Arteterapia 03

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Programa de Educação

Continuada a Distância

Curso de Arteterapia

MÓDULO III

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este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
MÓDULO III

3. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ARTÍSTICOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO

3.1 ENCONTRO DA PSICOLOGIA COM A ARTE

Como já estudado, as expressões de estados internos são presentes no


percurso da história do homem, a arteterapia surgiu, distinguindo-se como
alternativa terapêutica a partir de 1930, quando alguns psiquiatras, tiveram sua
atenção voltada para os trabalhos desenvolvidos por alguns pacientes e procuraram,
então, uma ligação entre suas as produções artísticas e a psicopatologia que os
acometia.
Nesta crescente e contínua evolução, a arte passou a ser utilizada em
psicoterapia, com valor terapêutico, no sentido de propiciar os elementos de criação
e as possíveis análises e elaborações posteriores, ou mesmo “insights” do paciente
sobre a natureza de sua criação.
Seguindo o ciclo de desenvolvimento da psicologia, no período
contemporâneo nasceram algumas linhas de tratamento psicológico, são elas:
Gestalt (ênfase nos processos de percepção e na psicologia da forma), Psicanálise
(Freud, seu maior representante, fala dos mecanismos inconscientes), Análise de
Jung (Jung, seu maior defensor e primeiro psicoterapeuta a utilizar a arte como
forma de expressão do inconsciente, interpreta os rituais como recursos de defesa
para minimizar a ansiedade diante do conteúdo inconsciente). Posteriormente,
outras linhas de abordagem psicoterapêutica foram surgindo e determinaram toda a
evolução que a psicoterapia tem atualmente, algumas delas: Behaviorismo
(valorização do meio, das contingências ambientais e as relações de causa e efeito,
reforços e punições), Fenomenologia (o fenômeno é analisado da maneira como se

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manifesta a nossa consciência), Psicodrama (vivência da realidade pelo
reconhecimento das diferenças e dos conflitos e facilitação na busca de alternativas
para a resolução do que é revelado, uso de técnicas de dramatização).
Segundo Pain e Jarreau (1994), a arteterapia é uma atividade de
estimulação à execução de imagens pela expressão artística, buscando respostas
em pacientes/clientes para que possam se auto-observar, promovendo reflexões
sobre desenvolvimento pessoal, habilidades, interesses, preocupações e conflitos.
Os pesquisadores em arte e educação descobriram que a expressão por
meio da arte era um facilitador na aquisição de aprendizagens significativas, na
expressão simbólica e emocional, na expressão não verbal e na aquisição de novas
habilidades.
A American Art Therapy Association (1991) postula que a arteterapia e sua
prática são baseadas no conhecimento sobre o desenvolvimento humano e nas
teorias psicológicas que, aliados ao desenvolvimento histórico da arte, possibilitam,
em amplo espectro, modelos para o acesso e os tratamentos educacionais,
terapêuticos, cognitivos, na resolução de problemas, na redução da ansiedade, na
estimulação de uma autoimagem positiva, etc.
Segundo Monteiro (2007) o autorreforço, ou seja, a satisfação, na emissão
dos comportamentos livres da expressão artística possibilita a modelagem de
diversos comportamentos e também a autoexpressão e o relaxamento.
Uma vez instalado o comportamento de representar, com recursos artísticos,
emoções, sensações e pensamentos, os comportamentos disfuncionais são
passíveis de ser modificados diante de representações e possibilitam novas
discriminações, além de uma clareza do transcurso habitual entre ambiente
(estímulo) – pensamento – sentimento para o indivíduo, promovendo, assim, o
autocontrole (CARVALHO, 2001).
A validade da vivência da atividade artística é tida no poder de experienciar,
ter curiosidade; e ao final, quando o trabalho é concluído, observar as
consequências, desenvolvendo criatividade, espontaneidade, o que pode tornar a
pessoa mais consciente, enquanto as regras tornam as pessoas mais alienadas,
rígidas e ansiosas, dificultando a resolução de problemas.

