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AULA Nº 01 - REDAÇÃO UFPR: COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS

• Fidelidade ao que propõe a questão, o que requer também domínio de leitura de texto(s) que serve(m) de base;
• Organização global e coerência do texto;
• Domínio da estrutura discursiva do gênero textual proposto no enunciado da questão;
Uso adequado de recursos coesivos;
• Domínio da língua culta contemporânea: normas de concordância, regência e colocação, Além de uso de
vocabulário adequado;
• Domínio de estruturas sintáticas próprias da escrita, bem como dos sinais de pontuação, tendo em vista um
máximo de clareza e precisão;
• Legibilidade do texto e respeito às normas ortográficas em vigor.
Guia do Candidato – Processo Seletivo 2020/2021: Informações Complementares ao Edital no 75/2020

Nas questões argumentativas NC/UFPR, é muito importante. A atenção no que se pede enunciado, pois é
nele que se instrui o gênero textual solicitado (nesse caso, o texto dissertativo-argumentativo), tema da redação
e os respectivos comandos. Assim, pode-se afirmar que a obediência a essas instruções é o principal roteiro de
planejamento do texto. Nesse sentido, compreender qual o foco da proposta torna-se o primeiro passo para uma
boa organização das ideias.
Além dessa atenção especial aos comandos, nas questões UFPR os textos que fazem parte da proposta
não são meramente motivadores, pois eles não cumprem apenas a função de nortear os rumos do tema da redação.
Por isso, eles devem ser muito bem compreendidos, pois são a principal referência sobre a redação que deve ser
feita. Afinal, contêm o conteúdo necessário para que você possa pôr o tema em debate. Em outros casos, o foco da
proposta pode ser outro: como nos casos de a questão pedir um posicionamento, não sobre o tema do texto-base,
mas a respeito do próprio texto-base. Ou seja, há questões que têm como finalidade verificar se você concorda com
o texto-base ou se discorda dele, como é o exemplo a seguir, cobrado no vestibular 2019/20.

Análise de questão
(UFPR) Leia a crônica abaixo – “A sociedade líquida”, de 2015 –, escrita pelo filósofo italiano Umberto Eco,
que serve de introdução ao último livro do escritor, Pape Satan Aleppe: crônicas de uma sociedade líquida,
publicado postumamente.
A ideia de modernidade ou sociedade “líquida” deve-se, como todos sabem, a Zygmunt Bauman. A sociedade
líquida começou a delinear-se com a corrente conhecida como pós-moderno (aliás, um termo “guarda-chuva” sobre
o qual se amontoam diversos fenômenos, da arquitetura à filosofia e à literatura, e nem sempre de modo coerente).
O pós-modernismo assinalava a crise das “grandes narrativas” que se consideravam capazes de impor ao mundo
um modelo de ordem e fazia uma revisitação lúdica e irônica do passado, entrecruzando-se em várias situações
com pulsões niilistas. Mas para Borboni, o pós-modernismo também conheceu uma fase de declínio. [...] Servia
para assinalar um acontecimento em andamento e representou uma espécie de balsa que levava da modernidade
a um presente ainda sem nome. Para Bauman, entre as características deste presente nascente podemos incluir
a crise do Estado (que liberdade de decisão ainda têm os Estados nacionais diante dos poderes das entidades
supranacionais?). Desaparece assim uma entidade que garantia aos indivíduos a possibilidade de resolver de modo
homogêneo vários problemas do nosso tempo, e, com sua crise, despontaram a crise das ideologias, portanto, dos
partidos e, em geral, de qualquer apelo a uma comunidade de valores que permita que o indivíduo se sinta parte de
algo capaz de interpretar suas necessidades. Com a crise do conceito de comunidade, emerge um individualismo
desenfreado, onde ninguém é mais companheiro de viagem de ninguém, e sim seu antagonista, alguém contra
quem é melhor se proteger. Esse “subjetivismo” solapou as bases da modernidade, que se fragilizaram, dando
origem a uma situação em que, na falta de qualquer ponto de referência, tudo se dissolve numa espécie de liquidez.
Perde-se a certeza do direito (a justiça é percebida como inimiga) e as únicas soluções para o indivíduo sem pontos
de referência são o aparecer a qualquer custo, aparecer como valor [...], e o consumismo. Trata-se, Porém, de
um consumismo que não visa a posse de objetos de desejo capazes de produzir satisfação, mas que torna estes
mesmos objetos imediatamente obsoletos, levando o indivíduo de um consumo a outro numa espécie de bulimia
sem escopo (o novo celular nos oferece pouquíssimo a mais em relação ao velho, mas descarta-se o velho apenas
para participar dessa orgia do desejo).
O que poderá substituir esta liquefação?
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AULA 01

