judiciais advém de duas diferentes leituras e a questão está em saber
qual delas se aproxima das boas intenções do legislador?
- Se a notificação for efetuada pelo mandatário judicial, por qualquer meio, em dia anterior a feriado, (no)
sábado, (no) domingo ou (em) férias judiciais, o prazo ... inicia-se ...
ou
- Se a notificação for efetuada ...em dia anterior a feriado, (a) sábado, (a) domingo ou (a) férias judiciais, o
prazo ... inicia-se ...
No quadro dos incentivos que surgem em cascata na esteira da crescente relevância atribuída à utilização das
novas tecnologias de informação, afigura-se-nos mais razoável a segunda leitura.
Com efeito, incentiva-se o recurso aos meios informáticos com o estabelecimento de um compasso entre o
momento da notificação e o início do prazo por ela desencadeado, criando-se uma variante ao regime-regra da
contagem dos prazos plasmada no art.º 279.º do Código Civil ex vi do art.º 296.º do mesmo diploma,
transferindo-se para o primeiro dia útil seguinte o início dos prazos desencadeados pelas notificações inter-
mandatários efetuadas na vésperas de qualquer dia que seja sábado, domingo ou feriado (considerando que as
notificações podem ser efetuadas a todo o tempo – cfr. art.º 143.º, n.ºs 1 e 2 CPC) ou nos dias 21 de Dezembro
(dia anterior ao início de férias judiciais); 31 de Julho (dia anterior ao início de férias judiciais) ou ainda no sábado
precedente ao domingo de Ramos (1.º dia de férias judiciais).
58
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A notificação de decisão judicial é acompanhada de cópia ou fotocópia legível da
própria decisão – art.º 259.º.
Desde que documentadas no respetivo auto ou ata, são tidas como notificações as
convocatórias e comunicações efetuadas aos interessados presentes em ato processual, por
determinação da entidade que preside ao ato judicial – art.º 260.º.
NOTIFICAÇÕES ELETRÓNICAS25
3. Detalhes e automatismos
O envio de qualquer peça processual ou documento através do CITIUS provoca a
inserção de um detalhe “Recebe Notificações Eletrónicas” ao nível do mandatário remetente.
A partir desse momento, todas as notificações que lhe forem enviadas ser-lhe-ão
disponibilizadas, automaticamente, por via eletrónica, na sua área reservada do CITIUS, não
sendo necessário expedir a notificação paralela em suporte de papel (a menos que a
notificação deva ser acompanhada por cópias de peças ou documentos que apenas constem
do suporte físico do processo (art.ºs 21.º-A, n.º 7)).
O oficial de justiça não necessita de efetuar nada mais do que fazia antes com as
notificações em papel, exceto anexar os documentos a notificar (ver ponto 6).
25
São da Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro, as referências legislativas sem menção de fonte, referentes às notificações
eletrónicas.
Cfr. Oficio-circular n.º 47, de 26/6/2009, da DGAJ-CFFJ.
59
Manual de apoio ao ingresso - 2013
4. Datas de elaboração e de expedição da notificação eletrónica
A data de elaboração refere-se ao momento da colocação da notificação em “versão
final”.
A data da elaboração é distinta da data de expedição. Esta é presumida e corresponde
ao terceiro dia posterior ao da data de elaboração ou ao primeiro dia útil seguinte a esse,
quando o não seja.
Este prazo específico dá cobertura a eventuais percalços entre o envio da notificação
através do sistema informático e a posterior visualização pelo mandatário destinatário.
Exemplo:
Uma notificação elaborada, ou seja, colocada em “versão final” no dia 24, considera-
se expedida no dia 27. Mas, se este dia fosse sábado, a notificação considerava-se expedida
no dia 29.
60
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- Depois de abertos automaticamente o processador de texto e o documento da
notificação, clicar no botão “versão final”;
Note-se que, por defeito, só é visível o documento principal, ou seja, a notificação gerada.
61
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Para se visualizar(em) o(s) anexo(s) que acompanham a notificação (e que têm a
marca “cópia” na parte superior), vai-se ao histórico, clica-se em cima do ícone do ficheiro e
responde-se afirmativamente à pergunta se o utilizador pretende visualizar os anexos.
Sendo ordenada a notificação judicial avulsa, ela caracteriza-se pelo contacto pessoal do
agente de execução, designado pelo requerente ou pela secretaria, ou por oficial de
justiça, nos termos do art.º 239.º, n.º 9, com a própria pessoa a notificar, a quem será
entregue uma nota de notificação acompanhada do duplicado do requerimento e dos
documentos apresentados.
62
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Do ato de notificação é lavrada certidão, que, depois de assinada pelo notificado e pelo
oficial de justiça, é por este entregue na secretaria, juntamente com o requerimento, para
ser elaborada a conta do ato avulso – art.º 9 do R.C.P.
Uma vez que o requerente paga o “ato” diretamente ao agente de execução e que este,
uma vez realizada a diligência, entrega diretamente ao requerente a notificação com a
respetiva certidão, propendemos, salvo orientação contrária do Magistrado competente, que
o “processo” pode ser logo submetido aos vistos de fiscalização e correição, para posterior
arquivamento (art.º 126.º, n.º 2 da LOFTJ). 26
INCIDENTES DE INSTÂNCIA
26
Embora já revogado, apenas nos resta hoje, como fonte, o Estatuto Judiciário aprovado pelo Dec. Lei n.º 44278,
de 14 de Abril de 1962, para definir o “Visto em Correição” aposto pelo juiz antes do arquivamento dos papéis,
livros e processos, previsto nas Leis de Organização n.ºs 3/99 e 52/2008:
Das correições
Art.º 437.º, 1. Todos os papéis, livros e processos, que estejam findos serão sujeitos a correição do juiz da
comarca antes de serem arquivados, com vista a apurar se há neles faltas ou irregularidades e a providenciar no
sentido de serem supridas as que forem notadas. Antes da apresentação ao juiz é dada vista ao Ministério
Público.
2. Os processos, livros e papéis dos tribunais municipais são apresentados ao juiz da comarca, para os fins da
correição, no mês seguinte àquele em que hajam findado.
Art.º 438.º, 1. Se não notar qualquer falta ou irregularidade, o juiz lança na folha onde esteja exarado o
último termo ou ato a nota de «Visto em correição», que pode ser feita por chancela, devendo, porém, a data e
rubrica ser manuscritas.
63
Manual de apoio ao ingresso - 2013
No passado, a figura em análise era designada por artigos, qualificados de incidentes e
emergentes, os primeiros deduzidos antes da contestação, e os segundos depois dela.
Os artigos não constituíam uma figura processual própria; eram tratados a propósito
das sentenças interlocutórias que os decidiam.
Com o tempo, alargou-se o âmbito da abrangência do conceito de incidente, passando
a significar a questão incidental, ou seja, a surgida no decurso do processo, distinta da
questão principal que dele era objeto, mas com ela relacionada.
Os incidentes mais frequentes nas causas pendentes e que implicavam a sua suspensão
eram designados por atentados. 27
A doutrina de vários países tem criticado o proliferar dos incidentes, advertindo que
constituem a zona minada do processo civil e o sector que pode fazer estalar no ar as
melhores intenções de qualquer reforma legislativa. 28
O incidente processual é a ocorrência extraordinária, acidental, estranha, surgida no
desenvolvimento normal da relação jurídica processual, que origine um processado próprio,
isto é, com um mínimo de autonomia. 29
Incidente da instância é, pois, a ocorrência estranha ao desenrolar normal de um
processo, que dê lugar a processado próprio e tenha fins específicos, embora limitados, a
alcançar. 30
Nesta ótica, não é incidente a atividade processual prevista como normal em relação
ao processo da ação ou do recurso, pelo que não pode ser considerado incidente o que se
inclua na tramitação normal do processo, como é o caso, por exemplo, da reclamação da base
instrutória ou da decisão da matéria de facto.
A lei tipifica e nomina vários incidentes, como é o caso daqueles que designa como
incidentes da instância, mas outros há que não são nominados e tipificados como tal.
São exemplos de incidentes desta segunda espécie a incompetência a que se reportam
os artigos 108.º a 114.º, o conflito de competência ou de jurisdição a que aludem os artigos
115.º a 121.º, a suspeição do juiz ou dos oficiais de justiça a que se reportam os artigos
126.º a 136.º.
Estes últimos incidentes só não foram incluídos no grupo dos incidentes da instância
porque, estando diretamente relacionados com a competência, foi entendido deverem ser
inseridos na parte do Código que tratava dessa matéria.
27
Manuel Almeida e Sousa de Lobão, “Tratado Prático Compendiário de Todas as Ações Summárias, Sua Índole e
Natureza em Geral e em Especial; Das Summárias, Sumaríssimas, Preparatórias, Provisionais, Incidentes,
Preceitos Cominatórios”, Lisboa, 1886, págs. 214 a 230.
28
Pablo Saavedra Gallo, “Reflexiones Sobre Los Incidentes En El Proceso Declarativo Civil”, Boletín de La Facultad
de Derecho, Universidad Nacional de Educación a Distancia, Madrid, Otoño 1992, pág. 173.
29
Manuel Augusto Gama Prazeres, “Os Incidentes da Instância no Actual Código de Processo Civil”, Braga, 1963,
pág. 13; e Ac. S.T.J., de 16.4.98, BMJ, n.º 476, pág. 305.
30
Ana Prata, Dicionário Jurídico, Almedina, Coimbra, 1997, pág. 529.
64
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Face às características da panóplia de incidentes suscitáveis nos processos, são
suscetíveis de ser classificados, além do mais, segundo os critérios do momento em que se
processem, dos respetivos efeitos, da denominação e da matéria.
Nessa perspetiva haverá incidentes anteriores ou posteriores à sentença final,
incidentes que suspendem e que não suspendem a marcha do processo principal, incidentes
nominados ou inominados, e incidentes civis, laborais e penais.
A determinação do conceito de incidente assume particular relevo para efeitos da
decisão da sua sujeição ou não sujeição a custas, como decorre, além do mais, do disposto no
artigo 7.º- Tabela II do R.C.P.
1. Generalidades
Estabelece o art.º 268.º, que se reporta ao princípio da estabilidade da instância que,
citado o réu, a instância deve manter-se quanto às pessoas, ao pedido e à causa de pedir,
salvas as possibilidades de modificação consignadas na lei.
Aquele normativo é conforme com o disposto no artigo 481.º, segundo o qual a citação
torna estáveis os elementos essenciais da causa, nos termos do art.º 268.º.
De que forma é que tal modificação se opera, quais as soluções legislativas que se
nos deparam, e de que maneira deve o oficial de justiça lidar com ela é o que vamos
estudar de seguida.
DISPOSIÇÕES GERAIS
1. Regra geral
À regra geral sobre os incidentes reporta-se o art.º 302.º, segundo o qual em quaisquer
incidentes inseridos na tramitação de uma causa observar-se-á, na falta de regulamentação
especial, o que vai disposto nesta secção.
O próprio conceito de incidente processual pressupõe, como já se referiu e resulta
deste artigo, a existência de uma causa.
Por força deste normativo, se regulamentação especial não houver para o efeito, as
regras gerais a que se reportam os artigos 303.º a 304.º, ou seja, as relativas ao oferecimento
das provas e à respetiva oposição, ao limite do número de testemunhas e ao registo de
depoimentos, são aplicáveis a qualquer tipo de incidente. Estas normas são, nos termos do
art.º 384.º- n.º 3, subsidiariamente aplicáveis aos procedimentos cautelares.
65
Manual de apoio ao ingresso - 2013
2. Enumeração
2. Processamento
POR APENSO:
66
Manual de apoio ao ingresso - 2013
São estes os incidentes de intervenção de terceiros previstos no Código de Processo Civil:
Tramitação
Sem prejuízo de normativo que disponha em contrário, os factos que integram a causa
de pedir do incidente, ou seja, os inseridos no requerimento inicial e no instrumento de
oposição, devem ser articulados (artigo 151.º- n.º 2).
67
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A oposição ao incidente é deduzida no prazo de 10 dias, naturalmente contado da
notificação da apresentação do requerimento inicial – art.º 303 – n.º 2.
Assim, tendo em conta o que prescrevem os artigos 463.º, n.º 1, 464.º, 783.º a 792.º,
793.º a 796.º e 800.º, seja qual for a forma do processo seguida pela causa principal,
considerar-se-ão confessados os factos articulados pelo requerente do incidente, em
conformidade com o disposto nos artigos 484.º, n.º 1, e 485.º.
O número de testemunhas, por cada parte não poderá ser superior a oito
e, sobre cada facto, a parte não poderá produzir mais de três testemunhas
– art.º 304 – n.º 1 – considerando-se não escritos os nomes das testemunhas
que ultrapassem os limites (art.º 632.º, n.ºs 1 e 3).
Os depoimentos prestados antecipadamente ou por carta são gravados ou registados
nos termos do artigo 522.º- A – art.º 304.º, n.º 2.
Sem prejuízo de outro entendido por parte dos Senhores Magistrados, afigura-se-nos
que os requerimentos e oposições dos incidentes devem ser notificados entre os mandatários
judiciais constituídos - “...as notificações que o mandatário judicial deve fazer ao seu colega
de tudo o que houver de lhe ser notificado, e que tenha proveniência do seu escritório,
cabendo à secretaria notificar o que houver de ser notificado, que tenha proveniência do
tribunal...” – Ac. T. Rel. Porto JTRP00034381, de 18/04/2002.
TAXA DE JUSTIÇA
Nos termos do disposto nos art.ºs 7.º, n.º 3, 13.º e 14.º do R.C.P. em conjugação com os
art.º 150.º-A, 447.º-A ambos do C.P.C. e art.ºs 11.º e 12.º da Portaria 419-A/2009.
68
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Nos casos previstos no art.º 7.º -Tabela II do RCP, apenas é devida a taxa que vier a ser
fixada a final pelo juiz, sem prejuízo de este, fundamentadamente, poder dispensar o
pagamento.
TAXA DE Taxa de
INCIDENTE JUSTIÇA justiça OBS.
(final) inicial
Intervenção principal;
Oposição
***
PROCEDIMENTOS CAUTELARES
1. Introdução
69
Manual de apoio ao ingresso - 2013
À luz do direito fundamental consagrado no artigo 20.º da Constituição da República
Portuguesa, o art.º 2.º do Código de Processo Civil garante o direito de ação judicial através
do qual é dado início ao processo como plataforma do exercício da função jurisdicional.
Por vezes, a demora natural da ação põe em perigo a reparação do direito violado, por
entretanto se poder alterar a situação de facto que permitiria a reparação.
Com o fim de evitar esse periculum in mora, o n.º 2 do mesmo art.º 2.º prevê a
existência de “procedimentos necessários para acautelar o efeito útil da ação”. O preceito
refere-se aos procedimentos cautelares, que afinal consubstanciam os meios instrumentais
destinados a obter provisoriamente a tutela jurisdicional para o direito ameaçado,
assegurando o efeito útil das ações de que sempre dependem (art.º 381.º, n.º 1).31
Carácter urgente
31
“O processo cautelar não visa a correção de situações, mas tão-somente prevenir lesão que venha a ser grave e
dificilmente reparável” – Ac. TRPorto n.º JTRP00037273, de 21/10/2004, in www.dgsi.pt.
32
Temas da Reforma de Processo Civil – III volume, pág. 41.
33
“Tanta proteção merece a posição do requerente que, com invocação e prova sumária dos requisitos legais,
obtém uma providência com efeitos imediatos, como o requerido que, discordando dos fundamentos de facto e
70
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Desta forma, quaisquer atos praticados em procedimentos cautelares podem (e
devem) ser praticados mesmo em férias judiciais (art.º 143.º, n.ºs 1 e 2), não se suspendendo
nestes períodos os prazos processuais – cfr. art.º 144.º, n.º 1.34
Natureza preventiva
de direito em que se baseou a anterior decisão, procura afastar os prejuízos que a execução imediata causa na
sua esfera de interesses” – António Santos Abrantes Geraldes, Temas da Reforma do Processo Civil, III volume, 5-
Procedimento Cautelar Comum, edição 1998, pág. 117.
34
“Os procedimentos cautelares têm natureza urgente ao longo de todo o seu processado, não se suspendendo
durante as férias, daí que o prazo para apresentar alegações de recurso, da decisão que ordenara o
levantamento da providência, não se suspenda nas férias de Verão” – Ac. TRPorto n.º JTRP00031420, de
01/03/2001 in www.dgsi.pt.
71
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O art.º 167.º consagra o princípio da publicidade do processo civil, que, em termos
genéricos, traduz-se no direito de acesso ao processo para efeito de exame, consulta,
obtenção de cópias ou certidões das peças que o integrem, e ainda no direito à obtenção de
informações prestadas pela secretaria sobre o processo.
No entanto, o art.º 168.º estabelece algumas restrições a este princípio,
nomeadamente quando o seu conhecimento possa comprometer a eficácia da decisão a
proferir no processo, como é o caso dos procedimentos cautelares, aos quais só o requerente
e o seu mandatário têm acesso irrestrito.
O requerido e o seu mandatário só têm acesso ao procedimento cautelar após a
citação ou notificação para o contraditório.
Para além daquele, a lei prevê alguns procedimentos cautelares especificados, cuja
tramitação é regulada pelas disposições próprias constantes dos art.ºs 393.º e seguintes,
aplicando-se-lhes subsidiariamente as disposições relativas ao procedimento cautelar
comum nos termos previstos do n.º 1 do art.º 392.º.
72
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Restituição provisória de posse – art.º
393.º
Os procedimentos cautelares não estão sujeitos a qualquer regime especial, pelo que a
obrigatoriedade do patrocínio judiciário obedece ao regime regra do art.º 32.º (em razão do
73
Manual de apoio ao ingresso - 2013
valor processual – cfr. também art.º 313.º, n.º 3),35 significando isto que as partes não estão
obrigadas à constituição de mandatário judicial nos procedimentos de valor não superior à
alçada do tribunal de 1.ª instância.
35
Em matéria cível, a alçada dos Tribunais da Relação é de € 30.000,00 e a dos Tribunais de 1.ª instância é de €
5.000,00 – cfr. art.º 24.º, n.º 1 da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro (LOFTJ).
74
Manual de apoio ao ingresso - 2013
2.2 Tramitação
75
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Decreto-Lei n.º 38/2003, de 8 de Março)36, deduzir, querendo, oposição à providência,
devendo, com a oposição, oferecer logo os meios de prova (cfr. art.º 386.º).
No caso de o requerido já ter sido citado para os termos da ação principal, a citação
anteriormente referida no parágrafo anterior dá lugar a uma notificação não pessoal, nos
termos dos art.ºs 253.º ou 255.º, consoante tenha ou não mandatário judicial constituído –
cfr. art.º 385.º, n.º 2.
Se se frustrar a citação pessoal, o processo deve ir concluso ao juiz, uma vez que, de
acordo com o estipulado no n.º 4 do art.º 385.º, nos procedimentos cautelares não há lugar
à citação edital, havendo, assim, lugar a despacho que dispense a citação do requerido, se
assim for entendido pelo juiz.
2.2.1.1 Oposição
36
O limite máximo estabelecido para os prazos dilatórios não afeta os que tenham duração inferior.
Se, em determinado caso, a dilação aplicável for de cinco dias, este prazo não é afetado. Contudo, se, por
hipótese, o processo correr no continente e o requerido residir na Região Autónoma da Madeira, a dilação
prevista de 15 dias (art.º 252.º-A, n.º 2) é reduzida para os 10 dias fixados pelo n.º 3 do art.º 387.º como limite
máximo.
76
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se, findos os articulados, o requerido persistir na falta do pagamento, será notificado,
novamente, para no prazo de 10 dias efetuar o pagamento da taxa de justiça e da multa
omitida, acrescida de outra multa de montante igual ao da taxa de justiça mas não inferior a
5 UC nem superior a 15 UC.
Nesta última hipótese, a secretaria avisará o requerido de que o não pagamento das
sobreditas quantias implica o desentranhamento da oposição que tiver sido apresentada e que
não sendo efetuado o pagamento omitido não é devida qualquer multa (n.ºs 5 a 7 do art.º
486.º-A).
A oposição é oficiosamente notificada ao requerente, não havendo lugar a mais
articulados.
De acordo com o n.º 1 do art.º 386.º, findo o prazo de oposição, quando o requerido
haja sido ouvido (citado), o processo é concluso ao juiz para decisão final, eventualmente
precedida da realização de diligências probatórias em sede de audiência de julgamento, por
sua própria iniciativa ou a requerimento das partes, audiência esta que só pode ser adiada
uma vez e com base na falta do mandatário judicial de qualquer das partes, caso em que
deve realizar-se num dos cinco dias seguintes – art.º 386.º, n.º 2.
Nos casos em que o requerido não seja ouvido (citado ou notificado) previamente ao
decretamento da providência, os depoimentos prestados em audiência são sempre registados
em gravação (som ou imagem e som) – art.º 386.º, n.º 4.
Sendo designada data para realização da audiência, a secretaria, após observar o que
vem disposto no art.º 155.º (“marcação e adiamento de diligências”), notifica o despacho aos
mandatários judiciais e convoca as testemunhas arroladas, à exceção daquelas que as partes
se tenham comprometido a apresentar e das que residam fora da área do círculo judicial
(art.ºs 623.º, n.º 1 e 628.º, n.º 2).
É oportuno referir que as notificações podem ser feitas por qualquer um dos meios
de comunicação referidos no n.º 5 do art.º 176.º, carecendo de imediata confirmação
escrita as que se realizem por via não escrita.
A decisão é oficiosamente notificada às partes (art.ºs 253.º a 255.º), devendo a
notificação ser acompanhada de cópia legível da decisão proferida (art.ºs 228.º n.º 3 e 259.º).
É de 30 dias o prazo para propositura, contado a partir da data em que tiver sido
notificada a decisão da providência ao requerente – art.º 389.º, n.º 1-a).
77
Manual de apoio ao ingresso - 2013
PROCEDIMENTO CAUTELAR COMUM
[contraditório prévio]
REQUERIMENTO INICIAL
Citação pessoal
do requerido
Conclusão (ou notificação)
NÃO
Findo o prazo
Indeferimento da oposição
Aperfeiçoamento
SIM
Audiência
e/ou
Notificação decisão
Notificação
do requerente
do requerente
Notificações
requerente
Aperfeiçoa Há recurso? e requerido
ou findo o prazo (requerente)
NÃO
NÃO
Providência
decretada
Conta
SIM
SIM
Realização
NÃO da providência
Fim
Há recurso?
(requerido)
CONCLUSÃO SIM
RECURSO
Admite recurso SIM DE
DEAPELAÇÃO
AGRAVO
NÃO
Há
reclamação SIM RECLAMAÇÃO
art.º 688.º
78
Manual de apoio ao ingresso - 2013
2.2.2 Notificação do requerido após o decretamento da providência
(quando o contraditório não preceda o decretamento da providência)
Se for entendido pelo juiz que a audição prévia do requerido põe em risco sério o fim
ou a eficácia desta, só após a realização da providência decretada é que tem lugar a
notificação do requerido segundo as regras da citação pessoal – art.º 385.º, n.º 6.
ou, em alternativa,
2.2.2.1 Oposição
(na sequência do decretamento da providência)
79
Manual de apoio ao ingresso - 2013
omitida, acrescida de outra multa de montante igual ao da taxa de justiça mas não inferior a
5 UC nem superior a 15 UC.
Nesta última hipótese, a secretaria avisa o requerido de que o não pagamento das
sobreditas quantias implica o desentranhamento da oposição que tiver sido apresentada e,
bem assim, que não sendo efetuado o pagamento omitido não é devida qualquer multa (n.ºs 5
a 7 do art.º 486.º-A).
A oposição é oficiosamente notificada ao requerente, não havendo lugar a mais
articulados.
37
“Nos procedimentos cautelares, vigora o princípio da oralidade pura no que concerne aos depoimentos
testemunhais e restantes depoimentos ou declarações inseridas na fase da instrução, salvo se, admitindo o
processo recurso ordinário, tiver sido requerida a gravação da prova por qualquer das partes no momento
próprio (art.º 304.º, n.ºs 3 e 4 ex vi do art.º 384.º, n.º 3 do C.P.C.) e no caso do registo obrigatório quando se
esteja perante procedimento cautelar sem audiência contraditória (art.º 386.º, n.º 4 do C.P.C.) – Ac. TRÉvora
de 16/12/2003 – proc.º 2748/03-3 in www.dgsi.pt.
80
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Deduzir oposição – art.º 388.º, n.º 1-b).
Independentemente da atitude que tome, o requerido pode, no mesmo prazo,
requerer a substituição da providência decretada pela prestação duma caução
– art.º 387.º, n.º 4.
81
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Havendo oposição, a responsabilidade pelas custas é fixada na sentença de acordo com as
regras gerais estabelecidas no art.º 446.º e a elas não se atende na conta da ação principal.
82
Manual de apoio ao ingresso - 2013
PROCEDIMENTO CAUTELAR COMUM
[sem contraditório prévio]
REQUERIMENTO INICIAL
Audiência
e
Conclusão decisão
NÃO
Providência
Indeferimento decretada
Aperfeiçoamento
NÃO SIM
SIM
Notificação Realização da
Notificação providência
do requerente
do requerente e notificações
de requerido
e requerente
Aperfeiçoa Há recurso
ou findo o prazo (requerente) OU
Há recurso Há oposição
NÃO
(requerido) (requerido)
NÃO
SIM
SIM
Conta NÃO
Conclusão
Fim
Audiência
e
SIM
decisão
CONCLUSÃO SIM
Notificações
do requerente
e requerido
RECURSO
Admite recurso SIM
DE APELAÇÃO
NÃO
Há recurso
Há
NÃO reclamação SIM RECLAMAÇÃO NÃO
art.º 688.º
83
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Caducidade da providência cautelar
Como depende da ação cujo efeito útil visa acautelar, o procedimento cautelar caduca
não só com a improcedência da ação como nos demais casos enunciados no art.º 389.º, onde se
estabelece também o prazo de propositura da ação para os casos em que o procedimento
cautelar a preceda, prazo esse que, como vimos anteriormente, pode ser de 10 ou 30 dias,
consoante a providência seja decretada com dispensa de audição prévia do requerido ou não.
Assim:
a) Quando o requerido é citado antes de decretada a providência:
O prazo de propositura da ação é de 30 dias a contar da data em que o requerente se
considerar notificado da decisão que tenha ordenado a providência – cfr. art.º 389.º,
n.º 1 al.ª a);
b) Quando o requerido é notificado após a realização da providência:
O prazo de propositura da ação é de 10 dias a contar da notificação ao requerente da
efetivação da notificação do requerido nos termos n.º 6 do art.º 385.º, cfr. art.º
389.º, n.º 2.
Com efeito, logo que se mostre notificado o requerido da realização da providência, o
requerente é desse facto oficiosamente notificado pela secretaria, contando-se a partir daqui o
prazo de 10 dias para a propositura da ação.
Se estes prazos não forem observados, a providência cautelar caduca.
Note-se que, mesmo, depois de proposta tempestivamente a ação, a providência pode
caducar se:
- a ação estiver parada durante mais de 30 dias por negligência sua – art.º 389.º, n.º 1-b);
- Se o réu for absolvido da instância e o requerente não propuser nova ação em tempo de
aproveitar os efeitos da propositura anteriormente efetuada;
- Se o direito que o requerente pretende acautelar se tiver extinguido.
Em qualquer circunstância, determina o n.º 4 do mesmo artigo 389.º que “A extinção do
procedimento e o levantamento da providência são determinados pelo juiz, com prévia audiência
do requerente, logo que se mostre nos autos a ocorrência do facto extintivo”.
Situações há que escapam ao conhecimento oficioso da secretaria. No entanto,
verificando a secretaria a ocorrência de qualquer circunstância que possa conduzir à caducidade
da providência, como seja, por exemplo, a paragem da ação por um prazo superior a trinta dias
por negligência do autor, deve apresentar a ação conclusa ao juiz com essa indicação.
84
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O juiz, antes de declarar a caducidade e a consequente extinção da providência, bem
como o seu levantamento, ordena a notificação do requerente para dizer o que tenha por
conveniente – cfr. art.º 389.º, n.º 4.
AÇÃO DECLARATIVA
ou, por outro lado, se alguém já possui um título reconhecido por lei que lhe dá o
direito de exigir de determinada pessoa o pagamento de uma certa quantia, a prestação
de um certo facto ou a entrega de uma certa coisa, mas não consegue obter o
cumprimento desse título por meios voluntários, vem pedir ao tribunal que “execute” o
devedor, obrigando-o a cumprir - chamar-se-á ação executiva (art.º 4.º, n.ºs 1 e 3 do
CPC.).
85
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- de simples apreciação 38
DECLARATIVAS - de condenação
- constitutivas
A
Ç
Õ
E
Pagamento quantia
S
certa
Fim Entrega coisa certa
Prestação facto
EXECUTIVAS
Comum
Forma
Especial
FORMAS DE PROCESSO
Nas ações de natureza civil existem diferenças de característica e de valor que implicam
que os procedimentos a adotar no desenrolar do processo sejam, necessariamente, diferentes.
