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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE NOME DA CIDADE - ESTADO

NOME COMPLETO, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no CPF(MF) sob o nº.:
000.000.000-00, residente e domiciliado a endereço completo com CEP, e-mail: indicarseuemail@seue-
mail.com neste ato, atuando em nome próprio perante este Juizado, vem a honrosa presença de V. Exa.
propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS TEMPORAL E MORAL COM
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em desfavor de (verificar qual deles e indicar apenas o que foi banido ou bloqueado) TWITTER BRASIL
REDE DE INFORMAÇÃO LTDA. (“TWITTER BRASIL”), sociedade limitada, inscrita no CNPJ (MF) sob nº
16.954.565/0001-48, sediada a Avenida Brigadeiro Faria Lima, 4.221, 9º andar, CEP: 04538-133 no
município de São Paulo-SP., ou FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA., pessoa jurídica de direito
privado inscrita no CNPJ (MF) sob o nº.: 13.347.016/0001-17, sediada a rua Leopoldo Couto de Magalhães
Junior, 700, 5º andar, Itaim Bibi, CEP: 04.542-000, no município de São Paulo-SP.; ou GOOGLE BRASIL
INTERNET LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ (MF) sob o nº.: 06.990.590/0001 23,
sediada a avenida Brigadeiro Faria Lima, nº.: 3.477, 17º, 18 º 19 º e 20 º andares, Torre Sul, ou 2 º, 18 º, 19
º e 20 º andares, Torre Norte, Itaim Bibi, CEP: 04538-133, na cidade de São Paulo-SP., desenvolvedora e
proprietária dos serviços YOUTUBE pelos relevantes fatos, motivos e direitos que passa a expor.
SÍNTESE DOS FATOS

Aqui você indicará resumidamente


a) desde quando você tinha a conta;
b) quando ela foi banida ou bloqueada
c) apresentará print contendo a prova do bloqueio
Exemplo:

O(a) autor(a) (você), contratou os serviços da rede social ora ré no ano de 2000 (indicar
ano)

Nunca sofreu qualquer bloqueio ou banimento, sempre tendo cumprido rigorosamente


todos os termos e condições de uso da rede social.

Todavia, no dia 00/00/0000, foi surpreendido com uma notificação da ré, alegando que
o mesmo teria supostamente violado seu contrato denominado “Termos e Condições de Uso”.

COLAR AQUI PRINT COMPROVADNO O BLOQUEIO OU BANIMENTO

É importante frisar que a aplicação da penalidade ocorreu sem indicar contudo o


motivo que teria levado a suposta violação dos Termos e Condições de Uso, revelando o abuso de direito
na conduta ao se rescindir o contrato de forma unilateral e sem chance defesa prévia; CONTRATO este de
ADESÃO.
O(a) autor(a) tinha amplo conteúdo autoral próprio, incluindo dados pessoais tais como
fotos, vídeos e contatos, protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados e que foram sumariamente
removidos, não tendo o(a) autor(a) acesso aos mesmo, revelando a abusividade da conduta.

Ante isso, esgotadas todas as vias de composição amigável, e considerando, sobretudo


a censura e os graves prejuízos decorrentes deste vilipêndio a liberdade de expressão impostos
injustamente ao autor, não vê o mesmo outra alternativa senão ajuizar a presente a fim de ver
resguardados seus direitos.

Eis a síntese do necessário.

DOS DIREITOS
DA APLICABILIDADE DO MARCO CIVIL DA INTERNET E DO CÓDIGO DO CONSUMIDOR
Ab initio, recorre ao autor a aplicabilidade plena do Marco Civil da Internet e por
consequência da Cártula Consumerista no presente feito.

A este despeito, o Marco Civil da Internet – Lei Federal nº.: 12.965/14 enquadra a
requerida a condição de prestadora de serviços de aplicação, cujo conceito é disposto no art. 5º, inciso VII
da norma em comento:

Art. 5º - Para os efeitos desta Lei, considera-se:


VII - aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal
conectado à internet; e

Não restando dúvidas sobre a aplicação do Marco Civil da Internet ao caso em tela,
igualmente se conclui que os usuários estão amparados pela proteção legal da Cártula Consumerista e
diversos são os motivos, senão vejamos.

No que diz respeito ao Marco Civil da Internet, vale reprisar que a norma específica em
tela reconhece e confere a aplicação do C.D.C. em casos como o da presente, confira-se:

Art. 7º - O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos:
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na internet.

No que diz respeito à relação de consumo vale trazer a baila algumas importantes
observações, a fim de que não se olvide qualquer arguição de inaplicabilidade do CDC, senão vejamos. O
codex em comento estabelece:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Ora, não restam dúvidas de que os usuários, tal como a parte autora, são consumidores
finais dos serviços prestados pela requerida.

Para tanto, celebram o Contrato de Adesão (Termos e Condições de Uso) que


estabelece direitos e obrigações a ambas as partes, cuja discussão e alteração de cláusulas é impossível.

Neste contexto a hipossuficiência dos usuários, ai incluído a parte autora, é identificada


desde o momento da adesão a rede, já que não lhe é permitido discutir ou alterar qualquer cláusula
contratual, senão submeter-se aos seus termos de forma adesiva / impositiva.
Contudo, como cediço, tanto pelas normas civis quanto pelas normas consumeristas,
tem-se como princípios fundamentais dos contratos, a boa-fé, o equilíbrio e transparência, o que não se
verifica na relação havida entre a requerida e os usuários, tal como o autor, como se observa nestes autos,
haja vista que a requerida abusa do seu direito de contratar, desde o momento da celebração, passando
pela execução, até a rescisão do contrato.

Destarte, indicada a hipossuficiência e vulnerabilidade do usuário, inegável sua


classificação como consumidor, como bem ensina FILOMENO, em obra criada com GRINOVER:

“O traço marcante da conceituação de consumidor, no nosso entender, está na perspectiva que se deve adotar, ou
seja, no sentido de se o considerar como hipossuficiente ou vulnerável, não sendo, aliás, por acaso, que o mencionado
“movimento consumerista” apareceu no mesmo tempo que o sindicalista, principalmente a partir da segunda metade
do século XIX em que se reivindicam melhores condições de trabalho e melhoria da qualidade de vida, e pois, em plena
sintonia com o binômio “poder aquisitivo/aquisição de mais e melhores bens e serviços”

Do mesmo modo, a requerida encontra-se perfeitamente inserida no conceito de


fornecedora, valendo ressaltar que a lei inclui a pessoa jurídica nacional ou estrangeira privada ou
pública, e que a mesma desenvolve atividade de prestação de serviços, sobretudo os de publicidade e
correlatos, adequando-se com perfeição aos ditames estipulados pelo art. 3º do CDC 1., sem maiores
celeumas.
A propósito, vale salientar o preenchimento do requisito serviço. O §2º do mesmo
dispositivo preleciona que:

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

A este despeito, vale salientar que a adesão, ou seja, o ingresso na rede é de fato
gratuito, contudo a rede explora comercialmente outros subserviços dentro dela própria.

Em primeiro lugar, a rede é remunerada pela própria publicidade nela existente.

Ora, como cediço os usuários constantemente recebem anúncios patrocinados feitos


por outros usuários dentro de seus perfis e páginas, sendo público e notório a remuneração da
requerida por este meio.

1
CDC.: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
Ademais a própria rede social, reconhece em seus Termos e Condições de Uso que sua
atividade consiste no oferecimento de produtos e serviços, como plataformas de comunicação e
publicidade.

Portanto, não há como se negar a evidente relação de consumo.

Ademais, o fato é que pagando ou não, tem-se uma relação de consumo. Tratam-se de
consumidores indiretos, pois a rede não deixa de perceber remuneração ainda que indiretamente,
explorando, através da gama de usuários que possui, suas atividades publicitárias.

Aliás, em sentido idêntico, já decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do


