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A terceira e última viagem, e a mais solene das três, realiza-se por uma

estrada plana e suave e de muito silêncio. A facilidade encontrada nesta


viagem representa a tranquilidade e a paz obtida pelo homem que
consegue ordenar e moderar suas paixões. Como resultado, atinge sua
“idade da maturidade e da reflexão” (GOMG, 2004). Ao final desta
viagem, o Neófito bate à terceira porta, localizada no Oriente, e é
purificado pelo fogo, estando em condições de receber a Luz. A
purificação pelo fogo é um conceito encontrado em várias culturas, e
conforme destaca CAMINO (2007), na Iniciação do Aprendiz as chamas
do fogo objetivam inflamar de amor o coração do Maçom, através de
ações de caridade para com seus semelhantes.

As três portas pelas quais passa o Neófito simbolizam a Sinceridade, a


Coragem e a Perseverança (GOMG, 2004), e representam as três
disposições necessárias à procura da Luz da Verdade, sendo o processo
de Purificação necessário para livrá-lo dos seus preconceitos e prepará-
lo para receber a Luz e buscar a Sabedoria. Conforme aponta Leon
ZELDIS (1995), o processo de purificação pelos quatro elementos da
natureza – Terra, Ar, Água e Fogo – representa uma recapitulação da
Obra Alquímica, cujo trabalho inclui extrair os metais da terra – escavar,
triturar, peneirar, flotar e fundir – e transformá-los em metais refinados e
preciosos. O metal do Profano é transformado, mediante o processo de
Iniciação, em metal refinado e precioso, fundamental para a composição
dos Elos da Cadeia Fraternal.

Trata-se, portanto, de uma instrução riquísssima e de extrema


importância para o desenvolvimento contínuo do AP.’.M.’., pois recorda
seus passos iniciais na Maç.’., quando da Iniciação, e clarifica todo o
significado simbólico dos mistérios e alegorias da Moral Maçônica.

A viagem é feita com passos firmes e normais de um homem que chegou


à plenitude de seu desenvolvimento e representa a Idade Madura.
Mesmo nesse período da vida, o homem necessita ainda de auxílio e
apoio, porquanto isolado, não poderia levar a termo nenhuma tarefa
importante. Se é oprimido pela injustiça; se é vítima de um acidente; se
fica na indigência ou enfermo, ele necessita de socorro e auxílio. Sujeito
ao desfalecimento e ao erro, lhe são necessários conselhos e animações
que devem dar-lhes aqueles dos seus semelhantes mais sábios ou mais
instruídos. Esse é o significado da direção e o apoio que nessa viagem é
dada por um Irmão esclarecido, que se portou como um amigo.
A terceira viagem é o Batismo de Fogo ou do Espírito Santo, para a qual
fomos preparados pelas viagens antecedentes. É realizada com ainda
mais facilidade que as duas outras. Desaparecidos os obstáculos e os
ruídos, só se ouve uma música profunda e harmoniosa. Ao final de cada
viagem, batemos em uma porta. A primeira delas, significando a
Sinceridade, ficava ao Sul (Meio-dia) e nela mandaram que
passássemos. A segunda, cujo significado é a Coragem, ficava ao Norte
e nela fomos purificados pela Água. E a terceira, cuja significação é a
Perseverança, localizava-se no Oriente e nela fomos purificados pelo
Fogo. Simbolicamente grava-se com o Fogo da Fé os corações dos
Iniciados; e a Fé é o único selo pelo qual os Maçons se reconhecem
entre si. Prestamos então o nosso Juramento, cujas obrigações são três:

1ª - O silêncio. Lei importante do hermetismo é não revelar a ninguém os


segredos da Ordem;

2ª - Não escrever, gravar ou formar nenhum sinal que possa revelar a


Palavra Sagrada. Esse é o Verbo Divino que se acha em todo ser. O
Verbo Divino ou Ideal Divino deve operar do interior para fora e nunca
deve ser visto pelos olhos das paixões, como os que se vangloriam de
seus poderes;

3ª - É a União Eterna com a Fraternidade Espiritual, com seus ideais,


aspirações e tendências. Firmamos o compromisso de ajudar os nossos
Irmãos a cada momento.
Uma vez firmados os três deveres do Juramento, foi-nos dada a Luz - A
Luz da Verdade. Efetuou-se esse símbolo fazendo cair as vendas de
nossos olhos, as quais representam a ilusão que nos impede de ver a
essência da Verdade. A Luz, a refletir-se nas espadas empunhadas por
nossos Irmãos, simboliza a Luz interior que passa livremente e se
derrama no mundo externo para fazer desaparecer, pouco a pouco, todo
temor e qualquer dificuldade. A princípio, ficamos deslumbrados. Essas
espadas apontavam para nós, mas não representavam ameaças ou
sequer produziam qualquer sensação de medo. Elas demonstram as
dificuldades que devem os Iniciados afrontar no cumprimento constante
de seus ideais - não deveremos jamais renunciar a aspirações elevadas.
Vistos pelos Irmãos com a firmeza de nossos propósitos, baixam-se as
espadas, com o significado de que as dificuldades são vencidas ante a
firmeza da Fé. Concluindo vem o Ato de Consagração, para o qual fomos
levados diante do Altar. Ali, ajoelhamo-nos sobre o joelho esquerdo, ao
passo que o direito ficasse em forma de esquadro. Confirmamos então
nossas obrigações e o Venerável Mestre, batendo com o Malhete três
vezes na lâmina da Espada Flamejante, antes de pousá-la sobre as
nossas cabeças, deu por cumprido o ato ao som da terceira vibração.

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