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UNIVERSIDADE DO PORTO

REITORIA - GACI

ACTO ISOLADO E PAGAMENTOS A NÃO RESIDENTES

Parecer

Na sequência da emissão de recibos para “Actos isolados” que têm vindo a ser
solicitados à DSAFP para que se possa proceder ao pagamento de acções de formação,
o GACI salienta que, nos casos em que são ministradas por professores não residentes
em Portugal, a Universidade do Porto, salvo melhor opinião, tem todo o interesse em
averiguar se efectivamente se trata de algo que estes professores praticam
recorrentemente ou não, pelo seguinte:

1.Enquadramento fiscal do Acto Isolado

Consideram-se “actos isolados” aqueles que, não gerando mais do que 50% dos
rendimentos do contribuinte que aufira rendimentos da categoria B, não tenham origem
numa prática reiterada de uma actividade profissional.
O acto isolado está sempre sujeito a IVA (não cumpre o Artº53º nº 1 do CIVA por não
se enquadrar numa actividade normal), e poderá estar dispensado de retenção de IRS
para os beneficiários do rendimento que residam em Portugal (Artº 9º nº1 alínea a) do
DL 42/91 de 22 Janeiro).

Esta dispensa nunca se aplica aos não residentes (a retenção é efectuada a taxas
liberatórias ao abrigo do Artº 72º nº 4 alínea c) do CIRS).

Assim, verificamos que, quando é emitido um recibo de “Acto Isolado”:

1) Para um Não Residente, o valor ilíquido acordado vai estar sujeito a IVA e a
retenção de IRS;

2) Para um Residente, o valor ilíquido acordado vai estar sujeito a IVA.


Relativamente à retenção de IRS, e de acordo com o Artº9º nº 1 alínea a) do DL
42/91, apenas tem que efectuar retenção à taxa de 10% se o valor ilíquido da
prestação de serviço for superior a 9.959,17 €, devendo ser declarado no Anexo
B da declaração de IRS.
UNIVERSIDADE DO PORTO
REITORIA - GACI

2.Vantagens de não emitir recibo de acto isolado

Se for averiguado que efectivamente esse professor não residente ministra formações
recorrentemente, é necessário que seja emitido por este um documento válido (ex:
factura, nota de débito ou recibo). Esta operação vai ser tributada em sede de IVA (ao
abrigo do Artº6º nº6 alínea d) do CIVA) e poderá estar dispensada de retenção de IRS,
ao contrário do que acontece no “Acto Isolado”.

Na verdade, Portugal celebrou com alguns países (ex: Espanha) Convenções de Dupla
Tributação (CDT), que dizem que na medida em que o professor não disponha em
Portugal de uma instalação fixa à qual sejam imputados os rendimentos cá obtidos, a
tributação em Portugal em sede de IRS fica afastada.

Contudo, para accionar a aludida convenção, dever-se-á proceder ao preenchimento do


Modelo 12 RFI (que envio em anexo) – um no início do ano (antes do pagamento dos
rendimentos) com os rendimentos previsíveis e outro, até 31 de Dezembro, com os
rendimentos efectivamente obtidos.
Assim, o professor fica responsável por efectuar a sua declaração no país de residência.

Desta forma, dado que os valores normalmente acordados de pagamento são valores
líquidos, e salvo melhor opinião, julgo ser do interesse da Universidade do Porto que o
Modelo 12-RFI seja preenchido, não obrigando portanto à retenção de IRS, o que
representa um custo menor.

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