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06/06/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA


CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

UNIDADE 6 - AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA INFANTIL


AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA
 6.1 - Condução da avaliação audiológica: interação com a
INFANTIL criança; papel dos pais; limites da criança e do
Disciplina de Audiologia Infantil
examinador; limites dos procedimentos.
Profa Dra Eliara Pinto Vieira Biaggio  6.2 - Anamnese
junho de 2017

 Para o diagnóstico da perda auditiva, é recomendado


Condução da avaliação audiológica infantil: que se realize uma bateria de testes, utilizando
avaliações comportamentais e eletrofisiológicas

Comportamental Eletrofisiológico

 Interação com a criança;


 Papel dos pais;
 Limites da criança e do examinador;
 Limites dos procedimentos.

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 Segundo Lopes Filho (1994), Russo e Santos (1994), as técnicas


de avaliação infantil devem ser simples, fáceis de serem
realizadas e flexíveis o suficiente para se adequarem as
necessidades específicas de cada criança.

Considerar:
 Idade cronológica da criança
Esta bateria de testes é sugerida para determinar o
 Estado da criança e da família
tipo, grau e configuração da perda auditiva
 Desenvolvimento neuropsicomotor da criança
 Estado neurológico da criança

diagnóstico diferencial O “envolvimento” com a criança e o conhecimento do


material ou equipamento usado são fundamentais na precisão da
avaliação

a intervenção e a indicação de próteses auditivas Azevedo (1997)

O diagnóstico audiológico realizado no 1º ano de vida


possibilita a intervenção clínico-educacional ainda no período de
maturação e plasticidade funcional do sistema nervoso central,
possibilitando um prognóstico mais favorável em relação ao
desenvolvimento global da criança.

 Perdas Neurossensorias: restringem a experienciação auditiva


 As alterações auditivas decorrentes de comprometimento anátomo-
no início da vida, alterando o desenvolvimento auditivo e de
funcional do Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC) interferem
linguagem e interferindo no desenvolvimento mental, social e
diretamente na habilidade de processamento dos estímulos
educacional da criança.
acústicos e consequentemente no desenvolvimento da linguagem e
do aprendizado. Tais crianças apesar de serem capazes de detectar
 Perdas condutivas: podem comprometer a habilidade de sons (sensibilidade auditiva normal), não conseguem prestar
processamento dos estímulos sonoros cujos parâmetros atenção, discriminar, localizar, colocar em sequência, memorizar e
acústicos variam em função da diminuição temporária e integrar as experiências auditivas para atingir o reconhecimento e
periódica da sensibilidade auditiva (BANFORD & SAUNDERS,1991) compreensão da fala. São consideradas de risco para alteração
central da audição, as crianças que tiverem em sua história pregressa
e clínica fator de risco para alteração do SNAC.

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Quais crianças devem ser encaminhadas para


avaliação audiológica infantil? Anamnese
De acordo com Sansone (1998) a é o primeiro passo da avaliação
audiológica. Nela devem ser colhidos os dados referentes:
 crianças consideradas de risco para distúrbios de audição, seja
periférico ou central;  a queixa atual,
 história pregressa da queixa,
 crianças que os pais suspeitam de sua audição  historia clínica, identificação dos riscos
 história gestacional e perinatal,
 crianças que, mesmo sem risco, falharam na triagem auditiva  antecedentes familiares;
realizada ao nascimento;  fatores de risco para deficiência auditiva,
 desenvolvimento de fala, linguagem, motor e comportamental da
 crianças que passaram na triagem auditiva, porém são de risco para criança.
perda adquirida, progressiva e/ou transitória (JCIH, 2000).
Esses dados irão auxiliar a escolha do método de avaliação e podem
sugerir o grau e o tipo de comprometimento auditivo.