Elabore um texto a partir da pergunta que fecha o texto de U. Eco. Seu texto deverá:
• contextualizar a temática;
• identificar características relevantes da sociedade atual apontadas por U. Eco;
• dialogar com essa caracterização, apresentando uma reflexão na direção proposta pela pergunta;
• apresentar as razões que embasam a reflexão que você está desenvolvendo;
• ter entre 10 e 15 linhas;
• respeitar as características discursivo-formais do gênero solicitado.

Exemplos de redação

Texto 01

O filósofo Umberto Eco apresenta, na introdução do seu último livro, a crônica “A sociedade líquida” (escrita
em 2015), na qual se vale das ideias de “modernidade líquida” de Zygmunt Bauman para desenvolver o seu ponto
de vista sobre o assunto. Segundo Eco, passamos por uma crise causada pela falta de referência (característica
do pós-modernismo), a qual acarreta o individualismo, no consumismo, e na subjetivação de ideologias. Além
disso, o autor termina seu raciocínio questionando o que poderá substituir essa liquefação.
Na minha opinião, eco está correto no modo como caracteriza a nossa realidade, pois vivemos em uma
sociedade repleta de doenças psicológicas e de desapego entre as pessoas. Entretanto, arrisco-me em opinar
que talvez o questionamento do escritor não tenha resposta, pois, ao invés de substituir, precisamos aprimorar, ou
seja, amadurecer essa nova realidade de modo que ela resolva, por si só, os problemas levantados pelo filósofo.
Visto que, os modernistas foram julgados e vaiados da mesma forma que hoje nos chamam de “geração mimimi”.
Eu Acredito que ambas as situações (pré e pós) são apenas momentos de transição que, hora ou outra, dão
espaço para o esplendor da humanidade.

Texto 02

Em sua crônica “A sociedade líquida”, de 2015, Umberto Eco afirma que com o declínio do pós-modernismo
chegamos à atualidade, cuja principal característica é ser uma modernidade líquida - termo do sociólogo Zygmunt
Bauman. De acordo com o filósofo italiano, no presente, observam-se as crises do estado, das ideologias e
individualismo e consumismo exacerbados. Dessa maneira, Eco questiona o que poderá substituir tal liquefação,
e reconheço que a única via plausível é a democrática.
Para que as noções de Estado e ideologia tornem-se familiares ao povo, o emprego de uma democracia
pluripartidarista que abra o debate político a todas as esferas sociais é essencial. No Brasil, por exemplo, apenas
fortalecendo instituições democráticas nossa sociedade deixará de declinar e encontraremos o progresso.
Além disso, concedendo maior voz às pessoas mais grupos e comunidades se formarão, extinguindo o mal da
individualidade. O consumismo, de modo semelhante, é menor em democracias maduras, já que suas populações
são mais esclarecidas e menos alienadas. Portanto, para que abandonemos a sociedade líquida descrita por
Umberto Eco, devemos nos tornar cidadãos que agem de maneira democrática e exigem o mesmo do estado.
Ana Lídia Zaponi

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AULA 01

PROPOSTAS DE REDAÇÃO

PROPOSTA 01

Consultoria aponta licença parental como opção para reduzir desigualdade de gênero

Nesse tipo de licença, sugerida em projetos que tramitam na Câmara dos Deputados, o período fora do trabalho
após o nascimento do filho é compartilhado entre mulheres e homens

No Relatório Global sobre Desigualdades de Gênero de 2018, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o
Brasil ocupou a colocação 95 entre 149 países pesquisados. O Brasil é mais desigual em termos de gênero do que
todos os outros países da América Latina. E o mais grave: a desigualdade de gênero no País não vem diminuindo,
e sim aumentando. Para efeito de comparação, em 2014, o Brasil estava mais bem colocado no ranking do que em
2018, ocupando a posição 71 entre 142 países.
O Brasil não apresenta desempenho satisfatório em dois itens analisados pelo Fórum Econômico Mundial:
empoderamento político feminino e participação econômica e oportunidade para mulheres. Esta última categoria foi
a que mais contribuiu para o Brasil subir no ranking de desigualdade.
As mulheres têm sido mais afetadas pelo desemprego no Brasil e ganham, em média, 23% menos do que
os homens, apesar de a legislação brasileira proibir a discriminação de salários entre os gêneros e apesar de a
desigualdade de gênero na educação ter sido eliminada. Hoje as mulheres alcançaram maior escolaridade que os
homens no Brasil.

