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オーバーロード Ilustrado por so-bin
Aviso Legal:
A tradução de OVERLORD — para inglês e português — é feita e revisada de fã para fã,
não monetizem em cima da obra e não compactuem com quem o faz. Se quiserem e pu-
derem contribuir com o autor, comprem o livro ou ebook (japonês, inglês ou português)
em sua livraria de preferência.
Sobre:
A obra faz uso de muitos anglicismos, ainda mais por se basear em RPGS, então há mui-
tos termos em inglês e tentei preservar vários desses aspectos em alguns termos, nomes
de armas, itens, raças e coisas do tipo.
Claro, algumas coisas precisam ser adaptadas, outras é preciso generalizar. Dito isto,
àqueles que são adeptos do Dia do Saci em vez do Halloween podem não gostar. Estejam
avisados.
Créditos:
CRÉDITOS PT-BR:
ainzooalgown-br.blogspot.com
CRÉDITOS EN-US:
overlordvolume10.blogspot.com
REFERÊNCIA DE NOMES:
overlordmaruyama.wikia.com
Atenção: Se baixou este arquivo de outro link que não o oficial do blog. Ou se tem muito
tempo que baixou e deixou guardado, que tal dar uma conferida no blog? Talvez esta seja
uma versão desatualizada :)
Autor:
Maruyama Kugane
Ilustrador:
so-bin
Prólogo
lbedo entrou na sala e inflou seus pulmões de ar.
A Infelizmente, não havia nada no ar para estimular seu olfato, mas isso era
de se esperar. Afinal de contas, não apenas seu amado mestre não possuía
metabolismo, ele nem mesmo respirava, de modo que não havia cheiro que
ele pudesse deixar para trás.
Depois de respirar o ar onde seu mestre esteve, ela sentiu a paz fluindo através de sua
alma.
“Ku~ fufu.”
Quando a risada suave escapou de seus lábios, Albedo pressionou a mão sobre a boca.
Não era que alguém estivesse lá, ou que seus dentes estivessem aparecendo. No entanto,
não era algo que uma dama de respeito faria.
Ela cheirou novamente e, como esperado, não havia aroma algum. Ainda assim, o fato
de que ela poderia fazer isso enquanto estava deitada na cama de seu amado mestre a
encheu da mais sublime alegria.
Este foi um curso de ação perfeitamente razoável para uma garota apaixonada. Se hou-
vesse uma mulher que pudesse deitar na cama do homem que amava, fizesse as mesmas
coisas que Albedo fazia e ainda assim não sentisse nada ao se atrever a chamar a si
mesma de “uma garota apaixonada”, então ela certamente consideraria aquela mulher
uma que não entendia o verdadeiro amor e rapidamente eliminaria uma pessoa tão de-
sagradável sem demora.
“Haaa~”
Albedo retirou as mãos que passeavam abaixo de seu ventre. Agora não era a hora para
tais coisas.
Prólogo
6
Depois de fundar o Reino Feiticeiro e colocar E-Rantel sob seu domínio, a carga de tra-
balho de Albedo aumentou dramaticamente. Grande parte da razão para isso foi porque
os oficiais que deveriam administrar E-Rantel tinham fugido para o Reino, criando uma
escassez de pessoal administrativo.
O plano era usar os undeads criados pelo seu mestre para lidar com essa tarefa. No
entanto, como ainda estavam em fase de treinamento, o resultado foi que ela ficou sem
tempo e sua carga de trabalho aumentou. Além disso, havia muitas outras coisas que ela
tinha que fazer. Embora fosse provável que sua agenda ficasse livre em um futuro pró-
ximo, por hora, ela ainda estaria muito ocupada.
Obviamente, para Albedo, esses trabalhos não eram custosos. Ou melhor, não havia um
único habitante de Nazarick que sequer pensaria em trabalhar para seu mestre fosse
algo difícil. Disso, Albedo tinha absoluta certeza. Pode-se até chegar a dizer que, quanto
mais pesado o fardo fosse, mais alegre ela seria.
Esse treinamento havia se estendido de alguns dias a algumas semanas. Mesmo depois
de um mês, eles ainda estavam apenas meio prontos, mas ela teria que entregar as ré-
deas da administração a eles e ver como as coisas aconteceriam.
Recentemente, ela estava considerando uma visita ao Reino, para se encontrar com o
Rei. Na verdade, sua presença não era necessária, contanto que seu mestre — que trans-
bordava de sabedoria — estivesse por perto. No entanto, essas tarefas eram pouco mais
do que pequenos recados, o que não se adequava ao seu papel de governante absoluto.
“Ainda assim, falando nisso... de onde o Ainz-sama planeja liderar o Reino Feiticeiro?”
Uma vez decidido, eles poderiam aplicá-las em suas terras e definir a direção futura de
todo o país. Por exemplo, poderiam decidir transformar humanos em escravos e fazer
com que todo o país sirva a Nazarick. Se escolhessem esse caminho, então precisariam
aprovar leis adequadas para governar humanos como escravos. Então, partindo deste
princípio, eles precisariam considerar vários problemas, como lidar com os países hu-
manos próximos, como tratar os humanos de outros países e outros problemas relacio-
nados.
No entanto, seu mestre não foi capaz de lhe dar uma resposta clara, mesmo agora.
Essa foi uma das poucas vezes em que ela se sentiu incomodada com o intelecto bri-
lhante de seu mestre.
Havia muitos significados para cada movimento que seu mestre fazia, como um ser de
profundo discernimento e considerações distantes. Ela sentiu o arrependimento mais
amargo do que outros, pois não pôde compreender imediatamente o significado das
ações de seu mestre.
Até mesmo Demiurge — cujo intelecto rivalizava, ou talvez até superasse o dela — ha-
via dito no passado: “Minha sabedoria não pode nem mesmo chegar aos pés de meu mes-
tre; é verdadeiramente impossível”. Ainda assim—
Prólogo
8
Capítulo 01: O Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown
O
Reino Feiticeiro, Ainz Ooal Gown. Um ser que governou os 41 Seres Supre-
mos e o último deles que permaneceu em Nazarick. Naquele momento, essa
entidade que deveria estar desfrutando das atenções de seus subordinados
estava encolhida em uma cama macia, lendo um livro.
A dita cama fôra transferida da Grande Tumba de Nazarick para este lugar — para as
câmaras privadas do antigo governante de E-Rantel, o Prefeito Panasolei, o lugar fôra
parcialmente reformado e convertido nos aposentos de Ainz. Desde que se transferiu
para cá, ele não pôde mais detectar a fragrância que costumava emanar dessa mobília
que outrora estava em Nazarick.
Talvez seja porque a cama aqui não tem perfume pulverizado sobre ela.
Ainz pensou quando ele inclinou seu peso sobre a cama em questão.
De fato, eram apenas os remanescentes de sua humanidade dizendo à sua mente que
ele deveria estar cansado. Era por isso que Ainz ocasionalmente fazia esse tipo de coisa,
deitar em uma cama para acalmar sua cabeça e coração exausto. No entanto, isso foi
apenas uma solução temporária. Afinal, ficar deitado muito tempo, como um ser humano
faria, era algo sem sentido algum.
Por exemplo— Enquanto ele estava lendo. Em particular, quando ele estava consciente
da maneira como os outros estavam olhando para ele enquanto lia.
Um fraco raio de luz solar raiou através da abertura nas cortinas, dando a Ainz uma
idéia aproximada do horário. Com isso, ele enfiou o livro que estava lendo até agora de-
baixo do travesseiro.
Ela era uma das empregadas regulares de Nazarick, e ela estava responsável por Ainz
hoje — para ser mais preciso, ela o atendia desde ontem. Atualmente, ela estava elegan-
Sua linha de visão estava constantemente fixa em Ainz, e evitava até mesmo o simples
ato de piscar.
Claro, ela certamente não pretendia exercer tamanha pressão em Ainz. Foi simples-
mente porque prestar muita atenção a ele permitiria que respondesse imediatamente a
qualquer situação que pudesse surgir. No entanto, isso fez um homem comum como Su-
zuki Satoru querer chorar e implorar “me poupe, por favor”.
A coisa mais importante foi a maneira como ela silenciosamente respondia a Ainz assim
que fizesse algum movimento.
Claro, Ainz era um governante absoluto. Se ele a proibisse de fazê-lo, ela pararia. No
entanto, quando ele pensou no olhar que a empregada faria se dissesse isso, ele não con-
seguiu falar as palavras que estavam prestes a sair.
Depois de vir a este mundo, Ainz rapidamente entrou em ação sob o disfarce de Momon.
Então essa foi a primeira vez que as empregadas tomaram conta dele assim. Talvez fosse
por isso que prestavam sua lealdade de forma tão inspiradora. E justamente por Ainz
saber disso que não conseguia pedir para que não fizessem desse modo.
A idéia de que esse estado de coisas poderia continuar para sempre enchia Ainz de certo
desconforto. Como as empregadas levavam 41 dias para concluir uma única rotação de
turno, ele decidiu deixar esse assunto para o futuro, mas essa linha de pensamento era
constantemente empurrada com a barriga.
Como os movimentos dela podiam ser tão graciosos depois de ficar acordada durante a
noite?
“—Estou de pé.”
“Sim, mestre. Então, com sua licença, me despeço. Em alguns instantes, a empregada de
hoje virá para servi-lo.”
Ainz não disse nada como “obrigado”, mas simplesmente grunhiu “Uhun” e acenou com
a mão para indicar que ela deveria continuar.
Pensou Ainz.
Ele havia enviado Hamsuke para perguntar, e a primeira resposta das empregadas pa-
recia ser: “Parece que estamos sendo dominadas, Ainz-sama é o melhor” ou algo assim.
Parece que todas eram masoquistas e, embora tenha incomodado Ainz quando ouviu
pela primeira vez, depois de considerar calmamente o assunto, ele percebeu que um go-
vernante precisava agir e vestir e atuar assim. Era o que seus súditos desejariam.
Usando uma empresa como exemplo, um chefe tinha que parecer e agir como um chefe.
Quando pensou sobre isso dessa forma, Ainz sentiu que fez o que um Rei Feiticeiro de-
veria ter feito. Mas o segredo era que, em seu tempo livre, ele estava espionando o go-
vernante do Império, Jircniv Rune Farlord El-Nix, e notou que o homem se comportava
de forma bem similar.
Ainda assim, Suzuki Satoru já havia sido um assalariado, e ele se sentiu um pouco des-
confortável por não dizer algo como “Obrigado por trabalhar arduamente”.
“Ah—! Por favor, permita que sua serva lhe ofereça os mais profundos agradecimentos
por tamanha generosidade, Ainz-sama!”
Pelo menos elas deveriam cancelar o turno da noite... Não tem porquê me observar de
noite, é pedir demais?
Por serem empregadas, era natural que servissem fielmente seu mestre dedicando co-
ração e alma.
Ele não sabia exatamente qual das empregadas tinha dito isso, mas se lembrava de ou-
vir de uma delas.
Servir fielmente seu mestre, huh. O que diriam se eu quisesse viver como um igual a vocês?
Ao contrário de como se sentiu quando veio pela primeira vez a este novo mundo, Ainz
estava agora confiante de que todos os seus subordinados eram absolutamente leais a
ele. Enquanto Ainz prestasse atenção às suas ações e não fizesse nada que os desapon-
tasse, não havia chance de sua traição — exceto por interferência externa. Nesse caso,
talvez ele deva mudar o relacionamento entre eles e se colocar em pé de igualdade com
os NPCs. Isso pode ser uma boa escolha para fazer, em algum momento.
Se isso acontecesse, Ainz estaria livre desta vida de ser um governante, de ter que quei-
mar seus miolos o dia todo. Além do mais—
Seria como antes, ah sim, exatamente como nos dias de ouro da Guilda. Quando eu poderei
voltar a esse tipo de vida novamente?
Sempre que falava com os NPCs, ele ficava imaginando seus antigos amigos sobrepostos
a eles. Por causa disso, Ainz esperava que não tivesse que se relacionar com eles na con-
dição de mestre para com seu servo, mas sim, do jeito que era no passado com—
—Não.
Enquanto ele não soubesse o que poderia plantar as sementes de decepção em seus
súditos, uma mudança tão dramática nas circunstâncias não seria nada sábio. Além disso,
Naquele momento, Ainz entrou em ação. Primeiro, ele substituiu o livro embaixo do
travesseiro com outro livro. O livro que substituiu tinha um título muito complexo —
um rápido olhar já desestimulava completamente a ânsia por leitura. Então, o livro que
ele estava lendo na noite passada entrou em sua dimensão de bolso pessoal — seu in-
ventário.
Depois de colocar o livro onde não seria facilmente roubado, Ainz soltou um suspiro de
alívio.
Ele certamente não queria ler livros complexos que faziam sua cabeça doer a noite toda.
Se possível, ele queria ler alguns livros populares. No entanto, ser visto lendo esses livros
prejudicaria a dignidade de Ainz como governante. Por isso que foi forçado a tomar tais
medidas incômodas.