Por isso, a lei criou também várias formas de processo. Assim, nos termos dos art.ºs 460.º a
462.º a forma de processo, nas ações declarativas, pode ser:
38
As ações declarativas de simples apreciação (positiva ou negativa) destinam-se a por termo a situações de
incerteza jurídica através da declaração de existência (positiva) ou inexistência (negativa) de um direito ou de
um facto – cfr. art.º 4.º, n.º 2-a) CPC.
86
Manual de apoio ao ingresso - 2013
ORDINÁRIO:
SUMÁRIO:
SUMARÍSSIMO:
coisas móveis.
ALÇADA (em matéria cível) - art.º 24.º da Lei n.º 3/99, de 13/01, alterado pelo Dec. Lei n.º
303/2007, de 24 de Agosto:
1. Relação: 30.000,00€
2. Tribunais de 1.ª Instância: 5.000,00€
87
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Na tramitação das diferentes formas de processo ter-se-ão sempre presentes regras de
aplicação do direito subsidiário vertidas nos art.ºs 462.º a 464.º e 466.º do CPC.
Exposição dos factos e das razões de direito que servem de fundamento à ação;
Formulação do pedido;
Domicílio do mandatário;
88
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Não se indique o valor da causa;
Não tenha sido junto o documento comprovativo do prévio pagamento da
taxa de justiça inicial ou da concessão de apoio judiciário, à exceção do
previsto no n.º 4 do art.º 467.º;39
Falte a assinatura do mandatário40;
Não esteja redigida em língua portuguesa;
O papel utilizado não obedeça aos requisitos regulamentares (art.º 24.º do
DL. n.º 135/99, de 22/04).41
39
Cfr. o que ficou dito a propósito desta matéria aquando do estudo dos atos das partes (art.ºs 150.º a 150.º-A)
40
Nas ações em que o patrocínio de mandatário judicial não seja obrigatório, o requisito da assinatura é de exigir
à própria parte nos casos em que não constitua mandatário. Vindo a petição para propositura duma ação
ordinária assinada pela própria parte, em vez de sê-lo por mandatário judicial, em que o patrocínio é
obrigatório, a petição vier assinada pela própria.
89
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Do incumprimento de obrigações fiscais (v/ Art.º 280.º do CPC., e art.ºs
105.º do I.R.C., 127.º do I.R.S., 124.º do C.I.M.I. e 52.º do C.I.M.T.).
Nota:
Deve-se dar entrada à petição inicial fazendo-se menção da recusa. No caso de
ser apresentada nova petição (no prazo de 10 dias), a instância considera-se
iniciada na data da apresentação da primeira p.i. - art.º 476.º do CPC.
Posto que tudo esteja em ordem, é passado recibo ao apresentante, se este lho exigir
- art.º 28.º, n.º 2 do DL. n.º186-A/99, de 31de Maio.
AÇÃO ORDINÁRIA
É obrigatória a constituição de advogado – cfr. art.º 32.º, n.º 1-a) e 678.º, n.º 1 do
CPC.
O pagamento da taxa de justiça deve ser efetuado até ao momento da prática do ato a
ela sujeito.
Como já vimos, a taxa de justiça deve ser paga até ao momento da prática do ato
processual a ela sujeito, sendo o comprovativo junto com a peça processual respetiva.
90
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Com a petição inicial deve ser junto o documento comprovativo do prévio pagamento
da taxa de justiça ou da concessão do apoio judiciário na modalidade de dispensa de taxa de
justiça e demais encargos ou ainda da demonstração de apresentação do pedido nos casos
previstos no n.º 5 do art.º 467.º do CPC.
Não sendo junto ou anexado o documento comprovativo e uma vez que a distribuição é
automática, logo que autuada a petição, deverá ser aberta conclusão ao juiz para determinar
o que tiver por conveniente, nomeadamente o desentranhamento da petição inicial.42
As diligências para a citação só têm início depois de junto aos autos o comprovativo
do pagamento da taxa de justiça inicial – art.º 150.º-A, n.º 4 do CPC.
Autuada a petição inicial, sempre que, nos termos do respetivo Estatuto, o Ministério
Público deva intervir acessoriamente na causa, ser-lhe-á notificada oficiosamente a
pendência da ação, logo que a instância se considere iniciada, sob pena de nulidade - art.ºs
334.º, n.º 1 e 200.º do CPC, e 5.º, n.º 4 e 6.º do Estatuto do Ministério Público aprovado pela
Lei n.º 47/86, de 15 de Outubro, alterada (e republicada) pela Lei n.º 60/98, de 28 de Agosto.
O réu é citado, oficiosamente (art.º 234.º), para contestar no prazo de 30 dias, sendo
advertido de que a falta de contestação importa a confissão dos factos articulados pelo
autor (art.ºs 480.º, 484.º e 486.º do CPC.).
42
Art.º 467.º e 474.º do CPC, com a redação do D.L. nº 34/2008 e art.º 8.º da Portaria n.º 114/2008.
43
Sem prejuízo do pagamento em 24 horas do remanescente conforme dispõe o art.º 23.º da Portaria nº 419-
A/2009.
44
Art.º 150.º-A, n.º 2 do CPC, com a redação do D.L. nº 34/2008.
91
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Todas as diligências destinadas à citação são oficiosamente realizadas, tendo-se em
atenção o prazo de 30 dias estabelecido nos n.ºs 2 e 3 do art.º 234.º do CPC que significa o
seguinte:
Passados 30 dias, sem que o Réu se mostre citado, é o autor informado das
diligências efetuadas e dos motivos da não realização do ato (com esta diligência,
além de se manter a parte informada do andamento do processo, poderemos ter
acesso a novos elementos de que a parte disponha, que nos facilitem o acesso ao
citando);
decorridos mais 30 dias, sem que a citação se mostre efetuada, é o processo
imediatamente “concluso” ao juiz, com a informação das diligências efetuadas e das
razões da não realização atempada do ato.
Se o Réu não contestar, o processo vai “concluso” ao juiz que, não se verificando
qualquer das hipóteses a que alude o art.º 485.º do CPC., ordena a notificação dos advogados
das partes para, no prazo de 10 dias, alegarem por escrito, nos termos do disposto no art.º
484.º do CPC.
Nesta notificação ter-se-á em conta que, apesar de não contestar, o réu pode ter
constituído mandatário, e se assim tiver acontecido, o mandatário é igualmente notificado
para alegar, contando-se primeiro o prazo do autor e depois o do réu, um após o outro.
Findo esse prazo, o processo é “concluso” para ser proferida sentença.
Dentro do prazo para apresentação da contestação, o réu pode requerer, sem prévia
audição da parte contrária, a prorrogação do prazo da contestação, até ao limite máximo de
30 dias (art.º 486.º, n.º 5 do CPC.).
92
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A apresentação deste requerimento não suspende o prazo em curso, razão por que
o juiz decide no prazo máximo de 24 horas, por despacho insuscetível de recurso, que a
secretaria notifica imediatamente ao réu, nos termos estabelecidos no n.º 5 , 2.ª parte e no
n.º 6 do art.º 176.º, n.º 6 do art.º 486.º, todos do CPC..
Concedida a prorrogação por 10 dias, o prazo de contestação de 30 dias (art.º
486.º, n.º 1 do CPC.) conta-se como se fosse de 40 dias, ou seja, se o prazo para
apresentação de contestação terminava em 18 de Setembro de 2012, passaria a
terminar a 28 do mesmo mês.
Concedida a prorrogação, os benefícios dela não se estendem aos outros réus que a
não hajam requerido, donde, para eles, o prazo limite para apresentação da contestação é
determinado nos termos do n.º 2 do art.º 486.º, em função do último prazo que se tiver
iniciado sem qualquer prorrogação.
O prazo para apresentação dos restantes articulados pode ser igualmente prorrogado
a requerimento das partes, nos termos do disposto no art.º 504.º do CPC, aplicando-se as
regras estipuladas nos n.ºs 5 e 6 do referido art.º 486.º, à exceção do limite máximo
prorrogável que não pode ir além do prazo estabelecido para apresentação do articulado
respetivo.
Com a contestação e sem prejuízo das disposições relativas à p.i., a falta de junção do
documento comprovativo, não implica a recusa da peça processual, devendo a parte
proceder à sua junção nos 10 dias subsequentes à prática do ato sob pena de sujeitar às
cominações dos art.ºs 486.º-A 45, ou em alternativa o documento que comprove a concessão
do benefício do apoio judiciário, a menos que esteja a aguardar a decisão dos serviços da
segurança social, caso em que juntará somente o comprovativo do pedido formulado (cfr.
art.ºs 25.º - n.º 3, a) e 26.º - n.º 4 da Lei n.º 34/2004, de 29/07).
45
Art.º 150.º-A, n.º 3 do CPC.
93
Manual de apoio ao ingresso - 2013
oficiosamente o réu para efetuar o seu pagamento, acrescido duma multa de igual
montante mas nunca inferior a 1 UC (€ 102,00), nem superior a 5 UC (€ 510,00) – art.º
486.º-A, n.ºs 3 e 4.
Se, findos os articulados, o réu persistir na falta do pagamento, será notificado,
novamente, para no prazo de 10 dias efetuar o pagamento da taxa de justiça e da multa
omitida, acrescida de outra multa de montante igual ao da taxa de justiça mas não
inferior a 5 UC nem superior a 15 UC.
Nesta última hipótese, a secretaria avisa o réu de que o não pagamento daquelas
quantias implica o desentranhamento da contestação e da tréplica que tiver sido apresentada
(nas ações ordinárias) e que da omissão do pagamento as multas não ficarão em dívida (n.ºs 5
a 7 do art.º 486.º-A).
Caso o réu, na contestação, deduza pedido reconvencional (art.º 501.º do CPC.) distinto
do pedido do autor (art.º 308.º, n.º 2 do CPC.), o valor da ação passa a ser o resultante da soma
dos pedidos (valor = pedido inicial + pedido reconvencional) e se daqui resultar a incompetência
do tribunal singular, deverá o juiz remeter oficiosamente o processo para o tribunal competente,
nos termos do art.º 98.º, n.º 2.
Se o réu reconvinte não indicar o valor da reconvenção, o processo vai logo “concluso” ao
juiz para o convidar a fazê-lo (art.º 501.º, n.º 2 do CPC.).
A apresentação da contestação é oficiosamente notificada ao autor (art.º 492.º do CPC.),
pela secretaria.
o A RÉPLICA
À contestação pode o autor responder na réplica (art.º 502.º, n.º 1 do CPC.) para:
94
Manual de apoio ao ingresso - 2013
em ação de simples apreciação negativa para demonstrar os fundamentos do
pedido (as causas e razões do seu direito) e negar, antecipadamente, as
declarações contrárias do réu.
A réplica é oferecida no prazo de 15 dias, salvo se o réu tiver deduzido
pedido reconvencional ou a ação seja de simples apreciação negativa, casos
em que o prazo para a réplica é de 30 dias (art.º 502.º, n.º 3).
O prazo para apresentação deste articulado pode ser prorrogável em termos análogos ao
da contestação – cfr. art.ºs 504.º e 486.º, n.ºs 4, 5 e 6 do CPC.
o A TRÉPLICA
95
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Convocar uma audiência preliminar (art.º 508.º-A do CPC.); ou
Proferir despacho saneador (art.º 510.º, n.º 1 do CPC.).
96
Manual de apoio ao ingresso - 2013
da data da realização da audiência preliminar, apresentar o requerimento probatório e
requerer a gravação da audiência final ou a intervenção do coletivo (art.º 508.º-A, n.º 4).
As partes são notificadas deste despacho (art.º 253.º) e ainda para, em 15 dias,
apresentarem o rol de testemunhas,
requererem outras provas ou alterarem os requerimentos probatórios que hajam feito nos
articulados, e
requererem a gravação da audiência final ou a intervenção do coletivo (art.º 512.º).
97
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Esquematizando:
1) -Tentativa de conciliação;
2) -Discussão de facto e direito;
a) - O juiz convoca
3)- Discussão de posição das
au d iên cia p relimin ar
partes;
destinada a algum ou
4)- Proferir despacho saneador;
alguns dos fins
5)-Seleccionar a matéria de facto
indicados no n.º 1, do
assente e a que constitui a base
art.º 508º-A
instrutória, e decidir as
reclamações deduzidas.
- Notificam-se as partes do
despacho saneador e para, em 15
dias, apresentarem o rol de
testemunhas, requererem outras
provas ou alterarem os
requerimentos probatórios, e
requererem a intervenção do
colectivo ou a gravação da
Profere despacho audiência final (art.º 512.º)
saneador - art.º 510.º
Do despacho saneador podem as
partes apresentar as suas
reclamações, que, após
contraditório, são logo decididas
(art.º 508.º-B, n.º 2), e o despacho
sobre elas proferido apenas pode
ser impugnado no recurso
interposto da decisão.
98
Manual de apoio ao ingresso - 2013
INSTRUÇÃO
Meios de prova
Definição legal (art.º 341.º do Cód. Civil): “As provas têm por função a demonstração
da realidade dos factos”.
99
Manual de apoio ao ingresso - 2013
a) - Prova por documentos (conceito – art.º 362.º do CC)
Diz-se prova documental a demonstração da realidade de um ou mais factos através de
documentos.
Para efeitos de prova documental são especialmente relevantes os documentos escritos.
O regime processual da prova por documentos consta dos artigos 523.º e seguintes do
CPC., devendo ter-se especial atenção que deverá ser sempre notificada a junção aos autos
de documentos, quer juntos por iniciativa da parte, quer requisitados pelo tribunal (art.ºs
526.º e 539.º do CPC.).
Quando escrita, a confissão tem força probatória plena contra o confitente – art.º 358.º
n.º 1 Cód. Civil.
c) - Prova pericial
A prova pericial é um tipo de prova obtido através de exames ou apreciação de factos
por pessoas com capacidades específicas em determinadas matérias- os peritos. Este tipo de
prova pode ser oficiosamente ordenada pelo juiz (art.º 579.º) ou por requerimento das
partes (art.º 577.º).
No despacho que ordenar a perícia, o juiz fixa o seu objeto, nomeia os peritos (um ou
três – art.º 568.º, n.º 1 e 569.º) e designa local e data para a sua realização – art.ºs 580.º.
100
Manual de apoio ao ingresso - 2013
antecipado dos encargos nos termos do art.º 20.º do RCP, devendo ser remetido o respetivo
DUC-Guia nos termos dos n.ºs 1 e 3 do art.º 21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de Abril.
Além de ser notificado às partes, o despacho é também notificado aos peritos (por via
postal registada – cfr. art.º 257.º do CPC), com a informação de que um eventual pedido de
escusa deve ser apresentado no prazo de 5 dias a contar da notificação, que se presume
efetuada no 3.º dia posterior ao do registo postal da carta.
Para prova dos fundamentos da ação, cada parte não pode oferecer mais do que 5
testemunhas por cada facto, contudo sem exceder o máximo de 20 testemunhas,
considerando-se não escritos os nomes das testemunhas que estiverem para além daqueles
limites (art.ºs 632.º e 633.º).
Para prova do pedido reconvencional e respetiva defesa, pode cada uma das partes
oferecer o mesmo número de testemunhas (art.º 632.º, n.º 2).
101
Manual de apoio ao ingresso - 2013
As testemunhas são convocadas para comparecer no tribunal ou no lugar que for
determinado por aviso registado nos termos do art.º 257.º.
Em regra, o registo é efetuado por gravação sonora, sem embargo do recurso a outros
processos técnicos de que o tribunal possa dispor (art.º 522.º-C do CPC.).
Juntas as provas ou terminado o prazo para a sua apresentação a secretaria faz o processo
“concluso”.
1. O juiz deve providenciar pela marcação das datas das diligências mediante prévio
acordo com os mandatários judiciais que devam comparecer, para o que pode encarregar a
secretaria de realizar de forma expedita os contactos prévios necessários (via telefónica,
fax, etc.).
2. Quando a marcação não possa ser feita com o prévio acordo dos mandatários
judiciais, devem estes, se impedidos noutro serviço judicial já marcado, comunicar o facto
ao tribunal, no prazo de cinco dias, propondo datas alternativas, após contacto com os
restantes mandatários interessados.
3. O juiz pode alterar a data inicialmente fixada, pelo que apenas se procede à
notificação dos demais intervenientes após o decurso do prazo de cinco dias, atrás
referido.
102
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Assim, decorrido o prazo do n.º 2 do art.º 155.º, deve ser paga a 2.ª prestação da taxa
de justiça, devendo o interessado comprovar o pagamento no prazo de 10 dias,
contados da notificação para a audiência final (n.º 2 do art.º 14.º do RCP).
Já quando se verifiquem as circunstâncias de não haver lugar a audiência final e não for
dispensado o pagamento da segunda prestação nos termos do n.º 5 do art.º 14º da RCP,
é o montante em questão incluído na conta de custas.
46
Não tiver sido junto ao processo o documento comprovativo do pagamento da segunda prestação da
taxa de justiça, ou esta e da multa ou ainda da concessão de benefício de apoio judiciário.
103
Manual de apoio ao ingresso - 2013
As testemunhas residentes na área do círculo ou nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto, para as causas pendentes em tribunais aqui sediados, são notificadas
mediante a expedição de aviso registado (art.º 257.º), para comparecerem sob pena
de serem condenadas em multa no caso de faltarem injustificadamente (art.º 27, n.º
1 do RCP) e de ser ordenada a sua comparência sob custódia nos termos do n.º 4 do art.º
629.º.
Se a notificação de alguma testemunha, ou parte, não tiver sido possível, é
notificada, oficiosamente, a parte que a indicou, dos motivos da falta de notificação,
para requerer o que tiver por conveniente.
As causas de adiamento da audiência encontram-se previstas no art.º 651.º
CPC.
Quando, por impossibilidade de constituição do tribunal coletivo, alguma das partes tenha
prescindido do mesmo, pode qualquer das partes requerer, no início da audiência, a gravação da
mesma.
Procede-se, ainda, à gravação dos depoimentos das testemunhas presentes quando falte
algum dos advogados, fora dos casos acima indicados, podendo o faltoso, após audição do registo
do depoimento, requerer nova inquirição.
Sempre que constatar a falta de algum interveniente, após a realização da chamada, o
oficial de justiça deve verificar, através da consulta do processo, se a pessoa foi devidamente
notificada e informar o facto ao juiz.
104
Manual de apoio ao ingresso - 2013
o Formalidades da audiência (instrução e discussão da causa):
Previamente convirá referir que deixou de ser possível o adiamento por acordo das partes
(art.º 651.º do CPC.) não podendo adiar-se a audiência mais de uma vez, salvo no caso de
impossibilidade de constituição do tribunal coletivo, sem que nenhuma das partes dele prescinda.
A discussão e julgamento da causa desenrolam-se com observância do disposto nos art.ºs
652.º a 657.º do CPC.
Não havendo razões para adiamento, realizar-se-á a discussão da causa (art.º 652.º do
CPC.):
a)- Tentativa de conciliação das partes (art.º 652.º, n.º 2 do CPC.), a qual só deve ser
efetuada:
- se a causa estiver no âmbito do poder de disposição das partes;
- se as partes estiverem presentes ou se se tiverem feito representar por procurador
com poderes especiais para transigir;
b)- Parte instrutória da audiência - destina-se à produção das provas, que são, em regra,
o depoimento de parte e a prova testemunhal (art.º 652.º, n.º 3 do CPC.);
c)- Debates – altura em que os advogados procurarão fixar os factos que consideram
provados e que se processa oralmente;
Encerrada a discussão, o tribunal recolhe à sala das conferências para decidir por meio
de acórdão (ou despacho se o julgamento não se realizar com a intervenção do tribunal
coletivo), nos termos dos n.ºs 1, 2 e 3 do art.º 653.º do CPC.
Este acórdão é lido pelo presidente na sala de audiências, após decisão do coletivo,
podendo os advogados reclamar contra este, nos termos previstos nos n.ºs. 4 e 5 do mesmo
artigo.
105
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Julgada a matéria de facto, as partes podem acordar na discussão oral do aspeto
jurídico da causa, que então se fará perante o juiz incumbido de lavrar a sentença final (art.º
653.º, n.º 5 do CPC.).
Se as partes não prescindirem da discussão, por escrito, do aspeto jurídico da causa, o
processo é facultado para exame ao advogado do A. e depois ao do R., pelo prazo de 10
dias, a cada um deles (prazos que se contam seguidos), a fim de alegarem por escrito (art.º
657.º do CPC).
Sentença:
A forma e o conteúdo da sentença estão previstos nos art.ºs 659.º a 665.º do CPC.
Proferida esta, procede-se a:
-Notificação do M.ºP.º (art.º 258.º do CPC., notificação que deve ser sempre
efetuada, mesmo que não seja parte, para os fins do disposto no art.º 3.º, n.º 1 als. f),
e o) do Estatuto do Ministério Público alterado e republicado com a Lei n.º 60/98, de
28/08), e das partes na sua pessoa ou na pessoa dos seus mandatários, caso tenham
constituído mandatário (art.ºs 253.º, 255.º e 259.º do CPC.);
- Notação estatística no “Habilus”47; e
- Registo em livro especial (n.º 4 do art.º 157.º do CPC).
Aguarda-se pelo prazo de 30 dias (art.º 685.º, n.º 1 do CPC.) que a decisão transite
em julgado (art.º 677.º do CPC.), sem prejuízo do disposto no art.º 145.º do CPC.
106
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Em prazo idêntico (30 dias) ao da interposição, pode o recorrido responder à alegação
do recorrente. Se o recurso tiver por objeto a reapreciação da prova gravada, ao prazo de
interposição e de reposta acrescem 10 dias (art.º 685.º - n.ºs 5 e 7).
Findos os prazos para alegações e resposta, o juiz emite despacho sobre o requerimento
e, exceto nos casos dos n.ºs 2 e 3 do art.º 685.º-C, ordena a subida dos autos ao tribunal
superior.
Findo este prazo, sem que nada seja requerido, elabora-se a conta. Esta é
notificada, remetendo-se as guias, sendo caso disso, e, pagas as custas, fazem-se os vistos
“fiscal” e “correição” (art.º 126.º, n.º 2, da Lei n.º 3/99, de 13/01).
Não sendo pagas as custas, colhidas as informações sobre bens suscetíveis de penhora do
devedor, informa-se o Ministério Público, para requerer ou não a execução por custas (art.º
35.º do RCP).
Ministério Público – 2 dias para promoções de mero expediente – art.º 160.º, n.º 2
107
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Distribuição da reclamação na 214.º+222 Bi-diária
espécie 10.ª .º+
Secretaria Portaria
114/2008
Conclusão
Reclamação
108
Manual de apoio ao ingresso - 2013
procuração a favor de mandatário
judicial)
Juiz Correição
FIM
109
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Réu Oferece tréplica em 15 dias, 503.º e 15 dias
notifica-a ao autor e comprova a 504.º
notificação nos autos nos termos
dos art.ºs 229-.º-A e 260.º-A, n.º 2.
110
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Juiz + Realização da audiência preliminar 508.º-A e
Partes + (despacho saneador ditado para a 509.º
Secretaria ata – art.º 510.º, n.º 2)
- Há a possibilidade de o processo
terminar por conciliação das partes
(509.º)
111
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Secretaria Notifica as partes e convoca as 253.º +
pessoas que devam intervir na 257.º
audiência (testemunhas, peritos,
etc.)
112
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Secretaria Notifica Ministério Público e as 255.º, 5 dias
partes 258.º e
259.º; 157
Registo da sentença e notação – n.º 4
estatística
Público
Juiz Correição
AÇÃO SUMÁRIA
O processo sumário rege-se pelas disposições que lhe são próprias (art.º 463.º, n.º 1)
e subsidiariamente:
1. Pelas disposições gerais e comuns;
2. Pelo estabelecido para o processo ordinário.
113
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se o réu tiver deduzido pedido reconvencional ou a ação for de simples apreciação
negativa, também há lugar a resposta, podendo, neste caso, ser oferecida no prazo de 20
dias (art.º 786.º do CPC.);
A resposta é notificada pelo advogado do autor ao advogado do réu – cfr. art.ºs 229.º-A
e 260.º-A do C.P.C – com envio do comprovativo para os autos.
Cada parte não pode arrolar mais de 3 testemunhas por cada facto, nem ultrapassar o
limite máximo de 10 testemunhas (art.º 789.º do CPC), considerando-se não escritas as
testemunhas arroladas para além destes limites (cfr. n.º 3 do at.º 632.º ex vi do n.º 1 do art.º
463.º);
Findo o prazo, a secretaria abre conclusão para marcação da audiência final, sendo o
julgamento efetuado por juiz singular (art.º 791.º do CPC.).
Na audiência de julgamento pode haver reclamação da matéria de facto – cfr. art.º 508.º-B, n.º 2
do CPC.
A discussão sobre o aspeto jurídico da causa é sempre oral (art.º 790.º, n.º 1 do CPC).
114
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Ministério Público – 2 dias para promoções de mero expediente – art.º 160.º, n.º 2
Conclusão
RECLAMAÇÃO
115
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Secretaria Em caso de frustração da via postal, 239.º, n.ºs 7
citação por agente de execução ou ou 8
por oficial de justiça
+ 658.º
116
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Juiz Correição
FIM
117
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Secretaria Notifica a(s) parte(s) em 229.º 10 dias
conformidade com o despacho
anterior (prazo das partes 10 dias)
- Há a possibilidade de o processo
terminar por conciliação das partes
(509.º)
118
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Secretaria Notifica as partes do despacho 512.º 5 dias
saneador e para indicação das
provas
Partes +
Secretaria (Em caso de adiamento, a audiência e segs.
DE
119
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Juiz Prolação do despacho sobre a 653.º
matéria de facto
Público
Juiz Correição
AÇÃO SUMARÍSSIMA
O Processo Sumaríssimo rege-se pelas disposições que lhe dizem respeito (art.º
464.º) e
1. Pelas disposições gerais e comuns;
2. Pelo estabelecido para o processo sumário;
3. Pelo estabelecido para o processo ordinário.
120
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O prazo para a contestação é de 15 dias com a advertência de que a falta de
contestação importa a confissão dos factos articulados pelo autor (art.ºs 794.º, 480.º e
484.º do CPC.);
Não havendo contestação, vai o processo “concluso” ao juiz que pode decidir do
mérito da causa (art.º 795.º, n.º 1 do CPC.);
Se a ação tiver que prosseguir, é logo marcado dia para a audiência final, a efetuar no
prazo de 30 dias, não sendo aplicável o disposto nos n.ºs 1 a 3 do art.º 155.º (art.º 795.º, n.º 2
do CPC.);
O rol de testemunhas é oferecido logo nos articulados (art.ºs 793.º e 794.º do CPC.),
que é notificado ao réu aquando da citação;
Não há despacho saneador, seguindo-se à notificação da contestação, se for caso disso,
a “conclusão” ao juiz ;
As testemunhas, até 6, não são notificadas para julgamento exceto se a parte
interessada o tiver requerido (art.º 796.º, n.º 4 do CPC.).
A sentença é sucintamente fundamentada e logo ditada para a ata – art.º 796.º, n.º 7.
Juiz – 2 dias para despachos de mero expediente – art.º 160.º, n.º 2 (cfr. art.º 156.º/4)
Ministério Público – 2 dias para promoções de mero expediente – art.º 160.º, n.º 2
121
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Apresenta nova p. i. 464.º +
10 dias
476.º
Autor
Reclamação para o juiz 464.º + 10 dias
475.º +
153.º
Conclusão
122
Manual de apoio ao ingresso - 2013
factos reconhecidos determinarem a 484.º/2
procedência da ação, é proferida
sentença condenatória
+ 658.º
(mínimo)
Juiz Correição
FIM
O réu é citado e
contesta
123
Manual de apoio ao ingresso - 2013
2
796.º
A audiência pode ser suspensa para
realização de diligências probatórias,
devendo concluir-se dentro de 30
dias. A prova pericial é realizada por
um único perito.
124
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Juiz + Juiz profere sentença logo ditada para 796.º - n.º
SENTENÇA
Secretaria a ata. 7
Juiz Correição
Ação Executiva
INTRODUÇÃO
Aquele diploma, sem romper a sua ligação aos tribunais, atribui ao agente de execução
a iniciativa e a prática dos atos necessários à realização da função executiva, a fim de
125
Manual de apoio ao ingresso - 2013
libertar o juiz das tarefas processuais que não envolvem uma função jurisdicional e os
funcionários judiciais de tarefas a praticar fora dos tribunais.
Com o novo regime da ação executiva instituído pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de
Novembro, foram introduzidas medidas de simplificação processual e medidas de carácter
preventivo.