Licença e mercado de trabalho


Então o que explica o quadro persistente de desigualdade de gênero no mercado de trabalho no Brasil? Em
estudo publicado em março, os consultores legislativos da Câmara Luciana Teixeira e Eliezer Noleto citam o maior
tempo despendido por elas nos trabalhos domésticos e uma possível discriminação prévia em relação à contratação
de mulheres, por conta da licença-maternidade. “O empregador muitas vezes vai privilegiar a contratação de um
homem porque ele sabe que a mulher pode eventualmente dar mais despesa para a empresa, principalmente em
função da licença-maternidade – 120 dias, que podem ser estendidos até 180 dias –, e ele tem que contratar uma
pessoa para o lugar”, explica Eliezer.
Uma das possibilidades de mudar esse quadro, segundo o estudo, seria a criação da licença parental em
substituição à licença-maternidade. Nesse tipo de licença, os quatro meses de licença após o nascimento do filho
passariam a ser compartilhados entre o pai e mãe, em períodos alternados. Dessa forma, o risco financeiro de
contratação de homens e mulheres seria similar.

Projetos na Casa
Alguns projetos de lei em análise na Casa instituem a licença parental, como o PL 9412/17, apresentado pela
deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO). “Em alguns países como a Suécia, a Finlândia e a Noruega, essa proposta
já existe”, afirma a parlamentar. “A gente poderia trazer essa oportunidade para o País e garantir esse direito de
divisão do tempo entre o pai e a mãe, em períodos alternados. Assim, se daria uma oportunidade não apenas para
essa relação do pai e filho como uma condição de a mãe ter uma oportunidade de estar, cada vez mais, inserida no
mercado de trabalho”, completa Mariana.
O projeto sobre licença parental tramita apensado a outro, do Senado, sobre ampliação da licença-paternidade
de 5 dias para 15 dias (PL 3935/08) para todos os trabalhadores. Hoje, apenas os empregados de participantes do
Programa Empresa Cidadã têm o benefício ampliado. Esse projeto foi aprovado por uma comissão da Câmara e
rejeitado por outra. Agora tramita em regime de urgência e aguarda votação em Plenário.

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AULA 01

Embora haja dificuldade para ampliação da licença-paternidade em momento de crise econômica, por conta
dos custos para o empresário, o consultor Eliezer Noleto destaca que, no caso da licença parental, não há aumento
de custos. “Digamos que você mantenha os 120 dias de licença-maternidade e os transforme numa licença parental.
A ideia é que, se o pai for gozar da licença parental, esse ônus também seja da Previdência, e não do empregador,
da forma como é para a licença-maternidade. E, se for mantido o mesmo período de 120 dias, em princípio não terá
aumento de despesa para a Previdência, porque ela já arca com esses 120 dias para a mãe”, explicou.
O estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), mostra que no Brasil as mulheres trabalham em média 18,1 horas por semana em afazeres
domésticos; enquanto os homens despendem 10 horas e meia semanais com o trabalho em casa. O estudo compila
dados do período de 1995 a 2015.
Extraído de: <https://www.camara.leg.br/>. Publicado em: 19/06/2019

Escreva um texto em que você se posicione a respeito da substituição da licença-maternidade por uma
licença-parentalidade no Brasil, dialogando com a justificativa da deputada Mariana Carvalho, a qual afirma
que esse projeto seria “uma oportunidade não apenas para essa relação do pai e filho como uma condição
de a mãe ter uma oportunidade de estar, cada vez mais, inserida no mercado de trabalho”. Seu texto deverá:
• contextualizar o tema;
• defender claramente um ponto de vista sobre o tema;
• respeitar as características discursivo-formais do tipo textual solicitado;
• empregar a norma culta escrita da Língua Portuguesa;
• ter entre 10 e 15 linhas.

