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INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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Neste módulo você aprenderá:

Acerca da utilização de tecnologias


nos museus;

Sobre inovação tecnológica e formatos


de acesso virtual;

Sobre direitos autorais, direitos de uso


de imagem e proteção de dados.
1. O USO DAS TECNOLOGIAS
NOS MUSEUS E INSTITUIÇÕES
CULTURAIS: POSSIBILIDADES
DE INOVAÇÃO

1.2 TENDÊNCIAS ATUAIS DO USO DAS


TECNOLOGIAS NOS MUSEUS E INSTITUIÇÕES
CULTURAIS: MELHORIA DO RELACIONAMENTO
COM OS PÚBLICOS

Apesar do uso crescente de soluções tecnológicas ser


uma tendência inevitável nos museus, sua implemen-
MÓDULO V

tação ainda encontra muitos desafios. Alguns desses


desafios são compartilhados por museus nos cená-
rios internacionais, outros são acentuados na reali-
dade brasileira. Em diferentes graus, os principais de-
safios para o uso das tecnologias da informação (TIC)
passam por três aspectos:

––Falta de equipe formada e resistência das


equipes ao uso de TIC.

––Falta de recursos financeiros para o seu


desenvolvimento e implementação.

––Falta de infraestrutura nas instituições.

Pesquisas que discutem esses dados no cenário na-


cional ainda são escassas e pouco sistematizadas,
mas algumas publicações internacionais nos ajudam a
colocar luz sobre essas questões. Um projeto, desen-
volvido por um consórcio de museus ingleses, publicou
um relatório para mapear os ecossistemas das habi-
lidades digitais dos museus, intitulado “ONE by ONE”
Mapping the Museum Digital Skills Ecosystem (NMC, 2015;
2016). De acordo com esse relatório, as habilidades
das equipes para lidarem com as soluções tecnológi-
cas são muito importantes. A alfabetização digital da
força de trabalho continua sendo um dos principais
desafios para a adoção de tecnologia dentro dos mu-
seus (NMC, 2015; 2016). De acordo com essa publica-

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MÓDULO V

ção, mais de um terço dos museus da Inglaterra ainda


sentem que não têm as habilidades internas para
atender às suas aspirações digitais e, em vez de me-
lhorar, em algumas áreas, as habilidades digitais di-
minuíram. As últimas descobertas relatam uma “falta
de confiança” como uma barreira importante para a
implementação das TIC nos museus. Abordando es-
sas questões, o objetivo do projeto “One by One” do
Reino Unido é trabalhar nos próximos dois anos para
entender como fornecer uma estrutura transforma-
dora para a alfabetização digital da força de traba-
lho dos museus. Os principais resultados encontrados
pelo projeto são:

• Existem práticas diferentes em como as respon-


sabilidades e habilidades digitais são distribuídas,
gerenciadas e compartilhadas nos museus do
Reino Unido.

• O uso de tecnologias digitais é cada vez mais visto


como parte do conjunto de habilidades de todos.

• O uso das tecnologias digitais está se profissio-


nalizando no museu.

• À medida que o digital se torna institucionalizado,


os museus estão se reestruturando e evoluindo.

• Museus estão explorando, aprendendo e exigin-


do novas habilidades digitais.

MUSEUS E PATRIMÔNIO 95
MÓDULO V

• Existe um entendimento mais profundo por parte


dos museus das habilidades digitais, conhecimento
e especialização necessários.

• Os museus estão se envolvendo cada vez mais


na prática digital baseada em evidências.

• Atualmente, há poucas evidências de que os mu-


seus estejam avaliando e identificando sistemati-
camente as necessidades de habilidades digitais.

• Há pouca evidência de treinamento formal e pla-


nejamento interno em torno de habilidades e alfa-
betização digitais.

• Há evidências de que nos museus ‘habilidades


digitais’ se relacionam a um conjunto específico de
competências técnicas.