Agora que ele havia terminado tudo o que podia fazer na cama, Ainz afastou o fino dos-
sel de gaze que envolvia a cama e se levantou.
Só então, várias batidas vieram da porta. Logo depois disso, a empregada que deveria
assumir o turno seguinte a abriu e entrou.
Quando ela viu Ainz saindo da cama, se aproximou sorridente. Aparentemente era a
empregada designada para acompanhar Ainz hoje.
Se Fifth tivesse uma cauda, provavelmente estaria a abanando com toda força. De re-
pente, ele lembrou de um evento passado, de Pestonya abanando a cauda.
Ainz relembrou algo que um de seus amigos disse tanto que até ficou gravado em sua
mente: “Roupas simples de empregada já são boas, mas roupas de empregada cheias de
decorações são ainda melhores”. Houve também uma continuação para isso: “Em outras
palavras, os uniformes de empregada são os melhores, não importa como pareçam. Uni-
formes de empregada são a maior invenção da história da humanidade. Viva aos uniformes
de empregada!”.
Embora Ainz não soubesse o que ele queria dizer com “viva”, no fim, pensou ser algum
tipo de ênfase. Pode ter sido também um termo inventado por ele. Desta forma, Ainz
recordou as memórias de seus companheiros passados, pouco a pouco.
Ainz sorriu amargamente — embora sua expressão facial não mudasse, é claro — e si-
lenciosamente olhou para a empregada.
Fifth corou enquanto as mãos seguravam com força o avental do uniforme. Foi então
que Ainz percebeu seu descuido.
“Me perdoe. Parece que eu estava... sim, parece que fiquei um tanto fascinado por você.”
“—!”
“Então, vamos?”
A empregada congelou por um momento, mas ainda conseguiu dar uma resposta enér-
gica enquanto seguia atrás dele e juntos saíram do quarto.
Ainz passou por vários outros aposentos. Claro, o que ele viu lá não poderia se compa-
rar em nada ao 9º Andar de Nazarick. Justamente por isso, quando Ainz decidiu ficar
aqui, os Guardiões expressaram suas objeções um após o outro.
Aponta— Este lugar é carente de gosto como residência para um Ser Supremo.
Esta era sua responsabilidade como Rei — afinal, Jircniv também vivia no Palácio Im-
perial da Capital Imperial. Isso endossaria sua imagem. Além do mais, o lugar era dema-
siadamente luxuoso para Ainz— não, para Suzuki Satoru. Sua antiga casa sequer chegava
aos pés da dignidade desse local. Além disso, seu quarto no 9º Andar sempre foi muito
chamativo e muito grande.
Quando estava no jogo, isso sequer o incomodava. Mas agora que ele realmente tinha
que viver lá, ele estava ciente de que não havia lugar para ele dentro daquelas paredes.
Tudo o que Ainz queria era se esconder em algum canto.
[Assassino d o s Oito-Gumes]
Ainz levou Fifth e um Eight-Edge Assassin que caiu do teto para o camarim.
Várias empregadas regulares já estavam lá esperando por Ainz. Elas executaram res-
peitosos comprimentos a ele em uníssono. Fifth rapidamente se alinhou com elas tam-
bém.
...Oh, há um brilho nos olhos da Fifth. Será que todas elas têm esse brilho nos olhos? Dizem
que as mulheres gostam de roupas... é assim que elas expressam isso? Ou elas apenas gos-
tam de combinar roupas e acessórios?
Uma sensação de fadiga constante se apoderou dele, mas Ainz não demonstrou. Em vez
disso, ele apenas disse “Uhun” de uma forma arrogante — ou pelo menos, foi assim que
se sentiu quando praticou de antemão.
Suas vestes mágicas não ficariam amassadas mesmo que passasse a noite toda rolando
na cama. Seu corpo não excretava nenhum resíduo. A poeira flutuando no ar poderia se
acomodar nele, mas tudo o que ele tinha que fazer era ignorá-la. Além disso, qualquer
lugar onde Ainz fosse já teria sido completamente limpo pelas empregadas. Além disso,
ele não precisava comer ou beber, sendo assim, ele não se sujava com essas atividades.
Entretanto, nenhum de seus subordinados poderia permitir isso. Mas isso era apenas
para ser esperado, afinal, um governante absoluto usando a mesma coisa todo dia arrui-
naria sua imagem.
Dito isso, Ainz não estava confiante em sua capacidade de combinar sua roupa.
Bem, até certo ponto, a experiência adquirida por Suzuki Satoru permitia que ele co-
mentasse se uma gravata ficaria bem com um terno. Mas isso não o deixava dizer nada
sobre se esse manto de púrpura com filigranas de prata, se ele combinava ou não com
colar de prata engastado com quatro diamantes e assim por diante. Além disso, era pre-
ciso selecionar roupas para combinar com um corpo esquelético.
Se ele usasse uma roupa incompatível, as pessoas poderiam duvidar de seu senso de
estilo como líder. Isso seria como trair seus leais subordinados. Portanto, Ainz teve que
dar o seu melhor mesmo na hora da vestimenta.
Será que seus subordinados comentariam mesmo que Ainz usasse algo inadequado?
Era uma situação semelhante a uma peruca torta de um CEO de uma grande empresa;
ninguém ousaria dizer nada.
“—Fifth, deixarei essa tarefa para você. Prepare um conjunto de roupas que melhor se
adapte a mim.”
Bem, Ainz pensou isso, mas nunca disse isso diante das empregadas.
“Eu— eu acho que o vermelho combina muito bem com o senhor, Ainz-sama! Assim, eu
estava pensando em usar o vermelho como cor base da vestimenta. O que o senhor acha?”
“...Como eu disse, está nas suas mãos a escolha. Então não há necessidade de confirmar
nada.”
Se ele não tinha confiança em si mesmo, então tudo que precisava fazer era entregar a
tarefa para outra pessoa — como permitir que a empregada escolhesse por ele.
Ainz estava um tanto consternado com o manto carmesim que ela havia escolhido. A
cor vermelha era tão brilhante que quase ardia os olhos, e ainda foi adornada por muitas
Ele se sentiu como um homem-placa iluminado por luzes de néon. Ele nunca teria esco-
lhido essa roupa por conta própria. Ou melhor, Ainz começou a se perguntar o porquê
havia comprado isso. Como não tinha lembrança de ser forçado pelos antigos membros
da guilda, por processo de eliminação, ele mesmo deve tê-lo obtido em alguma ocasião.
Ganhei de brinde? Ou será que veio como um conjunto? ...Enfim, bem, só resta aceitar, huh.
Mesmo tentando lembrar como o havia conseguido, isso não faria o manto carmesim
diante dele desaparecer.
Embora pudesse recusar prontamente, isso transformaria o “deixarei essa tarefa para
você” em uma mentira. Em resumo, Ainz pode ser o único que achava isso embaraçoso,
todos os demais adoravam. E era bem provável que realmente fosse o caso.
Já que Fifth selecionou este manto, ele poderia culpá-la se alguém comentasse sobre
isso.
Ainz sabia que isso não era algo digno de orgulho e ele se sentiu culpado por isso.
Empurrar a culpa para outra pessoa não era uma conduta louvável para um chefe —
para um superior. Ainz sabia disso, mas mesmo assim, ele precisava de alguma maneira
para preservar sua dignidade.
Ele teve que se proteger sacrificando seus subordinados. Não havia nada que pudesse
fazer para evitar.
“Tudo bem... eu estava falando comigo mesmo. Não dê atenção. Pensando bem...”
Ainz decidiu escolher suas palavras cuidadosamente enquanto fazia sua pergunta.
“Há algo que gostaria de perguntar. Você não acha que este manto é chamativo demais
para mim?”
“—Está bem. Desde que seja adequado, tudo bem. Então, você poderia me vestir?”
“Entendido!”
Mas, claro, tal gesto era um ato natural para um governante absoluto.
Pelo menos era assim para Jircniv. Ainz também leu a mesma coisa em um de seus livros.
Ainz permaneceu imóvel e permitiu que as empregadas trabalhassem, enquanto ele si-
lenciosamente olhava para o espelho em seu camarim.
Logo, um Ainz de manto vermelho apareceu no espelho. Como esperado, era bem vis-
toso. Não era nada além de chamativo.
...Não. Este mundo tem um senso de estética bastante divergente. Pelo que sei... essas rou-
pas podem ser bem adequadas para um governante usar.
“Então vamos.”
Enquanto liderava o caminho, acompanhado por Fifth. Ainz pensou do fundo de seu
coração; Eu realmente queria um tempo pra relaxar.
♦♦♦
O manto rubro e vistoso avançou em direção ao seu escritório. Quando Ainz se aproxi-
mou da porta, Fifth rapidamente se adiantou e a abriu cortesmente.
Às vezes, ele pensava em dizer: É só uma porta, eu posso abrir. Mas enquanto observava
o olhar nos rostos das empregadas que diziam: “Yay, olhe para mim, estou trabalhando!”,
Ainz não podia fazer nada além de aceitar isso como um meio automático de abrir portas.
A escrivaninha no centro era como a que Ainz tinha em seu próprio quarto e irradiava
um ar de dignidade.
fôra trazida aqui de Nazarick, junto com sua cama. E, nas profundezas da sala, havia
uma bandeira do Reino Feiticeiro — com o brasão da Ainz Ooal Gown.
Havia uma caixa de vidro no peitoril. Não era muito grande e continha um ambiente de
selva. Ainz inseriu seu dedo ossudo na caixa, que parecia desprovida de vida, e levantou
uma folha. Escondido embaixo havia uma criatura que se escondia na escuridão para
evitar a luz do sol.
Ele se lembrou do que ela havia dito uma vez, sobre a importância das cores. Ele tam-
bém lembrou de ter vários Insetos Bocas colocados em sua frente, e aprendeu a diferen-
ciar quando estavam mais enérgicos pela sua cor. E de fato; o Inseto Boca diante dele
parecia muito mais vívido que os outros naquela época.
Ele levou a folha para perto do Inseto Boca, que atendeu pelo nome. Depois que ele
soltou a folha, o Inseto Boca a comeu com grandes mordidas.
Ainz pegou mais duas folhas, que o Inseto Boca prontamente devorou também.
Ele decidiu parar por aí, porque Entoma havia lhe dito que alimentá-lo demais não fazia
bem.
Ainz gentilmente devolveu o diminuto e feliz Inseto Boca à sua casa sombreada na caixa
de vidro — para o lugar que mais amava.
“Parecia um pouco nojento no começo, mas depois de cuidar disso por um tempo, per-
cebi que é realmente muito fofo.”
Ainz gentilmente limpou a mão com um pano nas proximidades, e depois de terminar
todas as tarefas da manhã, ele se sentou em sua cadeira. Ele apoiou o peso nas costas e
deixou seu corpo afundar profundamente.
...Ah, trabalho. Não tenho horário para começar, mas meu coração ainda se lembra bem.
Eu acho que velhos hábitos são difíceis de morrer.
A escrivaninha estava imaculada, não havia um grão de poeira, e isso sem falar dos do-
cumentos, perfeitamente organizados.
O motivo da arrumação era que ele não tinha nenhum trabalho a fazer que prolongasse
até de noite. O trabalho de Ainz era tomar as grandes decisões, sem se preocupar com os
detalhes. Depois que decidia, cabia aos seus subordinados entrarem em ação.
...Ainda assim, por isso que é tão difícil? Acho que é a primeira vez que percebo isso, a
dificuldade de um trabalho é determinada por quanta responsabilidade ele exige. É mais
mentalmente do que fisicamente cansativo... e certamente é mais estressante. Ah, já é hora
de começar?
Naquele exato momento, uma batida veio da porta. Fifth — que estava em pé ao lado
da porta — verificou a identidade do interlocutor.
Havia respeito na voz de Fifth, pois esses Elder Liches eram criações pessoais de Ainz.
Fifth afastou-se da porta para abrir caminho para os visitantes. Albedo entrou na sala
liderando seis Elder Liches.
“Realmente. Eu tenho relatos de que estará ensolarado o dia todo — é claro, se for seu
desejo como o governante supremo deste mundo, nós podemos produzir qualquer tipo
de clima que o senhor desejar. Vamos prosseguir, Ainz-sama?”
Apenas usou um tópico irrelevante para iniciar uma conversa, mas não esperava que
ela começasse com uma sugestão como essa.
“Não será necessário. Flutuações no clima não me incomodam. Os dias ensolarados são
bons, o estrondo dos trovões nos dias chuvosos é charmoso, e o cair silencioso da neve
é intrigante. Não seria exagero dizer que cada dia traz uma experiência única com o
clima.”
Ainz não desgostava das mudanças climáticas deste mundo. Nesse mundo intocado, ele
descobriu que entendia as palavras do antigo camarada Blue Planet: “A chuva foi origi-
nalmente uma bênção da natureza”.
“Sim, como pensei... Eu senti que o senhor não tinha vontade de alterar o clima, mas
perguntei para ter certeza. Afinal, o senhor não é o tipo de líder que nos ordena direta-
mente para satisfazer seus desejos, Ainz-sama.”
