O documentário Arquitetura da Destruição, nos faz refletir de forma mais
atenta, para o que seria o início da construção da estética nazista na Alemanha. E cá, eu me pergunto: pode a arte ser má? Pode a beleza ser destrutiva e mortífera? Podemos enaltecer a beleza ao ponto dela se tornar causa de um extermínio sem igual?
Dentro desse contexto, acredito ser interessante uma rápida pontuação
de como podemos definir a condição humana e, pensa-la como: às formas de vida que o homem impõe a si mesmo para manter-se vivo, e que, são condições que tendem a suprir a existência humana, que variam de acordo com lugar e o momento histórico.
A estética abarcada pela cultura, que se expressa pela arte, é o resultado
das emoções que emergem das percepções vivenciadas no mundo, ou onde se vive, podemos dizer que a cultura advém dos indivíduos do lugar, onde formam esse complexo sentido social. A arte pode ser representada de diferentes formas, tais quais: a música, pintura, escultura, poesia etc., ela proporciona a vivência de novas experiências por meio de reflexão; torna possível a criação de novos laços sociais, estimula a expressão de opiniões e sentimentos. A arte consagra a diversidade humana, não a exclui, nem a extermina.
No documentário, vimos a adoração que Hiltler tinha pela arquitetura, pela
beleza e perfeição que compreendiam as artes da antiguidade (foco na Grécia), da época medieval (foco em Roma) e, seu desprezo pela modernidade. Ele denominou a Arte Moderna de “Arte Degenerada”, a arte de bolchevistas e judeus. É por esse caminho e, através de uma grande campanha midiática pelo país que, ele consegue ir construindo uma” Arquitetura do Mal”, um mal que parece se transformar em uma espécie de oxigênio para ele. E assim vão se somando pessoas na obra, vão formando a alienação em massa, distorcendo valores, a moral, a ética, a estética, a cultura. E tudo isso dando um contorno especial de beleza na destruição. Agora, está erguida a Arquitetura do mal, onde “indivíduos sociais”, viram indivíduos de massa da dominação totalitária, eis o fascismo.
A concepção de beleza nazista, é uma visão de perfeição nos traços
humanos e arquitetônicos (espelhados da Grécia e de Roma, assim como as artes em geral), é nisso que se funda a arte e a cultura alemã nesse período, uma condição humana com vistas e prática da “Eugenia”, a formação de uma raça pura e bela alemã. Para tal, os alvos humanos “indignos de viver” seriam: os criminosos, degenerados, deficientes mentais (os primeiros), ciganos, homossexuais, judeus (estes, sobre uma incontrolável ira e desprezo), vadios, insanos e fracos, deveriam ser eliminados da cadeia da hereditariedade
Destarte, pensar na condição humana de forma antropológica, como
seres culturais produtores de obras materiais, de pensamentos, ou de forma mais restrita, na produção das artes, das letras e de outras manifestações culturais, a tudo isso, eu me questiono sobre a natureza humana, discussão longínqua e persistente durante os séculos entre os filósofos. O que nos cabe de verdade e de real em nossa natureza?