Paraná:
TELECOMUNICAÇÕES. TRATA-SE DE AÇÃO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECLAMANTE ALEGA, EM SÍNTESE, QUE
EM 27.11.2013 FOI SURPREENDIDO COM A PUBLICAÇÃO INDEVIDA DA SUA IMAGEM, SEM QUALQUER AUTORIZAÇÃO
PRÉVIA, NO APLICATIVO DENOMINADO ?LULU?. REFERIDO APLICATIVO PERMITE QUE A USUÁRIA, A PARTIR DA
SINCRONIZAÇÃO DE DANOS DO FACEBOOK, AVALIE OU FAÇA UMA RESENHA DE ALGUM INTEGRANTE DO SEXO
MASCULINO QUE SEJA SEU AMIGO NA REDE SOCIAL, PERMITE TAMBÉM QUE A MESMA VEJA AS ?AVALIAÇÕES?
REALIZADAS POR OUTRAS PESSOAS QUE ESTA NÃO CONHECE. SENTENÇA PROCEDENTE CONDENOU A RECLAMADA AO
PAGAMENTO DE R$ 2.000,00 A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSURGÊNCIA RECURSAL DA
RECLAMADA. RECORRENTE ARGUI, PRELIMINARMENTE, SUA ILEGITIMIDADE PASSIVA E, NO MÉRITO, QUE NÃO HOUVE
PRÁTICA DE ATO ILÍCITO, HAVENDO ANUÊNCIA DO USUÁRIO AOS TERMOS E CONDIÇÕES DE USO DO SITE FACEBOOK.
PUGNA PELO AFASTAMENTO DOS DANOS MORAIS OU, SUBSIDIARIAMENTE, PELA REDUÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO.
NÃO MERECE GUARIDA A ALEGADA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA PARTE, POIS, AO CONTRÁRIO DO QUE DEFENDE A
RECORRENTE, NO CASO EM QUESTÃO ESTAMOS DIANTE DE UMA TÍPICA RELAÇÃO DE CONSUMO, POIS AS PARTES SE
ENQUADRAM NOS CONCEITOS DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR CONSTANTES NOS ARTIGOS 2º E 3º DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. NESTA SEARA, NOS TERMOS DO PARÁGRAFO ÚNICO, DO ARTIGO 7º E § 1º, DO ARTIGO 25,
DO REFERIDO DIPLOMA LEGAL, O LEGISLADOR ELEGEU A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E OBJETIVA ENTRE TODOS OS
PARTÍCIPES DO CICLO DE PRODUÇÃO, DE FORMA QUE O CONSUMIDOR PODE DEMANDAR CONTRA QUALQUER PESSOA
JURÍDICA QUE COLOCA PRODUTOS E/OU SERVIÇOS NO MERCADO DE CONSUMO. A RECORRENTE, FACEBOOK SERVIÇOS
ONLINE DO BRASIL LTDA, APESAR DE ALEGAR QUE PRESTA SERVIÇOS A TÍTULO GRATUITO, AUFERE LUCRO COM A
DISPONIBILIDADE DA REDE SOCIAL, PORTANTO, SUA RESPONSABILIDADE É PAUTADA NA TEORIA DO RISCO PROVEITO
(ART. 927, CC), NA QUAL TODOS AQUELES QUE SE DEDIQUEM A UMA ATIVIDADE, DEVEM RESPONSABILIZAR-SE
EFETIVAMENTE PELOS DANOS CAUSADOS. AINDA, DEVE- SE DESTACAR QUE A PLATAFORMA DO APLICATIVO ?LULU?
FUNCIONA DE FORMA INTEGRADA COM A PLATAFORMA DO FACEBOOK, DE MODO QUE A CESSÃO DE IMAGEM E
DADOS PÚBLICOS SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA NÃO AFASTA SUA LEGITIMIDADE. PORTANTO, REJEITO A PRELIMINAR
DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. NO MÉRITO, NÃO ASSISTE RAZÃO AO RECORRENTE. É CEDIÇO QUE A EMPRESA RÉ
FACEBOOK SE PRESTA A DISPONIBILIZAR SERVIÇOS NA INTERNET, PARA O FIM DE CRIAÇÃO DE UMA PÁGINA PESSOAL E,
ASSIM, PARA ADERIR AOS SERVIÇOS O CONSUMIDOR DEVE ANUIR COM OS TERMOS DE PRIVACIDADE, POIS, CASO
CONTRÁRIO NÃO USUFRUÍ DOS MESMOS. NO ENTANTO, NO MOMENTO DA ADESÃO, NÃO HÁ NENHUMA ADVERTÊNCIA
AO USUÁRIO DOS RISCOS DE UTILIZAÇÃO, INCLUSIVE QUANTO A POSSIBILIDADE DE COMPARTILHAMENTO DE SEUS
DADOS PESSOAIS. E, MESMO QUE HAJA TAL ADVERTÊNCIA, NÃO SE PODE OLVIDAR DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
DO INDIVÍDUO, SUA HONRA, SUA INTIMIDADE, SUA INTEGRIDADE PSÍQUICA, SEU BEM ESTAR ÍNTIMO, SUA MORAL E
DIGNIDADE DA PESSOA. NESTE PESAR, A CESSÃO DE INFORMAÇÕES PESSOAIS PÚBLICAS PELO SITE FACEBOOK DEVE
RESPEITAR OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO USUÁRIO. ADEMAIS, A PLATAFORMA DO APLICATIVO ?LULU?
FUNCIONA DE FORMA INTEGRADA COM A PLATAFORMA DO FACEBOOK, TANTO É ASSIM QUE OCORREU ALTERAÇÃO NA
POLÍTICA DE USO, DE MODO QUE A CESSÃO DE IMAGEM E DADOS PÚBLICOS NÃO AFASTA O DEVER DE INDENIZAR,
SOBRETUDO QUANDO EMPREGADO EM APLICATIVO QUE OBTÉM TAIS DADOS DA REDE SOCIAL SEM NENHUMA
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA. NO CASO DO APLICATIVO ?LULU?, A MIGRAÇÃO DOS DADOS PERMITE AVALIAÇÃO DE CUNHO
SEXUAL DO USUÁRIO, ATRIBUINDO- LHE NOTAS, SEM O PRÉVIO CONSENTIMENTO EXPRESSO, EXTRAPOLA E MUITO A
MERA CESSÃO DAS INFORMAÇÕES PÚBLICAS CONSTANTES DO TERMO DE ADESÃO. RESTA INQUESTIONÁVEL A
OCORRÊNCIA DE TRANSTORNOS AO RECLAMANTE, QUE VAI ALÉM DE MEROS DISSABORES E ABORRECIMENTOS PELA
CONDUTA DA RÉ, ENSEJANDO, ASSIM, DANOS MORAIS. DESTA FORMA, NO QUE CONCERNE À FIXAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS, DEVE-SE SEMPRE TER O CUIDADO DE NÃO PROPORCIONAR, POR UM LADO, UM
VALOR QUE PARA O AUTOR SE TORNE INEXPRESSIVO E, POR OUTRO, QUE SEJA CAUSA DE ENRIQUECIMENTO INJUSTO,
NUNCA SE OLVIDANDO QUE A INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL TEM EFEITO SANCIONATÓRIO AO CAUSADOR DO DANO
E COMPENSATÓRIO À VÍTIMA. NESTA LINHA DE RACIOCÍNIO, ENTENDO QUE O VALOR FIXADO A TÍTULO DE DANO
MORAL DEVE SER MANTIDO EM R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), POIS ASSIM ENCONTRA-SE EM CONFORMIDADE COM OS
PATAMARES FIXADOS EM SITUAÇÕES ANÁLOGAS JULGADAS POR ESTA TURMA RECURSAL. SENTENÇA MANTIDA NA
ÍNTEGRA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO, SERVINDO A PRESENTE COMO VOTO.
CONDENO A RECORRENTE AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, ESTES QUE
ARBITRO EM 20% (VINTE POR CENTO) SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO, NOS TERMOS DO ARTIGO 55 DA LEI Nº
9.099/95. DECISÃO UNÂNIME. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0015216-72.2013.8.16.0018/0 - Maringá - Rel.: Fernando
Swain Ganem - - J. 22.06.2015) (TJ-PR - RI: 001521672201381600180 PR 0015216-72.2013.8.16.0018/0 (Acórdão),
Relator: Fernando Swain Ganem, Data de Julgamento: 22/06/2015, 1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 25/06/2015)

Portanto não restam dúvidas sobre a relação de consumo existente entre os litigantes,
restando atendidos aos requisitos dos art. 2º e 3ª do CDC 2.

É também neste sentido que leciona MARQUES ao esclarecer sobre as várias formas de
“relação de consumo”3:

"Mediante remuneração: A expressão utilizada pelo art. 3º do CDC para incluir todos os serviços de consumo é
'mediante remuneração'. (...) Parece-me que a opção pela expressão 'remunerado' significa uma importante abertura
para incluir os serviços de consumo remunerados indiretamente, isto é, quando não é o consumidor individual que
paga, mas a coletividade (facilidade diluída no preço de todos) ou quando ele paga indiretamente o 'benefício
gratuito' que está recebendo. A expressão 'remuneração' permite incluir todos aqueles contratos em que for possível
identificar, no sinalagma escondido (contraprestação escondida), uma remuneração indireta do serviço de consumo.
(...). Remuneração e gratuidade: Como a oferta e o marketing de atividades de consumo 'gratuitas' estão a aumentar
no mercado de consumo brasileiro (...), importante frisar que o art. 3º, § 2º, do CDC refere-se à remuneração dos
serviços e não a sua gratuidade. 'Remuneração' (direta ou indireta) significa um ganho direto ou indireto para o
fornecedor. 'Gratuidade' significa que o consumidor não 'paga', logo, não sobre um minus em seu patrimônio. (...)".

Ademais, ainda que assim não fosse, cabe reprisar que o STJ já analisou a questão,
concluindo com precisão a indiferença sobre o serviço ser gratuito ou não, haja vista a relação de
consumo indireta de provedores, tal como a requerida, senão vejamos:
2
Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

3
MARQUES, Claudia Lima, Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, 1ª edição - 2ª tiragem, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003,
p. 94)
“CIVIL E CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO.
INDIFERENÇA. PROVEDOR DE PESQUISA. FILTRAGEMPRÉVIA DAS BUSCAS. DESNECESSIDADE. RESTRIÇÃO DOS
RESULTADOS. NÃO-CABIMENTO. CONTEÚDO PÚBLICO. DIREITO À INFORMAÇÃO. 1. A exploração comercial da Internet
sujeita as relações de consumo daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de
serviço de Internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo"mediante remuneração", contido
no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 3. O
provedor de pesquisa é uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois não inclui, hospeda, organiza ou de qualquer
outra forma gerencia as páginas virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde
podem ser encontrados os termos ou expressões de busca fornecidos pelo próprio usuário. 4. A filtragem do conteúdo
das pesquisas feitas por cada usuário nãoconstitui atividade intrínseca ao serviço prestado pelos provedores de pesquisa,
de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre
os resultados das buscas. 5. Os provedores de pesquisa realizam suas buscas dentro de um universo virtual, cujo acesso é
público e irrestrito, ou seja, seu papel se restringe à identificação de páginas na web onde determinado dado ou
informação, ainda que ilícito, estão sendo livremente veiculados. Dessa forma, ainda que seus mecanismos de busca
facilitem o acesso e a consequente divulgação de páginas cujo conteúdo seja potencialmente ilegal, fato é que essas
páginas são públicas e compõem a rede mundial de computadores e, por isso,aparecem no resultado dos sites de
pesquisa. 6. Os provedores de pesquisa não podem ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados da
busca de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que apontem para uma foto ou texto específico,
independentemente da indicação do URL da página onde este estiver inserido. 7. Não se pode, sob o pretexto de
dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir o direito da coletividade à informação.
Sopesados os direitos envolvidos e o risco potencial de violação de cada um deles, o fiel da balança deve pender para a
garantia da liberdade de informação assegurada pelo art. 220, § 1º, da CF/88, sobretudo considerando que a Internet
representa, hoje, importante veículo de comunicação social de massa. 8. Preenchidos os requisitos indispensáveis à
exclusão, da web, de uma determinada página virtual, sob a alegação de veicular conteúdo ilícito ou ofensivo -
notadamente a identificação do URL dessa página - a vítima carecerá de interesse de agir contra o provedor de pesquisa,
por absoluta falta de utilidade da jurisdição. Se a vítima identificou, via URL, o autor do ato ilícito, não tem motivo para
demandar contra aquele que apenas facilita o acesso a esse ato que,até então, se encontra publicamente disponível na
rede para divulgação. 9. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1316921 RJ 2011/0307909-6, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 26/06/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/06/2012)

Com efeito, não restam dúvidas de que, há remuneração, direta e indiretamente,


estando perfeitamente delineada a relação de consumo nos exatos termos da norma vigente.

E não havendo dúvidas sobre a Aplicação do CDC, não restam igualmente dúvidas
acerca da aplicação do Marco Civil da Internet, isto porque, o sistema da requerida pode e deve ser
considerado como aplicação de internet, enquadrando-se na condição de prestadora de serviços de
aplicação, cujo conceito é disposto no art. 5º, inciso VII já reprisado alhures.

A propósito, em se reconhecendo a aplicação do MCI, de rigor destacar que referida


norma reforça a aplicação do CDC, em situações como o do presente feito, confira-se:

Art. 7º - O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos:
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na internet.

Com efeito, inarredável a conclusão de que o Código do Consumidor e o Marco Civil da


Internet são normas que devem ser aplicadas ao caso em comento, situação esta que impõe ao autor
invocar a aplicação dos princípios da facilitação da defesa do consumidor, a inversão do ônus da prova, o
reconhecimento de existência de cláusulas abusivas, o retorno ao status quo ante do serviço
interrompido, e as respectivas indenizações pelos prejuízos de ordem moral, material, temporal e lucros
cessantes experimentados, entre outros pormenores.

