Você está na página 1de 2

O ensino híbrido e a escola pública brasileira

É notório o ambiente caótico que o cenário pandêmico causou e vem causando em


todo o mundo, sobretudo na área educacional, mediante isto, e apressadamente, a grande
maioria das instituições da rede pública de ensino adotaram medidas para agir em conjunto
com as normas de isolamento social adotadas mundialmente, a fim de evitar a aglomeração de
pessoas e reduzir consideravelmente a contaminação pelo novo vírus. E para realizar essa
adaptação entre o aprendizado e o cenário atual, adotou-se a inserção do ensino híbrido na
realidade destas instituições, método que consiste na convergência de dois modelos de
aprendizagem: o presencial, em que o processo ocorre em sala de aula, como vem sendo
realizado há tempos, e o online, que utiliza as tecnologias digitais para promover o ensino.

Diante do exposto, trazendo a situação à realidade das escolas públicas brasileiras, são
observados diversos fatores e aspectos consideráveis para que essa adaptação seja feita da
melhor forma possível na vida de todos os inseridos nesse grupo, e tendo em vista,
principalmente, as dificuldades preexistentes por parte de alunos e professores, essas que já
coexistiam com o ensino presencial, não deixando de observar também as vantagens da
inserção do novo sistema de ensino. O primeiro fator relevante a destacar-se é a
heterogeneidade do ambiente geral de ensino das escolas públicas, que comtempla indivíduos
com histórias de vida diferentes, culturas variadas, e formas de relação com os saberes
também diferentes, desta forma, uma metodologia de ensino híbrida possivelmente terá um
alcance maior, melhores resultados serão dados, pois também irá possibilitar diferentes
enfoques para uma mesma situação de aprendizagem, cobrindo assim, uma maior gama de
necessidades, tudo isto utilizando as tecnologias a favor com foco na personalização das ações
de ensino e de aprendizagem, dando aos educadores mais vontade de inovar e integrar
tecnologias digitais ao currículo escolar, essa situação mostra a modalidade híbrida na prática,
já que seu objetivo é realizar a integração do ambiente online e presencial, buscando cada vez
mais o aperfeiçoamento no aprendizado do corpo discente.

Outro fator de quesito importante referencia-se diretamente ao corpo docente, no


que diz respeito à aquisição de habilidades por parte dos professores como a citada, para a
adaptação a este método em questão isso é de suma importância, como pontua o autor: um
dos desafios que fazem cenários como esse ainda ocorrerem está na oferta de infraestrutura e
de apoio aos professores e na aquisição de conhecimentos e informações sobre como
implementar iniciativas com o uso de tecnologias no processo ensino e aprendizagem
(CETIC.br, 2018). Portanto, além da boa vontade de fazer acontecer, a infraestrutura escolar e
o corpo docente tem de se preparar com ferramentas, de modo a acompanhar o avanço para a
modalidade em questão, existem alguns trabalhos, como de Basso e Loyer (2016), Benítez-
Porres (2015), Vettori e Zaro (2016), que adotaram a ferramenta “Socrative” em práticas
pedagógicas e os resultados demonstram um grande aumento de interação em sala de aula,
engajamento dos estudantes, além de ser um recurso que não dispende nenhum custo,
provocando uma experiência transformadora de aprendizagem, ela consiste em dinamizar a
aplicação de atividades  em sala de aula ou como tarefa extraclasse, tudo isso em um
ambiente virtual anexo a sala de aula, podendo receber até 50 pessoas conectadas
simultaneamente, um excelente suporte para a inovação e potencialização de um aspecto
positivo do ambiente híbrido.

Verifica-se que o exposto é somente um meio, o foco é a educação transformadora,


que possibilite a efetivação de uma sociedade mais justa e equilibrada que sempre é citada e
almejada em todos os lugares, mas mediante a situação pandêmica atual e diante de todas as
mudanças já feitas e previstas para o ambiente escolar, a pluralidade do sujeito, nunca antes,
foi tão discutida. Contudo as escolas públicas brasileiras, em sua maioria, não refletem esse
contexto, isto porque insistem em utilizar métodos arcaicos e que apenas enfatizam a
diferença como fator negativo, ou vazio de significado, e isso se torna ainda mais crítico
olhando para as dificuldades educacionais do país, e os alunos em meio a tudo isso necessitam
de incentivo, precisam que antes de qualquer recepção por parte deles, a perspectiva de que o
ensino e a aprendizagem irão germinar venha diretamente do corpo docente, pois são nas
mãos dos educadores que está a possibilidade de transformação. A ele, de certo modo, cabe o
poder de decidir transformar ou permanecer solidificando métodos excludentes que apenas
reafirmam as injustiças sociais, pois mesmo diante de tudo que já foi citado, das dificuldades
preexistentes, das infraestruturas precárias, são eles, as principais ferramentas, e a mais
importante delas, para que nessa nova metodologia de ensino, possam ser superadas as
relações de passividade no processo de ensino e aprendizagem em direção a propostas mais
criadoras, dialógicas e abertas às interações cognitivas proporcionadas pelas novas
tecnologias.

Você também pode gostar