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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Anatomia ....................................................................... 3
3. Exame Físico Proctológico....................................... 5
4. Doença Hemorroidária............................................. 8
5. Fissuras Anais............................................................26
6. Abscessos Perianais...............................................30
7. Fístulas Perianais......................................................34
Referências Bibliográficas .........................................41
DOENÇAS ORIFICIAIS 3

1. INTRODUÇÃO 2. ANATOMIA
O reto é a porção final do trago gas-
CONCEITO! Quando falamos em doen- trointestinal, sendo dividido do canal
ças orificiais, estamos querendo abordar anal pela linha pectínea. Essa divisão
o conjunto de patologias benignas que
é importante, já que é onde diversas
acomodem o canal anal, ânus, margem
anal, períneo e a região sacrococcígea, mudanças histológicas, fisiológicas e
sendo aqui abordadas como a doença da própria anatomia. Assim, é a linha
hemorroidária, fissuras anais, abscessos pectínea que irá delimitar a divisão
e fístulas perianais.
entre o epitélio colunar simples pro-
ximal e o epitélio estratificado distal,
Antes de adentrarmos em cada pa- a inervação visceral proximal e a iner-
tologia, precisamos fazer uma breve vação somática distal. É nessa região
revisão sobre a anatomia da região que iremos encontrar as colunas re-
perianal e sobre seu exame físico. tais, compostas pelas criptas (criptas
de Morgagni), no interior das quais
os ductos excretores das glândulas
anais se abrem.

Figura 1. Foto da anatomia retal. Fonte: https://images.app.goo.gl/h4nrPGm8dnnBLbb1A


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Em relação a vascularização dessa inferior, responsável pela drenagem


região, teremos os plexos venosos sanguínea do canal anal, sendo eles
superior encontrados acima da linha os responsáveis ela principal doença
pectínea, responsável pela drenagem que iremos estudar nesse material.
sanguínea do reto e o plexo venoso

Veia pudenda interna

Comunicações entre plexo retal


interno e perimuscular

Veia vaginal ou vesical inferior

Veia pudenda interna


Veia retal inferior (hemorróida)

Comuncação entre plexos retais


internos e externos

Plexo retal interno (hemorróida)

Plexo retal externo (hemorróida)


Plexo retal perimuscular
Figura 2. Foto da vascularização retal. Fonte: https://images.app.goo.gl/NmxoaDMhrmyEwwMU6

Sendo um órgão responsável pelo o segundo será composto por fibras


armazenamento e posterior excre- lisas involuntárias.
ção de tudo que não fora absorvido Agora que tivemos uma breve abor-
da digestão, junto com as bactérias, dagem dos principais pontos da ana-
essa região possui uma grande rede tomia, já podemos adentrar em seu
muscular para manter o tônus fun- exame físico.
cionante. Assim, teremos os mús-
culos esfíncteres externo e interno,
sendo o primeiro composto por fi-
bras estriadas voluntárias, enquanto
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3. EXAME FÍSICO quer pela presença de trombose he-


PROCTOLÓGICO morroidária, fissura anal ou de abs-
cesso anal, o exame proctológico
O exame proctológico deve ser rea-
deve restringir-se ao mínimo neces-
lizado sempre que o paciente apre-
sário para estabelecer o diagnóstico,
senta sintomas que possam estar
sem impor sofrimento inútil ao pa-
relacionados ao colón, ao reto e ao
ciente. Uma vez posicionado o pa-
ânus, como sangramento, alterações
ciente e orientado quanto a natureza
do hábito intestinal, dor abdominal ou
do procedimento, seguem-se os es-
ano-reto-perineal. Além destas indi-
tágios do exame propriamente dito.
cações do exame proctológico, este
exame deve ser realizado em indiví- Iniciaremos pela inspeção estática
duos assintomáticos que pertençam onde iremos analisar o estado da pele
aos chamados grupos de risco para peri anal, a presença de cicatrizes, de
câncer colorretal. secreções devem ser anotados. Nos
casos em que existe qualquer quei-
O examinador deve ter sempre em
xa relacionada a continência deve ser
mente que o exame proctológico é
observada a presença de resíduos
uma experiência que causa grande
fecais bem como o estado de fecha-
apreensão em quase todos os pa-
mento completo ou não do ânus. Em
cientes e, em especial, aos acometi-
seguida a pele peri anal é afastada
dos de uma afecção que produza dor
com vigor com o objetivo de exami-
na região anal, pois o paciente teme
nar melhor o ânus. propriamente dito.
que o exame em si possa despertar
Nestas condições, uma fissura anal,
desconforto ainda maior. O paciente,
se presente, poderá ser vista. Sendo
já bastante tenso, se sentir dor, con-
então seguido pela inspeção dinâmi-
trairá a musculatura das nádegas e
ca onde deve-se solicitar que o pa-
dos esfíncteres, aumentando subs-
ciente faça força para evacuar, para
tancialmente a dificuldade do exame.
demonstrar a presença de hemorroi-
Assim, o objetivo inicial do examina- das prolapsadas, papilas hipertrófi-
dor deve ser o de reduzir as preocupa- cas, prolapso de reto, eliminação de
ções do paciente e antecipar, durante fezes ou descida do períneo. Muitas
todo o procedimento, as sensações vezes a inspeção dinâmica é ainda
associadas ao exame de tal forma mais eficiente com o paciente em po-
que o paciente não se surpreenda sição sentada.
com o que sente e adquira confiança
na proficiente ação do examinador.
Nas afecções agudas, em que o pa-
ciente apresenta grande desconforto,
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Figura 3. Foto de uma visão externa do ânus. Fonte:


https://images.app.goo.gl/2pnuNdGGCZJAJpBZ8

Seguiremos com a palpação da região


perianal e com o toque retal, onde
usualmente a palpação é realizada
antes de se lubrificar a luva, visando
essencialmente estabelecer a pre-
sença de áreas endurecidas ou amo-
lecidas relacionadas a um eventual
abcesso, áreas infiltradas, por tecido
tumoral, bem como saber se a com-
pressão de uma determinada região
provoca dor. Em doentes com sinto-
mas de incontinência fecal, a palpação
deve ser completada com a pesquisa
dos reflexos anorretais, através da pi-
cada de uma agulha para verificação
de sensibilidade a dor e a resposta
de contração esfincteriana; enquanto Figuras 4, 5 e 6. Fotos de um toque retal. Fonte: ht-
tps://images.app.goo.gl/oYFrx9L8viKV9vn59
com o toque retal, que em determina-
das situações não se faz necessária,
iremos realizar a análise indireta de
todo canal anal e do reto, até como a
presença de fezes na ampola retal e
da patência do esfíncter anal.
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Figura 7. Foto ilustrativa de um toque retal. Fonte: https://images.app.goo.gl/Yv4JXpm4U8kLuL5D6

Outras etapas podem ocorrer, como


a realização de uma anuscopia ou re-
tossigmoidoscopia, mas nesse mo-
mento não será de grande valia, já
que as principais patologias que ire-
mos abordar já são observadas nes-
ses passos iniciais do exame físico
proctológico.
Agora iremos abordar as principais
patologias orificiais deste material.
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4. DOENÇA se queixaram de hemorroidas, corres-


HEMORROIDÁRIA pondendo a uma prevalência de 4,4%.
A queixa mais comum associada à
Introdução
doença hemorroida é o sangramento
retal indolor durante a defecação com
CONCEITO! A doença hemorroidária ou sem prolapso tecidual. Outros sin-
são compostas por estruturas vascula- tomas típicos incluem prurido ou dor
res normais no canal anal, decorrentes anal e nódulo na borda anal devido a
de um canal de tecidos conjuntivos ar-
teriovenosos que drena para as veias trombose ou estrangulamento.
hemorroidas superior e inferior. São for-
madas a partir de coleções de sinusoi-
des submucosos, fibrovasculares e arte- Fisiopatologia
riovenosas. As principais características
da doença hemorroida incluem sangra- Hemorroidas surgem de um plexo de
mento, prurido anal, prolapso e dor devi- vasos arteriovenosos dilatados em
do a trombose.
conjunto com o tecido conjuntivo que
o cerca.
Epidemiologia
A verdadeira prevalência de hemor-
roidas é incerta, pois o desconforto
anorretal é frequentemente atribuído
a hemorroidas sintomáticas. Em uma
grande pesquisa transversal realiza-
da nos Estados Unidos, a prevalência
autorreferida de hemorroidas sinto-
máticas foi de 4,4%. A prevalência foi
igual em ambos os sexos, atingiu o
Figura 8. Foto de uma hemorroida. Fonte: https://www.
pico entre as idades de 45 e 65 anos msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BAr-
e diminuiu a partir de então. O desen- bios-gastrointestinais/doen%C3%A7as-anorretais/
hemorroidas
volvimento dos sintomas antes dos
20 anos era incomum.
Em estudos epidemiológicos condu- Hemorroidas internas surgem do
zidos na Coréia, Inglaterra e Áustria, plexo venoso superior. Suas três lo-
entre 14 e 39% da população tiveram calizações primárias (lateral esquer-
hemorroidas; no entanto, muitos es- da, anterior direita e posterior direita)
tavam sem sintomas. correspondem aos ramos finais das
veias hemorroidárias médias e supe-
Por outro lado, estima-se que 10 mi-
riores. O epitélio colunar sobrejacente
lhões de pessoas nos Estados Unidos
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é visceralmente inervado; portanto, menos sensível à dor e irritação.


