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Informação utilitária:

definição, uso e perspectivas


Letícia Alves Vieira

Introdução

O presente capítulo tem como objetivo conceituar de forma clara e concisa o que se define como
informação utilitária, abordando o seu uso no cotidiano das pessoas, que nesse caso, não são
denominadas usuárias de informação, pois há alguns pontos a considerar quando nominamos uma
pessoa como tal. Pretendemos também demonstrar como se dá o uso dessas informações utilitárias,
bem como perspectivas para o acesso e uso das mesmas, visto que o atual cenário nos coloca um
desafio na seleção adequada de fontes de informação devido à gama de possibilidades de acessos
provenientes de um ambiente altamente tecnológico, digital e colaborativo. Portanto, definir
informação utilitária é necessário para iniciarmos nosso percurso por esse tema tão importante
tanto para uma comunidade específica como para qualquer cidadão.

Informação utilitária

O que é informação utilitária? Informações de ordem prática que conseguem auxiliar na solução
dos problemas que surgem no dia-a-dia das pessoas. Sendo eles os mais simples até os mais
complexos e que podem abranger diversos assuntos, tais como: educação, saúde, direitos humanos,
direito do consumidor, emprego, segurança pública e outros.1 1. CAMPELLO. Fontes de
informação utilitária em
bibliotecas públicas.
O público alvo dessa informação era conhecido como pessoas de baixa renda, fato esse
citado em artigos sobre a temática das décadas de 1970, 1980 e até 1990. Porém, sabemos que a
informação utilitária pela sua própria definição é direcionada a quaisquer pessoas que necessitam
suprir uma determinada necessidade informacional. A questão primordial a ser pensada é da
seleção e disseminação dessas informações devido ao grande número de fontes disponíveis para
consulta atualmente.
Fontes de informação utilitária

Prioritariamente se pensarmos em fontes de informação acessíveis a um público maior em termos de


informação utilitária, os jornais são a fonte mais consultada para aquisição dessa tipologia de informação.
O leitor que vai até uma biblioteca pública, por exemplo, se dirige ao balcão e pergunta se tem o jornal
do dia. Essa constância se verifica também em outras bibliotecas, tais como as universitárias, que além
de seus acervos específicos, atualmente assinam jornais e revistas semanais. Busca-se ali sobre o resultado
do jogo do dia anterior, o resultado da loteria, conhecimento sobre os filmes em cartaz na cidade e outras
informações que o leitor considera relevantes para suprir essas necessidades informacionais cotidianas.
Além do jornal, podemos considerar também os próprios órgãos públicos como fontes de
informação utilitária, como prefeituras, câmaras legislativas, assembleias, procons, companhias de
saneamento básico e também de fornecimento de energia elétrica, pois em cada um desses órgãos
pode-se buscar informações que respondem às questões do dia-a-dia do cidadão para a resolução de
problemas, como interrupção de fornecimento de água ou de luz por ocasião de manutenção da rede,
informes sobre campanhas de preservação do meio ambiente, entre outras. Nessa categoria, podemos
citar também os telejornais locais e de âmbito nacional como fontes de fácil acesso e ampla utilização
pela população, bem como o rádio.
E por último, temos como outra fonte para obtenção de informações utilitárias os contatos pessoais;
relacionar-se com os vizinhos, amigos, colegas de trabalho e/ou escola é uma possibilidade rápida e fácil
de conseguir uma informação ou conselho para a resolução de um problema que está acontecendo
naquele momento. Dessa forma, percebemos que a obtenção de informações utilitárias é de fácil acesso
e de baixo custo tanto para unidades de informação como para as bibliotecas quanto para o cidadão.

Tipologia de materiais

Devido à grande quantidade de fontes que podem ser utilizadas na busca por informações
utilitárias, a tipologia de materiais também é bem diversificada. Podemos citar: jornais, folhetos,
sites de empresas governamentais – Copasa, Cemig, Oi – telefonia fixa, além dos jornais na
Internet. Atualmente, a tipologia de materiais está mais centrada nos aparatos tecnológicos e no
meio digital, devido à facilidade do acesso à Internet em centros de inclusão digital, bem como em
lan houses. Mas não podemos em hipótese alguma não considerar os jornais, mesmo aqueles que
atualmente têm fácil penetração nas camadas populares, custando centavos de real.