Anamnese Exemplo de anamnese

1) dados cadastrais
 É considerada uma etapa importante por Russo e 2) Por que motivo você agendou este exame de audição?
Santos (1994), influenciando no processo 3) Seu filho já fez algum exame de audição
diagnóstico.
4) O que acha da audição do seu filho?
 Durante essa etapa o examinador pode realizar
uma aproximação com a criança. Enquanto este 5) Tem alguém na família com problemas de linguagem e audição?
registra os dados com a mãe, a criança pode 6) Houve alguma intercorrência durante a gestação?
observá-lo e explorar o ambiente. Avaliar todas as condições pré-natais
 Este período serve para descontrair a criança e 7) Quando o bebê nasceu precisou ficar hospitalizado? Precisou de
relaxá-la, diminuindo o medo e a ansiedade frente algum cuidado especial?
ao exame. 8) Nasceu prematuro?
Avaliar todas as condições peri-natais

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Exemplo de anamnese Objetivos da avaliação audiológica infantil:


 Determinar a integridade do mecanismo auditivo;
9) Como é a saúde geral de seu filho atualmente?
 Identificar tipo, grau e configuração da DA em CADA orelha;
10) Seu filho faz o uso de alguma medicação?  Caracterizar problemas associados e condições que possam levar a
11) Depois do nascimento já foi hospitalizado? handicap;
12) Seu filho teve infecções de ouvido?  Avaliar a habilidade da criança em usar a informação auditiva de forma
significativa;
13) Que doenças seu filho já teve?  Avaliar se o paciente é candidato a equipamentos auxiliares (AASI, IC,
14) Com que idade seu filho falou as primeiras palavras? (Avaliar o Sistema FM)
desenvolvimento de linguagem)  Encaminhar para avaliações adicionais e serviços de intervenção
15) Investigar o desenvolvimento neuropsicomotor (com que  Prover aconselhamento de acordo com a realidade linguística e sócio-
cultural da família em relação aos achados e às recomendações
idade firmou a cabeça? Ficou sentado? Deu os primeiros passos?)
audiológicas;
16) Seu filho vai à escola? Santos (2011)
17) Você acha que seu filho tem dificuldade de aprendizagem?

Aspectos importantes na avaliação  Conquistar a confiança da criança ;

audiológica infantil: Santos (2011)  Agir rapidamente!!!! Dominar o uso do equipamento e das técnicas de
avaliação antes de começar a avaliar a criança;
 Apresentar o estímulo em campo livre em vez de iniciar com a colocação de
 Lembrar sempre que o tempo de atenção de uma criança pequena é
fones;
SEMPRE muito curto e ela perde interesse muito rápido nas atividades
 Tornar os pais observadores silenciosos durante a avaliação em campo livre ;
propostas;
 Escolher o estímulo acústico que se mostre mais significativo para a criança;
 Alternar as frequências e orelhas durante avaliação;
 Criar uma pequena história lúdica para inserir o estímulo sonoro dentro de um
CONTEXTO lúdico. Por exemplo: ao apresentarmos o tom puro modulado em  Começar sempre com a detecção de fala em campo livre para

frequência, pedir que a criança preste atenção no canto do passarinho pedindo estabelecer a intensidade de apresentação dos estímulos para o restante
comida ; da avaliação;
 Conhecer e respeitar a criança, seus interesses, medos e ansiedades;

Santos (2011)

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 Crianças portadoras de DA acentuada apresentam maior dificuldade para


estabelecer relação entre o som e o brinquedo, pois sua experiência com
o mundo sonora é limitada!

 Começar com estímulo audível e em frequências mais graves (250Hz ou


500Hz)
UNIDADE 6 - AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA INFANTIL
 Pode-se colocar o vibrador na mão da criança e apresentar o estímulo
 Procedimentos subjetivos: fundamentação científica; modo de
tátil junto com o estímulo sonoro! execução; interpretação.
 Lowell et al (1956) sugeriram a associação entre o estímulo auditivo e o visual, com o
 Observação de respostas comportamentais para sons
calibrados e não calibrados.
uso de um tambor. Nesta situação a criança vê a batida do tambor, ouve o som
 Audiometria com reforço visual.
gerado por ele e a partir do seu condicionamento, pode-se inserir uma atividade
 Peep show.
lúdica para a realização da avaliação audiológica. À medida que a criança faz a
 Audiometria lúdica.
associação, o apoio visual é retirado, mantendo-se apenas o estímulo acústico.  Logoaudiometria: recursos especiais para testar crianças.

