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Objetivos de aprendizagem:
Sumário
Estratégias funcionais
Em síntese
Exercícios
• diferenciação;
renova inova no papel higiênico O New York Times saudou o papel higiênico
preto da Renova com um must-have. A Renova, empresa portuguesa de
produtos descartáveis e de higiene, foi reconhecida pelo seu inovador papel
higiênico de cor preta. O corpo e o espírito são as nossas únicas
preocupações, tudo será feito para satisfazer uma sem esquecer a outra. "Para
um novo bem-estar” é o nosso projeto para o futuro, a nossa di- nâmica de
vida. Se contribuir para um melhor bem-estar, do corpo, do espírito e dos
sentidos, então a Renova não terá falhado na sua missão. A Renova tem
operações em Portugal (onde detém uma quota de mercado de cerca de 40%),
Espanha (6%), França (2%), Bélgica, Luxemburgo e Estados Unidos.
Atualmente as vendas nos mercados externos já representam mais de metade
do volume de vendas. O sucesso da Renova assenta numa publicidade
(marketing) agressiva e na inovação de pro- dutos, num produto que
aparentemente pouco teria para inovar: o papel higiênico. O papel higiênico
preto deu notoriedade à Renova e abriu-lhe as portas do mercado mundial. A
es- tratégia de diferenciação permite à empresa ter uma gama de produtos
alargada nos papéis higiênicos – que são coloridos, têm cremes, são
perfumados... e ecológicos. De fato, a Renova lançou um novo produto – o
Renova Green – em que quer o papel higiêni- co quer a embalagem são feitos
de materiais reciclados. Em 2007, a Renova recebeu o Rótulo Ecológico
Europeu, que é um instrumento de diferenciação ambiental de natureza
voluntária. O objetivo da Renova é, claro, mostrar a preocupação ambiental e
conseguir praticar preços mais competitivos face aos rivais. Como a Renova se
define? A Renova procura ser uma marca líder europeia de produtos de grande
consumo – em particu- lar nos principais produtos que são artigos descartáveis
em papel, de uso doméstico e sanitá- rio: papel higiênico, rolos de cozinha,
guardanapos, lenços de bolso, lenços faciais, toalhas de mesa. Tem também
artigos de higiene feminina, toalhas umedecidas, papéis de embalagem, papéis
de impressão e escrita. Para além da forma, do sinal, a marca Renova é uma
visão do mundo, do nosso mundo de todos os dias. Fonte: Várias, Agência
Financeira. Disponível em: .
• superioridade técnica;
• qualidade e confiança;
o nicho se tornar muito atrativo, o que poderá levar outras empresas a instalar-
se para o servir.
O caso da HaVaianaS
Há produtos que se tornam ícones da época em que foram criados, ficando na
História. Empre- sas como a Coca-Cola, McDonald’s, Gillette, Levi’s e o rock
n’roll marcaram um estilo de vida. O case brasileiro de sucesso mundial e que
virou ícone são as “legítimas” Havaianas. Criada em 1962, as sandálias
Havaianas mantêm seu design e características originais desde então.
Continua sendo o produto que “não tem cheiro e não soltam as tiras”. É um
chinelo de borracha que já na década de 1990 no Brasil deixou de vestir a
classe média e foi considera- do coisa de pobre, tem sido utilizado por famosos
internacionais como Julia Roberts, Sandra Bullock, Naomi Campbell e Kate
Moss.
lealdade dos consumidores; ou mesmo (5) obter lucros mais elevados com
custos mais baixos, dado que a qualidade permite reduzir os custos com
defeitos, devoluções, trocas etc. Todos os níveis e funções devem estar
focados na constante melhoria da qua- lidade (usando sistemas de gestão da
qualidade total, por exemplo). A função produção, por exemplo, contribui para a
maior qualidade ao produzir com menos defeitos e identi- ficando os defeitos e
qual a sua origem, corrigindo os problemas no processo produtivo. Ao nível do
marketing salientamos a procura de feedback dos consumidores que pode ser
passado às funções respectivas. A P&D contribui desenvolvendo produtos
fáceis de manu- faturar e implementando sistemas para detectar defeitos. A
Tabela 6.7 seguinte sumaria a influência do foco na qualidade e como atuar
nas diversas funções.
ExErcíciOS
1.
2.
3.
Eficiência é
a) b) c)
d) e)
definida como o custo dos inputs necessários para produzir um certo output;
definida como o tempo e custo dos inputs necessários à produção de um
produto/serviço;
De acordo com Michael Porter, duas formas genéricas de obter uma vantagem
competitiva na indústria são:
a) b) c) d) e)
a) b) c) d) e)
a) b) c) d) e)
8.
9.
10.
11.
12. 13.
c)
d) e)
a) b) c) d)
a) b) c) d)
Utilizar uma estratégia de liderança pelos custos significa que a empresa se es-
força por vender os seus produtos ao preço mais baixo do mercado.
a) verdadeira; b) falsa.
EStudO dE caSO – ryanair: lidErandO pElOS cuStOS BaixOS Ryanair’s objective is to firmly
establish itself as Europe’s leading low-fares scheduled passenger airline through
continued improvements and expanded offerings of its low- fares service. Ryanair aims to
offer low fares that generate increased passenger traffic while maintaining a continuous
focus on cost-containment and operating efficiencies. Disponível em: . A Ryanair é uma
empresa líder que aposta nos custos baixos para proporcionar um serviço a baixo preço aos
seus clientes. Atuando essencialmente na Europa, a empresa tem introduzido um conjunto de
serviços de e-commerce e software de informação que são a chave para realizar a estratégia
de baixo custo. O negócio das low costs é suportado num controle de custos rigoroso, na
máxima rentabilização dos aviões, na manutenção de custos baixos. Por exemplo, não servindo
refeições a bordo, o que não só reduz o custo por passageiro, como permite aumentar o
número de cadeiras em cerca de 30% (dado que não há uma área de catering), e diminuir o
pessoal de bordo. Não dispondo de uma rede física de comercialização de bilhetes baseia as
suas vendas exclusivamente no seu próprio website da Internet. As diferentes práticas
operacionais da Ryanair materializam-se em elevada produtividade – a Ryanair transpor- ta
10.500 passageiros/ano por trabalhador, muito acima dos cerca de mil passageiros por
trabalhador das maiores companhias de aviação. a história A Ryanair foi criada em 1985 pelos
irlandeses Christy Ryan, Tony Ryan e Liam Lo- nergan, para fornecer voos de baixo custo do
Reino Unido para a Irlanda. O primeiro voo realizou-se em 1986 no trajeto entre os dois países.
A Ryanair contribuiu para mudar o panorama das viagens aéreas e para operar uma mudança
em todos os segmentos do ne- gócio, da venda de bilhetes à gestão dos aeroportos. Hoje,
viajar de avião entre aeroportos europeus é mais barato que entre duas cidades dentro do
mesmo país. O crescimento da empresa até 1991 foi acompanhado da acumulação de
prejuízos. Assim, em 1991 contratou Michael O’Leary (o atual presidente da Ryanair) para
tornar a empresa rentável. O modelo adotado é semelhante ao da norte-americana Southwest
Airli- nes – a primeira grande companhia aérea low cost no mundo. Parte deste modelo
assentou na adoção de um único modelo de avião para a sua frota – o Boeing 737 – e os voos
para aeroportos secundários de cidades grandes, onde as taxas são mais baixas. As principais
concorrentes da Ryanair são a alemã Air-Berlin (criada em 1978), as inglesas EasyJet (1995) e
Virgin Express (1992) e a holandesa Basiq Air. Os motivos da deslocação são, maioritariamente,
deslocações em turismo e lazer e os passageiros são, tendencialmente, jovens. A estratégia de
atuação permite-lhe manter taxas de ocupação superiores a 80%, sendo a maioria dos bilhetes
comprados online. As diferenças de preços face às rivais são substanciais (Tabela C.6.1).
A empresa tem crescido gradualmente e oferece rotas para a maioria das cidades
europeias de grande dimensão, sempre com tarifas mais baixas que as grandes empresas
bandeira. A rivalidade faz-se sentir na competição com empresas como a britânica EasyJet
– que a Ryanair assume com campanhas publicitárias comparativas. A mais polêmica
cam- panha foi quando em 2004 anunciou que ofereceria um milhão de passagens aéreas
gra- tuitas para toda a sua rede (o passageiro apenas paga as taxas de aeroporto) para
cada milhão de libras de prejuízos da EasyJet. A estratégia de crescimento da Ryanair é
agressiva. Encomendou 160 novos Boeing 737 à norte-americana Boeing. Continua a
expandir rapidamente através da abertura de novas bases e rotas. Mas as críticas pesam
sobre a atuação da Ryanair, nomeadamente quanto à empresa não se responsabilizar em
caso de cancelamentos ou atrasos de voos, obrigando os passageiros a pagar um novo
bilhete. Os voos para aeroportos secundários muitas vezes distam mais de 100
quilômetros das cidades, pelo que o custo de transporte do aeroporto para a cidade pode
custar mais do que a passagem aérea. Ainda assim, as tarifas baixas e a elevada
frequência de voos são atrativos para os clientes europeus, tor- nando a Ryanair um dos
casos de sucesso da aviação civil europeia e mundial. • 1985 – Fundação da empresa,
com apenas uma rota ligando o sudeste da Irlanda a Londres-Gatwick. • 1991 – A empresa
registra prejuízos e contrata uma nova equipe de gestão. Adota o conceito de low fares/no
frills, tal como a congênere Southwest americana. • 1997 – A União Europeia abre o
comércio aéreo e a Ryanair inicia novas rotas na Europa continental, nomeadamente para
Bruxelas, Estocolmo, Oslo e Paris.
• 1998 – Votada pelo Irish Transport Users Committee como a Companhia do Ano e pela
revista International Aviation Magazine como a Best Managed National Airline. • 2000 –
Ryanair lança o seu website de reservas/venda de bilhetes na Internet. Figura C.6.1 –
Website da Ryanair Fonte: Disponível em: . • 2001 – As reservas no website já representam
75% do total e em 2002 representarão 94%. • 2003 – A Ryanair compra mais aviões e adquire
a Buzz à holandesa KLM. Neste ano inicia 60 novas rotas, num total de 127 rotas. • 2004 –
Continua a expansão: tem 12 bases e 220 rotas, para 95 destinos em 19 países europeus. •
2005 – A frota inicial continua a ser remodelada, os antigos Boeing 737-200 são substituídos
pelos novos Boeing 737-800s. A frota tem uma idade média de 2 anos, a mais jovem frota
entre companhias de aviação no mundo. A agressividade comercial destaca-se e a Ryanair
celebra o 20o aniversário oferecendo 100.000 bilhetes a £ 0,99. • 2006 – Neste ano
transportou 42,5 milhões de passageiros. Serve já 24 países. • 2007 – Continua a expansão,
novas funcionalidades na Internet – nomeadamente um novo sistema de cobrança de uma
taxa a passageiros que efetuam o check in no aeroporto e que registram malas de balcão, com
o objetivo de popularizar as viagens sem bagagem e o check in pela Internet (gratuito), e
reduzindo custos de emissão de cartões de embarque e pessoal. Mantém a renovação da
frota de aviões.
a ryanair
A história da Ryanair é a de uma empresa que revolucionou a indústria, com uma es-
tratégia que combate as grandes empresas estabelecidas nos vários segmentos da cadeia
de valor. O e-business é um elemento-chave na estratégia atual da empresa. A introdução
do website terá permitido à Ryanair poupar mais de 20 milhões de libras no primeiro ano
em que o website foi disponibilizado. A Ryanair é uma empresa de aviação civil que aposta
nos preços baixos para atrair e fidelizar os seus clientes para viagens no continente
europeu. A reestruturação liderada por Michael O’Leary no início da década de 1990 levou
à adoção de um modelo operacional idêntico ao da Southwest Airlines, nos Estados
Unidos.
aviação: Quase um quarto dos passageiros que aterraram no continente em 2007 via-
javam em low cost Quase um quarto dos 22,849 milhões de passageiros que em 2007
passaram pelos aeroportos continentais portugueses viajaram em companhias aéreas de
baixo custo, o que representa um crescimento de 8% face a 2005. De acordo com os
dados da ANA – Aeroportos de Portugal, no ano passado as 26 companhias aéreas de
baixo custo (low cost) que operam nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro trans- portaram
5.494.429 passageiros, mais 620.358 que em 2006 e mais 1.791.491 que em 2005. Uma
análise do total dos movimentos registrados nos três aeroportos demonstra que em 2007
20,3% (49.426) foram realizados por companhias low cost, contra os 15,9% registrados em
2006 (36.539) e os 10,6 em 2005 (22.665). Ou seja, no ano passado, em cada dez aviões
que se movimentaram nos aeroportos do Continente, dois pertenciam a companhias low
cost.
a estratégia da ryanair A estratégia da Ryanair assenta num conjunto restrito de pilares que
visam aumentar a eficiência e baixar os custos em todas as fases da cadeia de valor:
Tarifas baixas. Os preços baixos da Ryanair visam estimular a procura, em particular por
clientes sensíveis ao preço (maioritariamente em viagem de recreio). A Ryanair vende os
bilhetes para um só percurso evitando, assim, a imposição de período mínimo de esta- dia.