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Philippini (1994) escreveu sobre o desenvolvimento da arteterapia no Brasil,
fundamentando que a arte é usada como ferramenta terapêutica, entretanto, é vista
por segmentos mais conservadores, com reservas. Contudo, dentro do universo
junguiano, ela sempre esteve presente entre as estratégias terapêuticas dos que
trabalham com esta abordagem. Parte-se da premissa que os indivíduos, em seu
processo de autoconhecimento e transformação, são orientados por símbolos. Estes
emanam do self, centro de saúde, equilíbrio e harmonia, representando o pleno
potencial da psique e a sua essência. Na vida, o self, por meio de seus símbolos,
precisa ser reconhecido, compreendido e respeitado.
O objetivo da arteterapia, na visão junguiana, é o de apoiar e o de gerar
instrumentos apropriados, para que a energia psíquica forme símbolos em variadas
produções, o que ativa a comunicação entre o inconsciente e o consciente
(PHILIPPINI, 2000).
A arteterapia preserva esse processo, na medida em que oferece inúmeros
materiais para que o indivíduo sinta-se livre na escolha daquele que mais lhe for
apropriado. Isso tende a facilitar o despertar da criatividade e desbloquear as
defesas inconscientes. As informações que aparecem na produção podem ser,
reprimidas, ignoradas e encobertas na mente humana, e essas informações
colaboram para o desenvolvimento de toda a dinâmica intrapsíquica, ao serem
transportadas à consciência por meio do processo arteterapêutico.
De acordo com Valladares e Novato (2001) este processo é facilitado pelas
modalidades e materiais expressivos diversos, tais como tintas, papéis, colagens,
modelagem, construção, confecção de máscaras, criação de personagens e outras
infinitas possibilidades criativas. Todos propiciam o surgimento de símbolos
indispensáveis para que cada indivíduo entre em contato com aspectos a serem
entendidos, assimilados e alterados.
As modalidades expressivas devem ser criativas e variadas para o alcance
da compreensão simbólica, e também da função organizadora específica de cada
símbolo. Por isso, é muito importante que o setting terapêutico seja munido de
instrumentos indispensáveis à viabilização desse processo, uma vez que o símbolo

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contém por meio da linguagem metafórica, o sentido de todos os enigmas psíquicos
(PHILIPPINI, 2000).
Pela arte o paciente transmite o seu sentimento, sua maneira de pensar e o
modo como vivencia e compreende o mundo, fazendo-o de acordo com a sua
evolução mental, emocional, psíquica e biossocial.
A produção constitui a reprodução do conhecimento e a estruturação,
constituição e reconstituição do nosso universo interior, pois todo processo criativo,
após o momento de se deixar levar, experimentar e explorar materiais surge como
uma necessidade de organizar, de colocar junto, de arranjar e elaborar o trabalho
final.
Com a ansiedade crescente do mundo globalizado, da informação, da
rapidez, cresce a ansiedade, a contradição e o questionamento. Esses aspectos
devem ser favorecidos por modalidades expressivas que permitam analisar, inventar
e compreender.
Na análise dos trabalhos em arteterapia, é necessário que o terapeuta
observe todo o processo (como começou, se precisou de ajuda, refez alguma etapa
do processo, não aceitou o erro, não gostou do trabalho...). O arteterapeuta deve
avaliar as possibilidades de intervenção que venha ao encontro do objetivo da
terapia.
A Arteterapia permite infinitas opções de descoberta e reflexão, o que
favorece o equilíbrio emocional do paciente. Ele desenvolve sua criatividade e
imaginação, anulando suas tensões e trazendo à tona suas emoções, temores e
fantasias.
As propostas trabalham com o equilíbrio psicológico e colaboram no
desenvolvimento motor, intelectual e social, auxiliando no crescimento afetivo,
psicomotor e cognitivo, pois permite a criação, a experimentação, o que gera o
prazer de novas descobertas e uma forma mais satisfatória de se expressar e de se
comunicar, uma vez que muitos pacientes têm dificuldades na sua oralidade. As
técnicas construtivas promovem uma melhor consciência e harmonia corporal.

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Segundo postulam Valladares e Novato (2001), podemos considerar que a
partir do trabalho arteterapêutico pode-se trazer benefícios seja a nível simbólico
(pelas imagens) como a nível comportamental. No atendimento de crianças, a
Arteterapia ajuda a passar pelos diversos estágios de desenvolvimento. A linguagem
não verbal da Arteterapia tem acesso a esse mundo infantil, ajudando a criança a
desenvolver seu universo sensorial, sua consciência corporal, sua capacidade de
representação e construção. Desta forma a criança materializa seus conteúdos
emocionais, confrontando-os e os fazendo interagir para, finalmente, internalizá-los,
elaborando seu mundo interno e seu mundo externo. Vejamos abaixo o diagrama de
benefícios que a arteterapia pode produzir:

Ajuda no
relaxamento
Promove
Diminui Autoexpressão
a ansiedade

Melhora a
consciência Diminui a
corporal insegurança

Arteterapia

Melhora o
Comunica relaciona-
conflitos mento no
grupo

Desenvolve
imaginação e Descarre-ga
criatividade tensões

Melhora a
autoestima

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A meta inicial da arte na terapia é propiciar uma liberdade expressiva para
que o paciente possa se auto-observar e sentir a si mesmo.
O objetivo, em longo prazo, é que o indivíduo discrimine um maior número
de respostas de reação ao ambiente, podendo promover em seus comportamentos a
chave para seu restabelecimento e manutenção de sua qualidade de vida.

