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Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional

Alegações de Propriedades Funcional e ou


de Saúde em Alimentos

Prof. Me. Monique Lima dos Santos Cotias


Graduação em Nutrição – UFRB
Mestrado em Microbiologia – UFRB
Docente dos cursos de graduação em Nutrição - Estácio/UNEF/FAN
INTRODUÇÃO

“Faça com que o seu alimento seja o seu medicamento, e o


seu medicamento, o seu alimento”

(Hipócrates 460-370 a.C.)


INTRODUÇÃO
 A ideia de alimento funcional surgiu inicialmente em 1920;

 Através da utilização do iodo como meio de prevenção e


tratamento para o bócio apresentando assim, além da função de
nutrir, uma ação fisiológica.

 No entanto, o conceito regulamentado de “alimento funcional” foi


utilizado pela primeira vez no Japão no final da década de 1980.

(BIANO, 2008; SANTOS, 2011).


INTRODUÇÃO
 Alimentos que reduzissem os gastos com saúde pública;

 País pioneiro na formulação do processo de regulamentação


específica dos alimentos funcionais;

 1991 - Conhecidos como alimentos para uso específico de saúde –


FOSHU;

 Trazem um selo de aprovação do Ministério da Saúde e Bem-Estar.


INTRODUÇÃO
 O princípio foi adotado mundialmente;

 As denominações das alegações ou claims, bem como os critérios


para sua aprovação variam de acordo com a regulamentação de
cada país;

 É importante considerar a regulamentação do mercado a que se


destina o produto.
INTRODUÇÃO

Transição Nutricional no Brasil

Consumo de
alimentos
industrializados

Consumo de
alimentos in
natura

(BRASIL, 2013; BRASIL, 2014)


INTRODUÇÃO

Transição Nutricional Transição Epidemiológica

Desnutrição
DCNT
Carências nutricionais

Têm se expandido as divulgações acerca de uma


alimentação saudável, como incentivo à maior
consciência por parte dos consumidores quanto ao
consumo de alimento que auxiliem na manutenção do
organismo ao invés daqueles que lhe são prejudiciais

(BRASIL, 2013; BASHO; BIN, 2010)


INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

 O aumento da expectativa de vida em conjunto com o aumento da


incidência das doenças crônicas não transmissíveis favoreceu o
crescimento pela procura de um estilo de vida saudável, com
equilíbrio alimentar

(VIDAL et al., 2012).


INTRODUÇÃO

Percebe-se que este incentivo tem promovido a busca por hábitos


alimentares saudáveis, o que evidencia o crescente interesse dos
consumidores pelos alimentos considerados funcionais, uma vez que
estes, além de fornecerem a nutrição básica e energia para o
metabolismo, também promovem benefícios à saúde.

(MORAES, COLLA, 2006)


INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
 Os alimentos funcionais auxiliam no funcionamento fisiológico e
metabólico, trazendo benefícios tanto para a saúde física quanto
mental;

 Além de prevenir o surgimento de doenças crônicas degenerativas,


uma vez que apresentam em sua composição substâncias bioativas
que são responsáveis por sua funcionalidade.

 Entretanto, os alimentos funcionais não devem ser usados para o


tratamento de doenças agudas ou para cuidados paliativos

(VIDAL et al., 2012)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 No Brasil, a indústria deve seguir a legislação do Ministério da
Saúde – ANVISA;

 Resolução n° 16/1999 - Regulamentos referentes aos


procedimentos para registro de alimentos e/ou novos ingrediente;

 Resolução n°17/1999 - Diretrizes básicas para a avaliação de


riscos e segurança dos alimentos;
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Resolução n°18/1999 - Diretrizes básicas para análise e
comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas
em rotulagem de alimentos;

 Resolução n°19/1999 - Os procedimentos para registro de


alimento com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde
em sua rotulagem
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Portaria n°15/1999- Estabeleceu a Comissão de Assessoramento
Técnico Científico de Alimentos Funcionais e Novos Alimentos
(CTCAF).

 Através dessas resoluções, o Brasil foi o pioneiro da América Latina


a possuir uma legislação referente às alegações das propriedades
funcionais e/ou de saúde.

(NITZKE, 2012)
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Portaria 386/ 2005 - A denominação da CTCAF foi alterada para
Comissão de Assessoramento Tecnocientífico em Alimentos com
Alegação de Propriedade Funcional e, ou, de Saúde e Novos
Alimentos

 Esta comissão é responsável:


 Fornecer consultoria e assessoramento em matéria referente a
alimento funcional e novos alimentos;
 Avaliar a documentação científica, a eficácia das alegações e
os pedidos de registro visando garantir segurança à saúde do
consumidor.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

ANVISA – Não define Alimento Funcional

Alegação de propriedade funcional é aquela relativa ao papel


metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no
crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções
normais do organismo humano.

Alegação de propriedade de saúde é aquela que afirma, sugere ou


implica a existência da relação entre o ali mento ou ingrediente com
doença ou condição relacionada à saúde.

(ANVISA, Resolução n° 18, de 30/4/1999)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 “O alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais ou
de saúde, pode além de exercer funções nutricionais básicas,
quando se tratar de nutriente, produzir efeitos metabólicos e ou
fisiológicos, e ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro
para o consumo, sem supervisão médica.”