O preço dos bilhetes dependerá da procura para a rota e do período até o voo, sendo que
compras mais próximas da data de voo serão tipicamente mais caras. Serviço aos
clientes. A estratégia da Ryanair é proporcionar o melhor serviço, para o nível de preços.
Os relatórios da AEA (Association of European Airlines) indicam que a Ryanair tem maior
pontualidade, menos perdas em bagagens e menos cancelamentos na sua categoria. Para
estes resultados são fundamentais a eficiência operacional e o operar a partir de
aeroportos menos congestionados e com menor tráfego. O serviço point-to-point e voos
curtos. O modelo de negócios da Ryanair está voltado para o serviço point-to-point em
voos curtos, entre aeroportos secundários e regionais próxi- mos de grandes cidades e
destinos turísticos. Isto é, a empresa não faz ligação de passageiros ou bagagens com
outros aviões e voos e não encoraja os seus próprios passageiros a faze- rem a
transferência entre dois voos da Ryanair. De fato, os passageiros que queiram fazer a
transferência entre dois voos da Ryanair, fazem por sua conta e risco. Se por alguma razão
o 1o voo se atrasar, o 2o voo não será atrasado para esperar por um passageiro. Em vez
dis- so, a companhia prefere concentrar-se em manter a sua liderança no setor com
recorde de desempenho on time. Cerca de 95% dos voos da empresa chegam
pontualmente ao destino.
Baixos custos operacionais. Os custos operacionais da Ryanair estão entre os mais baixos
de qualquer companhia. A liderança pelos custos é conseguida através da atuação em
quatro componentes principais: custo do equipamento (aviões), produtividade dos
trabalhadores, custo do serviço aos clientes e custos de acesso aos aeroportos. Estes são
explicados em seguida. Custos de equipamento (da frota). A estratégia inicial da Ryanair
para manter os custos baixos com a aquisição dos aviões foi comprar aviões usados de
um único mode- lo. Entre 1994 e 1998, a Ryanair comprou aviões Boeing 737-200A usados
que tinham à data entre 11 e 17 anos. No final dos anos 1990 o mercado mundial de
aviões usados diminuiu consideravelmente, pelo que em 1998 a Ryanair anunciou que
compraria novos Boeing 737-800. Os 737-800s eram aviões de última geração. A aquisição
de um único modelo permitia manter os custos com formação e treino mais baixos,
diminuir os custos com manutenção e com stocks de peças sobressalentes. Um benefício
adicional estava na maior flexibilidade de conjugar tripulações e equipamentos. Uma outra
vantagem estava no poder negocial junto da fabricante Boeing. Produtividade dos
trabalhadores. A Ryanair mantém os custos com pessoal baixos, aumentando a
produtividade da sua força de trabalho. Em 2004, a produtividade por trabalhador
aumentou 21% face a 2003, atingindo uma média de 10.049 passageiros/ ano por
trabalhador. O programa salarial da Ryanair tem vários componentes associados à
produtividade e um plano de opções da empresa. Assim, os salários médios da Ryanair
foram em 2004 de € 50.582, face aos pagos pelas concorrentes Ibéria (€ 42.077), EasyJet
(€ 41.384), Lufthansa (€ 41.377), Aer Lingus (€ 38.329) e British Airways (€ 37.602). Custos
de serviço aos clientes. A Ryanair subcontratou várias empresas especia- lizadas para
desempenharem funções relacionadas com os passageiros e os aviões em vários
aeroportos. Os subcontratados conseguem ser mais eficientes e a Ryanair conse- gue
preços competitivos estabelecendo contratos prolongados a preço fixo. O desenvol-
vimento da sua própria plataforma de Internet permitiu-lhe eliminar custos e comissões
pagas a intermediários. Tarifas de acesso aos aeroportos. A Ryanair mantém baixos
custos com as tarifas de aeroportos selecionando apenas aeroportos regionais e
secundários com menos tráfego. Como garante elevado volume de passageiros, consegue
negociar boas condições com os aeroportos. Em alternativa, negocia portas de
desembarque menos centrais e mais baratas. Explorar potencialidades da Internet. Em
2000, a Ryanair mudou o seu sistema de reservas do BABS (British Airways Booking
System) para um novo sistema chamado Fli- ghtspeed, em contrato com a Accenture Open
Skies. O sistema permite aos clientes fazer a reserva, comprar e pagar o bilhete através da
página Ryanair.com. Hoje, cerca de 96% das reservas são feitas por meio deste sistema.
a internet na ryanair A utilização da webpage e do sistema Open Skies pela Ryanair veio
melhorar a distribuição e eliminar custos com intermediários. • Os bilhetes de papel
deixaram de ser necessários. Os passageiros imprimem um itinerário ou um número de
referência que contém os detalhes da sua reserva e mostram-no no aeroporto. • Qualquer
promoção é disponibilizada imediatamente e elimina a necessidade de agentes de vendas
por telefone. • Os sistemas de dados e informações permitem eliminar muito trabalho de
back office (uti- liza o software Open Skies). • O sistema de pagamentos é simplificado
sem a presença de intermediários e a utilização de cartões de crédito com aprovação
imediata permite simplificar a transação. • O baixo custo da emissão de bilhetes pela
Internet permite baixar os preços. • Simplifica o contato com os clientes e elimina a
necessidade de o pessoal ser formado em várias línguas locais.
a internet na ryanair A utilização da webpage e do sistema Open Skies pela Ryanair veio
melhorar a distribuição e eliminar custos com intermediários. • Os bilhetes de papel
deixaram de ser necessários. Os passageiros imprimem um itinerário ou um número de
referência que contém os detalhes da sua reserva e mostram-no no aeroporto. • Qualquer
promoção é disponibilizada imediatamente e elimina a necessidade de agentes de vendas
por telefone. • Os sistemas de dados e informações permitem eliminar muito trabalho de
back office (uti- liza o software Open Skies). • O sistema de pagamentos é simplificado
sem a presença de intermediários e a utilização de cartões de crédito com aprovação
imediata permite simplificar a transação. • O baixo custo da emissão de bilhetes pela
Internet permite baixar os preços. • Simplifica o contato com os clientes e elimina a
necessidade de o pessoal ser formado em várias línguas locais. Melhoria nos resultados
operacionais e serviços acessórios. A Ryanair fornece vários serviços acessórios
relacionados com a sua atividade principal, tais como venda de bebi- das, comidas e
outros produtos a bordo, também proporciona serviços relacionados com acomodação
(hotéis), seguros de viagem e aluguel de veículos, através da sua página de Internet. Em
2004, por exemplo, as vendas destes serviços representaram cerca de 14% das receitas
operacionais da Ryanair. Critério para crescer. Dado o crescimento da empresa na Europa,
a Ryanair pretende seguir uma estratégia de crescimento focada em mercados
específicos. Esta estratégia de crescimento passa a adicionar mais rotas a partir do Reino
Unido e Irlanda para destinos na Europa que são apenas servidos por empresas de alto
custo. Também, visa aumentar a frequência dos voos para os destinos que já mantém e
começar novas rotas na Europa. O estabelecimento de mais bases na Europa e realizar
aquisição de alguma empresa são oportunidades a observar. Notas finais A adoção de
uma estratégia de liderança pelos custos pela Ryanair é atualmente muito apoiada por um
conjunto de decisões a nível operacional e por um modelo de interface com os clientes
baseado na Internet. Mantêm-se custos baixos e rapidez nos processos. O turnaround no
início dos anos 1990 assentou na definição de um modelo de negócio apoiado na
eficiência com a eliminação de atividades de menor valor acres- centado e a eliminação de
intermediários. O software introduzido permite eliminar, por exemplo, os agentes de
viagens que cobravam 7,5% de comissão sobre o preço do bilhete. Eliminou os custos com
a emissão de bilhetes de papel e permite a todo o tempo consultar a disponibilidade
instantânea das vagas nos aviões.
O modelo funciona num sistema de point-to-point em curtos trechos de viagem. Não há a
ligação de passageiros ou bagagens com outros aviões e não há quaisquer benefícios em
voo. Este é o modelo que teve sucesso no mercado europeu. O baixo preço e a simplici-
dade de comprar atraem os clientes europeus habituados a recorrer a agências de viagens
e a pagar preços elevados por qualquer voo intracontinental. O futuro da Ryanair está por
estabelecer. A empresa pode crescer no mercado euro- peu adicionando rotas e bases.
Pode, também, crescer por aquisição de outras empresas já instaladas. Nos EUA a
Southwest decidiu manter o seu modelo de negócio e não fazer voos intercontinentais.
Mas a Ryanair poderá tomar uma decisão diferente e explorar o seu modelo em voos de
maior duração. De fato, em 2007, a empresa anunciou a sua intenção de criar uma nova
companhia de baixo custo, especializada em voos de lon- go curso, utilizando o mesmo
modelo de baixo custo, mas utilizando um novo nome e uma nova marca. A subsidiária da
Ryanair iria voar para aeroportos secundários, usando um só modelo de avião. A
capacidade de praticar preços baixos é para a Ryanair o fator determinante do seu
sucesso. Questões para discussão 1. 2. 3. 4. Quais os fatores em que a Ryanair suportou a
sua estratégia de liderança pelos custos? Discuta como cada um desses fatores contribuiu
para a eficiência operacional da empresa. (trabalho em grupo) – Discuta a implementação
internacional – com voos interna- cionais e intercontinentais – de um modelo de baixo
custo semelhante ao da Rya- nair. Quais as principais barreiras ao sucesso deste modelo?
Quais os benefícios? (trabalho em grupo) – A Ryanair deve adotar um novo nome e marca
para criar uma companhia de voos de longo curso? Discuta as vantagens e conveniências
dessa estratégia.
7 Estratégias corporativas
Objetivos de aprendizagem:
Sumário
A diversificação de negócios
A integração vertical
As aquisições de empresas
É a estratégia corporativa que torna a empresa mais que a soma das partes (das unidades de
negócio). É ao nível da estratégia corporativa que se tomam de- cisões relacionadas com
decidir em que negócios deve estar e como devem ser geridas as várias unidades de negócio,
com a gama de produtos a deter (e, logo, o grau de especialização ou diversificação), com a
presença geográfica (isto é, os mercados em que a empresa deve operar – por exemplo, se se
restringe ao mercado nacional ou atua também em mercados externos) e as decisões de gama
vertical (ou seja, as atividades da cadeia de valor que a empresa irá realizar internamente e
quais as que irá subcontratar). Assim, é neste plano que o executivo toma decisões sobre
como expandir ou reduzir as operações nos diversos negócios, incluindo aqui as opções por
estratégias de concentração num só negócio, diversificação de negócios e de integração
vertical. É, também, aqui que se tomam decisões sobre como proceder ao crescimento, se
interno, se através de aqui- sições ou de alianças estratégicas. O objetivo é melhorar (ou
maximizar) o desempenho competitivo da empresa. Se o objetivo da estratégia corporativa é o
melhor desempenho e maior rentabilidade, o foco deve estar em como é que a empresa no
seu todo ou em alguma unidade de negó- cio gera valor. Vimos em capítulo anterior que este
valor se traduziria por conseguir atin- gir baixo custo ou a diferenciação face aos concorrentes.