Além do relatório One by one, outras fontes são impor-


tantes para entender o desenvolvimento e as tendên-
cias do uso das tecnologias nos museus. Uma dessas
fontes é o relatório MNC Horizon Report: 2016 Museum
Edition, produzido por um consórcio de museus e empre-
sas norte-americanas (BPOC5). Segundo esse relatório,
as tendências do uso da tecnologia nos museus para os
próximos cinco anos terão duas frentes principais.

5
BPOC (https://www.bpoc.org) é uma organização americana que colabora e ajuda
museus de arte e ciências e as organizações culturais a se tornam rentáveis, a toma-
rem decisões tecnológicas sustentáveis ​​e estratégicas com oferecendo uma gama de
serviços técnicos e de suporte, incluindo produção digital, website e estratégia digital.

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MÓDULO V

“Os especialistas concordam com duas ten-


dências de base: foco crescente na per-
sonalização de experiências nos museus,
assim como no crescimento do poder da
análise de dados na organização das ações
dos museus” (FREEMAN et al., 2016, p. 1).

O resultado, para o visitante, é uma experiência mais


qualificada e significativa, voltada para a sua reali-
dade, na medida em que são customizadas a partir
das informações fornecidas por eles próprios (FREE-
MAN et al., 2016, p. 12). Essas informações permitirão
aos museus identificar diferentes perfis dentro de seu
universo do público, tanto com recortes genéricos –
como o percentual de visitantes de determinada faixa
etária, quanto bastante específicos, como a quanti-
dade de pessoas que gostaram ou não de determi-
nada peça exposta no museu, além de inúmeros pos-
síveis cruzamentos de critérios.

Para o museu, softwares que operem nessa direção


representam a possibilidade de superar uma lacuna
importante no que se refere a ter dados confiáveis
sobre o perfil e o comportamento de seus visitantes,
ao longo do tempo. Levando em consideração aspec-
tos legais sobre o uso de dados pessoais que serão
abordados no segundo item deste módulo V.

No diagrama “Tendências em Tecnologia” são apresenta-


dos os principais aspectos apresentados no documento:

MUSEUS E PATRIMÔNIO 97
MÓDULO V

DESAFIOS TENDÊNCIAS

SOLUCIONÁVEIS CURTO PRAZO

• Desenvolvimento de • Conteúdo para celular


estratégias digitais • Experiências participativas
efetivas
• Melhorar na
alfabetização digital
dos profissionais de MÉDIO PRAZO
museus
• Análise de dados para a operação do museu
• Personalização

DIFÍCEIS

• Melhorar a acessibili- LONGO PRAZO


dade para pessoas
com deficiência • Colaboração entre instituições

• Mensurar o impacto • Novos papéis para os profissionais de museus


das novas tecnologias

2016 2017 2018 2019 2020

PERVERSOS

• Administrar a
CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO
obsolescência do (1 ANO OU MENOS0 (4 A 5 ANOS)
(2 A 3 ANOS)
conhecimento
Tecnologias
• • Localização • Visualização de
• Preocupação com a atreladas às informação
inteligente
privacidade de dados humanidades digitais • Objetos em rede
• Realidade virtual
• Espaços makers

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO Traduzido de Mnh Horizon: 2016 Museum Edition

Imagem elaborada pelos autores

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MÓDULO V

1.2 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E FORMATOS


DE ACESSO VIRTUAL

Se no cenário nacional ainda são incipientes as ações


que buscam soluções tecnológicas, em países da Eu-
ropa e Estados Unidos essas soluções são mais co-
muns. Podemos dividir a oferta de produtos tecnoló-
gicos em diferentes categorias: soluções para Internet,
repositórios de acervos, aplicativos e audioguias, sof-
twares para pesquisas de públicos e outras experiên-
cias. Vamos, em seguida, apresentar algumas delas
trazendo exemplos concretos de empresas e museus
que já percorrem esse território ainda desafiante
para muitos.