essas hemorroidas não são sensíveis Assim, as hemorroidas internas
à dor, toque ou temperatura. são passíveis de uma variedade de
Hemorroidas externas surgem do ple- procedimentos no consultório que
xo venoso inferior. Eles são cobertos podem ser realizados com pouca
pelo epitélio escamoso modificado, ou nenhuma anestesia.
que contém numerosos receptores so-
máticos de dor, tornando as hemorroi-
das externas extremamente dolorosas
na trombose. Hemorroidas internas
e externas se comunicam e drenam
para as veias pudendas internas e, fi-
nalmente, para a veia cava inferior.
O desenvolvimento de hemorroidas
sintomáticas tem sido associado ao
avanço da idade, diarreia, gravidez,
tumores pélvicos, repouso prolonga-
do, esforço, constipação crônica e pa-
cientes em uso de anticoagulação e
terapia antiplaquetária, embora não
esteja claro se a associação é causal. Figura 9. Foto de hemorroida interna com prolapso.
Fonte: UpToDate, 2020

Classificação
A doença hemorroidária pode ser • Hemorroidas externas estão dis-
classificada em dois aspectos. Uma tais ou abaixo da linha pectínea,
que irá diferenciar os tipos em função onde os tecidos são inervados por
de sua relação com a linha pectínea e fibras somaticamente e, portanto,
outra que irá classificar em função da são mais sensíveis à dor e irritação.
existência ou não de um prolapso e, Como resultado, hemorroidas ex-
caso presente, como ele se comporta. ternas sintomáticas que são refra-
tárias ao tratamento conservador
De acordo com sua relação com a geralmente são tratadas cirurgica-
linha pectínea: mente sob anestesia, com exce-
• Hemorroidas internas são próxi- ção de pequenas hemorroidas ex-
mas ou acima da linha pectínea. ternas trombosadas agudas, que
Os tecidos acima da linha pectí- às vezes podem ser tratadas no
nea recebem inervação visceral, consultório.
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Hemorroidas internas e externas


mistas cobrem a linha pectínea e ge-
ralmente são tratadas da mesma ma-
neira que as hemorroidas externas.

Figura 10. Foto de uma hemorroida externa trombosa-


da. Fonte: UpToDate, 2020

Figura 11. Foto diferenciando hemorroida interna da externa. Fonte: https://images.app.goo.gl/Y4hBMLhi8k3xejFh7

De acordo com o grau em que pro- inchar no lúmen, mas não gera um
lapso do canal anal: prolapso abaixo da linha pectínea
• Hemorroidas de grau I são visu- • Hemorroidas grau II apresenta um
alizadas na anuscopia e podem prolapso para fora do canal anal
com defecação ou esforço, mas re-
duz espontaneamente
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• Hemorroidas de grau III apresen- • Hemorroidas grau IV são irre-


ta um prolapso para fora do canal dutíveis e podem estrangular
anal com defecação ou esforço, e hemorroidas
requerem redução manual

GRAU SINTOMAS EXAME TRATAMENTO ILUSTRAÇÃO

Primeira linha:
Hemorroida com ingurgita-
Sangramento Clínico
1 mento vascular abaulando
indolor Segunda linha: Pro-
no canal anal, sem prolapso
cedimento mínimo

Primeira linha:
Sangramento Hemorroida prolapsa
Clínico
2 indolor, prurido com esforço, mas reduz
Segunda linha: Pro-
perianal espontaneamente
cedimento mínimo

Sangramento
Prolapso da hemorroida Primeira linha:
indolor, prurido
abaixo da linha pectínea Clínico
3 perianal, edemas,
com esforço e é reduzida Segunda linha: Pro-
sangramento com
apenas por pressão manual cedimento mínimo
muco/fezes

Prolapso de hemorroida
Dor, sangramen- grosseiro e evidente, não
to, edema, san- redutível, alterações infla-
4 Excisão cirúrgica
gramento com matórias crônicas (atrofia
muco/fezes de mucosa, friável, macera-
ção e ulceração)

Tabela 1. Classificação em graus da hemorroida interna. Fonte: UpToDate, 2020


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MAPA MENTAL DA CLASSIFICAÇÃO DA HEMORROIDA

HEMORROIDA

Linha pectínea

Abaixo Acima

Externa Interna

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

Prolapso com redução Prolapso com


Sem prolapso Prolapso irredutível
espontânea redução manual

Manifestações embora possa ser espontâneo. O


sangue é tipicamente vermelho vivo
Aproximadamente 40% dos indiví-
e reveste as fezes no final da defeca-
duos com hemorroidas são assinto-
ção ou pode pingar no vaso sanitário.
máticos. Os pacientes sintomáticos
Ocasionalmente, o sangramento pode
geralmente buscam tratamento para
ser abundante e pode ser exacerbado
hematoquezia, dor associada a he-
pelo esforço. Em casos raros, a perda
morroidas trombosadas, prurido pe-
crônica de sangue pode causar ane-
rianal ou solo fecal.
mia por deficiência de ferro com sin-
O sangramento hemorroida é quase tomas associados de fraqueza, dor de
sempre indolor e geralmente está as- cabeça, irritabilidade e graus variáveis
sociado a um movimento intestinal, de fadiga e intolerância ao exercício.
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Fonte: https://images.app.goo.gl/Di9Jn6pnUX4ctZ7b9 Fonte: https://images.app.goo.gl/JKbjtXS5qbpLwrvo8


Figura 12 e 13. Foto de sangue no papel higiênico e desenho esquemático de uma hemorroida sangrando.

Diagnóstico
SE LIGA! Os pacientes podem apre-
sentar início agudo de dor perianal e um
nódulo perianal palpável por trombose. CONCEITO! Hemorroidas sintomáti-
A trombose é mais comum em hemor- cas devem ser suspeitas em pacientes
roidas externas em comparação com com sangue vermelho brilhante por reto,
hemorroidas internas. As tromboses prurido anal e/ou início agudo de dor
das hemorroidas externas podem estar perianal. O diagnóstico é estabelecido
associadas a dores excruciantes, pois a pela exclusão de outras causas de sin-
pele perianal sobrejacente é altamen- tomas semelhantes e pela visualização
te inervada e se distende e inflama. As de hemorroidas.
hemorroidas internas trombosadas tam-
bém podem causar dor, mas em menor
grau do que as hemorroidas externas. O diagnóstico do nosso paciente será
Uma exceção é quando as hemorroidas
baseado na anamnese do paciente e
internas se prolapsam, estrangulam e
desenvolvem alterações gangrenadas nos achados em seu exame físico. A
devido à falta associada de suprimento seguir iremos abordar os principais
sanguíneo. pontos de cada um.
Anamnese – O paciente poderá apre-
sentar uma história de sangramen-
to hemorroida é caracterizado pela
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passagem indolor de sangue verme- Uma exceção é quando as hemorroi-


lho brilhante por reto com um movi- das internas se prolapsam, estrangu-
mento intestinal. A defecação doloro- lam e desenvolvem alterações gan-
sa não está associada a hemorroidas, grenadas devido à falta associada de
sendo o sangramento quase sempre suprimento sanguíneo.
indolor e geralmente está associado
a um movimento intestinal, embora SE LIGA! Os sintomas sistêmicos, como
possa ser espontâneo, como já vimos suores noturnos, febre, perda de peso e
em suas manifestações dor abdominal, não estão associados a
hemorroidas e sugerem uma malignida-
Poderemos ter também como positi- de subjacente, infecção crônica ou infla-
vo na história do paciente: mação. A presença de diarreia crônica
com hematoquezia e tenesmo é suges-
• Incontinência fecal leve, secreção tiva de colite. Uma alteração na frequên-
de muco, umidade ou sensação de cia, calibre ou consistência das fezes é
plenitude na área perianal devido a sugestiva de malignidade colorretal.

uma hemorroida interna prolapso.