Ou seja, a estratégia corporativa apoia o esforço de criação de uma vantagem competitiva
sustentável ao nível do negócio. A relação entre a estratégia corporativa e a estratégia de
negócio é, portanto, saliente. Neste capítulo analisamos como as diferentes estratégias
corporativas sustentam e aju- dam a desenvolver o modelo de negócios e contribuem para a
rentabilidade da empresa.
não entrará em negócios diferentes, relacionados ou não relacionados. As cadeias de fast food
como Burger King, McDonald’s, Pizza Hut, por exemplo, estão foca- das no seu negócio de
comida rápida a preços acessíveis. Esta estratégia permite menor ambiguidade sobre “quem
somos nós”, permite alocar todos os recursos da empresa a um só negócio. Evita, assim, que
os recursos sejam dispersos por muitas atividades diferentes e aumenta a probabilidade de
que a empresa consiga desenvolver ou aumentar as suas competências e capacidades num só
negócio, já que os recursos são apenas direcionados para esse negócio (Tabela 7.1). Ao
manter-se num só negócio, a empresa pode explorar as suas competências e re- cursos melhor
do que se entrasse em atividades onde os seus recursos não gerariam valor acrescentado. É
fundamental, portanto, que o executivo entenda onde é que os recursos e competências
geram valor porque é nessas atividades que a empresa deve se concentrar. A empresa pode,
então, recorrer à subcontratação para obter inputs de que necessita e onde não detém
competências.
As desvantagens fundamentais da concentração num só negócio são: primeiro, que a empresa
não aprende novos conhecimentos, nem se prepara para acompanhar mudanças no mercado;
segundo, que pode perder oportunidades emergentes em outros negócios; terceiro, tem
exposição a apenas uma atividade que pode entrar em declínio. Uma alter- nativa a esta
estratégia é, assim, a de diversificar os negócios em que atua (no Capítulo 8 analisamos as
estratégias internacionais – que são uma forma de diversificação de mer- cados geográficos).
A DiVERSificAçãO DE nEgóciOS
A estratégia de diversificação consiste em a empresa entrar em novas áreas onde ainda não
tem operações. Uma empresa é diversificada quando tem duas ou mais linhas de negócio. A
diversificação pode ser realizada de várias formas. Por exemplo, através da integração vertical
a empresa está a diversificar, na medida em que passa a realizar outras atividades a montante
ou a jusante do seu negócio principal. De forma semelhante, quan- do a empresa expande
para novos mercados também está a diversificar as suas operações; neste caso a diversificação
é geográfica, mas pode ser acompanhada por diversificação de negócio. E, mesmo através de
aquisições, a empresa pode realizar diversificação, em particular quando a aquisição envolve a
entrada em algo de novo para a empresa – sejam tecnologias, mercados ou negócios. A
estratégia numa empresa diversificada é mais complexa do que numa empresa com um só
negócio. Uma empresa diversificada necessita de uma estratégia adaptada a vá- rias indústrias
e vários negócios – o executivo precisa desenvolver um plano estratégico para cada um dos
negócios. Antes de diversificar, é importante questionar a atratividade da indústria a entrar e
potencial que a empresa tem de conseguir ganhar uma vantagem competitiva nessa indústria.
Há um conjunto de questões que o executivo deve colocar acerca da estratégia de empresas
diversificadas:
• Se as respostas anteriores não forem satisfatórias, o que pode a empresa fazer para realinhar
os seus negócios? Pode desinvestir de negócios não atrativos? Pode fortalecer a sua posição
nos negócios restantes? Pode adquirir novos negócios? Os motivos para diversificação são
vários, mas o frequente é a empresa diversificar como forma expansionista (de crescimento),
ou para redução de custos e riscos, em parti- cular quando é possível gerar sinergias entre os
negócios e gerar economias de escala e de escopo. Assim, um princípio base é que, para criar
valor para os acionistas, uma empresa que diversifique só deve entrar em negócios que podem
ter melhor desempenho sobre uma gestão comum do que teriam se operassem como
empresas independentes.
Tipos de diversificação
Há oito passos principais que o executivo deve seguir na avaliação da estratégia de empresas
diversificadas. Estes passos são analisados por nós em seguida:
Passo 2. Avaliar a atratividade de longo prazo de cada indústria em que a empresa tem
operações;
Identificar a estratégia corporativa de uma empresa diversificada não é apenas veri- ficar se a
empresa é, ou não é, diversificada – isto é, se opera em mais que um negócio. Antes, requer
determinar até que ponto a empresa diversificada é e se a diversificação se
verifica essencialmente para negócios relacionados ou para negócios não relacionados. Assim,
o executivo precisa observar a carteira de produtos e atividades desempenhadas e analisá-la
cuidadosamente. Implica, ainda, examinar se a empresa mantém apenas ope- rações
domésticas (isto é, no mercado nacional), regionais (por exemplo, nos países do Mercosul), ou
globais – a diversificação geográfica é importante e tratamo-la no Capítulo 8, de estratégias
internacionais. Deste estudo, o executivo retirará se houve novas adições recentes de novos
negócios ou se, pelo contrário, a empresa tem vindo a desinvestir de negócios onde mantinha
uma posição débil. Note que um dos objetivos importantes da diversificação é a realização de
sinergias entre negócios e explorar relações na cadeia de valor para criar uma vantagem
competitiva. Estas sinergias existem e são exploradas? Que ações têm sido tomadas para
dinamizar as unidades de negócio mais importantes? E, que ações têm sido implementadas
para fazer crescer ou- tras unidades de negócio que sejam tidas como de alta importância
estratégica para o futuro? Portanto, compreender a estratégia de diversificação requer a
análise detalhada do que a empresa tem feito, quais os negócios que tem e como estes têm
sido dinamizados. Passo 2: Avaliar a atratividade da indústria Conduzida a análise inicial da
diversificação, o executivo preocupa-se com a avaliação da atratividade de cada uma das
indústrias onde tem negócios. Isto é, por um lado, a análise de cada indústria, por outro, a
atratividade relativa de cada indústria (relativamente às ou- tras), e por fim a atratividade de
todas as indústrias da carteira de negócios como um grupo. O que significa analisar a
atratividade? Recorde a este propósito o modelo das cinco for- ças de Porter que estudamos
no Capítulo 4. Para examinar a atratividade da indústria pode considerar, por exemplo, as
seguintes dimensões (cada indústria pode necessitar de um conjunto de variáveis específicas,
pelo que a listagem seguinte é apenas exemplificativa):
• rentabilidade da indústria;
Estas variáveis podem ser representadas, para análise, numa tabela como a seguinte (Tabela
7.3). Note que podemos atribuir um “peso” a cada variável de acordo com a sua importância
na indústria e avaliar a indústria em cada uma das variáveis (no exemplo, na escala de 1 –
muito fraco a 10 – muito forte). Obtemos, assim, uma classificação ponde- rada para a
indústria. O exercício deve ser repetido para cada indústria.
O que este exercício permite é obter uma classificação da atratividade de cada uma das
indústrias e comparar as atratividades relativas. O objetivo deve ser o de operar em indústrias
o mais atrativas possível – pois nestas a rentabilidade (ou o potencial de ren- tabilidade futura)
é maior.
O passo seguinte é avaliar a capacidade competitiva de cada unidade de negócio. Isto significa
determinar quão bem cada negócio está posicionado na sua indústria relativa- mente aos
competidores e, por exemplo, aferir se a empresa tem condições para ser líder de mercado
nesse negócio.
Para fazer a avaliação da capacidade competitiva do negócio, o executivo pode ana- lisar
fatores como:
negócios relacionados);
Estes fatores podem ser expostos numa matriz (ver Tabela 7.4) para suportar a ava- liação da
capacidade competitiva do negócio. (Note que pode, novamente, atribuir pesos relativos aos
fatores.)
A análise da indústria e do negócio podem ser juntadas numa matriz (conhecida como a matriz
General Electric/McKinsey) para mostrar a atratividade da indústria e capacidade competitiva
(Figura 7.2). É importante que nestes exercícios utilize medidas quantitativas quer para a
análise da atratividade da indústria, quer para a da força competitiva do negócio para poder
representar a localização de cada negócio na matriz seguinte.
O que esta representação (Figura 7.2) lhe diz? Ou seja, quais são as implicações estraté- gicas
da matriz de atratividade/força? Primeiro, que os negócios no canto superior esquerdo
(colorido preto) devem ser os de maior prioridade de novos investimentos. A prescrição estra-
tégica para estes negócios é crescer e construir. Segundo, que os negócios nas três células na
dia- gonal (colorido branco) são aqueles que têm uma prioridade média para novos
investimentos. A prescrição para estes é investir apenas para manter a posição. Por fim, os
negócios no canto inferior direito (colorido cinzento) são candidatos ao desinvestimento.
Ainda assim, alguns destes podem ser passíveis de recuperação, mas exigirão um
reposicionamento no mercado. A maior utilidade desta representação é que ela incorpora em
si muitas das variáveis que são fundamentais para o sucesso. Por outro lado, permite
identificar, de forma visualmente perceptível, quais os negócios que têm elevada capacidade
(força) competitiva e que podem merecer maior afetação de recursos, e quais as indústrias
que são mais atrativas, pelo que jus- tificam maior atenção. O ideal é que o executivo focalize
os esforços da empresa, pelo menos fundamentalmente, nos negócios que ou são líderes de
mercado ou que podem vir a sê-lo.
Avaliar o ajustamento estratégico significa, numa forma simples, determinar o poten- cial de
gerar uma vantagem competitiva através do estabelecimento de relações entre as cadeias de
valor. Ou seja, determinar onde estão as sinergias potenciais entre os negócios. O ajustamento
pode ser examinado de duas perspectivas: por um lado, vendo se um ou mais negócios têm
potencial sinérgico com outros negócios na carteira; por outro, vendo se cada negócio se
enquadra nos objetivos estratégicos de longo prazo da empresa.
Nesta fase, o executivo avalia a carteira de negócios e possíveis sinergias estratégi- cas (ou
não) entre os vários negócios (ver Figura 7.3). Isso significa detectar quais são os negócios que
têm potencial de sinergia na cadeia de valor, e quais não têm. Na realidade, significa avaliar
entre que fases da cadeia de valor há sinergias a explorar. As sinergias oferecem, por exemplo,
oportunidade para a redução de custos nas compras (logística), nos sistemas de marketing e
distribuição, na própria produção, na P&D etc. As sinergias são possíveis quando a empresa
consegue transferir as suas competências, conhecimento tecnológico, modelos de organização
e gestão, capital intelectual, alavancar uma marca bem conhecida, desenvolver novos
produtos ou outros, para os novos negócios.
Para fazer esta análise, o executivo pode recorrer à matriz BCG – desenvolvida na Boston
Consulting Group2 – ilustrada na Tabela 7.5. Em particular, o executivo pode estar interessado
em saber quais os negócios que são pontos de interrogação e quais os que são vacas leiteiras.
A BCG permite aferir a prioridade estratégica que deve ser dada aos dife- rentes produtos na
carteira da empresa. Uma carteira equilibrada deve conter produtos que gerem fluxos
financeiros altos e produtos que permitam gerar fluxos no futuro.