DA VEDAÇÃO AO CONTROLE E CLASSIFICAÇÃO DE CONTEÚDO – BLOQUEIOS E


BANIMENTOS – NECESSÁRIA OBSERVAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSAO E LIVRE MANIFESTAÇÃO DO
PENSAMENTO

Os mecanismos de proteção e livre manifestação do pensamento e a liberdade de


expressão, na Constituição Federal de 1988 são reguladas pelos artigos abaixo transcritos:

Art. 5º (...)
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em
qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

Acrescente-se a isso o disposto nos artigos 221, 222 e 223 da Carta Magna.

Enquanto Estado-Membro da Organização dos Estados Americanos – OEA – e


signatário do Pacto de São José da Costa Rica, Tratado Internacional da CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
DIREITOS HUMANOS, sujeita-se, o Brasil, ao cumprimento incólume do referido que, acerca de liberdade
de expressão dispõe:

Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar,
receber e difundir informações e ideias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito,
ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar:
a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou
particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de
informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e opiniões.

A norma infraconstitucional que regulamenta as atividades dos provedores de aplicação


da internet, reforça a necessidade de observação da liberdade de expressão, mesmo nas comunicações
realizadas através da internet, senão vejamos – Lei Federal nº 12.965, de 23 de abril de 2014 – Marco Civil
da Internet:
Art. 3 - A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:
I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de pensamento, nos termos da Constituição
Federal;

Mais adiante o artigo 19 prevê que o controle de conteúdo SOMENTE será realizado
pelo Poder Judiciário, sem perder de vista a manutenção da liberdade de expressão, enquanto princípio
fundamental da norma com comento:

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet
somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após
ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do
prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário.

Importante ainda destacar que o Marco Civil da Internet, ou seja, a Lei Federal Brasileira
nº 12.965, de 23 de abril de 2014 determinou que a regulamentação adicional da mesma seria feita por
meio de Decreto, como se infere do art. 11, §4 in verbis:

Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de
comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em
território nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os direitos à privacidade, à
proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros.
§ 4o Decreto regulamentará o procedimento para apuração de infrações ao disposto neste artigo.

Diante do comando da norma, sobreveio o Decreto nº 8.771, de 11 de maio de 2016,


que regulamentou a norma em questão, tratando das hipóteses admitidas de discriminação de pacotes
de dados na internet e de degradação de tráfego, indicar procedimentos para guarda e proteção de dados
por provedores de conexão e de aplicações, apontar medidas de transparência na requisição de dados
cadastrais pela administração pública e estabelecer parâmetros para fiscalização e apuração de infrações.

Dentre os vários dispositivos do mencionado decreto, o artigo 5º, parágrafo 2º 4


estabeleceu a Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel, consideradas as diretrizes estabelecidas
pelo Comitê Gestor da Internet – CGIbr, como órgãos competentes a fiscalização e na apuração de
infrações quanto aos requisitos técnicos.

A fim de viabilizar o tratamento isonômico dos dados, o que corrobora para a


consecução da livre manifestação do pensamento e da liberdade de expressão, a norma brasileira,
através da mesma Lei Federal Brasileira nº 12.965, de 23 de abril de 2014 adotou o princípio da
neutralidade da rede, assim insculpido:

Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:


IV - preservação e garantia da neutralidade de rede;

Art. 9o O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica
quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.

A esse despeito, a CGI-br emitiu um Parecer5 dispondo acerca da necessidade de


atenção e respeito a liberdade de expressão, que como se vê, não vem sendo cumprido pela requerida
revelando afronte direto ao dispõe a Constituição Federal de 1988, bem como a Convenção
Interamericana de Direitos Humanos, e pelo Marco civil da internet, na medida em que nitidamente não
tratam os dados de forma isonômica, aplicando penalidades seletivas aos usuários, tais como a parte
autora.

Nesta situação e considerando o arcabouço de situações que vem se agravando dia


após dia, suprimindo o direito fundamental a livre manifestação do pensamento e a liberdade de
expressão, de rigor a intervenção deste Egrégio Poder Judiciário, de modo a garantir e preservar de forma
inconteste, e sem celeumas e contradições, a liberdade de expressão dos usuários da internet, inclusive a
parte autora, reconhecendo-se a ILEGALIDADE DO BANIMENTO/BLOQUEIO DA CONTA, cumprindo-se de

4
Art. 5o Os requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada de serviços e aplicações devem ser observados pelo responsável de atividades
de transmissão, de comutação ou de roteamento, no âmbito de sua respectiva rede, e têm como objetivo manter sua estabilidade, segurança,
integridade e funcionalidade.
§ 2o A Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel atuará na fiscalização e na apuração de infrações quanto aos requisitos técnicos elencados
neste artigo, consideradas as diretrizes estabelecidas pelo Comitê Gestor da Internet - CGIbr.

5
“Sendo assim, é desejável que o decreto a ser editado apresente uma definição de neutralidade, levando em conta os dois elementos acima
referidos. Isto porque a eficácia prática da neutralidade, forjada com base nesses elementos, é que irá garantir valores fundamentais
protegidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e que podem ser afetados pelas práticas comerciais utilizadas para a prestação do serviço de
acesso à internet:
a) liberdade de expressão;”
forma incólume a Convenção Americana de Direitos Humanos, a Declaração de Princípios sobre Liberdade
de Expressão da CIDH, a Constituição Federal de 1988 e o Marco Civil da Internet.

A este despeito, vale destacar que a Organização dos Estados Americanos através da
Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão emitiu a Declaração de Princípios sobre Liberdade de
Expressão, destacando os itens 5, 6 e 7, que confrontam em absoluto a decisão da Suprema Corte
Brasileira:
5. A censura prévia, a interferência ou pressão direta ou indireta sobre qualquer expressão, opinião ou informação por
meio de qualquer meio de comunicação oral, escrita, artística, visual ou eletrônica, deve ser proibida por lei. As
restrições à livre circulação de ideias e opiniões, assim como a imposição arbitrária de informação e a criação de
obstáculos ao livre fluxo de informação, violam o direito à liberdade de expressão.

6. Toda pessoa tem o direito de externar suas opiniões por qualquer meio e forma. A associação obrigatória ou a
exigência de títulos para o exercício da atividade jornalística constituem uma restrição ilegítima à liberdade de
expressão. A atividade jornalística deve reger-se por condutas éticas, as quais, em nenhum caso, podem ser impostas
pelos Estados.

7. Condicionamentos prévios, tais como de veracidade, oportunidade ou imparcialidade por parte dos Estados, são
incompatíveis com o direito à liberdade de expressão reconhecido nos instrumentos internacionais.

Acrescente-se ainda o disposto nos itens 9 a 13 da referendada Declaração ao dispor:

9. O assassinato, o sequestro, a intimidação e a ameaça aos comunicadores sociais, assim como a destruição material
dos meios de comunicação, viola os direitos fundamentais das pessoas e limitam severamente a liberdade de
expressão. É dever dos Estados prevenir e investigar essas ocorrências, sancionar seus autores e assegurar reparação
adequada às vítimas.

10. As leis de privacidade não devem inibir nem restringir a investigação e a difusão de informação de interesse
público. A proteção e à reputação deve estar garantida somente através de sanções civis, nos casos em que a pessoa
ofendida seja um funcionário público ou uma pessoa pública ou particular que se tenha envolvido voluntariamente em
assuntos de interesse público. Ademais, nesses casos, deve-se provar que, na divulgação de notícias, o comunicador
teve intenção de infligir dano ou que estava plenamente consciente de estar divulgando notícias falsas, ou se
comportou com manifesta negligência na busca da verdade ou falsidade das mesmas.

13. A utilização do poder do Estado e dos recursos da fazenda pública; a concessão de vantagens alfandegárias; a
distribuição arbitrária e discriminatória de publicidade e créditos oficiais; a outorga de frequências de radio e televisão,
entre outras, com o objetivo de pressionar e castigar ou premiar e privilegiar os comunicadores sociais e os meios de
comunicação em função de suas linhas de informação, atentam contra a liberdade de expressão e devem estar
expressamente proibidas por lei. Os meios de comunicação social têm o direito de realizar seu trabalho de forma
independente. Pressões diretas ou indiretas para silenciar a atividade informativa dos comunicadores sociais são
incompatíveis com a liberdade de expressão.

Além da vedação a censura, o que se pretende acima de tudo é conceder o equilíbrio


necessário entre a parte autora, que é consumidora e a requerida enquanto fornecedora, de forma que
a mesma cumpra rigorosamente a lei, e se abstenha de impor regras abusivas ou agir com poderes que
não detém e cuja lei inclusive veda o exercício como dito alhures.

Contudo, ainda que se veja o Contrato intitulado de Termos e Condições de Uso como
“plenamente lícito”, o que aqui se coloca apenas a título de argumentação, há que se anotar que a falta de
notificação prévia antes de aplicar qualquer sanção, viola o DEVER DE TRANSPARÊNCIA, o EQUILÍBRIO
CONTRATUAL e a BOA-FÉ OBJETIVA DO CONTRATO operados em favor da parte autora consumidora dos
serviços da requerida, especialmente se nos atermos que são penalidades manifesta e potencialmente
ofensivas e já lhe gerou graves prejuízos de ordem moral e material.

A este despeito vale trazer a baila alguns dos dispositivos consumeristas violados pela
conduta da requerida:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
(Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais , bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

Ora, a rede não dá informação precisa acerca da execução de seu contrato de forma
adequada e transparente.

Os Termos e Condições de Uso são confusos, subjetivos e foram aplicados de forma


aleatória e diversa a cada consumidor, violando o princípio básico da isonomia, além dos demais acima
indicados.
Além do mais, uma vez que as penalidades impõem como regra danos de natureza
diversa, resta demonstrado o abuso comercial e imposição de meios coercitivos e desleais no
fornecimento do serviço.

Por derradeiro, saliente-se a constante alteração dos termos e condições de uso e seus
adendos que sofrem mudanças constantes, indicando absoluta carência de segurança jurídica mínima em
favor dos consumidores tal como a parte autora.
O que se vê Exa., é que existe um verdadeiro arcabouço de ilegalidades que acabaram
culminando em severos prejuízos, como se verá mais adiante.

Enfim, por qualquer ângulo que se veja, não restam dúvidas acerca da ilegalidade
perpetrada pela requerida, sendo imperioso que a condenação para que a mesma restabeleça o status quo
ante, devolvendo as contas do autor, bem como se abstendo de aplicar penalidades que possam ensejar a
censura.

DA NECESSÁRIA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS

Demonstrado o ato ilícito na forma e pelos motivos retro descritos, de rigor reconhecer
ainda o direito da parte autora em receber a indenização pelos danos morais por eles sofridos.

Como cediço, para a configuração da situação indenizatória imprescindível o


preenchimento dos requisitos legais, quais sejam, a culpa (negligência, imperícia ou imprudência) ou dolo,
o nexo da causalidade e o dano.

Quanto ao primeiro, não restam dúvidas da conduta da requerida, sobremaneira em


virtude do abuso das cláusulas contratuais do intitulados Termos e Condições de Uso e seus Adendos.

