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Responsabilidade Civil
Consiste na obrigação da reparação do dano causado por outrem a alguém. Quem sofre o dano é
o lesado e o infrator do mesmo dano é o agente.
O fim é o ressarcimento do dano causado, ou seja, o lesado deve ser ressarcido pelo dano que
sofreu, no entanto, há situações em que poderá ser ressarcido não pelo agente devido a
impossibilidade patrimonial deste mas por terceiros, como é o caso da responsabilidade do
comitente (aquele que encarrega alguém á realização de uma tarefa – art.500º), e os acidentes
de circulação de automóveis (art.503º).
Culpa
Na responsabilidade contratual presume-se a culpa do devedor (799º) isto é, tem que provar o
porquê de não ter cumprido. Na responsabilidade extracontratual o lesado é que tem que provar
a culpa do lesante (487º\1)
Prazo de prescrição
Pluralidade Passiva
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indemnização havendo depois possibilidade de direito de regresso na proporcionalidade das
respetivas culpas (497º e 507º)
Graduação da Indemnização
Facto voluntário
Ação humana dominável pela vontade, isto é, ações ou omissões domináveis pela vontade
humana. Naquele momento o agente tem que estar na plenitude das suas capacidades (querer e
entender). Se estiver em causa uma ação do agente art.483º\1, se estiver em causa uma omissão
do agente conjugamos o art.483º\1 com o art. 486º. Neste pressuposto não interessa a culpa, ou
seja, não tem que ser intencional.
Ilicitude
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Causas especiais de ilicitude:
Ofensa do crédito e ofensa ao bom nome art.484º (a menos que haja interesse legítimo
na divulgação)
Conselhos, informações ou recomendações art.485º
Casos em que haja responsabilidade art.485º\2 e art.486º
Exercício de um direito, tem que ser de boa-fé, por exemplo, servidão, colisão de atos
(art.335º).
Cumprimento de um dever (ordem superior, no entanto, não pode ir contra a ordem
jurídica, se for contra terá que se exigir a ordem por escrito).
Visa restaurar um direito que foi anteriormente violado. Tem como requisitos:
- O recurso aos meios coercivos normais não é possível sob pena de se perder o direito
- Não podem ser sacrificados interesses superiores àqueles que se visam assegurar
A ação direta é considerada lícita não havendo lugar a indemnização, no entanto, se houver erro
acerca dos pressupostos da ação direta haverá lugar a indemnização nos termos do art.338º. No
fundo, é o recurso á força para o restabelecimento de um direito próprio.
Traduz-se na reação a uma agressão atual e ilícita contra a pessoa ou património do agente ou de
terceiro. Pode ser para salvaguardar direito do próprio ou de terceiro. O recurso aos meios
coercivos normais não é possível, e tem que haver proporcionalidade entre o prejuízo causado e
entre aquele que se evita, o dano provocado não pode ser superior ao que se pretende afastar, se
houver erro sobre os pressupostos também haverá lugar a indemnização nos termos do art.338º.
A ação é considerada lícita, não havendo indemnização, ainda que haja excesso e esse excesso
for provocado por medo ou perturbação do agente (art.337º\2).
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Estado de necessidade (art.339º)
Culpa
Prova da culpa:
Como regra geral temos o art. 487º\1, em que compete ao lesado provar que o comportamento
do agente é suscetivel de censura.
Como exceção temos a presunção de culpa, como é o caso do art.491º, art.492º, art. 493º\1
(cfr.502º), art. 493º\2 e art. 503º\3.
Concorrências de culpas:
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Medo invencível – art.337º\2
Erro desculpável- art.338º
Desculpabilidade
Dano
Em relação aos danos não patrimoniais, são calculados a partir do art.496º\2\4 só que
são graves merecem a tutela do direito e o montante é fixado equitativamente.
Tem como base a teoria da causalidade adequada, que só considera relevante para efeitos de
responsabilidade civil aquele facto que em abstrato é provável ou verossímil que tenha como
consequência um determinado dano, trata-se de um critério jurídico e não material. Esta teoria
opõe-se á teoria condition si ne qua non que é material.