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AULA 01

PROPOSTA 02

Texto 01

O projeto que autoriza o cultivo de maconha para fins medicinais deve ser aprovado no Congresso? SIM

Não se deve confundir prescrição médica com uso social ou bandeira moral

O projeto de lei (PL) 399/15, que trata do plantio de maconha no Brasil para uso científico e medicinal, foi
aprovado em uma comissão especial na Câmara dos Deputados.
A proposta é alvo de uma série de ações nas redes sociais e na política, repetindo de formas variadas a noção
de que este PL significaria a “liberação” da maconha no Brasil.
É necessário esclarecer o teor do projeto e entender que a pauta levantada pela maioria de seus estrepitosos
opositores não é de natureza sanitária, mas, principalmente, moral.
Deve-se estar ciente de que, apesar de determinar regras mais claras, o projeto não legalizará a maconha
medicinal no Brasil; tal regulamentação já aconteceu em 2019, em resolução da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, a Anvisa.
o fazê-la, a agência seguiu a evidência científica erguida de forma lenta, mas inequívoca: existem propriedades
terapêuticas em extratos da planta e seus princípios ativos isolados, os canabinoides. Isso inclui tanto o canabidiol
(CBD), que não é euforizante e é defendido na sua forma isolada pelos conservadores, quanto o tetraidrocanabinol
(THC), que é o principal responsável pelos efeitos subjetivos.
Contudo, mesmo autorizando o uso medicinal, a Anvisa não tem competência legal para regularizar o plantio
de maconha no Brasil. Na prática, isso significa que pessoas que necessitam de medicamentos à base da planta
têm que enfrentar a importação de produtos, com preços que superam a cifra de milhares de reais por mês, ou
buscar o plantio associativo autorizado pela Justiça.
O PL 399/15 regulamenta os termos em que o plantio, o processamento e a comercialização de medicamentos
de maconha e de produtos de cânhamo — cânabis sem THC cultivada por suas fibras de excelente qualidade —
possam acontecer em território nacional.
[...]
O texto do projeto de lei é rigoroso em relação às medidas de segurança necessárias para que as plantações
de maconha atendam a fins estritamente farmacêuticos e científicos. O uso terapêutico de maconha “in natura”,
como chá ou produto fumígeno, foi vedado.
[...]
Portanto, é imperativo reconduzir essa suposta polêmica onde ela possa ser melhor abordada na política
pública: no âmbito científico e sanitário. Tentar distorcer a pauta para que o projeto se revista de uma questão de
costumes é parte do método habitual do conservadorismo brasileiro de gerar muita fumaça por nada.

Luís Fernando Tófoli


Doutor em psiquiatria pela USP e professor da Unicamp
Extraído de: Folha de S. Paulo. Publicado em: 25/06/2021

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AULA 01

Texto 02
O projeto que autoriza o cultivo de maconha para fins medicinais deve ser aprovado no Congresso? NÃO

Proposta assume eficácia e segurança sem dispor de dados confiáveis para isso

Não existe “maconha medicinal”. A maconha, o haxixe e o óleo de Cannabis são preparações totais de uma
planta que contém mais de cem canabinoides —moléculas que atuam no “sistema endocanabinoide” do cérebro.
Dois deles merecem maior atenção: o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD).
O THC responde pelo abuso e dependência, tem pouco interesse medicinal e, por via endovenosa, induz
sintomas psicóticos agudos em pessoas sadias. Já O CBD não é psicotóxico e tem indicação terapêutica estabelecida
apenas para epilepsia resistente a tratamento em crianças e adolescentes.
Outras indicações médicas de canabinoides dependem de comprovação de eficácia e segurança.
[...]
Análise de 63 revisões de artigos científicos, publicada no Canadá em 2018, mostra que o uso da maconha
e de outras preparações da Cannabis é associado a aumento de câncer no testículo, acidente vascular cerebral,
inflamação pulmonar, complicações na gestação, parto prematuro, redução do peso ao nascer, dificuldades de
coordenação motora, diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, do volume dos hipocampos e da substância branca do
cérebro. Conforme artigo de 16 de junho deste ano na revista JAMA-Psychiatry, o uso de maconha na adolescência
se relaciona com reduções da espessura do córtex cerebral de regiões ricas em receptores (CB-1) de canabinoides.
Maconha com alto teor de THC foi identificada como provável componente causal para a esquizofrenia. Artigo
na The Lancet, em 2019, informou que, em regiões de Londres, Amsterdã e Paris onde se usa Cannabis com mais
de 10% de THC, a incidência de esquizofrenia é significativamente maior do que em outros locais. Variedades da
Cannabis com teor de THC cada vez maior têm sido cultivadas e vendidas para fins recreativos. A maconha legalizada
no Uruguai pode ter 15% de THC. O cigarro eletrônico chega a 60%. Jovens expostos a maiores concentrações de
THC do que as usadas até há 30 anos terão prejuízos maiores do que os hoje documentados.
O projeto de lei 399/15 contradiz a essência da ética em saúde, pois assume eficácia e segurança sem dispor
de dados confiáveis para isso. Contradiz, também, a lógica da economia, pois os custos médicos, humanitários,
sociais e produtivos serão maiores do que os gastos do SUS com a compra e distribuição de preparações purificadas
de componentes seguros da Cannabis para quem, de fato, precisar delas. Essa lei estimularia o uso da maconha,
em vez de promover a prevenção primária de danos irreversíveis.
Valentim Gentil Filho
Doutor em psicofarmacologia, é professor sênior de psiquiatria e professor emérito da Faculdade de Medicina da USP
Extraído de: Folha de S. Paulo. Publicado em: 25/06/2021