1. Soluções para Internet (Sites institucionais


e redes sociais)

Atualmente existem muitas soluções para Internet,


que vão desde site institucionais e exposições virtu-
ais, até repositórios online de materiais educativos e
acervos. Além dos sites institucionais, hoje em dia são
Para saber mais
raros os museus que não se apresentam na Inter- sobre a conferên-
cia, acesse: https:
//www.museum-
net por intermédio do Facebook, Instagram, Twitter sandtheweb.com/
e outras redes sociais. A Internet e seu uso por meio
das redes sociais tem se constituído como um espaço
de socialização com características muito específicas

MUSEUS E PATRIMÔNIO 99
MÓDULO V

quando olhamos para a forma como o Brasil tem pro-


duzido suas experiências. De acordo com os gestores
do repositório digital Tainacan, é por esse motivo que
o país se destaca no cenário internacional e é reco-
nhecido por produzir um alto grau de interação social
no universo digital 6 .

Uma fonte importante para debater o tema do relacio-


namento dos museus com a Internet é o site da organi-
zação americana Museums and the Web que organiza
desde 1997 encontros anuais para debater o tema.
Museums and the Web organizou sua primeira confe-
rência em Los Angeles em 1997. Na época, os museus
estavam no início da exploração da Internet como uma
nova plataforma, experiência e lugar para envolver o
público. Colocar “museus” e a “web” juntos foi um gesto
radical, que acabou transformando o campo.

As conferências MW têm sido realizadas anualmente


na América do Norte desde então. Hoje, as conferên-
cias MW vão muito além dos museus e da web, in-
cluindo participantes de galerias, bibliotecas e arqui-
vos, bem como praticantes de arte e tecnólogos de
diferentes esferas. Os programas se expandiram de
acordo com a inovação em todo o campo cultural, seja

6
http://wiki.tainacan.medialab.ufg.br/doku.php?id=motivacao#o_tainacan

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MÓDULO V

facilitado pela web e tecnologias conectadas ou novas


práticas usando outras ferramentas e métodos.

2. Repositórios de acervos

Criados inicialmente para catalogação de obras, e pro-


moção da ampliação do acesso a cultura, os reposi-
tórios de acervos são uma das principais soluções
tecnológicas oferecidas para museus na atualidade.
Apresentamos aqui algumas diferentes aplicações que
são hoje oferecidas no Brasil e no mundo. Inicialmente
construídos como clássicos banco de dados, esses sis-
temas cada vez mais levam em consideração o acesso
do público, qualificando e modelando os dados disponí-
veis visando melhorar a experiência do usuário.

• TAINACAN

País de origem: Brasil


Site: http://tainacan.org/

Tutoriais e outros materiais disponíves em: http://wiki.


tainacan.medialab.ufg.br/

O Tainacan é um software-livre para gestão de acer-


vos culturais digitalizados, desenvolvido pelo Laborató-
rio de Políticas Públicas Participativas (L3P) em parce-
ria com o Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e

MUSEUS E PATRIMÔNIO 101


MÓDULO V

Inovação em Mídias Interativas (Media Lab), ambos da


Universidade Federal de Goiás.

Entendendo a diversidade de uso das redes sociais


pelos brasileiros e da possibilidade de desenvolvi-
mento de um espaço que permita a integração de
diferentes objetos digitais em suas múltiplas mídias,
facilitando sua curadoria, descrição, filtragem, análise
de relevância, classificação, busca integrada, partici-
pação social e colaboração na construção do signifi-
cado desses objetos e com um enorme potencial de
ampliar o acesso à cultura brasileira, o Tainacan vem
da necessidade de se criar uma solução que aten-
desse a essa complexidade no mundo da produção
de repositórios digitais.

O Tainacan é pensado como um espaço de conver-


gência, permitindo a maior troca possível entre dife-
rentes sistemas de informação, facilitando a criação
de coleções com conteúdos oriundos de diferentes
plataformas. É nessa perspectiva de convergência
que Tainacan se constitui como um verdadeiro re-
mixador de conteúdos digitais, permitindo a criação
de coleções que facilitem o máximo reuso possível de
objetos digitais já existentes em outros ambientes es-
palhados pela web.