Ainz começou a ponderar, mas não conseguia pensar em nada em especial. Quando
ainda era Suzuki Satoru, sua mente estava cheia de pensamentos sobre YGGDRASIL. De-
pois que seu corpo se tornou assim, só piorou. Embora ele não tivesse certeza se isso era
um efeito colateral de se tornar uma criatura undead, havia a possibilidade de ser algo
inato a sua personalidade. Se fosse nomear seu desejo por algo, seria um desejo de cole-
tar itens raros. E também de—
“Bem, pode ser exatamente como diz. Mas isso é simplesmente porque não há nada que
eu realmente queira. Quando eu desejar algo, naturalmente, darei as ordens apropriadas
quando chegar o momento.”
“Quando chegar a hora, espero que o senhor me permita, como Supervisora Guardiã,
selecionar as pessoas que responderão imediatamente aos seus desejos.”
Respondeu Albedo, baixando a cabeça. Quando voltou, seu rosto parecia um pouco co-
rado e completou:
O brilho de que ela falou era provavelmente as gemas que pareciam substituir botões,
já que era a única coisa presente que o brilhava. Ainz assentiu enquanto pensava sobre
isso.
Ainz levantou a mão para interromper Albedo enquanto ela animadamente se prepa-
rava para continuar. Ele tinha a sensação de que deixá-la continuar arrastaria a conversa
por um longo tempo.
“Vamos deixar esse assunto de lado por enquanto. Então, e sobre os documentos que
você e os outros estavam lidando ontem, Albedo?”
“Sim.”
Albedo estufou as bochechas de maneira adorável, e os Elder Liches seguiram suas ins-
truções e colocaram seus documentos na mesa.
Ele havia preparado seu coração para isso. Ainz passou a manhã toda se preparando e
fortalecendo sua determinação para este momento.
Suzuki Satoru fôra um mero funcionário, e ele não foi do tipo que interagia com as ope-
rações da empresa. Se perguntado que, alguém assim poderia gerenciar um país inteiro,
Ainz responderia “Não” com toda a certeza de seu ser. Ou melhor, até mesmo um gerente
de operações acharia muito difícil administrar um país.
O que piorava tudo, foi que Ainz se tornou um governante absoluto. Mesmo que hou-
vesse algum erro em suas palavras, seus subordinados se uniriam para transformá-las
em realidade.
A resposta era muito simples. Muito parecido com suas roupas, só era preciso entregar
essa responsabilidade para pessoas capazes.
Ser capaz de alocar habilmente seus subordinados de acordo com seus pontos fortes
também era uma qualidade essencial em um chefe.
Dito isto, também havia problemas em delegar completamente tudo para os outros. De
fato, ele poderia ficar tranquilo se tudo fosse deixado aos cuidados de Albedo. Mas um
Rei não uma mera figura de um chefe. Como alguém em posição elevada, ser superior
implicava ter as responsabilidades de um superior.
Claro, havia algumas tarefas que não podiam ser ignoradas dizendo “Não sei”.
Como tal, Ainz começou a ler cuidadosamente a pilha de documentos de cima para baixo,
colocando o selo real em cada um deles.
Depois de estampar ritmicamente vários documentos, Ainz fez uma pausa, tendo sele-
cionado um deles como o alvo do dia. Ele abriu para examinar seu conteúdo. E então—
...Não entendo nada disso. Isso tem algo a ver com recursos materiais? Isso é mesmo im-
portante? Será que os Elder Liches entendem disso? ...Bem, eles foram todos feitos por mim...
como essa diferença de habilidade pode ser explicada— ler tudo isso é realmente cansativo,
é como ler documentos judiciais...
Como havia referências cruzadas para outras páginas, havia muitas repetições dessas
poucas palavras que precisavam ser repetidamente alternadas entre as páginas. O úl-
timo ponto baseou-se na conclusão anterior para se chegar a um julgamento negativo.
Além disso, porque havia muitas declarações negativas nas sentenças, interpretar o con-
teúdo foi muito difícil.
“—Albedo.”
“Não, não tem relação com isso, mas eu pensei em algo. Como vai a promulgação das
leis?”
Este país foi chamado de Reino Feiticeiro, mas não exerceu nenhuma legislação única,
continuando a usar as antigas leis do Reino Re-Estize.
Essas palavras soaram estranhas quando vieram de Albedo, que não se importava com
a humanidade. Ainda assim, Ainz não pôde deixar de acariciar seu peito em alívio.
“Cheguei a discutir isso com o Demiurge antes... mas as leis do Reino simplesmente não
concedem poder suficiente a um governante absoluto como o senhor, Ainz-sama. Atual-
mente, estamos considerando simplesmente manter o primeiro edital da lei do Reino e,
em seguida, aplicá-las pela força.”
Isso foi uma mentira descarada — Ainz não tinha confiança em praticamente nada.
“Lamento dizer, mas não sou versado nos caminhos da lei. Faça como achar melhor.
Você tem minha total confiança.”
Albedo tinha uma expressão de prazer no rosto. Se Ainz olhasse de perto, notaria que
suas asas estavam tremendo. Ela — e Demiurge, por alguma razão desconhecida — pa-
recia considerar Ainz um gênio que estava sempre um passo à frente deles.
Assim, quando Ainz disse que não sabia ou algo nesse sentido, ele podia entender pro-
fundamente a alegria que eles — que foram feitos como seres altamente inteligentes —
sentiam em ser capazes de validar sua existência.
“Estou falando a verdade. Eu não sou perito em lidar com questões da lei.”
“Entendo... deve ser assim que o senhor vê, da perspectiva de um líder supremo que
nunca foi obrigado por nenhuma lei. Eu entendo o que quer dizer.”
Ainz sentiu que estava sendo mal interpretado, mas decidiu ignorar o assunto. Afinal,
ele não tinha idéia de como explicar isso para ela. Em vez disso, ele simplesmente sorriu.
Esse sentimento era apenas vagamente familiar, mas ele podia sentir como as crianças
se sentiam quando exibiam orgulhosamente seus talentos aos pais.
O olhar de surpresa de Albedo só deixou Ainz mais feliz. Ainda assim, seria rude se a
alegria fosse toda por conta dele.
Enquanto ele dizia isso, houve um breve alvoroço de movimento dos Eight-Edge Assas-
sins no telhado, mas eles ficaram parados.
Albedo pressionou as mãos nas bochechas. Assim que Ainz viu como ela corou, ele per-
cebeu o quão desconfortável deve tê-la feito sentir, e com uma leve tosse, ele decidiu
estudar os documentos diante dele.
Parece que sua maneira de tratar os NPCs como os filhos de seus amigos o fez dizer
coisas embaraçosas.
Ele se sentiu um pouco culpado por sua grosseria, mas no fim, carimbou o último docu-
mento. Com isso, uma tarefa foi concluída.
Ele entregou os documentos para Albedo, que estava usando a mão para cobrir a boca.
Ela, por sua vez, os entregou aos Elder Liches.
“Então, vamos começar o habitual. Estas são as propostas que serão exibidas hoje.”
Ainz abriu o armário e tirou uma pilha de papéis. Eram sugestões e opiniões coletadas
de todos em Nazarick, a fim de ajudar no desenvolvimento do Reino Feiticeiro.
Depois de lê-las, Ainz transcrevia as sugestões e as lia para Albedo nesse horário todas
as manhãs.
“Não há necessidade de desperdiçar seu precioso tempo com tarefas mesquinhas, como
escrevê-las, Ainz-sama.”
“Creio que não, pois pode haver algumas sugestões que são direcionadas a mim. Além
disso, meu corpo não requer sono. Seria uma perda de tempo se eu não fizesse nada.”
Isso também era mentira. Ou melhor, era verdade que ele ficaria ocioso se não fizesse
nada. No entanto, ele poderia gastar esse tempo em coisas como ler, tomar banho, pra-
ticar suas habilidades de atuação e simular combates. Mesmo assim, ele ainda tinha que
fazer isso à mão pois Ainz estava colocando suas próprias sugestões entre as outras.
Ainz tinha que fazer isso, pois se ele fizesse essas sugestões diretamente, seus subordi-
nados se obrigariam a fazê-las acontecer, mesmo que fossem impraticáveis. Isso poderia
levar a consequências trágicas.
Portanto, ao submeter anonimamente suas sugestões, ele esperava que Albedo, como
uma terceira parte imparcial, julgasse apenas os méritos. Além disso, ao não divulgar os
“Vejamos... Acredito que precisamos de serviços de educação infantil que possam desco-
brir indivíduos com Talentos e cultivá-los. Desta forma, poderemos ser capazes de fortale-
cer Nazarick. Mesmo que não funcione, ainda podemos usá-lo para desenvolver tecnologias
para nós mesmos, que também podem ser usadas como uma fundação para fortalecer Na-
zarick. ou algo assim.”
“Os benefícios são claramente delineados e é uma excelente sugestão. Pode-se sentir a
excelência do sugestor através dela. Pode ser bom divulgar isso como um modelo para
os outros estudarem.”
Depois daquela rodada de elogios, Ainz retomou seu habitual rosto severo — embora,
é claro, seu rosto não se movesse:
“Concordo. Deve ser a sugestão da Yuri. Então, Albedo, o que acha dessa sugestão?”
“Uma grande tolice. Suínos devem viver como suínos e morrer depois de dar tudo o que
têm para seus criadores. Não há necessidade de viverem de outra maneira. Como não há
sentido em permitir que eles vivam de maneira diferente, não há sentido em permitir
que eles escolham de forma diferente.”
“Bem, isso foi uma maneira muito dura de olhar para eles, mas eu concordo, até certo
ponto. É preciso educação básica para servir como uma engrenagem para girar nas rodas
da sociedade. É assim que as pessoas devem viver, envelhecer e morrer. Permitir que a
tecnologia se espalhe só ameaçaria nosso poder— Hum?”
“Eu me lembro de ter ouvido essas palavras antes. Alguém disse para outra pessoa, mas
quem? Narberal e... ah, Lupusregina. Quando ela estava perguntando sobre as poções de
cura... Eu acho que não há necessidade de contar já que você já sabe, Albedo. Oh, que gafe
a minha, por favor, não dê atenção.”
“É, é mesmo é... Bem, embora isso me envergonhe um pouco, eu não posso ser o único
compartilhando meus pensamentos. Se ficar descontente com qualquer coisa que ouvir,
por favor sinta-se à vontade para me corrigir.”
Não havia nada mais vergonhoso do que agir como um sabichão na frente de alguém
que conhecia bem mais. Com a preocupação de ser tratado como um idiota em seu cora-
ção, Ainz decidiu compartilhar seus pensamentos sobre o assunto.
Assim, um governante tinha que considerar se devia ou não armar as massas com a
arma chamada conhecimento, pois essa arma poderia algum dia ser apontada para o pró-
prio governante.
Do ponto de vista de Ainz, aqueles que foram governados deveriam agir, viver e morrer
na ignorância. No entanto, ainda era necessário desenvolver novas tecnologias à medida
que o poder de uma nação aumentava. No fim, a questão-mor era para quem as lanças
do conhecimento seriam apontadas.
“Em suma, devemos compartilhar nossas novas tecnologias apenas com aqueles que
são absolutamente fiéis a Grande Tumba de Nazarick. Nós daremos ao pessoal comum
uma tecnologia ultrapassada que não representa uma ameaça para nós. O “Fruto do Co-
nhecimento” só tem valor quando nós o possuímos sozinho.”
Depois que ele chegou a essa parte, ele deu uma olhada em Albedo, para ter certeza de
que ela não duvidava ou desconfiava dele.
“E agora, isso é o que eu realmente desejo. Albedo, em contraste com o que acabei de
dizer, acho que devemos aceitar essa sugestão.”
“Nós não faremos isso. Embora isso possa desviar um pouco da sugestão de Yuri, fun-
daremos um orfanato nesta cidade.”
Enquanto Ainz vivia aqui como Momon, ele ouvira falar dos orfanatos administrados
pelos templos. Ele imediatamente teve a idéia de fundar um orfanato em nome de Ainz
Ooal Gown.
“As mulheres que perderam seus maridos na batalha onde o senhor demonstrou uma
fração de seu magnifico poder. Isso servirá como ajuda financeira para aquelas mulheres
que estão lutando abaixo da linha da pobreza. E, de fato, tal ajuda apenas melhorará a
opinião popular sobre o senhor... como esperado de Ainz-sama.”
“Uhum, mas, se nós apenas agirmos depois que Momon contar sobre a situação das vi-
úvas, então apenas a reputação dele irá melhorar, e não a minha. Assim, devemos agir
rapidamente, antes que alguém possa pedir ajuda a ele. Para conseguir isso... ordeno que
a Pestonya e a Nigredo sejam libertadas do confinamento.”
“Perdoe a minha franqueza... mas se o senhor conceder anistia àquelas que foram jul-
gadas culpadas por desobedecer ao seu comando e perdoá-las, temo que isso possa atra-
palhar a ordem e a lei em Nazarick.”