O facto é considerado lícito porque não viola nenhuma regra jurídica ou pelo menos o interesse
que tutela é superior ao direito violado, mas apesar disso há obrigação de reparar os danos
causados, por exemplo reparação de muros ou edifícios em que é preciso aceder a propriedade
de outrem, a recolha de frutos… Neste tipo de responsabilidade a única função é a reparadora,
não havendo lugar á censura. Também se prescinde da culpa e da ilicitude.
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Apesar de o comitente responder sem culpa, ele irá responder pela culpa da pessoa que escolheu
(culpa in eligendo). Assim o comitente é aquele que encarrega alguém de realizar uma tarefa, e
o comissário é aquele que vai realizar a mesma tarefa.
O art.502º a responsabilidade pelo risco é dos proprietários dos animais, não se aplica às
pessoas que tem animais á sua guarda (493º\1) nem às pessoas que utilizam os animais como
arma (483º\1).
O art.503º determina responsabilidade pelo risco para acidentes provocados por automóveis,
tem que preencher dois requisitos cumulativamente:
Tem que se ter a direção efetiva do veículo
O veículo tem que ser conduzido no seu próprio interesse.
Abrange três tipos de riscos:
Riscos relacionados com a pessoa do condutor (ataque cardíaco, quebra de
tensão…)
Riscos inerentes ao próprio veículo (rebentamento de pneu…)
Riscos inerentes às vias de circulação inimputáveis aos responsáveis
Situações em que fica excluída a responsabilidade do detentor do veículo:
Art.500º quando o acidente for imputável ao próprio lesado ou terceiro
Quando resulte de causa maior estranha ao funcionamento do veículo.
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O art.503º\3 presume a culpa daqueles que têm acidentes por conta de outrem (por exemplo os
motoristas), e divide-se em duas partes:
1ª Condução do veiculo por conta de outrem
2ª Quando conduz fora do exercício das suas funções, responde como se fosse o
proprietário do veículo (503º\1)
O art. 504º fala nos beneficiários da responsabilidade, que aproveita a terceiros (aqueles que
estão fora mas também engloba os motoristas que não tenham a condução nem sejam
proprietários), e aproveita também as pessoas transportadas. No nº2 o transporte por virtude de
contrato, são indemnizáveis os danos pessoais e patrimoniais. No nº3 o transporte gratuito só
são indemnizáveis os danos pessoais (ferimentos…)
Responsabilidade Contratual
1) Príncipios gerais
1.1 Príncipio da pontualidade – art.406º, a obrigação há-de respeitar o contrato ponto por
ponto, o devedor tem que cumprir a sua obrigação em todos os aspetos.
1.2 Príncipio da boa-fé - art.762º padrão ético de comportamento não só no que se refere á
obrigação principal mas também às obrigações acessórias (lealdade, correção…) A violação
pode dar origem a responsabilidade.
1.3 Príncipio da integralidade – art.763º a prestação deve ser efetuada na sua totalidade,
podendo o credor recusá-lo quando tal não acontece. Este príncipio deve ser conjugado com
o príncipio da boa-fé.
2) Características do cumprimento
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Por regra a prestação é efetuada no domicílio do devedor (772º\1), com a exceção do 773º\1
para entrega de coisa determinada é no local da coisa, e 774º para obrigações pecuniárias é no
domicílio do credor.
Obrigações com prazo determinado temos que ver a favor de quem é atribuído o
prazo, ou seja, verificar quem é o beneficiário do prazo:
Regra geral é o devedor (779º) o credor não pode exigir antes do prazo, com
exceção do 780º e 781, nem recusar receber (813º).
A favor do credor, pode exigir antes de terminar o prazo, mas o devedor não
pode oferecer antes desse final de prazo, a recusa de cumprimento por parte do
devedor leva á mora (804º)
A favor de credor e devedor, o credor pode exigir e recusar e o devedor pode
recusar e oferecer antes. Só há mora após decurso do prazo.
Nas obrigações com prazo determinado o devedor entra em mora quando não
cumpre no prazo estipulado (804º\2 e 805º\2\a).
Há situações em que há perda do benefício do prazo (780º e 781º), no 780º temos
situações em que o credor tomou conhecimento da insolvência do devedor. No
781º quando o devedor falha uma das prestações na compra e venda a prestações.
2.4 Incumprimento
Temos o incumprimento não imputável, é não culposo, e não gera responsabilidade, apresenta
três impossibilidades:
Impossibilidade objetiva (790º\1) e subjetiva (791º), a obrigação extingue-se.