Com base na leitura dos textos motivadores apresentados e nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o projeto de lei discutido nos dois artigos.
Seu texto deve:
• contextualizar o tema;
• defender claramente um ponto de vista sobre o tema;
• contrapor os dois lados do debate;
• respeitar as características discursivo-formais do gênero/tipo textual solicitado;
• empregar a norma culta escrita da Língua Portuguesa;
• ter entre 20 e 25 linhas.

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AULA Nº 02 - TEXTOS-BASE: VERBAIS E NÃO VERBAIS
Questão para análise 01

Proposta para análise

Leia o texto abaixo.


A web já faz parte do cotidiano de pesquisadores, editoras e instituições científicas. Publicamos e lemos
periódicos on-line, e utilizamos plataformas da web social (Twitter, Facebook, blogues, YouTube etc.) para divulgar
nossos trabalhos, fazer contatos, encontrar novos colaboradores... Nossas produções e resultados de pesquisa
também circulam no ambiente on-line, recebendo curtidas e comentários, sinalizando um interesse que, até pouco
tempo atrás, era muito mais difícil de acompanhar. O padrão ouro da avaliação dos artigos científicos até a década
passada era a citação. Diante da possibilidade de se ver e monitorar todo esse diálogo da ciência em ação na
internet, não seria interessante considerar essa uma nova forma de medir os impactos da ciência?
Quando olhamos para as citações que um artigo recebeu, estamos considerando um grupo relativamente
limitado de pessoas que o usaram: aquele grupo que se interessou, leu e utilizou aquele texto para construir e
publicar o seu próprio trabalho. Esse grupo com certeza é muito importante – afinal, é assim que se faz ciência, com
pesquisadores usando trabalhos de outros pesquisadores para construir conhecimento novo. Mas a citação não é
o único uso que um artigo científico pode ter. Estudantes leem artigos como parte da sua formação profissional.
Profissionais leem artigos para ficar em dia com novas tendências da área e para resolver questões específicas,
como definir um diagnóstico médico. Pacientes, gestores, ativistas, amadores, wikipedistas, curiosos, muita gente
pode se interessar pela literatura científica, pelos mais diversos motivos.
Hoje, nas redes sociais, encontramos traços desses interesses por artigos científicos e pela ciência. O
biólogo compartilha seu artigo novo no Facebook. A astrônoma explica sua pesquisa em um vídeo no YouTube. A
cientista social escreve uma sequência no Twitter mostrando com o que a pesquisa acadêmica pode contribuir para
a sociedade... São atos que não necessariamente geram citações, mas demonstram que a utilidade da ciência não
se resume ao que é publicado formalmente em periódicos consagrados.
As métricas dessa disseminação de trabalhos científicos nas redes sociais, que chamamos altmetrias (do
inglês altmetrics, encurtamento da expressão alternative metrics – métricas alternativas, em português), vão aos
poucos se incorporando ao nosso cotidiano. Em alguns periódicos e repositórios, encontramos, junto aos dados
de download, informações sobre quantas vezes o arquivo foi compartilhado. Para alguns, as altmetrias podem ser
indicadores do impacto social da ciência, algo importante para a sociedade que quer e deve acompanhar o que se
faz com os recursos públicos investidos em ciência.
Mas quais seriam essas métricas? Podemos lançar o olhar para a disseminação dos conteúdos em tuítes e
posts de divulgação, ver a interação dos usuários a partir desses posts (as tais curtidas e reações do Facebook e
corações do Twitter), os downloads dos artigos e sua incorporação em gestores de referência como o Mendeley
e a geração de conteúdo a partir do uso dos artigos em documentos como blogues, sites e Wikipedia. Podemos
avaliar quantitativamente as diferentes reações (no caso do Facebook), redes de relações e compartilhamentos dos
usuários, ler os comentários e respostas, enfim, ver todo esse processo que vai da divulgação científica ao diálogo
entre pares, em um olhar sobre a ciência e sua disseminação e comunicação.
Outro ponto importante é reconhecer os diferentes níveis de engajamento representados por cada ato nas
redes sociais. Um clique no botão ‘curtir’, por exemplo, é um tipo de engajamento superficial, que pode ser uma
demonstração de interesse mas demanda pouco esforço do usuário. Se queremos transformar os tais polegares e
corações em indicadores, eles precisam estar refletindo mais do que mera repercussão viral e ir mais fundo.
Fábio Castro Gouveia (Fundação Oswaldo Cruz) e Iara Vidal Pereira de Souza (UFRJ). Revista Ciência Hoje, edição 348, outubro de 2018.
Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/artigo/a-ciencia-compartilhada-na-rede>. Adaptado.

