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Autor: Aline Alencar S. Moura, Roziane dos Santos Gonçalves e Valéria Assunção
Lima
Data: 26/12/2011
RESUMO:
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da educação escolar
para o desenvolvimento da criança, considerando que a Educação Infantil é uma etapa
relevante na medida em que proporciona na criança desenvolver-se integralmente em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
Sabe-se que fora da escola os alunos não têm as mesmas oportunidades de acesso ao
conhecimento. Nessa perspectiva, baseando-se em estudos de Áries (1981) busca-se
refletir sobre a importância da Educação Infantil para a progressão da infância; em
Freud (1973) e Piaget (1974) para a compreensão das fases do desenvolvimento infantil,
as quais devem ser levadas em consideração; e ainda Antunes (2004) e Hermida (2007)
para o entendimento de como deve ser o espaço ideal para que a criança alcance os
objetivos que dela se esperam.
A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL
O período que se estende da gestação até os seis anos de idade é considerado o mais
importante para o desenvolvimento da criança, pois é nessa fase que a criança
estabelecerá suas conexões com o mundo, corroborando esta afirmativa Antunes (2006,
p. 9) declara que a criança "precisa desenvolver-se plenamente nos aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, por meio de uma educação bem estruturada que atenda
as necessidades da criança", porém essa relevância não foi sempre considerada ou
mesmo conhecida, pois durante muito tempo a criança não era reconhecida como um ser
que precisava de cuidados e educação específicos para a sua faixa etária e para cada fase
do seu desenvolvimento.
Até o período da Idade Média a criança era vista como um adulto em miniatura, um ser
que precisava ser treinado para suas atividades quando alcançasse a idade mínima para
tal. Até mesmo suas roupas eram semelhantes às roupas dos adultos, e como destaca
Ariès (1981, p.32), "a diferenciação das vestes objetivava apenas manter visíveis os
degraus da hierarquia social". A presença da criança nas obras de arte, ao serem
retratados nos momentos familiares, junto a outros adultos, brincando ou presente nas
cenas da crucificação, segundo Ariès (1981, p.21) sugere duas ideias:
Dessa forma, expondo a criança como um ser que não possuía características e valores
próprios que fossem dignos de respeito e por isso eram tratadas como uma subclasse
que antecedia tornar-se humano, como um animal irracional que a partir do momento
que tivesse suas faculdades físicas amadurecidas seria considerado como um indivíduo
racional.
Outras publicações como o documento divulgado pelo MEC em 1998: Subsídios para
credenciamento e o funcionamento das instituições de educação infantil e a edição do
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil como parte dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, visando à elaboração de currículos de educação infantil, cuja
responsabilidade foi delegada pela LDB a cada instituição e seus professores. Em 1999
o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil que como afirma Heidrich (2010, p.2) "Esses documentos são,
hoje, os principais instrumentos para elaboração e avaliação das propostas pedagógicas
das instituições de Educação Infantil do país", desempenhando um importante papel na
organização da educação infantil, pois são eles que fornecem as bases para se
compreender os direitos que cabem a todas as crianças.
Pela ótica de Freud (1973) o comportamento humano é orientado pelo impulso sexual,
que o mesmo chamou de libido, que significa prazer, assim pode-se descrever a
sequência em que ocorrem as manifestações do impulso sexual distinguindo-as em
cinco fases, onde a transição entre elas é gradual, pois a duração varia de um indivíduo
para outro. A fase oral (0 18 meses) ocorre durante os primeiros anos de vida, onde a
zona de erotização é a boca, os lábios e a língua, são os órgãos de satisfação da criança,
seus desejos são orais. A fase anal (18 meses a 3 anos) é o período que a criança
aprende a controlar as fezes e a urina, sua atenção está voltada ao funcionamento anal.
A fase fálica (3 a 7 anos), é o período em que o papel sexual começa a ser assumido
pelos órgãos genitais. Nessa fase do desenvolvimento sexual, o objeto de interesse para
a criança de ambos os sexos é o pênis. Esse período apresenta grande tensão e muitas
dificuldades para a criança. "Sua solução é importante para o desenvolvimento normal e
os desvios em sua resolução estão atrás de quase todas as dificuldades neuróticas dos
adultos de nossa cultura" (BALDWIN, 1973, p. 344).
A fase de latência (7 a 12 anos) período este correspondente aos anos escolares, quando
a criança estará voltada para a aquisição de habilidades, valores entre outros. Contudo
esta fase é de calmaria, na qual os impulsos são impedidos de se manifestar surgindo
sentimentos como a vergonha, repugnância e moralidade. A fase genital refere-se à fase
adulta, período de concretização da identidade na qual o ser já está pronto para se
envolver sexualmente.
Dessa forma, torna-se fundamental a existência da educação infantil à medida que tem o
caráter de complementar à educação recebida da família. Caso a criança em casa não
tenha acesso a uma aprendizagem "adequada", consequentemente caberá a ela construir
a partir das possibilidades que lhe é disponível. Assim cabe a escola assumir um lugar
onde a criança se desenvolva, proporcionando apoio e estímulos indispensáveis a cada
fase da vida. Conforme o pensamento de Bujes (2001, p. 21 apud HERMIDA, 2007, p.
227)
Além disso, faz-se necessário delinear espaços físicos que atendam o ritmo de "ser
criança", sendo que esta precisa encontrar no espaço educativo um ambiente que prime
pela cultura infantil, seus valores e ansiedades. Para que se realize um trabalho eficaz na
educação infantil, precisa-se sensibilizar o olhar para as vivências, ações e reações das
crianças no cotidiano escolar, estabelecendo uma rotina estruturada, percebendo a
criança como um sujeito afetivo, criando vínculo emocional que fortaleça a relação
entre adultos e crianças, permitindo espaço para o diálogo e a reflexão.
Diante disso, é imprescindível que o educador que atua nesse nível de ensino, conheça o
processo de como as crianças pequenas aprendem e se desenvolvem, ocupando um
espaço primordial na concepção da formação desses profissionais. Uma vez que,
segundo Hermida (2007, p. 289)
Assim sendo, acredita-se que os ambientes escolares devem ter qualidade em seu
atendimento, tanto no espaço físico quanto na preparação dos profissionais, garantindo
os direitos básicos à educação e um cuidado atencioso às crianças. Para que isso
aconteça de fato, é necessário que se tenha profissionais habilitados para que esse
atendimento seja confiável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ARIÈS, P. Historia Social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
FREUD, S. Três ensaios sobre a sexualidade. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1973.
HEIDRICH, G. Educação Infantil no Brasil: cem anos de espera. Revista Nova Escola,
mar.2010. Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/educacao-
infantil/educacao-infantil-no-brasil/educação-infantil-brasil-cem-anos-espera-
540838.shtml?page=1>.Acesso em 06 fev. 2011