Impossibilidade temporária\definitiva (792º) tem que se ter em conta o interesse do
credor e não há mora
Impossibilidade total ou parcial – redução (793º), se no houver já interesse do credor
leva ao 801º\2
As consequências, regra geral 795º exonera-se da obrigação e direito de restituição se já tiver
efetuado. A exceção 796º quad Effectum, em que há transferência de propriedade também se
transfere o risco.
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Incumprimento Definitivo pode levar á:
Casos práticos
No dia 25 de Outubro, A decidiu oferecer um jantar aos seus amigos e, para tal, dirigiu-se
ao seu talho habitual e comprou três quilos de lombo de porco. No dia seguinte, A sentiu-
se mal e foi parar ao hospital, em consequência do mau estado da carne, pretendendo
pedir uma indemnização pelos danos sofridos a B, o dono do talho. Imagine que é juiz.
Que regras da responsabilidade civil aplicaria a este caso?
Estamos perante uma relação jurídica obrigacional, portanto estamos perante responsabilidade
contratual nos termos do art.798º e seguintes. Haverá responsabilidade civil? Para tal temos que
verificar se estão preenchidos os cinco pressupostos:
Não, não pode porque não resulta nenhum direito subjetivo para Camilo.
A, vendo uma moto conduzida por B vir na sua direção, empurra C para conseguir
afastar-se e salvaguardar a sua integridade física, causando a C a fratura de um braço e
dois dedos da mão. Quid Iuris?
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Estamos perante responsabilidade extracontratual por factos ilícitos (339º e 396º). Teríamos que
verificar os pressupostos: facto voluntário, ilicitude, culpa, dano, nexo de causalidade.
Verificava-se os pressupostos, mas estamos perante uma situação de exclusão da ilicitude –
estado de necessidade.
De facto B viola um direito absoluto de C, mas estava em causa o direito á vida de B, por isso
pode prevalecer-se o direito á vida. B tem que indemnizar C e A tem que pagar porque
provocou toda a situação.
A, doente mental internado num hospital, consegue iludir um enfermeiro e foge. Vai a um
bar, envolve-se numa discussão com B, dono provocando a danificação de objetos. Ao
agredir B, A também fica ferido. Quem podem A e B acionar com vista á reparação dos
danos sofridos?
A doente mental (488º) é inimputável pois não tem capacidade para querer e entender (488º\1),
logo quem responde é o enfermeiro com base no art.483º\1 e 491º devido á presunção de culpa.
O enfermeiro não responde sozinho, o hospital responde pelo risco (500º), mais não seja por
contratar pessoas sem responsabilidade e responde pelas pessoas que trabalham consigo, para tal
tem que haver:
Relação de comissão
Dano causado no exercício de funções
Obrigação de indemnizar por parte do comissário
Se considerarmos que A é imputável, tem que indemnizar (483º) o enfermeiro tinha dever de
vigilância (483º\1, 486º, 487º), ou seja, tem que provar a culpa do enfermeiro e respondem
solidariamente se conseguirem culpar o enfermeiro o hospital também responde (487º)
B agrediu A mas foi como resposta a uma agressão atual, logo falamos em legitima defesa,
opera uma causa de exclusão, não há portanto responsabilidade civil por parte de B.
Se formos pela presunção de culpa (493º\1) presume-se que o tratador é responsável pela jaula,
mas também há culpa do lesado porque está num local proibido (570º\2) logo não haveria lugar
a indemnização
b) Sousa e o seu filho Diamantino assustados com o leão, fugiram junto com os
restantes espectadores para a saída tendo pelo caminho pisado Anacleto
causando-lhe a morte.
Alexandre vive no Porto com o filho Bruno de 4 anos, querendo sair uma noite para jantar
telefona a Carolina, uma vizinha que costuma tomar conta de crianças, ambos acordam o
pagamento de 25 euros para que ela fique com Bruno até ao regresso do pai. Quando
regressa, Alexandre vê Carolina adormecida no sofá, Bruno que se escapulira para a
varanda estava entretido a atirar para a rua os cachimbos que o pai colecionava há anos, o
seu pânico aumenta quando verifica que o automóvel estacionado na rua tinha o vidro
partido e os cachimbos estavam no chão todos partidos. Entretanto, Diogo que passava na
rua aproveita o vidro partido para furtar o rádio de dentro do veículo. Quid Iuris?