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AULA 02

Com base nessa leitura, escreva um texto argumentativo sobre a relação entre ciência e redes sociais, pro-
curando dar uma resposta à questão que se levanta no primeiro parágrafo: não seria interessante conside-
rar a altmetria uma nova forma de medir os impactos da ciência?
• Seu texto deverá:
• contextualizar o tema;
• conter um posicionamento, com as devidas justificativas, acerca do uso da altmetria para avaliar os impactos da
ciência;
• identificar e opor pontos positivos e pontos negativos do uso da altmetria;
• apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo;
• ter no mínimo 10 e no máximo 12 linhas.

Texto 01

A indústria cultural, evidenciada pela Escola de Frankfurt, contribuiu para a massificação de produtos
culturais, como a arte de massa, produzida com o intuito de render lucro para os grandes meios de comunicação,
como rádio, TV e grandes gravadoras. Essa massificação também chegou à informação, a qual tornou acessível
à população conteúdos científicos, antes somente utilizados no meio acadêmico. Nesse viés, está cada vez mais
possível, por meio das redes sociais, o compartilhamento de trabalhos científicos, e, assim a altmetria atinge um
número maior de pessoas e permite o contato direto entre cientistas e leitores.
Naturalmente, essa ciência publicada e lida de forma massificada terá como maior consequência a
superficialidade, que certamente fará da ciência mais um artigo de ostentação, pois muitas pessoas posarão
de cultas por compartilharem em seus perfis artigos científicos que nem chegaram a ler. Prova disso é o grande
volume de fake news, que usuários da rede compartilham sem verificar a validade das informações. Portanto, nem
o conhecimento científico escapou dessa realidade massificada definida pelos intelectuais de Frankfurt.

Texto 02

Atualmente, com a ascensão da internet e a interação social nas plataformas da web, existe um
compartilhamento de artigos, pesquisas e resultados científicos, como os da página “BBC Brasil” no Facebook, o
que representa um avanço positivo na disseminação do conhecimento para a sociedade brasileira. No entanto,
é necessária uma forma de avaliar os impactos causados pela ciência, o que pode ser solucionado com as
altmetrias, um meio coerente e justo, pois permite a contabilização de downloads e acessos, a visualização da
interação dos usuários com os materiais, o acompanhamento de conteúdos e referências criadas com bases
nesses artigos, e todo o processo on-line de interação sociedade-ciência. Em contrapartida, é um processo que
não reconhece o quão efetiva e sincera foi a participação do indivíduo com o conteúdo, pois nessa interação pode
haver adulteração de conteúdo ou de quantidade de acessos por meio de acessos robóticos.
Observa-se que é muito importante um meio para verificar o impacto da produção científica perante
a sociedade, o que garante um retorno aos pesquisadores e maior desenvolvimento intelectual da sociedade.
Porém, o uso de altmetria carece de melhorias e ajustes para satisfazer completamente a necessidade brasileira.
Bryan Wesley Weng

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AULA 02

Questão para análise 02

Leia o excerto e a tirinha que seguem.


