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FEUP | 2019/20

Curso | Engenharia e Gestão de Processos de Negócio – UF2

Exercício de aplicação

Identificação dos processos críticos da SoMaquinas

José A. Faria
Janeiro de 2020
Exercício de aplicação

Identificação dos processos críticos da SoMaquinas

A partir da descrição da empresa SoMaquinas contida no anexo 1 deste enunciado e tendo presente os
conceitos de processo core, de suporte e de gestão e que os processos são iniciados por um evento de
trigger e executados com o objetivo de alcançar resultados com valor para o cliente, interno ou externo:

1. Comece por identificar os processos críticos da SoMaquinas classificando-os em core, gestão ou


suporte

2. Preencha o quadro do anexo 2 para uma caraterização sumária dos processos que identificou

No final, e como habitualmente, submeta o seu trabalho no Moodle até à antevéspera da próxima
sessão (se possível, até ao domingo anterior).

Como preferir, pode realizar o trabalho individualmente ou em conjunto com um outro Colega.

--- Bom Trabalho ---


ANEXO 1. Caso de estudo SoMaquinas

(nota: os elementos do texto com um impacto direto sobre o mapa de processos estão salientados a
sublinhado e negrito)

1 Caraterização geral da empresa e da atividade

A SoMaquinas é uma empresa industrial, fundada em 1974, especializada na produção de bens de


equipamento destinados ao setor de produção de calçado.

Um dos fatores diferenciadores da empresa tem a ver com o facto da sua atividade abranger toda a
cadeia de valor: desde o pedido do cliente à instalação do produto final. Assim, a SoMaquinas é
responsável diretamente pela gestão dos pedidos dos clientes (propostas e encomendas de produtos e
serviços); é igualmente da exclusiva responsabilidade da empresa a conceção e desenvolvimento do
produto, a produção, a instalação e assistência após venda de máquinas, equipamentos e sistemas.

Apesar da conceção e produção dos produtos fabricados ser da inteira responsabilidade da empresa,
podem ser contudo subcontratadas tarefas associadas a tecnologias específicas que a empresa não
possua ou domine.

O volume de negócio da empresa tem nos últimos anos apresentado a seguinte estrutura: 35%
produtos de catálogo, 40% produtos com requisitos específicos do cliente e 25% relativo a serviço pós-
venda (reparações, assistência técnica, etc.).

A atual gama de produtos conta com mais de 30 modelos de equipamentos, cobrindo todos os estágios
do sector de corte, costura, montagem e de acabamentos da indústria de calçado. Algumas das
máquinas são oferecidas no mercado há mais de 10 anos. Cada vez mais as máquinas são
desenvolvidas com base em requisitos específicos a cada cliente, originando novos produtos e/ou
alterações de produtos de base já existentes, exigindo consequentemente um trabalho mais intensivo de
projeto/conceção.

A complexidade destes produtos é significativa podendo cada equipamento conter, com facilidade,
várias centenas de componentes.

Apesar de existirem diferentes configurações/dimensões para os principais produtos, pode-se considerar


que os produtos a produzir encontram-se limitados ao portefólio da empresa.

Alterações ao produto podem ser por exemplo ao nível da cor, ao nível das especificações de
alimentação elétrica, etc. Existem, contudo, situações em que são feitos equipamentos específicos e
únicos a pedido de clientes. Geralmente as encomendas são precedidas de orçamentos/propostas
elaborados em função dos pedidos dos clientes (em média cerca de 40% das propostas originam
encomendas de clientes).

Presentemente, a empresa encontra-se numa fase de expansão e reorientação do negócio, que assenta
em três pilares fundamentais:

I. reorientar a atividade de “fornecedor de máquinas” para “fornecedor de soluções” ou seja ter


capacidade de desenvolver e implementar soluções orientadas às necessidades especificas dos
seus clientes;

II. melhoria da qualidade do serviço prestado ao cliente;

III. excelência operacional nos diferentes processos de negócio da empresa.

Para desenvolvimento de cada um destes pilhares, a SoMaquinas lançou um conjunto de ações


operacionais ao nível interno. Assim, para endereçar o Pilar I, criou uma equipa de engenharia
multidisciplinar e desenvolveu parcerias com empresas especializadas em atividades complementares à
sua área de atividade principal; para o Pilar II, criou o conceito de Gestor de Cliente e para o Pilar III,
lançou um programa operacional de ‘lean thinking’ abrangendo todas as áreas da empresa.

Em termos organizacionais, a empresa segue o modelo clássico das organizações estruturadas de forma
hierárquica e funcional. A ilustração seguinte apresenta o organigrama geral da empresa.

Administração

Direcção Geral

Grupo
Dinamizador da Gestor do
Qualidade Sistema de
Informação

Direcção Direcção Direcção Direcção Direcção Direcção


Administrativa Compras Vendas Técnica Fabril Qualidade
Preparação
ROC Secretariado Secretariado

Técnicos Armazéns Divisão Divisão Resp.


Mecânica Eléctrica GQ
Administrativos RAC RAMPS Maq.
RMJ REJ
Departamento Administrativo Departamento Comercial
Técnicos Técnicos
Maq. Pint. Mont. Elect. CQ
TD TD Elect.

Departamento Técnico Departamento de Produção Departamento de


Qualidade
2 Processo produtivo

Em termos de produção, a SoMaquinas pode


caracterizar-se como uma indústria de
manufatura com modelo de produção discreta
seguindo uma implantação funcional. O
fluxograma genérico do processo produtivo
duma máquina é o representado na figura
seguinte.

