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Sarfati Gilberto:

Teoria das Relações Internacionais, cap. 10


Tema: Escola inglesa

Capítulo 10 Escola Inglesa

A versão mais aceptada da origem da escola inglesa começou com a criação de um


comitê multidisciplinario Britânico de Teoria de Politica Internacional, em 1958 baixo a
subvenção da fundação Rockefeller, e começou com a direção do professor, em
Cambridge, de história, Herbert Buterfield e o importante aporte especialmente dos
internacionalistas Martin Wight e Hedley Bull.

Poderíamos dizer que a escola inglesa é uma síntese de duas correntes então
dominantes, o realismo e o Liberalismo, pois consideravam o estudo da história das
relações humanas como produtoras da relação entre Estados e incorpora também
aspectos normativos, centrado na investigação de fatos históricos , em valores nacionais
e na tomada de decisão dos atores.
Assim a análise se foca nos seres humanos ao invés das estruturas , por meio do direito,
da sociologia e da Filosofia, economia, ciências politicas)
A escola Inglesa passou assim por quatro períodos: Criação: (1959-66) Desenvolveu
uma problemática sobre sociedade Internacional. Consolidação: (1966-1977)
Apresentou seus principais trabalhos, sociedad anárquica, BULL,1977 e Sistema de
Estados. Regeneração:(1977-1992), Expansão: (1992-Atualidade), chegada da terceira
geração de acadêmicos, aqui debatem e confrontam as ideias das correntes
Neorrealistas e construtivistas.

Uma primeira diferencia da Escola inglesa com os acadêmicos estado-unidenses em


relação as RIs é que os segundos a viam como parte das ciências politicas; em
contraposição, a escola entendia as relações internacionais como um ponto de encontro
de várias ciências sociais (nomeadas anteriormente) e constituíam um domínio separado.
A escola inglesa não ve aos Estados como “coisas” que podem existir ou interagir em
funcao deles mesmos, contrapondo a ideia de que os Estados não podem existir sem os
seres humanos que o compõem e atuam em seu nome (diplomatas, estadistas,

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governantes). Outra questão importante desta escola a considerar vincula-se ao modo


com vem a dinâmica do sistema internacional e entre os Estados; relacionado também
com as “tradições” do realismo, racionalismo e revolucionismo.

Martin Wight (1913-1972)


Este autor, formado em história moderna no college de Oxford, baixo orientação de
Butterfield, desempenhou a maior parte de sua carreira como reader em RIs. Quem
publicou seus trabalhos foi Bull, após sua morte. Descreve conceitos chamados das “tres
erres de Wight”.
O realismo define aos Estados como agências de poder que perseguem seus próprios
interesses, entendendo as relações internacionais como num entorno anárquico conflitivo
na defesa de sua soberania.
Essa seria a fase positivista da Escola Inglesa na observação de que o sistema anarquico
leva a um comportamento recorrente e permanente de balanceamento de poder. Por isso
se fala de Sistema internacional.
Já o racionalismo (inspirado por Hugo Grocio), considera aos Estados como
organizações legais que operam de acordo a lei internacional e prática diplomática.
Enxergando as relações internacionais como atividades governadas por leis baseadas na
autoridade mutuamente reconhecida de Estados modernos.
Nesse sentido é associado à construção da sociedade internacional, quanto mais os
Estados compartilharem os valores culturais comuns, maior a probabilidade de
cooperação entre eles.
Por último, a terceira visão, o revolucionismo, inspirada em Kant, reduz a importância
dos Estados e coloca a ênfase nos seres humanos, no qual compõem uma comunidade
mundial, primordial e mais fundamental que a sociedade de Estados e suas instituições.
Aqui o revolucionismo é associado à sociedade mundial, na ideia da existência de
valores latentes nos seres humanos em comum, como por exemplo o direito a uma vida
digna, ausência de exploração, liberdade de expressão, moradia, alimento, etc.

A Escola Inglesa parece mais vinculada na tradição racionalista ou Grotiana, dado que
Grotius no século XVII sustinha que era possível contrapor os efeitos da anarquia

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internacional por meio da conformação de uma ordem internacional, assentado na


aceitação pelos Estados de certas regras e leis internacionais. Precisamente, esta escola
considera as RIs como uma “sociedade Internacional” na qual os Estados estão
obrigados por leis e instituições que criam. (Bull, 2005)

Hedley Bull (1932-1985)


Bull desenvolve sistemáticamente os conceitos de Wight em seu livro, Asociedade
anarquica, 1977. Uma de sus primeiras definições é a ordem internacional, como um
padrão de atividades que sustenta os objetivos elementares ou primários da sociedade
dos Estados ou sociedade Internacional.
Entende os Estados como comunidades politicas que defendem a soberania interna (a
supremacia de suas decosoes com respeito a sua população) e externa (consiste na
independencia em relacao as autoridades externas).
Define um sistema de Estados ou sistema internacional quando dois ou mais Estados
tem contato suficiente para que suas decisões gerem impactos recíprocos.
Por exemplo quando se tem relações de fronteira; econômicas; por meio da complexa
teia de relacionamento financeiro internacional. Essas relações podem se realizar por
cooperação, conflito ou neutralidade.
A sociedade dos Estados ou sociedade Internacional é quando reconhecem certos
interesses e valores comuns, ligam seus relacionamentos por certas regras (direito
internacional), e instituições compartilhadas respeitando a independência uns dos outros.

Bull entende a ordem mundial como mais ampla que a ordem entre os Estados ou
internacional, por incluir também ETNs, OINGs, Etc. Essa sociedade mundial consta de
um grado de interação que vincula todas as partes da comunidade humana e que se
sustem por valores e interesses comuns, onde logo mencionaria os direitos humanos.

A escola inglesa estabeleceu um diálogo entre as tradições de pensamento, e intenta


concretizar uma passagem de um sistema caótico a um mais harmônico por entenderem
que assim os países poderosos realizariam seus interesses mais rápido a custos
menores.

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