Rádio: o lesado é o dono do carro, o agente é Diogo. Relação extracontratual (facto voluntário,
ilicitude, culpa, nexo de causalidade, dano). No entanto não há nexo de causalidade entre a
omissão de carolina e o furto do carro, por isso carolina não tinha responsabilidade, quem
responderia seria Diogo.
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A foi de férias e deixou o seu cão á guarda de B, tratador de cães. Certo dia B quis testar a
agressividade do animal e atiçou-o, sendo que o cão acabou por o morder, causando-lhe
graves ferimentos. B quer ser indemnizado. Quid Iuris.
Os intervenientes são A lesante porque é o dono do cão, B é o lesado porque foi mordido.
Apesar de haver contrato, trata-se de uma relação jurídica extracontratual, ver requisitos (facto
voluntário, ilicitude …etc)
O comportamento de B é relevante porque foi ele que atiçou o cão 570º\2, logo exclui o deve de
indemnizar, houve culpa do lesado.
A procura um cirurgião plástico, proprietário da clinica X, para que este proceda a uma
intervenção a fim de resolver um problema nasal. No decorrer da intervenção por causa
não apurada A sofreu lesões. A pretende ser indemnizado.
Houve contrato entre A e o cirurgião, logo estamos perante responsabilidade contratual. Temos
que verificar a mesma os requisitos do facto voluntário, ilicitude etc…. Presume-se a culpa do
médico que não consegue iludir a culpa porque as lesões ocorreram devido a causa não apurada
(799º), logo o cirurgião terá que pagar a indemnização a A.
No dia de Carnaval, A participou com os amigos num jogo de futebol, no decurso do jogo
A fraturou um dedo em virtude de uma disputa de bola com P. Cheio de dores, A tenta
agredir P, C irmão de P para evitar a agressão envolve-se num confronto com A acabando
por lhe fraturar uma perna. Quando A cai inanimado no chão, C completamente
descontrolado dá-lhe uma tareia, para socorrer o marido F atinge C com um disparo de
uma bala.
2º C fratura a perna a A
4º F manda um tiro a C.
Primeiro devemos perguntar se há algum vínculo jurídico obrigacional entre eles? Não, então
estamos perante uma obrigação extracontratual 483º\1. Houve a violação de direitos absolutos
ou a prática de atos que causam dano a alguém.
1º 483º\1 e 340º\1, fratura do dedo é uma violação de direito de outrem. Verificar requisitos:
facto voluntário, ilicitude, etc… Há causa de exclusão porque houve consentimento do lesado,
logo não há lugar a responsabilidade.
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2º Fratura da Perna – verificar requisitos, na ilicitude há causas de exclusão da ilicitude porque
há legítima defesa (337º) haverá exceção? É atual, ilícita e excesso, haveria excesso mas seria
desculpável (337º\2), logo não há lugar a responsabilidade.
4º Tiro- F é imputável, mas é legítima defesa, o excesso é desculpável porque há medo mais
perturbação. Logo não há lugar a responsabilidade.
Não há responsabilidade jurídica obrigacional, logo estamos perante uma relação jurídica
extracontratual por factos ilícitos.
O filho de A pegou no cartão de sócio do FC Porto do pai e atirou-o para casa do vizinho.
A pediu ao vizinho B que este entregasse o cartão, B sportinguista recusou fazê-lo. A
porque pretendia nesse dia ir ver o jogo do FCP saltou o muro e foi ao quintal de B
apanhar o cartão, com essa sua atuação destruiu meia dúzia de roseiras, B pretende ser
indemnizado.
Não há relação obrigacional, logo estamos perante responsabilidade extracontratual por factos
ilícitos vamos ver os pressupostos:
Ilicitude – é ilícito, há violação do direito de propriedade, mas temos uma norma que
torna o facto lícito (1349º), o que nos leva á responsabilidade por facto lícito, que leva
há obrigação de indemnizar se verificar os outros pressupostos.
Nexo de causalidade – se o cartão não fosse lá parar ele não ia saltar para o ir lá buscar
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A conduzia um veículo automóvel, propriedade de B que o emprestara por um dia quando
foi interveniente num acidente de viação embatendo contra o veículo conduzido por C, que
é proprietário.
a) Ficou provado que o acidente resultou por A ter sofrido um ataque cardíaco
que o fez perder o controlo da viatura. Quem responde e em que termos.