Santos (2011)

 Técnicas utilizadas para avaliar a audição de uma criança devem


ser simples e fáceis de se realizar, flexíveis o suficiente para se
adequar às necessidades de cada criança e adaptadas à Estímulos para a avaliação audiológica infantil
habilidade individual em responder aos estímulos
apresentados pelo examinador.
•ESTÍMULOS CALIBRADOS: tons puros modulados em
Durante a avaliação comportamental da audição, para que a frequência / WARBLE
obtenção dos resultados seja confiável, é importante que:
•Frequências avaliadas: 500Hz, 1kHz, 2kHz e 4kHz
 o examinador tome cuidado com as pistas visuais (movimentos
do examinador e modificações de luminosidade), táteis
(deslocamentos de ar produzidos por alguns instrumentos) e
olfativas (perfume do examinador) e interferência dos pais.

Rabinovich (1997)

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•ESTÍMULOS NÃO-CALIBRADOS: SONS INSTRUMENTAIS


OU BRINQUEDOS SONOROS
Possuem maior significado e são mais estimulantes
para crianças pequenas (Eviatar, 1984)
Observação de respostas
Limitação:
• não é possível manter a mesma intensidade dos
comportamentais para
estímulos instrumentais em diferentes sons não calibrados
apresentações;
• vários instrumentos apresentam espectros muito
semelhantes, o que torna desnecessária a
utilização de muitos deles

(Novaes, Ficker, 1979; Oliveira et al, 1995; Suzuki, 1996; Poblano et al, 2000; Chirelli et al, 2002; Martinez,
2004; Simonek, 2004)

Observação de respostas comportamentais


Protocolo de Avaliação das Habilidades Auditivas
para sons não calibrados

1. Detecção
 Avaliação das Habilidades Auditivas
2. Sensação
 Pode-se realizar a avaliação em duas distâncias com o 3. Discriminação
objetivo de avaliar a audição do paciente de forma
mais completa: 1 metro e 2 metros (por exemplo) 4. Localização
5. Reconhecimento
 As provas seguintes a de detecção sonora, devem ser
executadas somente com os instrumentos em que a 6. Compreensão
detecção ocorreu 7. Atenção
8. Memória sonora

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Protocolo de Avaliação das Habilidades


Auditivas

localização
detecção

discriminação reconhecimento

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Audiometria de Reforço Visual

*** Idade da Criança ***

memória

Reflexo de Orientação Condicionada Audiometria de Reforço Visual


(ROC)

 Proposto por Suzuki, Ogiba (1961)  Audiometria de Reforço Visual (ARV): uma das principais
técnicas comportamentais para avaliar a sensibilidade auditiva
em crianças pequenas é, proposta por Lindén, Kankkunen (1969), baseada em Suzuki,
 Este procedimento tem com princípio o condicionamento Ogiba (1961).

da criança com tom puro associado a um estímulo luminoso.


 Procedimento padrão ouro da avaliação audiológica infantil
(Delaroche et al, 2004)
 Procedimento: O examinador emite o estímulo auditivo, a Este procedimento tem com
criança olha em direção a este e em seguida o examinador princípio o condicionamento da criança
oferece um estímulo visual com estímulo sonoro associado a um
luminoso, sendo que no momento em que a
criança procura a fonte sonora, o
 Única resposta aceita: localização da fonte sonora examinador oferece um estímulo visual
como reforço.