• Irritação ou coceira na pele perianal O histórico médico anterior deve in-
cluir um histórico de perda sanguínea
• Pacientes com vazamento podem gastrointestinal prévia e a avaliação
limpar agressivamente, irritando realizada, bem como câncer ou pó-
o períneo e também permitindo lipos colorretais previamente resse-
o contato de material fecal com a cados, doença inflamatória intestinal
pele desnudada e radioterapia pélvica. Deve-se pro-
curar uma história familiar detalha-
Os pacientes podem apresentar iní- da, incluindo uma história de doença
cio agudo de dor perianal e um nódu- inflamatória intestinal e uma história
lo perianal palpável por trombose. A detalhada de câncer para estratifi-
trombose é mais comum em hemor- car o risco de câncer colorretal. Isso
roidas externas em comparação com deve incluir não apenas uma história
hemorroidas internas. As tromboses de câncer colorretal confirmado, mas
das hemorroidas externas podem também uma história de membros da
estar associadas a dores excrucian- família conhecidos por terem pólipos
tes, pois a pele perianal sobrejacente colônicos ou outras neoplasias que
é altamente inervada e se distende podem estar associadas a síndromes
e inflama. As hemorroidas internas familiares de câncer de cólon.
trombosadas também podem causar Exame físico - Começamos com
dor, mas em menor grau do que as uma inspeção cuidadosa da borda
hemorroidas externas. anal e da área perianal em busca de
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hemorroidas externas, hemorroidas externas trombosadas são extrema-


internas prolapso, marcas de pele, mente sensíveis e têm um tom arro-
fissura, fístulas, abscessos , neopla- xeado. A anuscopia tem a vantagem
sias e condiloma. O exame retal digi- de ser um procedimento rápido, rela-
tal deve ser realizado na posição pro- tivamente indolor e barato que pode
na ou lateral esquerda em repouso e ser realizado em um paciente não
com esforço. preparado para diagnosticar hemor-
O exame retal digital deve incluir pal- roidas e excluir distúrbios anorretais
pação de massas, flutuação, sensibi- distais.
lidade e caracterização do tônus do Avaliação endoscópica - em pa-
esfíncter anal. Hemorroidas internas cientes com menos de 40 anos com
geralmente não são palpáveis no sangue vermelho brilhante mínimo no
exame digital na ausência de trom- reto e sem anemia, deficiência de fer-
bose. Uma hemorroida trombosada é ro, dor abdominal, diarréia, sintomas
extremamente sensível à palpação e sistêmicos ou fatores de risco para
um trombo pode ser palpável dentro câncer colorretal ou doença inflama-
da hemorroida. A presença de espes- tória intestinal, não realizamos ne-
samento ou cicatriz na linha média nhuma avaliação endoscópica adicio-
posterior ou rugosidade do anoder- nal se houver hemorroidas no exame
me de outra forma suave é sugesti- físico ou na anoscopia. Em pacientes
va de uma fissura anal parcialmente com mais de 40 anos, realizamos
cicatrizada. Marcas de pele hipertró- uma sigmoidoscopia ou colonoscopia
ficas, edematosas e sensíveis devem flexível com base na presença de sin-
levantar suspeitas sobre a doença de tomas associados e fatores de risco
Crohn subjacente. para câncer colorretal.
Anuscopia - Nos pacientes com san- Ao realizar uma colonoscopia ou sig-
gue vermelho brilhante por reto ou moidoscopia flexível, o reto distal e a
com suspeita de hemorroida trom- borda anal devem ser inspecionados
bosada, nos quais não foram detec- em retroflexão com o reto parcial-
tadas hemorroidas no exame retal di- mente insuflado. A insuflação com-
gital, realizamos uma anuscopia para pleta deve ser evitada, pois isso faz
avaliar o canal anal e o reto distal. com que a abóbada retal se distenda
Os feixes hemorroidas internos apa- e se estique, achatando assim as he-
recem como veias azuis arroxeadas morroidas internas.
salientes. Hemorroidas internas pro-
longadas aparecem como rosa escu-
ro, reluzente e às vezes macias mas-
sas na margem anal. As hemorroidas
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MAPA MENTAL DAS MANIFESTAÇÕES E


DIAGNÓSTICO
SE LIGA! Pacientes com o mínimo de
sangue vermelho brilhante no reto nas
seguintes categorias devem ser en-
caminhados para avaliação endoscó- Dor
pica, independentemente da idade,
se eles tiverem alguma das seguintes
características:
Prurido
• Pacientes com histórico de melena,
sangue vermelho escuro por reto Sangramento
ou anormalidades dos sinais vitais Trombose ao defecar
posturais devem ser avaliados pri-
meiro para a patologia do trato gas-
trointestinal superior (GI). Mesmo Inervação somática Inervação visceral
se uma fonte menor de trato GI for
considerada possível, é mais prová-
vel que esses pacientes apresentem
lesões do cólon proximal e não distal Externa Interna
e devem ser submetidos à colonos-
copia após investigações do trato GI
superior.
Manifestações
• Pacientes com sintomas sugesti-
vos de malignidade, como sintomas
constitucionais, anemia ou alteração
na frequência, calibre ou consistên-
cia das fezes, devem ser submetidos
HEMORROIDA
à colonoscopia.
• Pacientes com fezes positivas para
sangue oculto nas fezes são conhe-
cidos por obter benefícios de mor-
talidade da investigação com colo- Diagnóstico
noscopia. Hemorroidas não afetam
a prevalência de exames de sangue
ocultos positivos.
Exame Proctológico História Clínica
• Pacientes com histórico familiar su-
gestivo de polipose familiar ou sín-
dromes hereditárias de câncer de
cólon sem polipose que apresentam
sangramento por reto devem ser in-
vestigados com colonoscopia.
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Tratamento como com modificações na dieta


ou cremes externos. Hemorroidas
Antes de entrarmos nos tipos de tra-
internas com sangramento persis-
tamento, precisamos ter em mente
tente podem ser tratadas usan-
que os pacientes com doença hemor-
do procedimentos no consultório
roidária geralmente se queixam por
(por exemplo, ligação com elásti-
um dos quatro sintomas a seguir:
co). Para hemorroidas externas, a
• Irritação ou prurido - A irritação única alternativa é a cirurgia, pois
ou prurido de hemorroidas inter- as hemorroidas externas não são
nas ou externas (sem sangramen- passíveis de bandas elásticas.
to ou trombose) pode ser tratada
• Hemorroidas trombosadas -
com uma variedade de cremes
trombose geralmente está asso-
analgésicos, supositórios de hi-
ciada à dor. A organização e reab-
drocortisona e banhos de assento
sorção do coágulo ocorrem dentro
quentes. Esses tratamentos, prin-
de vários dias após a trombose
cipalmente a hidrocortisona, não
de hemorroidas internas ou ex-
devem ser utilizados por mais de
ternas, diminuindo o grau de dor.
uma semana, pois podem ocorrer
O tratamento conservador de he-
efeitos colaterais, como dermatite
morroidas trombosadas é geral-
de contato com cremes analgé-
mente suficiente. As exceções
sicos ou atrofia da mucosa com
incluem aquelas com dor intensa
cremes esteroides. Se não houver
e hemorroidas externas trombo-
melhora após uma semana, outros
sadas e o raro caso de trombose
cremes não esteroides podem ser
concomitante de hemorroidas ex-
tentados.
ternas e internas (às vezes obser-
• Hemorroidas hemorrágicas - As vadas após o parto). É importante
hemorroidas externas geralmente compreender que a trombose das
não sangram, a menos que um pa- hemorroidas internas de grau III
ciente tenha evacuado espontane- e IV geralmente persiste após as
amente uma hemorroida trombo- terapias conservadoras descritas
sada; geralmente é autolimitado. O acima e pode exigir tratamento
tratamento de hemorroidas hemor- definitivo.
rágicas é inicialmente conservador,
DOENÇAS ORIFICIAIS 18