A Matriz BCG é uma representação visual da análise desenvolvida pela empresa de
consultoria nor- te-americana Boston Consulting Group. O objetivo da análise é sustentar
decisões a nível da carteira de produtos ou de unidades de negócio de uma empresa. As
decisões a suportar prendem-se com a aloca- ção de recursos às atividades. A matriz é
concebida com duas dimensões: taxa de crescimento do mer- cado e quota de mercado
relativa. As melhores situações encontram-se quando a empresa tem maior quota de
mercado e quando o mercado se encontra em crescimento. Cabe ao executivo, ou
estrategista, determinar onde na matriz estão os produtos ou as unidades de negócio e
tomar decisões de acordo.
Note-se que a adequação financeira é fraca quando um negócio absorve uma parte
desproporcional dos recursos financeiros, é demasiado pequeno para ter uma contribuição
significativa para a empresa, ou está numa fase difícil e pode pôr em risco toda a empresa.
Importa, porém, referir que este modelo de análise tem limitações, nomeadamente: a taxa de
crescimento do mercado não é o único fator de atratividade de uma indústria (como vimos),
uma quota de mercado relativa também não é o único (e, eventualmente, nem o mais
importante) indicador de sucesso de uma empresa, pelo que importa analisar quais são os
produtos e os seus posicionamentos específicos.
Passo 6: Classificar o desempenho financeiro das unidades de negócio O executivo pode usar
várias medidas financeiras para avaliar o desempenho de cada uma das unidades de negócio.
Pode usar, por exemplo, a taxa de crescimento das vendas, o crescimento dos lucros, a
contribuição do negócio para as receitas da empresa, os fluxos financeiros (cash flows) gerados
ou a rentabilidade do capital investido.
Passo 8: Conceber novas estratégias para melhorar o desempenho global da empresa O último
passo é quando o executivo conceitualiza estratégias para melhorar o desem- penho global da
empresa no seu todo. O fundamental é garantir que a empresa, no seu todo, tenha um
número de negócios suficiente em indústrias atrativas. Isso significa, por exemplo, que se a
carteira de negócios tiver um peso excessivo de negócios numa fase de maturidade e declínio,
necessitará reformular a carteira. Pode fazê-lo procurando oportunidades em in- dústrias
emergentes, olhando para novas tecnologias, ou observando o que outros concor- rentes
fazem. Também é prejudicial se os negócios estão demasiado vulneráveis a variações cíclicas
ou a recessões econômicas. Portanto, uma carteira de negócios equilibrada deve con- ter
negócios que funcionem em contra ciclo ou que compensem eventuais efeitos sazonais.
O executivo deve, ainda, decidir como maximizar a realização de sinergias estratégicas entre os
negócios. No final, a carteira global de negócios da empresa deve assegurar uma posição
futura favorável. Caso contrário, será necessário reestruturar a carteira de negócios. Por que a
diversificação pode falhar? As estratégias de diversificação podem falhar por três motivos
fundamentais. Primeiro, a incapacidade de transferir os recursos e as competências da
empresa para os novos negó- cios onde a empresa decide operar. Segundo, porque a empresa
pode não conseguir repli- car o seu sucesso num novo negócio – em particular quando este
negócio não é suportado nas mesmas competências que o negócio original (ou seja, quando
resulta de diversificação não relacionada). Terceiro, por uma incorreta avaliação dos ativos,
recursos e competências dos concorrentes. A subestimação das capacidades dos concorrentes,
nomeadamente no que respeita à sua reação a novas entradas, pode criar dificuldades não
previstas.
A intEgRAçãO VERticAl
Desintegração e subcontratação
As empresas fazem alianças e parcerias para melhorar a sua posição competitiva. Essa
cooperação pode, por exemplo, reduzir os custos ou dar acesso a conhecimentos e capa-
cidades que ajudem as empresas aliadas a melhorar a sua presença local ou global ou a
protegerem-se contra a concorrência. Uma aliança estratégica é uma forma de parceria
estratégica pela qual duas (ou mais) empresas acordam combinar uma parte dos seus re-
cursos (tangíveis e intangíveis) e das suas competências (por exemplo, em P&D, distribui- ção,
marketing, produção) para criar ou reforçar uma vantagem competitiva (Figura 7.5). Uma
aliança estratégica pode ter múltiplos objetivos. Pode envolver a troca e partilha de recursos
para, por exemplo, o desenvolvimento conjunto de um novo produto, uma nova tecnologia,
um novo processo ou a entrada num mercado externo.
Um exemplo de parceria é a StarAlliance, cooperação entre empresas de aviação civil da qual a
TAM, TAP, Lufthansa, Air Canada, Swiss, United Airlines, Air China, Egyp- tair etc. fazem parte.
A pertença a esta aliança permite às empresas parceiras ter maior conetividade, oferecer
conveniência aos seus clientes, aumentar o leque de destinos oferecidos (em 2009
abrangendo 916 destinos em 160 países), beneficiar-se de trans- ferências de conhecimento e
partilha de tecnologias e, ainda, usufruir de economias de escala e de gama.
A Nokia acredita que aliança com a Microsoft vai possibilitar aliar a competência em hardwa-
re da Nokia e o sistema operacional da Microsoft. Analistas acreditam que a Microsoft será a
maior beneficiada pelo uso do Windows Phone 7.
Ainda assim, ambos acreditam que o Windows Phone 7 é mais fácil de ser usado que o
Symbian e que os outros sistemas operacionais do mercado. Pretendem trazer o Xbox
incorporado aos celulares. Além de instalar o Microsoft Office para uso executivo e escolar,
além do Microsoft Exchange para e-mails. Adicionalmente, e como solução fundamental, os
aparelhos trarão um media center, um hub para músicas e vídeos. Os analistas de mercado,
entretanto, aguardam para verificar se aquela que foi a maior em- presa de celulares no
passado poderá se recuperar num mercado de smartphones dominado pelo padrão do iPhone
da Apple.
As alianças que visam reduzir a incerteza são formadas para proteger as empresas dos riscos e
incertezas, por exemplo, os relativos ao mercado. Essas alianças são particularmen- te úteis em
indústrias que estão evoluindo rapidamente e passando por transformações tecnológicas.
Assim, as empresas optam por este tipo de aliança para reduzir a incerteza associada ao
desenvolvimento de novos produtos ou à criação de um padrão (standard) na indústria. O caso
do leitor de vídeo é um dos mais famosos casos de guerra de stan- dards. No final dos anos
1970 a tecnologia de gravação e reprodução de cassetes estava a amadurecer mas dois
modelos degladiavam-se no mercado – o formato VHS e o Betamax – sem que um padrão
emergisse. Apesar da tecnologia dos dois formatos ser semelhante, os equipamentos não
funcionavam com ambas. A Sony lançou o formato Betamax em 1975 e a JVC, em 1976, o
formato VHS. Apesar da superioridade tecnológica da Betamax, da reputação, da capacidade
financeira e de distribuição da Sony, a JVC conseguiu afirmar o VHS como o padrão na indústria
e em 1987 cerca de 95% de todos os vídeo-gravadores usavam o VHS. Situações idênticas de
“guerras” para a definição de standards ocorrem em muitas indústrias, desde a linguagem de
programação de software, aos browsers de Internet, aos novos formatos de som e imagem,
digital video disc (DVD) etc. AS AquiSiçõES DE EmPRESAS Uma aquisição3 ocorre quando
uma empresa (a adquirente) compra parte ou a totalida- de dos ativos de outra empresa (a
empresa-alvo ou adquirida). Em alguns casos, a empresa adquirida pode estar num outro país
ou ser de outra nacionalidade e nestes casos referimo- -nos-lhes como aquisições
internacionais (ver Capítulo 8). As aquisições são uma alternativa às alianças estratégicas e
outras formas de parceria, mas são substancialmente diferentes das parcerias na medida em
que a empresa adquirente fica com o controle da adquirida. Uma aquisição pode ser uma
forma de diversificação, na medida em que a empresa entre em algum espaço de produto-
tecnologia-mercado onde ainda não tenha atividade.
3 Alguns autores usam os termos fusão e aquisição quase indistintamente ou como fazendo
parte do mesmo fenômeno. No entanto, as fusões são operações através das quais duas
empresas se juntam para formar uma terceira que incorpora as duas anteriores. Esta situação
é profundamente distinta da aquisição, em que uma empresa adquire o controle sobre outra –
assim, podendo impor regras, normas, procedimentos e controlando a gestão. Ambas as
fusões e as aquisições são opções estratégicas muito utilizadas, quando as alianças não trazem
as vantagens desejadas, pois a em- presa que resulta da fusão ou da aquisição pode ter
operações mais integradas e, pelo menos, tem autonomia de decisão, o que não acontece
numa parceria.
Motivos para as aquisições Os executivos podem decidir realizar aquisições por vários motivos.
A Figura 7.7 ilus- tra alguns dos principais motivos, que são explicados em seguida. Os
principais benefícios das aquisições assentam na rapidez com que a empresa consegue se
estabelecer no merca- do com uma unidade fabril ou comercial ativa e operacional. As
aquisições tendem a ser percebidas pelos executivos como envolvendo menores riscos que o
crescimento orgânico interno. Possivelmente porque já têm uma estimativa dos custos,
vendas, quota de merca- do etc., que são os da empresa adquirida. E, em casos onde a
indústria e o mercado estão saturados e há barreiras à entrada significativas, a aquisição pode
ser a melhor solução para entrar. Atualmente, a perspectiva dominante é que as aquisições
são o veículo, por excelência, para a empresa aprender e obter acesso a novos conhecimentos
sendo, portan- to, um meio para a empresa construir competências de que ainda não dispõe. 4
A indústria farmacêutica também tem exemplos de fusões que visaram conseguir economias
de escala, especialmente nas áreas de investigação e de marketing – ambas as atividades têm
um custo elevado em empresas farmacêuticas. Um exemplo de fusão neste mercado foi a da
SmithKline e da Glaxo, resultando na Glaxo-SmithKline.
Aumentar o poder de mercado. A empresa ganha poder de mercado quando consegue vender
os seus produtos/serviços com preço superior à concorrência; e quando os custos das suas
atividades primárias ou de suporte são menores do que os incorridos pelos competidores.
Geralmente, o poder de mercado da empresa advém da dimensão da empresa e dos recursos
e competências que usa para competir (ver Estratégia na Prática 7.4).
Portanto, o objetivo da IBM é aumentar a sua posição no mercado dos servidores, onde con-
corre com a HP, controlar cerca de 65% do mercado de servidores com o sistema operacional
Unix e 42% do mercado total de servidores. Por fim, a aquisição permite um reforço da IBM
em investigação e desenvolvimento: a IBM já investe cerca de 4,5 mil milhões de euros/por
ano, que serão reforçados pelos cerca de 2,2 mil milhões de euros investidos pela Sun. fonte:
Adaptado de Pereira, Jornal de Negócios, 6 abr. 2009.