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AUDIOMETRIA DE REFORÇO VISUAL (ARV) AUDIOMETRIA DE REFORÇO VISUAL (ARV)

AVALIAR A SENSIBILIDADE AUDITIVA DE


ESTÍMULO SONORO REFORÇO VISUAL
CRIANÇAS A PARTIR DO 6º MÊS
(LIDÉN & KANKKUNEN,1969; MOORE et al, 1977; ASHA, 1991;
AZEVEDO, 1993; AZEVEDO 1996; AGOSTINHO E AZEVEDO, 2005 )
VIA ÁREA VIA ÓSSEA SIMPES COMPLEXO

CONDICIONAMENTO: ESTÍMULO SONORO E VISUAL


(LIDÉN & KANKKUNEN,1969)
CAMPO
LIVRE FONES

NÍVEL MÍNIMO DE RESPOSTA (NMR)


(MATKIN,1977)

 Estímulos sonoros da ARV: tons puros modulados em


frequência e/ou com ruído de banda estreita.

 Forma de apresentação dos estímulos: campo livre,


através de alto-falantes, fones supra-auriculares, fones
de inserção ou ainda através de vibradores ósseos.

 Tipo de reforço visual: simples (luz) ou complexo


(brinquedo animado)

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Arranjo da sala para realização da ARV

Os autores recomendaram o uso


Este método é uma modificação e simplificação do ROC, de dois alto-falantes laterais,
pois são aceitos 4 diferentes tipos de respostas: acreditando que desta forma
seria possível identificar
alterações unilaterais, através
 comportamentos reflexos,
das diferenças entre os limiares
 respostas de investigação, obtidos à direita e à esquerda,
 respostas de orientação, principalmente nas frequências
 respostas espontâneas. agudas.
Arranjo da sala de avaliação adaptado
de Russo e Santos (1994)

PROCEDIMENTOS PARA EXECUÇÃO DA ARV

Apresentação do estímulo acústico


Crianças ≤ dois anos: audiometria de reforço visual
1000Hz a 60dBNA
Resposta: Reforço Sem resposta: Repetir
Frequências avaliadas: 500, 1000, 2000 e 4000Hz Repetir a apresentação Sem resposta: aumentar a
intensidade
Início da pesquisa dos NMR:
Apresentação dos estímulos: decrescente-ascendente Descer de 10dB em 10dB Sem resposta: NMR ausente
para a intensidade máxima do
equipamento
Sem resposta: subir 10dB
Estabelecido NMR para 1000Hz

(AZEVEDO, 1991;
Estabelecer o NMR para as frequências de
DAY et al, 2000;
2000, 4000 e 500Hz, fonte à direita e depois à
Lidén, Kankkunen (1969),Kankkunen (1982), Azevedo (1991), Day et al, (2000), esquerda GRAVEL & HOOD, 2001
Gravel, Hood (2001) e Jacobson, Jacobson (2004) JACBSON & JACBSON, 2004)

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Cuidados na realização da ARV

 Tempo de exame: o mais breve possível Limiar auditivo: quando este representar a resposta em
50 a 71% das apresentações do estímulo acústico

Nível mínimo de respostas (NMR): descreve apenas a


menor quantidade de energia acústica em que a resposta
criança pode vir a deixar de responder aos ocorreu.
estímulos, por habituação
(ASHA, 1991)
Schmida et al (2003)

Material: colorido, simples e atraente


Jogos de encaixe, pinos coloridos, blocos de madeira para
empilhar, brinquedos que representem animais ou objetos
(avião, carro, bolo, cachorro, etc)
Técnicas de avaliação da audição
em crianças de 2 a 6 anos de idade

Na cabina os brinquedos devem ficar FORA do alcance visual


da criança

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Audiometria lúdica Técnicas de audiometria lúdica:

Audiometria lúdica é “qualquer teste em que se ensina a


criança a apresentar uma resposta lúdica a um estímulo”
(Hodgson, 1985).