Tratamento conservador
A abordagem de tratamento inicial
para a maioria dos pacientes com
hemorroidas sintomáticas de início
recente é conservadora, consistin-
do em modificação da dieta/estilo de
vida e medicamentos tópicos ou orais
para aliviar os sintomas. O tratamen-
to conservador é bem-sucedido para
a maioria dos pacientes e pode ser
continuado pelo tempo que o pacien-
te desejar.
• Modificação da dieta e estilo de
vida - os pacientes devem ingerir
20 a 30 g de fibra insolúvel por dia
e beber bastante água (1,5 a 2 li-
tros por dia). Ambos são necessá-
Figura 14. Foto de hemorroida externa trombosada. rios para produzir fezes regulares
Fonte: https://drpaulobranco.com.br/hemorroida-trom-
bosadas-e-um-coagulo-de-sangue-formado-dentro- e macias, o que reduz o esforço na
-da-veia-hemorroidaria-que-eu-trato-com-laser-sob-
-anestesia-local/
defecação. Pode levar seis sema-
nas para perceber completamente
o efeito benéfico da fibra.
• Hemorroidas internas prolon-
gadas - As hemorroidas internas
são classificadas de I a IV. À medi-
da que a nota piora, há um bene-
fício maior para procedimentos ou
cirurgias no consultório. Para he-
morroidas de grau III, pode-se pri-
meiro tentar a ligadura do elástico,
que geralmente é bem-sucedida
após uma ou duas aplicações. Se
a ligação do elástico não for eficaz, Figura 15. Foto de alimentos ricos em fibras. Fonte:
a cirurgia é recomendada. Para he- https://images.app.goo.gl/7nu8WKWdrbShdRHm7

morroidas de grau IV, a cirurgia é o


melhor tratamento.
DOENÇAS ORIFICIAIS 19

• Medicamentos para alívio sinto- • Analgésicos e esteroides tópicos


mático - Inúmeros medicamentos, - pomadas tópicas contendo anes-
muitos vendidos sem receita, es- tésicos, esteroides, emolientes e
tão disponíveis para o tratamento antissépticos são frequentemen-
de hemorroidas. Os medicamentos te auto prescritas pelos pacientes
comumente usados para hemor- para alívio sintomático rápido. No
roidas incluem analgésicos orais entanto, há uma falta de fortes evi-
ou locais para tratar a dor, agentes dências científicas que apoiam o
tópicos para reduzir o inchaço lo- uso de pomadas tópicas.
cal ou tratar a dermatite de conta- Pomadas tópicas que incluem
to, terapias para reduzir o espasmo analgésicos, como hidrocortisona
esfincteriano e agentes venoativos mista / lidocaína, são eficazes para
(flebotônicos) para aumentar o tô- aliviar a dor aguda associada a he-
nus venoso dos tecidos hemorroi- morroidas. No entanto, pomadas
das. Cada um deles pode ser efi- tópicas não devem ser usadas por
caz no tratamento de um ou mais mais de uma semana para evitar
sintomas da doença hemorroida efeitos adversos, como dermatite
(irritação, prurido, sangramento, de contato.
trombose, dor).

SAIBA MAIS!
Esteroides tópicos, como creme ou supositório de hidrocortisona , podem encolher as he-
morroidas e aliviar o prurido associado, mas não foram bem avaliados quanto à eficácia no
tratamento de hemorroidas trombosadas. Se forem usados, alguns especialistas sugerem
aplicar creme em vez de usar supositórios. O creme esteróide deve ser aplicado duas vezes
ao dia por não mais de sete dias. O uso a longo prazo deve ser evitado devido ao potencial
afinamento da mucosa perianal e anal e ao aumento do risco de lesões. Se os sintomas per-
sistirem, deve ser usada uma pomada não esteróide alternativa.

• Agentes venoativos - os flebo- e compostos sintéticos (por exem-


tônicos são usados principalmen- plo, dobesilato de cálcio). Como os
te na Europa e na Ásia para tratar flebotônicos melhoram o tônus ve-
hemorroidas com inflamação agu- noso, a permeabilidade microvas-
da e sangramento. São uma classe cular, a atividade linfática e o fluxo
heterogênea de drogas que con- nutritivo microcirculatório, eles po-
siste em extratos de plantas (flavo- dem reduzir o sangramento asso-
nóides como o hidroxietilrutosídeo) ciado às hemorroidas.
DOENÇAS ORIFICIAIS 20

• Agentes antiespasmódicos - Vá- Tratamento no consultório


rios tipos de agentes (doadores de
Os procedimentos baseados em con-
óxido nítrico) podem ser úteis para
sultório geralmente são oferecidos a
reduzir o espasmo do esfíncter
pacientes com hemorroidas internas
anal. Uma pequena série sugeriu
sintomáticas refratárias a tratamen-
que a pomada tópica de nitroglice-
tos médicos conservadores. O obje-
rina a 0,5% pode fornecer analge-
tivo comum dessas terapias é causar
sia temporária, reduzindo o espas-
descamação do excesso de tecido
mo interno do esfíncter anal. Esta
hemorroida; cicatrização e cicatriza-
dose pode estar associada a efei-
ção fixam o tecido residual no anel
tos colaterais, como dor de cabeça.
muscular anorretal subjacente.
Uma dose mais baixa de nitrogli-
cerina tem sido usada em pacien- Para pacientes com hemorroidas in-
tes com fissuras anais. ternas sintomáticas grau I, II ou III, re-
fratárias ao tratamento conservador,
• Banhos de assento - Os banhos recomendamos um procedimento
de assento são um tratamento tó- no consultório, em vez de hemorroi-
pico intuitivo para crises agudas dectomia cirúrgica, como intervenção
de hemorroidas, para reduzir a in- inicial.
flamação e o edema e relaxar os
músculos do esfíncter. Pacientes Pacientes com hemorroidas internas
com doença hemorroida signifi- de qualquer grau e problemas anorre-
cativa tendem a apresentar tônus tais adicionais, hemorroidas externas
esfincteriano elevado. Estudos ou hemorroidas internas / externas
manométricos confirmaram que a mistas devem prosseguir diretamente
aplicação de calor úmido na área para a cirurgia, pois essas condições
perianal pode diminuir as pressões não são passíveis de tratamentos no
do esfíncter interno e do canal anal consultório.
[ 31 ]. Os banhos de assento po- • Escolha da técnica baseada no
dem aliviar a irritação e o prurido, consultório - Os procedimentos
bem como o espasmo dos múscu- comuns realizados no consultó-
los do esfíncter anal. Eles devem rio incluem ligadura com elástico,
ser usados com água morna, e não escleroterapia, coagulação por in-
fria, duas a três vezes por dia [ 32 fravermelho de hemorroidas in-
]. Uma tigela portátil disponível no ternas e excisão de hemorroidas
mercado permite o uso no local de externas trombosadas. A escolha
trabalho. depende primeiro da disponibili-
dade local. Quando a experiência
local está disponível para mais de
DOENÇAS ORIFICIAIS 21

um procedimento, sugerimos o
seguinte:
◊ Para pacientes saudáveis com
hemorroidas internas de grau
I, II ou III, recomendamos a li-
gação do elástico ao invés de
outro procedimento. Compa-
rada à escleroterapia ou coa-
gulação por infravermelho, a
ligação do elástico é mais efi-
caz e requer menos sessões
de tratamento.

Figura 16. Foto ilustrativa da ligadura elástica de hemorroida interna.


Fonte: UpToDate, 2020
DOENÇAS ORIFICIAIS 22

◊ sangramento podem exigir


excisão cirúrgica na sala de
cirurgia.
◊ As hemorroidas internas de
grau IV requerem tratamento
cirúrgico definitivo. Os proce-
dimentos baseados no con-
sultório são ineficazes e não
devem ser tentados.