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MÓDULO V

Atualmente esse software está sendo implantado


nos museus federais (Ibram) e na Funarte.

• SISTEMAS DO FUTURO

País de origem: Portugal


Site: http://sistemasfuturo.pt/

Desenvolvido pela empresa Sistema do Futuro, é uma


aplicação digital em formato de banco de dados, que
permite o gerenciamento de diferentes tipologias de
acervos de forma integrada. Os repositórios catalo-
gados também podem ser disponibilizados na Inter-
net. Foi adquirido pela Secretaria de Estado da Cul-
tura de São Paulo para o gerenciamento dos acervos
dos museus sob sua administração.

• GOOGLE ART PROJECT

País de origem: Estados Unidos


Site: https://artsandculture.google.com Assista um TED
com o idealiza-
dor desta plata-
O Art Project é uma colaboração única com algumas forma:
das instituições de arte do mundo para permitir que https://www.ted.
com/talks/amit_
as pessoas descubram e vejam obras de arte on line sood_buildin-
g_a_museum_
em detalhes. Trabalhando com mais de 250 insti-
of_museums_
tuições, são disponibilizados dezenas de milhares de on_the_web

obras de arte de mais de 6.000 artistas. Isso envol-

MUSEUS E PATRIMÔNIO 103


MÓDULO V

veu a aquisição de imagens de alta resolução, e com-


binação de mais de 30 mil outras imagens em um só
lugar. O projeto também incluiu a construção de vi-
sitas em 360 graus de galerias individuais usando a
tecnologia ‘’interior” do Street View. Atualmente, mais
de 45 mil objetos estão disponíveis para visualização
em alta resolução.

Muitos museus brasileiros já fazem parte deste repositório:


https://artsandculture.google.com/partner?hl=pt-BR

3. Aplicativos e áudio-guias para visitas guiadas

É cada vez mais comum nos depararmos ao visitar um


museu ou uma exposição com um assistente digital de
visita. Seja por meio de um aplicativo para ser baixado
nos celulares pessoais, seja um QR-Code ao lado da
abra para acessar um link na Internet. Evolução dos au-
dioguias oferecidos pelos grandes museus do mundo,
passando por questões de acessibilidade, quando ofe-
recidos para pessoas cegas ou de baixa visão, hoje os
aplicativos de visita oferecem muitas outras formas de
interatividade, muitas ainda em experimentação. Apre-
sentamos aqui alguns exemplos do que têm sido ofere-
cidos nos museus ao redor do mundo:

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MÓDULO V

• GVAM

País de origem: Espanha


https://www.gvam.es/

O conceito da GVAM (Guías Virtuales Acessíveis aos


Museus) surge em 2008 com o objetivo de que todas
as pessoas, sem exceção, pudessem realizar uma visita
autônoma ao museu. Em 2013 foram um dos primeiros
a implantar aplicativos de visita em museus na Espa-
nha, melhorando a prestação de serviços de audioguias
e apresentando os museus para seus visitantes.

• ORPHEO

País de origem: França


https://orpheogroup.com/

A Orpheo, entre outros produtos, comercializa guias


de áudio e guias multimídia para museus e instituições
culturais. A empresa fabrica guias de áudio, sistemas
de rádio para grupos (guias de rádio) e tablets desde
1992. Os dispositivos foram projetados e fabricados
na França e hoje em dia são adaptados para visitas a
museus em diferentes locais e culturas.

4. Softwares para pesquisa de público

Existem muitos sistemas desenvolvidos no mercado

MUSEUS E PATRIMÔNIO 105


MÓDULO V

que atendem as pesquisas de público nos museus.


Essas pesquisas podem ser oferecidas tanto em to-
tens físicos, na própria exposição, ou serem manda-
das por e-mail para serem respondidas no pós-visita.