Peep-show Brinquedo de encaixe


 Atraem a atenção da criança de forma efetiva
 Baixo custo
 Permitem a avaliação da audição de forma unilateral (com ATL de condicionamento
fones) Brincar de artista operante com reforço
real

Peep-show

Baseado no principio do condicionamento de Pavlov

Um estímulo neutro é pareado um certo número de vezes a um


estímulo eliciador ou ativo

Estímulo neutro – LUZ


Estímulo eliciador ou ativo – SOM
Reforço – brinquedo elétrico: autorama, ferrorama, bonecos animados,
projetor de filmes (todos sob controle do examinador, que por meio de
um dispositivo, libera ou não a passagem da corrente elétrica)

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Exemplo:
Criança é ensinada a pressionar um botão
Autorama como atividade reforço
Apresentar o brinquedo inserido em uma história
Brinquedo movimenta-se, luz acende-se e
estímulo acústico é apresentado “Agora você é motorista do carro, mas você só pode fazer o carro
andar quando ouvir o guarda apitar! Para você faze o carro andar,
aperte este botão (o do acelerador do autorama). Vamos ver se você já
pode obter a carteira de bom motorista”
Quando a criança condicionar: apenas estímulo e reforço
Iniciar em CAMPO LIVRE... Criança condicionada colocar
FONES
Pesquisa-se o NMR em campo livre e/ou fones (500, 1000,
2000 e 4000Hz) e para os estímulos de fala (pa-pa-pa)
“O guarda me disse que você esta indo muito bem; por isso, ele vai te
emprestar o capacete dele e só você vai conseguir ouvir o apito dele”

Exemplos:
Brinquedo de encaixe
Construir uma casa: onde sugerimos à criança colocar um bloco
sobre o outro até construir uma casa
Uso de brinquedo de encaixe ajuda a manter a criança atenta e
motivada a responder ao estímulo sonoro Dar comidinha ao passarinho: quando o passarinho cantar é
porque ele esta pedindo comida. A criança deve então colocar
Brinquedos devem ser coloridos e resistentes (atraentes) pequenos objetos em uma caixa para alimentar o passarinho.
Explicamos que a barriga está ficando cheia, então ele vai
cantar mais fraco!

“pula-pirata”

A criança “brinca” melhor durante o exame se a atividade


proposta estiver inserida em uma história lúdica

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ATL de condicionamento
Brincar de artista operante com reforço
real

Oferecer um reforço real a criança toda a vez que ela


Criança pode não se interessa pelo brinquedo apresente uma resposta específica ao estímulo
acústico
“Brincar de artista” “Brincar de piloto de avião”
“Brincar de qual é a música?” **** cuidado

Sugerir que a criança que, tal como na TV, no rádio ou no


avião, ela ouvirá uma informação (apito) no capacete e deverá
informar ao comando, através do microfone, se ouviu a
informação.

Mascaramento

Via óssea
Logoaudiometria
na criança

 Visa confirmar os resultados obtidos na audiometria tonal

Limiar de detecção de fala


Limiar de reconhecimento de fala
Índice percentual de reconhecimento de fala

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Detalhes importantes na logoaudiometria


Procedimentos objetivos: indicação; limites
 Material de fala: os vocabulários deverão ser de igual
dificuldades, além de altamente inteligíveis
dos procedimentos
 A escolha das palavras deverão fazer parte do contexto
semântico da criança
Disciplina de Audiologia Infantil
 Quanto mais nova for a criança, mais concretos deverão ser
Profa Dra Eliara Pinto Vieira Biaggio
as idéias utilizadas no material de fala
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 Apresentar figuras ou objetos que representam palavras do
contexto da criança
 Quando usar figuras ou objetos, apresentar 4 a 6 para não
confundir a criança
 Não se deve dar pistas visuais que auxiliem a criança a
identificar as figuras, objetos e palavras

Avaliação audiológica objetiva Registro e análise das EOAs

Análise e registro das Emissões Otoacústica


Resultado da atividade biomecânica das CCE;
Pesquisa dos Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico

Pesquisa do audiograma eletrofisiológico por meio do


Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável EOAT EOAPD
 Click  Interação entre dois tons
puros aplicados
Resultados sempre analisados em  Resposta global da cóclea simultaneamente
CONJUNTO com os resultados da  Presentes em 98% da  Frequência-específica
Avaliação Audiológica COMPORTAMENTAL
população com limiares até  Presentes em limiares até
30dB NA 45dB NA.