O executado pode ver suspensa a sua inclusão na referida lista se pagar ao exequente ou
aderir a um plano de pagamentos elaborado com o auxílio de uma entidade reconhecida pelo
Ministério da Justiça e cumpri-lo na íntegra.
126
Manual de apoio ao ingresso - 2013
contadas ou liquidadas, como também em todas as execuções em que o Estado seja
exequente, naquelas em que o exequente beneficiar de apoio judiciário na modalidade de
atribuição de agente de execução (art.ºs 16.º, n.º 1-g) e 35.º-A da Lei 34/2004, de 34/2004,
de 29 de Julho, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 47/2007, de 28 de Agosto), para
além, obviamente, dos casos em que não houver agente de execução na comarca nos termos
previsto no artigo 808.º CPC, estando igualmente prevista a possibilidade de escolha de oficial
de justiça, em alternativa ao agente de execução, sempre que pessoas singulares intentem
ações executivas para cobrança de créditos que não derivem da sua atividade profissional
(art.º 19.º do DL 226/2008, de 20/11).
O juiz de execução
- Proferir o despacho liminar, quando deva ter lugar, nomeadamente, nos termos do
art.º 812.º-D, o qual poderá ser de:
- Decidir outras questões levantadas pelas partes, pelo agente de execução ou mesmo
por terceiros intervenientes.
127
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O n.º 3 do mesmo artigo prevê a aplicação de uma multa ao agente de
execução que apresentar requerimento considerado injustificado, a
fixa entre 0,5 e 5 UC, sendo cobrável nos termos dos art.ºs 27.º e 28.º
do Regulamento das Custas Processuais, após o trânsito em julgado da
decisão que a tiver aplicado, a qual será, pela secretaria, notificada ao
órgão com competências em matéria disciplinar dos agentes de
execução que é a Comissão para a Eficácia das Execuções - cfr. art.ºs
69.º-C e 131.º-A do Decreto-Lei n.º 88/2003, de 10/9, aditados pelo
art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro.
Aplica-se também
às execuções para
128
Manual de apoio ao ingresso - 2013
entrega de coisa
certa (art.ºs
928.º/931.º) e para
prestação de facto
(art.ºs 933.º a
942.º) por força do
art.º 466.º, n.º 2.
129
Manual de apoio ao ingresso - 2013
840.º, n.º Ordem de requisição de força pública para Semelhante ao
3 entrega efetiva de imóvel penhorado ao art.º 848.º, n.º 3
130
Manual de apoio ao ingresso - 2013
886.º-A, Decisão em caso de desacordo manifestado por
n.º 7 exequente, executado e credores reclamantes
relativamente à modalidade da venda
escolhida pelo agente de execução (mediante
requerimento).
131
Manual de apoio ao ingresso - 2013
907.º Decisão sobre reclamações contra a venda.
O agente de execução
O agente de execução é a figura, criada pela reforma de 2003, a quem, de uma forma
geral, compete, no âmbito do novo regime instituído pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de
Novembro, assegurar o andamento normal do processo executivo até à sua extinção,
praticando a generalidade dos atos processuais, tais como citações, notificações, afixação
de editais, publicações de anúncios, apreensões, penhoras e vendas, e simultaneamente
alguns atos subtraídos à esfera das competências formais do juiz, tais como a escolha dos
bens a penhorar independentemente da indicação feita pelo exequente (sem prejuízo,
naturalmente, do regime de preferência obrigatória instituído pelo art.º 835.º e da ordem
pela qual deve efetuar a penhora dos bens, conforme dispõe o art.º 834.º-n.º1, al. a)); a
escolha do depositário dos bens; a determinação da modalidade da venda (art.º 886.º-A) e a
presidência da mesma (à exceção da venda de bem imóvel ou de estabelecimento, sendo que
neste último caso cabe-lhe presidir se o juiz o não fizer), o reconhecimento da extinção da
instância executiva nos termos do art.º 919.º.
No âmbito das suas competências, cabem ao agente de execução, além do dever geral
de prestar ao Tribunal os esclarecimentos que lhe forem solicitados sobre o andamento das
132
Manual de apoio ao ingresso - 2013
diligências de que seja incumbido, nos termos do art.º 123.º, n.º 1-d) do Estatuto da Câmara
dos Solicitadores, efetuar a inscrição, atualização, retificação e eliminação dos dados
constantes do registo informático de execuções (cfr. art.ºs 3.º a 5.º do Decreto-Lei n.º
201/2003, de 10/09, na redação que lhe foi dada pelo art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 226/2008,
de 20 de Novembro), estando-lhe acometidas, igualmente, as tarefas de inclusão na lista
pública de execuções das que, entretanto, forem extintas com pagamento parcial ou por não
terem sido encontrados bens penhoráveis – art.º 16.º-A do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de
Setembro, e art.º 4.º da Portaria n.º 313/2009, de 30 de Março.48
48
É curioso que a atualização e retificação de registos na lista pública de execuções é da competência secretaria, quando a
responsabilidade dos dados dela constantes é do agente de execução, a maioria das vezes, solicitador de execução ou advogado.
Acresce que este ato é urgente e deve ser efetuado no prazo máximo de dois dias, sob pena de, não havendo decisão, este
facto ser comunicado ao Conselho Superior da Magistratura e ao Conselho dos Oficiais de Justiça (cfr. art.º 16.º-B, n.ºs 2, 3 e
5 do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10/9 e art.ºs 4.º e 10.º da Portaria n.º 313/2009, de 30 de Março).
49
Esta consulta direta é feita eletronicamente a partir do sistema de gestão processual da Câmara dos Solicitadores - GPESE
(art.º 2.º, n.º 1 da Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de Março).
50
Cfr. Art.ºs 69.º-B e seguintes do Estatuto da Câmara dos Solicitadores.
133
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Nas execuções em que o Estado51 seja exequente, as funções de agente de
execução são sempre realizadas por oficial de justiça. Afigura-se-nos que esta
competência não se estende aos exequentes isentos de custas, como é o caso, por
exemplo, do Fundo de Garantia Automóvel que, formalmente integrado no Instituto
de Seguros de Portugal, é materialmente um instituto público. Não se vislumbra
qualquer possibilidade de interpretar, quer literal quer juridicamente, a norma em
análise - art.º 808.º, n.º 5, no sentido de associar ao Estado a isenção de custas de
que, aliás, não beneficia.52
Repare-se que, agora, o oficial de justiça não é mais designado de agente de
execução, apenas exercendo funções como tal, não lhe sendo aplicável o estatuto
de agente de execução (cfr. n.ºs 5 e 13 do art.º 808.º).53
51
Representado pelo Ministério Público nos termos das competências previstas no seu estatuto (art.º 3.º da Lei n.º
60/98, de 28/08).
52
Se o legislador assim o entendesse, teria acrescentado os isentos de custas aos exequentes que veriam as suas execuções
tramitadas pelo oficial de justiça, nas vestes de agente de execução, como, aliás, fez o legislador de custas ao isentar o
Ministério Público de custas nos termos do art.º 4.º, n.º 1, al. a) do Regulamento das Custas Processuais.
53
Às diligências de execução promovidas por oficial de justiça, aplicam-se as disposições da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de
Março, com as devidas adaptações (art.º 47.º, n.º 1 daquela Portaria).
54
“Quando seja concedido apoio judiciário na modalidade de atribuição de agente de execução, este é sempre um oficial de
justiça, determinado segundo as regras da distribuição.”- Art.º 35.º-A da Lei n.º 34/2004, de 29/7.
55
O novo conceito de comarca instituído pela Lei n.º 52/2008, de 28 de Agosto (LOTF), tem maior amplitude que no passado,
sendo que em cada uma das três novas comarcas piloto do Alentejo Litoral, Baixo Vouga e Grande Lisboa Noroeste, são
134
Manual de apoio ao ingresso - 2013
de intervenção do agente inscrito de entre as previstas nos artigos 120.º a 122.º, e
129.º do Estatuto da Câmara dos Solicitadores56 (incompatibilidade, impedimento,
escusa, substituição, destituição) - cfr. art.º 808.º, n.ºs 4, 6 e 7, e art.ºs 5.º, 7.º, 8.º
e 9.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30/3.
abrangidos todos os municípios integrados em cada uma delas. Com efeito, na Comarca da Grande Lisboa Noroeste encontram
assento todos os tribunais que, na vigência da Lei n.º 3/99, de 13/1, compunham as comarcas de Mafra, Amadora e Sintra. A do
Baixo Vouga integra os municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro,
Ovar, Sever do Vouga e Vagos. E a do Alentejo Litoral integra os municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do
Cacém e Sines – mapa II anexo à Lei n.º 52/2008.- De notar, ainda, que este novo conceito tem influência na aplicação das regras
da dilação previstas no art.º 252.º-A do C.P.Civil, na medida em que, por exemplo, o executado residente em Ílhavo (município
integrado na Comarca do Baixo Vouga) não beneficia de dilação pelo facto de o processo correr no juízo de execução de Ovar,
município diferente da mesma Comarca (cfr. art.º 252.º-A, n.º1, al.b), à contrário).
56
Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 88/2003, de 26 de Abril.
135
Manual de apoio ao ingresso - 2013
instância executiva extingue-se com os pagamentos do crédito exequendo e das custas. É pelo
alcance deste objetivo que o agente de execução desenvolve a sua atividade.
Não se compreende, pois, que, a meio da instância e só pelo simples facto de estarem
em dívida as custas da execução, se opere a substituição contra legis do agente de execução
pelo oficial de justiça.
o Competências
O n.º 1 do art.º 808.º atribui ao agente de execução competência para efetuar todas as
diligências do processo executivo (até à sua extinção), tais como citações, notificações,
publicações, penhoras, vendas, salvo quando a lei determine o contrário, nos termos
definidos na Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março.
Tem sido suscitada a dúvida sobre se as notificações a realizar pelo agente de execução
abrangeriam igualmente as dos apensos declarativos, tais como a oposição (à execução e à
57
Quanto às solicitações destinadas a uma das novas comarcas piloto instaladas a partir de 14 de Abril de 2009
(cfr. Lei n.º 52/2008, de 28 de Agosto, e Dec. Lei n.ºs 25 e 28/2009, de 26 e 28 de Janeiro, respetivamente) tenha-
se em atenção o seguinte:
Alentejo Litoral – as solicitações devem ser dirigidas à secretaria do Juízo de Média e Pequena Instância Cível de
Alcácer do Sal ou de Grândola, consoante o município em que os atos executivos devam ser praticados; à
secretaria do Juízo de Média e Pequena Instância Cível de Santiago do Cacém, com competência territorial nos
municípios de Santiago do Cacém e de Sines; ou, ainda, à secretaria do Juízo de Competência Genérica de
Odemira, se o ato dever ser praticado no domínio territorial do município com o mesmo nome.
Baixo Vouga – à secretaria do Juízo de Execução de Águeda, se os atos executivos deverem ser praticados nos
municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Ílhavo, Oliveira do Bairro, Sever do Vouga e Vagos, ou à
secretaria do Juízo de Execução de Ovar, se os atos solicitados deverem ser praticados nos municípios de Aveiro,
Estarreja, Murtosa e Ovar.
Grande Lisboa-Noroeste – à secretaria do Juízo de Execução sedeado em Sintra, com competência territorial
alargada aos municípios de Amadora, Mafra e Sintra.
136
Manual de apoio ao ingresso - 2013
penhora) ou a reclamação de créditos, habilitação de sucessores, embargos de terceiro ou
outros procedimentos incidentais de natureza declarativa, e bem assim as diligências
subsequentes ao despacho que ordenar a realização de diligências probatórias para
apreciação do pedido de dispensa de citação prévia nos termos do artigo 812.º-F, n.º 3.
Em face do que dispõe o n.º 1 do artigo 808.º, os atos específicos do agente de execução
circunscrevem aos atos da própria execução, tais como a citação do executado, a penhora, as
citações do cônjuge e dos credores ou mesmo a venda, em que ele goza de relativa
autonomia.
Neste sentido, afigura-se-nos que a tramitação dos apensos e dos procedimentos
incidentais de natureza declarativa, bem como dos recursos, são da competência da
secretaria.
Por exemplo:
A apreciação, pelo juiz, do pedido de dispensa de citação prévia formalizado
pelo exequente no requerimento executivo, implica despacho inicial e a
realização de diligências probatórias, após o que é decidido (cfr. art.ºs 810.º, n.º
1-j) e 812.º-F, n.º 3 e o anexo C5 do modelo aprovado pela Portaria n.º 321-
B/2009, de 30/03).
Cabe, assim, à secretaria dar integral cumprimento não só aos despachos do juiz,
preparar e intervir em todas as diligências que tenham lugar e cumprir a decisão
final do incidente, designadamente notificá-la aos sujeitos processuais e ao
agente de execução.
58
De notar que o agente de execução não está mais na dependência funcional do juiz, como se encontrava o
solicitador de execução nos termos definidos no art.º 116.º do Estatuto da Câmara dos Solicitadores na redação
anterior ao Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11.
Nem tão pouco se acha agora submetido ao controlo do juiz, conforme prescrevia a anterior redação do n.º 1 do
art.º 808.º com referência ao n.º 1 do art.º 809.º.
137
Manual de apoio ao ingresso - 2013
termos do art.º 5.º, n.º 1 da Portaria n.º 331-B/2009, de 30/03. Na falta de designação, no
prazo de 5 dias, pelo exequente, ou ficando a designação sem efeito, é a mesma efetuada
pela secretaria, segundo a escala constante da lista informática fornecida pela Câmara dos
Solicitadores (cfr. art.ºs 810.º, n.º 12, 811.º-A, n.º 1, do CPC, e 5.º, n.º 5 da Portaria n.º 331-
B/2009, ato este que se opera através das comunicações recíprocas estabelecidas entre o
Habilus (aplicação informática dos tribunais) e o GPESE (aplicação informática da Câmara dos
Solicitadores) e que se resolve instantaneamente.
Com a alteração do n.º 2 do art.º 808.º operada pela Lei n.º 14/2006, de 26 de Abril,
alargou-se a todo o território nacional a possibilidade de escolha do agente de execução
por parte do exequente, medida com a qual se procurou superar a carência de solicitadores
de execução em determinadas parcelas do território nacional e fomentar a estreita
colaboração entre o solicitador de execução e o exequente e o seu mandatário.
Tal opção mantém-se com o novo regime, alargando-se, agora, tal possibilidade, além
de solicitadores inscritos ou registados em qualquer comarca, também a advogados, que
fazem parte duma lista de agentes de execução59 disponibilizada pela Câmara dos
Solicitadores (cfr. art.º 808.º, n.º 3, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de
20/11, e art.º 26.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30/03).
Não sendo aquela designação feita pelo exequente, mantêm-se os critérios de
designação do agente de execução pela secretaria, nos termos do art.º 811.º-A, de entre os
agentes de execução inscritos ou registados na comarca ou, na sua falta, entre os inscritos ou
registados nas comarcas limítrofes.
Na falta de agente de execução inscrito ou registado na comarca, pode o exequente
requerer que essas funções sejam desempenhadas por oficial e justiça determinado segundo
as regras da distribuição (art.º 808.º-n.º 4).
O n.º 8 do art.º 808.º (com a redação dada pelo DL n.º 226/2008) concede ao agente de
execução competência para praticar os atos executivos em qualquer ponto do território
nacional, sem prejuízo de poder solicitar a outro agente de execução a realização de
diligências fora dos limites da comarca de execução, o qual agirá sob a responsabilidade do
solicitante.
59
http://www.solicitador.org/publico/solicitadores/listagem/ListaSolComarca_InputForm
138
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O agente de execução, quando houver de praticar atos executivos fora da área
territorial do tribunal em que foi designado, ou, no caso de Lisboa e Porto fora dos limites das
respetivas áreas metropolitanas60, pode solicitar a realização, sob sua responsabilidade, a
agente de execução da respetiva área comarcã – art.º 808.º, n.º 8.
Pode, igualmente, ser pedida a realização de diligências que impliquem deslocação para
fora da área da comarca de execução, na falta de agente de execução nessa área, ao oficial
de justiça, mediante solicitação dirigida à secretaria do tribunal da comarca da área da
diligência, por meio eletrónico (cfr. n.ºs 8 e 9 do art.º 808.º).
Se as funções de agente de execução forem exercidas por oficial de justiça, nos termos do
n.º 5 do art.º 808.º, o pedido de realização de diligências que devam realizar-se fora da
comarca é feito por transmissão eletrónica, através do sistema informático, ou pela via que
se revelar mais eficaz para casos urgentes, nos termos do n.º 5 do art.º 176.º (telecópia, via
eletrónica ou outro meio telemático) e dirigido à secretaria judicial do tribunal da comarca
da área da diligência a realizar – art.º 808.º, n.º 9, 801, n.º 2 e 25.º da Portaria n.º 114/2008,
de 6/2. 61
(art.º 810.º, n.º 6 CPC e art.º 7.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março)
Com este novo regime da ação executiva, o controlo do processo passa a estar na
disponibilidade do exequente.
60
A Grande Área Metropolitana de LISBOA integra os seguintes municípios: Alcochete, Almada, Amadora,
Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sesimbra, Setúbal, Seixal,
Sintra e Vila Franca de Xira. E da Grande Área Metropolitana do PORTO fazem parte os seguintes municípios:
Arouca, Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, S. João
da Madeira, Trofa, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia (Cfr. Lei n.º 10/2003, de 13 de Maio).
61
Considerando que a Grande Área Metropolitana de Lisboa engloba os três municípios que integram a nova
comarca da Grande Lisboa-Noroeste (Amadora, Mafra e Sintra), as solicitações serão enviadas ao respetivo Juízo
de Execução sediado em Sintra (cfr. art.º 30.º do Decreto-Lei n.º 25/2009, de 26 de Janeiro).
139
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Nesse sentido, permite-se que o exequente possa substituir livremente o agente de
execução (solicitador ou advogado). É uma medida que tem a sua contrapartida no acrescido
dever de informação do agente de execução ao exequente (já não ao Tribunal como até aqui
– cfr. art.º 837.º) e com o reforço do controlo disciplinar dos agentes de execução, através da
criação de um órgão de composição plural, apto a exercer uma efetiva fiscalização da sua
atuação, que é a Comissão para a Eficácia das Execuções (cfr. competências - art.º 69.º-C do
Estatuto da Câmara dos Solicitadores).
140
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Fundamentam a destituição do agente de execução a atuação processual dolosa ou
negligente ou em violação grave de dever que lhe seja imposto.
— A ação executiva rege-se, em primeira linha, pelas normas próprias (art.ºs 45.º a 60.º,
90.º a 95.º e 801.º a 943.º), sendo que os art.ºs 801.º a 809.º se revestem de carácter
geral;
— Em segundo lugar, a ação executiva com processo comum rege-se, a título subsidiário,
pelas disposições gerais e comuns do Código de Processo Civil ( art.ºs 1.º a 466.º);
— Por último, têm aplicação subsidiária as normas próprias da ação declarativa comum
(art.º 466.º, n.º 1).
141
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A ação executiva não visa a definição do direito violado, mas a sua reparação efetiva a
partir do pedido formulado pelo titular do direito (exequente) através do requerimento
executivo – cfr. art.ºs 2.º e 4.º, n.º 3.
Para tanto, é imprescindível que o direito que se pretende fazer valer na ação
executiva conste dum título executivo.
A ação executiva é o meio próprio para a realização da prestação não cumprida, para a
reparação do direito que esteja definido no título que serve de base a essa mesma execução.
A lei distingue três tipos de ações executivas, consoante o fim a que as mesmas se
destinam ou de acordo com a forma de processo aplicável.
Assim, a ação executiva pode ter por finalidade (art.º 45.º, n.º 2):
142
Manual de apoio ao ingresso - 2013
penhora nos bens do executado suficientes para pagamento da importância
apurada (cfr. art.ºs 928.º a 931.º).
c) Prestação de facto (positivo ou negativo)62 é a que se funda em título que impõe
ao devedor uma obrigação de prestar ou não prestar um facto, fungível ou
infungível63 - cfr. art.ºs 933.º a 942.º do CPC e 828.º a 829.º-A do Cód. Civil.
Sendo a prestação de facto fungível, o exequente pode requerer que ela seja prestada
por outrem à custa do património do devedor (art.º 828.º do C.C.), sendo, neste caso,
penhorados e vendidos os bens do executado necessários ao pagamento da obrigação
equivalente à que consta do título executivo.
Caso a prestação de facto seja infungível (quando não se pode obter de terceiro a
prestação) e não tendo a prestação sido cumprida voluntariamente pelo devedor, a obrigação
extingue-se, uma vez que o credor não pode obter a sua execução forçada.
O facto que o devedor estiver obrigado a prestar pode ser positivo ou negativo, assim a
obrigação se traduza em “fazer” ou “não fazer”.
Exemplos:
62
“A condenação dos réus a não impedirem a realização de obra nova ou de reparação implica uma obrigação de
prestação de facto negativo, na modalidade de obrigação de tolerância ou de deixar fazer (obrigação de pati).
O processo próprio para executar este tipo de obrigação é o de execução para prestação de facto negativo, nos
termos previstos nos arts. 941.º e 942.º do Código de Processo Civil.”
63
A prestação diz-se fungível quando pode ser realizada por pessoa diversa do devedor com satisfação do
interesse do credor, sendo-lhe indiferente que ela seja realizada pelo devedor ou por outra pessoa qualquer – cfr.
art.º 828.º do C.Civil.
De modo inverso, prestação infungível é aquela que tem de ser efetuada pelo devedor para satisfação do
interesse do credor.
143
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se o devedor estiver obrigado a “não” demolir um muro, está em causa a
prestação dum facto negativo.
Forma de processo
Pressupostos processuais
144
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Assim, a ação executiva está sujeita, tal como a ação declarativa, a pressupostos
gerais, tais como:
Mas, a ação executiva, além de estar sujeita àqueles pressupostos, está ainda sujeita a
outros, que lhe são específicos, tais como: o título executivo, a certeza, a exigibilidade da
prestação e a liquidez da obrigação exequenda.
o Título executivo
64
O título constitui o pressuposto formal da ação executiva destinado a conferir à pretensão substantiva um grau
de certeza suficiente para consentir a subsequente agressão patrimonial aos bens do vendedor - J. Lebre de
Freitas e outros, C.P.C. Anotado, I/87).
145
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Condição necessária, porque sem título não pode haver execução (cfr. art.º 45.º, n.º
1). É imperioso que o título acompanhe o requerimento inicial (cfr. art.º 810.º, n.º 6, al. a))65.
Sentenças condenatórias66
Em regra, a sentença constitui título executivo uma vez transitada em julgado, salvo se
dela for interposto recurso com efeito meramente devolutivo, caso em que a exequibilidade
da sentença se opera transitoriamente até à sua consolidação por via do trânsito em julgado
(cfr. art.º 47.º).
Assim, significa que ainda que atingida por recurso ordinário, a sentença pode titular
uma ação executiva, conquanto o recurso tenha efeito meramente devolutivo. A execução
assim iniciada pode sofrer modificação em função do resultado do recurso, modificação essa
65
O requerimento executivo deve ser acompanhado da cópia do título executivo, quando entregue por via
eletrónica, ou do original, quando entregue em papel, sob pena de recusa pelo agente de execução – art.º 811.º,
n.º 1-b).
66
Sentença é o ato pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum incidente que apresente a estrutura duma
causa. As decisões dos tribunais colegiais denominam-se acórdãos – art.º 156.º, n.ºs 2 e 3 do CPC.
São equiparados às sentenças os despachos e quaisquer decisões ou atos da autoridade judicial que condenem no
cumprimento duma obrigação – art.º 48.º do CPC.
146
Manual de apoio ao ingresso - 2013
que até pode passar pela extinção da instância executiva se o tribunal superior revogar a
sentença condenatória da 1.ª instância (cfr. art.º 47.º, n.º 2).67
Sentenças estrangeiras
147
Manual de apoio ao ingresso - 2013
parte deste, quer se trate de transação homologada pelo tribunal, quer de um instrumento
autêntico.
O título executivo europeu duma decisão judicial deve constar de certidão emitida na
língua e pelo tribunal que a tiver proferido utilizando-se o formulário constante do anexo I ao
referido Regulamento.69
No requerimento apresentado poderá o autor indicar (cfr. art.ºs 675.º-A, n.º 1 e 48.º,
n.º 2 da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março):
148
Manual de apoio ao ingresso - 2013
sentença (cfr. art.ºs 7.º, n.º 3, 11.º, 13.º, n.º 3 e 15.º do RCP), podendo o autor
enviar o respetivo comprovativo através do sistema informático CITIUS.
70
Cfr. art.ºs 369.º a 372.º do Código Civil.
71
Cfr. art.ºs 377.º do Código Civil.
72
Esta norma encontra-se regulamentada pela Portaria n.º 657-B/2006, de 29 de Junho.
149
Manual de apoio ao ingresso - 2013
fornecimento de determinados bens e de execução continuada - obrigações futuras
– estão sujeitas a uma condição suspensiva. Para valer como título carece de outro
documento probatório da verificação da condição e do incumprimento do devedor.
Exemplos: escritos particulares que obedeçam aos requisitos legais (alínea c) do art.º
46.º) e títulos de crédito, tais como extratos de fatura, letras, livranças e cheques prescritos.
Exemplos:
73
Cfr. art.ºs 373.º e seguintes do Código Civil.
150
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- Ata de reunião de assembleia de condóminos – art.º 6.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º
268/84, de 25 de Outubro;
Juros de mora (cfr. n.º 2 do art.º 46.º) – consideram-se abrangidos pelo título
executivo os juros de mora, à taxa legal, da obrigação dele constante. Podem surgir duas
situações:
Ao requerimento executivo deve o exequente juntar o título executivo (cfr. 810.º, n.º
6, a)).
Caso o título provenha de uma sentença, a execução corre por apenso ao processo e no
tribunal em que a causa foi julgada, ou com base no traslado extraído da respetiva ação
declarativa, nos casos de comarcas com competência executiva específica (juízos de
execução), a não ser que o juiz da execução entenda por conveniente apensar à execução o
processo em que a decisão haja sido proferida – art.º 90.º.
151
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Falta ou insuficiência do título executivo
Nos dez dias posteriores à notificação da recusa, o exequente pode apresentar novo
requerimento executivo ou os documentos em falta, nomeadamente o documento
comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça ou da concessão do benefício de apoio
judiciário, consoante o caso, reportando-se os efeitos do início da instância à data da
primitiva apresentação (cfr. art.ºs 150.º, 267.º, 466.º, 476.º, e 811.º, n.3).
a) O exequente no requerimento executivo faz uma exposição sucinta dos factos que
fundamentam o pedido e invoca que junta o título sem o ter junto.
Nesta situação, o juiz profere despacho de aperfeiçoamento convidando o
exequente a juntar o título em falta, dentro do prazo que fixar ou, na sua falta, no
prazo previsto no art.º 153.º, sob pena de indeferimento liminar do requerimento
inicial (cfr. art.º 812.º-E, n.º 3 e 4)
152
Manual de apoio ao ingresso - 2013
b) Se no requerimento executivo o exequente não junta o título nem lhe faz menção.
Nesta situação, o juiz profere despacho de indeferimento liminar por falta deste
pressuposto específico da execução, o qual é de conhecimento oficioso (cfr. art.º
812.º-E, n.º 1, al. a).
Se a ação executiva começar sem despacho liminar e o agente de execução não tiver
detetado a falta ou insuficiência do título executivo, o executado pode sempre deduzir
oposição à execução com tais fundamentos (cfr. art.ºs 813.º, n.º 1, 814.º al. a) e 816.º).
Se o executado, mesmo nesta situação, não recorrer aos meios de defesa atrás
expostos, pode o juiz, em qualquer momento, até ao primeiro ato de transmissão de bens
penhorados, ordenar a notificação do exequente para suprir a falta ou julgar extinta a
execução (cfr. art.º 820.º).
Se a escolha pertencer ao credor, este indica na petição por qual opta, tornando-se
assim certa a obrigação74.
74
Quando se tratar de uma prestação alternativa e a escolha pertencer ao credor, se o mesmo não a fizer no
requerimento executivo, é motivo de recusa por parte do agente de execução, nos termos dos art.ºs 811.º, n.º
1, al. a) e 810, n.º 1 al. h) parte final.
153
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se a escolha pertence ao devedor, este é citado pelo agente de execução para se
opor à execução e notificado para, no mesmo prazo da oposição, declarar por qual
das prestações opta, caso não haja outro prazo convencionado pelas partes (cfr.
803.º, n.º 1 e 548.º do C.C.) .
Exigibilidade
Se o credor não puder efetuar a prova por documento, ao requerer a execução, oferece
de imediato as respetivas demais provas, promovendo o agente de execução a intervenção
do juiz, que apreciará sumariamente a prova produzida, exceto se considerar necessário ouvir
o devedor (cfr. n.ºs 2 e 3 do art.º 804.º).