5. Softwares de agendamento de Grupos

Algumas instituições que têm recursos financeiros ou


de pessoa, acabam por desenvolver seus próprios
softwares para gestão dos agendamentos de grupos,
sendo essa uma questão chave para museus que re-
cebem grupos organizados. O museu Catavento de
São Paulo, o Instituto Butantan, o Museu da Vida na
Fiocruz e o Zoológico de São Paulo são alguns exemplos
de instituições que desenvolveram sistemas próprios
de agendamento. Outras instituições mesclam contato
telefônico com uma agenda e/ou formulário do Google.

Iniciativas mais recentes e inovadoras tentam migrar


para um sistema de assinatura, como a Plataforma
Mais Museu (http://www.maismuseu.com.br/site/), já
em uso pelo MAM de São Paulo, Museu Monteiro Lo-
bato e Museu AfroBrasil.

6. Outras experiências

• Iris – Museu do Amanhã – Rio de Janeiro, Brasil

“O Museu do Amanhã é um museu de ci-


ências diferente. Um ambiente de ideias,
explorações e perguntas sobre a época de

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MÓDULO V

grandes mudanças em que vivemos e os


diferentes caminhos que se abrem para o
futuro. O Amanhã não é uma data no ca-
lendário, não é um lugar aonde vamos che-
gar. É uma construção da qual participamos
todos, como pessoas, cidadãos, membros
da espécie humana”. (Texto extraído de
https://museudoamanha.org.br/pt-br/so-
bre-o-museu)

No Museu do Amanhã, a assistente virtual Iris ajuda


cada visitante a recuperar sua memória sobre o con-
teúdo expositivo.

• “A voz da arte” – Pinacoteca de São Paulo, Brasil

A Voz da Arte foi uma parceria entre a Pinacoteca e a


IBM, que colocou seu sistema de inteligência artificial,
o Watson, para desenvolver uma experiência que pu-
desse conversar com as pessoas.

• IRIS + – Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, Brasil


Uma parceria entre a IBM Watson e a Iris do Museu
do Amanhã.

“Em comemoração ao nosso aniversário de


dois anos, lançamos mais uma grande no-
vidade: a primeira extensão da Exposição
Principal, baseada em Inteligência Artifi-
cial. Em 19 de dezembro de 2017, abrimos
ao público a IRIS+, projeto que permite ao
visitante aprofundar sua experiência no
Museu do Amanhã. O assistente cognitivo

MUSEUS E PATRIMÔNIO 107


MÓDULO V

construído com IBM Watson – plataforma


de Inteligência Artificial para negócios – foi
desenvolvido não somente para responder
Para saber mais sobre aos visitantes, mas também formular per-
essa experiências,
acesse:
guntas”. (Texto extraído de https://museu-
http://www.techtudo. doamanha.org.br/pt-br/irismais)
com.br/noticias/
noticia/2016/03/
iris-assistente-virtual-
do-museu-do-
amanha-dispensa- • Exposição Imersiva: Gustav Klimt – Atelier des
os-guias-de-papel.
html
http://www.techtudo.
Lumières, Paris, França
com.br/noticias/
noticia/2016/03/
museu-do-amanha-
Para marcar a sua inauguração, o Atelier des Lumières
tem-cerebro-digital-
potente-entenda- apresentou uma exposição imersiva dedicada às princi-
o-que-esta-
por-tras.html
pais figuras da cena artística vienense, da qual Gustav
Klimt foi uma figura chave, juntamente com Egon Schiele.
Suas obras serão trazidas à vida ao som da música na
imensa superfície de projeção de uma antiga fundição.