“Foi uma punição muito leve. Sua vontade é tudo para nós, Ainz-sama. O crime de de-
sobedecer ao seu comando é totalmente imperdoável. Seus servos alegam que elas de-
vem ser aliviadas do peso de suas cabeças, isso servirá como um aviso para os outros.”
Ainda assim, foi por isso que ele teve que perdoar as duas. Suas personalidades foram
criadas pelos antigos amigos de Ainz. Assim, pode-se dizer que as ações de Pestonya e
Nigredo foram equivalentes às de seus amigos.
Ainz tinha certeza que se desse uma ordem a Albedo, ela obedeceria sem questionar.
No entanto, esse seria um último recurso a ser usado. Primeiro, ele teve que tentar per-
suadi-la com palavras.
“—O fato é, permitir que essas ordens vazem para o mundo exterior seria problemático.
Qualquer um seria capaz de ligar os pontos e rastrear o incidente na Capital Real de volta
a Nazarick, isso sem sequer sair das sombras. Por isso até mesmos as crianças tiveram
de ser eliminadas. Mas aquelas duas estavam apenas tentando defender os bebês que
não tinham lembranças do incidente, pois assim não havia necessidade de eliminá-los.
Pode-se dizer também que elas entenderam com precisão minhas intenções.”
“Albedo—”
Ele entendia os sentimentos de Albedo por ser a Supervisora Guardiã. Por isso era pre-
ciso se esforçar o máximo que pôde para convencê-la.
Ainz sorriu; um sorriso amargo e perturbado. Claro, sua expressão não mudou.
Albedo murmurou, com bochechas rosadas. Ainz acariciou o rosto, como se para verifi-
car.
“Oh, É mesmo?”
“Mm, sim...”
Albedo suspirou impotente e abaixou a cabeça. Ela fez *Haa~* quando exalou profun-
damente.
“Compreendo. Nada é mais importante que seus desejos, Ainz-sama. Eles são tudo para
mim. Por favor, me conduza como achar melhor.”
“Isso não será um problema. Com toda probabilidade, ninguém em Nazarick se oporá a
libertar àquelas duas além do meu eu de antes.”
“Mesmo... então isso é bom. Coloque as duas como encarregadas de administrar o orfa-
nato.”
Ainz murmurou para si mesmo. A sugestão seguinte foi uma que ele havia escrito:
“...Ghrun. Bem, esta não é uma sugestão muito boa... eh, faz parte.”
Assim que ele terminou de falar, Albedo franziu as sobrancelhas com raiva.
“...Se houvesse um limite inferior para a definição da palavra inferior, essa idéia certa-
mente conseguiu passar por ela. Quem fez uma sugestão tão pífia, afinal?”
Ainz fez um esforço imenso para reprimir seu impulso de dizer, “me desculpe”, e em
seu lugar assumiu uma expressão preocupada.
“Não posso sequer imaginar quanta paciência o senhor tem. Como alguém poderia des-
perdiçar seu precioso tempo com uma sugestão tão trivial, Ainz-sama? Vamos imediata-
mente iniciar uma investigação para erradicar essa pessoa e determinar a punição apro-
priada.”
“Qu—! Não há necessidade disso! Ouça, Albedo! Não faça isso em hipótese alguma!”
Embora estivesse desesperado, Ainz conseguiu estufar seu peito e dizer com lógica:
“Eu disse a todos em Nazarick que, para incentivar que opinassem sem medo, todos
estariam protegidos pela anonimidade. Se você os repreender, isso transformaria mi-
nhas palavras em mentiras. E também implica que tudo o que disser no futuro também
será uma mentira. Além disso, pessoas amedrontadas ficariam ainda mais acanhadas
Ainz estava profundamente grato pelo fato de que seu corpo não podia suar. Se esse
não fosse o caso, o assento provavelmente estaria encharcado agora. No entanto, apesar
da maravilhosa constituição de seu corpo e mente, a palavra “inferior” ficou presa no
fundo do coração, deixando uma ferida que não se curaria por muito tempo.
“Guh... não, não há necessidade de incomodá-la com isso. Além disso, se selecionar to-
das, então meu papel seria meramente assinar as suas escolhas. Nossas discussões aqui
se tornariam sem sentido.”
“Tudo bem. Já que você entendeu, vamos passar para a próxima, Albedo.”
Pessoalmente, ele não achava que a sugestão fosse impraticável, mas o clima no ar não
era aquele que lhe permitiria evocar isso e, ele não se sentia confiante o suficiente para
mencionar outro tópico semelhante.
“Então a próxima—”
Assim que Ainz estava prestes a continuar lendo, um som de batida veio da porta.
Os dois olharam para Fifth. Ela se curvou um pouco e depois foi ver quem eram os visi-
tantes.
Uma voz animada e pueril veio através da abertura na porta, junto com uma voz quase
inaudível que não tinha qualquer confiança.
...Tenho quase certeza que é a primeira vez que os dois vieram aqui a esta hora do dia.
Aconteceu alguma coisa? Se for algo assim, acho que é bom que a Albedo esteja aqui tam-
bém.
Como Ainz já sabia quem eram os visitantes, ele poderia imediatamente ter permitido
a entrada deles. No entanto, Fifth parecia muito feliz em desempenhar suas funções, e
Passar por cima do trabalho pode fazê-la perder a motivação para trabalhar. Era im-
portante que as pessoas no topo entendessem e levassem esses assuntos em considera-
ção.
Eu acho que o Jircniv faz isso também. Afinal, ele deixa muitas coisas para suas emprega-
das...
Pensou Ainz, enquanto comentava sobre o modelo de um rei que ele vinha estudando
constantemente.
Acho que algum dia eu vou ter uma conversa descontraída com ele sobre os fardos do
governo.
Agora que completou sua função, Ainz indicou que os dois tinham permissão para en-
trar em seu escritório.
A porta se abriu e um par de pequenos Elfos Negros entrou. Seus sorrisos radiantes não
pareciam indicar que algo problemático havia acontecido, e Ainz ficou aliviado.
“Boun-dia! Ainz-sama!”
Uma vez que ela estava muito perto dele, ela estendeu as duas mãos, fazendo dois sinais
“V” de vitória.
“Mm!”
Ela não disse nada ao frustrado Ainz, apenas levantou as mãos e fez os sinais.
Seus olhos brilhantes, tão cheios de antecipação, ficaram fixos nele, e então ela começou
a pular de pé para pé.
Depois de perceber o que ela queria, Ainz puxou a cadeira para trás, agarrou Aura sob
as axilas e a levantou.
Ainz não deu atenção ao grito estrangulado de surpresa de Albedo. Em vez disso, ele
virou Aura 180 graus, de costas para ele, e então a sentou em sua coxa direita.
Ao contrário de uma coxa normal, os ossos eram duros, então Ainz teve que colocá-la
paralela a ela, permitindo que as nádegas macias de Aura a protegesse do incomodo.
“Ehehe~”
Foi uma risada um tanto acanhada, mas completamente encantadora de Aura, e Ainz
retribuiu com um sorriso. Então, ele se virou e acenou para Mare de aparência inquieta.
Ele pegou Mare quando ele se aproximou e colocou-o em seu fêmur esquerdo.
Enquanto Ainz se perguntava se deveria conseguir algum tipo de almofada, foi a vez de
Albedo falar nervosamente. No entanto, era muito embaraçoso deixar uma mulher
adulta sentar em sua coxa — fêmur.
Por um momento, ele pensou ter visto algo por trás de Albedo — um flash de luz que
foi a manifestação física do golpe que ela acabara de sofrer. Embora se sentisse um pouco
triste por ela, o constrangimento seria ainda pior. Além do mais, se ele realmente conti-
nuasse com isso, poderia ser enquadrado como assédio sexual.
O plano original era fugir para lá se os inimigos aparecessem e esconder a versão ver-
dadeira de Nazarick, mas agora, até mesmo Jircniv conhecia a localização da Grande
Tumba de Nazarick.
Não havia planos para utilizar essa instalação imediatamente. Foi simplesmente porque
ele tinha a mão de obra disponível, mas nenhum lugar para usá-la.
O uso de humanos para tal trabalho incorreria em custos trabalhistas, mas os Golems e
os undeads não tinham esse problema. Além disso, eles poderiam usar a magia de Mare
para produzir pedras simples.
A propósito, entre os outros Guardiões, Shalltear foi designada para os deveres de tele-
transporte relacionados com magias como 「Gate」 e também a segurança de Nazarick.
Cocytus estava no comando da aldeia Lizardman e seu lago nas proximidades. Demiurge,
por outro lado, estava em uma missão no Reino Sacro.
Como as tarefas já haviam sido atribuídas, o que os dois estavam fazendo aqui?
Ainz fez um afago na cabeça de Aura. Por sua vez, Aura pareceu achar muito confortável
e se esfregou na mão de Ainz. Era como brincar com um cachorrinho adorável.
“Então, então. Ainz-sama, o-o que o senhor está fazendo? Espero que não tenhamos
causado problemas...”
“Certamen—”
“S-Sim!”
“Ainz-sama!”
O que é?
“Buwaa!”
Como se quisesse informar a Ainz que sua audição estava bem, Albedo disse “Buwaa!!”
novamente, com uma voz terrivelmente tímida.
...Ela provavelmente está tentando agir como um bebê. Não, o mais assustador seria se ela
tentasse agir como qualquer outra coisa. MAs por que ela está fazendo isso? Será que está
trabalhando demais? Ah! Isso pode ter algo a ver com a Nigredo e liberá-la do confina-
mento.
Confusão oprimia Ainz apesar de seu corpo undead e, ao mesmo tempo, Mare começou
a se mexer desconfortavelmente em seu assento improvisado.
“Isso, hum, p-por mim tudo bem, então, hum, eu deveria deixar a Albedo-sama...”
Eu acabei de dizer que eles podem por serem crianças, então, como adulta, você deveria
ser capaz de suportar isso. É por isso que ela está fingindo ser criança agora?
Por que um bebê? E além disso, deixar a Albedo sentar na minha coxa também é...
Dito isto, ela era possuidora de proporções bem embaraçosas para serem ajeitadas.
Não posso simplesmente ignorar isso, tanto como um superior quanto como um homem.
Pensando bem, a Albedo é uma “criança”, não como a Aura e Mare, mas ainda assim uma
criança. Eu devo ser justo com ela.
“Perdoe-me, Mare.”
Disse Ainz. Tendo resolvido a si mesmo, deixou Mare sair de sua perna e chamou Albedo.
A prévia timidez de Albedo desapareceu como névoa no sol da manhã, substituída por
um olhar de antecipação que um filhote de cachorro poderia ter antes de dar um passeio.
Em um instante, Albedo se moveu para o lado de Ainz.
Foi um tanto difícil para Ainz fazer enquanto estava sentado, mas mesmo assim ele co-
locou as mãos sob as axilas e a levantou.
“Claro! Entendido!”
A primeira coisa que Ainz sentiu foi sua maciez. Ao contrário das crianças, era a maciez
de um corpo adulto. Então, o calor fluiu para ele, o que o deu um pouco de comichão.
Ela poderia ser uma guerreira de nível 100, mas ele não tinha idéia de onde seus mús-
culos tinham ido. Alguém poderia dizer isso de uma maneira menos educada e se per-
guntar se ela era um molusco.
“Kufufufu~”
Uma fragrância flutuou dos longos cabelos de Albedo. Isso fez cócegas no olfato de Ainz.
“—Mm?”
Esse perfume é familiar; onde eu cheirei isso antes? Roupas da Albedo? Não, o perfume
dela?
Ainz tinha certeza de que ele havia se deparado com o cheiro que Albedo estava emi-
tindo em algum momento do passado. No entanto, ele não tinha idéia de onde o sentira
e não conseguia se lembrar dos detalhes.
Albedo virou apressadamente o rosto para Ainz. Seus olhos esbugalhados assustaram
Ainz um pouco.
“Mesmo, Ainz-sama!? Se o senhor quiser, que tal me cheirar? Por uma hora, mesmo um
dia inteiro estaria bem também!”
Ainda assim, não importa o que ele dissesse, era um fato que ele estava um tanto inte-
ressado. Além disso, se ele a cheirasse, poderia recordar mais detalhes sobre esse cheiro.
Ainz cuidadosamente aproximou seu crânio de Albedo e inalou sua fragrância. Já que
ele estava mais perto dela do que antes, ele podia sentir aquele cheiro agradável mais
claramente. Como pensava, era familiar, mas ele ainda não conseguia localizar onde o
havia encontrado antes. Enquanto Ainz azucrinava sua mente para resolver o mistério,
uma voz fria chegou aos seus ouvidos.
“...Ainz-sama.”
“Ah, d-desculpe...”
Ainz se amaldiçoou por fazer algo assim na frente das crianças. Isso teria um efeito ne-
gativo em sua educação sexual. Fôra por isso que ela se dirigira a ele no mesmo tom que
sua velha amiga fazia quando estava com raiva de seu irmão mais novo.