Todavia, ainda que assim não fosse, de rigor pugnar pela aplicação da
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA aplicável ao caso em tela por força do RISCO DA ATIVIDADE, já que a
relação havida entre as partes é indubitavelmente de consumo, consoante comando normativo previsto
no artigo 14 do C.D.C. senão confira-se:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Com efeito, havendo ou não, culpa ou dolo da requerida, o que importa é que ela não
poderia ter simplesmente banido o autor e rescindido o contrato, sobretudo, da forma em que o fez,
estando dispensada a necessidade da comprovação da culpa ou dolo por parte da requerida. Aliás deste
sentido não discrepa a melhor jurisprudência, senão confira-se:

Ação Indenizatória. Conta salário. Cobrança de tarifas. Impossibilidade. Inscrição em cadastro restritivo de crédito. Dano
moral. Configuração. Relação entre as partes é regulada pelo Código de Defesa do Consumidor, devendo a questão ser
resolvida à luz da responsabilidade civil objetiva, fulcrada na teoria do risco do empreendimento . Não obstante as
alegações defendidas, deixou o réu de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor embora
fosse possível fazê-lo. Da análise do feito nota-se que o apelante sequer juntou aos autos cópia do contrato assinado
pelo autor para abertura da suposta conta corrente ou qualquer outro que comprove a sua tese, em especial a licitude
das cobranças efetuadas. Desta forma, forçoso concluir pela veracidade das informações prestadas pelo autor no sentido
de tratar-se de contrato de conta salário em relação ao qual é proibida a cobrança de tarifas destinadas ao
ressarcimento pela realização de serviços. Destaque-se que o apelante, como prestador de serviço, deve agir com
diligência, tomando todas as providências necessárias à segurança dos negócios realizados, equipando-se dos meios
necessários para evitar eventuais danos aos consumidores. Assim, restando comprovada a falha na prestação do serviço
que acarretou a inscrição do nome do autor nos cadastros restritivos de crédito, patente a configuração de dano moral
passível de reparação. O montante de R$ 1.395,00 (mil trezentos e noventa e cinco reais), arbitrado na sentença, não se
mostra compatível com o valor fixado por este egrégio Tribunal em casos semelhantes, sendo o quantum de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) mais consentâneo com a repercussão dos fatos narrados nestes autos e com os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. Primeiro recurso ao qual se nega provimento e recurso adesivo provido. (TJ-RJ -
APL: 37853520098190006 RJ 0003785-35.2009.8.19.0006, Relator: DES. MARIO ASSIS GONCALVES, Data de Julgamento:
15/09/2010, TERCEIRA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 26/11/2010)

Também o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA já pacificou a questão, senão confira-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.148.978 - RJ (2009/0001840-1) RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO AGRAVANTE :


BANCO ABN AMRO REAL S/A ADVOGADO : FERNANDA NASCIMENTO DE ANDRADE E OUTRO (S) AGRAVADO :
REGINALDO ARAÚJO MEIRA ADVOGADO : TARCISO GOMES DE AMORIM E OUTRO (S) DECISÃO Trata-se de agravo de
instrumento contra decisão que inadmitiu recurso especial interposto em face de acórdão, proferido pelo Eg. Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado:"Agravo interno. Apelação cível. Ação de indenização.
Responsabilidade civil objetiva. Devolução indevida de cheques. Assinatura falsa. Dano moral. Agravo interno interposto
contra a decisão monocrática que negou seguimento não só ao recurso do ora agravante, mas também ao apelo do
autor. A questão deve ser resolvida à luz da responsabilidade civil objetiva, fulcrada na teoria do risco do
empreendimento, na qual todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de
bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes, independentemente de culpa. Há defeito na
prestação de serviço, na medida em que cheque com assinatura falsa foi devolvido da conta corrente do autor, primeiro
apelante, como comprovam os documentos juntados aos autos, levando à sua negativação e causando-lhe inúmeros
problemas. O montante de R$ 7.000,00 (sete mil reais), arbitrado na sentença, é compatível com a repercussão dos fatos
narrados nestes autos e foi fixado de acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo ser
mantido. Quanto à correção monetária, pequeno reparo se impõe, de ofício, devendo incidir da data da prolação da
sentença, de acordo com o preceituado no verbete sumular n.º 97, deste Tribunal de Justiça. As verbas referentes aos
honorários advocatícios foram fixadas com base nos parâmetros fixados pelo art. 20, § 3º do CPC, devendo ser mantido o
percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Recurso ao qual se nega provimento."(fl. 241) No
recurso especial, fundado nas alíneas a e c do permissivo constitucional, o recorrente aponta, além de dissídio
jurisprudencial, violação aos arts.144,§ 3ºº, II, doCódigo de Defesa do Consumidorr,1866 doCódigo Civill de 2002, e3333,
I, doCódigo de Processo Civill, sustentando, em suma, que: a) não pode ser responsabilizado pelos alegados danos,
"tendo em vista que a culpa de terceiro ou da própria vítima erigiram-se como a causa determinante do evento" (fl. 253);
b) a indenização por dano moral exige a sua efetiva demonstração, o que não ocorreu na presente hipótese; c) de acordo
com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o valor fixado a título de indenização por danos morais, na
hipótese, é excessivo, razão pela qual deve ser reduzido. O feito foi a mim atribuído em 14 de maio de 2010. A
irresignação não merece amparo por ambas as alíneas. Inicialmente, o acolhimento da assertiva do Banco de que a culpa
pela inscrição nos órgãos de proteção ao crédito fora da própria recorrida ou, ainda, de terceiro demandaria a análise do
acervo fático-probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do STJ, que dispõe: "A pretensão de simples reexame
de prova não enseja recurso especial". A propósito, confira-se o seguinte excerto do v. acórdão recorrido:"Não merece
acolhimento a alegação do ora agravante, de ausência de ato ilícito que pudesse configurar lesão moral a reparar, haja
vista a constatação da falha na prestação do serviço, revelando-se na falta de cuidado, tendo deixado de certificar-se da
veracidade das informações constante da cártula, permitindo a ocorrência da devolução indevida do consumidor, por
falta de fundos, e posterior inscrição de seu nome nos cadastros restritivos de crédito."(fls. 243/244) De outra parte,
registra-se que a jurisprudência desta Corte é firme quanto à desnecessidade, em hipóteses como a dos autos, de
comprovação do dano moral, que decorre do próprio fato da inscrição indevida em órgão de restrição ao crédito,
operando-se in re ipsa. Por pertinente, cito: "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDENIZAÇÃO
CIVIL. DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. COMPROVAÇÃO. DESNECESSIDADE.
DANO IN RE IPSA. VALOR ARBITRADO MODERADAMENTE. AGRAVO IMPROVIDO. I. A jurisprudência do STJ é uníssona no
sentido de que a inscrição indevida em cadastro restritivo gera dano moral in re ipsa, sendo despicienda, pois, a prova de
sua ocorrência.(...) III. Agravo improvido." (AgRg no Ag 1.222.004/SP, Relator o Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, DJe
de 16.6.2010) Por fim, quanto ao montante fixado a título de indenização por danos morais, é pacífica a orientação desta
Corte no sentido de que o valor estabelecido pelas instâncias ordinárias pode ser revisto tão somente nas hipóteses em
que a condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de razoabilidade, o que não se
evidencia no presente caso. Dessa forma, não se mostra desproporcional a fixação em R$(sete mil reais) a título de
reparação moral decorrente da inscrição indevida do nome do agravado em cadastro de proteção ao crédito, de modo
que a sua revisão também encontra óbice na Súmula 7/STJ. Nesse sentido: "AGRAVO REGIMENTAL. ART. 535 DO CPC.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. SÚMULA 7 DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUROS DE MORA.
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL OBJETIVA. SÚMULA 54 DO STJ. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. SIMILITUDE FÁTICA.(...) 5. A revisão do valor fixado a título de danos morais somente é possível em
sede de recurso especial no caso em que o quantum for exorbitante ou ínfimo. Fora essas hipóteses, aplica-se o
entendimento insculpido na Súmula n. 7 do STJ. 6. Em se tratando de valor da indenização por danos morais, torna-se
incabível a análise do recurso com base na divergência pretoriana, pois ainda que haja grande semelhança nas
características externas e objetivas, no aspecto subjetivo, os acórdãos serão sempre distintos. Precedente. 7. Agravo
regimental desprovido." (AgRg no AG nº 1.019.589/RJ, Relator o Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJe de 17.5.2010)
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. Publique-se. Brasília, 15 de outubro de 2010. MINISTRO
RAUL ARAÚJO Relator (STJ - Ag: 1148978, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Publicação: DJ 19/10/2010)

No que diz respeito ao nexo de causalidade, pela própria narrativa e documentos


juntados aos autos, não restam dúvidas sobre sua presença.

Por derradeiro, anote-se os danos experimentados.

Primeiramente: trata-se de nítida falha na prestação dos serviços e abuso do exercício


regular de direito, que sobretudo, causou graves prejuízo, inclusive a imagem da parte autora, enquanto
Movimento Público renomado e respeitado por seus seguidores e demais usuários.

Isso é claro, sem contar com o constrangimento prante seus seguidores, que
questionaram o porquê do autor ter sido bloqueado, nao apenas em uma, mas em várias contas.

A propósito, não é de hoje que Nossos Sodalícios têm enfrentado as questões relativas
aos danos morais com cautela, o que é imprescindível ate mesmo a fim de não se banalizar o instituto, cuja
intentio legis é deveras nobre, sobretudo, humana.
E particularmente no caso dos autos, antes que se cogite em qualquer tentativa de
locupletamento sem causa por parte da parte autora, há que se convalidar a condenação a este título é
medida que se impõe.

Para tanto, há que se atentar as peculiaridades do caso em comento, precisamente o


modus operandi da requerida além da responsabilidade civil objetiva conferida pela Cártula
Consumerista.

Contudo, diante de todo contexto apresentado, é evidente o abalo moral sofrido a


reputação do próprio Movimento Avança Brasil, representado juridicamente pela parte autora.

Veja-se Exa.: estamos falando do trabalho e capital de uma associação composta


pelos mais renomados profissionais das mais diversas áreas, mundialmente reconhecidos por seu
trabalho.
Com efeito, não restam dúvidas sobre a ocorrência do dano moral.

A propósito deste entendimento, vale reprisar os ensinamentos de LEVADA ao


conceituar o dano moral:

“...o dano moral é a ofensa injusta a todo e qualquer atributo da pessoa física como indivíduo integrado à sociedade
ou que cerceie sua liberdade, fira sua imagem ou sua intimidade, bem como a ofensa à imagem e à reputação da
pessoa jurídica, em ambos os casos desde que a ofensa não apresente quaisquer reflexos de ordem patrimonial ao
ofendido6”.

