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22 de novembro de 2022 16:37

Caso 7

Estamos perante o Imposto sobre o Rendimento Pessoal, que por exigência da CRP, deve ser
um imposto pessoal, único, progressivo e com objetivos redistributivos, estes últimos
satisfeitos com a unidade e progressividade, bem como com as deduções à coleta de despesas
sociais.
Deve recair sobre o rendimento líquido global porque este reflete de forma mais rigorosa a
capacidade contributiva do sujeito. A tributação global não discrimina categorias de
rendimentos, sendo então mais justa e mais neutra por não interferir nas opções dos
contribuintes.

O IRS na realidade não é imposto único, mas dual, porque temos rendimentos sujeitos a
englobamento (22º CIRS) e progressividade, e uma tributação não sujeita a englobamento
(taxas liberatórias e especiais -71º e 72º CIRS). A tributação em IRS é organizada por
categorias, as quais correspondem a diferentes tipos de rendimentos.

Assim, tanto A como M são sujeitos passivos residentes (13º, nº1 e 16º, nº1 CIRS).

Quanto ao salárioÊdeÊAntónio, estão em causa os rendimentosÊdoÊtrabalhoÊdependente,Ê


peloÊqueÊseráÊintegradoÊnaÊcategoriaÊA, definida no 1º/1 e 2º/1 do CIRS, alínea a) porque
prestado por conta de outrém ao abrigo de contrato individual. Nos termos do 2º/2 CIRS, as
remunerações da categoria compreendem salários, que seria o que estava em causa. Este
rendimento não é excluído pela delimitação negativa de incidência do 2º-A do CIRS. O
apuramento líquido de cada categoria é dada pelas deduções específicas de cada categoria,
pois os gastos dedutíveis não são comunicáveis, para evitar erosão da matéria tributável. NoÊ
casoÊdeÊAntónio,ÊcomÊrendimentosÊdeÊcategoriaÊA,ÊaÊdeduçãoÊéÊfixa. Quanto aos
rendimentosÊdoÊtrabalho, são dedutíveisÊoÊmontanteÊprevistoÊnoÊ25º/1,ÊsendoÊqueÊemÊ
princípioÊsóÊseÊverificavaÊaÊalíneaÊa).
Na fase seguinte, após apuramento do rendimento líquido de cada categoria, deveremos
determinar se se faz um englobamento (22º), ou se, pelo contrário, teremos uma tributação às
taxas liberatórias ou especiais (71º e 72º), nas quais não se encontram elementos
personalizantes.
Através do englobamento (22º), apura-se o rendimento global líquido dos sujeitos passivos
residentes, mediante a adição dos rendimentos líquidos das várias categorias, com aplicação
das taxas gerais do 68º, prevendo-se, porém, um mínimo de existência (70º). Os rendimentos
do trabalho dependente estão sujeitos a este regime.
NosÊtermosÊdoÊ98ºÊeÊ99º,Ênº1,Êa)ÊosÊrendimentosÊdeÊtrabalhoÊdependenteÊestãoÊsujeitosÊaÊ
retençãoÊnaÊfonteÊcomoÊimpostoÊdevidoÊaÊfinal.Ê

Já quantoÊaosÊrendimentosÊdeÊMaria, sendo advogada, poderiam ser enquadrados na


categoria B, prevista no artigo 1º/1 e artigo 3º/1, b) do CIRS, tratando-se de um rendimentoÊ
auferidoÊporÊcontaÊprópria, de qualquer atividade de prestação de serviços, neste caso
técnico. Nos rendimentos de categoria B, há dois regimes:
• o regime simplificado, para sujeitos passivos que não tenham optado pela contabilidade
organizada e não tenham ultrapassado, no período imediatamente anterior, um
determinado montante anual ilíquido (28º, nº1, a), nº2, nº3 CIRS e 31º);
• já no regime de contabilidade organizada são aplicadas as regras do IRC para
determinar o lucro tributável, mas com adaptações (28º, nº1, b) e 32º).

Como não optou aplica-seÊoÊregimeÊsimplificado. Neste caso, não são dedutíveis os