Avaliação inadequada do alvo. A avaliação da empresa a adquirir exige que o exe- cutivo
examine dezenas de aspectos, tais como: como é feito o financiamento da transa- ção, quão
diferentes são as culturas organizacionais, quais são as consequências fiscais da transação, que
ações serão necessárias para unir as duas forças de trabalho das duas em- presas. Uma
avaliação mal feita resultará no pagamento de um preço premium excessivo pela empresa-
alvo – excessivo porque os custos ultrapassarão os benefícios. Dívida extraordinária. A
empresa pode ter de contrair uma dívida elevada para realizar a aquisição. Uma dívida elevada
aumenta a probabilidade de insolvência, pode resultar na diminuição do rating de crédito da
empresa, e inviabilizar outros investimen- tos em atividades que contribuem para o sucesso a
longo prazo da empresa. Incapacidade de gerar as sinergias. A empresa gera sinergias quando
os ativos com- binados das duas empresas juntas valem mais usados conjuntamente do que se
usados separadamente. Em alguns casos, os custos de gerar estas sinergias são elevados e
noutros as sinergias potenciais não são realizadas. Por quê? Por exemplo, pelas diferenças
cultu- rais e do estilo de gestão que dificultam a integração das atividades, ou funções, onde
há potencial para sinergias. Demasiado grande. Se a empresa que resulta da aquisição é
demasiado grande, os custos adicionais – em particular os custos burocráticos de coordenação
e controle – po- dem exceder os benefícios das economias de escala e do maior poder de
mercado. Por outro lado, a necessidade de estabelecer sistemas de controle bem formalizados
aumenta a burocracia e a rigidez e pode levar a comportamentos dos gestores mais rígidos e
pa- dronizados, com reflexos na dinâmica da empresa. Aquisições eficazes O que é então uma
aquisição eficaz? É importante conhecer a empresa e a sua estra- tégia global de aquisições,
mas, também, a estratégia dos executivos para cada uma das aquisições que fazem (Tabela
7.9). Ainda assim, um dos aspectos cruciais para uma aqui- sição eficaz é a seleção adequada
da empresa-alvo; o que inclui, por exemplo, a comple- mentaridade dos recursos e
competências entre o negócio original e o adquirido. É igual- mente importante que a empresa
mantenha o seu foco em I&D e não vise apenas explorar a carteira de patentes da empresa
adquirida. Dado que a dificuldade de integração pós-aquisição é um dos grandes
impedimentos ao sucesso da aquisição, o executivo deve garantir que o processo de
negociação prévio à aquisição estabelece relações amigáveis.
As aquisições hostis (ou takeovers hostis) tendem a ser menos eficazes. Um takeover hostil
per- mite à empresa adquirente ultrapassar gestores da empresa-alvo que não concordam
com a venda. A aquisição é considerada hostil quando os gestores da empresa-alvo rejeitam a
oferta de compra.
Há três tipos de aquisições ou fusões: horizontal, vertical e em conglomerado (re- lacionado ou
puro). Sumariamos as características básicas destas estratégias na Tabela 7.10. As aquisições
horizontais ocorrem quando duas organizações numa mesma indústria, ou setor de atividade,
se juntam (fusão), ou quando uma compra a outra (aquisição). As vantagens deste tipo de
estratégia assentam na junção de capacidades complementares, nomeadamente ao nível da
geração de economias de escala, penetração mais rápida em novos mercados ou negócios, e
em explorar o poder de mercado originado na maior quo- ta de mercado conjunta. As
aquisições verticais são as que resultam entre empresas em diferentes fases de uma cadeia de
valor, seja a aquisição a montante (de um fornecedor, por exemplo) ou a jusante
(aproximando a empresa do mercado). Esta estratégia pode ser motivada por potenciais
benefícios ao nível da diminuição dos custos, dado que permite obter economia de cus- tos
provenientes, por exemplo, da diminuição dos gastos com transporte de mercadorias e inputs,
da elaboração e da fiscalização dos contratos e publicidade etc. Pode ocorrer, também, uma
melhoria na coordenação das fases da cadeia de valor, dado que a empresa pode coordenar as
produções das diversas atividades que desempenha. As aquisições em conglomerado ocorrem
quando unem empresas que não atuam ne- cessariamente em setores relacionados. Os
conglomerados podem ter algumas sinergias ao nível do produto, quando há uma relação na
produção e/ou distribuição de produtos com- plementares. Os conglomerados podem ter
sinergias de mercado (ou geográficas), quando envolvem empresas com operações
complementares no serviço dos mercados geográficos. Os conglomerados puros são aqueles
onde não há qualquer tipo de relação entre as empre-sas, não há potencial de quaisquer tipos
de sinergias e, provavelmente, resultam apenas doaproveitamento de oportunidades de
investimento.
A estratégia de integração vertical subjaz à seleção das atividades que a empresa realiza- rá
internamente e quais subcontratará a empresas fornecedores (a montante) e/ou clientes (a
jusante). As vantagens e desvantagens desta estratégia obrigam à análise da importân- cia
estratégica de ser a empresa a realizar as atividades (por serem essenciais à capacidade
competitiva) e da necessidade de manter flexibilidade, para ser capaz de se ajustar às alte-
rações no mercado e na indústria. A estratégia de diversificação pode levar à criação de valor,
nomeadamente quando a empresa consegue transferir recursos e competências para o novo
negócio, ou quando consegue gerar sinergias entre atividades da cadeia de valor dos negócios
em carteira. Im- porta, porém, fazer uma análise dos custos (em especial dos custos
burocráticos) e riscos envolvidos, sabendo de antemão que estes serão distintos em
estratégias de diversificação relacionada e não relacionada. As estratégias prosseguidas podem
assentar em formar alianças estratégicas (ou ou- tro tipo de parceria de longo prazo), ou
aquisições. Estas estratégias têm o benefício de aumentar as oportunidades de estender a
linha de produtos, alargando a oferta a novos mercados geográficos ou de produtos. Apesar de
continuarem a ser amplamente usadas, as alianças têm um período de vida relativamente
curto e a maioria extingue-se ao fim de poucos anos. As aquisições são o modo preferido para
a expansão pelos executivos, em particular quando a empresa não dispõe de competências
para atuar num novo negócio ou quando as barreiras à entrada são substanciais e inviabilizam
o crescimento orgânico. O elevado risco das aquisições é manifesto numa elevada taxa de
insucesso e na dissipação de valor pós-aquisição. A seleção da empresa-alvo e a adequada
estimativa dos benefícios da aquisição são essenciais à realização de aquisições bem-
sucedidas.
ExERcíciOS
A Bunge havia completado 100 anos de Brasil. Um grande feito, pois a empresa ao
longo da sua evolução passou por diversos desafios, mas nenhum tão grande quanto
su- perar a crise nos anos 1990. As palavras de Alberto Weisser, CEO da empresa
durante co- memoração dos 100 anos da empresa, realizada em São Paulo, dia 9 de
junho de 2005, mostram a importância deste aniversário: “Só quem olha para o futuro
chega aos 100 anos. E a Bunge já nasceu no Brasil com olhos no futuro e com grande
vontade de ajudar a construí-lo. Acreditamos que durante esse período contribuímos
significativamente para isso e, nosso compromisso é continuar apoiando o
desenvolvimento do país.” Apesar do momento de sucesso do Grupo Bunge expresso
e tangibilizado pelos seus nú- meros recentes (Tabelas C.7.1 e C.7.2), nem sempre foi
Os desafios não acabaram (Figura C.7.1). Apesar da sua pujança mundial, a operação brasileira
é fundamental para o Grupo Bunge, pela possibilidade de crescimento e peso para a operação.
Estes desafios não são só da empresa, mas nacionais, visto que a conti- nuidade do
crescimento do setor de agronegócios depende de fatores externos como a co- tação do dólar,
estabilidade da economia, infraestrutura logística e relações internacionais.
O Grupo Bunge, de atuação global, é líder mundial no processamento de óleo de se- mentes,
atuando em 30 países. No Brasil (Tabela C.7.2), esta liderança é antiga em áreas como
beneficiamento de soja, produção de fertilizantes, margarinas, óleos comestíveis, gorduras
vegetais e trigo. É um dos maiores exportadores do país a seguir a Petrobras e a Companhia
Vale em dados de 2003. O Brasil é o país onde se concentrarão os maiores investimentos do
Grupo para os próximos anos, cerca de 1,3 bilhão de dólares, principal- mente em logística.
Segundo Weisser: “O Brasil é o país com maior potencial de crescimento em agronegócios do
mundo. Por isso, é estratégico para nós.”
O grupo Bunge
A Bunge foi fundada em 1818 com a denominação de Bunge & Co. na cidade de Ams- terdã na
Holanda. O comerciante alemão Johannpeter Bunge criou a empresa com o in- tuito de
comercializar produtos e grãos das colônias holandesas. De lá para cá, a empresa mudou de
sede passando por diversos países, incluindo o Brasil, talvez sua operação mais importante
(Tabela C.7.3). Em 2004 faturou R$ 23,2 milhões contando com cerca de 11 mil trabalhadores e
recursos como 300 instalações, que incluem fábricas, portos, centros de distribuição, silos de
grão e a participação em empresas de transporte.
A evolução histórica da Bunge O Grupo Bunge nasceu no início do século XVIII na Holanda,
fundado pelo alemão Johanpeter Bunge com a finalidade de comercializar grãos e produtos
importados das colônias holandesas. A empresa mudou sua sede inicialmente para Roterdã e
em 1859 para Antuérpia no reino da Bélgica. Em 1884, o neto do fundador, Ernest Bunge
mudou- -se para a Argentina, criando a empresa Bunge y Born, com outros sócios, para
participar da exportação de grãos do país. Em 1905 a Bunge chega ao Brasil com a participação
no Moinho Santista. Dedicou-se a diversos ramos de atividade como agronegócios, alimen-
tação, químico, cimento e têxtil, por exemplo. Ao longo da sua evolução histórica, a Bunge
passou por várias mudanças, sendo que no início dos anos 1990 passou por siuação difícil ao
acumular prejuízos por quatro anos seguidos. A Bunge iniciou uma mudança estratégica
significativa no final da década de 1990, voltando às origens e dedicando-se ao agronegócio
explorando integral e integra- damente a cadeia de valor ligada aos grãos e aos fertilizantes. A
mudança foi ligada a Al- berto Weisser, hoje presidente da empresa e diretor financeiro na
época. Em 1998 é criada a Bunge Global Market para atuar globalmente no comércio in-
ternacional de produtos das empresas do grupo. Weisser comandou a Bunge nas bolsas de
valores em agosto de 2001 e coordenou, na mesma época, a transferência da sede do grupo
do Brasil para Nova York. Ex-presidente da subsidiária brasileira, é o atual CEO do Bunge Ltd.,
que faturou no ano passado US$ 14 bilhões. Analisando a evolução dos negócios da Bunge,
percebe-se que no início, dedicando-se ao agronegócio, aproveitou-se de oportunidades,
como, por exemplo, a ida para a Argen- tina pelo potencial de produção de grãos e dos canais
já existentes na empresa europeia. De outra parceria no Brasil, já no início do século, da sobra
do caroço no beneficiamento do algodão passa a produzir óleo de algodão. Além do
aproveitamento de resíduos, criou um novo mercado mudando a cultura brasileira da época,
que era a de usar banha de porco na cozinha. De forma similar, o lançamento do óleo de
amendoim também mudou os hábitos alimentares dos brasileiros. A atividade têxtil aconteceu
pela necessidade de sacos de algodão para embalar a fari- nha do Moinho Santista. A Bunge
fez uma integração vertical e também uma diversificação aproveitando as instalações e o
fornecimento para as lojas de tecidos e confecções. Do al- godão passou à lã e aos fios,
expandindo a atuação e tornando-se um grande grupo têxtil. A expansão para a produção de
fertilizantes, que era importante para a atividade agrí- cola brasileira, significou também uma
diversificação. Como nos fertilizantes era necessário ácido sulfúrico, novamente diversificou
para o setor químico. E deste para a produção de tintas pela demanda da construção civil
durante o “milagre brasileiro”. O grupo também desenvolveu, aprofundou e diversificou a sua
linha de produtos, lançando a margarina para substituir a manteiga e o óleo de soja. Assim, no
início da década de 1990 o grupo Bunge era muito diversificado, com mais de 100 empresas
em diferentes setores de atividade num processo de expansão que foi caracterizado pelo
aproveitamento de oportunidades/necessidades, e da pró-pria integração: indústrias, bancos,
imobiliária, processamento de dados, produção de comutadores, dentre outros. A
reestruturação durante a década de 1990 tornou-se imperativa, pois com o Plano Real e a
abertura da economia durante o Governo Col1or ficaram evidentes os problemas de
competitividade no grupo, pela excessiva diversificação, pelas dificuldades de geren- ciar
negócios tão distintos. A Tabela C.7.4 a seguir resume os movimentos estratégicos ao longo da
vida do gru- po Bunge e da origem de suas duas subsidiárias integrais, a Bunge Fertilizantes e a
Bunge Alimentos, antes da reestruturação, que será apresentada separadamente.