E no caso dos autos, feitas as considerações alhures, não restam dúvidas sobre
ocorrência dos prejuízos de ordem moral causados a parte autora, sobretudo a sua imagem e sua honra e
subjetiva, e que inclusive repercutiram na esfera patrimonial.
Com efeito, sobressai o caráter in re ipsa, na medida em que os próprios danos
causados pela conduta ilícita e abusiva por parte da requerida, per si só já são capazes de comprovar a
ocorrência dos danos cometidos.

Portanto de rigor inclusive a dispensa de comprovação, sendo imperioso reconhecer a


ocorrência de dano in re ipsa. Aliás, deste mesmo sentido não discrepa a melhor jurisprudência sobre o
tema, senão confira-se:

TJ-RJ - RECURSO INOMINADO RI 00154672320148190002 RJ 0015467-23.2014.8.19.0002 (TJ-RJ)

6
(“in” Liquidação de Danos Morais, Cláudio Antônio Soares Levada, Copola Editora, 1995, pág. 23).
Data de publicação: 25/02/2015
Ementa: De outra parte, a ré apresentou apenas documentos unilaterais a justificar a exatidão da fatura, não exibindo
sequer parecer oficial a atestar a idoneidade do hidrômetro. Portanto, o erro no faturamento é inafastável, devendo a
conta ser refaturada pela média de consumo. O dano moral é in re ipsa, ou seja, a reparação decorre tão somente do
fato danoso, conforme preleciona o Ilustre Des. Sergio Cavalieri, em seu livro, Programa de Responsabilidade Civil, 4ª
edição, São Paulo, Malheiros Ed., p. 102, in verbis: "Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que
o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só
justifica a concessão de uma satisfação pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano
moral. À guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras da experiência
comum". No caso em tela, em que pese o autor ter insistentemente procurado a ré para que a mesma resolvesse o
impasse de forma administrativa, o problema não foi sanado, impondo ao usuário aborrecimentos que ultrapassam as
raias da suportabilidade, e, sem dúvidas, deram causa aos danos imaterias reclamados, exigindo a justa reparação. No
tocante ao quantum da indenização, o mesmo deve ser fixado com moderação para que não seja tão elevado a ponto de
ensejar enriquecimento sem causa para a vítima do dano, nem tão reduzido que não se revista de caráter preventivo e
pedagógico para o seu causador. Nesta linha de raciocínio, entendo como justo e necessário o valor de R$ 2.500,00 como
forma de compensar os danos morais suportados pela parte autora. A conta do exposto, voto no sentido de dar
provimento ao recurso, e reformar a sentença, julgando procedentes os pedidos e: 1) Condenar a ré a refaturar a conta
de consumo do autor com vencimento em 25/02/2014 para sua média de consumo dos últimos 12 meses, em até 30
dias, sob pena de perdimento de seu crédito;(2) Condenar a ré a indenizar a parte autora em R$ 2.500,00 a título de
danos morais, quantia esta que deverá ser corrigida monetariamente a contar da publicação do acordão e acrescida de
juros de mora de 1% ao mês a contar da citação. Sem ônus, por se tratar de recurso com êxito. PRI.

Inobstante caso não seja este o entendimento de V. Exa. pugna-se desde já pela oitiva
de testemunhas que serão oportunamente arroladas a fim de comprovar os danos morais sofridos pela
parte autora, impondo-se a requerida a condenação no patamar sugerido mais adiante em tópico próprio.

DA NECESSÁRIA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO PELO DANO TEMPORAL

Como cediço, a hodierna doutrina e jurisprudência de Nossos Sodalícios tem


reconhecido com frequência a possibilidade de indenização pelo intitulado dano temporal.

Diferentemente do dano moral, que, conforme lições de CAVALIERI, deve ser


compreendido sob duplo aspecto: (i) como violação da dignidade humana (sentido estrito) e (ii) como
violação dos direitos da personalidade de um modo geral (sentido amplo)7, o dano temporal tem como
tutela precípua o “Desvio Produtivo do Consumidor: o prejuízo do tempo desperdiçado 8”.

7
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Direito do Consumidor. 3a. ed., São Paulo: Atlas, 2011.

8
Vitor Vilela Guglinski, in O DANO TEMPORAL E SUA REPARABILIDADE: ASPECTOS DOUTRINÁRIOS E VISÃO DOS TRIBUNAIS BRASILEIROS, disponível
em https://www.revistamisionjuridica.com/o-dano-temporal-e-sua-reparabilidade-aspectos-doutrinarios-e-visao-dos-tribunais-brasileiros/
Nesta toada, o tempo, enquanto bem ou valor jurídico, é um fenômeno que, embora
não tenha recebido tratamento específico e expresso no ordenamento jurídico brasileiro, é admitido como
direito.
Claro exemplo disso são os institutos da prescrição e decadência, que conferem direitos
com base no fator tempo.

A este despeito, vale destacar as lições de ANDRADE ao observar que “No plano dos
direitos patrimoniais, a importância do tempo é devidamente reconhecida, como se percebe pela
previsão de juros de mora, da cláusula penal moratória ou, ainda, da possibilidade de indenização por
lucros cessantes9”

Seguindo este raciocínio, RESSAUNE esclarece que “a tese do “Desvio Produtivo do


Consumidor” aplica-se sempre que determinador fornecedor entrega ao consumidor um produto final
defeituoso ou o submete a uma prática ilícita. Desse cenário resulta que o consumidor acaba se
desviando de suas competências ou de atividades por ele preferidas, vindo a desperdiçar seu tempo para
tentar solucionar a demanda gerada pelo descaso do fornecedor10.”

Com efeito, o que se nota é que o caso dos autos reflete justamente essa possibilidade.

Ora, o parte autora sofreu prejuízos de ordem moral e material com uma situação
inusitada em decorrência de nítida falha na prestação dos serviços e que causou graves embaraços a
imagem e reputação da associação.

Diante da ocorrência a parte autora teve que buscar por semanas um advogado
especialista que atuasse na área de Direito Digital. Fez consulta a vários conhecidos até finalmente,
semanas depois conseguir contato com o subscritor.

Veja-se Excelência, que não estamos falando aqui de constrangimento da parte


autora, mas do tempo útil perdido pelo mesmo sendo que poderia ter resolvido toda celeuma de forma
simples e rápida, com apenas um mínimo de atenção e disponibilidade da requerida, mas que acabaram
gerando um processo judicial, tamanha a gravidade da situação.

9
ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral & Indenização Punitiva: Os Punitive Damages na Experiência do Common Law e na Perspectiva do
Direito Brasileiro. 2ª ed., atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Lumem Iuris, 2009.

10
DESSAUNE, Marcos. Desvio Produtivo do Consumidor: o prejuízo do tempo desperdiçado. São Paulo: RT, 2011.
Tempo este que perde este juízo para resolver questões relativamente simples, frente
ao arcabouço de ilicitudes muito mais graves perante este Poder Judiciário já deveras assoberbado.

Nesta toada, fato é que a parte autora poderia ter utilizado esse tempo útil para
produzir, e gerenciar suas atividades comuns, enfim, fazer qualquer outra coisa que não ter que ficar
literalmente “correndo atrás do fornecedor” para receber algo que é de seu direito.

Pelos detalhes dos autos Excelência, parece-nos patente a intenção da requerida não
é outra se não levar as mãos sobre uma situação que cabia a ela resolver de forma simples e rápida.

Alias como cediço a norma vigente reconhece o fator tempo com um valor. Não a toa
prescrição e decadência são fenômenos que criam e extinguem direitos. Da mesma maneira, não se pode
perder de vista a valoração do tempo, quando nos atermos a natureza da urgência de uma tutela de
urgência.
Acrescente-se a isso inúmeras normas municipais e estaduais que impõe condenações
a instituições bancárias quando excedido o tempo de espera normal para atendimento de seus pleitos,
prevendo inclusive multas a tais fornecedores.

Assim, em sendo inegável a valoração do tempo, como valor jurídico a ser protegido, de
rigor seja o réu condenado a indenização a título de dano temporal, ou seja, pela perda de tempo útil que
a requerida fez a parte autora e seus representantes legais perderem em virtude de sua desídia no
famoso: “vá buscar seus direitos”.

Alias deste sentido não vem discrepando vários julgados acerca da possibilidade de
indenização pela perda de tempo, ou indenização pelo dano temporal, se não confira-se:
No mesmo sentido:
Ainda neste diapasão:
Com efeito, de rigor seja a requerida condenada ao pagamento de indenização pela
perda de tempo, ou indenização temporal, conforme e pelos termos e fundamentos retro expostos,
sobremaneira por força do principio do desvio produtivo do consumidor.

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO A TÍTULO DE DANOS MORAIS E DANOS TEMPORAIS

Inobstante o dever de indenizar o autor, cumpre aqui estipular o quantum indenizatório


pretendido.

Pois bem. Muito embora a norma vigente não estipule um valor indenizatório preciso
para o caso em epígrafe, temos que o art. 944 do Código Civil estipula os limites para sua fixação, se não
confira-se:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Neste seara, deve-se levar em conta não apenas a necessidade de quem pede e a
possibilidade de quem pleiteia, mas especialmente consideradas as circunstancias peculiares do caso em
epígrafe, o modus operandi da requerida em especial sua inércia para resolver a situação, a afetação da
imagem e nome da associação perante seus seguidores lembrando que fazem parte de rede social de
ampla circulação e compartilhada a esmo.
Nesta toada, para a fixação do quantum indenizatório, deve-se levar em conta a teoria
da dupla função da indenização por dano moral qual seja, o fator compensatório e o fator
desestimulante.

O primeiro, de modo a compensar a lesão extrapatrimonial experimentada pela vítima,


e a segunda de modo a punir o ofensor, servindo-lhe como sanção e como modo a desestimulá-lo para
que não volte a praticar atos ofensivos ao patrimônio moral da parte autora ou de quem quer que seja.