As matérias-primas, após inspeção e


armazenamento na empresa, são submetidas a
processos de corte, maquinagem e soldadura,
dando origem aos vários componentes metálicos das máquinas em produção. Alguns desses
componentes são ainda submetidos a um processo de pintura.

Na SoMaquinas não existe linha de montagem. Em vez disso, ao nível fabril existem ‘áreas’ ou ‘mini-
fábricas’ orientadas a um determinado grupo ou família de produtos. Nestas áreas são construídas as
máquinas com a incorporação na estrutura
de base dos diversos componentes Armazém
Componentes
Pintura Montagem
Final
Armazém
Matéria-Prima

fabricados na secção de maquinagem ou


na própria área, ou provenientes do
armazém de componentes. Após esta pré-
montagem passa-se à operação de pintura.

A montagem final realiza-se com a


incorporação de componentes elétricos,
mecânicos e pneumáticos na estrutura
metálica previamente produzida. Estes
componentes (normalizados) são
adquiridos no exterior, realizando-se a sua Gabinete Técnico Pré-montagem Maquinagem

inspeção e armazenamento na empresa


(armazém de componentes).

Como já anteriormente referido, a SoMaquinas recorre à subcontratação para a realização de processos


que não podem ser realizados dentro da empresa, ou no caso de haver necessidade de aumentar a
capacidade produtiva. Assim, é comum recorrer a subcontratados para fabrico de componentes em
ferro fundido (fundição de areia), conformação de chapa, tratamentos de superfícies metálicas,
montagem de placas de comando eletrónicas e quadros especiais de comando e desenvolvimento de
software.
Na SoMaquinas, na área da produção, cada produto tem um ‘dono’, isto é, a cada produto está
associado um ou mais colaboradores especializados. Basicamente, durante o fabrico do produto, o
dono do produto é responsável por todas as atividades associadas ao produto de que é responsável
(fabrico de componentes, integração de componentes maquinados, pré-montagem, montagem e
ensaio funcional final).

Mesmo as atividades de assistência/manutenção mecânica, externas ou internas, são desenvolvidas


sempre pelo ‘dono do produto’.

3 Planeamento da produção

O sistema de produção da SoMaquinas é orientado à encomenda, isto é, é do tipo MTO (Make-to-


Order).
PLANEAMENTO

A empresa planeia a sua COMPONENTES

produção em função das


encomendas dos seus clientes Preparação
Maquinagem Montagem
Eléctrica
e da capacidade fabril

MÁQUINAS
Montagem
disponível, produzindo em Estruturas
Montagem
MATÉRIAS Montagem
Famílias Pintura
Final
pequenas séries (máximo de 15
PRIMAS
Produtos
Corte

unidades por produto).


Tratamentos Automação

O departamento de produção
é responsável pela definição das especificações técnicas dos produtos a serem fabricados de acordo
com as encomendas dos clientes, assim como pela preparação de toda a informação de
acompanhamento ao longo da produção (desenhos, gamas operatórias, fichas de registo de
componentes, fichas para ensaios e verificações, etc). Refira-se, contudo, que quando são necessários
desenhos adicionais ou novos é o gabinete técnico que é responsável pela sua elaboração.

No caso geral, o ciclo produtivo associado a uma máquina é longo. Tipicamente uma série de máquinas
pode demorar cerca de 2-3 meses em produção, dependendo do tipo de produto e da quantidade. O
planeamento da produção consiste em definir, a partir das encomendas firmes e de previsões de
vendas, o tipo e quantidade de produtos a fabricar. Estes planos de produção, de produtos finais, dão
origem a pedidos de produção/aprovisionamento às diferentes secções da produção (maquinagem,
sector elétrico, etc.).

Com frequência verifica-se a alteração dos trabalhos em curso em função da necessidade de adiantar
entregas ou satisfazer encomendas pontuais consideradas estratégicas para a empresa.
As ordens de produção são muito agregadas, isto é, funcionam como que pedidos de entrega de
produto/componentes aos respetivos clientes (a maquinagem é cliente da secção de corte; as áreas de
pré-montagem são clientes da maquinagem, etc.). A gestão dos pedidos é feita pelo planeamento às
diferentes secções ou áreas fabris (por exemplo, à secção de maquinagem pedem-se as peças
maquinadas para o produto X, ao sector elétrico pede-se o respetivo quadro, etc.).

Cada uma das secções ou áreas é responsável pela sua gestão interna, nomeadamente, decidir a
sequência de produção, o aprovisionamento dos materiais/componentes que necessita, etc.).

A empresa tem implementado um sistema de recolha de informação, integrado com o sistema de


gestão fabril, baseado em código de barras (as ordens de produção encontram-se integralmente
codificadas com códigos de barras). O sistema de recolha é usado unicamente como meio de afetar a
cada uma das ordens de produção os custos dos componentes e das matérias-primas assim como os
custos de mão-de-obra e de máquina. Refira-se que as gamas operatórias estão totalmente codificadas
com códigos de barras, isto é, o código da gama operatória assim como cada uma das atividades que a
compõem.

4 Inspeções e ensaios

Na SoMaquinas são efetuadas as seguintes inspeções:

 Receção dos materiais provenientes dos fornecedores (confrontar o material recebido com a guia de
remessa e inspeção dimensional dos produtos recebidos e as caraterísticas técnicas dos produtos).

 Saída dos postos de fabrico e montagem mecânica: inspeção (em regime de autocontrolo) ao nível
dimensional e visual

 Saída do posto de montagem elétrica: verificações de acordo com planos de montagem


Anexo 2: Caraterização sumária dos processos críticos da SoMaquinas

Processo Trigger Resultados Atividades (ou fases) principais

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