encargos previstos no 33º e de referir o 29º/1. Nesta categoria, há dedução de despesas
relacionadas com a atividade.
Na fase seguinte, após apuramento do rendimento líquido de cada categoria, deveremos far-
se-á um englobamento - 22º - apura-se o rendimento global líquido dos sujeitos passivos
residentes, mediante a adição dos rendimentos líquidos das várias categorias, com aplicação
das taxas gerais do 68º, prevendo-se, porém, um mínimo de existência (70º). Quanto às
formas de pagamento, temos o 98º,Ênº1ÊeÊoÊ101ºÊCIRSÊqueÊdeterminamÊqueÊaÊentidadeÊqueÊ
dispõemÊdeÊcontabilidadeÊorganizadaÊdeveÊprocederÊàÊretençãoÊnaÊfonte. O 101º/1, b)
remete para o 151º que remete para uma portaria 1011/2001, que no ponto 6 engloba os
advogados. Quanto aos juros do depósito a prazo, enquadram-se na definição de rendimentos
de capitais - categoria E - , definidos no artigo1º, nº1 e artigo 5º do CIRS, nº1 como frutos e
demais vantagens económicas procedentes de elementos patrimoniais, bens, direitos ou
situações jurídicas, sendo os juros de depósito expressamente referidos no 5º, nº2, b). Para
rendimentos de capitais, a lei não prevê deduções específicas - 25 e ss.
Na fase seguinte, após apuramento do rendimento líquido de cada categoria - no caso o
rendimento bruto coincide com o tributável -, deveremos determinar se se faz um
englobamento (22º), ou se, pelo contrário, teremos uma tributação às taxas liberatórias ou
especiais (71º e 72º), nas quais não se encontram elementos personalizantes. Aos rendimentos
de capitais pagos por entidades que tenham sede efetiva em Portugal ou estabelecimento
estável, aplica-se a taxa liberatória do 71º, nº1, a) de 28%.

AntónioÊeÊMariaÊpodemÊoptarÊporÊsujeitarÊaoÊregimeÊdeÊenglobamento, nos termos do


71º/6 do CIRS e 22º. O 98º e 101/2, a) prevêem que há retenção na fonte pelas entidades
devedoras dos rendimento auferidos nos termos do 71º, nº1.

Quanto aos dividendosÊdeÊações são rendimentos derivados de direitos mobiliários. Para se


enquadrarem na categoria E, não podem ser tributados noutra categoria. O rendimentos de
capitais no geral é entendido como rendimento periódico que não prejudica a substância do
que está subjacente à origem do rendimento. Ou seja, havendo perda da fonte, através de
alienação por exemplo, será uma mais-valia (APD, Paula Pereira e Rui Duarte Morais). A
obtenção de dividendos não pressupõe a renúncia a ganhos futuros, porque não está em causa
a alienação das ações da PT. Assim, enquadra-se no 1º, nº1 , 5º, nº1 e 5º, nº2, h)- categoria
E -, até porque são rendimentos passivos, que o titular aufere sem recorrer a uma atividade
destinada à sua obtenção, não decorrendo de atividade profissional ou empresarial (senão
seriam categoria B). Não há deduções específicas à categoria de rendimentos de capitais, pelo
que o rendimento bruto corresponde ao rendimento tributável - o legislador entende que
sendo de obtenção passiva, o titular não incorreu em despesas para o obter. Também não há
lugar a dedução de perdas (55º CIRS). Aos rendimentos de capitais pagos por entidades que
tenham sede efetiva em Portugal ou estabelecimento estável, aplica-se a taxa liberatória do
71º, nº1, a) de 28%. António e Maria podem optar por sujeitar ao regime de englobamento,
nos termos do 71º, nº6 do CIRS e 22º . O 98º e 101º, nº2, a) prevêem que há retenção na fonte
pelas entidades devedoras dos rendimento auferidos nos termos do 71º, nº1.

Quanto às mais-valias decorrentes de venda de ações, estamos perante a categoria G de


incrementos patrimoniais, prevista no artigo 1º, nº1 e 9º do CIRS. Estão em causa as mais-
valias (9º, nº1, a)), definidas no artigo 10º como ganhos obtidos que não sejam considerados
rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, e o qual prevê um elenco
taxativo de ganhos que constituem mais-valias. Tem carácter residual, sendo incrementos
patrimoniais que não resultem de outras categorias. As mais-valias são definidas como
ganhos ou rendimentos de carácter ocasional ou fortuito, e que não decorrem de uma
atividade do sujeito passivo destinada à sua obtenção, decorrentes de atos, contratos ou
operações e resultantes de atos de gestão patrimonial privada. A obtenção de mais-valias
prejudica o bem, direito ou situação jurídica que lhe está subjacente implicando a renúncia a
ganhos futuros e, portanto, uma operação de alienação. Está em causa o 10º, nº1, b) ou seja,
alienação onerosa de partes sociais ou outros VM. Nos termos do 42º, não são feitas
deduções a esta categoria. O ganho sujeito a IRS corresponde ao saldo apurado entre mais-
valias e menos-valias, resultando da diferença, no caso, entre o valor da transmissão e o valor
pago aquando da aquisição das ações (43º, nº1 CIRS). O 43º, nº3 prevê uma regra específica
para microempresas e pequenas empresas. Nos termos do 55º, d), temos o regime de dedução
de perdas desta situação concreta. Às mais-valias é aplicável é a taxa especial de 28%,
aplicando-se ao caso o 72º, nº1, c) que menciona o saldo positivo entre mais e menos valias
que deriva do 10º, b). Não está sujeito a englobamento, salvo se for essa a opção dos
titulares - 72º, nº8.