O dilema da Bunge: como reestruturar? A necessidade de reestruturação surgiu apesar de
apostas e ações estratégicas aparen- temente coerentes, sobretudo, a diversificação de
negócios, em função das oportunidades e necessidades ao longo de décadas de crescimento e
a falta de competitividade e sinergia. O dilema era: como reestruturar? Manter os negócios
isolados e descentralizados es- tava minando os resultados. Uma opção seria desfazer-se de
ativos rentáveis para apostar nas origens da organização. Esta é uma decisão difícil e que
implicaria na criação de uma nova estrutura organizacional e de poder na organização. A
decisão estratégica da Bunge foi de focar suas atividades no agronegócio, de forma integrada e
global, desfazendo-se dos negócios sem relação com o core business e focando os
investimentos e aquisições na implementação desta nova estratégia.
As ações da Bunge apresentadas na Tabela C.7.5 mostraram o foco da empresa na nova
estratégia nos anos que se seguiram. O grupo utilizou-se de aquisições, investimento em novas
instalações, da qualidade e desenvolvimento de novos produtos, não se esque-cendo das
atividades de responsabilidade social e de qualidade de vida no trabalho. Os efeitos da
globalização e da crise de energia foram os fatores externos que mais influen- ciaram as ações
estratégicas. A grande diferença em relação aos anos anteriores foi o foco em uma estratégia
cla- ra e bem sustentada financeiramente e pelos recursos humanos e organizacionais. Essas
mudanças foram a base para a aposta global da Bunge. Estratégia global da Bunge A estratégia
e as intenções da Bunge podem ser expressas pelas citações de seu pre- sidente: “A demanda
mundial por grãos cresce 3% ao ano e vai continuar a se expandir, principalmente na Ásia. As
agriculturas dos Estados Unidos, Europa e Ásia estão limitadas ou até diminuindo. Isso significa
que a responsabilidade do Brasil de prover o mundo com grãos vai aumentar. Em cinco anos, a
exportação de milho e soja vai ter de dobrar. O Brasil terá de alimentar o mundo. E não é um
direito ou uma oportunidade. É uma obrigação. Temos que olhar o mundo como um todo. É
uma cadeia. Então, vemos a originação do negócio na América do Sul e o destino na Ásia.
Fazemos a ponte. No Brasil, estamos investindo US$ 1 bilhão até 2007. O nosso objetivo é
melhorar a cadeia do agronegócio. Quanto mais eficientes nós formos, maior vai ser a receita
ao produtor. Começamos com soja e temos grande importância na área de fertilizantes. O
casamento da cadeia é importante: fertilizantes com soja. Em outros países do mundo, somos
hoje o maior processador de girassol. O Brasil também vai ter de ser muito importante na
produção de milho, uma vez que vai faltar milho no mundo. Se surgirem outras oportunidades,
por que não?” Assim, o objetivo da Bunge, segundo seu Relatório Anual 2004, é: “Nosso
objetivo é tornarmo-nos a melhor companhia do mundo em alimentos e agronegócios por
intermédio de: satisfação de clientes e fazendeiros, excelência operacional, retornos
financeiros e funcionários motivados.” O futuro da Bunge nas suas próprias mãos Ao longo de
sua reestruturação com sucesso, a Bunge passou pela euforia do agrone- gócio nacional, mas
também pela queda do dólar e por outros percalços. Seu sistema de governança e equipe
executiva, com uma estratégia clara e focada na sua implementação, têm conseguido torná-la
uma empresa global ao nível das mais citadas. Nas palavras de seu presidente Alberto Weisser:
“Esse compromisso se reflete na parceria com os produtores, e que nos tornou uma empresa
integrada, que vai das minas de fosfato e da indústria de fertilizantes ao campo, e do campo à
mesa do consumidor. Nestes 100 anos, nossa contribuição ao país envolveu a criação de
empregos, o fornecimento de insumos aos produtores para aumentar sua produtividade, a
geração de empregos e de riquezas, a exportação. O desempenho da Bunge é resultado da
parceria e da confiança de nossos clientes, fornecedores e parceiros. E, principalmente, da
dedicação, da inteligência, da competência e do trabalho de cada um de vocês e dos que nos
precederam nesses 100 Anos de história da Bunge no Brasil, que opera em 270 lugares
diferentes do Brasil e emprega 11.000 colaboradores.” Contam-se nos dedos as empresas que
mantêm-se vivas por muito tempo. No Grupo Bunge, a perda de foco criou complicações na
década de 1990. A mudança para recupe- ração foi profunda, deixando de lado negócios
individualmente lucrativos para dedicar-se aos seus negócios originais. Esta recuperação partiu
do Brasil e de um brasileiro, mudou o rumo dos negócios e o Grupo Bunge abriu seu capital e
mudou a sede para o exterior. Entretanto, a aposta em commodities tem sempre seu risco,
margens em geral reduzidas e bastante afetadas pelo ambiente externo. Teria sido a melhor
escolha para o futuro?
9 IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA
Objetivos de aprendizagem: z
Compreender a importância da implementação da estratégia. Z
Sumário
A cultura organizacional
Sistemas de controle
Estrutura organizacional
As pessoas na organização
A liderança
Em síntese
Exercícios
planejada, mesmo que esta venha a sofrer desvios por efeito de mudanças não antecipadas no
ambiente externo e nas expectativas dos gestores, como preconizado por Mintzberg. Importa,
portanto, que analisemos os fatores que influenciam a implementação da estra- tégia, as
eventuais dificuldades que podem surgir durante a implementação, a importân- cia das
pessoas e da cultura organizacional e o papel da liderança em todo este processo.
A implementação é o último passo no processo de gestão estratégica e, de acordo com alguns
autores, talvez seja o mais importante. Como afirmaram Ansoff, Declerck e Haynes,1 o
resultado do planejamento estratégico é apenas um plano e um conjunto de intenções. Por si
só, o planejamento não produz ações nem mudanças ou rumos visíveis na empresa. Para fazer
mudanças, a empresa precisa de ter as competências apropriadas, colaboradores motivados,
líderes qualificados, sistemas de recolhimento de informação competitiva, estruturas
adequadas e sistemas de controle.
Assim, todos os elementos da gestão estratégica têm de encaixar juntos. O pensa- mento
estratégico na formulação de estratégia tem de ter em conta a necessidade de uma
implementação eficaz. O próprio conteúdo das estratégias tem de definir o modo como serão
implementadas. Tudo isso desde o pensamento estratégico até a implementação, é realizado
num contexto ambiental. Portanto, neste capítulo, não temos a pretensão de debater
extensivamente o processo de implementação, visto que implementar a estraté- gia é
trabalhar o todo da organização, todas as funções e atividades, as pessoas e a sua interação, o
ajustamento dos recursos e o figurino organizacional.
A visão sistêmica da organização pode ser representada como na Figura 9.1. Note que todas as
empresas, qualquer que seja a sua dimensão, nacionalidade ou setor de ativida- de, almejam
conquistar um novo patamar de desempenho (na figura: DDESEJADO) tendo como referência o
seu desempenho atual (na figura: DATUAL). O que isto significa é que o desempenho atual
representa o resultado da organização no presente, como consequên- cia das decisões
tomadas no passado e das ações desenvolvidas. O desempenho desejado representa o
resultado a ser alcançado pela consecução da sua visão, ou seja, aonde a or- ganização quer
chegar. Este resultado, ou desempenho, desejado é o que foi imaginado pelos líderes. E pela
sua equipe executiva.
É face aos espaços de oportunidades (e ameaças) no ambiente que a equipe gestora irá
imaginar um novo patamar de desempenho e conduzir as ações necessárias para o atingir (ver
Capítulo 5). Estes espaços são delimitados por um leque de opções possí-veis entre as quais a
empresa pode escolher, assim excluindo opções que não estejam alinhadas com o
desempenho desejado. Por exemplo, no passado a Sonae estendeu as suas operações da
indústria dos derivados de madeira para os varejos alimentar e não alimentar, os centros
comerciais e, mais recentemente, para as telecomunica- ções. No Brasil, em 2001, a Embraer
decidiu aproveitar um espaço de oportunidade explorando o mercado dos jatos executivos, o
que fez com o lançamento do modelo Legacy. Qualquer destas alterações na carteira de
negócios e na estratégia das empre- sas exigiu uma reestruturação da estrutura organizacional,
novos gestores e a criação de identidades específicas.
Além do desdobramento dos objetivos estratégicos e de garantir os recursos necessá- rios para
a implementação da estratégia, a administração vai precisar de um sistema de controle da
estratégia e dos resultados obtidos. Esses mecanismos de controle permitem verificar se a
empresa está rumo ao futuro imaginado.
A dinâmica dos acontecimentos e o “rush” do dia a dia podem levar a empresa a des- viar-se
do seu foco estratégico. Por exemplo, um estudo realizado em empresas privadas americanas
pelo Jensen Group concluiu que muitas vezes a equipe gestora não consegue estabelecer
objetivos, passa o tempo saltando de uma preocupação para outra, quer apren- dendo a
última moda da gestão, quer preocupada com a concorrência. Outras empresas possuem
estratégias extremamente complexas, em alguns casos com centenas de objetivos (táticos e
operacionais), o que torna impossível a implementação. Assim, a perda do foco, quer pela
aflição do dia a dia, quer pelo aproveitamento de toda e qualquer oportunidade aparente,
esvazia a visão do líder e destrói a intenção estratégica. Os recursos, que são já por si muitas
vezes escassos, são utilizados ineficazmente quando não há um foco estra- tégico claro que
oriente a sua alocação a atividades e negócios.
Um estudo revelado pela revista Fortune, na década de 1990, nos EUA, conduzido com
empresas norte-americanas, revelou que 70% das empresas falham na execução da estratégia.
Andreas Raps detectou que a taxa de sucesso de implementação da estratégia é baixa: entre
10 a 30%. Um estudo, da consultora Ernest & Young, em 1998, avaliou as maiores empresas
norte-americanas, e descobriu que cerca de 35% dos investidores con- sideram que a
habilidade de executar a estratégia é mais importante que a própria quali-dade da estratégia
elaborada. No entanto, podemos acrescentar que uma boa estratégia bem implementada dará
melhores resultados. Adicionalmente, a implementação normalmente dá ênfase à estrutura
organizacional, o que reduz a motivação para que a organização e os seus funcionários, com
sinergia, bus- quem o foco estratégico. Para ser eficaz, a gestão estratégica, como processo,
não pode considerar fronteiras entre setores e departamentos. A visão global da organização é
sis- têmica e integrativa e não é atingível com o esforço de apenas alguns “solitários”. Assim, a
implementação da estratégia deve considerar quatro fatores fundamentais para o sucesso:
estrutura organizacional, cultura, pessoas e sistemas de controle (Figura 9.3). No Capítulo 10
analisamos os sistemas de controle, especificamente uma ferramenta de gestão e controle da
estratégia – o Balanced Scorecard.
