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Ricardo da Costa
A Inveja
Na Arte Medieval e Renascentista
Ricardo da COSTA (mailto:ricardo@ricardocosta.com)
Armando Alexandre dos SANTOS (mailto:aasantos@uol.com.br)
Trabalho apresentado no
XI Encontro de História da Arte
Da percepção à palavra: Luz e Cor na História da Arte
(http://www.unicamp.br/chaa/eha/)
evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em História da Arte
(http://www.humanas.unifesp.br/ppgha)
do IFCH da UNICAMP (http://www.ifch.unicamp.br/), entre os dias 19 e 23 de outubro
de 2015
no Campus Barão Geraldo, Campinas-SP.
É evidente também por quais razões se sente inveja, contra quem e em que estado de
ânimo, se é verdade que a inveja é certo pesar pelo sucesso evidente dos bens já
referidos, em relação aos nossos iguais, não visando ao nosso interesse, mas por causa
deles.
Tais pessoas, com efeito, sentirão inveja das que são iguais a ela ou parecem sê-lo.
Chamo iguais aos semelhantes em nascimento, parentesco, idade, hábito, reputação e
bens. São igualmente invejosos aqueles a quem pouco falta para possuírem tudo (por
isso os que fazem grandes coisas e os felizes são invejosos), pois crêem que todos
tentam arrebatar o que lhes pertence. E os que obtêm distinções especiais por alguma
razão (...) É evidente também de que pessoas se tem inveja, pois isso já foi exposto
conjuntamente: com efeito, inveja-se os que estão próximos pelo tempo, lugar, idade,
fama [e nascimento]. Donde se disse1: Porque a parentela sabe também invejar.2
Imagem 1
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A Inveja (1306). Giotto (c. 1266-1337). Cappela Scrovegni (ou Cappela Arena), Pádua. Afresco, 120 x
55 cm.
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aspecto é discreto. Não porta joias nem adornos. A seu lado, também
antropomorficamente, o Orgulho. É um rei sentado sobre um leão, também
com uma espada na mão. Suas vestes, de púrpura (cor imperial), são pomposas.
Está coroado, e com um colar cheio de pedrarias. Os dois animais simbolizam,
cada qual a seu modo, a ferocidade, e as espadas que os dois personagens
brandem também remetem às ideias da violência e da crueldade.
A posição do pescoço do rei indica o desprezo profundo que o orgulhoso sente
pelos outros; os trajes discretos e a aparência recatada da figura feminina
parecem sugerir a falsa modéstia e a hipocrisia que, muitas vezes, são atributos
dos invejosos. É de notar que o invejoso não olha de frente, mas de soslaio,
característica de seu olhar maldoso e mal-intencionado.
Imagem 4
Os sete pecados capitais (c. 1475-80), de Hieronymus Bosch (1450-1516). Óleo sobre madeira, 120 x
150 cm, Museo del Prado, Madri (https://www.museodelprado.es/coleccion/obra-de-arte/mesa-
de-los-pecados-capitales/3fc0a84e-d77d-4217-b960-8a34b8873b70).
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A Inveja nunca deixa de falar mal dos outros: se conhecesse o mais nobre de todos que
existe desse lado do mar ou do outro, ela tentaria ofendê-lo; e se fosse um homem tão
íntegro que ela não conseguisse fazê-lo cair de seu mérito, nem derrubá-lo, ao menos
lhe agradaria diminuir seu valor e sua honra, falando dele o menos possível. Na pintura
vi que a Inveja tinha um olhar mau, pois não olhava de frente, somente de soslaio,
dissimulando; esse era um mau costume seu, não contemplar nada abertamente, pelo
contrário, só fechava um olho com desprezo, desdenhando e ardendo de raiva ao ver
alguém nobre, formoso ou gentil, querido e estimado por todos. (“Primeira parte” de O
Romance da Rosa
(https://www.ricardocosta.com/sites/default/files/pdfs/nonada_n_25.pdf))
...uma velha muito alta e esquelética, barbuda, com longos fios de cabelo nas
sobrancelhas, os olhos forrados por uma espécie de entretela, ambos de cor vermelha,
lacrimosos e com remelas, toda enrugada e pálida, tão seca e magra que seu pescoço
parecia o de um violão, sem carne alguma entre a pele e os ossos; usava uma roupa de lã
negra e fosca, grossa, muito velha e desbotada, rasgada e muito despedaçada; descalça,
com os pés cheios de bolhas e em algumas ranhuras vertia um sangue purulento...
Tremia-lhe a cabeça, o queixo e as mãos, e sua boca não tinha dentes nem molares;
escorria-lhe a saliva da boca, e água do nariz; suas orelhas pareciam pêssegos secos ou
passas, e seus dedos e juntas eram como sarmento de dois ou três anos podados da
cepa; a pele de seu corpo aos pedaços caía, e não lhe parecia senão cepa ou parreira que
cai com o corte; e finalmente, nem a macacas velhas e com sarnas nem a qualquer outra
coisa, por mais vil e desprezível que fosse, ela podia ser comparada.
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Fontes
https://www.ricardocosta.com/artigo/inveja-na-arte-medieval-e-renascentista 12/14
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Notas
1. ÉSQUILO, fr. 305, Nauck 2.
2. ARISTÓTELES. Retórica das Paixões (introd., notas e tradução do grego: Isis Borges B.
da Fonseca). São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 68-69.
3. Sab., 2, 23-25.
4. Gen, 3, 5.
5. Gen, 4, 1-16.
7. II-IIae, q. 36.
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