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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

NUCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS


DISCIPLINA: Tópicos Avançados em Sociologia
PROFESSORA: Fernanda Rios Petrarca
PERÍODO: 2021/1
ALUNO: Francisco Emanuel S. M. Alves

Resenha Crítica

COLLINS, R. Prólogo. O Surgimento das Ciências Sociais. In: Quatro Tradições


Sociológicas. Petrópolis, Vozes, 2009, pp. 13-48.
LALLEMENT, M. Introdução e Parte I. In: História das Idéias Sociológicas. De
Parsons aos Contemporâneos. Petrópolis, Vozes, 2004, PP. 7-72.

Lallement faz uma história das ideias sociológicas considerando nacionalidades,


teses, autores, temáticas e escolas. Seu texto ainda traz balizas (seções com informações
adicionais). O autor parte da influência de Parsons na sociologia contemporânea, na
formação da sociologia estadunidense e em como isso reverberou na Europa. Nesse
sentido, cabe ressaltar o fato de que devido às duas guerras mundiais, sobretudo a
Segunda, e a Revolução de 1917 na Rússia e as ascensões do nazismo na Alemanha e o
fascismo na Itália, vários intelectuais europeus migraram para os EUA na primeira
metade do século XX, o que implica muitas vezes de maneira determinante nas formas
de fazer ciência, mais especificamente a sociologia, quando voltam aos seus países
levando em conta seus professores e a instituições onde estudaram. Quanto a Parsons,
sua influência foi tão grande que pode ser sentida considerando que ou se fez sociologia
a partir do que ele escreveu ou para refutá-lo.
Lallement também trata de como as sociologias europeias se reconstruíram após
1945 – Alemanha, França, Inglaterra, Itália, países baixos e península Ibérica – sempre
mencionando acontecimentos históricos, questões econômicas, expansão universitária,
autores, filiações desses autores (inclusive com os clássicos da sociologia – Parsons
também), objetos de estudo preferenciais ou comumente estudados nesta época,
publicações, revistas de ciências sociais que foram criadas, entre outros detalhes.
Por fim, Lallement fala da sociologia no “resto do mundo” (Ásia, África e
América do Sul) em termos de autores, objetos mais estudados, autores notáveis e
questões sociais que delinearam de alguma maneira os estudos sociológicos nesses
continentes – modernização, passado colonial e subnutrição, desenvolvimento
econômico e autoritarismo - respectivamente.
Collins, fala que a sociologia formulou técnicas próprias de investigação e
fertilizou o desenvolvimento de tradições teóricas que orientaram os investigadores de
maneiras distintas para o mundo empírico. O autor aponta quatro tradições: a tradição
do conflito, a tradição durkheimiana, a tradição microinteracionista e a tradição racional
utilitarista. “Elas [as ciências sociais] são caracterizadas por uma continuidade ao longo
do tempo e por uma profundidade de pensamento, às quais poucas teorias conseguem
equiparar-se” (COLLINS, 2009, p.11).

Randall tenta demonstrar que essas linhas de desenvolvimento (tradições)


remontam aos clássicos e se estendem até as versões mais modernas da Sociologia. Um
dos ensinamentos mais duradouros de Max Weber seria o de que a sociologia e as
demais ciências sociais estão condenadas à eterna juventude e renovar permanentemente
seus conceitos à luz de novos problemas suscitados pelas mudanças ocorridas no
decorrer da história. Fala dos gregos, fala do surgimento das universidades, da filosofia,
o humanismo, a decolagem da ciência natural, de quando a ciência passa de
divertimento a algo com caráter prático, o renascimento das universidades. Na
Alemanha, as ciências sociais figuraram como ciências do Estado, lá surge a tradição do
conflito.

Collins fala da sociologia em países como a Alemanha, França, Inglaterra,


Escócia e Itália e questiona se o que delineia o seu desenvolvimento em cada um deles é
algo como um caráter nacional ou influencias diferentes. Aponta que para as ciências
sociais o período de decolagem foi o século XVIII, a partir do iluminismo. Questões
como as viagens exploradoras dos europeus a outros continentes, dos contratualistas aos
positivistas. Sobre o inicio das disciplinas especializadas das ciências sociais, coloca a
economia como a primeira, mas sempre a mais politizada. Depois vieram a história, a
psicologia e a antropologia. Dados de historiadores supriram as pesquisas com
perspectivas comparadas em sociologia, essa foi a disciplina com raízes mais
diversificadas. Nos EUA, a sociologia lidava mais com problemas sociais. Durkheim
operou principalmente na consolidação da sociologia como ciência e sua diferenciação
da psicologia.

Por fim, com base nos dois textos que lemos podemos concluir que ambos fazem
uma história das ideias sociológicas, mas Lallement pensa mais em escolas e Collins em
tradições. Embora esse último faça uma historia mais longínqua no tempo acerca das
ideias sociológicas, Lallement olha as sociologias contemporâneas dos demais
continentes além dos EUA e da Europa.

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