A estrutura organizacional afeta as pessoas e funções e estipula-lhes níveis de auto- ridade e
responsabilidade, indicando como os vários papéis se integram na empresa, de modo a
aumentar a eficiência, qualidade, inovação e adaptação ao cliente. O propósito da estrutura é,
portanto, integrar e coordenar todos os trabalhadores em todos os níveis. No entanto, de per
se não gera um incentivo nem motivação nos trabalhadores. São, as- sim, necessários sistemas
de controle que não apenas proporcionam aos gestores formas de verificar o desempenho dos
trabalhadores, mas também de analisar em que medida a empresa está conseguindo
desenvolver ou reforçar uma vantagem competitiva. A cultura organizacional forma a base de
valores, normas e padrões de conduta que sustentam a interação entre os trabalhadores e
entre a empresa e o seu exterior. Uma implementação eficaz deverá permitir à empresa
competir melhor quer pelos custos quer pela diferencia- ção da sua oferta. ́É importante que
entenda quais são os aspectos fundamentais na implementação da estratégia, os cuidados a
ter e o que fazer. No fundo, se uma parte importante da estra- tégia é a sua implementação,
importa entender por que a implementação pode falhar. Por que a implementação da
estratégia é difícil? – Envolve muitas funções e tarefas de gestão que necessitam ser
desempenhadas; – Há várias formas diferentes de realizar cada tarefa; – Requer boas
capacidades de relacionamento e gestão de pessoas; – Requer lançar e gerir muitas atividades,
simultaneamente; – Há muitos assuntos distintos a ser resolvidos; – Precisa combater a
resistência à mudança organizacional. Assim, implementar uma nova estratégia exige uma
liderança forte para: – Comunicar convincentemente as razões da necessidade de uma nova
estratégia; – Ultrapassar bolsas de resistência e dúvida face à mudança; – Construir consenso e
entusiasmo nas pessoas sobre a mudança; – Assegurar o comprometimento de todas as
partes; – Coordenar todos os elementos para uma implementação eficaz da estratégia. A
culturA OrgAnizAciOnAl Toda empresa tem uma cultura organizacional própria – referimo-nos-
lhe como cultura de empresa, ou cultura organizacional. A cultura organizacional é composta
pelo conjunto de crenças, valores e comportamentos aceitos e partilhados por todos os
trabalhadores. A cultura ajuda a construir laços de cooperação, motivação e dedicação dos
trabalhadores, facilitando a interiorização da visão global da empresa. A cultura também dá
forma ao empenho de cada um, a sua atuação intraempreen- dedora, à assunção de valores de
honestidade, de entreajuda e de comunicação aberta. Outros gestores podem preferir
enfatizar valores assentes em posturas conservadoras, na consulta aos seus superiores, na
formalização etc. Por exemplo, comportamentos e atitudes mais conservadoras serão
incentivados, mas as empresas tecnológicas tendem a incentivar a criatividade e a assunção de
riscos. Há algumas características que revelam a cultura organizacional, tais como: a iden-
tificação do trabalhador com a empresa no seu todo mais do que com a sua tarefa, a ênfase no
grupo e a organização em equipe em vez de individual, as normas e regras de supervisão, a
colaboração entre os trabalhadores nos esforços de melhoria e de inova-ção, as normas para
atribuir recompensas pelo desempenho, ou mesmo aspectos como as regras a seguir nas
novas contratações. No fundo, esta forma de conceber o que é a cultura organizacional não é
nova, e nos estudos de Elton Mayo na Western Electric, em 1924, já emergia a importância de
variáveis emocionais e a existência de uma cultura informal nas organizações. A cultura
influencia, por exemplo, a resistência às mudan- ças estratégicas. A cultura organizacional se
desenvolve ao longo da história da empresa, pelas suas es- colhas e rumos percorridos. É
formada pelos valores, normas, símbolos e rituais, é mantida pelas pessoas e evolui
continuamente, embora seja difícil de mudar radicalmente. Ainda assim, é importante que os
executivos tentem criar culturas de aprendizagem e adapta- ção. Uma cultura adaptativa e
inovadora incentiva a iniciativa de gestores intermediários e facilita fazer ajustamentos em
face a alterações ambientais. Estas podem ser mudanças na própria forma como a empresa
opera, na estratégia funcional ou departamental, na estrutura e nos processos internos. Uma
fonte de confusão usual é quando a empresa não se mantém fiel à sua missão. Isso pode
facilmente acontecer, por exemplo, em processos de diversificação não relacio- nada em que a
empresa sai do seu modelo de negócio e do seu mercado e entra em novos espaços, sem
proceder a ajustamentos estratégicos, dos valores, missão, visão e objetivos. A cultura
organizacional, ao dar corpo a uma visão partilhada do que a empresa é e do que faz, também
ajuda os trabalhadores a entender o seu papel, o que se espera deles e como devem pensar e
comportar-se de modo a que a empresa ganhe capacidade competitiva.
SiStEmAS DE cOntrOlE
EStruturA OrgAnizAciOnAl
As atividades de criação de valor de uma empresa precisam e estão ligadas através de uma
estrutura organizacional – é esta que atribui papéis e tarefas aos trabalhadores e prescreve as
relações de reporte, de autoridade, de assessoria, de responsabilidade e de comando. A
estrutura organizacional especifica as relações formais, procedimentos, con- troles, autoridade
e processos de tomada de decisão. No fundo a estrutura é a cola que une coerentemente
todos os restantes recursos da empresa. E é fundamental que a estrutura seja adequada à
estratégia a prosseguir. Para a implementação da estratégia, há pelos menos dois aspectos
organizacionais a considerar: a estrutura organizacional e o fluxo de tomada de decisão. A
concepção de uma boa estrutura organizacional depende de vários fatores, amplamente
explicados em diver- sos livros de gestão de empresas, pelo que não veremos esses em
pormenor. No entanto, a estrutura deve ser o mais simples possível para facilitar a
compreensão das relações de autoridade e responsabilidade, para que cada indivíduo conheça
a sua posição no todo da organização, para simplificar o fluxo de informação necessária à
tomada de decisão e para a difusão e compreensão da estratégia pelos trabalhadores em
todos os níveis hie- rárquicos, funções e departamentos. A estrutura torna clara e facilita a
delegação de responsabilidades, reduz a burocracia e atenua os problemas advindos das
relações políticas internas. A compreensão de qual é a estrutura facilita a contribuição dos
trabalhadores para a implementação da estratégia e, fundamentalmente, ajuda os
trabalhadores a entender como as decisões dos executivos estão relacionadas com essa
estratégia.
Apesar de ser, atualmente, reconhecida a importância de dar a conhecer e explicar a estratégia
a todos os colaboradores, as pesquisas existentes revelam que menos de 5% dos funcionários
entendem a estratégia da empresa onde trabalham. Uma das ideias centrais da gestão
estratégica é criar uma visão partilhada, pelo que a compreensão dos trabalha- dores é
essencial. Na Figura 9.4 estão apresentados os quatro tipos básicos de estrutura: (1) estrutura
simples (hierárquica linear), (2) estrutura funcional, (3) estrutura multidivisional e (4) estrutura
matricial. Na Tabela 9.2 sintetizamos a sua caracterização.
A estrutura hierárquica simples é mais característica de empresas pequenas, eventualmente
de natureza empreendedora. Esta estrutura revela alguma centraliza- ção no topo, quer na
definição das estratégias, quer no planejamento e controle da sua implementação.
Estereotipicamente, este tipo de estrutura é mais adequado para em- presas com poucas
linhas de produtos e que atuam num mercado relativamente estável.
A estrutura funcional assenta-se nas funções da empresa, como os recursos huma- nos,
produção, vendas etc. Este tipo de estrutura é adequado para empresas maiores com uma
carteira diversificada de produtos e mercados que requer integração entre as funções.
A estrutura divisional é indicada para empresas com diferentes linhas de produtos e mercados
sendo geridas por uma gestão descentralizada. Esta estrutura é ajustada a am- bientes
dinâmicos que requerem modificações frequentes dos produtos. A gestão geral das diferentes
divisões assegura o controle e a coordenação global das atividades, mas permite que cada
divisão esteja focada nos produtos sob a sua responsabilidade.
A Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre foi fundada em 1824, e rapidamente se tornaria notá-
vel pela alta qualidade das suas peças pintadas à mão. A concorrência no mercado nacional de
porcelanas aumentaria no final dos anos de 1960, tendo outras empresas como a SPAL –
Sociedade de Porcelanas de Alcobaça assumido posições de destaque, o que se refletiu em
menor crescimento das vendas. Uma mudança estratégica seria necessária, e em 1986, foi
nomeada uma nova equipe e um administrador sem laços familiares. Com nova liderança foi
realizado um diagnóstico estratégico que confirmou a queda da quo- ta de mercado da
empresa. O plano de ação iniciado assentou-se numa reestruturação das atividades da
empresa. A Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre passou a dedicar-se apenas à louça
doméstica de alta e média qualidade e à louça decorativa. A Sociedade de Porcelanas passou a
assegurar a produção de louça para hotel e louça doméstica de média-baixa qualidade. Criam-
se quatro novas unidades autônomas e orientadas para negócios específicos: a EC – Material
Eléctrico, focada no fabrico de porcelanas elétricas para a construção civil; a Cerisol, na
produção de iso- ladores cerâmicos, a Ecoplas, em tubos de PVC; e a Electrocerâmica, na
gestão do patrimônio imobiliário conjunto. As dificuldades mantêm-se, em 1997, a família
fundadora deixa de controlar a maioria do ca- pital do grupo. A nova estratégia passou a
crescer nos mercados internacionais nos artigos de mesa, mas suportada em fortes redes de
distribuição e marcas próprias. Mais tarde, em 1997, dá-se a fusão com o grupo cerâmico
Cerexport, o que significou uma expansão internacional. Em 2001 dá-se lugar a fusão do Grupo
Vista Alegre com o grupo Atlantis, formando o maior grupo nacional de Tableware e sexto
maior do mundo nesse setor: o Grupo Vista Alegre Atlan- tis. A holding formada opera nas
porcelanas de mesa, decorativa e de hotel, faiança, louça de forno, cristal, vidro manual e
redes de varejo e distribuição.
O percurso da Vista Alegre mantém-se conturbado e em 2009 o Grupo Visabeira adquire a
maioria do capital da Vista Alegre Atlantis e inicia um novo processo de reestruturação. Fonte:
Baseado em Freire, A. Estratégia: sucesso em Portugal, Verbo, 1997
AS pESSOAS nA OrgAnizAçãO
A liDErAnçA
Implementar a estratégia envolve trabalhar através dos outros e considerar todas as fun- ções
e departamentos, pelo que a liderança tem de ser proativa, orientada por objetivos e focada
na criação de uma visão para a empresa. Assim, a avaliação do desempenho dos líderes pode
ser feita por quão eficazmente implementaram a visão e missão da empresa. Uma liderança
eficaz é uma componente essencial para uma implementação eficaz e rápida da estratégia
formulada. É ao líder e equipe executiva que cumpre garantir as tarefas ilustradas na Figura 9.5
e brevemente explicadas em seguida.
Estabelecer a visão e direção estratégica Os líderes precisam ter uma perspectiva global sobre
quem são e o que pretendem os stakeholders (clientes, trabalhadores, fornecedores,
sociedade etc.) da empresa. Cabe aos líderes converter esses objetivos dos stakeholders numa
visão e direção estratégica. A visão e direção estratégica significam o desenvolvimento de uma
visão de longo prazo para o intento2 estratégico da empresa. Os executivos devem garantir
que a estru- tura organizacional é adequada para ajudar a atingir a visão. Mas é importante
não per- der de vista as forças da organização quando se fazem mudanças mais profundas que
são exigidas pela nova estratégia. Ou seja, os executivos serão os responsáveis últimos pelo
desenho da organização, pelos comportamentos éticos, pela utilização adequada do poder de
modo a ultrapassar as barreiras à mudança e, possivelmente fundamental, por criar uma
organização em aprendizagem contínua. Ao estabelecer os objetivos estratégicos de longo
prazo, é importante que estes sejam realistas. Se é certo que quando tratamos do pensamento
estratégico, que dá origem ao planejamento há uma grande componente de incerteza (o
futuro não é certo, e apenas pode ser previsto ou antecipado), as estratégias definidas, as
metas e objetivos a serem atingidos devem ser exequíveis. No entanto, é frequente os
executivos definirem metas que não têm em conta a real situação dos ambientes externo e
interno (disponibilidade de recursos financeiros, humanos e materiais) da organização.