Figura 17. Foto de uma ligadura elástica. Fonte: UpTo-


Date, 2020 Tratamento cirúrgico
• Indicações - A abordagem inicial
◊ Para pacientes em uso de para tratar a maioria dos pacien-
drogas anticoagulantes ou tes com hemorroidas é conserva-
antiagregantes plaquetários, dora como vimos anteriormente.
imunocomprometidos ou com Pacientes que falham no geren-
hipertensão portal, sugerimos ciamento médico podem ser can-
escleroterapia em vez de ou- didatos a um procedimento não
tro procedimento. Nesses pa- cirúrgico no consultório antes de
cientes, a ligação do elástico é requerer tratamento cirúrgico. Os
contraindicada devido ao alto sintomas em curso, apesar do tra-
risco de sangramento tardio, e tamento conservador ou no con-
a escleroterapia é melhor es- sultório, geralmente requerem in-
tudada do que a coagulação tervenção cirúrgica.
por infravermelho na literatura
para este grupo de pacientes.
A excisão cirúrgica de hemorroidas
◊ Hemorroidas externas com
continua sendo uma abordagem mui-
trombose aguda podem ser
to eficaz para o tratamento de hemor-
tratadas por excisão no con-
roidas sintomáticas, mas é reservada
sultório se o paciente apre-
para pacientes selecionados. Uma
sentar nos primeiros três dias
hemorroidectomia formal em pacien-
de sintomas. Os sintomas ge-
tes adequadamente selecionados
ralmente começam a diminuir
pode resolver os sintomas do pacien-
após três dias e geralmente
te e minimizar a doença recorrente
se dissipam em 7 a 10 dias.
quando realizada adequadamente.
Hemorroidas externas trom-
Pacientes com hemorroidas de grau
bosadas extensas ou com
DOENÇAS ORIFICIAIS 23

III ou IV, e aqueles com doença exter- concomitante que requer


na grave, parecem se beneficiar mais cirurgia.
da cirurgia. Pacientes que são inca-
• Hemorroidas internas
pazes de tolerar procedimentos no
consultório devido a comorbidades ◊ Hemorroidas internas pro-
significativas ou a tomar medicamen- longadas que podem ser re-
tos anticoagulantes também podem duzidas manualmente (Grau
se beneficiar de uma hemorroidecto- III), principalmente se mais de
mia excisional. uma coluna estiver envolvida;
Um procedimento cirúrgico geral- ◊ Hemorroidas internas prolon-
mente é limitado àqueles com as se- gadas e encarceradas (Grau
guintes condições clínicas: IV) ;

• Hemorroidas externas ◊ Hemorroidas internas sinto-


máticas (por exemplo, dor,
◊ Hemorroidas externas sin- trombose) refratárias a medi-
tomáticas (por exemplo, dor, das conservadoras ;
trombose) refratárias a medi-
das conservadoras; ◊ Hemorroidas internas sinto-
máticas (por exemplo, dor,
◊ Hemorroidas externas sin- trombose) refratárias a pro-
tomáticas (por exemplo, dor, cedimentos no consultório ou
trombose) refratárias a pro- incapazes de tolerar procedi-
cedimentos no consultório ou mentos no consultório devido
incapazes de tolerar procedi- à dor;
mentos no consultório devido
à dor; ◊ Hemorroidas internas e exter-
nas combinadas;
◊ Hemorroidas externas gran-
des ou severamente sintomá- ◊ Hemorroidas internas sinto-
ticas (por exemplo, dor intensa, máticas na presença de uma
interferem na higiene, irritação condição anorretal concomi-
severa da pele e coceira); tante que requer cirurgia.

◊ Pacientes com marcas de pele • Hemorroidectomia externa - As


externas substanciais; hemorroidas externas geralmente
não requerem tratamento cirúrgi-
◊ Hemorroidas internas signifi-
co. As exceções podem incluir he-
cativas e internas combinadas;
morroidas externas trombosadas
◊ Hemorroidas externas sin- ou grandes hemorroidas externas
tomáticas na presença de que causam sintomas que não po-
uma condição anorretal dem ser controlados ou interferem
DOENÇAS ORIFICIAIS 24

na higiene. Quando indicado, as • Hemorroidectomia interna - As


hemorroidas externas trombosa- técnicas de hemorroidectomia di-
das são melhor tratadas com ex- ferem predominantemente com
cisão de hemorroidas, em vez de base em como o tecido hemorroi-
incisão e evacuação simples do co- da é removido e se a mucosa retal
águlo, uma abordagem que geral- está ou não fechada. A hemorroi-
mente deve ser evitada. No entan- dectomia convencional extirpa o
to, se a avaliação oportuna por um tecido hemorroida com um bisturi,
cirurgião não estiver disponível e o eletrocautério monopolar ou ou-
profissional não se sentir confortá- tros dispositivos eletrocirúrgicos
vel com a excisão da hemorroida avançados (por exemplo, Ligasu-
trombosada, poderá ser realizada re, bisturi harmônico). Métodos al-
uma incisão na hemorroida para ternativos de hemorroidectomia,
remover o coágulo, o que deve di- como grampeamento e ligação da
minuir os sintomas. artéria hemorroida, também foram
realizados.
DOENÇAS ORIFICIAIS 25

MAPA MENTAL DO TRATAMENTO DA HEMORROIDA

AINE’s tópicos

Outras apresentações
Fibras
de hemorroidas

Antiespasmódicos

Sintomáticos
Clínico
Irritação ou prurido

Cremes

Analgésicos
HEMORROIDA Trombose

Banho de assento

Grau II e III

Consultório Ligadura elástica

Hemorrágicas internas

Grau IV

Cirúrgico Hemorroidectomia

Hemorragia externa

Pronto! Agora que o maior assunto já


se foi, poderemos dar conta das ou-
tras 3 patologias orificiais. Você verá
que será bem mais rápido seu estudo,
mas não menos importante.
DOENÇAS ORIFICIAIS 26

5. FISSURAS ANAIS precisa, porque o desconforto anal é


frequentemente atribuído a hemor-
Introdução
roidas sintomáticas.

CONCEITO! Uma fissura anal é uma


ruptura ou ulceração no revestimento Fisiopatologia
do canal anal abaixo da junção muco-
cutânea linha pectínea. Mais comumen-
As fissuras anais geralmente come-
te causada por trauma local, as fissuras çam com uma ruptura do anoderme
anais causam dor durante a defecação na metade distal do canal anal. A rup-
que persiste por uma a duas horas. A tura então desencadeia ciclos de dor
persistência de uma fissura anal está ti-
picamente associada a espasmo anal ou e sangramento anal recorrentes, que
alta pressão anal. O tratamento clínico é levam ao desenvolvimento de uma
normalmente utilizado como tratamento fissura anal crônica em até 40% dos
inicial para uma fissura anal. A cirurgia é
pacientes. O músculo esfíncter inter-
reservada para pacientes que falham na
terapia médica. no exposto no leito da fissura frequen-
temente causa espasmos, o que não
apenas contribui para a dor intensa,
mas também pode restringir o fluxo
sanguíneo para a fissura, impedindo
sua cura.
A grande maioria (90%) das fissuras
anais está localizada na linha média
posterior do canal anal. As fissuras
estão localizadas na linha média an-
terior em até 25% das pacientes do
Figura 18. Foto de uma fissura anal. Fon-
te: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/
sexo feminino e 8% dos pacientes do
dist%C3%BArbios-digestivos/dist%- sexo masculino. Em 3% dos pacien-
C3%BArbios-do-%C3%A2nus-e-do-reto/
fissura-anal tes, as fissuras anterior e posterior da
linha média (“fissuras de beijo”) estão
presentes simultaneamente. Fissu-
Epidemiologia ras localizadas lateralmente são atí-
As fissuras anais geralmente afe- picas e podem indicar uma etiologia
tam bebês e indivíduos de meia ida- secundária.
de. Estima-se que aproximadamente
235.000 novos casos de fissura anal
ocorram todos os anos nos Estados
Unidos. No entanto, não é possí-
vel estabelecer uma incidência mais
DOENÇAS ORIFICIAIS 27

SE LIGA! Pacientes com uma fissura SE LIGA! Pacientes com fissura anal
anterior são mais propensos a ter lesão aguda apresentam sintomas há menos
esfincteriana oculta e função do esfínc- de oito semanas. Os sintomas de fissura
ter externa prejudicada em comparação crônica duram mais de oito semanas.
com pacientes com fissura posterior.