“Então Albedo, Aura. Por favor, levante-se. Ah, Albedo, vamos continuar discutindo esse
assunto a partir de agora.”
Ambas permaneceram imóveis. Elas estavam esperando o outro lado sair primeiro.
“Haja paciência...”
Ainz pegou Aura e a colocou no chão ao lado dele. Uma risada calma de “Kufufufu~”
veio do lado de Albedo.
“...Aura foi quem se sentou primeiro. Albedo, é melhor você se levantar também.”
“Mas, mas... Aura está sentada há três minutos e quarenta e um segundos. Eu só estou
sentada há cinquenta e sete segundos. Embora possa parecer insensato, acredito que
deveria poder sentar-me por mais três minutos.”
“Mas Albedo, você está aqui há muito mais tempo que eu.”
“Ah, trabalho, né? Só por isso? Eu vim até aqui só para ver o Ainz-sama, e nada mais.”
“Gh!!”
Albedo balançou as nádegas na coxa de Ainz, ajustando sua posição para encarar Aura
nos olhos.
Ainz pensou:
Ele não conseguia lembrar o que tinha feito que levaria uma garota como Aura a ter tais
sentimentos. O sentimento chamado amor deveria ser um mistério para Aura. E então
— Ainz finalmente encontrou a resposta.
Além disso, ela pode desejar o amor paterno. Aura e Mare foram concebidos como cri-
anças, e eles ainda estavam em uma idade que seriam mimados por seus pais. Talvez
eles estivessem inconscientemente olhando Ainz para preencher essa lacuna em seus
corações.
Estava tudo bem quando eram apenas dados. Mas como acabou de pensar, notou que
ainda havia algumas coisas faltando para o crescimento mental saudável de Aura e Mare.
Como eu pensei, eles realmente precisam fazer amigos Elfos Negros! Vamos fazer disso
uma prioridade. Sendo esse o caso—
“Aura. Há algo que gostaria de perguntar; o que aconteceu com as três Elfas que deixei
com você e o Mare?”
“Tá falando daquelas Elfas que puseram os pés em Nazarick, mas que foram perdoadas
por sua misericórdia, Ainz-sama?”
Ainz assentiu.
“Is-isso mesmo. A-até com as roupas. Eu posso me vestir, mas elas continuam vindo
para me ajudar...”
“Você tem que ficar firme com elas, Mare. Elas ficam tentando te vestir porque você age
desse jeito. Olhe pra mim, acha que elas tentam fazer isso comigo?”
Entendo, estão tentando cuidar deles. Assim como as empregadas a minha volta. Eu sinto
sua dor, Mare. Pelo menos isso significa que as três não são completamente inúteis, afinal.
Seria ruim para as ex-escravas ensinarem educação sexual? Hm~
“Bem, nós salvamos suas vidas. Não as mate por impulso, mesmo que seja enervante.
Mas se realmente achar que forem problemáticas, diga-me e vou enviá-las para outro
lugar.”
Ainz olhou para Mare, que estava com a cabeça abaixada e murmurou “vejamos” para
si mesmo. Então, ele olhou de forma um pouco fria para Albedo.
Albedo pareceu desapontada por um momento, mas ela ainda obedientemente saiu da
coxa de Ainz sem dizer nada.
“Hm? Ahhh. Eu reuni sugestões de muitos em Nazarick sobre como melhorar este país.
Ah, claro. Vocês dois também. Se tiverem boas idéias, o que acham de dizer? Eu vou ouvir
qualquer coisa, sabia?”
“Sim! Eu acho que os meninos devem se vestir como garotas e as garotas devem se ves-
tir como garotos!”
Bukubukuchagama—!
Correta?
Ainz queria questionar Albedo, mas ele não podia fazer isso.
De todo modo, era preciso vetar essa idéia. Mas havia um problema com isso.
Se ele concordasse com essa sugestão, estaria declarando a todas as partes dentro e
fora do país que o Reino Feiticeiro de Nazarick era uma nação que valorizava o cross-
dressing. Isso seria incrivelmente ruim. Talvez apenas Bukubukuchagama estivesse in-
teressada nisso. Não, se Bukubukuchagama estivesse neste mundo, Ainz sentia que ela
definitivamente não iria querer fazer um país assim.
Se soubessem que os NPCs desenvolveram seus próprios egos, algumas pessoas ficariam
intrigadas e desejariam conhecê-los, enquanto outros gostariam de evitá-los. Bukubuku-
chagama provavelmente cairia no último grupo. Yamaiko e Ankoro Mochimochi provavel-
mente gostariam de conhecê-los. Enfim, elas são bem diferentes, apesar de todas serem
mulheres...
Enquanto ele relembrava suas antigas amigas, Ainz levantou-se lentamente e olhou
pela janela. Claro, essa ação não tinha significado especial. Ele estava simplesmente ten-
tando ganhar tempo. Uma vez que teve uma idéia aproximada do que pronunciaria, Ainz
se virou encarando os três.
Ainz suspirou. Claro, essa ação não tinha significado especial. Ele estava simplesmente
tentando ganhar tempo.
“Há muitas razões complexas para isso, Albedo. Você precisa de mim para explicar to-
das e cada uma delas?”
Ainz estava planejando dizer isso para Albedo, mas foi Mare quem pediu.
Ele é sempre tão dócil; por que está sendo tão perverso agora?
Ainz pensou com tristeza. Se fosse Albedo, ela teria definitivamente dito: “Não há ne-
cessidade disso. Permita-me explicar a vocês dois em nome de Ainz-sama”. Mas sob essas
circunstâncias, Ainz tinha que fazer isso sozinho.
“...Tudo bem. Eu explico. Mas de onde devo começar para facilitar a compreensão...?”
Ainz disse “Uhum”, e apoiou o queixo com a mão. Escusado dizer que também foi para
comprar tempo. Ainz se forçou desesperadamente a pensar, com tanto entusiasmo que
achou que seu cérebro começaria a suar, e então uma idéia lhe ocorreu.
“—Primeiramente, ah, sim, deveria ser isso. Vocês dois devem sentir que por estarem
vestidos dessa maneira, todo o país deve se vestir assim, estou certo? Afinal, vocês de-
vem sentir que essa foi a vontade da Bukubukuchagama-san. Porém, isso seria incor-
reto—Sim, vocês dois são especiais.”
“Somos especiais!?”
“Exatamente. Vocês dois são especiais para a Bukubukuchagama-san. É por isso que
têm permissão para se vestirem dessa maneira... então pretendem conceder essa honra
para as muitas pessoas que sequer a conhecem?”
“Como poderíamos!?”
“Nunca! Eu nunca deixarei ninguém além da Nee-chan ter essa honra que a Bukubuku-
chagama-sama nos deu!”
“Além disso...”
Aura e Mare já haviam aceitado esse raciocínio. Seria bom sair cuidadosamente do as-
sunto. Mas ainda havia mais uma coisa que preocupava Ainz.
Albedo murmurou alguma coisa sobre “Rejeitamos alguns”, e ele a espiou enquanto
murmurava.
Alguém tão extraordinária quanto ela provavelmente teria pensado mais à frente do
que Ainz. Ela vai achar estranho se o assunto morrer agora? Isso foi o que fez Ainz des-
confortável.
Não sabendo o significado disso, Ainz desviou os olhos. E então, se deparou com um
Elder Lich na frente dele. Ainz olhou distraidamente os documentos que ele estava se-
gurando.
“—Ahhh. Então o senhor estava pensando sobre isso também, Ainz-sama. Afinal, esse
foi o que o senhor mais olhou. Não deve haver problema em discutir isso com eles, não?”
“Sim. Estava em dúvida se o senhor a mencionaria, Ainz-sama. E creio que está pen-
sando se deve ou não explicar para os dois, estou certa?”
Albedo sorriu e abaixou a cabeça. Por outro lado, Aura encheu as bochechas com irrita-
ção.
“Ainda assim, fiquei em choque por não pensar dos desejos da Bukubukuchagama,
mesmo sendo algo essencial a se considerar. Como esperado do nosso criador, nosso
soberano. Eu nunca serei capaz de me igualar a suas sábias decisões, feitas considerando
inúmeros pontos de vista.”
“Não, não diga isso, Albedo. Tenho certeza de que você mostrará os talentos que exce-
derão o meu algum dia.”
Ainz sentiu vergonha de si mesmo ao pensar nisso, mas Albedo simplesmente assentia
com a cabeça cheia de convicção.
“Não entendeu, Aura? Albedo, explique para os dois. Torne mais fácil entender, assim
uma criança entenderá. Faça de forma didática.”
Depois que Ainz disse isso, ele ficou em silêncio e então olhou pela janela mais uma vez.
No entanto, todos os esforços de seu corpo estavam concentrados em ouvir, pois não
queria perder uma única palavra que Albedo dissesse.
“Certamente. Acontece que eu já queria tratar isso com o Ainz-sama quanto antes. O
fato é que um pequeno problema surgiu.”
“Ehhh? Alguém te causou problemas? Quer que a gente vá lá e acabe com ele?”
“Não, não é bem assim. Na verdade, descobrimos que nossos estoques podem não ser
suficientes para o futuro. Ou seja, se ordenássemos que todos trocassem de roupa agora,
seria algo bem problemático, pois só poderiam trocar roupas usadas.”
É sério isso!?
Claro, Ainz não podia dizer. Tudo o que ele podia fazer era desesperadamente tentar
lembrar o conteúdo dos documentos que acabara de ver.
Sim, continha algo sobre recursos, mas a quantidade parecia bastante adequada. Mas já
que Albedo disse isso, então deve ser verdade.
Isso é tão ruim assim? Bem, se esse é o caso, não é só simplesmente comprar mais do Reino
ou do Império? Uma cidade como esta deve ter capital suficiente para isso, não?
“Esta cidade era um excelente depósito de recursos e funcionava como uma cidade co-
mercial. Mas desde que o Ainz-sama assumiu o controle, os comerciantes dos outros três
países raramente nos visitam. O que levou a uma diminuição constante dos recursos, e
com poucos meios de reabastecê-los.”
“Se a gente não tem, então é só pegar de outro lugar. Que tal do Império ou do Reino?”
Ele tinha razão. Embora não soubesse sobre o futuro, Ainz havia colocado uma proibi-
ção geral do uso da força militar até que assumisse totalmente o controle da cidade. Claro,
se o outro lado atacasse primeiro, isso era um assunto completamente diferente.
“Er, erm, não precisamos nos preocupar. Afinal, A-Ainz-sama vai resolver isso.”
Ainz queria refutar Mare com isso, mas se forçou a não o fazer. Depois que Aura res-
pondeu a Mare com: “Isso aí!”, ele não conseguiu trair a confiança que aquelas duas cri-
anças depositaram nele.
Mas um mero funcionário como Ainz não poderia pensar em uma política financeira
adequada. Por causa disso, Ainz decidiu jogar um de seus dois trunfos.
Em outras palavras, ele iria despejar tudo em outra pessoa talentosa (Albedo) e acabar
com isso.
“Sim. Logo mais as sementes que o Demiurge plantou devem estar prontas para serem
colhidas.”
Seus olhares brilhantes de respeito e adoração fizera Ainz sentir uma pontada de culpa.
Ao mesmo tempo, o medo de ver os olhares de decepção em seus olhos quando desco-
brissem que tudo isso era falso criou raízes em seu coração.
Ainda assim, típico do Demiurge. Eu não sei quais sementes ele plantou, mas ele é real-
mente incrível.
Isso porque Ainz Ooal Gown deveria se comportar como a luz da sabedoria.
Eu sei que deveria ter estudado economia, mas só consegui folhear aqueles livros compli-
cados... eles deveriam ter feito aqueles sobre economia keynesiana e assim por diante, são
mais fáceis de entender. Ou será que eu não consegui por causa da minha idade?
Ainda assim, mesmo ele podendo ter feito isso, ele era completamente ignorante sobre
os acadêmicos.
Eh? Será que não consigo me lembrar de mais coisas porque não tenho cérebro?
Ainz sabia que ele tinha aprendido muitas coisas desde que veio a este mundo, então
sabia que isso era impossível. Ainda assim, ele tremeu um pouco com essa teoria assus-
tadora.
“Ah, sim, eu tenho uma questão que requer sua aprovação, Ainz-sama...”
Ainz sentia que as sugestões que Albedo fizesse não requereriam sua aprovação. Afinal,
ela era uma mulher inteligente e certamente faria escolhas melhores que as dele. No en-
tanto, se esse fosse o caso, uma organização não seria capaz de funcionar corretamente.
Afinal, as pessoas no topo tinham que assumir responsabilidade pelas ações de seus su-
bordinados. Por causa disso, parece que os superiores tinham que conceder selos de
aprovação dessa maneira.
“Alguém deve visitar a Capital Real para incitar esses humanos. O senhor permitiria que
eu, como sua serva, fosse?”
“Quê!?”
Ainz foi pego completamente de surpresa, e exclamou mais alto que o normal.