Alavancar as competências As competências servem como uma fonte de vantagem
competitiva sobre os rivais. Cumpre aos líderes verificar se as competências da empresa são
enfatizadas nos esforços de implementação da estratégia. As competências essenciais não
podem ser desenvolvidas ou alavancadas eficazmente sem o desenvolvimento das próprias
competências e habilidades do capital humano. Novas estratégias criam pressão sobre os
recursos e capacidades organizacionais. O desenvolvimento de habilidades e competências
apropriadas é essencial para a execução bem-sucedida da estratégia. Desenvolver os recursos
humanos Desenvolver os recursos humanos significa aumentar o potencial dos trabalhadores,
melhorando as suas competências e capacidades. Ou seja, os recursos humanos devem ser
vistos como um ativo em que a empresa precisa investir para aumentar as suas com-
petências. Nenhuma estratégia pode ser eficaz se a empresa não tiver um corpo humano para
a sua implementação. Um plano de formação adequado pode ser instrumental para fazer a
transição, assim como novas contratações de profissionais com as competências e
qualificações necessárias. Desenvolver os recursos humanos pode incluir questões técnicas,
mas tipicamente os recursos humanos têm as capacidades técnicas – isto é, uma empresa de
informática tem engenheiros que são bons programadores, por exemplo. Talvez mais
importante seja a falta de conhecimentos de gestão que é mais notória em empresas
empreendedoras – em muitos casos um empreendedor viu a oportunidade, desenvolveu o
modelo de negócio, lançou-se no mercado, mas é incapaz de ajustar a empresa às mudanças
no mercado. A falta de competências de gestão acaba por reduzir a eficiência na execução das
atividades e a eficácia (atingir os objetivos), fazendo com que a organização não obtenha os
resulta- dos esperados, nomeadamente quando procura implementar uma estratégia. No
fundo, a falta de conhecimentos do executivo empreendedor facilmente resulta em excelentes
técnicos, mas que não atingem os seus objetivos.
Manter boa cultura organizacional A cultura organizacional, como vimos, consiste no conjunto
complexo de ideologias, símbolos e valores que são partilhados pelos trabalhadores e que
influenciam a forma como estes se comportam no exercício das suas funções. Moldar uma
cultura organizacional adequada é uma das atribuições dos líderes. Uma cultura organizacional
apropriada pode encorajar uma orientação intraempreen- dedora nos trabalhadores e a
capacidade de fazerem as mudanças que sejam necessárias. É no quadro da cultura
organizacional que se expressam as atitudes e práticas de coope- ração, de promoção de
mudanças e de inovação. Um elemento importante na cultura organizacional é a cooperação
entre equipes. Para implementar a estratégia, o executivo muitas vezes criará equipes
multidiscipli- nares para desenvolver as atividades do planejamento operacional. Estas podem
ser equipes multidisciplinares. Na implementação dos planos estratégicos, as equipes po- dem
precisar trocar informações e ideias, por exempo, informações financeiras para projetar novos
lançamentos de produtos e estabelecer margens e preços e com pes- soal da produção para
estimar quantidades produzidas. A solução passa por promo- ver eventos e contatos que
apresentem as pessoas umas às outras, criem intimidade e sentimento de grupo. Manter
práticas éticas Práticas éticas aumentam a eficácia da implementação do processo estratégico.
Or- ganizações éticas encorajam e habilitam as pessoas em todos os níveis organizacionais a
exercer o julgamento ético. Para influenciar apropriadamente o julgamento e compor-
tamento, práticas éticas precisam moldar o processo de tomada de decisão e serem uma parte
integral da cultura organizacional. É uma atribuição dos líderes ditar o ambiente de respeito
mútuo, honestidade e prá- ticas éticas entre os trabalhadores e na relação destes com os
clientes. Em particular, mos- trando como estes comportamentos são cruciais à visão e missão,
aos valores e objetivos da empresa. Em termos práticos, isso pode significar desenvolver ações
de formação, um con- junto de valores essenciais (eventualmente uma declaração de valores –
ver Tabela 9.4), códigos de conduta e de ética, e mesmo sistemas de recompensa e de controle
que in- centivem os comportamentos desejados. Uma declaração de valores serve como pilar
para a construção da cultura organizacional. Um código de ética serve como pilar para
desenvolver uma consciência organizacional. Uma cultura baseada em princípios éticos é
crucial ao bom desempenho a longo prazo. Programas de ética tornam a ética uma conduta
diária e uma forma de estar. É, portanto, necessário incorporar a aprendizagem dos valores e
princípios éticos nos programas de formação, mas também refleti-los nas próprias
contratações de trabalhadores com uma atitude e caráter pessoal compatíveis com os valores.
Estratégia na Prática 9.3 Líderes de sucesso e as suas ações estratégicas Como notaram os
Professores Christopher Bartlett e Sumantra Ghoshal num artigo na Har- vard Business Review
sobre alguns dos principais líderes empresariais, a imagem poderosa e até heroica do
executivo como estrategista omnisciente está bem estabelecida na história e no folclore dos
negócios. O bom desempenho da maioria das empresas, nacionais e internacionais, parece
estar intima- mente ligado a executivos e empreendedores que se diferenciam dos outros pela
sua criati- vidade, pelo foco e pela energia com que se dedicam aos objetivos que estabelecem
para as empresas que comandam. Coca-Cola e Roberto Goizueta “Se você não tem um inimigo,
é melhor criar um.” “Eu detesto perder... Prefiro não jogar. Embora tenha sido responsável por
um dos maiores fiascos da Coca-Cola, a New Coke, Goizueta foi, sem dúvida, um dos grandes
Presidentes da empresa, que ficou abalada com a sua morte. Ao morrer, em 1997, a Coca-Cola
tinha aumentado o valor de mercado em quase 30 vezes. General Electric e Jack Welch “No
final, todas as operações de negócio podem ser reduzidas a três palavras: pessoas, pro- duto e
lucros. A menos que você tenha uma boa equipe, você não pode fazer muito com os outros
dois.” “Visão sem ação é um sonho. Ação sem visão é simplesmente passar o tempo. Ação com
Visão é fazer uma diferença positiva.” Jack Welch Jack Welch tornou a General Electric a
empresa mais admirada do mundo segundo a revista The Economist. Foi o executivo mais
admirado durante muitos anos e um dos quem sobre mais se escreveu.
Em SíntESE Neste capítulo, argumentamos que por muito boa que seja a estratégia
formulada, de pouco serve se não for implementada eficazmente e no momento oportuno. Há,
na implementação, quatro fatores essenciais: a estrutura organizacional, a cultura, as pessoas,
os sistemas e controles, aos quais adicionamos o papel da liderança. As empresas precisam ter
uma estrutura organizacional coerente com os objetivos es- tratégicos. No entanto, a estrutura
é mais do que as relações de autoridade e responsabi- lidade, de linhas de comando e de
controle. Mais importante são a liderança, os sistemas e capacidades que se reúnem para
realizar valor e que envolvam todos os trabalhadores a realizar a estratégia e não a criar
barreiras à sua implementação. As empresas têm valores e crenças partilhadas a que chamam
de cultura. Estes valores evoluem ao longo do tempo, por exemplo, à medida que a empresa
cresce. Alguns des- tes valores podem ter sido instilados pelo empreendedor fundador. O
relevante é que um processo de mudança estratégica não pode ignorar a cultura instalada –
quer seja para a entrada em novos negócios, reestruturações profundas, internacionalização
etc. Os sistemas e processos precisam de ser alterados quando novas estratégias são con-
figuradas. E também os líderes têm um papel essencial na implementação da estratégia. A
estratégia requer uma visão clara, com objetivos bem definidos. Mas requer, também, o
entusiasmo e dedicação dos seguidores, a existência de procedimentos ajustados às ações
necessárias. Os executivos gostariam de trabalhar num mundo previsível. Apesar de isso ser
possível em alguns negócios e setores de atividade, a maioria dos executivos opera num
mundo em contínua mudança e de mudanças imprevisíveis. Assim, neste ambiente tur-
bulento é difícil ter uma atitude de comando e controle da formulação e implementação das
estratégias. O processo usual por etapas – análise, escolha e implementação – é útil mas não é
suficiente. A empresa precisa ser adaptável para lidar com eventos imprevis- tos, por muito
bem que as tendências de evolução do ambiente tenham sido entendidas. A capacidade de
adaptação é uma capacidade essencial para o sucesso da empre- sa. No entanto, não é tanto
uma questão de dimensão como é de programação mental, de estilo de liderança, de cultura
organizacional, de sistemas e processos e de estrutura organizacional. E algumas partes,
funções ou departamentos, da empresa precisam ser mais adaptáveis que outras.
ExErcíciOS 1.
2. A empresa Alfa definiu uma estratégia de modificação de comportamento dos seus
colaboradores baseada no reforço positivo. Para esse efeito, a empresa (adaptada do
Exame Nacional de Cursos 2001): a) b) c) d) e) optou por condicionar uma parte
substancial da remuneração dos vendedores à satisfação dos clientes; pôs um trabalhador
à prova por causa de excesso de faltas e, após 20 dias consecutivos de ida ao trabalho,
premiou o trabalhador; demitiu todos os trabalhadores com mais de 20 dias consecutivos
de absenteísmo, o que serviu de exemplo aos outros; premiou os trabalhadores com bom
desempenho, deixando de aplicar sanções desconfortáveis; procurou direcionar os
comportamentos desejáveis através da definição dos valores da empresa. A Direção de
um Banco de média dimensão decidiu, como forma de obter uma vantagem competitiva,
implementar um novo sistema de remuneração, baseado nos resultados. O modelo
vinculava a remuneração ao atingir metas pré-nego- ciadas, de forma que as metas
individuais fossem alinhadas às do grupo, e estas resultam, por sua vez, das metas globais
do Banco. Esta forma de remuneração levou a melhor desempenho porque (adaptada de
Exame Nacional de Cursos 2003): a) b) c) d) e) utiliza modelos padronizados que podem
ser aplicados a diferentes setores de atividade; possibilita o maior comprometimento dos
indivíduos com os objetivos organizacionais; é independente da cultura organizacional,
dado que o valor da recompensa é baseado no cargo que o indivíduo ocupa; é fácil de
conceber, dado que não necessita de indicadores de desempenho; é concebido sob a
óptica de resultados igualitários.
Você foi contratado para conduzir um processo de mudança organizacional, numa
empresa com forte resistência à mudança. Você precisa apresentar um plano à
administração, incluindo diferentes alternativas de intervenção, algumas menos
adequadas que outras. Qual dos seguintes processos de intervenção provavel- mente
poderá prejudicar o desempenho da empresa a médio e longo prazos? (adaptada de
Exame Nacional de Cursos 2003). a) b) c) d) e) mudar os processos ao nível da
Administração procurando a maior integração do todo organizacional; mudar os artefatos
visíveis da empresa, incluindo o layout das salas e os uniformes; envolver os trabalhadores
na elaboração de um código de ética para a empresa; criar um programa para incentivar a
comunicação para todos os colaboradores sobre a missão, valores, objetivos estratégicos
e valores da empresa; envolver os colaboradores na definição da política de recompensas,
incentivos e punições.
Um líder pode ser uma alavanca poderosa para erguer uma empresa, mas precisa de
uma equipe e uma organização sólidas e, para que não fique esmagado embaixo das
ruínas do fracasso, a construção à volta dele tem de ser bem sólida (este texto teve
por base o artigo de Fernando Serra, Os “Pilares da Estratégia” e o sucesso das
organizações, Revista NEXT Brasil, no 5, p. 22-30, 2006) Sob a administração de Jack
Welch, a General Electric (GE) tornou-se a empresa mais admirada do mundo. A Bunge
é hoje a mais admirada empresa de agronegócios do mundo. A Vale, uma estatal
brasileira, é hoje uma multinacional e uma das maiores empresas de mineração
diversificada do mundo. Mas o que é que estas empresas têm em comum?