“A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que

ultrapassam os limites do conhecimento; é aí que se encontra o

seu reino. Toda a ciência do mundo não seria capaz de penetrá-

lo.” ((Lionello Venturi)).

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3.2 PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO DO ARTETERAPEUTA

Para Selma Ciornai (2004), há três vertentes possíveis em Arteterapia:

I. A arte em terapia: utilização de trabalhos de arte no tratamento


psicoterápico e psiquiátrico, focalizando a atenção no material
expresso no trabalho da arte (material inconsciente) e do processo de
compreensão do significado simbólico das imagens, buscando insights
sobre os conteúdos ali projetados.
II. A arte como terapia: centrado no valor terapêutico do processo criativo
e do fazer artístico em si. É um meio de a arte contribuir para o
desenvolvimento de uma organização psíquica da pessoa, seu senso
de identidade e seu amadurecimento de forma geral. Complementa e
apoia a psicoterapia, mas não a substitui.
III. A arte como terapia: o valor terapêutico da atividade artística está tanto
no processo de criação quanto nas possíveis análises e elaborações
posteriores sobre o processo de criação e os trabalhos realizados.

A arte na terapia valoriza a criatividade e o fazer artístico em si, contribui


para a organização psíquica, reforçando a identidade do paciente e seu
desenvolvimento global, abrindo as portas para o processo de cura.
A arteterapia recebeu notável adesão dos psicoterapeutas por seu uso não
restringir nenhum tipo de paciente, mesmo em seus aspectos mais elementares e
nas diversas dificuldades apresentadas, pois poderia ser utilizada por pacientes que
revelassem dificuldades em falar sobre as questões inerentes ao problema
apresentado.
Segundo reportagem publicada (on-line) pela revista de psicologia Catharsis,
a arteterapia é utilizada em instituições de Reabilitação Física, como AACD, e/ou
Deficiência Mental, como APAE e outras, Hospitais Psiquiátricos, como Juqueri,
Hospital das Clínicas, Pinel e outros, Hospitais de Clínica Geral com clínica de

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queimados e mutilados, setores das doenças degenerativas como Câncer, AIDS,
Esclerose Múltipla, Alzeimer, etc. O centro de referência de São Paulo (AIDS) possui
psicólogos trabalhando com artes com múltiplas funções (SIC). Na clínica privada,
em consultórios, a arte tem sido excelente instrumental nas terapias sexuais,
familiares e nos problemas do dia a dia, principalmente nos casos de dificuldade de
comunicação verbal oral. A arteterapia nos hospitais tem várias vantagens como o
atendimento do paciente no leito ou nas salas de espera. São usuais salas de
atendimento coletivo a crianças. O Centro Odontológico de Araçatuba aplica
arteterapia aos pacientes deficientes mentais. A arte também é utilizada como
veículo nos treinamentos empresariais. Entre os próprios artistas, o valor terapêutico
das atividades tornou-se significativa na autocorreção e na profilaxia. O apoio da
Semiótica, principalmente nos aspectos sociais amplos da Psicologia da Arte e da
Arteterapia permitiu que os métodos fossem mais facilmente transmitidos no país
derivando daí pesquisas interculturais.
As principais linhas de psicoterapia, que atuam e se fundamentam dentro
das vertentes acima citadas, que consolidaram o uso da arte no processo de
tratamento foram: a Análise de Jung, a Gestalt e o Psicodrama. Vejamos agora cada
uma delas em particular.

3.2.1 Psicologia Analítica

Carl Jung foi o primeiro psicoterapeuta a utilizar a arte (pintura, escultura,


bricolagem) como forma de expressão do inconsciente no tratamento com pacientes
psicóticos (em razão de suas dificuldades de fala). Sua Psicologia Analítica baseava-
se no conhecimento dos “mitos”, ou seja, dos discursos explicativos que não são
“racionais e lógicos”, com uma lógica própria, que é contraditória, ambígua,
paradoxal, lacunar, simbólica, figurativa, imaginativa, alegórica, arquetípica e
estética.