O IRS é apurado individualmente em relação a cada cônjuge, exceto quando for exercida a
opção pela tributação conjunta (13º, nº2 do CIRS). Nesse caso, aplicar-se-á o quociente
familiar do 69º. Por último, as deduções à coleta são efetuadas nos termos do 78º. O 78º, nº1,
a) e 78º A afiram que são efetuadas deduções relativas a despesas com dependentes do
agregado familiar e aos ascendentes que vivam em comunhão de habitação com o sujeito
passivo. As despesas de saúde e educação estão previstas no 78º, c) e d), 78º C e 78º D.

NOTAS: os ganhos que derivados de alienação de imóveis só ficam sujeitos ao regime das
mais-valias se a alienação tiver sido efetuada a partir de 1/1/1989 (CIRS regime transitório,
artigo 5º, nº1 parte final). Por outro lado, as mais-valias decorrentes da transmissão onerosa
de imóveis destinados a habitação própria ou permanente são excluídas de tributação desde
que sejam utilizadas para a aquisição de outro imóvel de habitação (10º, nº5 CIRS). Quanto
ao 43º, nº3 o saldo é considerado em 50% do seu valor, o que significa que não há taxa
específica, mas uma divisão por dois. Em terceiro lugar, às mais-valias mobiliárias é sempre
aplicável o 72º, nº1, c) tributadas à taxa especial de 28%. Quanto a estas taxas, os não
residentes nunca podem exercer a opção por englobamento (72º, nº8 CIRS).

1. Incidência subjetiva - 15º - residente.


2. Fazer rendimento a rendimento:
• Incidência objetiva relativamente ao salário - art. 2º/1 - tipo de rendimento do trabalho
dependente tributado em IRS. Devemos indicar a existencia de uma dedução especifica
à categoria A, no art. 25º. Tributação com rendimentos englobados com outros
rendimentos para aplicação das taxas gerais do art68º.
• Incidência objetiva relativamente ao rendimento de advogada

CATEGORIAÊAÊ
• 71º/4
• 69º/1 e 3 - poderia ser feita a opção pela tributação conjunta - quociente familiar.
• 13º/3 + 59º/1 - filhos também integram agregado familiar.
• 25º: Até à sua concorrencia - se o rendimento bruto permitir este montante dedução.
Limite de concorrencia do montante gripo. Se receber 5000 só poderei deduzir até
4.104; se receber 4.000 só poderei deduzir 4.000

CATEGORIAÊBÊ
Honorários dos advogados - 3º/1 al. B) - consideram-se como rendimentos de prestação de
serviços.
Forma de determinação da matéria coletável - 28º e ss e a sua forma pode ser:
• Regime simplificado - rendimentos inferiores a 200.000 (ainda assim poderia optar pelo
regime da contabilidade organizada). art. 31º - aplicação dos coeficientes do Nº1
• Regime da contabilidade organizada - 28º/1 al. B) e 32º. Sempre que os rendimentos
sejam superiores a 200.000. 32º - determinação da matéria coletável é afetada por uma
remissão para as regras do CIRC

No caso concreto:
• art. 31º (regime simplificado).
• Art. 151º (tabela em portaria Nº1011/2001).
• Os rendimentos da categoria B estão sujeitos a englobamento obrigatório (22º/1) -
aplicação das taxas gerais de art. 68º.
• Estão sujeitos a retenção na fonte - 101º/1 al. B) (apenas há obrigação da retenção na
fonte de rendimentos da categoria B, quando a entidade pagadora (o substituto
tributário) estiver obrigada ao regime da contabilidade organizada.

CATEGORIAÊE
Juros e dividendos - rendimentos de capitais.
Art. 15º/1 e 2
• Rendimentos sujeitos em regra a taxas liberatórias no caso de não residentes mas
também no caso de residentes - 23º. Mas pode ainda assim ser englobado em alguns
casos.
• 71º - combinação da taxa final a aplicar e da própria retenção na fonte.

No caso concreto
• Entidade residente

Se não fosse residente, aplicar-se-iam as taxas especiais do art 72º.

Sempre que haja uma conexão tanto nas taxas liberatórias como especiais com paraísos
fiscais há um agravamento tributário.

CATEGORIAÊG
Mais valias
• Mais valias mobiliárias - sujeitas a taxas especiais. Incidência real e objetiva - 9º/1 al.
A) e b).
• 43º/1 e 3 - a diferença do saldo positivo e negativo é que é sujeito a tributação
• 72º/1 al. C) - taxa especial, havendo ainda assim opção de englobamento

Se for feita opção por englobamento - mesmo que tivesse caracter liberatório passa a ser
caracter de retenção da fonte de pagamento por conta.

Deduções à coleta - observar 78º CIRS. Natureza pessoalizante do imposto. Elenco das
deduções - ordem pelas quais as deduções devem ser efetuadas.

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