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APLICAÇÕES CLÍNICAS DAS EOA

1) Diagnóstico diferencial da DA: alterações cocleares e


retrococleares

Alteração retrococlear: EOA presentes


Vantagens Desvantagens
EOA presentes e ATL alterada: alteração de CCI, nervo auditivo ou TE
 Única avaliação que avalia  Dependência das condições de
baixo;
objetivamente o OM;
funcionamento coclear (CCE);  Não mensura limiares EOA presente, PAETE normal e ATL alterada: pseudo-hipoacusia ou
 Exame rápido e de simples auditivos:
simulador
execução.  Não avalia condução neural,
EOA ausente e ATL alterada: perda auditiva de origem coclear

EOA alterada e ATL normal: as EOA são capazes de identificar a


disfunção das CCE antes que a mesma seja detectada do ponto de vista
comportamental.

2) Monitoramento da função coclear: exposição a ruídos, uso de


drogas ototóxicas e confirmação de desenvolvimento de alterações
auditivas progressivas em geral EOAT + EOAPD

3) Identificação da pseudo-hipoacusia EOAT não é captada em perda auditiva superior a 30dB


EOAPD não é captada em perda auditiva superior a 45/50dB

4) Triagem auditiva: recém-nascidos, pessoas com múltiplas


Passou na EOAT não tem perda auditiva
deficiências, crianças em idade escolar e autistas
Falhou na EOAT e não tem alteração de orelha média e/ou externa
Passou na EOAPD= perda leve
5) Supressão das EOA
Falhou na EOAPD= perda auditiva pelo menos moderada

6) Estimar o grau da perda auditiva

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Registro e análise dos PEAS


Correspondência entre as diversas ondas do
PEATE- PEA de Curta Latência PEATE e seus sítios geradores (Stockard)

 Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Analisa complexo de 5 a 7


Resposta elétrica do Sistema Nervoso a um estímulo sonoro; ondas

Ocorre nos primeiros 10/12 ms


Avaliam a integridade da via auditiva no tronco cerebral e
também podem ser usados para inferir informação sobre a após a apresentação do
sensibilidade auditiva periférica; estímulo
Teste de
sincronia neural
(Hood, 2000)

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PEATE
 PEATE com clique – Não tem especificidade de frequência

INTEGRIDADE DA VIA AUDITIVA PESQUISA DE LIMIAR

Intensidade forte – 80/90dBnHL Intensidade variável


Protocolo neurológico Pesquisa do limiar eletrofisiológico
para frequências altas
Exame de sincronismo neural Sensitividade auditiva
Análise da latência absoluta das Menor intensidade de aparecimento PEATE com estímulo clique
ondas I, III e V e interpicos da onda V Qual o limiar eletrofisiológico???
 PEATE com tone burst – PEATE frequência específica –pode ser
feito em qualquer frequência (500Hz, 1000Hz, 2000Hz e
4000Hz)

Perda Auditiva Neurossensorial (Coclear)


 Perda Auditiva Condutiva
Depende do
 Atraso nas latências absolutas I – III – V Grau Leve a Moderado grau da DA
Latências I – III – V normais
 Latências Interpicos Normais
Latências Interpicos Normais
 Reprodutibilidade presente Reprodutibilidade presente
Para cada 10 dB de perda acima de 50 dBNA aumento de 0,1 a
 VO evidenciando presença de GAP 0,2 ms na latência da onda V
VA e VO equivalentes