483º\1 e 339º.
A- Condutor, tem presunção de culpa contra si (483º\1 e 503º\3\), não conseguindo ilidir a
culpa.
Temos confronto entre culpa de A, neste caso elimina-se as situações de risco, logo C
responde apenas por comitente. B tem direito a ser indemnizado, podendo exigir a A ou a C
(497º\2 e 507º\2), sendo que se for a C este tem direito de regresso face a A (500º\3).
D- 503º\3 que remete para 503º\1 em relação a D, A tem direção efetiva e interesse na
condução, B também responde (503º\1) assim responde A e B para com D (506º).
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Está presente um contrato de comodato de curta duração. Não há uma relação obrigacional pois
não há nenhum vínculo entre Alexandre e Simão. É extracontratual mas não por factos ilícitos
pois Alexandre não estava na plenitude das suas capacidades. Assim, há responsabilidade pelo
risco na medida que, Alexandre tinha a direção efetiva e interesse na condução (art. 503º/1).
Como Carlos era o dono do veículo também responde pelo risco pois também tinha direção
efetiva e interesse na condução. Portanto, Alexandre e Carlos respondem solidariamente pelos
danos causados a Simão nos termos do artigo 503º/1 e 507º/1.
b) Suponha que, Alexandre era motorista profissional e que o veículo era pertencente à
entidade paternal e não ficou apurada a causa do acidente. Quid Iuris?
c) Pressuponha que, Alexandre tinha feito um desvio na rota pré determinada a fim de
tratar de um assunto pessoal.
Quem não está no exercício de funções responde como sendo o proprietário do veículo, logo
responde pelo risco (art. 503º/1). O comitente não responde, pois apesar de ter direção efetiva,
naquele momento não tinha interesse na condução do veículo logo aplica-se apenas a
responsabilidade do risco ao condutor exceto se ele não praticar factos ilícitos.
Quanto ao dano na montra: (A) responde pelo risco (art. 483º/1 + 503º/3), mas como o acidente
foi devido ao arrebentamento de um pneu consegue ilidir a culpa, logo não é responsável. O (B)
não responde pelo comitente (art. 500º/1) mas responde pelo risco (art. 503º/1) enquanto
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detentor e proprietário do veículo, não responde por comitente pois não se verifica os requisitos,
ou seja, (A) não estava no exercício das suas funções.
Quanto ao roubo das joias: não há nexo de causalidade entre o facto praticado por (A) e o furto
das joias praticado por (G), no entanto, há nexo entre a ação de (G) e o furto, uma vez que, agiu
dolosamente (art. 483º/1 + 487º/1).
Quanto à fratura na perna: (B) responde pelo risco e terá de responder pelos prejuízos causados
(art. 503º/1 + 504º/1).
Quanto à fratura no pulso: (B) já não tem interesse na condução e por isso, (A) responde como
proprietário do veículo (art. 503º/3 – última parte) e também responde pelo risco (art. 503º/1).
(F) não fechou bem a porta, é um comportamento relevante logo há culpa do lesado (art. 570º/2)
e por isso, não há indemnização (art. 572º) pois a culpa do lesado é culpa provada e é superior à
presunção de culpa.
Quanto ao ataque cardíaco: não há nexo de causalidade entre o facto voluntário e o dano, logo
aplica-se o art. 563º que corresponde à Teoria da Causalidade Adequada.
António que vive numa aldeia do Conselho de Amarante, contratou Bento, taxista, para o
transportar ao Porto para uma consulta médica. Ficou combinado que, Bento passaria em
casa de António às 8 horas do dia 2 de Outubro, uma vez que, a consulta estava marcada
para as 11 horas. No decurso da viagem para o Porto, o táxi de Bento despistou-se por
causa do gelo na estrada e foi colidir na traseira de um veículo que estava parado no
semáforo. Ambos os veículos sofreram danos. Quid Iuris?
Não existe uma relação jurídica obrigacional entre o taxista, Bento, e o veículo que estava
parado nos semáforos. Portanto, é uma relação extracontratual mas será por factos ilícitos?
