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A fez anunciar nas redes sociais que dava 100€ a quem encontrasse o seu gato,

que havia desaparecido.


Uns dias depois, B encontra o gato em muito mau estado, em virtude de maus
tratos infligidos por C, tendo-o levado de imediato ao veterinário, ao qual
acabou por pagar 500€ pelos tratamentos.
Recuperado o animal, B entregou-o a A.
Analise a situação e determine os efeitos jurídicos produzidos pelos factos
enunciados.

Estamos face a uma promessa pública nos termos do 459º, que consiste num
negócio unilateral. Para que se produzam efeitos jurídicos é necessário alguém
encontre o gato. Só por anunciar os 100€ não se produzem os tais.
B, ao ter encontrado o gato, adquire direito de receber os 100€ e A a obrigação de
pagar de pagar os 100€ a B. A é nesta situação sujeito activo e B sujeito passivo,
de acordo com o 511º.
Constitui-se depois, uma nova obrigação na qual B é sujeito activo e A sujeito
passivo, sob a forma de instituto da gestão de negócios, nos termos do 464º.
C violou o direito de propriedade de A, neste caso o gato (coisa), causando-lhe
danos, ou seja, tendo praticado um facto ilícito, incorre na obrigação de
indemnização por via do 483º.
Constitui-se portanto, uma outra nova relação jurídica obrigacional, na qual A é
sujeito activo e C sujeito passivo. A tem direito de receber de C os 500€ que tem
de pagar a B, pelos custos do tratamentos do animal.

A prometeu vender a B e este prometeu comprar um determinado imóvel.


Ficou convencionado que a escritura pública de compra e venda realizar-se-ia
daí a um mês.
10 dias depois, A vendeu aquele mesmo imóvel a C. Analise a posição jurídica
dos intervenientes.

A é titular do direito de propriedade sobre o imóvel, o qual, nos termos através da


celebração de contrato de compra e venda nos termos dos 874º e 875º, produz os
efeitos decorrentes do 408º 1/ e 879º, sendo C um terceiro adquirente.
B e C são ambos credores na relação jurídica que se constitui. Contudo, se A
vende ao C o imóvel, deixa de ter o direito de propriedade na sua esfera jurídica,
impossibilitando o cumprimento do contrato com B, tendo, pois, de o indemnizar
no âmbito da responsabilidade contratual.
A principal característica dos direitos de crédito é a relatividade. Como
consequência desta não há eficácia externa das obrigações, e não havendo,
também não há protecção do direito de crédito, ou seja, não podemos
responsabilizar um terceiro por violar directamente o direito de crédito, isto
porque o terceiro não o pode violar, somente o devedor o pode.
C ao ter contratado com A, e para haver hipótese de o credor B responsabilizar o
terceiro nos termos dos 334º e 483º, é necessário se verifiquem os seguintes
requisitos: que o terceiro tivesse conhecimento da relação de crédito, que tenha
sido ele a instigar o devedor a não cumprir, e, que extravase clamorosamente os
ditâmes impostos pela boa-fé.

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