Essa exposição convidava os visitantes a mergulhar


nas obras coloridas e luminosas de Gustav Klimt,
obras de seus contemporâneos e daqueles a quem
ele inspirou. Levando os visitantes em uma jornada
através de cem anos de pintura vienense, a exposição
imersiva dá uma olhada original nas obras de Klimt e

Assista a alguns
seus sucessores através de uma apresentação dos
vídeos que podem
ajudar a entender retratos, paisagens, nus, cores e dourado que revolu-
melhor essa
experiência:https:// cionaram a pintura vienense no final do século XIX e
www.youtube.com/
watch?v=1rOA no século que se seguiu.
gvCnZpw
https://www.
youtube.
com/watch?v=
m9jT6nStyCQ

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MÓDULO V

2. QUESTÕES LEGAIS: DIREITOS


AUTORAIS, DIREITO DE USO
DE IMAGEM E PROTEÇÃO Assista alguns
DE DADOS NA ERA DIGITAL vídeos sobre essa
experiência:
https://www.youtube.
com/watch?v=os_
shHyK3-0
2.1. DIREITOS AUTORAIS E DIREITO DE IMAGEM https://www.youtube.
com/watch?v=Iw
KGT5llV9M

A lei de direitos autorais e direitos de uso de imagens


é uma lei que abarca várias situações e mídias, sendo
bastante difundida no meio cultural uma vez que as
questões de compra ou cessão de direitos autorais
podem gerar inúmeros conflitos legais e extrema-
mente onerosos. Não é raro que no desenvolvimento
de grandes exposições, os museus ou produtoras de
exposições contratarem consultorias de advocacia
especializadas nestas questões. No entanto, mesmo
que haja uma tratativa especializada, todo profissio-
nal que irá trabalhar neste campo deve conhecer um
pouco sobre os principais pontos desta lei.

No caso específico dos Museus, em abril de 2013, o Ibram


divulga uma normativa em relação ao uso de imagens
de obras de arte dos museus que são por ele geridos.
Assista a alguns
vídeos sobre a
Na ocasião, a Agência Brasil publicou uma reporta- exposição
https://www.
gem sobre o tema que reproduzimos aqui na íntegra. youtube.com/
watch?
v=IwKGT5ll
V9Mhttps://www.
youtube.com/
watch?v=Vbd6
j28s7To

MUSEUS E PATRIMÔNIO 109


MÓDULO V

“ Ibram divulga regras para uso de imagem e


reprodução do acervo de museus
7
16/04/2013 – Agência Brasil

Brasília – O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) divulgou


hoje (16) as regras para a autorização de uso de imagem e
de reprodução dos bens culturais e documentos do acervo
dos seus museus. As medidas fazem parte da Instrução
Normativa (IN) 1/2013, publicada na edição do Diário Oficial
da União desta terça-feira, e são válidas para as 30 unida-
des museológicas administradas pela instituição.

O Ibram tem unidades como o Museu Nacional de Belas


Artes, no Rio de Janeiro, que tem mais de 60 mil peças.
São obras de pintura, escultura, desenho, gravura brasi-
leira e estrangeira, arte decorativa, mobiliário, arte em pe-
dras preciosas, moedas e medalhas, arte popular, docu-
mentos e um conjunto de peças de arte africana.

Também são administrados pelo Ibram, o Museu da


Inconfidência, em Ouro Preto (MG); o Museu da Repú-
A Lei de Direitos
Autorais (no blica, no Rio de Janeiro; e o Museu Imperial, em Pe-
9610/98) na
Constituição trópolis (RJ), entre outros. A lista completa pode ser
Federal está
disponível para conferida no site do instituto.
consulta em:
http://www.
planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/
L9610.htm 7
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons
Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à
Agência Brasil

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MÓDULO V

O requerimento para uso de imagem e reprodução


pode ser apresentado por órgão, entidade pública ou
privada e pessoa física. Segundo a IN, o próprio museu
A Normativa do
poderá emitir uma autorização para item ou coleção Ibram sobre uso de
imagens
do seu acervo, quando se tratar de uso de imagem. nos museus está
disponível em:
Quando a utilização for para a reprodução, a autoriza- http://www.
museus.gov.br/wp-
ção será do presidente do instituto. content/uploads/
2013/09/IN-
Para o acervo que não se encontra em domínio público, o 01_2013.pdf

interessado deverá obter autorização de quem detém os


direitos das obras protegidas pela Lei 9.610, que trata de
direito autoral.