• Exame físico - Os médicos que


Classificação examinam um paciente acorda-
As fissuras anais podem ser primá- do com suspeita de fissura anal
rias ou secundárias. As fissuras mais pela primeira vez devem evitar
comuns são primárias e são causa- manobras invasivas que possam
das por trauma local no contexto de exacerbar o desconforto anal do
espasmo anal ou alta pressão anal. paciente. A melhor abordagem é
As fissuras anais primárias são mais colocar o paciente em uma posição
comumente localizadas na linha mé- propensa a um canivete, afastar as
dia posterior e menos comum na li- bochechas glúteas (nádegas) su-
nha média anterior. As fissuras anais avemente e olhar na linha média
secundárias ou atípicas são causadas posterior. Em pacientes mais ma-
por outro processo de doença, como gros, essas manobras às vezes
a doença de Crohn, e podem ocor- permitem a visualização da fissura.
rer em outros locais que não a linha
média.

Manifestações
Apresentação do paciente - Pa-
cientes com fissura anal aguda apre-
sentam dor anal que geralmente está
presente em repouso, mas é exacer-
bada pela defecação. A dor que se
intensifica com a defecação geral-
mente dura horas após o ato, que é
um sintoma debilitante. Embora a dor Figura 19. Foto da posição propensa do canivete. Fon-
anal seja o principal sintoma de uma te: UpToDate, 2020

fissura, as fissuras anais também po-


dem estar associadas ao sangramen-
to anal.
DOENÇAS ORIFICIAIS 28

Mais comumente, uma fissura anal Diagnóstico


aparece como uma ruptura longitu-
Deve-se suspeitar de fissura anal com
dinal no anoderme que geralmente
base em uma história de dor anal que
não se estende mais proximamente
é provocada por defecação e dura ho-
do que a linha pectínea. Uma fissura
ras depois, muitas vezes com sangra-
aguda aparece como uma laceração
mento anal associado. O diagnóstico
superficial fresca, como um corte de
pode ser confirmado no exame físico,
papel; uma fissura crônica eleva as
visualizando diretamente uma fissura
bordas, expondo as fibras brancas
(geralmente em pacientes mais ma-
orientadas horizontalmente das fibras
gros) ou reproduzindo as queixas do
musculares do esfíncter anal interno
paciente (dor anal) por palpação digi-
na base da fissura.
tal suave da borda anal da linha mé-
As fissuras anais crônicas são fre- dia posterior (ou anterior).
quentemente acompanhadas por
marcas de pele externas (pilha de
sentinelas) na extremidade distal da MAPA MENTAL DAS MANIFESTAÇÕES E DIAG-
NÓSTICO
fissura e papilas anal hipertrofiadas
na extremidade proximal. Essas ca-
racterísticas de uma fissura crônica
são atribuídas à inflamação crônica e Fissuras
anais
subsequente fibrose.

SE LIGA! A visualização da fissura, no


entanto, não é necessária para estabe- Diagnóstico Manifestação
lecer o diagnóstico durante um exame
inicial. Exame Físico Sangramento

Dor anal intensa


Devido ao desconforto do paciente, Doenças Orificiais
ao defecar
quase nunca é realizado um exame
anal digital completo ou um exame
de anuscopia na consulta inicial para
pacientes com uma fissura anal. Tais Tratamento
exames podem ser realizados em vi- Para pacientes com uma fissura anal
sitas subsequentes após os sintomas típica (ou seja, uma única fissura
do paciente terem melhorado com o posterior ou anterior sem evidência
tratamento. de doença de Crohn), é recomenda-
do prescrever uma combinação de
DOENÇAS ORIFICIAIS 29

medidas de suporte (fibra, banho de pacientes que desejam se submeter


assento, analgésico tópico) e um dos a tratamento cirúrgico são submeti-
vasodilatadores tópicos (nifedipina dos a triagem adicional com base no
ou nitroglicerina) por um mês. Além risco de incontinência fecal. Mulheres
disso, os pacientes constipados de- que tiveram vários partos vaginais e
vem receber um amaciador de fezes pacientes mais velhos podem ter um
ou laxante. O objetivo do tratamento complexo esfincteriano anal fraco, o
é relaxar o esfíncter anal interno, ini- que as coloca em alto risco de de-
ciar e manter a passagem atraumáti- senvolver incontinência fecal após o
ca das fezes e aliviar a dor. Embora a tratamento cirúrgico da fissura anal.
terapia clínica seja menos eficaz que Esses pacientes devem ser submeti-
a cirurgia, especialmente para fissu- dos a um dos procedimentos que não
ras anais crônicas, deve ser oferecida requerem divisão do músculo do es-
primeiro devido à sua ampla disponi- fíncter anal (por exemplo, injeção de
bilidade, melhor tolerância e falta de toxina botulínica, fissurectomia ou re-
complicações graves (isto é, inconti- talho de avanço anal). Outros pacien-
nência fecal). tes que não correm risco de desen-
O tratamento cirúrgico pode ser ofe- volver incontinência fecal podem ser
recido a pacientes cuja fissura não submetidos à esfincterotomia inter-
cicatriza com terapia médica. Os na lateral, considerada o tratamento
mais eficaz para a fissura anal.

MAPA MENTAL DO TRATAMENTO

FISSURA Vasodilatadores
tópicos

Fibra
Aguda

Medidas de suporte Banho de assento


Primária

Laxantes
Tratar patologia
Secundária
de base
Analgesia tópica
Crônica Cirurgia
DOENÇAS ORIFICIAIS 30

Acredite no bem maior! Já está enquanto uma fístula representa a


acabando! fase crônica da supuração e fistuliza-
ção. Portanto, não surpreende que 30
a 70% dos abscessos anorretais es-
6. ABSCESSOS PERIANAIS tejam associados a uma fístula anor-
Introdução retal concomitante e que 30 a 40%
dos pacientes desenvolvam uma fís-
tula anorretal após tratamento para
CONCEITO! Os abscessos perianais e
um abscesso anorretal .
perirretais são problemas anorretais co-
muns. A infecção se origina com mais
frequência de uma glândula/cripta anal
obstruída, com o pus resultante coletan- Epidemiologia
do no tecido subcutâneo, no plano inte-
resfincteriano ou além (espaço isquior- Estima-se que haja aproximadamen-
retal ou espaço supralevador), onde te 100.000 casos de infecção anor-
vários tipos de abscessos anorretais se retal por ano nos Estados Unidos. É
formam. Uma vez diagnosticados, os
abscessos anorretais devem ser imedia-
provável que a incidência subestime,
tamente drenados cirurgicamente. Um pois muitos pacientes com sintomas
abscesso anorretal não drenado pode anorretais preferem atribuí-los a “he-
continuar a se expandir para espaços morroidas” e procurar atendimento
adjacentes, bem como progredir para
infecção sistêmica generalizada. médico para um diagnóstico preciso.
A idade média da apresentação é de
40 anos (faixa de 20 a 60). Homens
adultos têm duas vezes mais chan-
ces de desenvolver abscesso anorre-
tal e / ou fístula em comparação com
mulheres

Fisiopatologia
Figura 20. Foto de um abscesso perianais. Os abscessos anorretais geralmen-
Fonte: UpToDate, 2020
te se origina de uma glândula anal
infectada. Existem 8 a 10 glândulas
Abscessos e fístulas anorretais po- da cripta anal dispostas circunferen-
dem ser vistos como duas fases se- cialmente dentro do canal anal ao
qüenciais do mesmo processo in- nível da linha pectínea. As glândulas
feccioso anorretal: um abscesso penetram no esfíncter interno e ter-
representa a fase aguda da infecção, minam no plano interesfincteriano.
DOENÇAS ORIFICIAIS 31