No caso de o juiz entender ouvir o devedor, este será citado com a advertência que
com a falta de contestação se considerará verificada a condição ou efetuada ou oferecida a
prestação, nos termos do requerimento executivo, salvo o previsto no art.º 485.º, exceção à
revelia. A contestação só pode ter lugar em oposição à execução, art.ºs 813.º e 817.º (cfr.
art.º 804.º, n.ºs 4 e 5).
154
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se a obrigação tiver prazo certo, a execução não pode ser proposta antes da data do
seu vencimento.
Se a obrigação não tiver prazo (obrigações puras) o credor tem o direito de exigir, a
todo o tempo, o cumprimento da obrigação. Se a interpelação for extrajudicial (carta
registada com aviso de receção ou notificação judicial avulsa, art.º 261.º) serve como prova
que o devedor foi interpelado. O credor junta documento ao requerimento executivo. Se não
houver interpelação extrajudicial, a citação do executado para a ação executiva vale como
interpelação.
NOTA:
155
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Liquidez
O quantitativo da obrigação tem de estar liquidado. Assim, quando a obrigação
constante do título é ilíquida, é necessário efetuar um certo número de operações no sentido
de tornar essa obrigação líquida.
Os juros que continuem a vencer-se são liquidados a final, pelo agente de execução,
calculados desde a data da apresentação em juízo do requerimento executivo até ao
pagamento integral, bem como a sanção pecuniária compulsória que seja devida (cfr. art.º
829.º-A do Código Civil).
Quando o título seja uma sentença, os montantes vão ser apurados posteriormente
(cfr. art.º 661, n.º 2) no incidente de liquidação iniciado por requerimento a juntar à ação
declarativa em que a sentença tiver sido proferida, renovando-se a instância para o efeito
(cfr. art.º 378.º, n.º 2).
Uma vez que a liquidação tem lugar na ação declarativa, quando a execução é proposta
já a obrigação se encontra liquidada (cfr. art.º 47.º, n.º 5), razão pela qual o executado só
pode deduzir oposição à execução e já não à liquidação.
156
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Quando o título não provenha de sentença, o incidente de liquidação faz parte da
instância executiva (cfr. art.º 805.º, n.º s 1 a 5). Os títulos provenientes de documentos
particulares só constituem verdadeiros títulos quando essa liquidação dependa de simples
cálculo aritmético (cfr. art.º 46.º, alínea c).
Nesta situação, o executado é logo citado, pelo agente de execução, para contestar
a liquidação, em sede de oposição à execução (cfr. art.ºs 813.º a 817.º), sob pena de a
obrigação se considerar fixada nos termos do requerimento inicial.
Nota:
Os árbitros são nomeados segundo as regras inscritas nos art.ºs 568.º e segs, sendo a
decisão arbitral definitiva, limitando-se o juiz a homologá-la.
157
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O patrocínio judiciário consiste na assistência técnica prestada às partes pelos
profissionais do foro – advogados e ou solicitadores.
75
Nas ações executivas com valor superior a € 30.000,00 (alçada da Relação) é
sempre obrigatória a intervenção de advogado (cfr. 1.ª parte do n.º 1 do art.º 60.º).
Nas ações executivas com valor não superior a 5.000 €, não é obrigatória a
constituição de mandatário, mesmo que haja oposição à execução, podendo as próprias
partes intervir no processo.
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€ 30.000,00 - alçada da Relação
Apenas Também
75
“Em matéria cível a alçada dos tribunais da Relação é de € 30.000 e a dos tribunais de 1ª instância é de €
5.000” – n.º 1 do art.º 24.º da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro, alterado pelo art.º 5.º do Dec. Lei n.º 303/2007, de
24/08)
158
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Da competência territorial
Com efeito, de acordo com o n.º 1 do art.º 94.º CPC (com a redação dada pela referida
Lei), o tribunal territorialmente competente para a execução é o do domicílio do
executado.
Da alteração igualmente produzida pela referida Lei à al.ª a) do n.º 1 do art.º 110.º, em
articulação com o disposto no art.º 110.º, resulta que:
76
Entrada em vigor da Lei (cfr. art.º 2.º da Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, na versão republicada com a Lei n.º
2/2005, de 24 de Janeiro):
159
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Verificada a incompetência territorial deve o agente de execução, antes de encetar
quaisquer atos e/ou diligências normais da ação executiva e sem prejuízo do n.º 3 do art.º
150.º-A, remeter o processo eletronicamente ao juiz para despacho liminar - cfr. art.ºs
812.º - D, n.º 1, f) do CPC.
Da alteração introduzida ao n.º 3 do art.º 90.º pela Lei n.º 14/2006 resultou o regresso à
figura da “execução de sentença por apenso” à ação em que a sentença tiver sido proferida.
No entanto, nas comarcas em que houver juízo de execução, a ação executiva fundada
em sentença proferida em juízo de pequena instância cível, juízo cível, vara cível, vara com
competência mista cível e criminal, ou em tribunal com competência genérica da mesma
comarca, corre no juízo de execução com base no traslado (não gratuito) da sentença.
Corre igualmente com base em traslado (não gratuito), a execução fundada em
sentença afetada por recurso que haja subido ao tribunal superior.
Tendo em atenção a remissão que no art.º 92.º é feita para o n.º 3 do art.º 90.º do CPC,
as execuções por custas, multas ou outras quantias cobradas (cfr. art.º 35.º n.º 1 do
Regulamento das Custas Processuais aprovado pelo Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de
Fevereiro) correm por apenso às ações em que as contas ou liquidações tiverem sido
elaboradas, regime este que não se aplica às execuções provenientes dos tribunais superiores
por força do art.º 93.º do CPC. Será de realçar que, agora, correm também por apenso as
execuções provenientes da falta de pagamento de multas por intervenientes acidentais.
Excluídas desta regra ficam as custas relativas a atos avulsos que têm força executiva
própria (cfr. art.º 35.º, n.º 3 do RCP).
O Ministério Público apenas instaura a execução quando forem conhecidos bens ao
devedor que se afigurem suficientes para o pagamento da execução, abstendo-se de o fazer
160
Manual de apoio ao ingresso - 2013
quando a dívida for de montante inferior aos custos da atividade e às despesas prováveis da
execução (cfr. n.º 4 do art.º 35.º do RCP).
Para que o Ministério Público fique na posse dos elementos que lhe permitam aferir da
possibilidade de instauração da execução, deve a secretaria, à semelhança do que fazia
anteriormente nos termos do art.º 115.º do Código das Custas Judiciais, recolher informações
sobre os bens penhoráveis do devedor e disponibilizá-la, através dos autos, ao Ministério
Público.
No entanto, havendo na comarca juízo de execução, correm ali, autonomamente, as
referidas execuções com base em traslados das contas ou liquidações elaboradas nas ações
tramitadas nos juízos de pequena instância cível, juízos cíveis, varas cíveis, varas com
competência mista cível e criminal, ou nos tribunais com competência genérica da mesma
comarca.
TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO
A ação executiva destinada ao pagamento de quantia certa passa pelas seguintes fases
processuais:
Inicial ou introdutória;
Oposição à execução;
Oposição à penhora;
Convocação de credores
Venda executiva;
Pagamento aos credores;
Extinção da execução.
161
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A execução inicia-se com a apresentação do requerimento executivo na secretaria do
tribunal de execução (cfr. art.ºs 150.º e 810.º, n.º 7), sob pena de recusa nos termos do art.º
811.º, n.º 1-a).
O modelo do requerimento executivo, em suporte de papel, foi aprovado pelo art.º 2.º
da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março, sob o comando do n.º 6 do art.º 810.º.
O modelo do requerimento executivo foi aprovado pelo art.º 2.º da Portaria n.º 331-
B/2009, de 30 de Março, e é de uso obrigatório quando apresentado em suporte de papel
(art.º 811.º, n.º 1-a)).
162
Manual de apoio ao ingresso - 2013
oferecer a respetiva prova, nos termos previstos no artigo 146.º do Código de Processo Civil
(cfr. art.º 810.º, n.º 11).
Após a distribuição automática que o sistema informático assegura duas vezes por dia,
às 9 e às 13 horas, deve o exequente juntar, no prazo de cinco dias83, os documentos que
não possam ser enviados conjuntamente com o requerimento executivo, incluindo o
documento comprovativo do pré-pagamento da taxa de justiça ou da concessão (não do
80
Esta multa é autoliquidada e o documento comprovativo do pagamento deve acompanhar o requerimento
executivo em papel (art.º 25.º, n.º 1 da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de Abril).
A falta de pagamento da multa, tal como no regime anterior, não implica a recusa de recebimento do
requerimento executivo.
81
Cfr. art.º 6.º da Portaria n.º 1538/2008, de 30 de Dezembro, na redação que lhe foi dada pelo art.º 1.º da
Portaria n.º 65-A/2010, de 29 de Janeiro.
82
Alterações: Portaria n.º 457/2008, de 20 de Junho; Portaria n.º 1538/2008, de 30 de Dezembro; Portaria n.º 458-
B/2009, de 4 de Maio, e Portaria n.º 975/2009, de 01 de Setembro.
83
A este prazo aplica-se o regime previsto nos n.ºs 5 a 7 do art.º 145.º do CPC.
163
Manual de apoio ao ingresso - 2013
pedido) do apoio judiciário, consoante for o caso (cfr. art.ºs 15.º, 8.º e 10.º da Portaria n.º
114/2008, de 6/2; art.ºs 150.º-n.º1, 150.º-A-n.ºs 1 e 4, e 467.º-n.º 3 do C.P.Civil).
De harmonia como disposto no art.º 150-A, n.º 284 a junção do documento comprovativo
do pagamento da taxa de justiça de valor inferior ao devido nos termos do Regulamento das
Custas Processuais, equivale à falta de junção, devendo o mesmo ser devolvido ao
apresentante, pelo que tem as consequências processuais previstas para omissão do
pagamento da taxa (cfr. 811.º- n.º 1, al. c) e 474.º, al. f) do CPC).85
Tratando-se de execução em que haja lugar a citação prévia não precedida de despacho
liminar (cfr. art.º 812.º-F, n.º 2), não se realiza qualquer diligência tendente à citação
enquanto não forem juntos aos autos o documento comprovativo do pré-pagamento da taxa
de justiça devida (cfr. n.º 6 do art.º 150.º-A) e os documentos que deverem acompanhar o
requerimento executivo, designadamente, o título executivo (cfr. art.ºs 152.º e 235.º).
84
Na redação do Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26/2.
85
Caso o exequente junte o mesmo comprovativo de pagamento da taxa de justiça em dois ou mais processos,
deve a secretaria informar o agente de execução de tal situação, no sentido de este proceder à recusa do
requerimento executivo.
“Os pagamentos feitos por forma eletrónica consideram-se realizados quando for efetuada comprovação, no
processo, que ateste a transferência de valor igual ou superior ao valor em dívida” – art.º 32.º, n.º 2 RCP.
164
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A autuação do processo é feita de modo a facilitar a inclusão das peças que nele são
sucessivamente incorporadas e a impedir o seu extravio (cfr. art.º 163.º, n.º 3 CPC).
Atendendo à noção legal de autuação do processo que nos é dada pela antecedente
norma, somos levados a concluir que a mesma se aplica apenas ao processo físico, ou seja,
materializado em papel.
Ora, como o n.º 7 do art.º 810.º se reporta ao requerimento executivo remetido por via
eletrónica, desmaterializado, não haverá, neste caso, autuação, ressalvados os casos em que
houver despacho liminar. Nestes casos, de acordo com o que dispõe o art.º 23.º da Portaria
n.º 114/2008, de 6/2, deverá ser autuado (impresso) o requerimento executivo e respetivos
documentos, de forma a possibilitar ao juiz proferir a decisão que ao caso couber.
Embora não haja lugar à materialização da autuação, a secretaria deve, logo após a
distribuição, elaborar no “Habilus” o termo de autuação/capa, a fim de possibilitar, em
qualquer momento em que seja solicitada a intervenção do juiz, a materialização desse ato
processual.86
Quando apresentado em suporte de papel, deve constar do modelo aprovado pelo art.º
2.º, alínea b) da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março – art.º 810.º, n.ºs 6 e 9.
- Deve mostrar-se dirigido ao tribunal competente para a execução – art.º 810.º, n.º 1.
- Quando apresentado em suporte de papel, deve mostrar-se assinado pelo mandatário
judicial constituído ou pelo próprio exequente se o não tiver e não seja obrigatório o
patrocínio judiciário no quadro dos art.ºs 60.º e 811.º, n.º 1, alínea c).
- Deve constar o fim da execução (pagamento de quantia certa, entrega de coisa certa ou
prestação facto - cfr. art.ºs 45.º, n.º 2) e art.º 810.º, n.º 1-d).
86
De notar que a aplicação informática não permite a prática de atos com data anterior ao último que se mostre
realizado.
165
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- Deve conter a identificação das partes, indicando os seus nomes, domicílios ou sedes e,
sempre que possível, profissões e locais de trabalho, filiação e ainda, os números de
identificação de pessoa coletiva, de identificação civil e de identificação fiscal, sendo que a
falta de pelo menos um destes últimos elementos obstaculiza a inscrição no registo
informático de execuções, em obediência ao princípio da exatidão dos dados pessoais (cfr.
art.ºs 806.º, n.º 1-c) e 810.º do CPC e 2.º, n.º 1-c) do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de
Setembro);
87
O agente de execução designado pode, no prazo de 5 dias após a notificação, declarar que não aceita a
designação, nos termos do artigo 810.º, n.º12 (cfr. art.º 5.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30/3).
166
Manual de apoio ao ingresso - 2013
registo automóvel, ou, na falta destas, cópia ou originais dos documentos ou títulos que tenha
sido possível obter – art.º 810.º, n.º 6, b)e c).
De notar que, com o novo regime da ação executiva determinado pelo Decreto-Lei n.º
226/2008, de 20 de Novembro, esta recusa tem lugar após a distribuição e dela está
incumbido o agente de execução.
167
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Assim sendo, está agora vedada à secretaria essa possibilidade, mesmo nas execuções
em que o oficial de justiça exerce as funções de agente de execução e o requerimento tenha
sido apresentado em suporte de papel.
Após a receção no tribunal do requerimento executivo, o sistema informático assegura, de
forma automática e oficiosa, a criação de um número único de processo de execução bem
como a sua distribuição; assegura ainda o envio eletrónico e imediato do requerimento e
demais documentos ao agente de execução (advogado ou solicitador) designado pelo
exequente ou pela secretaria, com a indicação do respetivo número de processo – cfr. art.º
810.º, n.º 8 e 811-A, n.º 1.
Desta forma, não há qualquer intervenção da secretaria nesta fase do processo, exceto se
o requerimento for apresentado em papel, caso em que a secção de processos deve autuar a
execução e notificar o agente de execução para que possa dar início às diligências executivas.
Comecemos por expurgar os requisitos do citado n.º 1, cuja falta não implica a recusa de
recebimento pelo agente de execução:
Exposição dos factos – art.º 810.º, n.º 1-e) – por não competir ao agente de execução
emitir qualquer juízo sobre a imprescindibilidade do enunciado;
Indicação, sempre que possível, do empregador do executado, das contas e dos bens
deste, bem como o ónus e encargos que sobre estes incidam – art.º 810.º, n.º 1-i) – devido à
flexibilidade proporcionada pela expressão “sempre que possível”;
Designação do agente de execução – art.º 810.º, n.º 1-c) -, simplesmente porque a falta
deste requisito é oficiosamente preenchida pela secretaria nos termos do n.º 1 do art.º 811.º-
A;
Requerimento de citação prévia ou de dispensa de citação prévia – art.º 810.º, n.º 1-j) –
porque o exequente não está obrigado a formulá-lo como resulta claramente dos n.ºs 1 e 3 do
art.º 812.º-F, respetivamente.
168
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Vejamos, agora, os requisitos cuja falta implica a recusa do requerimento, nos termos
do n.º 1 do art.º 811.º:88
- Quando, apresentado em suporte de papel, não seja apresentado no modelo aprovado –
art.º 811.º, n.º 1, a);
- Quando não contenha o domicílio profissional do mandatário judicial constituído – art.ºs
810.º, n.º 1, b);
- Não contenha a formulação do pedido - art.ºs 810.º, n.º 1, f);
- Não contenha a declaração do valor da causa - art.ºs 810.º, n.º 1, g);
- Não contenha a identificação das partes, indicando os seus nomes, domicílios ou sedes e,
sempre que possível, profissões, locais de trabalho, filiação e números de identificação civil e
de identificação fiscal – art.º 810.º, n.º 1, a);
- Não contenha a indicação do fim da execução – art.º 810.º, n.º 1, d);
- Não contenha a liquidação da obrigação nos termos do n.º 1 do art.º 805.º e ou a escolha
da prestação, quando ela caiba ao credor – art.º 810.º, n.º 1, h).
- Não seja apresentada a cópia ou o título executivo ou seja manifesta a insuficiência da
cópia ou do título apresentado – art.º 811, n.º1, b).
- Não tenha sido comprovado o prévio pagamento da taxa de justiça ou a concessão do
apoio judiciário; o requerimento não esteja assinado; e não esteja redigido em língua
portuguesa – art.º 811.º, n.º1, c).
Mas, não podemos cingir-nos apenas ao art.º 811.º. Se assim fosse, como procederíamos,
por exemplo, perante um requerimento dirigido a um tribunal diferente daquele em que fosse
apresentado?
A resposta passaria, invariavelmente, pela aplicação subsidiária do art.º 474.º ex vi do
art.º 466.º.
169
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Nota:
Prevê o n.º 2 do art.º 811.º que do ato de recusa cabe reclamação para o juiz, cuja
decisão é insuscetível de recurso, salvo quando esteja em causa a insuficiência do título ou
a falta de exposição dos factos.
89
Não é demais realçar que, contrariamente ao regime pretérito em que era à secretaria que competia a análise do
requerimento executivo com vista às diligências iniciais, incumbe agora ao agente de execução (solicitador, advogado ou oficial
de justiça no exercício das funções de agente de execução) a sua apreciação preliminar.
170
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- remeter o processo para despacho liminar (art.º 812.º-D);
90
Numa execução destinada à cobrança coerciva de custas contadas, o título executivo não é a sentença, mas sim
a própria conta acompanhada da sentença transitada em julgado (se houver) e a notificação do responsável para
pagamento. Se assim não se entender, pergunta-se: qual é o título executivo quando as custas em dívida sejam
contadas nos termos do n.º 3-a) do art.º 29.º do RCP?
171
Manual de apoio ao ingresso - 2013
b) O valor do pedido não exceda a alçada do tribunal da Relação (€
30.000,00);
c) E no requerimento executivo não esteja indicado para penhora qualquer
estabelecimento comercial91, ou direito real menor92 que incida sobre bens
daquela espécie, ou quinhão em património que os inclua.
Nota:
Neste sentido, ainda que o exequente os não tenha indicado em requerimento que
inaugure uma ação executiva dispensada de despacho liminar, se o agente de execução
decidir, no quadro das exigências do n.º 1 do art.º 834.º, um estabelecimento comercial ou
os direitos sobre ele, deve informar previamente o juiz da sua intenção em ordem a obter
o despacho liminar, no qual poderá ser ordenada a citação do executado antes da realização
da penhora
Caso não se verifiquem os requisitos constantes das alíneas c) e d) do art.º 812.º-C, terá
o agente de execução de apresentar o processo ao juiz para despacho liminar.
Nota:
172
Manual de apoio ao ingresso - 2013
consultas e as diligências prévias nos termos dos art.ºs 832.º e 833.º-A,
procedendo de seguida à penhora.
a) Quando a prova não possa ser feita por documento, o exequente indica as provas
logo no requerimento executivo, dando azo a despacho liminar – cfr. art.ºs 804.º,
n.º 2 e 3 e 812.º-E, n.º 5.
- Nas execuções cujo título seja uma ata de reunião de assembleia de condóminos,
nos termos definidos no Dec. Lei n.º 268/94, de 25 de Outubro;
Nas execuções fundadas num dos títulos executivos previstos na Nova Lei do
Arrendamento Urbano (Lei n.º 6/2006, de 27 de Fevereiro);
94
Por confronto com a al. a) do n.º 2 do art.º 812.º-F se conclui que esta norma se refere às execuções movidas
apenas contra o devedor subsidiário em que o exequente tenha pedido a dispensa de citação prévia
173
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- Quando o agente de execução, perante o título, tiver dúvidas quanto à sua
suficiência; à interpelação do devedor pelo credor ou à notificação judicial avulsa do
devedor nos casos a que alude a al.ª c) do art.º 812.º-C;
Nos casos dos títulos referidos nas alíneas c) e d) do art.º 812.º-D, à semelhança do
que dissemos para as alíneas c) e d) do art.º 812.º-C), o agente de execução, antes de
apresentar o processo para despacho liminar, deve obedecer ao comando da alínea d) do n.º
2 do art.º 812.º-F, no sentido de verificar da possibilidade de proceder oficiosamente,
sem necessidade de despacho, à citação do executado.
174
Manual de apoio ao ingresso - 2013
1. Para que o devedor subsidiário95 possa ser demandado é necessário
que o mesmo tenha renunciado ao benefício de excussão prévia (cfr.
art.º 638.º do C.C.), que consiste na sua recusa em cumprir a obrigação
enquanto não forem excutidos todos os bens do devedor principal sem
plena satisfação do crédito.
95
São devedores subsidiários: o fiador – art.ºs 627.º e seguintes do Cód. Civil, salvo as exceções do art.º 604.º, n.º
2 (na fiança comercial, o fiador é solidário com o respetivo afiançado – cfr. art.º 101.º do Cód. Comercial); sócios
da sociedade comercial em nome coletivo – art.º 175.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios
comanditados da sociedade comercial em comandita – art.º 465.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios
da sociedade civil – art.º 997.º, n.º 2 do Cód. Civil.
Nas letras e livranças o avalista é considerado responsável como primeiro pagador – art.ºs 37.º e 77.º da LULL.
96
Fernando Amâncio Ferreira, Curso de Processo de Execução, 11.ª Edição, pag. 169.
175
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Citação prévia e dispensa de citação prévia (art.º 812.º-F)
O n.º 1 do art.º 812.º-F) prevê que a penhora seja efetuada sem citação prévia do
executado nos casos previstos no art.º 812.º-C, com exceção dos casos em que o exequente
tenha requerido a citação prévia do executado pelo agente de execução
- Ação executiva movida apenas contra o devedor subsidiário e o exequente não tenha
requerido a dispensa de citação prévia;
- Quando o título seja diverso de sentença, a quantia seja ilíquida e a liquidação não
dependa de simples cálculo aritmético (cfr. art.º 805.º, n.º 4), caso em que o executado é
logo citado.
97
O texto desta norma é, permita-se-nos, incoerente. Por um lado diz-se que os processos são remetidos para
despacho liminar e por outro que, nesses casos, há sempre citação prévia, sem necessidade de despacho do juiz. O
agente de execução envia o processo ao juiz a ao mesmo tempo cita previamente? Para que serve o despacho
liminar nestas circunstâncias se a citação já foi realizada? Não nos parece fazer qualquer sentido. Assim, melhor
será que se leia apenas a parte final da norma que diz: “…há sempre citação prévia, sem necessidade de
despacho do juiz:”.
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
- Do art.º 812.º-D, alíneas c) e d).
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Quando, em execução movida apenas contra o devedor
2
812.º-F, n.º 2-b) e 805.º, n.º 4.
Nesta hipótese, o executado há-de ser citado para, querendo,
deduzir oposição à execução, onde se cumulará a eventual
contestação à liquidação, nos termos do art.º 805.º, n.º 4.
Nas execuções fundadas em título extrajudicial de empréstimo
contraído para aquisição de habitação própria hipotecada em
garantia – art.º 812.º, F, n.º 2-c).
Quando, no registo informático de execuções, conste a menção
da frustração, total ou parcial, de anterior ação executiva movida
contra o executado – art.º 812-F, n.º 2-d).
HÁ DESPACHO LIMINAR
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se o agente de execução duvidar da suficiência do título ou da
interpelação ou notificação do devedor – art.º 812-D-e)
Se o agente de execução suspeitar que se verifica uma das
situações previstas nas alíneas b) e c) do n.º 1 do art.º 812.º-E –
art.º 812-D-f)
No caso de ser pedida a execução de sentença arbitral, o
agente de execução duvidar que o litígio pudesse ser cometido à
decisão por árbitros, quer porque esteja submetido, por lei
especial, exclusivamente a tribunal judicial ou a arbitragem
necessária, quer por que o direito litigioso não seja disponível ao
seu titular - art.º 812-D-g).
* Haverá citação prévia, sem necessidade de despacho, se da
prévia consulta ao registo informático resultar a menção de
execução finda sem pagamento integral – cfr. art.º 812.º-F, n.º 2-
al.ª d).
CASOS PRÁTICOS
I
Título: Decisão Judicial
Valor da execução: € 15.000,00
Bens indicados à penhora: bens móveis; um veículo automóvel e um estabelecimento
comercial.
II
Título: Decisão Judicial
Valor de execução: € 15.000,00
Bens indicados à penhora: Saldos bancários.
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
Porque se trata de “saldo bancário”, embora a lei não preveja despacho liminar
para esta execução (cfr. art.º 812.º-C, a), o agente de execução deverá remeter o
processo ao juiz para ser proferido despacho de autorização da penhora (cfr. art.º
861.º, A n.º 1 do C.P.C).
No caso de deferimento da penhora dos saldos bancários o agente de execução
procede à penhora sem necessidade de diligências prévias (cfr. art.ºs 833-A, n.º 1 e
834.º, n.º 1).
III
Título: Documento exarado (escritura) ou autenticado por notário
Valor de execução: € 15.000,00
Bens indicados à penhora: bens móveis; um veículo automóvel
Neste caso, há que ter em atenção dois fatores, que são o valor e a interpelação do
devedor.
Como se trata de uma execução cujo valor não excede a alçada do Tribunal da
Relação (€ 30.000,00), a lei apenas exige que seja apresentado documento
comprovativo da interpelação do devedor, quando necessário ao vencimento da
obrigação, sendo de admitir a interpelação efetuada mediante mera carta registada ou
carta registada com aviso de receção.
Se o exequente, com o requerimento executivo, juntar o documento comprovativo
da interpelação, encontram-se reunidos os dois fatores essenciais para que a execução
comece pelas diligências tendentes à penhora (art.ºs. 812-C, c), i), 832.º e 833.º-A).
Caso contrário, o agente de execução deve remeter o processo ao juiz (cfr. art.º 812.º-
C, n.º 1-c), a contrário.
Se a execução comportar despacho liminar porque, cumulativamente, não estão
reunidas as condições para que se comece pela fase da penhora, deve o agente de
execução observar o disposto na alínea d) do n.º 2 do art.º 812-F.
Assim se da consulta do registo informático de execuções constar a menção da
frustração total ou parcial de execução anterior contra o executado, deve o agente de
execução proceder à citação oficiosa (cfr. 812.º F n.º 2 d)).
Contudo, se da consulta do registo informático nada constar em relação ao
executado ou se constar a menção de execução com pagamento integral deve o agente
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Manual de apoio ao ingresso - 2013
de execução remeter o processo para despacho liminar (cfr. art.ºs 812-F, n.º 2, d) e
812.º-C, d), i), a contrario.
IV
Título: Documento exarado (escritura) ou autenticado por notário
Valor de execução: € 55.000,00
Bens indicados à penhora: bens móveis; um veículo automóvel
Aqui como no exemplo anterior, há que ter em atenção dois fatores, que são o
valor e a interpelação do devedor.
Como se trata de uma execução cujo valor excede a alçada do Tribunal da Relação
(€ 30.000,00), a lei exige que o devedor seja interpelado por notificação judicial
avulsa.
Se o exequente, com o requerimento executivo, juntar a notificação judicial avulsa,
então, encontram-se reunidos os dois fatores essenciais para que a execução comece
pelas diligências tendentes à penhora (art.ºs. 812-C, c), ii), 832.º e 833.º-A)..
Caso contrário, ou se comprovar a interpelação efetuada através de qualquer outro
meio (ex: carta registada), o agente de execução deve remeter o processo ao juiz (cfr.
art.º 812.º-C, c), a contrario.
Se a execução comportar despacho liminar porque, cumulativamente, não estão
reunidas as condições para que se comece pela fase da penhora, deve o agente de
execução observar o disposto na alínea d) do n.º 2 do art.º 812-F.
Assim se da consulta do registo informático de execuções constar a menção da
frustração total ou parcial de execução anterior contra o executado, deve o agente de
execução proceder à citação oficiosa (cfr. 812.º F n.º 2 d)).
Contudo, e se inversamente da consulta do registo informático nada constar em
relação ao executado ou se constar a menção de execução com pagamento integral
deve o agente de execução remeter o processo para despacho liminar (cfr. art.ºs 812-
F, n.º 2-d) e 812.º-C, al.ª c)-ii), a contrario
V
Título: Letra/ Livrança/ Cheque
Valor de execução: € 5.000,00
Bens indicados à penhora: bens móveis e um veículo automóvel
181
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Também aqui há dois fatores a considerar cumulativamente: o valor e o bem
indicado à penhora.