Grau Moderadamente Severo a Profundo


 Ausência da onda I
 Aumento das latências III e V (perda auditiva
severa)
 Ausência total das ondas (perda auditiva profunda)

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Vantagens do PEATE Desvantagens do PEATE


Método objetivo; Exame mais demorado (média de 40
Perda Auditiva Neurossensorial (Retrococlear) minutos);
Alto custo;
 Reprodutibilidade comprometida Não necessita de sedação;

 Aumento na latência absoluta das ondas V acima de 0,4 ms (mas pode ser realizada com ela)

 Diferença interaural da onda V maior que 0,3 ms Alta sensibilidade; Necessita de profissional especializado
para sua realização;
 Intervalo I-V maior que 4 ms
Capazes de identificar perdas Estímulo tipo click avalia apenas faixa
retrococleares; de frequências altas (3 KHz a 6 KHz ou
Neuropatia Auditiva 2kHz a 4kHz)

 EOA – Presente
Avaliam a integridade da via auditiva no
 Microfonismo Coclear – Presente tronco cerebral e também podem ser
 PEATE – Alterado ou Ausente usados para inferir informação sobre a
sensibilidade auditiva periférica.

Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável Papel de destaque na avaliação audiológica pediátrica

Potencial de
medida objetiva, eficiente e confiável frequência
São respostas eletrofisiológicas a tons específica
contínuos, modulados em amplitude facilmente registrada
e frequência, e que podem ser
registrados por boa correlação com avaliações comportamentais da audição
eletrodos de superfície.
informações importantes para a avaliação eletrofisiológica da
Produzidas a partir da apresentação de
um estímulo contínuo e audição
estável ao longo do tempo, (Lins et al.,1996; Picton et al., 2001; Dimitrijevic et al., 2002; Cone-Wesson et al., 2002; Swanepoel et
seguindo um padrão rápido, al., 2004; Firszt et al., 2004; Calil et al., 2006; Castro et al, 2006; Han et al., 2006; Fernández et al.,
que contribui para a superposição 2007; Duarte et al., 2008; Picton et al., 2009)

(Regan, Regan, 1993; Perez-Abalo et al., 2001; Lins, 2002; Stapells et al., 2004)

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Geração de um audiograma eletrofisiológico

Interpretação dos resultados


PEAEE

Análise proporciona uma determinação objetiva da resposta

Procedimento Porção do Sistema auditivo avaliado


Pode estimular as duas orelhas simultaneamente
Timpanometria Orelha Média (OM)
Emissões Otoacústicas Células Ciliadas Externas (cóclea)

Está em correlação com os limiares auditivos Potencial Auditivo de Tronco Encefálico Nervo auditivo, vias auditivas e tronco
(PAETE) – curta latência encefálico

Estima o grau de sensibilidade em diferentes freqüências

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Relação procedimentos X alterações auditivas

Timpanometria EOA PAETE Avaliação Diagnóstico


comportamental audiológico
Normal normal normal normal audição normal

Alterada alterada alterada alterada alteração condutiva

Normal alterada alterada alterada alteração coclear

Normal normal alterada alterada alteração retrococlear

Normal normal normal alterada alteração


central/autismo

Conclusão da avaliação audiológica: diagnóstico e


laudo audiológico

Conduta sugerida

Devolutiva aos pais e a outros profissionais

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Caso 1
Audiometria Tonal:

Orelha Direita Orelha Esquerda

Caso: A.M.C 02 anos e 06 meses, sexo feminino, nasceu a prematura


e ficou hospitalizada por 16 dias na UTI.
A mãe acredita que A não ouve bem, pois não reage sempre que é
chamada e fala poucas palavras, mas não forma frases.
Em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor este se encontra
adequado. LRF com LRF com
figuras: figuras:
Quando A. nasceu passou na TAN, por meio de EOAT. 80dBNA 85dBNA