Deve-se analisar os pressupostos: há facto voluntário porque Bento teve vontade em conduzir o
veículo naquela situação; há ilicitude, uma vez que, o embate corresponde à violação do direito
de outrem. Mas já não há culpa pois não existe um comportamento censurado pela ordem
jurídica), logo não é por responsabilidade por factos ilícitos mas responde pelo risco (art.
503º/1), uma vez que, tem direção efetiva e interesse na condução. O dono do veículo parado
também tem direção efetiva e interesse na condução e por isso também responde pelo risco (art.
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503º/1). No entanto, deve-se ter em atenção o art. 506º que refere que, responde pelos danos
quem por eles for responsável. Como o outro veículo estava imobilizado será responsável pelos
danos o Bento e só ele é obrigado a indemnizar.
Pressuponha agora que, já no Porto, o táxi acabava por colher Joaquim que inesperada e
repentinamente atravessa a rua para ir apanhar o autocarro, não dando tempo a Bento
para travar. Quid Iuris?
O agente, Bento, é culposo nos termos do 503º/1 mas Joaquim teve um comportamento
relevante, logo há culpa do lesado nos termos do art. 570º/2. Assim, resolve-se o problema pelo
artigo 505º que corresponde a uma exclusão da responsabilidade, logo Bento não teve culpa e
por isso não responde pelo resultado.
Bento esqueceu-se e apareceu em casa de António às 11:30h. Que pode António fazer?
Pressuponha agora que, o atraso ficou a dever-se ao facto de a polícia não permitir a
entrada no Porto. Quid Iuris?
É na mesma impossibilidade mas não culposa. O Bento não paga nem António, uma vez que,
extingue-se as obrigações (art. 795º). Caso António já tivesse pago a Bento tinha direito à
restituição do pagamento. Não se aplica o art. 796º porque em causa não está um direito de
propriedade.
António pediu a Bento que fosse buscar o seu filho à escola, uma vez que, estava numa
reunião e disse-lhe para levar o seu carro. No regresso da escola, sem que nada fizesse
prever, Bento despistou-se e foi embater num carro estacionado. Enquanto tentava
resolver a situação, o filho de António, à janela do carro, atirou um brinquedo que feriu
Carlos num olho. Quid Iuris?
Não existe nenhuma relação jurídica obrigacional entre António e Bento, logo trata-se de uma
relação extracontratual. Assim, irá-se analisar a responsabilidade pelo risco, uma vez que, não
há juízo de censura. Desta forma, António tinha direção efetiva e interesse na condução de
Bento. Há uma relação de comissão entre António e Bento. Será que Bento consegue ilidir a
presunção? Não (art. 503º). Desta forma, António responde enquanto comitente sobre os danos
do carro estacionado (art. 500º) e assim, não se aplica o (art. 503º/1).
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Quanto aos danos provocados pelo filho de António. Não se sabe se ele é imputável, desta
forma quem responde primeiro? Bento (art. 483º/1 + 491º), pois tinha a obrigação de vigiar a
criança. Novamente, António responde enquanto comitente (art. 500º).
Fonseca pretende comprar um cavalo para se dedicar ao hipismo. Como tal no dia 2/01/09
adquiriu a Simões um cavalo, vencedor de vários concursos hípicos. Ficou convencionado
que o cavalo seria entregue na quinta do comprador no dia 10/01/09.
Está-se perante um contrato de compra e venda (art. 874º) que à partida terá os efeitos do
mesmo (art. 879º), a transferência deu-se por mero efeito do contrato (art. 408º/1). Ficou
convencionado a entrega do cavalo e como Simões não a fez está perante um incumprimento.
Há facto voluntário (uma omissão – não entrega do cavalo). Há ilicitude porque há violação de
um direito de crédito. Mas já não há culpa pois o cavalo morreu de ataque cardíaco. Presume-se
a culpa de Simão e tem que se verificar se ele a consegue ilidir. E assim acontece (art. 799º/1). É
um incumprimento não imputável (art. 790º/1) e tem como consequência a obrigação do
devedor extinguir-se. Aplica-se o art. 796º pois com a transferência da propriedade transfere-se
o risco. Não se prevê a possibilidade do nº2 pois nada foi convencionado. Fonseca não teria
direito de regresso e caso não tivesse paga o preço teria de cumprir a sua obrigação.
2. Suponha agora que, chegado dia 20/01/09, Simões não tinha entregue o cavalo.
Fonseca procura-o a si para saber como poderá agir.