Aliás, deste exato sentido não discrepa a melhor jurisprudência sobre o tema, como
vem sido decidido pacificamente por Nossos Sodalícios, se não confira-se alguns julgados:

TJ-SC - Apelação Cível AC 513037 SC 2008.051303-7 (TJ-SC)


Data de publicação: 26/03/2009
Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - ACUSAÇÕES CONTRA A HONRA
SUBJETIVA DOS AUTORES - TIPIFICAÇÃO DOS CRIMES DE DIFAMAÇÃO E INJÚRIA NA SEARA CRIMINAL - DEVER DE
INDENIZAR CARACTERIZADO - REQUISITOS DO ARTIGO 159 DO CÓDIGO CIVIL VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS E DO
ARTIGO 927 DO ATUAL COMPÊNDIO CIVILISTA CONFIGURADOS - FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO CONFORME
A EXTENSÃO DO DANO, A CULPABILIDADE DO AGENTE, A CONDIÇÃO FINANCEIRA DAS PARTES E AS PECULIARIDADES
DO CASO CONCRETO - ARBITRAMENTO DE VALOR CONDIZENTE À SITUAÇÃO FÁTICA COMPROVADA PELOS LITIGANTES
- SENTENÇA MANTIDA - RECURSOS DESPROVIDOS. A indenização por dano moral tem dupla função: a de compensar a
lesão extrapatrimonial experimentada pela vítima (fator compensatório), e a de punir o ofensor, servindo-lhe como
sanção, de modo a desestimulá-lo para que não volte a praticar atos ofensivos ao patrimônio moral de outrem (fator
de desestímulo). No entretanto, como o substrato da responsabilidade civil é o dano, é pela extensão deste, pela
culpabilidade do agente, pela condição financeira das partes e pelas peculiaridades do caso concreto que se mede a
indenização (artigo 944 do Código Civil atual). Se for arbitrada em valor muito elevado, significará o enriquecimento sem
causa do ofendido e levará o ofensor à ruína; se em valor irrisório, não cumprirá seu papel sancionatório. – Grifo nosso

TJ-PR - Apelação Cível AC 643903 PR Apelação Cível 0064390-3 (TJ-PR)


Data de publicação: 04/12/2000
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - LEI DE IMPRENSA - PUBLICAÇÃO EM JORNAIS
LOCAIS DE MATÉRIA OFENSIVA À HONRA DO AUTOR - CRIMES DE INJÚRIA E DIFAMAÇÃO CARACTERIZADOS - QUANTUM
INDENIZATÓRIO - AUMENTO PARA COMPENSAR O DANO MORAL SOFRIDO PELO APELANTE - RECURSOS ADESIVOS NÃO
CONHECIDOS - DESERÇÃO - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO PARA ELEVAR O VALOR FIXADO A TÍTULO DE
INDENIZAÇÃO -
DECISÃO UNÂNIME. - Considerando-se as graves ofensas perpetradas contra a honra do apelante, o valor da
indenização deve ser elevado para um montante que seja satisfatório para atender o dano moral causado. - A
preliminar de não conhecimento dos recursos apresentados pelos réus merece ser acolhida, porque não cumpriram
eles o disposto no parágrafo 6º, do artigo 57, da Lei 5.250 /67. – Grifo nosso

“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. FACEBOOK. REDE SOCIAL. SÍTIO DE RELACIONAMENTO. INTERNET.
PROVEDOR DE SERVIÇOS DE INFORMAÇÕES. RESPONSABILIDADE POR FATO DO SERVIÇO. DIREITO DO CONSUMIDOR.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. USUÁRIO VÍTIMA DO EVENTO. OFENSAS DE CUNHO MORAL. Os provedores de acesso
são aqueles que possibilitam ao usuário o acesso à internet e a armazenagem de conteúdo e aplicações que dão vida ao
meio virtual. Os provedores de serviços ou informações alimentam a rede com dados (conteúdo e aplicações que tornam
a própria internet útil e interessante) que podem ser armazenados em provedores de acesso. A relação entre os
provedores e usuários da internet é regida pelas normas do Código de Defesa do Consumidor. Por consumidor
conceitua-se "toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final",
abrangendo os usuários da internet que se utilizam das redes sociais. Os provedores se enquadram como fornecedores
de serviços descritos no artigo 3º do CDC visto que são pessoas jurídicas que desenvolvem as atividades de criação,
transformação, distribuição e comercialização de serviços de informação telemática a ser utilizada no meio virtual. A teor
do artigo 17 do CDC, quanto à responsabilidade por fato do serviço, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento, qual seja, a ofensa realizada por meio da rede social ORKUT, não sendo sequer imprescindível que o ofendido
seja usuário dos serviços do provedor de informações. Fica ao arbítrio do magistrado a fixação do 'pretium doloris',
devendo, contudo, ser observados parâmetros razoáveis para que seja atendido tanto o caráter punitivo da parte que
deu causa, bem como o sofrimento psíquico e moral suportado pela vítima. Apelo parcialmente provido para reduzir o
valor fixado”. (Apelação Cível 1.0261.12.000961-6/001, Relator(a): Des.(a) Cabral da Silva , 10ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 25/06/2013, publicação da súmula em 05/07/2013)

Processo - Apelação Cível 1.0628.13.000242-9/001 0002429- 08.2013.8.13.0628 (1) -


Relator(a) Des.(a) Marcos Lincoln - Órgão Julgador / Câmara - Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL – Súmula NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO - Comarca de Origem - São João Evangelista - Data de Julgamento - 13/11/2013 - Data da
publicação da súmula - 19/11/2013 Ementa - EMENTA: < AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INTERNET.
"FACEBOOK". PUBLICAÇÃO DE MENSAGENS OFENSIVAS À HONRA E IMAGEM DA PARTE AUTORA. REVELIA. DANO
MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM. 1) Presumem-se verdadeiros os fatos narrados na inicial, desde que versem sobre direito disponível, se a
parte ré não oferece contestação no prazo legal. 2) A publicação em rede social de mensagens pejorativas, desprovidas
de provas, com o intuito de denegrir a imagem da parte autora, configura ato ilícito, passível de indenização. 3) A
quantificação do dano moral obedece ao critério do arbitramento judicial, que, norteado pelos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, fixará o valor, levando-se em conta o caráter compensatório para a vítima e o
punitivo para o ofensor, devendo o valor arbitrado observar os princípios da razoabilidade e se aproximar dos
parâmetros adotados por este egrégio Tribunal e pelo colendo Superior Tribunal de Justiça.

Feitas estas considerações, entende a parte autora que um valor que certamente não o
fará mais rico, nem a requerida mais pobre, e que certamente servirá de base a compensar os danos
sofridos, bem como punir exemplarmente o mesmo de modo a coibi-lo de realizar tais atos novamente,
deve ser fixado em torno de R$15.000,00 (quinze mil reais) a título de danos morais e ainda ao valor de
R$5.000,00 (cinco mil Reais) a título de indenização pelo dano temporal.

DA NECESSÁRIA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

Feitas estas considerações, entende o autor que o caso em comento guarda relação e
preenche os requisitos do procedimento da tutela antecipada de urgência, prevista no art. 300 do NCPC,
in verbis:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Sem prejuízo, acrescente-se a isso o disposto no art. 11 da Lei de Ação Civil Publica que
regulamenta a concessão das tutelas e liminares:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o
cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou
de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Também o CDC., possibilita a concessão da tutela inaudita altera pars, em situações


como a esposada nesses autos, senão confira-se:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.
(...)
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito
ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do
autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Também o Marco Civil da Internet estabelece:

Art. 19. (...)

§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da coletividade na
disponibilização do conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança da alegação do autor
e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Com efeito, passemos a análise dos requisitos para a concessão da tutela.

No que diz respeito a probabilidade do direito, ora Exa., como dito alhures, dezenas de
dispositivos legais revelam o arcabouço de irregularidades e abusos perpetrados pela rede social.

Tais abusos passam pela subjetividade do Contrato de Adesão, intitulado Termos e


Condições de Uso e seus Adendos, até a falta de transparência na execução deste, eis que o mesmo
permite flagrante mitigação de tráfego, sem a necessária observação dos limites legais para tanto,
sobremaneira ao se imputar a prática de algo, sem qualquer chance de defesa e sem comprovar,
efetivamente a prática.
Acrescente-se a isso a forma abrupta e inadvertida da aplicação das penalidades,
destacando-se, sobretudo o fato de que a rede primeiro aplica a penalidade, e apenas DEPOIS informa o
usuário que sofreu a sanção, e ainda assim de forma singela, e incompleta, inviabilizando até mesmo, uma
defesa mínima, sem ainda esclarecer pontualmente o motivo, mantendo a subjetividade padrão de análise
para a tomada de decisões da rede, que pode bloquear domínios ou banir por infinitos motivos não
especificados de forma objetiva, como manda a lei brasileira.

No que diz respeito ao perigo de dano e também ao perigo de dano ou o risco ao


resultado útil do processo, de se frisar, que ambos estão presentes.

O dano em verdade já vem ocorrendo pois a imagem e reputação da parte autora


continuam sob suspeita haja vista o bloqueio inesperado e abrupto.

A propósito, as provas juntadas nos autos não deixam margem de dúvidas sobre o
fumus boni juris presente.

Por seu turno, a requerida não terá nenhum prejuízo material ou moral irreversível,
podendo, com um simples clique devolver a conta da parte autora, até porque ja removeu e devolveu a
conta outras vezes administrativamente, embora nao o tenha feito desta vez.

Repise-se: além de tratar-se de uma operação simples, a requerida não terá qualquer
ônus para cumprir a obrigação.
Alias, em atenção ao princípio da uniformização jurisprudencial, pede-se permissa
vênia para juntar em anexo várias decisões proferidas por Tribunais de todo país de ações idênticas a
presente, aliás, promovidas pelo mesmo subscritor, onde juízes e Cortes vem reiterando a necessidade de
concessão de tutela de urgência em casos como o da presente ação, com se vê de recente decisão
envolvendo a própria requerida:

5ª Vara Cível - Foro Regional II - Santo Amaro - PROCESSO: 1070241-15.2019.8.26.0002 - INSTITUTO ACORDA BRASIL X
TWITTER BRASIL REDE DE INFORMAÇÃO LTDA - Juiz(a) de Direito: Dr(a). Eurico Leonel Peixoto Filho - Vistos. Defiro a
tutela liminar requerida Na inicial, da causa de pedir exposta verifica-se que a parte autora fazia uso de serviços
prestado pela requerida, promovendo a divulgação e discussão de fatos da atualidade, notadamente do cenário
político e econômico, apontando a natureza jornalística de muitas de suas colocações e manifestações . Aponta a
súbita retirada de suas publicações e impedimento de acesso à conta então mantida, classificando tal medida como
censura. E em juízo de cognição sumária tem-se que o restabelecimento da conta da requerida e restabelecimentos de
seus acesso e publicações é medida necessária para impedir a ocorrência de danos de pouca ou impossível
reversibilidade. Com efeito, firmado o pacto, ainda que indireta sua remuneração, sua solução impunha o necessário
apontamento de causa justa e necessária para tanto, não se descurando a importância do serviço diferente prestado,
hoje meio indiscutível de comunicação e divulgação de pensamentos, substituto de outros meios de relacionamento
social, ou instrumento deles. Outrossim, dada a relevância do serviço e existente, apontado que foi, a divulgação de
informações de natureza jornalística, a abrupta retirada do conteúdo e impedimento de acesso ao serviço, em um
primeiro momento, ainda que ausente a versão da ré, consiste em medida ilícita, possível de configurar censura,
impondo a concessão da tutela liminar para que a parte ré restabeleça e mantenha a conta da parte autora em sua
plataforma (L: https://twitter.com/mavancabrasil), restabelecendo pleno acesso e conteúdo, inclusive às publicações
então existentes, em 24 horas a contar de sua intimação, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 , válida por 60 dias. A
presente decisão vale como ofício, cumprindo à parte autora seu encaminhamento. Cite-se para contestar em 15 dias.
Int. São Paulo, 11 de dezembro de 2019.