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A primeira leitura de mundo que formulamos está carregada de uma
consciência mítica, ou seja, das características do discurso mítico; portanto, os mitos
continuam a fazer parte de nossa vida, como uma das formas de pensar ou de
imaginar o existir humano.
Os mitos procuram equacionar e responder aos desejos de nosso
inconsciente, que são neles projetados pelo discurso ambíguo e paradoxal, por isso
sua importância para a arteterapia.
Para Jung as funções psicológicas fundamentais eram: pensamento,
sentimento, sensação e intuição.
O pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados
de critérios impessoais, lógicos e objetivos com a missão de analisar as alternativas
e de elaborar julgamentos e tomar decisões.
Os indivíduos em que predomina a função do pensamento são chamados de
reflexivos, ou seja, são grandes planejadores, estabelecem metas e são fiéis as suas
teorias, acima de qualquer suspeita.
Já aqueles dominados pelo sentimento, são orientados para o aspecto
emocional da vida, preferem emoções fortes e intensas (mesmo que negativas) a
experiências apáticas e tranquilas. A pessoa sentimental valoriza muito a
consistência e princípios abstratos, toma decisões de acordo com julgamentos de
valores éticos (certo x errado) em detrimento da lógica do reflexivo.
Os indivíduos sensitivos tendem a responder à situação vivenciada
imediatamente, e lidam de forma eficiente com todos os tipos de emergências, estão
prontos para qualquer infortuito.
Para os intuitivos, as supostas consequências da experiência (o que poderia
acontecer, o que é possível) são mais importantes do que a experiência real por si
mesma. Pacientes muito intuitivos dão significado as suas percepções com tamanha
rapidez que, dificilmente, conseguem separar suas interpretações conscientes dos
dados sensoriais.

“Uma obra de arte é um ângulo visto através


de um temperamento”. (Emile Zola)

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3.2.2 Gestalt

Sendo desenvolvida por Frederick S. Perls, a Gestalt-Terapia, teve


colaboração de três fontes distintas: psicanálise (essencialmente na versão
modificada de Wilhelm Reich), a fenomenologia – existencialismo europeu, e a
psicologia da Gestalt.
Sob a ótica gestaltista, o organismo saudável é aquele que está
constantemente se encarregando de matérias (transações organismo-meio) de
importância para a sua manutenção e sobrevivência. A maioria do comportamento
dirigido tem lugar nas fronteiras variáveis do organismo e do meio, onde aquilo que é
novo e alheio no meio ambiente é contatado e converte-se em parte do organismo
(por exemplo, as palavras que são ouvidas e compreendidas).
Dentro da Gestalt se faz muito importante a chamada conscientização, a
qual se desenvolve quando a novidade e complexidade da transação são maiores e
existe um grande número de possibilidades. A tomada de consciência facilita a
eficiência, concentrando todas as qualidades do organismo nas situações mais
complexas e carregadas de possibilidades.
A conscientização é, assim, um estado de consciência que se desenvolve
espontaneamente quando a atenção se concentra em uma região da fronteira de
contato organismo-meio, inclui pensamento e sentimento, mas baseia-se na
percepção atual da situação corrente. Por exemplo, a conscientização de comer
incluiria a aparência, aroma, e paladar do alimento; o sentido cinestésico da
destruição do alimento pela mastigação e deglutição; e os afetos associados de
prazer ou de repugnância. De fato a maioria das pessoas se entrega a devaneios
enquanto come, qualquer coisa menos a atividade organísmica em curso. Como não
acarreta uma satisfação substancial nem resolve com êxito qualquer negócio
inacabado, as suas consequências são tornar o comportamento real em curso
menos satisfatório e criar mais negócios inacabados.

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Neste momento, pode-se estabelecer pontes com a nossa realidade. As
pessoas vagando em suas lembranças ou fantasias, vivendo vários momentos sem
se dar conta do que está fazendo e como está fazendo, quantas pessoas comem
sem ao menos perceber qual alimento estão degustando. Inúmeras vezes, a pessoa
deixa de viver o momento presente, pensando no anterior ou no que virá adiante,
deixando de viver grande parte de sua vida por culpa de suas lembranças e
expectativas, deixando de completar o que foi começado e assim, interrompendo
muitos ciclos. Essa é uma das maiores qualidades da Gestalt-Terapia: fazer com
que o indivíduo viva mais o momento presente, deixando de lado os seus
pensamentos passados e suas expectativas futuras.
A intervenção baseia-se num comportamento atual e concreto, uma
preocupação presente está envolvida. Pergunta-se o que está acontecendo ou o que
é que está fazendo, operando continuadamente para estimular e ampliar o senso de
responsabilidade do paciente de seu próprio comportamento. A Gestalt não nega a
influência do passado importante, realmente presente de alguma forma na
atualidade. O passado pertinente está presente no aqui-agora, se não em palavras,
em tensão e atenção corporal que se espera poder levar à conscientização.
Para a Terapia Gestáltica, a relação que se estabelece com o meio é o que
determinará o nível de saúde mental, no caso de um malfuncionamento psíquico a
conscientização não se desenvolve nesta região de interação e a terapia buscaria
uma reintegração da atenção e da conscientização (eu todo, cônscio daquilo que o
organismo se aplica), superando as barreiras e bloqueios, e ajudando a restabelecer
as condições que o paciente poderá usar a sua própria capacidade de resolução de
problemas.
O terapeuta observa as divisões na atenção e conscientização, em busca de
provas de que a atenção focalizada está se desenvolvendo fora da conscientização.
Além do conteúdo intencional do discurso do paciente, há também metáforas e
imagens, como a seleção da voz, modo e tempo do verbo, todo um fundo linguístico
que modifica e enriquece o significado de suas palavras. Tudo isso se relaciona com
as dificuldades do paciente em viver uma vida organismicamente satisfatória.