Se optar pela manutenção do contrato, colocam-se nas posições iniciais, ele paga a sua
obrigação mas poderá exigir a indemnização (danos patrimoniais (danos emergentes + lucros
cessantes) e danos não patrimoniais) – art. 798º.
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António comprou a Bento uma certa mercadoria. Aferiram que a entrega se fazia em
determinada data e Bento não cumpriu.
António podia querer transformar a mora em incumprimento definitivo, para isso, tinha de
provar a perde de interesse ou utilizar a interpelação admonitória (art. 808º/1) em que o credor
teria de dar um prazo razoável ao devedor (15 dias) e verificar a cominação (se não cumprir nos
15 dias considera-se o contrato incumprido e por isso, pode resolver o contrato (art. 801º/1 +
434º) que tem efeitos retroativos: se António pagou tem direito de regresso, caso contrário, não
tem de pagar. Ele pode receber uma indemnização negativa.
b) Pressuponha que, no dia combinado para a entrega, Bento apenas pretende entregar
dois terços da mercadoria.
Está presente o princípio da integralidade e o princípio da boa-fé (art. 763º e 762º). O que é
relevante é o interesse do credor. Em relação a uma parte da prestação Bento está em mora (art.
793º) e ou António faz a prova da perda do interesse ou torna a mora em incumprimento
definitivo (interpolação admonitória) e dessa forma, resolve o contrato. Se ainda assim, António
tiver interesse, Bento reduz o preço e António fica com os dois terços da mercadoria
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a) Pressuponha que, Matilde no dia 5 de Julho, por descuido deixou cair a escultura, a
qual em consequência ficou partida e sem qualquer valor. O que poderá Marta fazer?
Está-se perante a mora do credor, uma vez que, já tinha havido a transferência do risco com o
não aparecimento de Marta (art. 815º). Marta fica com a obrigação de indemnizar devido aos
seus atos dolosos. Senão o risco corre por conta do proprietário, Matilde.
c) Pressuponha agora que, no dia 16 quando se dirigia para o local convencionado para a
entrega, Matilde foi abordada por Joaquim que a agrediu para a roubar. Para afastar a
agressão Matilde usou a escultura, partindo-a na cabeça de Joaquim. Ambos ficaram
feridos, quem e em que termos é responsável pelos danos causados.
Trata-se de responsabilidade extracontratual por factos ilícitos e estão presentes três danos:
1. Agressão de Joaquim a Matilde: há facto voluntário (Joaquim agiu com intenção de agredir
Matilde), há ilicitude (violação de um direito de crédito e ofensa à integridade física), há culpa
(em principio é imputável e praticou atos dolosos), há nexo de causalidade (a ação prevê o
dano) e por fim, há danos (patrimoniais e não patrimoniais). Logo, Joaquim é responsável e
teria de indemnizar Matilde pelos danos causados.
2. Agressão de Matilde a Joaquim: há facto voluntário mas não há ilicitude, uma vez que,
Matilde agiu em legítima defesa por estar perante uma agressão ilícita e atual (art. 337º).
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3. Prejuízo de Marta: há facto voluntário mas, novamente, não há ilicitude pois Matilde para
se defender precisou de usar a escultura. Entrou num estado de necessidade (art. 339º). Joaquim
teria de indemnizar Mata mas também Matilde acabaria por o fazer.
a) No dia 16/01/2015, uma vez que o sistema informático não estava ainda instalado a
MC interpolou a CS resolvendo o contrato e pedindo o pagamento de uma indemnização
de 250.000€ respeitante ao lucro que vai deixar de obter em virtude do contrato não ter
sido cumprido antecipadamente.
Pode a MC pedir uma indemnização? Não, porque optou pela resolução do contrato e ou opta
por ela (que consiste na destruição do contrato e por isso tem efeitos retroativos e recebe uma
indemnização de interesse contratual negativo – 801º/2) ou opta pela manutenção do contrato e
paga a sua prestação e recebe a indemnização que queria e que corresponde aos danos
patrimoniais (danos emergentes + lucros cessantes).
A entrega seria no dia 15/01 mas a sociedade CS quis entregar no dia 1/01, no entanto, a MC
estava fechada para balanço. A CS podia entregar o programa antes? Sim (art. 779º) porque o
prazo conta a favor do devedor e por isso, a MC encontra-se em mora. Como se poe termo à
mora do credor? Entende-se que se pode usar o expediente da interpolação admonitória – não
existe solução concreta no código civil.