Neste exemplo, como o valor da execução (que é o valor do pedido) não excede a alçada
do Tribunal da Relação e os bens indicados à penhora não incluem o estabelecimento
comercial, nem direito real menor ou quinhão em património que sobre eles incida, não
há lugar a despacho liminar, pelo que a execução começa pelas diligências tendentes à
penhora (cfr. art.ºs 812.º-C, al.ª d), 832.º e 833.º-A).
VI
Título: Letra/ Livrança/ Cheque
Valor de execução: € 45.000,00
Bens indicados à penhora: bens móveis e um veículo automóvel.
VII
Título: Letra/ Livrança/ Cheque
Valor de execução: € 25.000,00
Bens indicados à penhora: Imóvel.
182
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Aqui, a tramitação difere do exemplo anterior porque o valor da execução não
excede a alçada da Relação e o bem indicado à penhora (o imóvel) não se enquadra nos
referidos na norma. Basta que se cumulem os dois pressupostos (valor não superior à
alçada da Relação e entre os bens a penhorar não haja estabelecimentos comerciais,
direitos reais menores ou quinhão em património que os inclua) para que a ação
executiva se inicie pela penhora.
Assim, neste exemplo a execução deverá iniciar pela penhora (art.º 812.º-C, n.º 1-
d), 832.º e 833.º-A).
VIII
Título: Hipoteca para habitação própria
Valor de execução: € 50.000,00
Bens indicados à penhora: Imóvel
Estamos perante uma das situações enunciadas no n.º 2 al. c) do art.º 812.º-F,
donde resulta a citação do executado previamente à penhora.
Igual tratamento tem uma execução:
- em que só é executado o devedor subsidiário (fiador, avalista) e não seja pedida a
penhora sem citação liminar do mesmo;
- em que o título não seja uma sentença e o pedido de liquidação da obrigação não
dependa de simples cálculo aritmético, nos termos do art.º 805 n.º 4 do C.P.C.
- desde que no registo informático de execuções conste a menção de frustração total ou
parcial de anterior execução movida contra o executado.
183
Manual de apoio ao ingresso - 2013
não é a decisão judicial mas sim a conta ou liquidação – cfr. art.º 35.º do Regulamento das
Custas Processuais.
Aliás, nem sempre a conta ou liquidação é precedida de decisão judicial, como é o
caso, por exemplo, da conta intermédia elaborada nos termos do art.º 29.º, n.º 3-a) do
R.C.P., em consequência da paragem do processo por inércia das partes.
Oposição à execução
Com a estrutura duma verdadeira ação declarativa, a oposição corre por apenso à ação
executiva (cfr. art.º 817.º, n.º s 1 e 2) e o leque de fundamentos diverge consoante o título
em que se baseia a execução.
184
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Prazo para dedução da oposição à execução
A oposição à execução é apresentada no prazo de 20 dias (acrescido da dilação
aplicável nos termos do art.º 252.º-A)98 a contar da citação (cfr. art.º 813.º, n.º 1).
98
Não é demais relembrar que o conceito de comarca instituído pela Lei n.º 52/2008, de 28 de Agosto (LOTF),
abrange hoje, nas comarcas piloto do Baixo Vouga, Alentejo Litoral e Grande Lisboa Noroeste, todo os municípios
nela integrados (por exemplo, na Comarca da Grande Lisboa Noroeste encontram assento todos os tribunais que,
na vigência da Lei 3/99, de 13/1, compunham as comarcas de Mafra, Amadora e Sintra).
De notar ainda que esta nova visão tem influência na aplicação das regras da dilação prevista no art.º 252.º-A do
C.P.Civil, na medida em que, no exemplo dado, o executado residente em qualquer dos municípios integrados na
Comarca da Grande Lisboa Noroeste, não beneficia de dilação pelo facto de o processo correr noutro juízo de
município diferente, pertencente à mesma Comarca ( cfr. art.º 252.º-A, n.º1, al.b), a contrário).
185
Manual de apoio ao ingresso - 2013
entanto, da possibilidade de cada um, dentro do prazo respetivo, poder requerer a
prorrogação nos termos do n.º 5 do art.º 486.º, aqui aplicável por via do n.º 1 do art.º 466.º
Porém, a falta deste documento não implica a recusa da peça processual em causa, já
que a parte que o não tenha junto no momento da apresentação em juízo pode fazê-lo nos 10
dias seguintes.
Se, decorrido este prazo, não for junto o documento em causa, a secretaria
oficiosamente procede de modo idêntico à falta de pagamento da taxa de justiça da
contestação em processo declarativo, o mesmo é dizer-se que observa o disposto no art.º
486.º-A, em face do n.º 3 do art.º 150.º-A.
Tal como já foi referido, a oposição à execução corre por apenso à execução (cfr.
art.º 817.º, n.º 1) e está sujeita a despacho liminar - não vigorando aqui o princípio da
oficiosidade (cfr. art.ºs 234.º, n.º 4 alínea a) e 817.º, n.º 1) -, despacho que pode ser de
aperfeiçoamento, indeferimento ou deferimento.
Nas duas primeiras situações, a secretaria notifica o despacho ao opoente e aguarda dez
dias (acrescido naturalmente do suplemento do art.º 145.º), findos os quais, se o despacho
tiver sido de aperfeiçoamento, apresenta o processo concluso.
Sendo recebida a oposição (por despacho do juiz), o exequente é notificado (por carta
registada simples) para contestar no prazo de 20 dias, após o que se seguirão, sem mais
articulados, os termos do processo sumário declarativo (cfr. art.º 817.º , n.º 2).
186
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se a oposição for julgada procedente, a execução extingue-se ou modifica-se, consoante
a procedência seja total ou parcial (cfr. art.º 817.º, n.º 4).
Quando o executado deduza oposição, se esta oposição for julgada procedente sem
ter havido citação prévia e se considere que o exequente não tenha agido com a prudência
normal, será este responsabilizado pelo pagamento ao executado de uma indemnização pelos
danos que, culposamente, lhe tiver causado e pelo pagamento de uma multa correspondente
a 10% do valor da execução ou da parte dela que for objeto de oposição, mas não inferior a
10 UC, nem superior ao dobro do máximo da taxa de justiça, multa esta que reverte a favor
187
Manual de apoio ao ingresso - 2013
do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, I.P. de acordo com o disposto
no art.º 36.º, n.º 1-d) da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de Abril.99
Fase da penhora
Como vimos antes, a indicação dos bens tem lugar no próprio requerimento executivo –
art.º 810.º, n.º 5.
A materialização da penhora, alcançada através da efetiva apreensão dos bens, priva o
executado de exercer livremente os direitos que sobre eles detém, ao mesmo tempo que o
credor/exequente adquire um direito real de garantia – art.º 822.º do Código Civil.
Independentemente dos bens que possam ser indicados pelo exequente, o n.º 3 do art.
821.º estabelece um princípio da proporcionalidade da penhora estabelecido entre o valor
dos bens a penhorar e o da obrigação exequenda acrescido das despesas da execução em que
se incluem, naturalmente, as custas processuais.
99
Este diploma regula o modo de elaboração, contabilização, liquidação, pagamento, processamento e destino das
custas processuais, multas e outras penalidades no domínio do Regulamento das Custas Processuais aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de Fevereiro.
188
Manual de apoio ao ingresso - 2013
As diligências para a penhora têm início (art.º 832.º):
Aproveita-se a oportunidade para chamar a atenção para este prazo de seis meses que
o legislador, discretamente, padroniza para a conclusão da ação executiva, o que de certa
189
Manual de apoio ao ingresso - 2013
forma nos faz recordar o prazo de um ano previsto no art.º 169.º do CIRE para o
encerramento do processo de insolvência.
Entre A partir de
Até
Dívida € 5.000,01
exequenda e 120.000,01
€ 5.000,00
€ 120.000,00 (inclusive)
100
Considerem-se, também, para o mesmo efeito, as figuras da cumulação de execução (inicial ou sucessiva) e de
coligação de exequentes – cfr. art.ºs 53.º, 54.º, 58.º, 832.º, n.ºs 4 e 5.
101
Alguns exemplos: crédito de alimentos –art.º 2008.º, n.º 1 do Cód. Civil; direito de uso e habitação – art.º
1488.º do Cód. Civil; direito de servidão separadamente do imóvel a que estiver ligada – art.º 1545.º do Cód. Civil;
o direito à sucessão de pessoa viva – art.º 2028.º do Cód. Civil; a posição do arrendatário de prédio destinado a
habitação, salvo em caso de divórcio – art.ºs 83, 84.º e 85.º do Regime do Arrendamento Urbano, aprovado pelo
Dec. Lei n.º 321-B/90, de 15/10; a raiz dos bens sujeitos a fideicomisso – art.º 2292.º do Cód. Civil; a propriedade
do nome ou da insígnia do estabelecimento separadamente deste – arts.º 297.º e 31.º do Cód. Propriedade
Industrial, aprovado pelo Dec. Lei n.º 36/2003, de 5 de Março; subsídio de Natal e de férias dos funcionários e
agentes da Administração Pública – art.º 17.º do Dec. Lei n.º 496/80, de 20/10; as prestações dos regimes da
segurança social são parcialmente penhoráveis – art.º 73.º, n.º 2 da Lei n.º 32/2002, de 20/12;
190
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Os bens do domínio público do Estado102 e das restantes pessoas coletivas
públicas103 – art.º 822.º, al.ª b);
Os objetos cuja apreensão seja ofensiva dos bons costumes ou careça de
justificação económica, pelo seu diminuto valor venal – art.º 822.º, al.ª c);
104
Os objetos especialmente destinados ao exercício de culto público – art.º
822.º, al.ª d); Os túmulos – art.º 822.º, al.ª e);
Os bens imprescindíveis a qualquer economia doméstica que se encontrem na
residência permanente do executado, salvo se se tratar de execução destinada
ao pagamento do preço da respetiva aquisição ou do custo da sua reparação105 –
art.º 822.º, al.ª f);
Os instrumentos indispensáveis aos deficientes e os objetos destinados ao
tratamento de doentes – art.º 822.º, al.ª f);
Os bens do Estado e das restantes pessoas coletivas públicas, de entidades
concessionárias de obras ou serviços públicos ou de pessoas coletivas de
utilidade pública, que se encontrem especialmente afetados à realização de fins
de utilidade pública, salvo tratando-se de execução para pagamento de dívida
com garantia real – art.º 823.º, n.º 1;
Os instrumentos de trabalho e os objetos indispensáveis ao exercício da
atividade ou formação profissional do executado, salvo se:
O executado os indicar para penhora;
A execução se destinar ao pagamento do preço da sua aquisição ou do
custo da sua reparação;
Forem penhorados como elementos corpóreos de um estabelecimento
comercial – art.º 823.º, n.º 2, al.ªs a) a c).
102
Sobre bens do domínio do Estado cfr. art.ºs 84.º da Constituição da República Portuguesa e 4.º a 7.º do Dec. Lei
n.º 477/80, de 15/10.
103
São pessoas coletivas de utilidade pública as associações ou fundações que prossigam fins de interesse geral, ou
da comunidade nacional ou de qualquer região ou circunscrição, cooperando com a Administração Central ou a
administração local, em termos de merecerem da parte desta administração a declaração de «utilidade pública» -
art.º 1.º, n.º 1 do Dec. Lei n.º 460/77, de 7/11. A declaração de utilidade pública é da competência do governo e é
publicada no Diário da República – art.ºs 3.º e 6.º do mesmo diploma.
104
Em princípio, são penhoráveis as capelas particulares e seus adornos.
105
Cfr. Ac. TRL de 85/07/09 in BMJ n.º 356, pg. 438; Ac. TRE de 89/04/04 in Col. Jur. de 1989, Tomo II, pg. 283.
191
Manual de apoio ao ingresso - 2013
prestações de natureza semelhante106, auferidos pelo executado – art.º 824.º,
n.º 1-a);
das prestações periódicas pagas a título de
aposentação ou de
outra qualquer regalia social, seguro, indemnização por acidente ou renda
vitalícia,
ou de quaisquer outras pensões de natureza semelhante - art.º 824.º, n.º 1-b).
A impenhorabilidade de 2/3 prevista nas situações atrás descritas, decorre dos n.ºs 1 e 2
do art.º 824.º C.P.C.
Vejamos:
Se a fração de 2/3 for superior ao triplo do salário mínimo nacional em vigor à data da
penhora, a diferença pode ser penhorada – art.º 824.º, n.º 2.
Não auferindo o executado qualquer outro rendimento e caso o crédito não seja de
alimentos, se o valor correspondente a 2/3 do salário do executado ficar aquém do salário
mínimo nacional, a parte impenhorável corresponde ao valor do salário mínimo nacional, o
que significa que a fração penhorável é inferior a 1/3 - art.º 824.º, n.º 2 segunda parte.
106
Incluem-se as prestações periodicamente pagas pela Segurança Social.
107
O valor do salário mínimo nacional para o ano de 2010 foi fixado em € 485,00 pelo Dec. Lei n.º 143/2010, de 31
de Dezembro.
192
Manual de apoio ao ingresso - 2013
1 Salário do executado € 2.400,00
Resumindo:
- Em princípio, é penhorável 1/3 do salário do executado.
193
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Exceção: Só assim não será se os restantes 2/3 tiverem um valor inferior ao salário
mínimo nacional caso em que este se mantém intato, incidindo a penhora sobre a diferença
entre o salário global e o "valor intocável".
Na penhora de dinheiro ( art.ºs 824.º-A; 839.º, n.º 3; 848.º, n.º 4; 865.º, n.º 4-b) e
874.º) ou de saldo bancário (art.ºs 824.º-A; 861.º-A; 865.º, n.º 4-b) e 874.º) é impenhorável
o valor global correspondente a um salário mínimo nacional, assim se permitindo ao
executado a satisfação das suas mais elementares necessidades de vida – art.º 824.º, n.º 3.
54
Valor fixado por portaria e atualizado anualmente, com efeitos a partir do dia 1 de Janeiro de cada ano –cfr. a
Lei 66-B/2012,de 31 de Dezembro. O valor para o ano de 2013 é de € 419,22 - cfr. art.º 2.º da Portaria 432-
A/2012, de 31 de Dezembro.
194
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A requerimento do executado, o agente de execução, após ouvir o exequente, isenta de
penhora os rendimentos daquele, pelo prazo de 6 meses, se o agregado familiar do
executado tiver um rendimento relevante para efeitos de proteção jurídica igual ou inferior
a ¾ do valor do IAS (Indexante de Apoios Sociais).
Exemplificando:
Se, durante o ano de 2012, o agregado familiar do executado tiver um rendimento igual
ou inferior a € 314,42 (3/4 de € 419,22), verificam-se os parâmetros estipulados para que ele
possa requerer e beneficiar da isenção de penhora pelo prazo de 6 meses.
Exemplificando:
195
Manual de apoio ao ingresso - 2013
requerimento do exequente e ouvido o executado, proponha ao juiz o afastamento da
impenhorabilidade e limites correspondentes ao salário mínimo nacional - cfr. 824.º n.ºs 2 e
3.
196
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Conjugando o art.º 825.º com o art.º 864.º, n.º 3-a) conclui-se que, em execução
movida apenas contra um dos cônjuges, deve ser citado o outro cônjuge quando:
Em execução movida contra um dos cônjuges, sejam penhorados bens
comuns do casal – art.º 825.º, n.º 1; O exequente, munido de título executivo que
não a sentença108, invoque a comunicabilidade da dívida – art.º 825.º, n.º 2.
Tenha sido penhorado bem imóvel ou estabelecimento comercial que o
executado não possa alienar livremente (próprios ou comuns – cfr. art.º 1682.º-A do
CC) – art.º 864.º, n.º 3-a);
Desta forma, após a penhora e em qualquer dos casos acima descritos, o agente de
execução procede oficiosamente à citação, além do próprio executado (ou notificação no
caso de ele ter sido previamente citado), também do seu cônjuge, sendo-o este para, no
prazo de 10 dias, mas nunca além do termo do prazo concedido ao executado, deduzir
oposição à execução e ou à penhora109, podendo, no mesmo prazo, requerer a separação de
bens ou juntar à execução uma certidão comprovativa da pendência ação com tal finalidade.
108
Presume-se que a sentença como título executivo terá sido posta à margem deste problema por se entender
que a oportunidade da discussão sobre a comunicabilidade da dívida se esgota na ação declarativa.
109
Note-se que em caso de penhoras múltiplas espaçadas no tempo, o cônjuge, depois de citado, já só é notificado
para deduzir oposição à penhora no prazo de 10 dias, aplicando-se as regras do artigo 235.º do CPC – cfr. art.º
863.º-B, n.º 1-B).
197
Manual de apoio ao ingresso - 2013
considerada comum se nada disser, ainda que deduza oposição à execução, a qual prossegue
quanto aos bens comuns.
Qualquer das situações atrás descritas, aliás, em paralelo com a previsão do artigo
869.º, arrasta o cônjuge do executado para a obrigação constante do título executivo,
prosseguindo a execução também contra ele.
O cargo de cabeça de casal é exercido pelo cônjuge mais velho e o exequente, como
qualquer credor do executado, podem promover o andamento do inventário, permitindo-se ao
cônjuge do executado a possibilidade de escolher os bens que hão-de preencher a sua
meação, escolha essa que pode ser alvo de reclamação dos credores.
198
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A sentença homologatória da partilha, além de notificada ao Ministério Público (é
sempre notificado de todas as decisões finais – art.º 258.º), aos interessados e credores, deve
ser igualmente notificada ao agente de execução.
Não sendo adjudicados ao executado os bens penhorados, a penhora sobre eles mantém-
se até que o agente de execução penhore novos bens (cfr. art.ºs 821.º, n.º 3 e 834.º, n.º 1) e
só nessa altura é que se opera a substituição da penhora – cfr. art.º 825.º, n.ºs 3 e 7.
A penhora do quinhão do executado na herança aberta por morte de certa pessoa não
incide nos próprios bens (ou parte deles) que constituem o acervo hereditário. Do mesmo
modo, a penhora do direito do executado à terça-parte indivisa de certo imóvel não implica a
penhora de qualquer parte específica do próprio imóvel. Está em causa a penhora de direitos.
110
Note-se que nos vários processos poderão ser diferentes os sujeitos processuais.
199
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Neste particular, havendo mais execuções pendentes, afigura-se-nos que o agente de
execução deve promover a apensação das demais execuções àquela em que tiver sido
efetuada a primeira penhora, nos termos do art.º 275.º, n.º 5.
Se o bem indiviso estiver sujeito a registo, também a penhora do direito o está e neste
caso releva a data do registo, por ser este o ato constitutivo da penhora – cfr. art.ºs 838.º,
851.º e 863.º.
Nas previsões deste artigo cabem as execuções por dívidas da herança propostas contra
o herdeiro, pelas quais respondem os bens que integram o respetivo património (cfr. art.º
2068.º do CC).
Daí que o n.º 1 do art.º 827.º estabeleça que na execução movida contra o herdeiro só
podem penhorar-se os bens que ele tenha recebido do autor da herança.
111
A penhora considera-se feita no momento da notificação - Ac. STJ, de 94/05/26 in BMJ 437, pg. 471.
200
Manual de apoio ao ingresso - 2013
penhorados não provieram da herança e que não recebeu outros bens além dos que indicou
ou, se recebeu mais, que os outros foram aplicados para solver os encargos da herança.
Mas, há mais situações em que isto pode acontecer, nomeadamente, quando, pela via
negocial ou legal, houver um devedor principal e outro subsidiário (por exemplo, um fiador).
Do n.º 1 do art.º 627.º do Código Civil resulta que o fiador garante a satisfação do
direito de crédito, ficando pessoalmente obrigado perante o credor. E acrescenta o n.º 2 que
a obrigação do fiador é acessória da que recai sobre o devedor principal. Mas, ao fiador é
lícito usar o benefício da excussão prévia112, recusando o cumprimento da obrigação enquanto
não tiverem sido excutidos todos os bens do devedor, com ou sem garantia reais – cfr. art.ºs
638.º e 639.º do CC.
No mesmo contexto, o art.º 828.º do CPC define regras para a penhora subsidiária de
bens, consoante a execução seja movida contra:
O devedor principal e o devedor subsidiário;
O devedor principal apenas; ou
112
O benefício da excussão prévia é invocável pelos seguintes devedores subsidiários: fiador – art.ºs 627.º e
seguintes do Cód. Civil, salvo as exceções do art.º 640.º, n.º 2 e da fiança comercial, em que o fiador é
solidariamente responsável com o afiançado – cfr. art.º 101.º do Cód. Comercial; sócios da sociedade comercial
em nome coletivo – art.º 175.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios comanditados da sociedade
comercial em comandita – art.º 465.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios da sociedade civil – art.º
997.º, n.º 2 do Cód. Civil.
O avalista nas letras ou nas livranças é considerado principal responsável – art.ºs 32.º e 77.º da LULL.
201
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O devedor subsidiário na execução movida contra os devedores principal e
subsidiário, em que este último deva ser citado previamente à penhora dos seus bens (cfr.
art.º 812.º-F, n.º 2, a)), o n.º 1 do art.º 828.º impede que a penhora se efetue enquanto não
forem penhorados e vendidos ou adjudicados todos os bens do devedor principal.
Mas, a citação do devedor subsidiário, ainda que prévia à penhora dos seus bens, só
pode ocorrer depois de excutidos todos os bens do devedor principal, salvo se o exequente
pedir que ela se efetue antes da excussão.
O n.º 7 deste normativo permite a instauração da ação executiva logo contra o devedor
subsidiário, assim o credor/exequente demonstre a falta ou insuficiência de bens do devedor
principal.
Uma vez proposta a execução apenas contra o devedor subsidiário, ele só não será
citado previamente se o exequente, no requerimento executivo, deduzir o pedido de dispensa
de citação prévia, e o juiz, produzidas as provas necessárias, decidir favoravelmente – cfr.
art.ºs 812.º-F, n.º 3 e 812.º-D, a).
202
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Sendo citado previamente, o executado poderá, no prazo da oposição,
invocar o benefício da excussão prévia, o que confere ao exequente o direito de
pedir o prosseguimento da execução, também, contra o devedor principal. A não
invocação de tal benefício abre portas à penhora, em primeira linha, dos bens do
devedor subsidiário – n.º 2 do art.º 828.º.
Não sendo citado previamente, os bens do devedor subsidiário só
poderão ser penhorados desde que se verifique a falta de bens do devedor
principal (facto que será alegado pelo exequente no requerimento executivo) ou a
renúncia ao benefício da excussão prévia feita extrajudicialmente pelo do
executado (cfr. art.º 640.º al.ª a) do CC).´
Nas execuções em que não tenham lugar o despacho liminar nem a citação prévia
(casos do art.º 812.º-C; (cfr. art.º 832.º, n.º1, a)) e o agente de execução tenha sido
designado no próprio requerimento executivo, as diligências têm início no prazo máximo
de cinco dias, contados da distribuição do requerimento executivo, no caso de a sua
203
Manual de apoio ao ingresso - 2013
apresentação ter sido efetuada por transmissão eletrónica, ou da notificação efetuada pela
secretaria ao agente de execução, enviando-lhe cópia do requerimento executivo e dos
respetivos documentos, quando apresentados em papel.
No caso de o agente de execução ter sido designado pela secretaria nos termos do
art.º 811.º-A, n.º 1, as diligências têm início no prazo máximo de cinco dias, contados da
notificação ao agente de execução, por meios eletrónicos, da sua designação, no caso de a
apresentação do requerimento ter sido efetuada por transmissão eletrónica, ou da notificação
efetuada pela secretaria ao agente de execução, enviando-lhe cópia do requerimento
executivo e dos respetivos documentos, quando apresentados em papel.
Artigo 5.º
1 - Nos casos previstos no artigo anterior, o agente de execução tem cinco dias
após a notificação para declarar que não aceita a designação, nos termos do n.º 8
do artigo 467.º ou do n.º 12 do artigo 810.º do Código de Processo Civil.
204
Manual de apoio ao ingresso - 2013
5 - Se o exequente não designar agente de execução substituto no prazo de 5 dias,
a secretaria designa agente de execução substituto nos termos do artigo 811.º-A
do Código de Processo Civil.
Se, por outro lado, a designação ficar sem efeito, a secretaria apenas designa agente
de execução nos termos do art.º 811.º-A, nos seguintes casos:
Artigo 7.º
205
Manual de apoio ao ingresso - 2013
execução substituído no prazo de 10 dias após o pedido de entrega desses
elementos pelo agente de execução substituto.
Artigo 8.º
206
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Destituição: se o exequente não efetuar a designação do agente de execução substituto
ou este declarar que não a aceita (cfr. art.º 9.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30de Março);
Artigo 9.º
Destituição
207
Manual de apoio ao ingresso - 2013
despacho que dispense a citação prévia do executado a requerimento do exequente
– cfr. art.º 812.º-F, n.º 3;
despacho de admissão da oposição à execução que não suspenda a execução nos
termos do art.º 818.º;
decisão que julgar improcedente a oposição à execução (suspensa);
O despacho de indeferimento do pedido de suspensão da execução fundado na falta
de genuinidade do documento particular (art.º 818.º, n.º 1).
Cabe ainda referir que toda a informação contida nesta base de dados está
permanentemente atualizada – cfr. art.ºs 806.º, n.º 3 do CPC e art.º 4 n.º 2 do DL 201/2003 -,
sendo possível efetuarem-se retificações e atualizações a requerimento do titular do dados,
independentemente da fase em que se encontrem os processos.
113
Nos termos do n.º 2 do art.º 47.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março, as referências efetuadas ao
sistema de suporte à atividade dos agentes de execução, consideram-se feitas ao sistema informático CITIUS, no
que se refere às diligências de execução promovidas pelo oficial de justiça.
208
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Conforme consta dos art.ºs 806.º do CPC e 2.º do Decreto-Lei n.º 201/2003, o registo de
cada processo executivo contém os seguintes dados:
- Identificação do processo;
- Identificação do agente de execução:
O agente de execução é identificado pelo nome, domicílio profissional e números de
cédula e de identificação;
O oficial de justiça é identificado pelo nome e respetivo número mecanográfico;
- Identificação das partes nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 467.º114 e incluindo o
número de identificação de pessoa coletiva, a filiação e os números de bilhete de identidade
e de identificação fiscal;
- O pedido (indicando-se o fim e o montante, a coisa ou a prestação, consoante se trate
de execução para pagamento de quantia certa, para entrega de coisa certa ou para prestação
de facto);
- Bens indicados à penhora; - Bens penhorados (indicando-se a data e a hora da penhora e
mais tarde as datas da adjudicação ou da venda);
- Os créditos reclamados - valores e identificação dos titulares.
Todos estes dados são introduzidos diária e oficiosamente pelo agente de execução (art.º
806-n.º 3).
Há casos em que a atualização ou inserção dos dados não é oficiosamente efetuada pelo
agente de execução, por carecerem de despacho judicial. Referimo-nos, concretamente, aos
processos de falência (cfr. art.ºs 806.º, n.º 4-a) do CPC e 186.º, n.º 1 e 187.º, n.º 1 do
CPEREF, com as alterações produzidas pelo Decreto-Lei n.º 38/2003) e aos processos de
insolvência com a alteração do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de Setembro, através de
publicação do Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18 de Março, que aprovou o Código da Insolvência
e da Recuperação de Empresas, bem como às execuções do foro laboral quando arquivadas
por falta de bens penhoráveis.
114
Nomes, domicílios ou sedes e, na medida do possível, as profissões e locais de trabalho.
115
O art.º 21.º do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, revogou a al. a) do art.º 806.º do C.P.C. que
previa a menção no registo informático de execuções da extinção com pagamento integral; no entanto o Decreto-
Lei n.º 201/2003, de 10 de Setembro, que regula aquele preceito, manteve-se intocado, continuando a prever na
al. a) do art.º 2.º: “a) A extinção com pagamento integral”.
209
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Não existe qualquer registo;
Execução extinta sem integral pagamento – art.º 806.º, n.º 2-b);
A extinção de execução por não terem sido encontrados bens penhoráveis nos termos
do n.º 3 do art.º 832.º e no n.º 6 do art.º 833.º-B – art.º 806.º, n.º 2-c);
Execução de trabalho finda por falta de bens – art.º 806.º, n.º 4-b).
Execução pendente;
Havendo execução extinta sem integral pagamento ou extinta por falta de bens, o
agente de execução prossegue imediatamente com as diligências prévias à penhora, a efetuar
nos termos do art.º 833.º-A, no sentido de identificar e localizar bens penhoráveis – art.º
832.º, n.º 3.
No caso de não serem encontrados bens ou de não serem indicados quaisquer bens à
penhora pelo exequente, a execução extingue-se imediatamente (cfr. parte final do n.º 3 do
art.º 832.º) por decisão do agente de execução que será notificada nos termos art.º 919.º.