O Ibram estabeleceu algumas restrições para as autori-


zações, como a proibição de transformações e manipu-
lações das imagens e a publicação em baixa resolução. A
venda e a reprodução em banco de imagens foi vedada,
a não ser em caso de autorização. Quem descumprir as
regras ficará passível de ação civil.

Todas as imagens e reproduções dos respectivos acer-


vos devem ter obrigatoriamente os créditos divulgados, in-
cluindo o nome do museu, o Ibram e o Ministério da Cultura,
nessa ordem, assim como o número e o ano da autoriza-
ção. Além disso, a utilização do espaço interno ou externo
do museu poderá estar sujeita ao pagamento de tarifas. Se
a atividade tiver fins comerciais, poderá ser cobrado o valor
de até R$ 300 por hora para equipe de até cinco pessoas”

MUSEUS E PATRIMÔNIO 111


MÓDULO V

2.2. PROTEÇÃO DE DADOS NA ERA DIGITAL

Apesar do uso de dados na era digital ser uma dis-


cussão cada vez mais pertinente, no Brasil ainda não
temos marcos legais no âmbito cultural. Por esse mo-
tivo, iremos apresentar essa discussão sobre o ponto
de vista dos museus ingleses com o intuito de iniciar
essa reflexão para o cenário nacional.

Com o intuito de instruir os museus ingleses em como


lidar com essas questões, mesmo antes de entrar em
vigor na Europa a nova legislação sobre proteção de
dados, a associação de museus independentes da In-
glaterra (Association of Independent Museums/AIM) pu-
blicou um guia prático sobre uso de dados para Mu-
seus. Intitulado “Success Guide: Successfully managing
privacy and data regulations in small museums”.

Devido a relevância dos assuntos abordados por esse


guia, vale destacarmos neste módulo alguns pontos
do material. Na Europa, a Lei de Proteção de Dados
(DPA) que estava em vigor desde 1998 e sempre exi-
giu das organizações um gerenciamento de dados
de forma justa e responsável, foi recentemente atu-
alizada e tornou-se ainda mais rígida com a nova lei
chamada Regulamento Geral sobre a Proteção de

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MÓDULO V

Dados (PGPD)8 , que entrou em vigor a partir de 25 de


maio de 2018 (AIM Success Guide, 2017).
Para saber mais
sobre o guia,
O Guia afirma que o Gabinete da Comissão de In- acesse o mate-
rial completo no
formação do Reino Unido (Information Commissioner’s link: https://www.
aim-museums.
Office/ICO9) aumentou a conscientização sobre o que co.uk/wp-content/
uploads/
está mudando, mas ao fazer isso também colocou luz 2017/10/1-Success-
fully-managing-pri-
sobre o que as organizações já faziam sobre o as- vacy-and-data-re-
gulations-in-small-
-museums.pdf
sunto. Em relação a isso, a OIC no final de 2016 e início
de 2017 demonstrou a eficiência e penalizou financei-
ramente 13 instituições de caridade que foram multa-
das por ações relativas ao compartilhamento de da-
dos – práticas frequentemente consideradas comuns
no mundo da caridade (AIM Success Guide, 2017). A
questão chave em todos esses casos foi o consenti-
mento. A organização afirmou que a atividade em si
não era ilegal; o problema era que eles não tinham
informado às pessoas o que estavam planejando fa-
zer com seus dados, e assim as pessoas não têm a
oportunidade de se opor. Dentre todos os casos, as
organizações tinham declarações de consentimento e
privacidade em vigor, mas a OIC decidiu que eles não
tinham sido suficientemente claros sobre como eles

8
Para saber mais sobre essa nova legislação acesse https://ec.europa.eu/com-
mission/priorities/justice-and-fundamental-rights/data-protection/2018-reform-
-eu-data-protection-rules_pt

9
https://ico.org.uk/

MUSEUS E PATRIMÔNIO 113


MÓDULO V

iam usar os dados de seus apoiadores. Esta interpre-


tação mais estrita o DPA é um precursor em relação
às mudanças mais rigorosas incorporadas pelo novo
GDPR (AIM Success Guide, 2017).