E não apenas este, mas várias tutelas de urgência foram concedidas poaís afora em
situações onde as rede sociais vem abusando do direito de seus usuários, incidindo em censura, como se
confere de alguns julgados, neste exato sentido:

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ 7ª VARA CÍVEL E EMPRESARIAL
DE BELÉM 0862609-28.2019.8.14.0301 AUTOR: EDER MAURO CARDOSO BARRA Nome : FACEBOOK SERVICOS ONLINE
DO BRAS IL LTDA. Endereço: Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 700, 5 ANDAR, Itaim Bibi, SãO PAULO - SP - CEP:
04542-000 DECISÃO/MANDADO Vistos. ÉDER MAURO CARDOSO BARRA ajuizou a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS TEMPORAIS E MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA em face de FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, ambos qualificados nos autos. Juntou
documentos. Segundo consta no bojo da peça exordial que ensejou o ajuizamento da presente ação, o autor,
objetivando divulgar seus trabalhos e atividades parlamentares e no fã de ampliar sua rede de seguidores, contratou os
serviços de páginas ofertados pela empresa ré, alocados sob o link: https://www.facebook.com/edermauropa. Alega o
autor que, diante de sua postura combativa à frente das pautas que defende e que estimulam o debate, não tardou para
que os serviços de página contratados atraíssem milhares de seguidores, totalizando, até a data de ajuizamento da
presente ação, mais de 350.000 (trezentos e cinquenta mil) seguidores que, não apenas compacutavam com os
posicionamentos do autor, como também cola boravam na divulgação de seu trabalho como parlamentar. Aduz que,
entre a contratação até o início de 2019 tudo ia bem, à exceção da percepção de que seu alcance de publicações havia
sido reduzido drasticamente. Afirma, todavia, que foi surpreendido ao constatar que, mesmo tendo aumentado, de lá
para cá, o número de seguidores, o tráfego gerado pelos usuários começou a cair vertiginosa e progressivamente. Relata
que, postagens que antes chegavam a um alcance de milhares de seguidores diariamente (gráficos em anexo),
começaram a c air cada vez mais. Que o envolvimento dos seguidores representado pelas curtidas, comentários e
compartilhamentos começaram a d esabar de forma notória, já que os seguidores passaram a deixar de receber o
conteúdo, ainda que aceitando recebê-los. Alega que, em outras palavras, sem que lhe fosse dado qualquer
conhecimento prévio, a empresa ré reduziu de forma abrupta o alcan ce e, consequentemente, o tráfego da página
contratada pelo autor, sem sequer se dar ao trabalho de apresentar uma justificativa plau sível para tanto. Aduz, ainda,
que frequentemente divulgava temas ligados a valores de família, defesa do cidadão de bem em detrimento de
bandidos, combate à corrupção, flexibilização de leis sobre o armamento civil e pelo posicionamento contrário às
políticas desarmamentistas, além da defesa dos direitos de autoridades policiais, em razão do que é classificado como
um político de direita. Que após haver se manifestado em defesa de um policial que reagiu a assalto do qual fora vítima,
fato esse mostrado inclusive através da TV aberta e vídeos de circulação nacional, o FACEBOOK aproveitou para excluir a
página do autor, sem qualquer aviso prévio, sob o argumento de divulgação de conteúdo violento, em atitude clara de
perseguição ideológica, fato esse ratificado a quando da presença da representante do FACEBOOK na Câmara dos
Deputados para tratar do assunto da presente demanda, convocada que foi através da Comissão de Segurança Pública e
Combate ao Crime Organizado daquela Casa Legislativa, a qual se mantinha e dialogava sempre separadamente com
Deputados e Deputadas de Esquerda. Que págin u autor hav con do mp sm n fo excluída g nd so qu havia violado seu
Contrato de Adesão, denominado Termos e Condições de Uso. Afirma, todavia, que não foi ofertada maiores explicações
sobre o ocorrido, simplesmente removendo-se a página em sua totalidade, sem, sequer, oportunizar ao autor qualquer
chance de defesa. Por esses motivos, requereu a concessão da tutela de urgência para que o réu seja compelido a
restabelecer o acesso do autor a sua página alocada sobre o link “https://www.facebook.com/edermauropa”, nos exatos
termos em que se encontrava antes da retirada do ar, no prazo de 05 (cinco) dias, bem como para que se abstenha de
proceder a qualquer bloqueio ou banimento futuro, até o trânsito em julgado da decisão a ser proferida no bojo dos
autos da presente ação, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), sem prejuízo de eventual possibilidade
de redução ou aumento, dependendo das circunstâncias do caso. É o relatório. DECIDO. Nos termos do art. 300 do CPC,
a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo. Pois bem. Analisando os autos, ainda que em sede de cognição sumária,
vislumbro, prima facie, o preenchimento dos requisitos da tutela de urgência para seu deferimento. Explico! Do pedido
de restabelecimento da página do FACEBOOK: Não obstante a análise oportuna da conduta do autor apontada como
abusiva pela rede social ré, o que será possível após o efetivo contraditório, sob uma apreciação perfunctória da
narrativa disposta no bojo da exordial, atrelada à ampla gama de documentos anexados aos autos, constata-se fortes
indícios de violação ao direito à liberdade de expressão e à livre manifestação de pensamento do autor, já que os
serviços de páginas contratados junto ao réu, alocados sob o link “https://www.facebook.com/edermauropa” ainda
são mantidos fora do ar, como se infere dos documentos acostados sob o ID. 14129900. Analisando-se tal situação sob
a luz do disposto nos comandos previstos no art. 5º, incisos IV, IX, e ainda, no art. 220 da Constituição Federal Pátria –
CF/88, que garantem a liberdade de expressão independentemente de censura ou licença, acrescido ainda pelo
Decreto nº 678/92 - Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica – que
compreende a liberdade de expressão como a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda
natureza, sem consideração de fronteiras por qualquer meio de sua escolha, reconhecendo, ainda, a vedação à
restrição ao direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares,
vislumbro a presença dos requisitos do art. 300 do CPC, mormente porque a manutenção da situação presente, ou
seja, a permanência do banimento da página contratada pelo autor, incide per si, em imposição de limites proibidos
por lei, até prova em contrário. Cumpre ressaltar que a empresa ré, em resposta à notificação encaminhada pelo autor
(ID. 14129904), não foi clara ao apontar os motivos que a levaram a excluir a página da rede social, especificamente, a
postagem, publicação ou prática que tenha violado os Termos de Uso do Site FACEBOOK. Ora, não se pode olvidar que a
matéria posta em Juízo é regulamentada pela Lei nº. 12.965/2014, mais conhecida como o Marco Civil da Internet, o
qual estabelece os princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para
atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à referida matéria, tendo como
fundamento a liberdade de expressão, com fundamento nos art. 1º e 2º do diploma legal em comento. Acrescente-se a
isso, a necessária observância das normas constantes no Código de Defesa do Consumidor – CDC, haja vista a relação de
consumo existente entre as partes. Nesse sentido, resta patente que o ordenamento jurídico pátrio, representado pelas
normas constitucionais e legais que regulam a internet no Brasil, tem priorizado a liberdade de expressão, o direito de
acesso de todos à informação, o conhecimento e a participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos, de
forma a impedir a censura e a discriminação dos usuários, por motivo de origem, raça, sexo, cor, idade etc. Destarte,
enquanto não há prova em contrário, milita em favor do autor a presunção de que agiu dentro dos limites legais,
devendo lhe ser garantido o direito à liberdade de expressão e manifestação, o que não impede a reanálise da tutela que
ora se defere após o efetivo contraditório, oportunidade em que o réu poderá expor as razões e motivos que lhe levaram
a excluir a página do autor do FACEBOOK. Repiso, portanto, que os requisitos do art. 300 do CPC, ao menos nesse
momento processual, restaram evidenciados, e, no que se refere ao requisito do perigo de dano, convém destacar a
função que o autor exerce na vida política do país, sendo certo que a conduta da parte ré afeta diretamente a divulgação
de seu trabalho enquanto parlamentar junto aos seus eleitores e demais seguidores. Por derradeiro, verifico que se trata
de uma medida simples a ser tomada pela empresa ré enquanto desenvolvedora de seu próprio sistema, salientando
que a decisão não será capaz de lhe causar danos irreparáveis, não havendo que se falar em irreversibilidade do
provimento antecipado (art. 300, § 3°, CPC). Do pedido de abstenção de qualquer bloqueio ou de banimento futuro da
página do FACEBOOK, até o trânsito em julgado da sentença a ser proferida na presente ação: No que se refere ao
pedido em tela, este Juízo, compulsando os documentos probatórios anexados aos autos, não ficou convencido do
alegado pela parte autora e entende que os requisitos legais contemplados no art. 300 do CPC ainda não restaram
evidenciados, o que nos remete ao contraditório. Ante o exposto, presentes os requisitos previstos na lei, com fulcro no
art. 300 do CPC, DEFIRO PARCIALMENTE O PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, e por via de
consequência, determino que a parte requerida restabeleça a página do autor alocada sob o link
“https://www.facebook.com/edermauropa”, nos exatos termos em que se encontrava antes da retirada do ar, no
prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), sem prejuízo de eventual
possibilidade de redução ou aumento, dependendo das circunstâncias do caso. Defiro o pedido de inversão do ônus da
prova, nos termos do art. 373, § 1º do CPC c/c art. 6º, inciso VIII do CDC, haja vista a verossimilhança das alegações do
autor, bem como diante de sua hipossuficiência no plano jurídico-processual, especialmente diante da dificuldade de
comprovar seu direito em Juízo. Designo o dia 09.06.2020 às 10h00 para audiência de conciliação. Intime-se a parte
autora na pessoa de seu advogado (CPC, art. 334, § 3º). Cite-se e intime-se a parte ré, via CARTA PRECATÓRIA, para
comparecer à audiência, alertando-a de que se não houver autocomposição ou qualquer parte não comparecer, o prazo
para oferecer contestação é de 15 (quinze) dias, e terá início a partir da audiência ou, se o caso, da última sessão de
conciliação (art. 335, I, CPC). Se não contestar, presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pela parte
autora (art. 344, CPC). O réu poderá ainda informar seu desinteresse na realização do ato acima designado, caso em que
seu prazo para contestar será contado na forma do art. 335, II, do CPC. Ficam as partes cientes de que o
comparecimento em audiência acompanhadas de advogado é obrigatório, e que a ausência injustificada caracteriza ato
atentatório à dignidade da justiça a ser sancionado com multa de até 2% (dois por cento) da vantagem econômica
pretendida ou do valor da causa (art. 334, § 8º, CPC). As partes, no entanto, podem constituir representantes por meio
de procuração específica, com poderes para negociar e transigir (art. 334, § 10, CPC). A cópia deste despacho servirá
como mandado nos termos do art. 1º, do Provimento 003/2009-CJRMB, de 22.01.2009. Cumpra-se, expedindo-se o
necessário. Belém, 03 de dezembro de 2019. ROBERTO CEZAR OLIVEIRA MONTEIRO Juiz de Direito da 7ª Vara Cível e
Empresarial da Capital. – grifos nossos.