Decorridos dez dias após as notificações (cfr. art.ºs 153.º e 809.º, n.º 1-c)), iniciam-se
automaticamente os procedimentos de inclusão do executado na lista pública de execuções
(cfr. art.ºs 16.º-A, 16.º-B e 16.º-C do DL n.º 201/2003, de 10/09, e Portaria n.º 313/2009, de
30 de Março)
116
Estas diligências não têm lugar quando no requerimento executivo tenham sido identificados os bens referidos
nas alíneas a) a d) do n.º 1 do art.º 834.º, devendo o agente de execução penhorar os bens ali indicados.
210
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Artigo 832.º
Exequente pode
requerer a citação Requerimento executivo
prévia a penhora 812-
F, n.º 1
Consulta registo informático
Requerimento
Inscrição no
executivo com
registo Execução sem integral
informático pagamento início nos
832.º n.º 6 termos do art.º
812.º-C
Diligências prévias nas bases de dados
Não há bens
há bens
Notificação dos resultados ao exequente
117
Do Código Civil: artigo 735.º, (Espécies)
2. Os privilégios mobiliários são gerais, se abrangem o valor de todos os bens móveis existentes no património do
devedor à data da penhora ou de ato equivalente; são especiais, quando compreendem só o valor de determinados
bens móveis.
3. Os privilégios imobiliários são sempre especiais.
211
Manual de apoio ao ingresso - 2013
2. E que em tal execução ainda não tenha sido proferida sentença de graduação
de créditos – art.º 832.º, n.º 4-b).
118
A fase do concurso de credores inicia-se com a primeira citação que se fizer nos termos do art.º 864.º.
119
“Esquematicamente, pode dizer-se que há litisconsórcio quando o pedido é o mesmo ou os pedidos são os
mesmos relativamente a todos os sujeitos; há coligação quando são deduzidos pedidos diferentes por vários
autores ou contra vários réus” – Eurico Lopes Cardoso in Manual da Ação Executiva, 3.ª edição, pag.s. 126 e 127.
212
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Da Lei Geral Tributária120
Artigo 64.º
Confidencialidade
1 - Os dirigentes, funcionários e agentes da administração tributária estão
obrigados a guardar sigilo sobre os dados recolhidos sobre a situação tributária
dos contribuintes e os elementos de natureza pessoal que obtenham no
procedimento, nomeadamente os decorrentes do sigilo profissional ou qualquer
outro dever de segredo legalmente regulado.
120
Aprovada pelo Decreto-Lei n.º 398/98, de 17 de Dezembro; revista e republicada com a Lei n.º 15/2001, de 5 de
Junho e alterada pela Lei n.º 16-A/2002, de 31 de Maio. O normativo contém as alterações introduzidas pela Lei
n.º 60-A/2005, de 30 de Dezembro.
213
Manual de apoio ao ingresso - 2013
listas que a administração tributária deve organizar anualmente a fim de
assegurar a transparência e publicidade.
De notar que o agente de execução não está mais obrigado a enviar à secretaria do
tribunal o relatório a que se referia o art.º 837.º, na redação do Decreto-Lei n.º 38/2003Como
se disse anteriormente, o controlo da atividade do agente de execução não compete agora ao
juiz mas sim ao exequente, que pode, por via disso mesmo, proceder à sua substituição livre,
cabendo, no limite, a sua destituição à Comissão para a Eficácia das Execuções.
214
Manual de apoio ao ingresso - 2013
ser mantido atualizado diariamente (cfr. art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de
Setembro).
Não havendo razões para a remessa do processo nos termos previstos nos n.ºs 4 e 5 do
art.º 832.º, nem para a extinção da instância nos termos dos n.ºs 3 e 6 do mesmo artigo, o
agente de execução inicia as diligências da penhora dos bens nos termos dos art.ºs 833.º-
A e 833.º-B, tendo em atenção os critérios estabelecidos no art.º 834.ºCom ressalva das
duas exceções catalogadas no artigo 835.º, que obrigam a que se comece pela penhora
dos bens ali mencionados, o agente de execução deve, independentemente da ordem pela
qual o exequente indicou os bens à penhora no requerimento executivo, efetuar a
penhora daqueles bens, preferencialmente, pela ordem constante n.º 1 do art.º 834.º, ou
seja:
a) Depósitos bancários;
d) Bens móveis sujeitos a registo se, presumivelmente, o seu valor for uma vez e
meia superior ao custo da sua venda judicial;
215
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A realização da penhora deve sempre respeitar os limites definidos pelo n.º 3 do art.º
821.º em articulação com os critérios de adequação e proporcionalidade previstos nos n.ºs 1 e
2 do art.º 834.º, tendo em atenção as restrições (relativas ou absolutas) à penhorabilidade
dos bens constantes dos artigos 822.º e seguintes, aos quais fizemos referência em momento
anterior.
121
À parte a citação prévia, o momento da realização constitui uma exceção ao regime regra estabelecido no n.º 1
do art.º 864.º, segundo o qual o executado é citado no momento da penhora ou, quando não esteja presente, num
dos cinco dias seguintes.
122
O valor desta sanção é repartida equitativamente pelo exequente e pelo Estado (cfr. art.º 829.º-A, n.º 3 do
Cód. Civil).
216
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Art.ºs 833.º-A e B
Consulta do registo
Não necessárias se o
informático de
exequente indicou bens
execuções
referidos no art.º 834 n.º1,
efectuando-se de imediato a
Incrição no registo
penhora
informático – art.º 832.º, Nada consta
n.º 6.
Consultas
às bases de dados
Actos finais
(custas / notificações / arquivo)
Exemplificando:
Execução Comum com agente de execução (não oficial de justiça)
217
Manual de apoio ao ingresso - 2013
ele se manifestar pela desistência da remessa do processo, por não querer fazer valer o seu
direito real de garantia sobre o bem já penhorado na outra execução. Se isto acontecer, a
execução não é remetida, prosseguindo autonomamente.
- constar do certificado da consulta prévia ter sido ali penhorado um bem sobre o qual o
aqui exequente detenha um direito real de garantia que não seja privilégio creditório geral e
- no processo de destino não tenha sido ainda proferida sentença graduatória dos
créditos reclamados.
Exemplo:
Hipóteses:
Na hipótese a) o processo não pode ser remetido pois o exequente do Proc.º 1 não
detém um direito real de garantia sobre o bem penhorado no Proc.º 2 a correr termos no
Tribunal do Porto, o que já pode não acontecer na hipótese b) se o exequente for detentor de
um direito real de garantia sobre o imóvel penhorado no Porto.
218
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Ainda neste exemplo e na hipótese b), quando o Proc.º 1 é recebido no Porto para
apensação ao Proc.º 2:
A situação será diferente consoante o processo de Lisboa seja recebido no Porto na fase
do concurso de credores, valendo o requerimento executivo como reclamação, assumindo o
exequente a posição de reclamante, caso contrário, constitui-se coligação de exequentes.
b) Processo autónomo
Uma vez que o processo segue os trâmites na secção a que foi distribuído, o agente de
execução deve proceder à penhora no prazo de 10 dias, findos os quais, não tendo sido
penhorados bens, informa o exequente nos termos do art.º 837.º.
219
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Uma vez esgotadas todas as diligências de pesquisa sem que se encontrem quaisquer
bens suscetíveis de serem penhorados ao executado, o oficial de justiça notifica o Ministério
Público para no prazo de 10 dias indicar bens.123
No caso de o executado ter sido citado previamente, em vez de ser citado, será agora
notificado
Se o executado não pagar e não indicar bens, nem deduzir oposição, o processo volta
com “vista” ao Ministério Público para que requeira o arquivamento condicional dos autos
nos termos do n.º 5 do art.º 35.º do Regulamento das Custas Processuais.
123
A economia processual sugere a adoção do termo de “vista” para esta notificação. Desta forma, concede-se ao
Ministério Público a possibilidade de requerer diretamente nos próprios autos o que se lhe oferecer, poupando-se a
elaboração, apresentação, registo de entrada e subsequente entrega na secção de mais um “papel” para juntar ao
processo.
124
A partir desta data contam-se os cinco anos da prescrição da dívida de custas, podendo a execução ser
movimentada a todo o momento, logo que sejam conhecidos bens ao executado, o que, doravante, poderá ocorrer
com mais frequência do que no passado em face do registo informático de execuções.
220
Manual de apoio ao ingresso - 2013
falaremos mais adiante Se o Ministério Público nada requerer, seguem-se as citações previstas
no art.º 864.º do CPC, incluindo a do executado, na eventualidade de ele não ter sido citado
no ato da penhora (cfr. n.º 2).
CONSULTAS PRÉVIAS
(art.º 833.º-B, n.º 1)
Atenção
POSSIBILIDADE DE
REFORÇO
Notificação ao exequente (834.º-3)
(MP) dos resultados
SIM NÃO
Há bens?
b) Não sendo apresentado requeri- Penhora dos bens indicados Citação do executado (ou
mento, o agente de execução penhora notificação se já tiver
os bens encontrados com as regras de citado - art.º 833.º-B. n.ºs
preferência do art.º 834.º, n.º 1. SIM 4 e 5)
A requerimento do M.º
Execução prossegue P.º, o juiz dispensa o
os trâmites normais concurso dos credores
até integral e ordena a imediata
pagamento. liquidação dos bens Há mais
bens
penhorados
(art.º 35.º, n.º 5 RCP). NÃO
O produto da liquidação
é suficiente para
NÃO
pagamento dos valores O agente de execução
em dívida? ARQUIVA
(condicionalmente) a
Não há execução e notifica o MP,
mais bens sem prejuízo de
EXTINÇÃO prosseguimento nos
da execução (art.º SIM termos do art.º 35.º, n.º 6
919.º CPC) RCP.
221
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A penhora
Todavia, esta indicação não tem carácter vinculativo para o agente de execução – salvos
os casos taxativamente enunciados nos art.ºs 834.º-n.º1 e 835.º, casos em que não há lugar às
diligências prévias à penhora (art.º 833.º-A) -, cabendo-lhe promover as diligências
necessárias à identificação e localização dos bens de acordo com princípio da adequação
formulado no n.º 2 do art.º 834.º
Norma excecional é o n.º 2 do art.º 834.º, que admite a penhora, por excesso, de
imóvel ou de estabelecimento comercial, quando no universo patrimonial do executado não
existam bens cuja penhora se preveja não garantir a satisfação integral do devido no prazo de
6 meses.
222
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Sendo penhorados bens que estejam na posse de terceiro (cfr. art.º 831.º), o agente de
execução averigua, no ato da penhora, se tal facto advém de direito de retenção ou de
penhor e, na afirmativa, consigna-o no auto de penhora onde identifica o terceiro125, tendo
em vista a sua citação aquando da convocação dos credores (registados ou conhecidos), nos
termos do art.º 864.º, n.ºs 1 e 9.
Reforço ou substituição
Efetuada a penhora, é possível reforçá-la através da penhora de mais bens - o que pode
acontecer a requerimento do exequente - ou substituí-la pela penhora de outros bens, nuns
casos a pedido do exequente, noutros a requerimento do executado.
125
Estas referências são feitas em “18 - Observações” do auto de penhora de modelo aprovado pela
Portaria n.º 700/2003, de 31 de Julho.
223
Manual de apoio ao ingresso - 2013
6 – O executado que se oponha à execução pode, no ato da oposição, requerer a
substituição da penhora por caução idónea que igualmente garanta os fins da execução. (cfr.
art.º 813.º).
o O auto de penhora
Da penhora é lavrado auto126 de modelo aprovado pela Portaria n.º 700/2003, de 31 de Julho,
sob o comando do art.º 836.º CPC, no qual deverão constar, além dos elementos
identificadores das partes, do processo, da quantia exequenda, e dos prédios penhorados (os
quais deverão ser identificados tal como se encontram registados e considerando o disposto
no n.º 5-a) do art.º 810.º), a data e a hora da realização, que se revestem de particular
importância para a determinação do processo principal quando se sucedam penhoras sobre os
mesmos bens em processos diferentes (cfr. art.º 871.º) ou para a determinação do processo
em que há-de ser realizada a venda única no caso previsto no art.º 826.º, n.º 2.
o Penhora de imóveis
126
O modelo aprovado serve para a penhora de imóveis (art.º 838.º, n.º 3), móveis (849.º e 851.º, n.º 1) e estabelecimentos
comerciais (art.º 862.º-A, n.º 1).
224
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Antes de mais, importa sublinhar que as regras estabelecidas para a penhora de imóveis
aplicam-se subsidiariamente à penhora de bens móveis e de direitos (cfr. art.ºs 855.º e 863.º).
O registo da penhora é considerado ato urgente (cfr. art.ºs 838.º, n.º 5 do CPC e 75.º,
n.º 3 do CRP) devendo ser pagos, em simultâneo com o pedido ou antes deste, os
127
Art.º 204.º do Cód. Civil: 1 - São coisas imóveis os prédios rústicos e urbanos; as águas; as árvores, os arbustos
e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados a solo; os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas
anteriores; as partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos. 2 - Entende-se por prédio rústico é uma parte
delimitada do solo e as construções nele existentes que não tenham autonomia económica e por prédio urbano
qualquer edifício incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro. 3 - É parte integrante toda a
coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de permanência.
128
A comunicação eletrónica das penhoras (“Registos On Line”) encontra-se hoje disponível para os agentes de
execução (solicitadores de execução e advogados) através dos endereços www.predialonline.mj.pt (para imóveis)
e www.automovelonline.mj.pt (para automóveis). Para tanto é necessário que o utilizador tenha um certificado
digital, possibilidade ainda não comtemplada para os oficiais de justiça. Assim, nada mais nos resta do que
proceder ao envio da declaração nos termos gerais.
129
Art.º 48.º, n.º 1 do Cód. Reg. Predial (com a redação dada pelo Dec. Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho):”Sem
prejuízo do disposto quanto às execuções fiscais, o registo da penhora é efetuado com base em comunicação
eletrónica do agente de execução ou em declaração por ele subscrita.”
130
Os “certificados” desapareceram com o Decreto-Lei n.º 49063, de 12 de Junho de 1969.
131
O pedido de registo é efetuado pelos meios previstos no art.º 41.º-B do C.R.Predial.
225
Manual de apoio ao ingresso - 2013
emolumentos ou taxas devidas. Os tribunais, no que respeita à comunicação das ações,
decisões e outros procedimentos e providências judiciais sujeitas a registo, em que se
englobam os atos de registo no âmbito da ação executiva e enquanto no exercício das funções
de agente de execução, estão dispensados do pagamento dos emolumentos e taxas,
devendo tais quantias entrar em regra de custas (cfr. art.º 151.º, n.ºs 1 e 4 do Código do
Registo Predial).
Depositário
Em regra, o cargo de depositário é atribuído ao agente de execução ou quando este
seja oficial de justiça, o depósito é confiado a pessoa por ele designada – cfr. art.º 839.º, n.º
1.
226
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O próprio executado, mediante o consentimento do exequente ou quando o imóvel
penhorado seja a sua casa de habitação – al.ª a);
O arrendatário em caso de imóvel arrendado. Sendo vários os arrendatários, o
agente de execução escolherá um a quem caberá, também, cobrar as rendas e
depositá-las numa instituição de crédito à ordem do agente de execução ou da
secretaria de execução nas execuções em que o agente de execução seja oficial de
justiça – al.ª b) e n.º 2;
O retentor relativamente a bem penhorado que seja objeto de direito de retenção
derivado de incumprimento contratual judicialmente verificado – al.ª c).
Se o agente de execução for oficial de justiça, este designa depositário uma pessoa
idónea.
O depositário deve tomar posse efetiva dos bens penhorados, cuja entrega deverá
constar do auto de penhora, a menos que o cargo incumba ao próprio executado, caso em que
apenas se fará menção do facto no auto.
Estabelece o art.º 843.º que ao depositário incumbem, além dos deveres gerais de zelo
definidos nos art.ºs 1187.º e seguintes do Código Civil, o dever de administrar os bens e a
227
Manual de apoio ao ingresso - 2013
obrigação de prestar contas (cfr. art.º 1023.º), podendo o agente de execução socorrer-se de
colaboradores para o auxiliarem no desempenho do cargo, sob a sua responsabilidade (cfr.
art.º 1198.º do Cód. Civil).
A exploração dos bens penhorados é feita nos termos acordados entre exequente e
executado, e na falta de acordo compete ao juiz decidir, depois de ouvidos o depositário e
feitas outras diligências consideradas necessárias.
Incidente de remoção
228
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Assim sendo, fica inviabilizada qualquer solicitação do agente de execução para
efeitos de inscrição da penhora no registo.
Convém aqui relembrar que, no direito anterior à reforma de 2003, a penhora de imóvel
era realizada por termo nos autos que o depositário tinha obrigatoriamente que assinar (art.º
838.º -n.º 3 na redação anterior ao D.L. n.º 38/2003, de 8/3).
Essa obrigatoriedade não existe hoje em dia uma vez que, como já se referiu, a penhora
se realiza com a sua inscrição no registo.
Abordando agora a situação da entrega efetiva, parece-nos também que tal não
constitui qualquer reserva à possibilidade de o depositário poder ser constituído através de
notificação nos autos, já que, mesmo no direito anterior, ao assinar o termo, na secretaria, o
depositário não tomava posse efetiva de coisa nenhuma. Para tanto, e se tal se justificar,
pode o mesmo solicitar diretamente o auxílio da força pública, no caso de ser oposta alguma
resistência, ou solicitando a sua determinação ao juiz, no caso de necessidade de
arrombamento de portas, nos termos do disposto no art.º 840.º, n.ºs 2 e 3).
229
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Note-se que o averbamento, no auto do arresto, deve ser sempre efetuado, ainda que
se trate de bens não sujeitos a registo.
Levantamento da penhora
Além dos casos previstos nos art.ºs 834.º n.ºs 2 e 5, tal como quando proceda a oposição
à execução (cfr. art.º 863.º-B, n.º 4), a penhora pode ser levantada, pelo agente de
execução, a requerimento do executado com fundamento em ato ou omissão que não seja da
sua responsabilidade causadora da paragem da execução durante seis meses.
o Penhora de móveis
230
Manual de apoio ao ingresso - 2013
d) Os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas
anteriores;
e) As partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos.
2. Entende-se por prédio rústico uma parte delimitada do solo e as
construções nele existentes que não tenham autonomia económica, e
por prédio urbano qualquer edifício incorporado no solo, com os
terrenos que lhe sirvam de logradouro.
3. É parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente ao
prédio com carácter de permanência.
Artigo 205.º
Coisas móveis
1. São móveis todas as coisas não compreendidas no artigo anterior.
2. As coisas móveis sujeitas a registo público é aplicável o regime das
coisas móveis em tudo o que não seja especialmente regulado.
Com efeito, os bens móveis não sujeitos a registo são penhorados, apreendidos e
imediatamente removidos para depósitos (públicos132 ou não), presumindo-se pertencentes ao
executado os bens encontrados em seu poder, embora o executado possa reagir perante o
juiz, depois de efetuada a penhora, exibindo documentos comprovativos de direitos de
terceiros, os quais podem igualmente tomar posição na defesa dos seus interesses por meio
de embargo de terceiro (cfr. art.º 848.º, n.º 2 e 351.º).
132
Os bens removidos para depósitos públicos são lá vendidos – cfr. art.º 907.º-A
231
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O auto de penhora
No auto de penhora relatar-se-ão todas ocorrências.
133
O modelo aprovado serve para a penhora de imóveis (art.º 838.º, n.º 3), móveis (849.º e 851.º, n.º 1)
e estabelecimentos comerciais (art.º 862.º-A, n.º 1).
232
Manual de apoio ao ingresso - 2013
em face das informações prestadas pelo agente de execução, sem prejuízo de eventual
procedimento criminal.134
Depositário
Dos bens móveis penhorados é sempre depositário o agente de execução que efetuar a
diligência (solicitador de execução, advogado ou oficial de justiça), o que já não acontece nos
imóveis ou nos direitos.
Além dos deveres gerais estabelecidos nos art.ºs 1187.º e seguintes do Cód. Civil, o
depositário de bens móveis fica obrigado a mostrá-los a qualquer pessoa, quando tal lhe for
ordenado – cfr. art.º 854.º, n.º 1. Se não o fizer dentro do prazo de 5 dias nem justificar as
razões da falta, o agente de execução dará conhecimento do facto ao juiz com o fito de ser
decretado o arresto em bens do depositário faltoso para garantia do valor do depósito (valor
atribuído no auto de penhora aos bens em causa), as custas e as despesas, arresto que será
levantado logo que os bens sejam apresentados ou que sejam pagos os valores atrás referidos,
sendo as custas calculadas de imediato, tudo isto sem prejuízo de eventual responsabilidade
criminal135 Simultaneamente, o juiz ordena ainda
134
Art.º 227.º-A do Código Penal - Frustração de créditos
1 - O devedor que, após prolação de sentença condenatória exequível, destruir, danificar, fizer desaparecer,
ocultar ou sonegar parte do seu património, para dessa forma intencionalmente frustrar, total ou parcialmente, a
satisfação de um crédito de outrem, é punido, se, instaurada a ação executiva, nela não se conseguir satisfazer
inteiramente os direitos do credor, com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - É correspondentemente aplicável o disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo anterior.
135
Artigo 205.º do Código Penal - Abuso de confiança
1 - Quem ilegitimamente se apropriar de coisa móvel que lhe tenha sido entregue por título não translativo da
propriedade é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - A tentativa é punível.
3 - O procedimento criminal depende de queixa.
4 - Se a coisa referida no n.º 1 for:
a) De valor elevado, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias;
b) De valor consideravelmente elevado, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
233
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A extração de certidão dos autos e a entrega ao Ministério Público para efeitos de
procedimento criminal;
E ordena o prosseguimento da execução, também, contra o depositário infiel.
Tal como nos imóveis, também a penhora destes bens pode realizar-se nos termos
gerais, ou seja, através do preenchimento dos impressos próprios e entregues em mão ou
enviados sob registo postal às entidades competentes para o registo.
Penhora de navios
Tratando-se de navio despachado para viagem, a comunicação eletrónica é enviada à
conservatória do registo comercial, atento o disposto nos art.ºs 2.º e 4.º-f) do Dec. Lei n.º
42644, de 14 de Novembro de 1959136, diploma mantido em vigor pelo art.º 5.º n.º 2 do Dec.
Lei n.º 403/86, de 3 de Dezembro.
5 - Se o agente tiver recebido a coisa em depósito imposto por lei em razão de ofício, emprego ou profissão, ou na
qualidade de tutor, curador ou depositário judicial, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
Artigo 224.º do Código Penal - Infidelidade
1 - Quem, tendo-lhe sido confiado, por lei ou por ato jurídico, o encargo de dispor de interesses patrimoniais
alheios ou de os administrar ou fiscalizar, causar a esses interesses, intencionalmente e com grave violação dos
deveres que lhe incumbem, prejuízo patrimonial importante é punido com pena de prisão até três anos ou com
pena de multa.
2 - A tentativa é punível.
3 - O procedimento criminal depende de queixa.
4 - É correspondentemente aplicável o disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 206.º e na alínea a) do artigo 207.º.
Artigo 348.º do Código Penal - Desobediência
1 - Quem faltar à obediência devida a ordem ou a mandado legítimos, regularmente comunicados e emanados de
autoridade ou funcionário competente, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias
se:
a) Uma disposição legal cominar, no caso, a punição da desobediência simples; ou
b) Na ausência de disposição legal, a autoridade ou o funcionário fizerem a correspondente cominação.
2 - A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias nos casos em que uma disposição legal cominar a
punição da desobediência qualificada.
136
O art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 403/86, de 3/12, que aprovou o Código do Registo Comercial *, manteve em vigor
o diploma em anotação.
* Alterações ao Código do Registo Comercial: DL n.º 185/2009, de 12/08; DL n.º 122/2009, de 21/05; Lei n.º
19/2009, de 12/05; DL n.º 247-B/2008, de 30/12; Declaração de retificação n.º 47/2008, de 25/08; DL n.º
116/2008, de 04/07; DL n.º 73/2008, de 16/04; DL n.º 34/2008, de 26/02; DL n.º 318/2007, de 26/09; DL n.º
234
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Nos termos do n.º 2 do art.º 830.º, o navio considera-se despachado para viagem logo
que esteja em poder do respetivo capitão o desembaraço passado pela capitania do porto.
Nos outros casos, o pedido pode ser deferido independentemente do acordo das partes,
mediante a garantia de caução prestada pelo exequente ou credor que requerer a navegação
e dum seguro usual contra os riscos, após o que o navio é entregue ao requerente que se
constituirá como depositário, comunicando-se a decisão à capitania do porto – art.º 853.º.
A penhora que incida apenas sobre as mercadorias carregadas no navio rege-se pelas
disposições do artigo 830.º e das relativas à penhora dos bens móveis (sujeitos ou não a
registo) ou de direito, consoante a natureza dos bens encontrados.
Penhora de aeronaves
Tratando-se de aeronave, a comunicação é dirigida ao Instituto Nacional de Aviação
Civil, que é a entidade competente para o registo nos termos do art.º 6.º, al.ª i) do Decreto-
Lei n.º 133/98, de 15 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto- Lei n.º 145/2002,
de 21 de Maio, seguida de notificação à entidade responsável pelo controlo das operações
onde ela se encontrar estacionada, com a dupla finalidade de comunicar a penhora e
consequentemente proceder à apreensão da aeronave e dos respetivos documentos.
8/2007, de 17/01; Declaração de retificação n.º 28-A/2006, de 26/05; DL n.º 76-A/2006, de 29/03; DL n.º 52/2006,
de 15/03; DL n.º 111/2005, de 08/07; DL n.º 35/2005, de 17/02; DL n.º 2/2005, de 04/01; DL n.º 70/2004, de
25/03; DL n.º 53/2004, de 18/03; DL n.º 107/2003, de 04/06; DL n.º 323/2001, de 17/12; DL n.º 273/2001, de
13/10; DL n.º 533/99, de 11/12; DL n.º 410/99, de 15/10; DL n.º 375-A/99, de 20/09; Declaração de retificação n.º
10-AS/99, de 30/06; DL n.º 198/99, de 08/06; DL n.º 172/99, de 20/05; DL n.º 368/98, de 23/11; DL n.º 257/96, de
31/12; DL n.º 328/95, de 09/12; Declaração de retificação n.º 144/94, de 30/09; DL n.º 216/94, de 20/08; DL n.º
267/93, de 31/07; DL n.º 31/93, de 12/02; Declaração de retificação n.º 236-A/91, de 31/10); DL n.º 238/91, de
02/07; DL n.º 349/89, de 13/10; DL n.º 7/88, de 15/01; Declaração de retificação de 31/01/87; DL n.º 403/86, de
03/12 (primeira versão).
137
Última alteração: Decreto-Lei n.º 64/2005, 15 de Março.
235
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Conforme indicações que constam da página informática do Instituto Nacional de
Aviação Civil, I.P. [http://www.inac.pt], o pedido de registo de ação, arrolamento, arresto e
penhora, entre outros “atos diversos” ali referidos, sobre aeronave ou equipamento
autónomo (motor, rotor, hélice, APU, etc.), deve ser formulado através de requerimento cujo
formulário se encontra disponível, para download, em formato “pdf”138.
No caso concreto dos veículos automóveis, a penhora concretiza-se pela via do registo
em qualquer conservatória do registo de automóveis.
A penhora de bens móveis sujeitos a registo fica ainda condicionada à presunção de que
o seu valor seja uma vez e meia superior ao custo da sua venda judicial, conforme dispõe
alínea d) do n.º 1 do art.º 834.º.
Ora, tal juízo de prognose, imposto pelos art.ºs 833.º-A e 834.º do C.P.C., apenas pode
ser levado a cabo se o agente de execução estiver na posse de elementos concretos sobre o
veículo a penhorar, que não resultam normalmente da leitura do requerimento executivo.
138
http://www.inac.pt/SiteCollectionDocuments/Aeronaves/v2_7_req_registo_atos_diversos.pdf
236
Manual de apoio ao ingresso - 2013
custos do registo da penhora e demais despesas criadas por essa penhora, nomeadamente
através das diligências necessárias à identificação e localização do veículo.139
Os atos relativos a registos de veículos com motor e respetivos reboques podem ser
efetuados e os respetivos meios de prova obtidos em qualquer conservatória de registo
automóvel, independentemente da sua localização geográfica – cfr. art.º 30.º, n.º 2 da Lei
Orgânica da Direcção-Geral dos Registos e Notariado, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 87/2001,
de 17 de Março, na redação que lhe foi dada pelo D.L n.º 178-A/2005, de 28 de Outubro.
O registo de veículos tem essencialmente por fim dar publicidade à situação jurídica dos
veículos a motor e respetivos reboques, tendo em vista a segurança do comércio jurídico
(cfr. art.º 1.º do D.L. n.º 54/75, de 12 de Fevereiro, na redação que lhe foi dada pelo D.L.
n.º 178/2005, de 28 de Outubro).