[...] agora habitamos, de modo sem precedentes, dois mundos diferentes – o ‘on-line’ e o off-line’ –, ainda
que sejamos capazes de passar de um para outro de forma tão suave, a ponto de isso ser, na maioria dos casos,
imperceptível, de vez que não há nem fronteiras demarcadas ou controles de imigração entre elas, nem agentes
de segurança para verificar nossa inocência ou funcionários da imigração checando nossos vistos e passaportes.
Com muita frequência conseguimos estar nos dois mundos ao mesmo tempo [...]. Pode-se fazer uma longa lista
de diferenças entre os dois mundos, mas uma delas parece ter mais peso sobre nossas reações aos desafios
da ‘crise migratória’. Dentro do mundo off-line eu estou sob controle – espera-se que me submeta ao controle de
circunstâncias contingentes, voláteis, e muitas vezes sou forçado a isso – para que obedeça, me ajuste, negocie
meu lugar, meu papel, assim como o equilíbrio de direitos e deveres – tudo isso vigiado e imposto pela sanção,
explícita ou suposta, da exclusão e da expulsão. Enquanto no mundo on-line, pelo contrário, eu sou responsável
e estou no controle. On-line, sinto que sou o administrador das circunstâncias, aquele que estabelece a agenda,
recompensa a obediência e pune a indisciplina, que detém a arma do banimento e da exclusão. Eu pertenço ao
mundo off-line, enquanto o mundo on-line pertence a mim.

In: BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 101/102.

Disponível: <http://assuperlistas.com/2017/02/21/os-melhores-cartunistas-do-brasil>. Acessado em 04/09/2017.

(UFPR) Escreva um texto argumentativo no qual você concorde ou discorde da afirmação contida na última
frase do excerto, síntese do pensamento do autor, em face da tirinha de Dahmer.

Seu texto deve:


• ter de 12 a 15 linhas;

• apresentar seu posicionamento relativamente ao tema da afirmação;

• conter as justificativas de seu posicionamento.

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AULA 02

Texto 01

A internet não é uma verdadeira terra sem lei, como alguns pensadores afirmam. Apesar da grande facilidade
e sentimento de liberdade que o mundo on-line proporciona, o que é feito de maneira prejudicial e infame pode
facilmente virar um caso de Justiça.
Casos famosos e recentes, como os comentários racistas em páginas de atrizes negras viraram caso
policial, e, mesmo o indivíduo achando que está em completo anonimato, a partir do momento em que se atinge
a liberdade do próximo, ele sai dessa dita terra sem lei. Aliás, é muito mais fácil achar rastros de culpa na internet
que na vida real, mostrando que as leis da vida real interferem no mundo virtual.
A liberdade de expressão que a internet e principalmente as redes sociais têm para criar críticas é
extraordinária e pode servir para o bem, um exemplo disso é o caso da Primavera Árabe, que juntou milhões de
pessoas a partir de movimentos no Facebook. Movimentos das minoridades ganharam grande força na internet,
julgando casos de machismo e racismo, criando debates visando melhorar a sociedade. O mundo on-line pode até
ser somente seu, no momento em que você não está compartilhando do espaço com outra pessoa.

Texto 02

Concordo plenamente com o pensamento de Zygmunt Bauman sobre a internet (“Estranhos à nossa porta”,
2007). Para o sociólogo, as pessoas possuem vida dupla: on-line e off-line. Enquanto nesta elas cumprem regras
e deveres, transformam-se no espaço virtual, pois sentem-se onipotentes, à vontade para expressão boçal e para
a hostilização sem limites. Pensamento semelhante, e igualmente correto, é demonstrado por André Dahmer em
tira publicada em “Assuperlistas”. Nela, um personagem pede ao Poço dos Desejos o poder de criticar o mundo,
sem compromisso para transformá-lo. Ele ganha uma rede social. Para comprovar a tese dos dois autores, basta
ver postagens em redes ou em vídeos do Youtube o comportamento dos “haters”, pessoas que, muitas vezes
escondidas em avatares ou nicknames, promovem covardemente o discurso de ódio e o linchamento moral
indiscriminado. Exemplo disso é o caso da jornalista Maju Coutinho, atacada nas redes pelo fato de ser negra.
Casos assim, infelizmente, não são raros, o que mostra a genialidade do sociólogo e do cartunista, certeiros em
perceber essa maneira sociopata de agir na internet.

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