Um abscesso se desenvolve quando uma área difusa, sensível, endure-


uma glândula anal fica obstruída com cida e flutuante nas nádegas.
detritos inespecíficos, o que permite
• Abscesso interesfincteriano - Os
o crescimento bacteriano e a forma-
abscessos interesfincterianos re-
ção de abscesso. Alguns abscessos
presentam apenas 2 a 5% de to-
atravessam distalmente no sulco in-
dos os abscessos anorretais. Eles
teresfincteriano para a pele perianal,
estão localizados no sulco inte-
onde se apresentam como uma mas-
resfincteriano entre os esfíncteres
sa sensível e flutuante (abscesso pe-
interno e externo. Como resultado,
rianal). Outros seguem o caminho de
geralmente não causam altera-
menor resistência a outros espaços
ções cutâneas perianais, mas po-
(interesfincterianos, isquiorretais, su-
dem ser palpadas durante o exa-
pre elevadores) para formar absces-
me retal digital como uma massa
sos perirretais.
flutuante que se projeta no lúmen.
• Abscesso supraelevador - os abs-
SE LIGA! Aproximadamente metade
dos abscessos anorretais resultará no cessos supralevadores podem se
desenvolvimento de uma fístula crôni- originar de duas fontes diferentes:
ca que conecta a glândula anal incitante a infecção criptoglandular típica
com a pele sobre o local da drenagem.
que viaja superiormente no plano
interesfincteriano até o espaço su-
Classificação pralevador ou um processo pélvico
inflamatório causado pela doença
Um abscesso perianal é um abscesso de Crohn ou pelo cólon perfurado
anorretal simples. Os abscessos pe- por doença diverticular ou câncer.
rirretais são mais complexos e podem A fonte potencial de infecção pél-
envolver planos diferentes no anorre- vica é melhor determinada a partir
tal, apresentar apresentações clínicas da história do paciente.
distintas e exigir um manejo mais es-
pecífico. A classificação dos absces- • Abscesso em ferradura - Um
sos perirretais é baseada em suas lo- abscesso em ferradura é um abs-
calizações anatômicas cesso perirretal complexo que ge-
ralmente se forma posterior ao ca-
• Abscesso isquiorretal (abscesso nal anal. O espaço potencial onde
isquiático ) - Os abscessos isquior- o abscesso se origina é limitado
retais, também chamados de abs- pelo assoalho pélvico superior-
cesso isquiático, penetram através mente, pelo ligamento anococ-
do esfíncter anal externo no espaço cígeo inferiormente e pelo cóc-
isquiorretale se apresentam como cix e canal anal. Devido a esses
DOENÇAS ORIFICIAIS 32

limites relativamente rígidos, os isquiiorretal, de forma unilateral ou


abscessos nesse espaço são for- bilateral (ferradura).
çados a se estender para o espaço

Abscesso
supra
elevador

Abscesso
Cripta de interesfincté Abscesso
Abscesso Morgagni rico subcutâneo/
isquiorretal perianal
Figura 21. Foto da classificação dos abscessos anais. Fonte: UpToDate, 2020

Manifestações No exame físico, pode ser observada


uma área de flutuação ou um pedaço
Pacientes com abscesso anorretal
de pele endurecida e eritematosa so-
geralmente apresentam dor intensa
bre a pele perianal em pacientes com
na região anal ou retal. A dor é cons-
abscesso superficial (por exemplo,
tante e não necessariamente associa-
perianal). Pacientes com abscesso
da a uma evacuação. Sintomas cons-
mais profundo (por exemplo, supra-
titucionais como febre e mal estar são
elevador), no entanto, podem não ter
comuns. A drenagem retal purulenta
achados físicos no exame externo, e
pode ser observada se o abscesso
o abscesso só pode ser sentido pelo
começar a drenar espontaneamente.
exame retal digital ou por imagem.
DOENÇAS ORIFICIAIS 33

Diagnóstico • Estudos de imagem - Os estudos


de imagem, como tomografia com-
Deve-se suspeitar de abscesso anor-
putadorizada, ressonância mag-
retal em pacientes que apresentam
nética e ultrassonografia trans-
dor intensa na área anal ou retal. Um
peritoneal ou endorretal, podem
abscesso anorretal superficial pode
confirmar o diagnóstico quando
ser diagnosticado no exame físico
houver suspeita de abscesso anor-
com achados de eritema perianal e
retal profundo, mas não podem ser
uma massa palpável e muitas vezes
palpados por exame externo ou
flutuante. Um abscesso mais profun-
exame retal digital.
do pode ser diagnosticado sentindo-
-se uma massa sensível e frequen-
temente flutuante internamente no
exame retal digital ou através de es-
tudos de imagem.

MAPA MENTAL DAS MANIFESTAÇÕES E DIAGNÓSTICO

ABSCESSO
PERIANAL

Manifestações Diagnóstico

Drenagem de secreção Anamnese

Área de flutuação Exame de Imagem

Dor intensa constante Exame Físico


DOENÇAS ORIFICIAIS 34

Tratamento antibióticos empíricos após a drena-


gem de um abscesso anorretal ape-
O tratamento primário do abscesso
nas em pacientes com:
anorretal é a drenagem cirúrgica. Uma
vez diagnosticados, todos os absces- • Celulite perianal / perineal extensa
sos perianais e perirretais devem ser
• Sinais de infecção sistêmica
drenados imediatamente; falta de flu-
tuação não deve ser uma razão para • Diabetes
atrasar o tratamento. Qualquer abs- • Cardiopatia valvar
cesso anorretal não drenado pode
continuar a se expandir para espaços • Imunossupressão
adjacentes, bem como progredir para
infecção sistêmica generalizada.
7. FÍSTULAS PERIANAIS
Todos os procedimentos de incisão e
drenagem para abscessos anorretais Introdução
seguem os mesmos princípios gerais,
mas podem variar de acordo com as CONCEITO! Uma fístula anorretal é
abordagens cirúrgicas (através de uma um trato inflamatório ou conexão entre
incisão na pele ou no reto), dependen- a superfície epitelializada do canal anal
e, mais frequentemente, a pele ou pe-
do de considerações anatômicas. ríneo perianal. Evolui frequentemente
de um abscesso anorretal de drenagem
• Antibióticos - Todos os pacien- espontânea. A doença fistulosa peria-
tes após incisão e drenagem de nal tem implicações significativas para
um abscesso anorretal devem fa- a qualidade de vida dos pacientes, uma
zer uso da antibioticoterapia. Há vez que as sequelas variam de dor me-
nor e constrangimento higiênico social à
evidências de que essa prática sepse franca.
pode reduzir a taxa de formação
de fístula. Geralmente um curso de
quatro a cinco dias de amoxicilina-
-clavulanato ou uma combinação
de ciprofloxacina e metronidazol ;
essa duração da cobertura antibi-
ótica é extrapolada a partir de es-
tudos de infecção intra-abdominal
após o controle da fonte.

Contudo as diretrizes da Socieda-


de Americana de Cirurgia Colorre- Figura 22. Foto de uma fístula anal. Fonte:
UpToDate, 2020
tal (ASCRS), sugerem um curso de
DOENÇAS ORIFICIAIS 35

O manejo da fístula anorretal conti- e conecta o abscesso anal das glân-


nua sendo um dos tópicos mais de- dulas criptas anais infectadas à pele
safiadores e controversos a cirurgia perirretal e, ocasionalmente, a outros
colorretal. A cirurgia é a base da tera- órgãos pélvicos.
pia com o objetivo final de drenar a in-
fecção local, erradicar o trato fistuloso
e evitar a recorrência, preservando a Classificação
função do esfíncter nativo. A aborda- • Classificação - A classificação das
gem cirúrgica depende de vários fa- fístulas anais descrita por Parks,
tores, como etiologia, localização, tipo Gordon e Hardcastle é a classifi-
e duração da fístula, bem como pro- cação mais comum usada. Essa
cedimentos previamente realizados e classificação descreve com pre-
função do esfíncter pré-operatório. cisão a via anatômica da fístula e
é útil para prever a complexidade
Epidemiologia do procedimento operatório para o
tratamento da fístula.
A verdadeira prevalência de fístulas
anais é desconhecida, pois o des-
conforto anorretal é frequentemente As fístulas anais são classificadas em
atribuído a hemorróidas sintomáticas termos de relação com os músculos
como todas as patologias anterior- do esfíncter anal:
mente abordadas. A incidência de • Intersfincterianas - A fístula co-
uma fístula anal que se desenvolve a meça na linha pectínea e termina
partir de um abscesso anal varia de na beirada anal, acompanhando o
15 a 38%. A idade média para apre- plano interesfinctérico entre os es-
sentação de abscesso anal e doença fíncteres anal interno e externo e
de fístula é de 40 anos (variação de termina na pele perianal (tipo 1 de
20 a 60). Homens adultos têm duas Parks).
vezes mais chances de desenvolver
um abscesso e / ou fístula em compa- • Transesfincterianas - A fístula se-
ração com as mulheres. gue o esfíncter externo até a fos-
sa isquiorretal, abrange uma por-
ção do esfíncter interno e externo
Fisiopatologia e termina na pele sobre a nádega
As fístulas criptoglandular são prove- (tipo 2 de Parques).
nientes de uma glândula anal infec- • Supra-esfincterianas - A fístula
tada. Uma fístula anorretal é a cone- se origina na cripta anal e envol-
xão entre duas estruturas epiteliais ve todo o aparelho esfincteriano e
DOENÇAS ORIFICIAIS 36

termina na fossa isquiorretal (Par- não são de origem criptoglandu-


ques tipo 3). lar, mas podem resultar de trauma,
corpos estranhos retais, doença de
• Extrasfincteriana - a fístula é geral-
Crohn ou lesão iatrogênica.
mente muito alta no canal anal, lo-
calizada proximal à linha pectínea. • Superficial - a fístula superficial
Ela abrange todo o aparelho es- ou submucosa não foi incluída
fincteriano, incluindo os elevado- na classificação original de Parks.
res, e termina na pele sobre a ná- Não envolve nenhum músculo
dega (Parques tipo 4). As fístulas esfincteriano.
extra-esfincterianas geralmente