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Por esse e outros detalhes, o paciente revela até que ponto evita o contato
com a atualidade corrente, e o quanto as atividades tidas “inconscientes” principiam
se destacando na Gestalt total e competem com o conteúdo verbal. O paciente é
encorajado pelo terapeuta a dedicar alguma atenção a essas outras atividades,
descrevendo o que está fazendo, vendo, sentindo, e assim, compreendendo o que
se passa e ganhando uma conscientização do que está fazendo.
Por exemplo, uma mulher paranoide em terapia, enumera suas queixas
delirantes, como a de que o marido quer envenená-la, mas também menciona uma
dor muito forte na nuca, como se tivesse sido atingida por um golpe de judô e
também diz que seu marido pratica o judô. Não tarda em contar que o marido a
despreza e ignora, flertando com outras mulheres. Temporariamente a solução
paranoide é abandonada por ela.
À medida que o indivíduo recorre a um meio para o bloqueio transitório ou
crônico da conscientização, deixa várias áreas do eu alienadas e inacessíveis,
dificultando mais do que facilitando o fluir da vida. O indivíduo neste estado se sente
fraco e dividido, atraído e repelido por forças estranhas a si próprio, tornando-se
desgracioso e inepto, acumulando “negócios inacabados” (ciclos necessários que
não podem ser completados, a tensão aumenta, mas não há expressão do afeto) e
consequentemente há frustrações.
O pressuposto básico da Gestalt é que os pacientes tratarão
adequadamente dos problemas se souberem quais são e puderem mobilizar todas
as suas capacidades para resolvê-los. Assim, a pessoa mentalmente saudável é
aquela em quem a conscientização pode se desenvolver sem bloqueios, sempre que
a atenção organísmica é provocada, mesmo com conflitos, é capaz de encontrar
soluções rápidas e adequadas, e não amplia os seus problemas reais com
elaborações fantasiosas.
Outra característica central da Gestalt-Terapia é que o paciente, sempre que
possível, realiza a sua própria terapia, as suas interpretações, suas declarações
diretas e sua conscientização, estabelecendo um contato mais íntimo com o mundo
real e com os seus próprios sentidos.

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Na Gestalt, uma imagem é capaz de ter a mesma eloquência que um
discurso falado ou mesmo que um livro. Tudo depende da ordem e da intensidade
em que são organizados: a sua configuração ou forma.
De acordo com os princípios da Gestalt-Terapia e do humanismo é
importante durante o desenvolvimento do processo de arteterapia:

 Dar ênfase ao que o participante/paciente vê ou descreve: o que você


vê?
 Acompanhar o processo de realização do trabalho (ver como o paciente
está realizando o trabalho – como conseguiu chegar ao resultado final).
 Adotar uma conduta dialógica com o paciente (colocar-se no lugar dele,
aceitá-lo, vê-lo com seus próprios olhos)
 O que acontece entre o terapeuta e seu cliente, essa relação deve ser
levada em conta.

Exemplos de trabalhos realizados nesta abordagem:

 Pintura (a dedo, acrílica, óleo, em telas, em tecidos, em porcelanas,


etc.);
 Desenho (grafite, lápis, aquarela, etc.);
 Escultura (madeira, argila, gesso, etc.);
 Artesanato (conforme a especificidade da região);
 Dança (associados aos costumes locais e interesse do paciente);
 Teatro;
 Música.

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Veja a seguir alguns trabalhos de pacientes em arteterapia:

FIGURA 41 – TRABALHO DE ADOLESCENTE EM TRATAMENTO COM


SINTOMAS DEPRESSIVOS

FIGURA 42 – CAIXA DE MADEIRA PINTADA POR PACIENTE EM TRATAMENTO


DE TRANSTORNO BIPOLAR

FIGURA 43 – PRODUÇÃO REALIZADA POR PACIENTE EM TRATAMENTO, COM


DIFICULDADES DE EXPRESSÃO, INTROVERSÃO E TIMIDEZ

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FIGURA 44 – CAIXA DE MADEIRA PINTADA POR UM PACIENTE COM
NECESSIDADES ESPECIAIS

“Todas as artes contribuem para a maior


de todas as artes, a arte de viver.”
(Bertold Brecht)

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3.2.3 Psicodrama

Psicodrama pode ser definido como uma via de investigação da alma


humana mediante a ação. É um método de pesquisa e intervenção nas relações
interpessoais, nos grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma. Mobiliza
para vivenciar a realidade a partir do reconhecimento das diferenças e dos conflitos
e facilita a busca de alternativas para a resolução do que é revelado nas
dramatizações, expandindo os recursos disponíveis da pessoa participante.

