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- Entre 1964 e 1968, essas práticas eram denunciadas pela imprensa, porém, com a
censura política institucionalizada pelo AI-5, em 1968, esses fatos são ocultados da
população. No último triênio da década de 60, a ditadura veicula de forma intensa uma
propaganda politica que defende a ideia de que “a sociedade brasileira finalmente
realizava todas as suas potencialidades”, sendo considerada pelo autor uma “outra face
da censura”;
- O autor considera que os “Pilares básicos de qualquer regime totalitário”, que são “a
polícia politica, a espionagem, a censura e a propaganda politica”, têm sido reduzidos à
definição de “porões da ditadura”, englobando repressões violentas e as formas de
controlar a sociedade e “homogeneizando as diferentes instâncias” da repressão;
- Carlos Fico afirma que desde o golpe já havia “uma luta pela implantação de um
‘projeto repressivo’”. O Marechal Castelo Branco, ao momentaneamente oferecer
resistência a isso, acaba criando um embate entre a chamada linha dura e os moderados.
O próprio autor reconhece que esta é uma “dicotomia simplista”, mas a considera
fundamental para entender “uma das leituras possíveis sobre a ditadura militar
brasileira: a trajetória de constituoção, institucionalização, auge e decadência das
comunidades de segurança e de in formações”;
- A chamada “força autônoma”, que surge ainda no governo de Castelo Branco e cujo
slogan preferido era o “combate ao comunismo e à corrupção”, é um “grupo de oficiais
superiores que supunha ser possível levar o país ao seu ‘destino de grandeza’ desde que
fossem eliminados todos ‘óbices’ que, naquela fase da Guerra Fria, eram identificados
com o comunismo ou com o que fosse entendido como tal”, bem como a corrupção;
- Esse grupo defendia a suspensão das garantias constitucionais por um longo período,
para efetuar a chama “operação limpeza”. A primeira dessas durou apenas 60 dias, o
que desagradou o grupo. Em 1965, Castelo Branco concederia uma “licença para
prender, torturar e matar, com o AI-2”. A força autônoma se tornaria “a principal fonte
de apoio do general Costa e Silva”, sucessor de Castelo Branco na presidência da
República;
- O fato de o regime adotar essas práticas repressivas, segundo o autor, não é explicado
como uma “reação” a “episódios políticos conjunturais”. É algo que já vem sendo
defendido desde o golpe. O AI-5 se configura como um “instrumento definitivo” para
realizar a “operação limpeza” e não tem relação de causa e efeito com a chamada luta
armada, pois esta já existia a certo tempo.
- O autor afirma que o AI-5 não é uma “ruptura”; Significa a vitória de um desejo que
existia desde o começo de regime e que devemos reconhecer o impacto que isto causou
nas instâncias repressivas da ditadura.