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Movimento feminista

O movimento feminista é um movimento político, ideológico e social, que se pauta na


luta contra o patriarcado, como um sistema que oprime as mulheres e também nas
lutas pela igualdade de direitos em relação aos homens. Diante de sua diversidade, o
movimento é contado historicamente de diferentes maneiras, não sendo possível
contemplar todos os seus aspectos e expressões. Realizamos aqui o resgate de
alguns desses elementos. Como vocês viram, desde a Revolução Francesa, no
século XVIII, podemos identificar ações pautadas nos ideais feministas. Foi em 1791
que Olímpia de Gouges lançou a “Declaração dos direitos da mulher e da cidadã” e,
em 1792, Mary Wollstonecraft publicou “Reivindicação dos direitos da mulher”,
contestando Rousseau que argumentava que as mulheres eram naturalmente
inferiores aos homens (ROCHA, 2009). O feminismo ficou amplamente conhecido no
mundo, sobretudo a partir da importante publicação de um livro, em 1949, por Simone
de Beauvoir: O Segundo Sexo. Nele, a autora nega a ideia de uma natureza feminina,
propondo uma compreensão de mulher construída histórica e socialmente.

Uma possibilidade recorrente de contar a história dos feminismos é a partir das


“ondas”, que destacam lutas organizadas. A primeira onda, conhecida como
sufragista, surgiu nos Estados Unidos e na Inglaterra, no final do século XIX,
representando a luta pelo direito ao voto para as mulheres. O movimento emergiu em
Nova Iorque com o nome de “National Woman Suffrage Association”, tendo a primeira
organização sido fundada em 1869, ainda que a discussão tenha sido iniciada anos
antes (ABREU, 2002).

A segunda onda teve início na década de 1960, prosseguindo com as lutas anteriores
e trazendo o lema “o pessoal é político”. Essa onda tem como precursora Betty
Friedman, que lançou em 1960, nos EUA, o livro A Mística Feminina. A terceira onda
teve início na década de 1990 e critica a segunda onda na ênfase dada às
experiências das mulheres brancas e de classe média alta. Tem expoentes feministas
negras como Audre Lorde, Bell Hooks e Gloria Anzaldua que, entre outros aspectos,
recusam definições essencializantes da feminilidade colocadas anteriormente.

No Brasil, de forma semelhante aos processos ocorridos na Europa e Estados


Unidos, os movimentos feministas se iniciaram reivindicando o direito das mulheres a
votarem e serem votadas, desde a década de 1920, tendo como representante Bertha
Lutz (PINTO, 2003). Só em 1932 é que se conquistou o direito coletivo de mulheres
votarem e serem votadas, conforme descrito nesse ano no novo Código Eleitoral,
tendo Bertha Lutz assumido, em 1936, o posto de um deputado que havia morrido.
Algumas leituras consideram que a segunda fase dos feminismos no Brasil foi
protagonizada por mulheres intelectuais, atuantes principalmente no jornalismo, e que
trouxeram à tona elementos menos discutidos até então, como sexualidade e divórcio.
Para Pinto (2003), a terceira vertente teve como expressão o feminismo anarquista,
tendo a questão da exploração do trabalho como tema central. Sobre essa fase
podemos citar o nome de Maria Lacera de Moura. Os movimentos feministas, como
outros movimentos sociais, foram ampliados na década de 1960, diante do contexto
de ditadura militar, tendo enfraquecido durante um longo período de repressão e
retomado sua força após a década de 1980.

Para Pinto (2003), é preciso entender esses movimentos reivindicando para as


mulheres autonomia em todos os espaços, reconhecendo os contextos de dominação
e as diferentes opressões a que as diferentes mulheres são submetidas. Como
pautas gerais que atravessam as lutas feministas durante os anos, estão o
enfrentamento das violências contra as mulheres; o acesso à saúde integral, incluindo
direitos sexuais e reprodutivos; a educação infantil; o reconhecimento no mercado de
trabalho, entre outras. Podemos citar como alguns movimentos feministas atuais,
entre diversos outros: a Marcha das Vadias, a Marcha Mundial de Mulheres, o
Movimento Mulheres em Luta, a Marcha das Margaridas.

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