Músculo
levantador do
ânus
Cripta de
Músculo puborretal Morgagni

Esfíncter anal interno

Esfíncter anal externo

Fístula superficial Fístula


Fístula extraesfinctérica Fístula
Interesfinctérica Fístula Fístula
(Parks tipo 4) transesfinctéri Supraesfinctérica
(Parks tipo 1) superficial Fístulas
ca (Parks tipo (Parks tipo 3)
transesfinctéricas
2)

Figuras 23, 24 e 25. Fotos dos tipos de fístulas. Fonte: UpToDate, 2020

As fístulas anais também podem ser


SE LIGA! As fístulas interesfincterianos classificadas por complexidade:
e transesfincterianas são mais comuns
que as fístulas supra-esfincterianas, ex- • Fístulas anais complexas incluem
traesfincterianas e superficiais. Cada um altas fístulas transesfincterianas
desses tipos de fístulas pode estar asso- que envolvem ≥ 30% do esfíncter
ciado a uma ou mais extensões e faixas
cegas de comunicação acessórias ou
externo; fístulas supra-esfincte-
adjacentes. rianas, extraesfincterianas, ou em
ferradura; e fístulas associadas à
doença de Crohn, radiação, ma-
lignidade, incontinência fecal exis-
tente ou diarreia crônica.
DOENÇAS ORIFICIAIS 37

esfíncter anal, cirurgia anorretal


prévia e quaisquer sintomas gas-
trointestinais, geniturinários ou gi-
necológicos associados e, quando
apropriado, seus fatores de risco
para doenças infecciosas associa-
das à formação de fístula anal.
• Exame físico - A pele perianal
Figuras 26. Foto do preparo operatório de um pacien- pode estar escoriada e inflamada.
te com fístula secundária a doença de Crohn. Fonte:
UpToDate, 2020
A abertura externa pode ser visu-
alizada ou palpada como endure-
cimento logo abaixo da pele, se a
• Fístulas anais simples não pos- abertura externa estiver incom-
suem nenhum dos atributos aci- pleta ou cega. A abertura externa
ma e geralmente incluem fístulas pode estar inflamada, sensível e /
superficiais, interesfincterianas e ou drenar o fluido purulento. Um
transesfincterianas baixas que en- cordão palpável que leva da aber-
volvem <30% do esfíncter externo. tura externa ao canal anal pode
estar presente.
Uma fístula pode ser explorada com
Manifestações
uma sonda de fístula por um clínico
• Apresentação do paciente - Pa- experiente, tomando cuidado para
cientes com fístula anorretal ge- evitar a criação de uma passagem
ralmente apresentam abscesso falsa ao penetrar na parede da fís-
anorretal “não cicatrizante” após a tula. A sonda é suavemente inse-
drenagem, ou drenagem purulen- rida na abertura externa da pele
ta crônica e lesão tipo pústula na perianal e passada pela abertura
área perianal ou nádega. Os pa- interna para o ânus ou reto.
cientes experimentam dor retal in- A abertura interna no ânus pode
termitente, principalmente durante ser vista por um exame anoscópico,
a defecação, mas também com a enquanto um sigmoidoscópio pode
sessão e a atividade. Os pacientes ser necessário para visualizar a
também podem apresentar drena- abertura interna no reto. Em alguns
gem e prurido perianal intermiten- casos, a abertura interna pode ser
tes e fétidos. palpada no exame retal digital.
Os pacientes devem ser questio-
• Estudos de imagem - Conside-
nados sobre sua função basal do
rando que as fístulas simples não
DOENÇAS ORIFICIAIS 38

requerem imagens para guiar o fistulografia anal também é limita-


tratamento, fístulas complexas, da por sua incapacidade de definir
especialmente aquelas associa- a extensão do envolvimento do es-
das à doença de Crohn perianal, e fíncter anal.
fístulas recorrentes podem se be-
neficiar dos estudos de imagem.
Fístulas simples e complexas são Diagnóstico
definidas abaixo. O diagnóstico da fístula baseia-se
A ressonância magnética (RM) e a principalmente em achados caracte-
endossonografia (EUS) são os es- rísticos da história e do exame físico:
tudos de imagem preferidos para dor, drenagem purulenta e lesão cutâ-
determinar a anatomia do trato fís- nea perirretal. Os estudos de imagem
tula e a extensão do envolvimen- não são necessários para o diagnós-
to do esfíncter anal. A tomografia tico de fístulas simples; no entanto,
computadorizada (TC) é inferior à eles podem ser úteis para avaliação
ressonância magnética na capaci- diagnóstica de fístulas complexas ou
dade de discernir o envolvimento recorrentes.
dos tecidos moles com a fístula. A

MAPA MENTAL DAS MANIFESTAÇÕES E DIAGNÓSTICO DAS FÍSTULAS

FÍSTULAS
PERIANAIS

Manifestações Diagnóstico

Dor intermitente Exame de Imagem

Drenagem purulenta Exame Físico

Anamnese

Histórico de abscessos
anorretais
DOENÇAS ORIFICIAIS 39

Tratamento • Todas as faixas com aberturas


externas anteriores a esta linha
O tratamento cirúrgico é a base da
entram no canal anal de maneira
terapia e é necessário em pacientes
radial.
com fístulas anorretais sintomáticas,
com exceção de alguns pacientes
com doença de Crohn. SE LIGA! As trilhas de fístula a mais de
3 cm da borda anal não seguem neces-
O objetivo da terapia cirúrgica é er- sariamente a regra de Goodsall; eles ge-
radicar a fístula, preservando a con- ralmente têm uma abertura interna na
tinência fecal. A abordagem cirúrgica linha média posterior.
depende da classificação correta da
fístula.
Para identificar a abertura externa e
interna, o curso da pista e a quantida-
de de músculo esfíncter que ela incor-
pora, muitas vezes é necessário exa-
minar o paciente na sala de cirurgia
sob anestesia, que começa sondando
suavemente a fístula para determinar
sua anatomia. Identificar a abertura
interna da pista de fístula nem sem-
pre é simples. Muitos princípios e ma-
nobras foram planejados para ajudar
nessa tarefa.
Figuras 27. Foto da Regra de Goodsall-Salmon. Fonte:
Um dos princípios mais comumente https://images.app.goo.gl/XN57cmeXjprgdiFS8
citados para auxiliar no tratamento ci-
rúrgico de uma fístula anal é a regra
de Goodsall, que afirma:
• Todas as trilhas de fístula com
aberturas externas a até 3 cm da
borda anal e posterior a uma linha
traçada pelos espinhos isquiáticos
viajam de maneira curvilínea para
a linha média posterior.
DOENÇAS ORIFICIAIS 40

MAPA MENTAL GERAL

DOENÇAS
ORIFICIAIS

Sangramento Drenagem de
Dor ao evacuar Dor constante
ao evacuar secreção

Fissura Hemorroida Abscesso Perianal Fístula Perianal

Tratamento
Classificação Drenagem
Tratamento clínico Cirúrgico
cirúrgica + ATB

Regra de
Interna x Externa
Goodsall-Salmon

Tratamento
Clínico x Cirúrgico

Grau I -> sem prolapso


Grau II -> prolapso com redução espontânea
Grau III – prolapso com redução manual
Grau IV – prolapso irredutível
DOENÇAS ORIFICIAIS 41

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