Entrega do requerimento
139
Neste sentido, veja-se o acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 30/04/2009, JTRP00042534: “I – O
disposto no art. 851º, nº2, do CPC não permite que a penhora de veículos seja precedida de apreensão para
averiguação, seja da existência do veículo, seja do seu valor comercial.
II – Mas a penhora de bens apenas é legalmente admissível se presumivelmente puder contribuir para o pagamento
do montante exequendo.
III – A lei não proíbe, antes impõe, atenta a finalidade do processo executivo, que é a satisfação dos interesses do
credor, que, antes de se proceder à penhora do veículo, sejam pelo solicitador de execução realizadas diligências
tendentes a saber se o veículo é suscetível de gerar um valor que exceda os custos do registo da penhora, dos
honorários devidos ao solicitador e demais despesas por essa penhora criadas, única em que é razoável proceder à
penhora do mesmo.
IV – O solicitador de execução que proceda à penhora de um veículo sem ter efetuado essas diligências que lhe
hajam sido solicitadas pelo exequente ou impostas pelos dados do caso concreto, nomeadamente os anos
decorridos desde a data de matrícula do veículo, responderá perante o exequente pelos prejuízos que lhe causar
tal atuação negligente ou dolosa.”
140
Artigo 8.º
237
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Os pedidos de registo podem ser efetuados através dos modelos de requerimento
aprovados pelo Presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, I.P. (IRN, I.P.)
Atualmente existe apenas um modelo de requerimento para a prática de atos de registo
de veículos e respetivos reboques, nomeadamente para inscrição de hipotecas, penhoras e
arrestos.141
O pedido de registo da penhora pode ser realizado eletronicamente pelo agente de
execução nos termos previstos no art.º 838.º, n.º 1 do CPC, através de comunicação direta
entre o sistema GPESE e o sistema informático do registo automóvel (cfr. art.º 40.º, n.º 3 do
D.L. n.º 55/75, de 12 de Fevereiro, na redação dada pelo D.L. n.º 178-A/2005, de 28 de
Outubro, e art.º 22.º da Portaria n.º 99/2008, de 31 de Janeiro).
Conforme já foi referido para a penhora de imóveis, também não é ainda possível ao
oficial de justiça proceder à penhora eletrónica de veículos automóveis.
Além da entrega direta na conservatória, o requerimento pode ser enviado por correio,
sob registo postal e com aviso de receção, endereçado à conservatória do registo de
automóveis, nos termos do art.º 40.º do Decreto-Lei n.º 55/75.
1 - Os atos relativos a veículos a motor e respetivos reboques podem ser efetuados e os respetivos meios de
prova obtidos em qualquer conservatória do registo de veículos, independentemente da sua localização
geográfica.
2 - A competência para a prática dos atos previstos no número anterior pode ser atribuída a qualquer
conservatória de registos, através de despacho do presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, I. P.
141
O requerimento obtém-se neste endereço: http://www.irn.mj.pt/IRN/sections/irn/a_registral/servicos-
externos-docs/impressos/automovel/requerimento-de-
registo/downloadFile/file/ANEXD57.pdf?nocache=1216986303.52
142
Este diploma foi objeto de várias alterações, a última das quais pela Lei n.º 39/2008, de 11 de Agosto.
238
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Os factos sujeitos a registo vêm elencados nos art.ºs 5.º e 6.º do mesmo diploma, o qual
estabelece regras para o registo, complementadas pelo Regulamento do Registo de
Automóveis, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 55/75, de 12 de Fevereiro.143 O Código do Registo
Predial é subsidiariamente aplicável ao registo automóvel na medida e nos termos do
disposto no art.º 29.º do citado Decreto n.º 54/75.
Tal como os imóveis, também a penhora dos veículos automóveis se concretiza pela via
do registo na conservatória de registo dos automóveis, seguida dos demais atos
complementares.
http://www.irn.mj.pt/IRN/sections/inicio
Atos complementares
143
Este foi sujeito a diversas alterações, a última das quais pelo Decreto-Lei n.º 185/2009, de 12 de Agosto.
144
Este diploma foi objeto de várias alterações, a última das quais pelo Decreto- Lei n.º 138/2012, de 5 de Julho.
145
Esta Portaria ainda não foi publicada.
239
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Vejamos:
Apreensão do veículo
O veículo deve ser apreendido. E este facto envolve a proibição de o mesmo circular -
nos termos das disposições conjugadas dos art.ºs 851.º, n.º 2 do CPC e 22.º do Dec. Lei n.º
54/75, de 12 de Fevereiro -, podendo a apreensão ser solicitada a qualquer autoridade de
investigação criminal ou de fiscalização ou seus agentes, nos termos dos art.ºs 851.º, n.º 2
CPC e 161.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de Maio.
Assim, incumbe à entidade apreensora do veículo removê-lo, sempre que o agente de
execução entender necessário fazê-lo para salvaguarda do bem. Neste caso, o veículo deve
ser entregue a um fiel depositário, conforme dispõem os art.ºs 851.º, n.º 3 do CPC e 168.º do
Decreto-Lei n.º 114/94.
Todavia, caso não seja possível apreendê-los, deverá o executado ser expressamente
notificado (pela entidade apreensora ou, caso esta o não possa fazer, pelo agente de
execução) para os apresentar ao agente de execução no prazo de dez dias (art.º 153.º CPC),
sob a sanção cominada para o crime de desobediência qualificada previsto e punível nos
termos do art.º 348.º, n.º 2 do Código Penal ex vi do art.º 16.º, n.º 2 do Decreto-Lei n.º
54/75.
o Auto de apreensão
Incumbe à entidade administrativa ou policial lavrar o auto de apreensão e logo remetê-
lo ao agente de execução, acompanhado dos documentos do veículo (quando apreendidos),
dele se fazendo constar a nomeação e entrega ao depositário.
Pelo que mais adiante referiremos, no auto de apreensão deverá ser feita menção à
colocação do selo.
Quando o veículo se encontrar fora da área de jurisdição do tribunal onde correr a ação
executiva, o agente de execução solicita a apreensão diretamente à entidade administrativa
ou policial.
Sobre esta questão, transcreve-se em seguida o sumário do Acórdão do Tribunal da
Relação de Lisboa n.º JTRL00016998, de 7/2/1991: Para proceder à penhora de uma viatura
240
Manual de apoio ao ingresso - 2013
automóvel é correto solicitar a sua apreensão às autoridades policiais, ainda que atuem fora
da área da jurisdição do Tribunal – in www.dgsi.pt.
o Remoção do veículo
Decorre do n.º 3 do art.º 851.º do CPC que a remoção do veículo é um recurso a utilizar
a título excecional, isto é, quando o agente de execução entender necessário fazê-lo para a
salvaguarda do bem.
Depositário
Em matéria de depositário o art.º 851.º é omisso.
Com efeito, as normas reguladoras da penhora de bens móveis não sujeitos a registo são
distintas das que regulam a penhora de bens móveis sujeitos a registo.
Vejamos, em síntese:
A penhora de bens móveis não sujeitos a registo pauta-se por regras próprias - art.ºs
848.º a 850.º - e acessoriamente pelo preceituado sobre a penhora de bens imóveis, por força
do art.º 855.º.
Quanto aos bens móveis sujeitos a registo, importa, antes de mais, sublinhar que nele
se congregam, embora com tratamentos diversos, veículos automóveis, navios ou aeronaves.
Vem a propósito lembrar que nas “execuções por custas, multas, coimas e ou outras
quantias contadas” a penhora dos bens móveis sujeitos a registos submete-se às regras da
penhora de imóveis, quer por força da remissão que o n.º 1 do art.º 851.º faz para o art.º
838.º, quer pela via subsidiária do art.º 855.º, aliás, a exemplo do que se verifica com os bens
móveis não sujeitos a registo, muito embora a penhora de navios ou de mercadorias neles
carregadas devam seguir ainda o estabelecido nos art.ºs 830.º, 852.º e 853.º do CPC.
Nesta perspetiva, afigura-se-nos inaplicável à penhora dos bens móveis sujeitos a registo
o que vem disposto no artigo 848.º para a penhora de bens móveis não sujeitos a registo. O
mesmo é dizer que, à falta de normas próprias, o depositário dos bens móveis sujeitos a
registo há-de ser encontrado segundo os critérios estabelecidos para a penhora de bens
imóveis, ou seja, no quadro legal do art.º 839.º ex vi do art.º 855.º do CPC.
De forma que, sendo oficial de justiça a desempenhar funções de agente de execução,
jamais lhe incumbe o depósito do veículo penhorado.
Na verdade, o depositário há-de ser a pessoa designada pelo agente de execução, sem
excluir o exequente, nem o próprio executado, cabendo ao agente de execução clarificar esta
241
Manual de apoio ao ingresso - 2013
última possibilidade, notificando o exequente, em momento anterior ao da penhora, para, no
prazo de dez dias (art.º 153.º CPC), declarar expressamente se se opõe a que o executado,
quando necessário e com vista a obviar dificuldades retardatárias do processo, seja nomeado
depositário dos bens penhorados.
Nesta linha de raciocínio, a remoção do veículo para qualquer depósito (público ou não)
só ocorrerá mediante opção fundamentada e casuisticamente tomada pelo agente de
execução, tendo em linha de conta a medida de exceção consagrada no n.º 3 do citado art.º
851.º do CPC.
O executado deve ser citado ou notificado no próprio ato da penhora ou nos cinco dias
subsequentes – cfr. n.ºs 2 e 7 do art.º 864.º do CPC.
Só assim não será se da certidão resultar que o titular inscrito é pessoa diversa do
executado, facto que determina, como é consabido, o cumprimento, pelo agente de
execução, do disposto no artigo 119.º do Código do Registo Predial, aqui aplicado
subsidiariamente por força do art.º 29.º do Decreto-Lei n.º 54/75, de 12 de Fevereiro.
Por conseguinte, o sobredito prazo de cinco dias para o agente de execução citar ou
notificar o executado decorre a partir do termo do prazo estabelecido no n.º 1 do art.º 119.º
do CRP ou da data da apresentação da declaração negativa do titular inscrito.
Considerando, como vimos, que a imobilização do veículo por via da apreensão sucede à
penhora propriamente dita, somos levados a concluir que o auto de penhora deve ser
lavrado na secretaria logo após a receção da certidão do registo, obviamente sem prejuízo
do disposto no art.º 119.º do Código do Registo Predial tal como vimos atrás, no sentido de se
permitir a oportuna citação ou notificação do executado em ordem a permitir-lhe exercer os
seus direitos processuais.
242
Manual de apoio ao ingresso - 2013
tomar conhecimento da penhora e da pendência do processo, quando não previamente
citado, sem que o agente de execução lhe tivesse dado tal “notícia” em tempo oportuno.
As razões podem ser as mais variadas, desde o veículo ter ficado completamente
destruído num acidente de viação até à sua deslocação para país estrangeiro.
Numa tal situação, o agente de execução, entre outras hipóteses, pode suscitar a
intervenção do juiz no sentido de ordenar a notificação do executado, nos termos e sob os
efeitos cominatórios do art.º 519.º do CPC, como também deve notificar o facto ao exequente
para, no prazo de 10 dias (art.º 153.º), dizer o que se lhe oferecer, não sendo de excluir,
numa tal dificuldade e ante a provável insuficiência do bem, a eventualidade de ele vir a
requerer o reforço da penhora, com base no art.º 834.º, n.º 3-b) do CPC.
Preceitua o n.º 2 do art.º 851.º do CPC que “a penhora de veículo automóvel é seguida
de imobilização, designadamente através da imposição de selos...” A prática revela-nos que a
apreensão do veículo é solicitada a entidades policiais e predominantemente por estas
realizada.
O ato implica não só a imobilização do veículo, mas também a sua proibição de circular
– cfr. art.º 164.º, n.º 3 do D.L. n.º 114/95, de 23/02.
Sendo este o natural sentido da lei, não vemos por que razão não há-de ser a
entidade apreensora do veículo a fazer a imposição do “selo” sinalizador da imobilização.
Para tanto, o pedido de apreensão endereçado às entidades administrativas ou policiais
há-de ser acompanhado de um selo, previamente preenchido, ficando em branco apenas os
campos destinados à data e à assinatura.
Este documento está disponível no Habilus, para ser solicitada a aposição do selo em
zona envidraçada do veículo, assim como a assinatura legível do agente e a indicação do seu
número de identificação profissional e a corporação ou serviço a que pertencer, tudo
autenticado com o carimbo em uso na unidade ou serviço respetivos.
No auto de apreensão deve a entidade apreensora fazer expressa referência à aposição
do selo de penhora.
243
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Valor do veículo automóvel
Concluindo, de acordo com a perspetiva desenhada, o elenco dos atos relacionados com a
penhora de veículo automóvel é o que passamos a descrever, em síntese final:
1. Diligências precedentes
- Diligências prévias à penhora no sentido da identificação e localização do veículo
a penhorar;
244
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Citação ou notificação do executado (independentemente dos resultados do pedido de
apreensão), a efetuar no prazo de 5 dias a contar da receção da certidão do registo ou após o
art.º 119.º CRP, Nas execuções por custas, multas, coimas e outras quantias contadas ou
liquidadas, quando o bem a penhorar for um veículo automóvel, com o fim de evitar a prática
de atos inúteis, o oficial de justiça, previamente ao registo em que se traduz a penhora, deve
averiguar se o mesmo se encontra ou não registado em nome do executado. Caso o veículo
não se encontre registado em nome do executado deverá o agente de execução notificar o
exequente (Ministério Público) para manter ou substituir o bem indicado a penhora.
Os velocípedes não estão sujeitos a registo, nem tão pouco têm já obrigatoriedade de
matrícula.
O art.º 117.º do Código da Estrada elenca os veículos cuja matrícula é obrigatória não
constando dele os velocípedes conforme definição do art.º 112.º do mesmo código.146
Por isso, a penhora dos velocípedes enquadra-se na penhora de bens móveis não sujeitos
a registo nos termos do art.º 848.º.
Penhora de direitos
146
Código da Estrada – DL n.º 114/94, de 3 de Maio, na redação que lhe foi dada pelo DL n.º 138/1012,
de 5 de Julho.
Artigo 112.º
Velocípedes
1 - Velocípede é o veículo com duas ou mais rodas acionado pelo esforço do próprio condutor por meio de pedais
ou dispositivos análogos.
2 - Velocípede com motor é o velocípede equipado com motor auxiliar com potência máxima contínua de 0,25 kW,
cuja alimentação é reduzida progressivamente com o aumento da velocidade e interrompida se atingir a
velocidade de 25 km/h, ou antes, se o condutor deixar de pedalar.
3 - Para efeitos do presente Código, os velocípedes com motor, as trotinetas com motor, bem como os dispositivos
de circulação com motor elétrico, autoequilibrados e automotores ou outros meios de circulação análogos com
motor são equiparados a velocípedes.
245
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Mas, a penhora pode incidir também sobre coisas incorpóreas, ou seja, sobre direitos.
Penhora de créditos
Efetua-se por notificação ao devedor do executado, segundo o formalismo da citação,
ou por outras palavras, a notificação processa-se como a citação pessoal, a qual, como é
sabido, começa pela via postal e vai até ao contacto pessoal pelo agente de execução ou
oficial de justiça, consoante o caso (cfr. art.ºs 233.º, n.ºs 2 e 4 e 808.º, n.º 1).
Este devedor (terceiro) é assim notificado de que o crédito do executado fica à ordem
do agente de execução e que dispõe dum prazo de 10 dias (prorrogável com fundamento
justificado) para declarar se o crédito existe ou não e, na afirmativa, quais as garantias que o
acompanham, em que data se vence e quaisquer outras circunstâncias que possam interessar
à execução – cfr. art.º 865.º, n.ºs 1 e 2 -, sendo advertido nos termos e para os efeitos dos
art.ºs 856.º, n.ºs 3 e 4 e 860.º, n.º 4.
246
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Estando o crédito garantido por penhor de coisas (cfr. art.ºs 669.º e seguintes do Cód.
Civil), faz-se a apreensão dos próprios bens empenhados nos termos da penhora de bens
móveis.
Tratando-se de penhor de direitos (cfr. art.ºs 679.º e seguintes do CC), são os direitos
transferidos para a execução por via das notificações aos terceiros, nos termos da penhora de
direitos.
Se o crédito estiver garantido por hipoteca, a penhora será registada por averbamento à
respetiva inscrição – cfr. art.ºs 856.º, n.º 6 do CPC; 2.º, n.º 1-o) e 101.º, n.º 1-a), ambos do
Código do Registo Predial.
147
“Diz-se litigioso o direito que tiver sido contestado em juízo contencioso, ainda que arbitral, por qualquer
interessado” – cfr. n.º 3 do art.º 579.º do Código Civil.
247
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Perante o incumprimento da prestação pelo executado, pode o exequente ou o terceiro
devedor exigir o cumprimento da obrigação, por apenso à ação executiva (cfr. art.º 859.º, n.º
2 e 4).
248
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Penhora de direitos ou expectativas de aquisição
Diz-nos o n.º 1 do art.º 860.º-A, que lhe são aplicáveis as disposições relativas à penhora
de créditos, o que vale por dizer, que a penhora se constitui por notificação do terceiro
(segundo as regras da citação), nos termos do art.º 856.º.
Exemplo:
249
Manual de apoio ao ingresso - 2013
que não dispensa o agente de execução de efetuar a comunicação eletrónica à respetiva
conservatória ou em alternativa proceda ao registo da penhora nos termos gerais, pagando o
respetivo preparo149, e de lavrar o auto de penhora depois de receber da conservatória a
certidão dos ónus e encargos
149
Cfr. penhora de imóveis e móveis sujeitos a registo – art.ºs 838.º e 851.º.
150
Os vencimentos dos funcionários e agentes da administração pública estão abrangidos por esta norma, uma vez
que desapareceu o regime diferenciado de penhora que se previa na anterior versão do CPC.
151
O valor dos descontos mensais está sujeito aos limites do art.º 824.º.
152
De notar que agora as quantias depositadas são entregues pelo agente de execução ao exequente, sem
necessidade de requerimento (cfr. nova redação do n.º 3 do art.º 861.º).
250
Manual de apoio ao ingresso - 2013
do n.º 3 do art.º 821.º, e assegurando-se os valores dos créditos reclamados ou dos créditos
graduados antes do exequente, consoante o caso – cfr. art.º 861.º, n.º 3.
Fugindo à regra geral da não precedência de despacho instituída no n.º 1 do art.º 832.º,
a penhora de depósitos bancários carece sempre de despacho do juiz a autorizá-la, que
pode fazer parte do despacho liminar quando a ele houver lugar e efetua-se preferentemente
por comunicação eletrónica diretamente para cada uma das instituições bancárias (cfr. art.º
861.º-A, n.ºs 1 e 6).
Nas execuções em que não haja lugar a despacho liminar, pode revelar-se prematuro
fazer o processo concluso imediatamente após a autuação do requerimento executivo em face
do que pode resultar da consulta prévia nos termos do art.º 832.º (cfr. n.ºs 3 e 4).
Nas execuções em que agente de execução for oficial de justiça, será através do Habilus
que estas comunicações se hão-de processar (envioresposta) bastando ao operador
selecionar as instituições bancárias para as quais pretende enviar a comunicação.
251
Manual de apoio ao ingresso - 2013
1) Contas a prazo
a) Executado único titular;
b) Menor número de contitulares;
c) Executado 1.º titular de entre vários titulares ou contitulares;
2) Contas à ordem
a) Executado único titular;
b) Menor número de contitulares;
c) Executado 1.º titular de entre vários titulares ou contitulares;
A notificação é feita com a menção expressa de que o saldo existente ou a quota-
parte do executado (nos casos de contitularidade) fica cativo desde a data da
notificação, podendo apenas ser movimentada pelo agente de execução até ao
limite do n.º 3 do art.º 821.º (dívida exequenda + despesas previsíveis), para além
dos movimentos a débito ou a crédito resultantes de operações ocorridas antes da
penhora (por exemplo, pagamentos feitos através de cartão de crédito; letras;
livranças; cheque emitido antes da penhora e creditado na conta, cujo saldo só fica
disponível uns dias depois), sendo que as instituições constituem-se depositárias e
como tal responsáveis pelos saldos existentes, incumbindo-lhes o dever de enviarem
para o “tribunal” extratos dos movimentos efetuados (cfr. art.º 861.º-A, n.ºs 3 e
11);
Identificação do agente de execução e do executado:
O agente de notificação identifica-se nos termos do n.º 11 do art.º 808.º e do
art.º 6.º da Portaria n.º 331-B/2009,de 30/3, e identifica o executado pelo
nome, domicílio ou sede (se pessoa coletiva), número do bilhete de
identidade ou documento equivalente (cédula, carta de condução,
passaporte, etc.) e número de identificação fiscal.
Na falta do B.I. e ou do n.º de identificação fiscal, deve o agente de
execução recorrer à consulta de documentos sujeitos a sigilo fiscais,
requerendo previamente ao juiz a necessária autorização nos termos do n.º 7
do art.º 833.º-A;
Resposta das instituições:
o As entidades notificadas devolvem a resposta (positiva ou
negativa) no prazo de 10 dias (art.º 861.º-A, n.º 8);
Notificação do executado:
252
Manual de apoio ao ingresso - 2013
o Incumbe às entidades bancárias comunicar ao executado a
efetivação da penhora;
Custos
Para cada instituição notificada estão fixadas no n.º 5 art.º 17.º do Regulamento das
Custas Processuais as remunerações a seguir indicadas, as quais entram em regra de custas a
título de encargos (cfr. art.º 861.º-A, n.º 12):
Nas comunicações eletrónicas:
1/5 UC, quando sejam apreendidos saldos de conta bancária ou
valores mobiliários existentes em nome do executado;
1/10 UC, quando não haja saldos ou valores em nome do
executado;
Nas comunicações normais (não eletrónicas)
Metade dos valores acima indicados.
Penhora de
quinhão autónomo
direito a bem indiviso não sujeito a registo
direito real de habitação periódica
253
Manual de apoio ao ingresso - 2013
outro direito real cujo objeto não deva ser apreendido153
quota em sociedade
Comecemos por recordar as restrições à penhora dos próprios bens que integram a
universalidade do património autónomo ou de bem indiviso estabelecidas no art.º 826.º.
Serão, ainda, notificados de que podem fazer as declarações que entenderem quanto ao
direito do executado, no prazo de 10 dias ou no próprio ato de notificação quando for por
contacto pessoal do agente de execução (cfr. art.º 856.º, n.º 2), e ao modo de o tornar
efetivo, podendo dizer se pretendem que a venda tenha por objeto todo o património
autónomo (ex. herança) ou a totalidade do bem indiviso (cfr. art.º 862.º, n.º 2). Se,
posteriormente, todos os contitulares forem unânimes quanto à venda total, a ela se
procederá (cfr. art.º 862.º, n.º 4).
153
Exemplo: penhora da nua propriedade em fração autónoma.
254
Manual de apoio ao ingresso - 2013
notificação à própria sociedade154, aplicando-se, quanto à execução da quota, os art.ºs 183.º,
222.º e 239.º do Código das Sociedades Comerciais.
A oposição à penhora
Quando ao executado sejam penhorados bens, ele pode deduzir oposição nos termos do
art.º 863.º-A, no prazo de 20 dias a contar da citação efetuada após a penhora nos termos do
n.º 1 do art.º 864.º (art.º 863.º-B, n.º 1-a)) ou no prazo de 10 dias a contar da notificação da
penhora quando o executado já tiver sido anteriormente citado (art.º 863.º-B, n.º 1-b) e
813.º, n.ºs 1 e 2).
Um outro aspeto a considerar é que este incidente corre por apenso à execução, de
forma autónoma ou cumulado na oposição à execução (art.º 813.º, n.º 2, 863.º-B, n.º 2 e
817.º, n.º 1. À penhora pode igualmente opor-se o cônjuge do executado quando ela incida
em bens comuns do casal - perante a falta ou insuficiência ou inexistência de bens próprios do
executado - ou sobre bens imóveis ou estabelecimento comercial próprios ou comuns que não
possam ser alienados livremente (cfr. art.ºs 864.º, n.º 3-a) e 864.º-A do CPC e 1682.º-A do
CC155), em execução por dívidas comuns ou comunicáveis (cfr. art.ºs 825.º, n.ºs 2 a 4, 863.º-A,
n.º 1 al.ªs b) e c), 864.º, n.º 3-a) e 864.º-A).
Também ao terceiro cuja posse ou direito sobre certos bens seja afetada pela penhora
está reservado o direito de contra ela reagir por embargos de terceiro (cfr. art.ºs 1285.º e
1311.º do CC e 351.º, n.º 1 do CPC).
154
A sede da sociedade constitui o seu domicílio, sem prejuízo de no contrato se estipular domicílio particular para
determinados negócios – art.º 12.º, n.º 2 do Código das Sociedades Comerciais integralmente republicado com o
Dec. Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março.
155
Segundo este normativo, carecem do consentimento de ambos os cônjuges a alienação da casa de morada de
família e, salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens, a alienação de imóveis ou de
estabelecimentos próprios ou comuns.
255
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Cumulado o incidente na oposição à execução, deverá o executado opoente auto
liquidar previamente à apresentação do articulado as taxas de justiça correspondentes à
oposição à execução e ao incidente da oposição à penhora, em função dos respetivos valores
tributários (cfr. art.ºs 447.º, n.º 2 e 447.º-A do CPC; 1.º e 7.º do Regulamento das Custas
Processuais e Tabela II aprovada pelo Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de Fevereiro).
Sendo admitido o incidente, a execução será suspensa quanto aos bens objeto da
oposição, e se o executado prestar caução, podendo prosseguir se houver outros bens
penhorados (cfr. art.º 863.º- B, n.º 3).
O exequente pode, ainda, nos termos do art.º 834.º n.º 3, al.ªs b) a e), requerer a
substituição ou reforço da penhora, tal como poderá fazê-lo o próprio executado nos termos
previstos na al.ª a) do mesmo artigo.
Concurso de credores
Efetuada a penhora, para além do executado e do cônjuge, o agente de execução deve
proceder à citação dos credores que sejam titulares de direito real de garantia para
reclamarem o pagamento dos seus créditos (cfr. art.º 864.º n.º 3-b)).
O art.º 864.º não especifica as situações em que a citação deve ocorrer, mas, é da
leitura do n.º 4 do art.º 865.º que se afere a não admissão da reclamação de créditos quando
a penhora incide sob determinados bens. Ora se não são admitidos, também não deverão ser
citados de forma a não se praticarem atos inúteis nos processos.
Assim, não deverá haver lugar citação dos credores com privilégio creditório geral,
mobiliário ou imobiliário nas execuções em que tenha sido penhorado:
256
Manual de apoio ao ingresso - 2013
1 - Renda, vencimento ou rendimento periódico
As entidades referidas nas leis fiscais, o Instituto da Segurança Social, I.P. e o Instituto
de Gestão Financeira da Segurança Social, I.P., são citados exclusivamente por meios
eletrónicos nos termos definidos na Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de Março.
A citação por transmissão eletrónica de dados efetuada nos termos atrás referidos
considera-se efetuada na data em que a entidade citanda proceder, pela primeira vez, à
consulta da citação e tem-se por efetuada na própria pessoa do citando.
257
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Caso a primeira consulta não seja efetuada nos primeiros quatro dias após a data da
disponibilização da citação, a mesma presume-se efetuada na própria pessoa do citando
no 5.º dia posterior àquela data, presumindo-se também que o citado teve oportuno
conhecimento dos elementos que lhe foram disponibilizados.
A citação dos restantes credores é efetuada nos termos gerais, ou seja, por carta
registada com aviso de receção de modelo aprovado, não havendo lugar à citação edital.
Após a citação, têm os credores o prazo de 15 dias para reclamar os seus créditos (art.º
865.º, n.º 2).
Os titulares de direitos reais de garantia que não tenham sido citados, podem reclamar
espontaneamente o seu crédito até à transmissão dos bens penhorados (art.º 865.º, n.º 3).
Se for deduzida alguma impugnação, o credor cujo crédito haja sido impugnado pode
responder no prazo de 10 dias a contar da notificação (art.º 867.º).
258
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se o credor, não se encontrar munido de título executivo, embora o crédito goze de
garantia real sobre os bens penhorados, deverá, dentro do prazo da reclamação de créditos,
requerer que a graduação de créditos aguarde até que consiga obter o título (cfr. art.º 869.º,
n.º 1).
Se a ação tiver sido, ainda, proposta, o requerente deverá propô-la contra o executado,
exequente e demais credores.
Pagamentos
Findo o prazo para a reclamação de créditos (cfr. art.º 865.º, n.º 2), a execução
prossegue, independentemente dos trâmites do apenso de verificação e graduação de
créditos, com as necessárias diligências para a realização dos pagamentos (cfr. art.º 873.º, n.º
1), à exceção da consignação de rendimentos, que pode ser requerida pelo exequente e
deferida logo a seguir à penhora.