Mandar Albedo sair enquanto Demiurge não estava por perto fez Ainz se sentir muito
desconfortável. Além disso, seu controle sobre essa cidade não era perfeito.
Mais do que qualquer outra coisa, a razão pela qual isso foi tão chocante foi porque essa
foi a primeira vez que Albedo falou algo assim.
“Ara~”
“Vai ficar tudo bem, Ainz-sama. Resolverei quanto antes as questões e voltarei para o
seu lado.”
“Mesmo... bem, se for algo rápido, tudo bem. Quem receberá o controle de Nazarick e
da cidade?”
Aura e Mare pareciam bastante surpresos, então obviamente não eram eles.
“...Ele.”
“Por ter sido criado pelo senhor, afirmo que ele possui excelência, Ainz-sama. Como
dizem, tal pai, tal filho— Me perdoe, por favor. Pensar que nós, que fomos meramente
criados, ousaríamos dizer ser os filhos dos Seres Supremos. Eu rezo para que perdoe
minha grosseria.”
“Não precisa se desculpar. Isto é, bem, ele é meu filho... Desculpe. Eu não desgosto dele,
isso, hm... mas ele é uma criança tola... não, isso não é culpa dele... Bem, como devo dizer.
Ele é como uma criança. Uhum.”
Antes que percebesse, todos ficaram quietos. Ainz sabia que a conversa iria acabar se
isso acontecesse, então ele se fortaleceu e perguntou:
“Se deixarmos o Pandora’s Actor gerenciar isso, o que acontecerá com Momon, quem
irá interpretá-lo? Eu deveria fazer isso?”
“Não, como poderíamos deixar o senhor fazer esse tipo de coisa, Ainz-sama? Eu estava
planejando que o Momon aceitasse um pedido e fosse mandado para fora em alguma
missão de reconhecimento.”
Mm.
Ainz assentiu. Embora ele pensasse em relaxar assumindo o disfarce de Momon, as coi-
sas agora eram muito diferentes de quando ele estava fazendo o papel de um aventureiro.
“Ah, s-sobre isso... se enviar Mo-Momon-sama para fora, como as pessoas na cidade vão
se comportar?”
“Vai tudo ficar bem. Aquele único movimento do Ainz-sama teve um grande impacto
aqui. Pois não banalizamos os seres humanos — embora quase não houvesse qualquer
intenção de fazê-lo —, Momon se tornou profundamente confiável. Assim, tudo o que
precisamos fazer é mandar o Momon dizer aos líderes locais para nos obedecer antes
que ele saia e tudo ficará bem. E por falar nisso, eles não têm idéia de que são marionetes
sendo manipuladas por nossos cordéis, regidos pelo Ainz-sama... Como eu pensava, só
ele poderia ter antecipado essa virada de eventos logo depois de ter sido transportado
para cá e feito os preparativos apropriados.”
“Mm— é meio estranho, como eles confiam no Momon-sama, mas não em Ainz-sama.”
“Ótimo. Então, Albedo, deixe isso para o Pandora’s Actor. Depois de se preparar e en-
tregar suas tarefas, vá e colha a colheita. Há algo mais que precise?”
“Entendido. Planejo conduzir algumas negociações quando for ver o rei dos humanos.
O senhor poderia guardar um pouco do seu precioso tempo para revisar um rascunho
comigo?”
Bem, tudo o que ele iria fazer poderia ser resumido em algo simples como colocar seu
selo no rascunho de Albedo.
“Sendo assim. Então eu lhe darei vários conjuntos de roupas da minha coleção. Venha
me procurar mais tarde. Falando nisso, o Demiurge— não, não há necessidade. Está bem.
Então, vamos continuar... hm, já que vieram até aqui, eu gostaria de ouvir vocês dois
também.”
Depois que seus negócios foram concluídos, os três saíram da sala com os Elder Liches,
deixando Ainz e Fifth. E, claro, os Eight-Edge Assassins no teto.
Para ser honesto, Ainz não tinha mais trabalho para fazer hoje. O resto do dia seria ba-
sicamente tempo ocioso. E os assuntos que foram resolvidos mais cedo foram tecnica-
mente simples, assim que terminaram, ele se viu completamente livre. Enquanto pen-
sava sobre o que fazer com seu tempo, Ainz de repente pensou em algo e levantou-se.
Com essa ordem, Ainz se adiantou. Fifth seguiu em silêncio. Naturalmente, o mesmo
aconteceu com os Eight-Edge Assassins.
Uma vez que deixou sua casa, ele notou que o ar livre ainda estava fresco, como condi-
zente com a estação. O vento tinha um toque de frio, mas Ainz estava completamente
imune ao frio. Depois de olhar para Fifth para ter certeza de que ela estava bem, ele con-
tinuou andando.
Este distrito continha três tipos de edifícios: a residência de Ainz, todos os tipos de es-
truturas governamentais, bem como casas de hóspedes. Pandora’s Actor— não, Momon
morava em uma dessas casas de hóspedes.
Normalmente, ele teria convocado Momon diante dele como condizente com seu status
de governante, mas mudou de idéia quando ponderou um pouco mais.
Ainz murmurou enquanto se aproximava da casa de hóspedes. Ele estava olhando para
os estábulos que continham a casa de hóspedes em questão. A palavra “estábulo” impli-
cava que seria usado para guardar cavalos, mas agora a única ali era Hamsuke. Ou me-
lhor, era assim que deveria ter sido.
Um tanto confuso, Ainz se aproximou dos estábulos, e ouviu um silencioso *hyu~ hyu~*
de ronco. O sono era um privilégio de criaturas vivas, então Hamsuke deveria estar den-
tro.
O sol já estava bem alto no céu, mas Hamsuke ainda estava dormindo.
Hamsuke podia ver no escuro como um gato, mas, segundo Hamsuke, ela não era nem
diurna nem noturna. Ela comia e dormia novamente até acordar com fome. Esse era o
seu modo de vida.
“Ela não nos notou, apesar de estarmos tão próximos. Ela perdeu seus instintos ani-
mais? Francamente... é uma preguiçosa. Não, talvez ela tenha trabalhado durante a noite.”
“...Entendo.”
Ainz queria falar com Hamsuke apesar das palavras impiedosas de Fifth, mas ele não
conseguia pensar em nada para dizer.
Bem, ela é apenas um animal de estimação. Eu que não deveria ter esperado nada dela.
Não importa se ela se permitiu cair para esse nível... ainda assim, estou ocupado com todos
os tipos de coisas, mas ela está aqui solenemente. Isso realmente me irrita... embora eu
saiba que estou apenas descontando minha raiva em alguém.
Ele espiou para dentro dos estábulos e o hamster gigante estava dormindo no chão de
maneira desprotegida. Tudo o que ela precisava agora era uma bolha gigante do nariz e
seria a própria imagem de uma dorminhoca.
No entanto, havia algo mais que chamava a atenção de Ainz, além da maneira como
Hamsuke estava dormindo como uma tia de meia-idade (embora seu corpo não devesse
permitir isso).
[Cavaleiro d a M o r t e ]
Havia um Death Knight e a calda de Hamsuke estava enrolada em sua cintura. A princí-
pio, essa criatura undead deve ter sido o que atraiu a atenção de Ainz para este estábulo.
Já que era uma criatura undead que ele havia feito, havia um vínculo entre eles e assim
ele poderia julgar sua localização aproximada. No entanto, agora havia muitos undead
em E-Rantel, de modo que esse senso específico se tornou confuso.
Com toda a honestidade, foi muito difícil para ele discernir minuciosamente a localiza-
ção dos undead que ele havia feito. Mesmo assim, Ainz não se lembrava de posicionar
um nos estábulos, daí a sua confusão em detectar uma reação undead aqui.
“Acorde, Hamsuke.”
“Muuu, sim....”
Seus olhos piscaram como os de um ser humano enquanto seu grande rosto se movia,
e então ela avistou Ainz.
Além disso, os animais mágicos não eram particularmente resistentes ao controle men-
tal. Por isso, Ainz emprestou um item a Hamsuke que a tornou impermeável ao controle
da mente, mas ele ainda estava desconfortável que alguém pudesse tentar manipulá-la
através de outros meios que não a magia.
“Bem, já que não cometeu nenhum erro até agora, eu confio em você. Então, indo direto
ao ponto. O que há com esse Death Knight?”
Ele havia conduzido um experimento, ensinar Artes Marciais enquanto Hamsuke estava
recebendo treinamento para ser uma guerreira. Em outras palavras, ele usou esse Death
Knight para ver se poderia continuar ganhando níveis como um guerreiro.
Ele havia equipado o Death Knight com artefatos que aumentaram o ganho do XP, mas
isso o enfraquecera muito. E ainda assim, no fim, o Death Knight não ganhou nenhum
nível. Ainz havia antecipado esse resultado, mas ele não estava zangado. Mas por algum
motivo, Hamsuke vivia falando sobre o Death Knight e quando o experimento terminou,
ele pegou de volta os artefatos e deixou o Death Knight com ela.
Então esse é o... Pensando nisso, os pontos em sua armadura parecem arredondados para
baixo... Eu não o emprestei para ser um dakimakura, mas porque eu queria que ele se tor-
nasse um guerreiro, ou talvez dominar alguma técnica... Bem, não importa. Há Death
Knights de sobra para suprir qualquer demanda. Dar um não vai fazer falta.
Na verdade, havia Death Knights mais do que suficientes, tanto que Ainz não fazia mais
Death Knights quando criava seus undeads rotineiramente.
“Então é por isso. Compreendo. Ainda assim, você costumava ser uma fera mágica sel-
vagem. É bem alarmante que não perceba alguém chegar tão perto. Nós não somos tão
furtivos quanto a Aura, somos? Não deveria estar levando isso um pouco mais a sério?”
“Este aqui pede sinceras desculpas. Este aqui costumava ser a criatura mais forte na-
quela floresta. Este aqui nunca precisou estar em alerta porque este aqui nunca foi em-
boscado antes.”
“Você deveria ter tido um período... infância... ou algo assim, não? Mas antes disso, não
existia o Gigante do Leste e a Serpente Demônio do Oeste?”
“Hoho~ Este aqui nem sabia que existia isso naquela floresta! Como esperado do se-
nhor, Milorde! Sua percepção é de fato aguçada. Este aqui sabia pouco fora do território
deste aqui.”
“No passado, um guerreiro humano que invadiu o território deste aqui se dirigiu a este
aqui de tal maneira. Então este aqui poupou o guerreiro, e somente ele, pois este aqui
achou que o nome soava bastante impressionante. Ah, que nostalgia—”
Depois que o guerreiro voltou vivo, ele deve ter exagerado muito as histórias de seu
inimigo, Hamsuke. Provavelmente foi uma maneira de justificar sua própria sobrevivên-
cia quando todos os seus companheiros morreram.
Isso também não foi difícil de entender. Pois de fato, Hamsuke era muito forte para os
níveis deste mundo. De todos os guerreiros humanos que Ainz conhecera, talvez apenas
Clementine e Gazef pudessem ter vencido Hamsuke.
“Não é nada. Apenas... sim... é só que você não se qualifica como um Sábio Rei da Floresta,
apenas um Hamster da Floresta.”
“Hamsters...— me lembro, o senhor falou dessas criaturas antes, Milorde! Então este
aqui é realmente um hamster?”
“Não sei.”
Depois daquela resposta curta, Hamsuke caiu em desesperança mais uma vez.
“Eu garanto a todos que servem a Nazarick recompensas apropriadas pelo serviço pres-
tado. Se continuar trabalhando para Nazarick, algum dia encontrarei companheiros de
sua espécie para você.”
“Ohhhh!”
“Embora este aqui já fosse leal a Milorde, este aqui servirá ainda mais lealmente a partir
deste dia!”
“Uhum, Uhum. Então, Hamsuke, sobre Momon— não, o Pandora’s Actor está dentro da
casa de hóspedes?”
“O sósia de Milorde? Este aqui não tem certeza. Afinal de contas, ele frequentemente
monta nas carruagens que os humanos desta cidade preparam para ele, e nem sempre
leva este aqui com ele.”
“Ah, se me lembro bem, ele usa esse tipo de transporte para compartilhar informações.”
Kuku~
Tudo se desenvolveu como ele havia previsto. Sob o disfarce de compartilhar informa-
ções, as pessoas diriam coisas para Momon que eles queriam manter em segredo de Ainz,
ou talvez pudessem induzir uma intriga entre Momon e Ainz. No entanto, na verdade
eles que seriam envenenados pelos pensamentos de Pandora’s Actor.
Que Ainz era um rei digno de confiança, um ser misericordioso que pensava no povo e
assim por diante.
“Compreendo. A propósito... você parece poder usar armadura agora. Se não tem nada
para fazer, que tal colocá-la e treinar?”
“Este aqui entende, Milorde! Então, este aqui também gostaria de ver aqueles Lizard-
men-donos, se possível.”
“Muito bem. Eu concederei seu desejo. Informarei o Cocytus depois e mandarei alguém
aqui.”