Registro e análise das EOAT

Orelha Esquerda Orelha Direita

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Perdas Auditivas
Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico
Classificação dos Graus de Perdas Auditivas
Orelha Direita Orelha Esquerda Crianças até 7 anos completos
Discreta 16 – 25 dB NA
Leve 26 – 30 dB NA
Moderada 31 – 50 dB NA
Severa 51 – 70 dB NA
Profunda >70 dB NA

*Northern & Downs (2005)

** Classificação utilizada pelos ambulatórios de audiologia do Curso de


Fonoaudiologia/UFSM (2011)

Caso 2
 Paciente 4 anos, do gênero masculino;
 IRDA: Histórico familiar de DANS (mãe e avó com
otosclerose);
 Queixa de desatenção, não responder quando é
Laudo audiológico: Perda auditiva neurossensorial de grau profundo bilateral chamado, atraso de linguagem (trocas na fala);
Conduta: encaminhamento para ORL e posterior seleção e adaptação de prótese  Conduta: avaliação auditiva
auditiva  1ª consulta: EOAT ausente bilateral + curva do tipo A com
Encaminhamentos: terapia fonoaudiológica de habilitação Auditiva reflexos presentes. Não permitiu a realização da
audiometria – encaminhamento para avaliação
Devolutiva aos pais eletrofisiológica

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 2ª consulta: PEATE – protocolo neurológico normal +  Atendimento do Setor de HRA (antes da protetização)
limiar eletrofisiológico em 30dBNA bilateral  Reage para todos os sons instrumentais de fraca
Perda auditiva??? intensidade;
 3ª consulta: PEAEE – audiograma eletrofisiológico  Detecção de todos os sons do Ling (inclusive à distância);
limiares em torno de 40dB  Comportamento muito agitado;
Perda auditiva leve???
Conduta MÉDICA: prótese auditiva
 No processo de seleção e adaptação de próteses
auditivas: exames eletrofisiológicos estão corretos???  Conduta: avaliação audiológica
COMPORTAMENTAL

Comportamental Eletrofisiológico

Só é possível um
diagnóstico
audiológico infantil com a
ASSOCIAÇÃO dos
procedimentos
COMPORTAMENTAIS e
ELETROFISIOLÓGICOS

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Devolutivas aos pais, professores e


outros profissionais da área da
saúde O processo diagnóstico abrange os
aspectos passados (anamnese), presentes
(diagnóstico) e futuros (prognósticos).
Ocampo et al, (1986)

Devolutivas devem conter os seguintes dados:

DEVOLUTIVAS
Identidade da criança;
Resultados da triagem e/ou avaliação;
Assinatura do Fgo. (com carimbo e nº do CRFa);
Momento de expectativas e ansiedades por parte de
todos os envolvidos (paciente, pais, responsáveis), pois Data de realização do exame;
se trata da retomada do que ocorreu ao longo do Modelo e data de calibração dos equipamentos;
trabalho, de atenuar dúvidas, de integrar os dados Encaminhamentos quando necessários;
coletados a partir de diferentes fontes e facilitar o
processo de tomada de decisão.
(Nunes; Noronha; Ambiel, 2013)
Inserir os parâmetros do
classificação do grau da DA RESOLUÇÃO Nº 274, de 20 de Abril de 2001
Norten e Downs (2005) Conselho Federal de Fonoaudiologia

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Aos pais/
responsáveis legais
Condutas

Indicar sessões de fonoterapia;


Empatia. Manter conduta anterior (paciente de retorno ou
Linguagem apropriada, clara, sem abusar de termos técnicos que encaminhado por outros profissionais);
possam gerar dúvidas/ dificuldade de compreensão. Encaminhar para outros profissionais:
Optar por devolutiva em particular. Terapia: psicólogo, psicopedagogo, fisioterapeuta, etc.
Realizar orientações referentes a estratégias comunicativas. Visando busca de conduta médica: encaminhamento ao
Orientar sobre o quadro clínico; médico para decisão de protetização auditiva ou implante
coclear
Visando atuação multiprofissional

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