FIGURA 45 – TEATRO ESPONTÂNEO

FONTE: Disponível em: <www.saskiapsicodrama.com.br>. Acesso em: 18 fev. 2009.

O uso do Psicodrama no consultório pode ser realizado individualmente ou


em grupo, atuando de forma psicoterapêutica, interpretando, durante uma
dramatização, um ou mais papéis relacionados a seus problemas existenciais, sejam
eles atuais, antigos, reais ou apenas fantasias.

Etapas do Psicodrama:

 Aquecimento: processo de preparação para uma ação. Pode utilizar-se


de arranques (estímulos) físicos ou mentais.
 Dramatização: ação ou atividade decorrente do aquecimento.

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 Compartilhamento e elaboração: após a etapa da ação, a pessoa deve
estabelecer uma análise sobre seus sentimentos e pensamentos
evocados durante o processo resultando numa compreensão mais
profunda de si mesmo e da situação.

Os principais objetivos do Psicodrama são:


 Restabelecer os potenciais de espontaneidade/criatividade das pessoas;
 Desenvolver a percepção sobre si mesmo, o outro e o mundo;
 Promover o desempenho adequado dos papéis;
 Tornar a pessoa diretor, autor e ator de seu próprio drama, de sua
própria vida.

“A arte tem uma maneira oblíqua de dizer


as coisas, buscando zonas obscuras, a dos
naufrágios. A realidade é importante, mas
o filtro da arte é muito mais.”
Antonio Tabucchi

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3.3 MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DAS SESSÕES DE ARTETERAPIA

A arteterapia é capaz de estimular a expressão, a espontaneidade, a


comunicação e principalmente o trabalho com a criatividade. Esse trabalho tem potencial
curativo, assim, a força psíquica transforma-se em uma imagem, que por meio da
simbologia vai formando-se e surgindo conteúdos internalizados. A principal meta é
o autoconhecimento.
Monteiro (2007) denota que por intermédio da compreensão profunda de si
somada a uma abordagem criativa da vida e por meio da combinação de várias
atividades, a arte promoverá mudanças internas e a superação de problemas,
podendo levar ainda a um estado de equilíbrio natural, no qual você olha para si e
para o mundo, construindo símbolos que libertam emoções e ideias. A arteterapia
também se apresenta como uma possibilidade de organização emocional, intelectual
e espiritual da personalidade do homem.
Ser terapeuta significa cuidar, servir, mediar a relação entre os homens e os
deuses. Podemos dizer que existe um ponto de encontro nessa junção, em que uma
potencializa a outra e que o objetivo primordial da utilização da atividade artística e o
favorecimento do processo terapêutico.
A arteterapia recebeu notável adesão dos psicoterapeutas por seu uso não
restringir nenhum tipo de paciente, mesmo em seus aspectos mais elementares e
nas diversas dificuldades apresentadas, pois poderia ser utilizada por pacientes que
revelassem dificuldades em falar sobre as questões inerentes ao problema
apresentado.
A arte na terapia valoriza a criatividade e o fazer artístico em si, contribui
para a organização psíquica, reforçando a identidade do paciente e seu
desenvolvimento global, abrindo as portas para o processo de cura.

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A. O PRIMEIRO CONTATO

As pessoas que buscam terapia provavelmente já realizaram muitas


tentativas de solucionar seus problemas sozinhos ou com a ajuda habitual, mas, no
entanto não obtiveram êxito. A alternativa de busca de um processo psicoterapêutico
vem carregada de um sentimento de frustração (de não ter conseguido solução por
si mesmo) e de ansiedade para que se encontre a resolução o mais rápido possível.
Nem sempre essa situação é clara para o paciente, às vezes, isso está de certa
forma no inconsciente da própria pessoa, ou se ela for criança, sua forma de pedir
ajuda será por seus sintomas.
Muitas vezes para o psicoterapeuta, e no caso daqueles que trabalham com
arteterapia, essa situação não é suficientemente clara, mas deve ser explorada nas
primeiras entrevistas.
Há casos em que não é um indivíduo isolado que vem buscar a psicoterapia,
mas trata-se de um grupo. É comum que essa busca grupal venha por meio do
pedido de terceiros, por exemplo, a “escola” pede para se trabalhar uma
determinada “turma problema”. De qualquer forma, há sempre situações em que não
se está obtendo as respostas necessárias ou adequadas, isso é, há um
comportamento ou sintoma, que não deveria estar ocorrendo. Por exemplo, o caso
de uma turma “agitada”, “bagunceira” que não respeita ordens ou disciplina.
É muito importante para o profissional que vai fazer o trabalho identificar
essa necessidade do indivíduo ou do grupo, ou seja, aquilo denominado de
demanda. Para isso, o profissional ao ser contatado pela pessoa interessada deverá
explorar essa situação com precisão.