De acordo com o AIM Success Guide, essas ações re-


centes nos mostram uma mudança de atitude em
relação aos dados pessoais. Passando de um movi-
mento laissez-faire para um de maior controle pessoal
e de responsabilidade organizacional. Por isto é muito
importante que essas mudanças sejam compreendi-
das nas organizações, inclusive nas organizações cul-
turais. De curadores a equipe operacional, ninguém
deve ser ‘protegido’ de debater estas questões.

As organizações precisam se preparar para as mu-


danças em relação a proteção de dados mesmo antes
dos novos regulamentos entrem em vigor (AIM Success
Guide, 2017). Por isso é importante no Brasil olharmos
com atenção para o cenário internacional e começar-
mos a nos preparar para incorporar essas questões.

POR QUE COLETAMOS DADOS?

Essa discussão passa pela questão básica: ‘Por que


coletamos dados?’ No passado muitas organizações
coletavam dados simplesmente porque tiveram essa
oportunidade, e não porque eles sabiam como iriam

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MÓDULO V

usá-los. Nesta nova era que se apresenta, um con-


selho simples do AIM Success Guide é ser consciente
e estratégico em relação ao uso de dados coletados.
Todas as instituições devem deixar claro porque estão
coletando dados e o que pretendem fazer com eles.

O Guia aconselha as instituições a documentar suas


decisões: o Princípio da Responsabilidade (GDPR)
exige que as organizações registrem suas tomadas
de decisão. As instituições podem querer coletar da-
dos pessoais para uma ampla gama de propósitos,
sendo os mais comuns:

• Gestão de mailing
• Captação de recursos
• Gestão de voluntários
• Eventos
• Brindes

Não importa o propósito, a nova exigência é que se


tenha claro para que os dados estão sendo coletados.
O material ainda aconselha as instituições em relação
a dois pontos chaves: (1) Colete apenas a informação
que você precisa e (2) Mantenha os dados guardados
apenas pelo tempo que precisa deles.

Os aspectos trazidos por este guia nos levam a pensar

MUSEUS E PATRIMÔNIO 115


MÓDULO V

que as instituições, brasileiras inclusive, terão que ter


a partir deste novo marco legal uma conscientização
muito maior sobre a coleta e uso dos dados das pes-
soas. Seguindo a mesma tendência, é possível que o
público das instituições também passe a ser mais cui-
dadoso e atento em relação ao fornecimento de seus
dados pessoais e ao consentimento de relação aos
termos de uso de dados.

Por fim, ao longo deste curso, tivemos a oportunidade


de aprender sobre as principais definições teóricas
de museu, expandir nossas compreensões acerca de
políticas públicas e políticas de profissionalização e
planejamento estratégico na área museal. Ainda, tra-
tamos acerca de leis e financiamento da cultura e as
relacões entre museu e economia. Pudemos também
nos dedicar ao estudo dos princípios do Marketing
social, a importância do posicionamento estratégico
da organização e das ferramentas de comunicação
social relacionadas à imagem organizacional. Por fim,
trabalhamos a utilização de tecnologias nos museus,
a inovação tecnológica e diretos autorais e direitos de
uso de imagem e proteção de dados.

116
MÓDULO V

REFERÊNCIAS
ASSOCIATION OF INDEPENDENT MUSEUMS/AIM Success Guide:
Successfully managing privacy and data regulations in small mu-
seums. Disponível em: https://www.aim-museums.co.uk/wp-con-
tent/uploads/2017/10/1-Successfully-managing-privacy-and-data-
-regulations-in-small-museums.pdf. Acesso em maio de 2018.

FREEMAN, A.; ADAMS BECKER, S.; CUMMINS, M.; MCKLROY, E.; GIE-
SINGER, C.; YUHNKE, B. (2016). NMC Horizon Report: 2016 Museum
Edition. Austin, Texas: The New Media Consortium.

MUSEUS E PATRIMÔNIO 117

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