No mesmo sentido:

ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO Comarca de Itajaí - 4ª Vara Cível - Autos n°0308924-
23.2016.8.24.0033Ação:Procedimento Comum/PROC - AGRAVANTE: Weuker Carlos de Oliveira - Réu: Facebook Serviços
Online do Brasil Ltda. - Vistos para decisão.Trata-se de ação de obrigação de fazer ajuizada por Weuker Carlos de
Oliveira em desfavor de Facebook Serviços Online do Brasil Ltda., todos qualificados, na qual objetiva, em sede de tutela
antecipada de urgência, seja a ré compelida a restabelecer a página/perfil que mantinha na internet junto ao requerido.
É a síntese do necessário. Decido.Passo a analisar o pedido de tutela de urgência, porquanto o processo esta pronto para
julgamento, pois depende apenas de prova documental. No entanto, conforme orientação do TJSC o processo deve
aguardar a ordem de conclusão para ser sentenciado, o que poderá prejudicar a parte AGRAVANTEa se se aguardar até a
prolação da sentença. A concessão da tutela de urgência, segundo dispõe o artigo 300 do Código de Processo Civil,
depende de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo. Diferente da concepção inicial que indeferiu o pedido de tutela de urgência, com a apresentação da
contestação ocorreu o esclarecimento dos fatos, o que autoriza a concessão do pedido de tutela provisória. A defesa
apresentada pelo requerido informa que houve a mudança da página para 'Pirigueteane Sincera' e que os perfis que a
administravam foram removidos do site Facebook, sem qualquer prova por parte da demandada. Pode o requerido
desabilitar os perfis que violam os termos de usos e condições da plataforma ou que afetem direitos de terceiro,
porém, não restaram comprovados os motivos que o levaram a esta atitude. Isso porque os documentos que instruem
o pedido inicial evidenciam que houve a retirada da página/perfil do ar (fls. 80/81), sem prévia justificativa. Presente,
destarte, a verossimilhança das alegações o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ao resultado
útil do processo, o deferimento do pleito liminar é medida que se impõe. Ante o exposto, DEFIRO o pedido liminar
para determinar que a AGRAVADA restabeleça a página/perfil do AGRAVANTE de nome
www.facebook.com/HumorCriticoBlog, nos exatos moldes que estavam (incluídas todas as postagens, quantidade de
curtidas e todas as estatísticas desde a retirada do ar em 22/7/2016), figurando ainda o AGRAVANTE como
administrador da página, no prazo de 5 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), até o
limite de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Intimem-se. Cumpra-se com urgência. Após, retornem os
autos conclusos para julgamento antecipado.

O juízo do Tribunal de Justiça de São Paulo também vem reiterando tal entendimento,
como se extrai da decisão abaixo:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - COMARCA de SÃO PAULO - FORO REGIONAL X – IPIRANGA - 3ª
VARA CÍVEL - Processo nº: 1007620-89.2018.8.26.0010 - Procedimento Comum Cível - Requerente: André Cardoso
Monteiro - Requerido: Facebook Serviços Online do Brasil Ltda - Vistos. 1. Diante da probabilidade do direito deduzido
pelo autor e por não vislumbrar prejuízo para a parte-ré caso o restabelecimento do acesso perseguido pelo autor seja
concedido e eventualmente venha a ser revogado posteriormente, defiro em parte a medida antecipatória pleiteada
e, consequentemente, determino que a entidade-ré restabeleça ou libere o acesso do autor ANDRÉ CARDOSO
MONTEIRO (CPF nº 394.195.148-38) ao seu perfil pessoal e/ou conta
https://www.facebook.com/andre.cardoso.monteiro.ancamo com urgência, não se justificando, ao menos por ora, a
cominação de multa. 2. Expeça-se, com urgência, de ofício à suplicada FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA
para ciência e cumprimento desta decisão, ofício esse que deverá ser encaminhado pela Serventia instruído com cópia
desta decisão. 3. Concedo ao autor o prazo de 15 (quinze) dias para informar qual a renda mensal atualmente auferida,
após o que será decidido o pedido de concessão de Justiça gratuita, bem como para esclarecer se concorda em excluir ou
inutilizar os documentos em língua estrangeira (não traduzidos) juntados aos autos (fls. 197/235) Int. Advogados(s):
Emerson Tadeu Kuhn Grigollette Junior (OAB 212744/SP)

Por força dos mesmos comandos legislativos, também já decidiu o juízo do Tribunal de
Justiça de Rondônia em feito também patrocinado pelo subscritor:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA PODER JUDICIÁRIO Porto Velho - 4ª Vara do Juizado Especial Cível
Processo n. 7007450-19.2019.8.22.0001 AUTOR: GABRIEL DE MORAES CORREIA TOMASETE, RUA PASTOR EURICO
ALFREDO NELSON 2080, APTO 701-B AGENOR DE CARVALHO - 76820-374 - PORTO VELHO - RONDÔNIA ADVOGADO DO
AUTOR: EMERSON TADEU KUHN GRIGOLLETTE JUNIOR OAB nº SP212744 RÉU: FACEBOOK SERVICOS ONLINE DO BRASIL
LTDA., RUA LEOPOLDO COUTO DE MAGALHÃES JÚNIOR 700, 5 ANDAR ITAIM BIBI - 04542-000 - SÃO PAULO - SÃO PAULO
- DECISÃO/ TUTELA DE URGÊNCIA O pedido de antecipação da tutela há que restar deferido, eis que presentes os
pressupostos estabelecidos pelo art. 300 do CPC, pois o pedido de urgência decorre da relação estabelecida entre as
partes (probabilidade do direito) e a suspensão do perfil pessoal do autor poderá lhe causar prejuízos (perigo de
dano). A medida não trará danos irreparáveis à parte requerida, não havendo que se falar em irreversibilidade da
medida imposta que ora se defere, de maneira que atende aos requisitos estabelecidos pela legislação processual (art.
300, §3°, CPC). Ante o exposto, presente a verossimilhança das alegações, com fulcro no art. 300 do CPC, DEFIRO o
pedido de tutela provisória urgente satisfativa (antecipada) reclamada pela parte demandante, e, por via de
consequência, DETERMINO que a parte requerida RESTABELEÇA o acesso do autor a seu perfil pessoal
(https://www.facebook.com/gabrieltomasete), no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, bem como SE ABSTENHA de
bloquear/banir o perfil pessoal retro identificado e a página
(https://www.facebook.com/gabrieltomaseteconsumidor) até final julgamento da demanda, sob pena de multa diária
de R$ 500,00 (quinhentos reais), até o limite indenizatório de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), sem prejuízo dos pleitos
contidos na inicial, de elevação de astreintes e de determinação de outras medidas judiciais que se façam necessárias.
Serve a presente como mandado, devendo o Sr.(a) Oficial(a) de Justiça citar e intimar as partes da presente decisão, bem
como da audiência de conciliação designada para o dia , no CENTRO JUDICIÁRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E
CIDADANIA, localizado na Rua Quintino Bocaiúva n. 3061, esquina com Av. Jorge Teixeira, bairro Embratel, Porto Velho-
RO.
Por tais razões restam evidenciado os requisitos autorizadores da concessão da tutela
ora pretendida, precisamente nos termos indicados no item DOS PEDIDOS lançado no tópico abaixo sob
pena de aplicação de multa diária de R$1.000,00 (um mil Reais), em caso de descumprimento.

DOS PEDIDOS

Ex positis, para que se digne o fiel cumprimento da lei e da mais lidima justiça, requer se
digne V. Exa.:
I – em caráter liminar, sob a égide da TUTELA DE URGÊNCIA:

a) Determinar que a requerida proceda o imediato restabelecimento das contas do


autor, alocados sobre os links: URL: (indicar todos seus ID´s de suas contas)
www.nomedaredesocial/SEUID suspendendo ainda aplicação de novo bloqueio ou
banimento até final julgamento da presente, sob pena de aplicação de multa
pecuniária diária de R$1.000,00 (um mil reais), devendo referida ordem ser
cumprida imediatamente após o recebimento da respectiva intimação/citação

b) Determinar a requerida, que os dados relativos ao conta acima indicada,


sejam guardados pela rede social requerida, mantendo-se sua integridade e
segurança incólume, até final julgamento da presente, devendo se abster de deletá-
los seja que título for, sob pena de multa pecuniária diária de R$1.000,00 (um mil
reais), devendo referida ordem ser cumprida imediatamente após o recebimento da
respectiva intimação/citação.

II – que ao final, seja a presente ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE,


reconfirmando a tutela de urgência, e ainda:

a) Declarar a inconstitucionalidade das condutas de bloqueio impostas pela rede


social requerida ao autor, declarando ainda que referidas condutas importam em
controle e classificação de conteúdo, e portanto, tratam-se de espécie de censura,
cuja prática é vedada pelo ordenamento jurídico nacional por força do Direito a
liberdade de expressão e a livre manifestação do pensamento previstos na CF/88,
no Tratado Internacional denominado Pacto de São José da Costa Rica e no Marco
Civil da Internet;
b) Declarar a abusividade de todas as cláusulas oriundas do Contrato de Adesão,
denominado “Termos e Condições de Uso” disponível em anexo bem como de
todos os “Adendos” a ele vinculados, que possibilitem o controle de conteúdo da
rede e que, por força disso, prevejam a possibilidade de deleção ou bloqueio de
usuários sem aviso prévio, decretando-se a nulidade destas cláusulas;

III - Requer ainda a condenação da requerida ao pagamento do valor de R$15.000,00


(quinze mil reais) a título de danos morais e ainda ao valor de R$5.000,00 (cinco mil Reais) a título de
indenização pelo dano temporal, a serem acrescidos de juros e correção, a contar da data da citação
válida;

IV - A inversão do ônus da prova, com base na Cártula Consumerista; sem prejuízo do


protesto pela produção de todas as provas em Direito, que lhe estejam ao alcance, incluído o depoimento
pessoal da requerida, a oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos, entre quaisquer outras;

V - A citação da requerida por carta AR com aviso de recebimento, no endereço


indicado na qualificação alhures, para, caso queira, responder a presente nos termos da lei, sob pena de
revelia, ex vi do art. 344 do NCPC;

VI – A condenação da requerida ao pagamento de eventuais custas e despesas


processuais, além de honorários advocatícios a serem arbitrados por V. Exa. observados os parâmetros
fixados no NCPC. E Lei 9.099/95;

VII - Uma vez que o presente feito é processado no âmbito do processo eletrônico, caso
sobrevenham eventuais notificações e intimações através do site deste E. Tribunal, requer que o(a) autor
seja seja regularmente comunicado previamente através de e-mail ( SeuE-mail@seuemail.com )
meramente informativo (PUSH) acerca destas intimações, sob pena de nulidade, nos termos do art. 5º,
parágrafo 4º da Lei n. 11.419/06;

Informa outrossim, que não tem interesse na designação de audiência de conciliação.

Dá-se a causa, o valor de alçada de R$20.000,00 (vinte mil Reais)

Termos em que, pede aguarda deferimento.


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