B. CONTRATO

O contrato para a realização do trabalho de terapia deverá ser claro e


delimitar bem as atribuições dos papéis do terapeuta e dos pacientes. Algumas
questões devem ser estipuladas, tais como:

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– Local;
– Horário;
– Duração das sessões;
– Material a ser utilizado (telas, argila, pincéis, etc.);
– Recursos disponíveis (projetor, palco, mesas, etc.);
– Forma de pagamento;
– Funcionamento das sessões;
– Condição primordial: sigilo.

C. ENTREVISTA INICIAL

É o momento de buscar identificar as necessidades do paciente (demanda)


e obter dados sobre a sua história. Esses são elementos que ajudarão a estabelecer
um diagnóstico da situação do sujeito. Segue abaixo, um roteiro de anamnese,
sugerido por Rosa Cukier (1996):

a) Constelação familiar – dados sobre os pais e avós (idade, profissão,


saúde...), ordem dos dados sobre sua família de origem:
 Nascimento dos irmãos – genetograma.
 Seus pais se casaram por amor?
 Como resolveram ter filhos? Os filhos foram programados?
 Sua gestação foi “curtida”?
 Que expectativas seus pais tinham em relação a você? (menino x
menina).

b) Nascimento:
 O que você sabe sobre seu parto?
 Você foi amamentado?
 Teve algum problema como recém-nascido?

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c) Primeira infância:
 O quê você se lembra de sua primeira infância (até os 7 anos +-)?
 Como era a relação de seus pais?
 Quem era mais bravo? Mais carinhoso?
 Como seus pais davam “bronca” ou lhe cobravam?
 Quem gostava de ficar com você?
 Você se lembra de seus irmãos nessa época?
 Com quem você se dava melhor?
 Você tinha amigos? Como eram? Do que brincavam?

d) Escola:
 Quando foi para a escola? Como foi?
 Como você era como aluno?
 Tinha facilidade para aprender?
 Como eram seus amigos na escola?

e) Adolescência:
 Como foi virar mocinha(o)? Como foi a primeira menstruação?
 Você tinha amigos? Turma?
 Você se achava bonita(o)?
 Você tinha namorada(o)?
 Como era na escola?

f) Sexualidade:
 Com que idade iniciou as relações sexuais?
 Foi bom ou ruim?
 Quais foram os namorados(as) mais importantes? Quanto tempo durou
o namoro e por que terminou?

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g) Vida profissional:
 Quando começou a trabalhar?
 Trabalha com o que gosta? Gostaria de mudar?
 O que espera de seu futuro profissional?

h) Vida adulta:
 O que pensa sobre o casamento? Ter filhos?
 O que espera para o futuro?
 Como você avalia sua vida?

i) Vida madura:
 Se fizesse um balanço de sua vida até agora, o que valeu a pena e o
que quer mudar?
 Como você encarou as mudanças em sua vida?
 O que espera hoje para sua vida, que você possa obter?

D. PROCESSO TERAPÊUTICO

Baseado na identificação da demanda do paciente e seus dados de


anamnese é possível estabelecer um diagnóstico e um plano de trabalho
terapêutico, conforme o referencial teórico metodológico de cada profissional
terapeuta.

E. DESENVOLVIMENTO

A partir de seu referencial teórico é possível desenvolver as sessões de


psicoterapia. De acordo com Joya Eliezer o desenvolvimento da Arteterapia tem
alguns benefícios como, são eles:

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 Melhora a comunicação consigo mesmo e com o outro;
 O cliente se torna mais independente do terapeuta, pois é ativo, cria nas
sessões;
 O tempo do tratamento é menor, pois a transferência é reduzida, a
atividade diminui o valor desta;
 Favorece a busca da harmonia e do equilíbrio da vida;
 Facilita o diagnóstico, propiciando leitura de material pré e inconsciente
por meio de imagens sonoras, táteis e cinestésicas.
 Aumenta a espontaneidade e a criatividade positivamente orientadas.

F. AVALIAÇÃO

Na avaliação deve-se estabelecer o período em que vocês irão conversar


sistematicamente sobre a evolução do processo. Para critério de comparação e para
não se perder o foco das sessões deve-se ter sempre como referencial o diagnóstico
inicial e os resultados esperados e obtidos.