“O senhor tem meus agradecimentos eternos, Milorde. Venha, Death Knight-dono! Va-
mos trabalhar arduamente juntos!”
Ainz não prestou atenção à amizade ardente entre uma fera e um cadáver e seguiu em
frente.
Atrás de Ainz havia uma voz que dizia algo como “Urg— faça silêncio, que chato!”. Mas
ele não conseguia pensar no que o Death Knight poderia dizer. Embora Ainz estivesse
vagamente interessado no que Hamsuke estava fazendo, ele logo descartou o pensa-
mento.
Falando nisso, se me lembro bem, acho que dei algo a Hamsuke... Faz tempo já... sinto que
esqueci o que era. Ah, bem, se não consigo lembrar o que é, não deve ser algo tão impor-
tante assim.
A cabeça de Ainz estava cheia desses pensamentos que não conseguia articular. A sen-
sação era semelhante ao esperar por um espirro que não viria. Ele chegou diante da
porta da casa de hóspedes, mas obviamente não tomaria iniciativa para bater. Fifth, que
seguia atrás de Ainz, avançou imediatamente diante dele.
“Abra.”
“Entendido, Ainz-sama.”
Fifth parecia terrivelmente séria quando abria a porta, mas o canto de sua boca parecia
um pouco relaxado. Isto deve ter vindo da satisfação que ela sentia em poder ajudar Ainz
de alguma forma.
“—Eight-Edge Assassins.”
“—Vão.”
“Sim!”
Ele poderia ter deixado uma empregada regular aqui, mas seria problemático se as pes-
soas que viessem visitar Momon pensassem que estavam sendo observadas. Assim, tudo
chegara a isso. No entanto, se Pandora’s Actor estivesse sozinho, havia a possibilidade
de que as pessoas que fizeram a lavagem cerebral em Shalltear pudessem se infiltrar.
Assim, Ainz sentiu que era melhor estabelecer algumas contramedidas.
...Mas para que isso aconteça, alguém precisaria se infiltrar até aqui. Bem, apenas os tolos
não se preparam o suficiente... Mm— quanto tempo vou ter que esperar? Ou devo seguir
em frente? Pelo bom senso, devo esperar aqui. Afinal, os Eight-Edge Assassins retornarão a
mim. Mas um Rei realmente deveria esperar na porta?
Ele avançou, usando o porte régio e apropriado que havia praticado dezenas de vezes,
de uma maneira que ele achava mais adequado a um governante.
Ainz tinha estado nesta casa antes, então Ainz tinha uma idéia aproximada dos cômodos.
Depois que Fifth abriu a porta para ele, Ainz se moveu sem hesitação para o assento
principal na sala de hóspedes.
Pouco depois, uma batida veio da porta. Ainz acenou para Fifth.
Tendo recebido permissão, Fifth abriu a porta e Pandora’s Actor entrou. Ele não estava
usando magia para aparecer como Momon, mas estava em seu uniforme militar de cos-
tume.
“Sim!”
Seus movimentos foram tão suaves e enérgicos quanto os de um soldado, mas para Ainz
eram totalmente desnecessários. A melhor palavra para descrever isso foi “overacting”.
Todos possuíam uma área ao redor chamada de espaço pessoal, mas Ainz não pôde dei-
xar de encarar o blitzkrieg impiedoso de Pandora’s Actor sobre ele.
...Bem, acho que está tudo bem. Mas ele está muito perto...
Ainz inspecionou de perto Pandora’s Actor quando ele se sentou. Ele não sentiu mais o
mesmo choque que teve quando o viu pela primeira vez na Tesouraria. Talvez a passa-
gem do tempo e os encontros rotineiros para ordens e afins tenham suavizado o impacto
ao vê-lo.
“Posso perguntar—”
“Não, não é nada, não se preocupe com isso. Bem, tenho algumas coisas para te pergun-
tar. Primeiro, gostaria de saber sobre a condição do Momon. Eu sei o que você já relatou
para a Albedo... então, há algum problema?”
“Certo. Ótimo. Então, eu gostaria de perguntar a você, como Pandora’s Actor, se há al-
gum problema do seu lado?”
No entanto, Ainz não teve tempo de retrucar antes que Pandora’s Actor continuasse a
falar.
“Durante esse tempo, não consegui tocar em itens mágicos. Eu fui incapaz de cuidar dos
vários itens mágicos criados pelos Seres Supremos. A classificação de cristais de dados
também foi interrompida. Por favor! Não importa o que eu tenha que fazer, Ainz-sama!
Suplico-lhe que me conceda algum tempo com esses itens!”
“Sobre isso não há dúvida! Esses sentimentos foram concedidos a mim pelo senhor,
Momonga-sama!”
“...Ahhhhh.”
Ainz tentou desesperadamente lembrar a maneira como projetou Pandora’s Actor. Ele
se lembrava de ter lhe dado uma narrativa que afirmava que ele gostava de gerenciar
itens mágicos e coisas do tipo. A intenção original de Ainz era projetá-lo de tal maneira
que ele não achasse estranho ficar sozinho na Tesouraria — de fato, alguém poderia
considerar estar cercado pelas coisas que amava como um trabalho celestial. Assim, pa-
rece que as configurações de personalidade de Ainz eram a fonte do problema. No en-
tanto, por algum motivo, parecia que tal coisa havia atingido o nível de um fetiche.
Metade dos undeads de Nazarick foram feitos por Ainz, a outra metade foi feita por
Pandora’s Actor. É verdade que os undeads feitos pelo Pandora’s Actor eram mais fracos
que os feitos por Ainz, mas só até certo ponto. Ainda assim, isso estava dentro de parâ-
metros aceitáveis, e havia cadáveres adequados congelados no 5º Andar para esse pro-
pósito.
De fato, havia tantos deles que os dois trabalhando juntos não podiam usar todos.
“Entendo. Informarei a Shalltear, ela também te dará o Anel. Além disso, concedo a você
permissão para trabalhar no armamento e no equipamento de meus companheiros. Não
os danifique.”
“Dies—”
“Pare com isso. Fale normalmente. Eu não te disse isso antes, hein, Pandora’s Actor?”
“Sim!”
“O relacionamento entre nós é de Criador e Criatura. E sim, estou muito feliz com a ma-
neira como vem trabalhando arduamente para cumprir meus desígnios. Mas, às vezes
me pergunto; os filhos não deveriam trabalhar para superar seus pais?”
“Uhum, certo. Você é, er, meu filho, ou algo assim. Isso... er, como devo colocar isso, pro-
vavelmente, er, deve ser o caso. Portanto, não há necessidade de usar alemão ou sauda-
ção ou ser tão dramático na minha frente. Já que eu te fiz, quero ver as partes de você
que não fiz, como uma prova de seu crescimento.”
Ainz olhou para trás ao ouvir alguém fungando, e viu que Fifth estava enxugando os
cantos dos olhos com um lenço.
Por quê?
Assim que Ainz estava se sentindo confuso, Pandora’s Actor abaixou a cabeça.
“...Oh.”
Isso foi uma má idéia, foi rápido demais. Embora fosse impossível, Ainz sentiu uma dor
de cabeça o pegando desprevenido.
“Pandora’s Actor. Você não deve contar a ninguém mais ninguém sobre o que aconteceu
aqui. Entendido? Se as pessoas souberem que está recebendo tratamento especial, isso
poderá resultar em atrito. Além disso— na verdade, por causa disso, colocarei você mais
baixo em minhas prioridades. Se chegar a hora de escolher entre ajudar você ou os Guar-
diões, eu abandonarei você.”
“Sinto muito. E... Fifth. Não fale sobre o que aconteceu aqui.”
“Ah, sobre isso, poderia esperar um pouco? Como raramente nos encontramos, há um
assunto que gostaria de discutir, Pai. Posso saber como o senhor pretende governar este
Reino Feiticeiro?”
“O quê?”
“Muitos humanos têm dúvidas sobre o caminho em que pretende tomar este país, Pai.
Por exemplo, se o senhor deseja adotar uma política de expansão, eles temem que sejam
enviados para o campo de batalha, e assim por diante.”
Para começar, Ainz era apenas uma pessoa normal, mas ele havia declarado um objetivo
quase inacessível, conquistar o mundo. Ainz parou de pensar nisso e achava que seria
melhor entregar esse assunto para pessoas inteligentes como Albedo ou Demiurge.
Dito isso, a questão de como administrar esse país era uma questão que ele não podia
evitar.
“...Eu pretendo deixar você saber, mas ainda estou esboçando isso em minha mente.
Discutirei o assunto com os Guardiões de Nazarick e depois o informarei.”
“Siiim!”
Uma vez que ele alcançou a porta, Ainz se moveu mais rápido que Fifth e abriu a porta
antes que ela pudesse fazer isso por ele.
Disse Ainz secamente. Embora as pessoas atrás dele começaram a entrar em pânico,
Ainz preferiu não lhes dar atenção.
Ainz flutuou no céu graças a magia 「Fly」 e, em seguida, pousou no telhado da casa de
hóspedes.
Como E-Rantel era uma cidade protegida por três camadas de muralhas, desse ponto
de vista, metade de seu campo de visão estava bloqueado pelas muralhas da cidade.
“Eu não posso ver daqui, né? Parece que vou ter que dar um passeio.”
Ele poderia pensar em algo se andasse pelas ruas. Ficar aqui significava que não havia
como ele pensar em nada.
Ainz estava confiante de que poderia usar vários meios para se defender, escapar ou
contra-atacar. Ele havia aperfeiçoado suas habilidades através do PVP, e definitivamente
não morreria sem antes agir. No entanto, se ele tivesse que ser cauteloso com os métodos
de ataque que só existiam neste mundo, então sim, de certo modo os Eight-Edge Assas-
sins tinham razão.
Sua melhor e mais segura opção para esse trabalho era Albedo, cuja força defensiva era
a mais alta entre os Guardiões. Mas ele precisaria de pessoas para protegê-la também, o
que exigiria uma grande mobilização de forças. Ele não queria fazer isso a menos que
fosse com o propósito de atrair um ataque inimigo.
Se fosse esse o caso, a melhor escolha seria os vassalos descartáveis e de alto nível,
mas—
Eu não tenho monstros vassalos de alto nível. Mesmo se eu quisesse usar monstros merce-
nários, gastei muito dinheiro conjurando os subordinados para a Albedo, então eu não te-
nho dinheiro para invocar monstros casualmente.
Ele decidira fazer uma grande demonstração de gastos para provar sua generosidade,
e agora se arrependia vagamente de fazê-lo. Tudo o que ele podia fazer era se consolar
dizendo que precisava manter sua imagem como chefe.
• Monstros mercenários: Ele não tinha dinheiro, então eles estavam fora da lista.
• A habilidade 「Undead Lieutenant」: Exigia XP, então ele decidiu ignorar.
• Convocação via Cajado de Ainz Ooal Gown: O próprio fato de que ele tinha que
carregar a arma da guilda com ele significava que estava fora de questão.
• A habilidade 「Create Undead」: Mesmo que ele criasse undead de nível supe-
rior, eles seriam apenas o nível 70, no qual ele nem mesmo confiaria para escoltar
os Guardiões.
Ele só podia criar undeads de nível superior quatro vezes ao dia. No entanto, ele poderia
fazer undeads de nível 90 se contentasse em ter apenas dois usos por dia.
Com certeza, os Eternal Deaths eram excelentes undeads para usar, mas eles tinham
uma habilidade passiva chamada 「Aura of Death and Decay」 que estava constante-
mente em efeito. Era uma habilidade potente que combinava os efeitos de Ainz
Dito isto, se essa habilidade fosse usada quando fogo amigo fosse ativado, ela rapida-
mente pintaria um quadro dantesco de sofrimento e miséria. Claro, ele poderia ordenar
que suprimam a habilidade, mas trazer undeads assim para as ruas da cidade seria uma
completa insanidade.
Vários outros monstros assustadores apareceram em sua mente, mas ele atirou todas
essas idéias para o limbo.
...Como devo dizer isso... eles são muito capazes, mas todos parecem feios.
Nenhum deles era adequado como guardas que um rei teria consigo quando andasse
pelas ruas.
Assim que Ainz estava intrigado sobre o assunto, ele notou Fifth bem abaixo, tentando
desesperadamente escalar a parede.
Sem dizer nada, Ainz caiu, usando 「Fly」 no ar para desacelerar sua descida, e ele
aterrissou graciosamente no chão abaixo.
Fifth — que estava segurando uma moldura de janela e cujo rosto estava vermelho —
rapidamente assumiu sua posição atrás de Ainz.
“Fifth.”
“Sim!”
“Eh!? Mas isso só mancharia seus preciosos pés! Por favor, ordene-nos a limpar as ruas
para o senhor! E devemos preparar os seguidores!”
“Além disso, pretendo conjurar seguidores com magia, então não há necessidade de
mandar pessoas de Nazarick.”
Bem, a questão sobre o que conjurar permanece. Se eu chamar demônios ou undeads, isso
levará a maus rumores e fofocas maldosas. Então, vou precisar invocar algo bonito para
levantar opiniões a meu respeito. O que se adequaria nisso...