Para apresentarem alegações de propriedade funcional


e/ou saúde deve ser obrigatoriamente registrado junto ao
órgão competente.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 RDC n° 2/2002 - Se aplica as diretrizes a serem adotadas para a
avaliação de segurança, registro e comercialização de substâncias
bioativas e probióticos isolados com alegação de propriedades
funcional e, ou, de saúde apresentadas como formas farmacêuticas;

 (cápsulas, comprimidos, tabletes, pós, granulados, pastilhas,


suspensões e soluções).
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Diretrizes para utilização da alegação de propriedades
funcionais e ou de saúde:

(ANVISA, Resolução n° 18, de 30/4/1999)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Diretrizes para utilização da alegação de propriedades
funcionais e ou de saúde:

(ANVISA, Resolução n° 18, de 30/4/1999)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Evidências científicas aplicáveis, conforme o caso, à comprovação
da alegação de propriedade funcional e ou de saúde:

 Composição química com caracterização molecular, quando for o


caso, e ou formulação do produto;
 Ensaios bioquímicos;
 Ensaios nutricionais e ou fisiológicos e ou toxicológicos em animais
de experimentação;
 Estudos epidemiológicos;
 Ensaios clínicos;

(ANVISA, Resolução n° 18, de 30/4/1999)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Evidências abrangentes da literatura científica, organismos
internacionais de saúde e legislação internacionalmente reconhecida
sobre as propriedades e características do produto;

 Comprovação de uso tradicional, observado na população, sem


associação de danos à saúde.

Além de garantir a segurança do alimento, essas resoluções


determinam que as alegações sejam cientificamente
comprovadas e não induzam o consumidor ao erro
(ANVISA, 2016)
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Registro de alimentos com alegação de propriedades
funcionais e ou de saúde em sua rotulagem.

Relatório Técnico Científico contendo as seguintes informações:


 Denominação do produto;

 Finalidade de uso;

 Recomendação de consumo indicada pelo fabricante;

 Descrição científica dos ingredientes do produto, segundo espécie


de origem botânica, animal ou mineral, quando for o caso;
 Composição química com caracterização molecular, quando for o
caso, e ou formulação do produto;

(ANVISA, Resolução n° 19, de 30/4/1999)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 Descrição da metodologia analítica para avaliação dos
componentes objeto da alegação;

 Texto e cópia do leiaute dos dizeres de rotulagem do produto de


acordo com os regulamentos de rotulagem e as DIRETRIZES BÁSICAS
PARA ANÁLISE E COMPROVAÇÃO DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS
E OU DE SAÚDE ALEGADAS EM ROTULAGEM DE ALIMENTOS;

(ANVISA, Resolução n° 19, de 30/4/1999)


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

O registro na Anvisa é obrigatório tanto para as substâncias


bioativas e probióticos isolados como para alimentos com
alegação de propriedade funcional e, ou, de saúde e para os
alimentos novos e novos ingredientes, produzidos no Brasil ou
importados.

 Mesmo para os produtos de origem animal, de competência do


Ministério da Agricultura, o processo referente à comprovação das
alegações deve ser encaminhado pelo referido Ministério à Anvisa
para análise.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 ANVISA (2016) determinou quais são os nutrientes e os não
nutrientes que possuem alegação de propriedades funcionais e/ou
de saúde:

Fonte: ANVISA, Resolução n°2, de 07/1/2002; ANVISA, 2016.


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: ANVISA, Resolução n°2, de 07/1/2002; ANVISA, 2016.


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: ANVISA, Resolução n°2, de 07/1/2002; ANVISA, 2016.


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: ANVISA, Resolução n°2, de 07/1/2002; ANVISA, 2016.


FIBRAS ALIMENTARES
Alegação
“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu
consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e
hábitos de vida saudáveis.”
Requisitos específicos
Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto
pronto para consumo forneça no mínimo 3g de fibras se o alimento for
sólido ou 1,5g de fibras se o alimento for líquido.

Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a


quantidade de fibras alimentares.
No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e
similares, os requisitos acima devem ser atendidos na recomendação
diária do produto pronto para o consumo, conforme indicação do
fabricante.

Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós


e similares, a seguinte informação, em destaque e em negrito, deve
constar no rótulo do produto:

“O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de


líquidos”.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 A propaganda e a publicidade destes produtos são fiscalizadas
pela Anvisa, através da Gerência de Monitoração e Fiscalização
da Propaganda, de Publicidade, de Promoção e de Informação de
Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária – GPROP.

 Qualquer folheto de informação ao consumidor, que componha a


embalagem do produto, ou seja, um instrumento de divulgação do
mesmo, não poderá veicular informação alusiva as suas
propriedades que não sejam aquelas aprovadas pelo órgão
competente da Anvisa para constar em sua rotulagem, conforme
estabelece o Artigo 23 do Decreto- Lei n º 986/69
REFERÊNCIAS
 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução n° 2, de 07 de Janeiro de
2002. Aprova o Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação
de Propriedades Funcional e/ou de saúde. Rotulagem. Brasília, 2002.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n° 15, de 30 de abril
de 1999. Institui, junto à Câmara Técnica de Alimentos, comissão de assessoramento de alimentos
funcionais e novos alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 14 maio 1999. Seção 2. 1999.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. VisaLegis.
Resolução 16, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para
registro de Alimentos e ou Novos Ingredientes.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. VisaLegis.
Resolução 17, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as Diretrizes
Básicas para Avaliação de Riscos e Segurança dos Alimentos.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. VisaLegis.
Resolução 18, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as Diretrizes
Básicas para Análise e Comprovação de Propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em
rotulagem de alimentos.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. VisaLegis.
Resolução 19, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para
Registro de Alimento com Alegação de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde em sua Rotulagem.

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