3.4 O CONSULTÓRIO

A aparência e a organização do consultório do arteterapeuta é fundamental


para a criação de um ambiente espontâneo de trabalho, despertando a
imaginação e a criatividade. Não é um consultório médico ou uma sala de aula. É
um lugar agradável, que possibilita trilhar, de forma prazerosa, diferentes caminhos
da arte.
As qualidades objetivas e subjetivas do consultório possibilitarão a
construção dos vínculos interno e externo do paciente com ele. O que será esse
consultório internalizado? É aquele que existe no mundo interno do paciente
como um lugar em que se sente estimulado a criar, onde poderá falar e viver

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suas esperanças, medos e dificuldades. Os aspectos inconscientes poderão
revelar-se e, assim, possibilitar a descoberta dos verdadeiros entraves
existentes no processo simbólico e cognitivo.
As vivências nesse novo espaço definido formalmente, com características
específicas, auxiliam o paciente na total liberdade de agir, dramatizando situações que
o constrangem, e experimentando a liberdade de expressão.
Seguem-se alguns aspectos materiais e da sala que considero
desejáveis no consultório de Arteterapia:
 Uma mesa de tamanho regular com os dois lados vazados para
proporcionar maior comodidade;
 Se houver intenção de atendimento em grupo, é preciso planejar o
mobiliário visando ao número de pacientes previsto;
 Claridade, simplicidade, conforto, aconchego, beleza;
 Papéis de vários tipos, cores e texturas;
 Tintas para diversos usos (tecido, guache, acrílica para madeira ou
gesso, óleo para tela, acrílica para tela, etc.);
 Lápis de cor, giz pastel e aquarela;
 Telas para pintura;
 Sucata de todo tipo para trabalhos com recicláveis;
 Tecidos para limpeza de pincéis;
 Potes para lavagem dos pincéis;
 Jornal para forrar a mesa e facilitar a limpeza;

FIGURA 46 – MODELO DE MATERIAIS PARA ARTETERAPIA

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 Possibilidade de boa arrumação para o material de uso;
 Funcionalidade;
 Possibilidade de manter o sigilo quanto aos produtos feitos e aos
aspectos da individualidade de cada um;
 Armários para preservação do sigilo do material de cada paciente;
 Armários ou estantes para guardar o material de uso nas sessões. O
acesso a esse local deve possibilitar duas abordagens diferentes da
questão:
a) O terapeuta faz uma seleção prévia do material e o deixa sobre a
mesa, e assim o paciente não tem acesso a esse local.
b) O paciente tem fácil acesso ao armário do material, sendo-lhe
permitida a livre escolha.
As duas situações deverão ser definidas em função das características
de cada tratamento, que, por sua vez, tem base no diagnóstico individual.

 Computador com todos os recursos da atualidade, como: multimídia,


microfone, acesso à Internet. O seu uso deve ser complementado com o
scaner e a impressora colorida. É importante instalar algum tipo de editor
de texto e editor gráfico, assim como uma variedade de softwares;
 Livros para realizar pesquisas e buscar ilustrações;
 É desejável que o chão da sala seja forrado com material lavável que
não acumule poeira, seja de fácil limpeza para o caso de queda de tinta,
cola, e agradável para os pacientes que gostam de trabalhar no chão;
 Acho interessante que a sala possua dois ambientes: um para trabalho
de arte com os pacientes e outro "cantinho" com sofá, almofadas ou
poltronas confortáveis, para promover atividades de relaxamento ou para
trabalhar com conteúdos verbais ou expressos nas atividades;
 É de grande utilidade ter-se na própria sala do consultório um lavatório
com água corrente. Tal peça permitirá aprontar tintas e outros materiais,
lavar as mãos sem sair da sala, mexer com água, o que é ao mesmo
tempo uma experiência do mundo físico e de valor emocional;

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
 O consultório, considerado como uma das constantes do tratamento,
deve permanecer o mais imutável possível. Deve-se evitar a troca de
sala, mudança de mobiliário e demais objetos. A constância do espaço
terapêutico é estruturante para o paciente, principalmente para aquele
que já passou por sucessivas trocas de casa, de escola ou de
profissionais. É preciso proporcionar-lhe algo estável;
 Os referenciais tempo e espaço, constantes no enquadramento
terapêutico, são referenciais para todo ser humano. Por isso, é
necessário que o paciente saiba de antemão as mudanças que serão
feitas no consultório, bem como a troca de sala.

FIGURA 47 – SALA DE ARTETERAPIA

A decoração fica a critério do terapeuta, porém, é bom lembrar que a cada


aspecto do consultório entre nos processos de elaboração dos pacientes.
Portanto, cuidado com excessos!

“Na arte, a inspiração tem um toque de magia, porque é uma coisa absoluta,
inexplicável. Não creio que venha de fora pra dentro, de forças sobrenaturais.
Suponho que emerge do mais profundo "eu" da pessoa, do inconsciente
individual, coletivo e cósmico.’ (Clarice Lispector)

----------- FIM DO MÓDULO III -----------

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