259
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- venda (cfr. art.ºs 886.º e segs.).
O requerente deve indicar o preço em que assenta a sua oferta, o qual não poderá a
oferta ser inferior a 85% do valor base dos bens156 (cfr. art.º 889.º, n.º 2). Deve, ainda,
juntar ao requerimento da proposta
- Um cheque visado emitido à ordem da secretaria ou do agente de execução,
consoante as diligências de execução sejam realizadas por oficial de justiça ou por
agente de execução (agente de execução ou advogado), no montante correspondente
a 5% do valor anunciado para a venda, ou
156
Redação da Lei n.º 60/2012, de 9 de Novembro.
260
Manual de apoio ao ingresso - 2013
- garantia bancária no mesmo valor (cfr. art.º 897.º, n.º 1).
Esta modalidade de pagamento pode ser requerida ao agente de execução logo após a
penhora de bens até à venda ou adjudicação, desde que a penhora tenha recaído em bens
imóveis ou móveis sujeitos a registo (cfr. art.º 879º, n.º 1). Diversamente da adjudicação de
261
Manual de apoio ao ingresso - 2013
bens, que pode ser requerida igualmente pelos credores reclamantes, a consignação de
rendimentos só pode ser requerida pelo exequente.
Ouvido o executado, se este não requerer a venda, é deferido o requerido ao
exequente, sendo este pago pelo rendimento dos bens.
Se a consignação de rendimentos for deferida antes de se iniciar a fase da convocação
de credores, esta não se realiza (cfr. art.º 879.º, n.º 3) uma vez que os bens não são
transmitidos.
A consignação efetua-se por comunicação ao serviço competente de registo, através
de comunicação eletrónica, sendo o registo efetuado por averbamento (cfr. art.º 879.º, n.ºs 4
e 5).
Não haverá lugar à citação dos credores se a consignação de rendimentos for requerida
antes dela (citação dos credores).
262
Manual de apoio ao ingresso - 2013
pelo produto da venda do bem penhorado. Se não o exercer, perde o direito de garantia
constituído a seu favor pela penhora e, caso o credor tenha exercido o direito de prosseguir
com a execução, assumindo a posição de exequente, verá a ação executiva prosseguir apenas
para satisfação do seu crédito e os restantes credores reclamantes com garantia real sobre o
bem penhorado (cfr. art.º 885º, n.º s 2 a 4).
Quando não esteja prevista na lei, cabe ao agente de execução decidir sobre a
modalidade da venda, depois de ouvidos os interessados (cfr. art.º 886.º-A), devendo a
decisão ter como objeto as seguintes questões:
- modalidade da venda;
- valor base dos bens a vender;
- eventual formação de lotes, com vista à venda em conjunto dos bens
penhorados.
263
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Quanto aos restantes bens, compete ao agente de execução fixar o seu valor base de
acordo com o valor de mercado, podendo realizar as diligências necessárias à determinação
do valor, quando considerá-lo vantajoso ou algum dos interessados lho solicitar.
A lei privilegia este tipo de venda para os imóveis penhorados que não hajam de ser
vendidos de outra forma e para os estabelecimentos comerciais de valor superior a 500 UCs,
afastando desta modalidade de venda os bens móveis penhorados (cfr. art.ºs 889.º, n.º 1,
901.º-A).
Assim, os imóveis são vendidos por propostas em carta fechada (cfr. art.ºs 889.º, n.º
1 e 895.º, n.º 2), sem prejuízo de poderem sê-lo noutras modalidades, conforme mais adiante
se verá.
Decidida a venda de imóveis por propostas em carta fechada, cabe ao juiz designar dia e
hora para a abertura das propostas, competindo o agente de execução ou oficial de justiça,
consoante, publicitá-la por meio de um edital afixado na porta do prédio a vender e de um
anúncio na página informática do tribunal157, com a antecedência mínima de dez dias (cfr.
art.º 890.º, n.º 1).
O valor da venda a anunciar é o correspondente a 85% do valor base dos bens (cfr. art.º
889.º, n.º 2)
157
http://www.citius.mj.pt/Portal/consultas/ConsultasVenda.aspx
A reforma de 2008 suprimiu os editais à porta do tribunal e na junta de freguesia do prédio a vender.
264
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O anúncio em página informática de acesso público no endereço eletrónico
http://www.tribunaisnet.mj,pt – cfr. art.º 890.º, n.º 1-a) e n.º 1 do art.º 35.º da Portaria n.º
331-B/2009, de 30 de Março Quer o anúncio quer o edital deverão conter;
Além dos meios publicitários atrás mencionados, são admissíveis outros meios de
divulgação da venda, como, por exemplo, os jornais - cfr. art.º 890 nº 2
Os bens a vender devem ser mostrados pelo depositário designado (cfr. art.º 839.º) a
quem os queira examinar (cfr. art.º 891.º), podendo este fixar as horas para o efeito, devendo
o agente de execução fazer esta menção no anúncio e edital.
Para que se possa incluir na publicidade a dar à venda, do local e horário fixado para a
inspeção dos bens a vender, deverá o agente de execução notificar o depositário para esse
fim, notificação esta que poderá juntar-se à da decisão sobre a modalidade da venda nos
termos do art.º 886.º-A. Devem ser notificados os titulares de direito de preferência legal
ou convencional com eficácia real sobre os bens penhorados, informando – os do dia, hora e
local para a abertura das propostas (cfr. art.º 892º, n.º s 1 e 2).
Nota:
265
Manual de apoio ao ingresso - 2013
As propostas são entregues na secretaria do tribunal (até ao momento de abertura) e
abertas pelo agente de execução ou pelo oficial de justiça, consoante os casos, na presença
do juiz, devendo assistir à abertura o agente de execução, podendo também assistir, se
quiserem, o executado, o exequente, credores reclamantes que detenham garantias reais
sobre os bens a vender e os proponentes (cfr. art.º 893º, n.º 1).
Se o preço mais elevado for oferecido por mais de um proponente abre-se logo licitação
entre eles, salvo se declararem que pretendem adquirir os bens em compropriedade (cfr.
art.º 893.º, n.º 2).
Após abertura das propostas da licitação ou do sorteio a que haja lugar, são as mesmas
apreciadas pelo exequente, executado e credores que hajam comparecido. Se nenhum estiver
presente, considera-se aceite a proposta de maior valor (cfr. art.º 894.º, n.º 1).
Determinar que a venda fique sem efeito e aceitar a proposta de valor imediatamente
inferior;
Determinar que a venda fique sem efeito e efetuar a venda dos bens através da
modalidade mais adequada, não podendo ser admitido o proponente ou preferente
remisso a adquirir novamente os mesmos bens e perdendo o valor da caução
constituída nos termos do n.º 1 do artigo 897.º;
158
No regime anterior ao Dec. Lei n.º 226/2008, o montante da caução era o de 20% calculado sobre o valor base
dos bens.
266
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Liquidar a responsabilidade do proponente ou preferente remisso, devendo ser
promovido perante o juiz o arresto em bens suficientes para garantir o valor em falta,
acrescido das custas e despesas, sem prejuízo de procedimento criminal e sendo aquele,
simultaneamente, executado no próprio processo para pagamento daquele valor e acréscimos
Em suma, ouvidos todos os interessados na venda, poderá ser determinado que aquela fique
sem efeito, aceitando-se a proposta de valor imediatamente inferior, não perdendo o
proponente, nesta situação, o valor apresentado como caução.
Aos preferentes que pretendam exercer esse direito aplicam-se as regras, devidamente
adaptadas, do art.º 897.º, n.º 1, isto é, a caução dos 5% sobre o valor anunciado para a
venda, devendo depositar o remanescente do valor no prazo de 15 dias, à ordem da
secretaria ou em instituição bancária à ordem do agente de execução, consoante as
diligências sejam efetuadas por oficial de justiça ou agente de execução.
267
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Venda por negociação particular – art.º s 904.º e 905.º
A venda por negociação particular prevista no art.º 904.º pode surgir nas seguintes
situações:
Esta venda é efetuada por uma pessoa especialmente designada para o efeito pelo
agente de execução, podendo ele próprio ser encarregado da venda (nunca o oficial de
justiça) por acordo de todos os credores e sem oposição do executado, ou, na falta de acordo
ou havendo oposição, por determinação do juiz. Para a venda de imóveis é preferencialmente
designado um mediador oficial (cfr. art.º 905.º, n.º s 1 a 3).
O preço oferecido deve ser imediatamente pago na sua totalidade antes de lavrado o
instrumento da venda (cfr. art.º 900.º, n.º 1).
- Tratando-se de bens móveis o agente de execução opte por esta modalidade nos
termos da al. b) do artigo em anotação.
Esta modalidade de venda abrange bens móveis e imóveis e é efetuada pelo pessoal do
estabelecimento de leilão.
268
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Cabe ao gerente do estabelecimento depositar o preço líquido em instituição de
crédito, à ordem do agente de execução ou, nos casos em que as diligências de execução são
realizadas por oficial de justiça, da secretaria, e fazer chegar ao processo o respetivo
conhecimento, nos cinco dias posteriores à realização da venda, sob cominação das sanções
aplicáveis ao infiel depositário (cfr. art.º 854.º).
(art.º 907.º-A do CPC e art.ºs 36.º a 44.º da Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março)
É uma nova modalidade de venda que está vocacionada para a venda de bens que
tenham sido removidos para o depósito e que não devam ser vendidos de outra forma.159
- De acordo com o art.º 37.º, n.º 1 da Portaria 331-B/2009, salvo disposição legal em
contrário, os bens a remover para depósito público ou equiparado são:
- Bens móveis não sujeitos a registo;
- Bens móveis sujeitos a registo, quando seja necessária ou conveniente a sua
remoção efetiva, desde que a natureza do bem não seja incompatível com a
estrutura do armazém.
Da conjugação daquela disposição com o n.º 3 do art.º 851.º, resulta que, após a
penhora e a imobilização do veiculo automóvel, este só será removido para o respetivo
depósito se e quando o agente de execução achar conveniente.
Esta venda será feita mensalmente, após ser publicitada nos termos do n.º 2 do art.º
907.º-A do C.P.C.
Os bens que se encontrem em depósito público ou equiparado são vendidos desde que a
execução não se encontre suspensa e assim que a venda seja processualmente possível.
Excetuam-se os bens que possam ser vendidos de forma antecipada nos termos do artigo
886.º-C do CPC.
159
Por depósito público entende-se qualquer local de armazenagem de bens que tenha sido afeto, por despacho do
diretor-geral da Administração da Justiça, à remoção e depósito de bens penhorados no âmbito de um processo
executivo.
Por depósito equiparado a depósito público entende-se qualquer local de armazenagem de bens que tenha sido
afeto por um agente de execução à remoção e depósito de bens penhorados no âmbito de um processo executivo e
cuja propriedade, arrendamento ou outro título que lhe confira a utilização do local ou dos serviços de
armazenagem seja registado por via eletrónica junto da Câmara dos Solicitadores.
269
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Cabe ao depositário disponibilizar aos agentes de execução, por escrito ou em formato
eletrónico que permita um registo temporário da informação, todas as informações relativas à
periodicidade das vendas, datas em que devem ser realizadas e modo de realização de cada
venda, bem como os bens que devem ser vendidos e o respetivo valor base (cfr. art.º 40.º da
Portaria n.º 331-B/2009, de 30 de Março).
Para além da publicidade prevista n.º 2 do artigo 907.º-A, esta venda deve ser também
publicitada na página eletrónica do depositário.
A venda deve ser realizada na presença do agente de execução, sempre que possível,
devendo os interessados na aquisição dos bens inscrever-se junto do depositário até ao início
da realização da venda.
270
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Após a identificação de cada bem ou lote de bens podem os presentes apresentar
verbalmente propostas de aquisição, em regime de leilão. Ao interessado que apresentar a
proposta mais elevada é a quem o bem é vendido, devendo de imediato pagar o preço. O
titular do depósito tem dois dias para entregar ao agente de execução o valor apurado na
venda;
Caso o agente de execução não possa estar presente, devem ser definidas as condições
de aceitação da venda e entregá-las ao depositário.
Do resultado da venda é lavrada ata, que deve ser assinada pelo agente de execução
ou agentes de execução, pelo adquirente e pelo depositário.
É uma nova modalidade de venda, que foi introduzida pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de
20 de Novembro e que exclui do seu âmbito os bens que devam ser vendidos em bolsa ou
através de venda direta (art.ºs 902º e 903º do CPC).
Direito de remição
160
Esta modalidade de venda carece de regulamentação através de portaria do membro do Governo responsável
pela área da justiça (cfr. art.º 907.º-B, n.º 1).
271
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Este direito é concedido ao cônjuge do executado que não esteja separado
judicialmente de pessoas e bens e seus parentes em linha reta e consiste num direito especial
de preferência (cfr. art.º 912.º).
Este direito de remição prevalece sobre o direito de preferência (cfr. art.º 914.º, n. 1).
Extinção da execução
Este pagamento, como atrás foi referido, pode revestir a forma de venda, adjudicação
ou consignação de rendimentos. (cfr. art.ºs 875.º n.º 6 e 881.º n.º 1).
O Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, veio aditar ao art.º 919.º outras formas
de extinção do processo executivo a saber:
Nota:
272
Manual de apoio ao ingresso - 2013
A execução extinta pode renovar-se nas situações previstas no art.º 920º, n.º s 1 e 2 a
requerimento do exequente, quando o título tenha um trato sucessivo, isto é, para cobrança
de prestações vincendas, ou por qualquer credor, cujo crédito esteja vencido, podendo este,
no prazo de 10 dias a contar da data em que declare extinta a execução,
Também, por iniciativa do adquirente dos bens penhorados, quando a posse efetiva
dos mesmos seja dificultada pelo detentor, pode haver renovação da instância executiva, nos
termos previstos no art.º 901.º.
Nota:
Dispõe o n.º 3 do art.º 919.º, na redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20
de Novembro, que o sistema informático assegura o arquivo automático e eletrónico do processo,
sem necessidade de intervenção judicial ou da secretaria.
Temos sérias reservas quanto à possibilidade de aplicação prática da referida norma.
Com efeito, da sua leitura parece resultar o arquivamento automático do processo, sem o
“visto fiscal” do Ministério Público e a “correição” do juiz, à margem do disposto no art.º 126.º, n.º
2 da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro (LOFTJ).
273
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se assim for, como se poderá compaginar este automatismo com a possibilidade que se abre,
sempre, às partes de reclamarem dos atos do agente de execução, a realizar, no prazo de 10 dias, a
contar da notificação da declaração de extinção?
Assim sendo, parece-nos difícil que a execução se possa “arquivar” sem, pelo menos, decorrer
o referido prazo.
Extinta a execução, facto que ocorre após o decurso do prazo de 10 dias para
reclamação da decisão de extinção do agente de execução, inicia-se automaticamente o
procedimento de inclusão do executado na lista pública de execuções.
Decisão final e
um dos seguintes descritivos, consoante os casos:
Extinção por pagamento parcial ou
Extinção por falta/insuficiência de bens.
161
Esta notificação compete ao Oficial de Justiça unicamente nas execuções em que tenha sido designado para
praticar atos de agente de execução.
274
Manual de apoio ao ingresso - 2013
pagamento da dívida, elaborado com o auxílio de uma entidade reconhecida pelo Ministério
da Justiça (cfr. art.ºs 16.º-A e 16.º-B do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de Setembro, na
redação dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, e 3.º da Portaria n.º
312/2009, de Março).
Esta notificação obedece ao modelo anexo à referida portaria (cfr. art.º 3.º, n.º 3), que
está disponível no Habilus, apenas para utilização nos casos em que caiba ao Oficial de
Justiça praticar atos de agente de execução:
162
Afigura-se-nos estarmos perante um prazo de natureza processual, porque decorrente de um ato praticado no
âmbito do processo executivo com o objetivo de tornar efetiva a prestação documentada no título executivo. O
facto de a notificação se desenrolar depois de extinta a instância executiva, tendo em conta que dela resultam
uma série de atos processuais, nomeadamente, o pagamento e a inserção, suspensão ou supressão da lista pública
de execuções, reforça a ideia de estarmos perante um prazo processual, caracterizado pela contagem de acordo
com a disciplina do artigo 144.º do Código de Processo Civil.
275
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Quando a execução se extinguir sem o executado ter sido citado (cfr. art.º 832.º, n.º 3
CPC, na redação dada pelo Dec. Lei n.º 226/2008), afigura-se-nos que esta notificação deve
ser realizada com as formalidades da citação pessoal, por ser a primeira comunicação ao
executado sobre a pendência da ação (cfr. art.º 228.º, n.º 1).
Quando a extinção ocorrer após o executado ter sido regularmente citado para a
execução, a notificação em causa far-se-á por via postal registada, presumindo-se feita no
terceiro dia posterior ao do registo, ou no primeiro dia útil seguinte a esse, quando o não for
(art.º 254.º, n.º 3 CPC), ainda que a carta, enviada para o domicílio correto, tenha sido
devolvida164.
163
Trata-se de um prazo processual sujeito às regras do artigo 144.º do CPC.
164
Cfr. art.º 254.º, n.º 4 do CPC.
- Lebre de Freitas, Código de Processo Civil Anotado, 1.º volume, pgs. 446/448.
- Ac. TRPorto n.º JTRP00042250, de 17/02/2009.
- Sobre a constitucionalidade da presunção da notificação cfr. Acórdão do Tribunal Constitucional de 06/12/95,
publicado no DR, II Série, n.º 70, de 22/03/96.
276
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Adesão ao Plano de pagamentos
Os detalhes inseridos refletem-se automaticamente no histórico e contribuem para a
identificação do “Estado” do processo.
Há, pois, necessidade de reiniciar o processo para ser inserida uma nova decisão, desta
vez a “extinção por pagamento integral”, o que só deverá acontecer depois de cumprido o
disposto no artigo 919.º CPC.
277
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Na eventualidade de o devedor não cumprir o plano, a secção de processos, para
além dos atos a praticar na retoma dos normais trâmites processuais após conhecimento, nos
autos, do incumprimento, deve inserir novos detalhes de “encerramento”.
Como?
Após clicar em “Sim” na caixa de diálogo, abre-se uma nova janela para inserção do
valor em dívida no momento da extinção, que pode não coincidir com o pedido inicialmente
formulado.
278
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Após validação, os dados abaixo indicados serão automaticamente enviados para a Lista
Pública de Execuções, permanentemente disponível e de livre acesso no endereço eletrónico -
http://www.citius.mj.pt/Portal/Execucoes/ListaPublicaExecucoes.aspx.
A inclusão do executado na lista pública efetua-se com base nos seguintes elementos
(art.º 5.º, n.º 2 da Portaria):
Nome do executado;
Número de identificação fiscal do executado (NIF) ou, apenas nos casos em que não
exista ou não seja conhecido o número de identificação fiscal do executado, o seu
número de identificação civil, de passaporte ou de licença de condução;
Valor em dívida no momento da extinção da execução;
A indicação de que o processo executivo se extinguiu com pagamento parcial ou por
não terem sido encontrados bens penhoráveis e o tribunal onde correu a execução;
Data da inclusão na lista.
As pesquisas na lista podem ser efetuadas através do nome do executado, do seu NIF, do
número de identificação civil, passaporte ou licença de condução, ou ainda, pelo número do
processo executivo e tribunal onde ocorreu a execução (art.º 5.º, n.º 3 da Portaria n.º
313/2009).
279
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Os registos referentes a execuções contra executados que adiram e cumpram os
respetivos planos de pagamentos das dívidas elaborados por entidades para o efeito
credenciadas pelo Ministério da Justiça são suspensos da lista pública de execuções mediante
comunicação eletrónica ao agente de execução e ao Gabinete para a Resolução Alternativa de
Litígios (GRAL).
A alteração ou a retificação dos dados inscritos na lista pública de execuções pode ser
requerida pelo titular dos dados, ou seja, pelo executado, através de formulário eletrónico
para o efeito disponibilizado no sítio Internet www.tribunaisnet.mj.pt ou de requerimento em
suporte de papel entregue diretamente na secretaria do tribunal da execução, ou para ele
enviado por telecópia ou por correio registado. O pedido pode ser igualmente formulado pelo
mandatário do executado através do CITIUS (art.º 8.º da Portaria).
280
Manual de apoio ao ingresso - 2013
O requerimento tem carácter urgente, devendo a secretaria apreciá-lo no prazo
máximo de dois dias úteis (a contar da entrega na secretaria, em suporte informático ou em
suporte de papel) e notificar o resultado ao requerente, efetuando as necessárias alterações
e retificações (cfr. art.ºs 16.º-B do Dec. Lei n.º 201/2003 e 8.º da Portaria n.º 313/2009).
A notificação atrás referida será enviada para o endereço de correio eletrónico indicado
pelo interessado no formulário eletrónico ou por carta registada para o respetivo domicílio,
no caso de o requerimento ter sido apresentado em suporte de papel
Nota:
Agente de execução
notifica executado e mandatário
- art.º 3.º n.s 1 e 2.
281
Manual de apoio ao ingresso - 2013
PROCESSO EXECUTIVO PARA ENTREGA DE COISA CERTA
Este tipo de execução tem lugar sempre que o título executivo tenha por fim a entrega
de uma coisa (objeto da obrigação). Não se traduz na execução do património do devedor
para garantia e satisfação dos direitos do credor, mas sim numa obrigação de entrega de coisa
certa, ainda que esta não exista ou não venha a ser encontrada, podendo neste caso haver
uma conversão deste tipo de execução.
O executado poderá deduzir oposição pelos motivos especificados dos art.ºs 814.º a
816.º, com as devidas adaptações, e com fundamento em benfeitorias a que tiver direito (cfr.
art.º 929.º, n.º 1), devendo concluir com um pedido líquido (cfr. art.º 805.º).
Mas se a oposição tiver por fundamento outra situação que não as benfeitorias, só
suspende se o executado prestar caução.
Findo o prazo da citação sem que haja oposição à execução ou esta for julgada
improcedente e o executado não fizer voluntariamente a entrega da coisa, segue-se a
apreensão e entrega judicial (cfr. art.º 930º, n.º 1). Aplicam-se as regras da penhora com as
necessárias adaptações.
Se os bens a entregar forem móveis, o agente de execução faz a entrega da coisa.
Sendo imóveis, o agente de execução investe o exequente na sua posse (cfr. art.º 930º, n.º s
2 e 3).
Quando não seja encontrada a coisa, observam-se as regras da liquidação (cfr. art.ºs
378º, 380º e 805º) com as necessárias adaptações.
282
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Feita a liquidação procede-se à penhora de bens necessários (cfr. art.º 821º, n.º 3)
seguindo-se os demais termos do processo executivo para pagamento da quantia certa (cfr.
art.º 931º).
A reforma introduzida pela Lei n.º 31/2012, de 14 de Agosto, ao NRAU (Lei n.º 6/2006,
de 27 de Fevereiro), veio restringir o elenco de títulos executivos que podem servir de base à
execução para entrega de coisa imóvel arrendada.
Com efeito, tirando a decisão judicial no âmbito da ação de despejo prevista no art.º
14.º do NRAU, parece que os restantes títulos anteriormente previstos passaram a ter
acolhimento no Procedimento Especial de Despejo (PED) previsto nos art.ºs 15.º a 15.º-S do
NRAU, encontrando-se aí os mecanismos tendentes à efetivação da desocupação do locado.
Citação
Nestas execuções há sempre lugar à citação prévia do executado (art.º 928.º do CPC),
podendo haver ou não lugar a despacho liminar face ao disposto no art.º 812.º-C n.º 1,
aplicável por força dos art.º 466.º n.º 2, 801.º do C.P.C.
Não haverá despacho liminar se o título for uma sentença (art.º 812.º-C n.º 1 al. a),
do C.P.C.) ou se o título se enquadrar no art.º 812.º -C, n.º 1-c) do C.P.C.
Há despacho liminar nos restantes títulos, ou quando o agente de execução, nos
termos do art.º 812.º-D, al. e), suscitar a intervenção do juiz, por duvidar da suficiência do
título.
o Oposição à execução
283
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Nos casos enumerados no art.º 930.º-B, o recebimento da oposição faz suspender a
execução fundada num dos títulos extrajudiciais previstos no art.º 15.º.
O agente de execução deverá suspender as diligências executórias quando o detentor
da coisa imóvel não tiver sido ouvido e convidado, na ação declarativa, a exibir um título de
arrendamento ou de subarrendamento com data anterior ao início da execução – art.º 930.º-
B, n.º 2.
O agente de execução deverá suspender, também, as diligências executórias, quando,
tratando-se de arrendamento para habitação, for apresentado atestado médico - n.º 3.
O prazo para o exequente contestar a oposição é de 20 dias (art.º art.º 817.º, n.º 2).
Sendo o facto infungível, não é possível obter de terceiro a sua prestação (como
acontece quando um pintor de renome é contratado para retratar determinada pessoa. Se por
qualquer motivo não poder efetuar o retrato, o lesado só pode ser ressarcido por um
equivalente pecuniário, uma vez que o devedor numa situação destas é insubstituível).
Se for facto fungível é possível ser praticado pelo devedor ou por terceiro, caso seja
indiferente ao credor que seja efetuado por um ou por outro.
Pode distinguir-se entre prestação de facto positivo sujeito a prazo (cfr. art.º s 933º a
938º), de facto positivo não sujeito a prazo (cfr. art.ºs 939.º e 940.º) e de facto negativo
(cfr. art.º s 941.º e 942.º).
Se alguém estiver obrigado a prestar um facto em prazo certo e não cumprir, o credor
pode requerer a prestação por outrem, se o facto for fungível, bem como uma indemnização
moratória a que tenha direito (cfr. art.º 933.º, n.º 1).
284
Manual de apoio ao ingresso - 2013
recebimento dos embargos tem os efeitos previstos no art.º 818.º, devidamente adaptados
(cfr. art.º 933.º, n.º 3).
Pode o exequente mandar fazer sob sua vigilância as obras e trabalhos necessários,
mesmo antes de terminada a avaliação para a realização do facto. Fica, no entanto, obrigado
a dar contas ao agente de execução (cfr. art.º 936.º, n.º 1).
Se o prazo não estiver fixado, o exequente indica o prazo que reputar suficiente para a
prestação, sendo o executado citado para, em 20 dias, dizer o que tiver por conveniente (cfr.
art.º 939.º, n.º 1), sob pena de fixação judicial de prazo.
O executado pode deduzir oposição à execução e dizer o que se lhe oferecer sobre o
prazo indicado pelo exequente (cfr. art.º 939.º, n.º 2).
Fixado o prazo pelo juiz, seguem-se os termos referidos para a prestação de facto
sujeito a prazo, com as necessárias adaptações (cfr. art.º 940.º).
Facto negativo
O executado está obrigado a não praticar certo facto e, apesar disso, praticou esse
mesmo facto, desrespeitando o compromisso.
Se o executado tiver praticado um facto que não devesse, o exequente pode, se for o
caso, à custa do património do devedor, pedir a demolição da obra que tenha sido
ilicitamente efetuada e uma indemnização compensatória pelo prejuízo (cfr. art.º 941.º).
285
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Se decidir pela violação, ordenará a demolição da obra, seguindo posteriormente os
termos da execução para pagamento da quantia certa (cfr. art.º 942.º, n.º s 1 e 2).
Índice
NOÇÕES GERAIS SOBRE PROCESSO CIVIL ................................................................ 2
Introdução ................................................................................................... 2
PATROCÍNIO JUDICIÁRIO.......................................................................... 10
Impedimentos...................................................................................... 13
Propositura da ação............................................................................... 13
286
Manual de apoio ao ingresso - 2013
o OMISSÃO DE DUPLICADOS E CÓPIAS - art.º 152.º do CPC.................................. 30
o DISTRIBUIÇÃO ................................................................................... 39
Tramitação ...................................................................................... 67
PROCEDIMENTOS CAUTELARES...................................................................... 69
1. Introdução.......................................................................................... 69
287
Manual de apoio ao ingresso - 2013
o Taxa de justiça inicial devida pelo réu ...................................................... 93
o A RÉPLICA ........................................................................................ 94
o A TRÉPLICA ...................................................................................... 95
INSTRUÇÃO ......................................................................................... 99
Sentença:.......................................................................................... 106
288
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Não há despacho liminar: .................................................................... 171
Execução por Custas, Multas, Coimas e outras quantias contadas ou liquidadas .... 183
Venda mediante proposta em carta fechada - art.ºs 889.º e segs. ............................... 264
289
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Venda por negociação particular – art.º s 904.º e 905.º ................................ 268
Venda em regime de leilão (cfr. art.º 41.º, n.º 1-b) da Portaria n.º 331-B/2009) ... 270
290
Manual de apoio ao ingresso - 2013
Coleção “Curso para ingresso na carreira de Oficial de
Justiça”
Autor:
Titulo:
Coordenação técnico-pedagógica:
DGAJ-DF
Coleção pedagógica:
Divisão de Formação