Informação utilitária e sociedade tecnológica: perspectivas

Na década de 1980, com a implementação das redes de tecnologia, houve mudanças substanciais nos
serviços de informação nos Estados Unidos, e logo na década seguinte, o Brasil experimentaria essa
transformação. Se anteriormente havia apenas acesso às fontes impressas e selecionadas nas bibliotecas e
centros de informação diversos, com a ampla divulgação da Internet fora dos domínios empresariais, o
acesso e a modificação da forma de uso da informação se instalam no novo cenário pleno de informações

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as mais diversas e em todos os lugares. O próprio cidadão já questiona a velocidade do acesso à informação,
nesse caso, a utilitária, e a qualidade do serviço de informação prestado. A possibilidade do online,
conjugada com a efemeridade desse tipo de informação, afeta substancialmente e muda o comportamento
informacional da população no todo. A informação estará dispersa e agora mudamos do paradigma da
posse para o acesso, seja ele no impresso ainda não digitalizado ou nas informações que já “nascem” em
formato eletrônico.
O cenário atual em que nos encontramos, em um ambiente altamente digital, e que por essa natureza
impele a velocidade e a modificação de comportamentos informacionais, nos faz pensar em pelo menos
duas vertentes no caminho a percorrer pela informação utilitária.
A primeira diz respeito à adequada seleção das fontes de informação devido ao grande número de
sites da Internet, e a segunda diz respeito ao próprio acesso, mesmo com as facilidades no que diz respeito
a centros de inclusão digital e nas lan houses e em computadores na escola e/ou trabalho, muitos serviços
atualmente oferecidos pelas organizações governamentais são somente em meio eletrônico. O que pode
dificultar o acesso, por exemplo, a uma inscrição em concurso público e até mesmo em cadastramentos
para matrícula ou pedido de bolsa para estudos e outros programas sociais. É preciso pensar em termos de
acesso e disponibilidade de materiais impressos mesmo em uma sociedade altamente tecnológica e digital.

Considerações finais

A informação utilitária é um dos tipos de informação que permeia todos os setores da sociedade e não
somente as camadas populares, como se pensava na década de 1970, pois é necessária para suprir uma
necessidade informacional de ordem básica.
É um tipo de informação que não tem muito destaque na literatura atual em Ciência da Informação
ou mesmo em Biblioteconomia, campos preocupados atualmente com as questões de ordem tecnológica
e digital. É preciso pensar em termos de organização, disseminação e uso desse tipo de informação devido
ao seu caráter efêmero, bem como na identificação das fontes de informação e os locais para seu acesso.
As bibliotecas públicas foram criadas pensando também nesse arranjo informacional mas, com
o passar dos tempos, foi-se perdendo o caráter inicial desse sistema de informação importante para a
comunidade, o que acarretou certa inferiorização desse tipo de informação.
Com o advento das novas tecnologias e a possibilidade do acesso em lugar da posse do documental
aliada à busca empreendida pelo usuário em diversos sites da Internet, é preciso pensar na qualificação
dessas fontes e na divulgação de pontos de acesso a essa informação tão necessária e fundamental na
construção da cidadania quanto as demais informações: jurídica, científica, para negócios, médicas entre
outras.
Portanto, é uma informação que precisa ser qualificada e disseminada entre a população e também
para as pessoas que são sujeitos formadores de outros leitores, como professores e lideranças comunitárias,
dentre outros.

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Referências

CAMPELLO, Bernadete Santos. Fontes de informação utilitária em bibliotecas públicas. Revista de Bibliote-
conomia de Brasília, v. 22, n. 1, p. 35-46, 1998.
SIMÕES, Adriana Machado. O processo de produção e distribuição de informação enquanto conhecimento:
algumas reflexões. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 81-86, jan./jun. 1996.

Letícia Alves Vieira possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004)
e mestrado em Ciência da Informação (2009) pela mesma Universidade. Temas de interesse: comunicação e
produção científica; bibliometria; redes sociais; colégios invisíveis. Bibliotecária no sistema de bibliotecas da
Universidade Federal de Minas Gerais, lotada na Escola de Arquitetura. Pesquisadora do NEMUSAD – Nú-
cleo de Estudos das Mediações e Usos Sociais dos Saberes e Informações em Ambientes Digitais.
e-mail: leticia.alves@gmail.com

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