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A vai a lisboa tratar de uns assuntos, ainda no Porto encontra C a pedir boleia na estrada
e resolve levá-la até Lisboa.
Perto de Coimbra, A sente-se com sono, C parece-lhe uma pessoa ponderada pede-lhe que
conduza a viatura, C inicia a condução e A adormece profundamente.
Temos como dano o embate no veículo estacionado, C é comissário 503º\3 e 483\1, mas não
está no exercício de funções logo responde pelo risco 503º\1.
b) Na portagem de Alverca por causa não apurada o veículo conduzido por C embate
no veículo conduzido por J, proprietário, da colisão resultou danos para ambos.
C é comissário, está no exercício de funções, 483º\1 e 503º\3, não consegue ilidir a presunção de
culpa, a causa não foi apurada, logo responde pelo 483º\1.
A responde por comitente 500º, verificados os requisitos, tem direito de regresso nos termos do
500º\3. Assim, A e C respondem solidariamente 497º.
Como danos temos o quadro, o vidro do carro, o tirar a carteira á força e a agressão e morte de
A.
A vendeu um quadro a B, temos presente responsabilidade contratual pois temos uma relação
jurídica obrigacional resultante do contrato compra e venda com liberdade de forma (219º), e
produz os seus normais efeitos 879º alínea a) e 408º\1 e 796º\1, transmitiu-se a propriedade e o
risco, e ainda os efeitos da alínea b e c. A entrega da coisa ficou estipulada para uma semana
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depois, surgiu uma impossibilidade superveniente, definitiva, não imputável 790º\1, a obrigação
de A extingue-se, B tem que efetuar a prestação 796º\1 uma vez que o risco já está a correr por
sua conta. B não paga o preço, leva a incumprimento de B, sendo mora se interpelado para
pagar não cumpre aí usa-se o art.804º e 805º\1.
Carteira- facto voluntário, ilicitude, culpa, nexo de causalidade, danos patrimoniais e não
patrimoniais.
Agressão e Morte – facto voluntário, ilicitude só que opera uma causa de exclusão da ilicitude
337º legítima defesa, verificar os requisitos, e eventual excesso, culpa, nexo de causalidade e
danos 495º e 496º\2.
Temos como danos o vidro do carro de C, o acidente que causou danos para ambos e a morte de
B.
Quanto ao vidro, o agente é A, o lesado é C, não há relação jurídica contratual entre eles 483º\1,
logo estamos perante responsabilidade extracontratual. Há facto voluntário, ilicitude (violação
do direito de propriedade), só que há causa de exclusão da ilicitude – 339º - estado de
necessidade, verificam-se os requisitos, quem tinha que indemnizar o C era o agente e o B
(339º\2) juízos de equidade. Culpa imputável, culpa provada, nexo de causalidade e danos
patrimoniais.
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Quanto ao acidente, A ia com excesso de velocidade, D era funcionário que não parou no stop,
culpa provada 483º\1 e 487º, a par do funcionário responde o dono por comissário 500º\1. C é
dono do carro não responde pelo 503º\1 porque não tem direção efetiva nem tem interesse.
Quanto á morte de B, a sua morte resultou de ferimentos do acidente? Não, já estava desmaiado,
não haveria nexo de causalidade entre o acidente e a morte.
A, pintor, realizou uma exposição durante a qual vendeu algumas das suas obras, o
combinado com os adquirentes foi entrega-las no dia a seguir.
Durante a exposição contratou também com C ir pintar-lhe uma parede de uma divisão da
sua casa, visto que C pretendia uma pintura original.
Estamos perante uma relação jurídica obrigacional, A pintou vendeu quadros e efetuou pintura
em casa de C.
Quanto aos quadros vendidos, temos uma compra e venda, com liberdade de forma, efeitos do
879º. Impossibilidade objetiva 790º\1, extinção de prestação do devedor, que consegue ilidir a
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culpa 799º\1 leva a incumprimento não imputável, neste caso não se transferiu o risco
art.796º\2, têm direito a ser ressarcidos. A prestação do pintor extingue-se mas os credores que
já efetuaram o pagamento devem ser ressarcidos.
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