“Sim.”
Embora o valor do carma de Ainz fosse extremamente negativo, ele não teria problemas
em conjurar anjos, cujos valores de carma eram altamente positivos. Havia algumas pro-
fissões que tinham a penalidade de não serem capazes de invocar monstros cujos valo-
res de carma eram muito diferentes dos seus, mas Ainz não tinha essas profissões.
Aliás, os monstros invocados por essas profissões ficavam mais fortes quanto mais pró-
ximos os valores de carma dos monstros eram em relação aos seus mestres.
Como esperado de um lugar usado para colocar os cavalos para pastar, treinar cães de
caça e outras atividades semelhantes, a extensão de grama aparada que compunha o pá-
tio era de fato vasta.
“Então, vamos começar. Isso pode demorar um pouco, então fale comigo nesse meio
tempo.”
“Q-Quem, eu!?”
Ainz não esperou a resposta de Fifth. Depois de trocar partes de seu equipamento, ele
lançou sua magia.
Ele escutou as palavras de Fifth enquanto esperava a magia de Super-Aba ter efeito. Se
houvesse uma súbita necessidade de tomar medidas urgentes, ele usaria naturalmente
um item de cash, mas fazê-lo neste momento seria um desperdício.
Pensou Ainz.
Além disso, esta foi a primeira vez que ele ouviu que o quarto de Albedo era proibido
para as empregadas.
“—Entendo. Bem, foi uma conversa bastante interessante. Mas pensando nisso, volte
para o meu quarto e pegue o Nurunuru-kun. Seria problemático sem ele.”
“Entendido!”
Aparentemente, Albedo havia dito às empregadas que ela cuidaria da limpeza de seu
próprio quarto como parte de seu treinamento de noiva, então ela não queria que nin-
guém entrasse em seu quarto.
“Ah~ essa é a cruz que tenho que carregar... Albedo, não é que eu não entenda seus
sentimentos, mas o fato é que você é uma pessoa ocupada, então deve deixar a limpeza
para as empregadas. Eu não posso dizer isso, mas parece que sou um governante melhor
do que você, nesse sentido.”
“Obrigado.”
Ainz aceitou o Inseto Boca oferecido por Fifth com uma breve palavra de apreciação.
Então, ele aplicou o Inseto Boca na base de sua garganta óssea.
Ainz deixou suas dúvidas de lado e lançou a magia de Super-Aba. Seis colunas de luz
apareceram ao redor dele, e delas vieram seis anjos.
Esses anjos tinham cabeças de leão, com um par de asas estendido e outro par dobrado
ao redor deles, para um total de quatro asas. Cada um usava uma armadura brilhante e
segurava escudos com padrões de olhos em uma mão e lanças de fogo na outra.
Ainz não sabia muito sobre mitologia, então não sabia o porquê eles eram chamados de
gatekeeper (Porteiro/Guardiões do Portal), mas ele sabia sobre suas forças como mons-
tros.
“Me proteja. Não mate meus inimigos, mas torne o inimigo impotente enquanto causa
o menor dano possível.”
“Entendido, oh invocador.”
Esta ordem não foi dada por compaixão. Embora Ainz não hesitasse em matar seus opo-
nentes, ele teve que considerar que as pessoas podem estar planejando das sombras.
Além disso, ele deveria deixar Momon executar as execuções, daí suas instruções para
capturar o inimigo vivo.
“Então, vamos.”
Depois que os anjos tomaram uma formação defensiva em torno de Ainz, ele imediata-
mente avançou.
“Entendido, oh invocador.”
“Ai-Ainz-sama, como meu corpo poderia ser comparado com a forma preciosa de um
Ser Supremo?”
Aliás, ele não disse a mesma coisa para os Eight-Edge Assassins, já que eram seres con-
vocados usando o ouro de YGGDRASIL. Ele poderia ter se sentido vagamente arrepen-
dido por ter que sacrificá-los, mas eles não tinham valor para ele além disso.
“Vamos.”
Com os seis anjos, Fifth e alguns Eight-Edge Assassins — os restantes foram deixados
como sentinelas — o seguindo, Ainz dirigiu-se para o portão.
[Senhor da C r i p t a ]
Lá surgiu a forma de um Crypt Lord, que comandava mais de 20 Death Knight.
Ele estava vestido com vestes roxas esfarrapadas que outrora foram magníficas, e usava
uma coroa cintilante estranhamente reluzente. Era uma criatura vinda de Nazarick, um
undead de nível 70.
Depois de passar pelo Crypt Lord — que estava se curvando profundamente — Ainz
chegou às ruas.
Em vez de dar um passeio, era mais como se ele quisesse encontrar a resposta para a
pergunta de Pandora’s Actor. Havia coisas que ele não seria capaz de resolver normal-
mente, ainda mais se estivesse sendo incomodado de todos os lados.
Ainz alargou seu passo enquanto imaginava o futuro que o Reino Feiticeiro de Ainz Ooal
Gown teria sob ele.
Parte 3
Uma parte dos Death Knights produzidos em massa foi designada para o serviço de
sentinela no topo das muralhas. Havia outros como eles que estavam vigiando os portões
da cidade ou patrulhando. No entanto, o modo mais bizarro que foram empregados foi
receber ordens para construir novos vilarejos para os habitantes do distrito pobre.
As pessoas que acabavam sendo moradores nos bairros pobres eram tipicamente o se-
gundo ou terceiro filho das famílias camponesas: aqueles que não tinham sua própria
fazenda para trabalhar. Eles sonhavam com uma vida melhor na cidade, mas no final,
eles só conseguiam cavar uma miserável existência de um pobre em meio às cinzas de
seus sonhos. Assim, Ainz prometeu conceder-lhes um lote de terra e enviou-os para lá.
Eles foram enviados para as ruínas dos vilarejos incendiados devido à tramoia da Teo-
cracia Slane. Como haviam caído devido a razões externas, tudo o que precisavam fazer
era limpar os escombros, procurar novos moradores e o vilarejo se recuperaria natural-
mente.
[Devoradores
Por terem sido atacados no passado, Ainz permitiu que os Death Knights e S o u l
de Alma]
Eaters fossem com eles como guardas, e ele também ordenou que eles ajudassem os al-
deões com seu trabalho na fazenda.
É claro que nenhum deles era particularmente hábil em trabalhar nos campos. No en-
tanto, eles eram muito superiores aos seres humanos comuns quando se tratava de força
física bruta. Essencialmente, eram maquinários agrícolas pesados que não necessitavam
de combustível e que podiam funcionar 24 horas por dia. Eles eram ideais para a tarefa
de arar o solo e uma sorte de trabalhos pesados, certamente fariam grandes contribui-
ções nas próximas colheitas.
O objetivo de Ainz era reconstruir os vilarejos em um ano, permitindo assim que atin-
gissem a autossuficiência básica. Eles então começariam uma colheita regular no se-
gundo ano.
Ele havia emprestado os undeads para evitar gastar tempo na colonização das regiões
ermas.
Ao mesmo tempo, como os undeads estavam em empréstimo, ele cobrava taxas adicio-
nais de aluguel, além dos impostos combinados previamente. Como não precisava co-
brar o aluguel dos moradores, ele teve essa idéia depois de considerar que poderia aca-
bar emprestando os undeads a várias outras pessoas no futuro.
Embora esse plano priorizasse o envio de grande número de moradores dos bairros
pobres — com suas famílias — para fora da cidade, isso por si só não era o motivo para
a falta de pessoas nas ruas.
A causa provável seria Ainz. Quando os pedestres o encontravam nas ruas, eles olhavam
com os olhos arregalados antes de voltar pelo caminho que vinham, ou circulando ao
redor dele.
Ainda assim, ser temido não era ruim. Era pelo menos uma dúzia de vezes melhor do
que ser desrespeitado.
Mas é difícil acreditar que minha cidade seria um lugar sem vida...
Ele não se importava com o que acontecesse com os outros, contando que a Grande
Tumba de Nazarick e seus NPCs fossem felizes, tudo bem. Mas o que seus amigos do
passado pensariam se estivessem por perto?
Eles seriam como Ainz, que foi afetado por ser undead, e acabariam sendo influenciados
por seus traços raciais? Eles acabariam tratando os humanos como pouco mais que for-
ragem? Ou eles continuariam mantendo suas fortes emoções do seu tempo como huma-
nos?
Assim como Pandora’s Actor havia dito, Ainz precisava decidir como administrar esse
país e usar este objetivo para governar essa cidade.
Por exemplo, ele poderia entregar todas as tarefas de produção e trabalho para os unde-
ads, tornando-se um país onde os vivos não precisavam trabalhar.
E por exemplo—
De uma terra repleta de amor para uma cheia de ressentimento, como seria o país que
hasteava o brasão da guilda?
Ele não podia entregar essa decisão a seus subordinados. Este era seu dever, sua res-
ponsabilidade, como o governante de Nazarick e o Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown.
“Minhas mais profundas desculpas. Posso saber como o senhor gostaria que eu respon-
desse?”
“Você sente que este é um país onde pode ser feliz? Diga-me com toda sua sinceridade
e não esconda nada.”
“Sim. Estou muito feliz neste país porque o senhor o governa, Ainz-sama.”
Ainz olhou para o céu e suspirou. Bem, ele deveria ter esperado que um NPC lhe desse
uma resposta assim.
“Mas se—”
“Oh, qual é o problema? Me conte qualquer coisa que vier à sua mente.”
“Entendido. Mesmo o senhor agraciando a todos aqui, Ainz-sama, por que ninguém sai
para homenagear o governante deste país em sua forma imponente? E a maneira como
eles se escondem nas edificações e espiam... é muito perturbador!”
Fifth bufou. De fato, muitas pessoas estavam espionando Ainz e sua comitiva enquanto
se escondiam nas lojas ao longo das ruas. De fato, alguns deles fraquejaram quando vi-
ram os anjos.
“Sim. É como o senhor diz. Eles não foram criados pelos Seres Supremos, portanto, são
formas de vida lastimáveis.”
“Muito obrigada!”
“No entanto, devo mostrar alguma medida de misericórdia às pessoas que domino. Afi-
nal, eles são cidadãos do Rei Feiticeiro.”
“Então, por que não transformar este lugar em uma utopia? Um maravilhoso mundo de
sonhos que é tão doce quanto imergir-se em mel. Um mundo onde eles desejarão ser
governados eternamente.”
“Já que eu pretendo conquistar o mundo, meus cidadãos não serão apenas humanos.
Todas as raças do mundo devem se ajoelhar diante de mim.”
“Naturalmente.”
Projeto Utopia.
Este plano estava sendo realizado no 6º Andar, e foi iniciado com a intenção de atrair
qualquer jogador que eles encontrassem com a idéia de que Nazarick era uma boa guilda
que recebia todas as raças.
Pensou Ainz.
“Eu devo proclamar ao mundo: Somente aqueles que servem ao Rei Feiticeiro terão
prosperidade eterna.”
Se pudesse fazer isso, se encontrasse seus antigos amigos — seus antigos companheiros
de guilda — ele poderia orgulhosamente mostrar essa cidade para eles.
Parece que o país que Ainz desejava seria aquele em que ele governaria várias raças
coexistindo em harmonia.
Ele tomaria a visão de Ainz Ooal Gown dentro da Grande Tumba de Nazarick e a repro-
duziria em escala global.
O Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown deve ser um país onde todas as raças possam
coexistir. Isso era algo que apenas o Reino Feiticeiro poderia fazer.
Mesmo que o fundador de uma nação fosse um gênio, não havia garantia de que seus
herdeiros seriam também. E a geração após geração, seus filhos, netos e bisnetos — não
havia garantia de que eles seriam talentosos também. Se a segunda geração fosse incom-
petente, eles seriam eliminados pela sociedade na terceira geração. Ainz ouvira essa his-
tória com bastante frequência.
No entanto, se fossem governados por um gênio infatigável e eterno, esse tipo de coisa
não aconteceria. A forma ideal disso era ter uma ditadura governada por um grupo se-
leto de gênios.
Com pessoas como Demiurge e Albedo no Reino Feiticeiro— não, foi precisamente por-
que eles estavam lá que eles poderiam fazer um paraíso eterno ser possível.
Como o Ulbert-san havia dito uma vez: “Uma ditadura dirigida por mãos de ferro seria
ótima”. Ou algo assim.
Liderados por Demiurge e Albedo, os Guardiões estavam prosseguindo com seu obje-
tivo de dominação mundial. Ainz não podia negar completamente o ponto deles. Afinal,
isso poderia espalhar seu nome para seus companheiros.
No entanto, não seria melhor espalhar esse nome através de outros meios que não a
governança pela força? Permitindo que o Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown seja conhe-
cido como uma utopia, eles podem fazer com que muitas pessoas escolham dobrar o jo-
elho e submeter-se à sua governança por essa doce promessa de mel.
Quando Ainz começou novamente a andar, ele pensou desesperadamente sobre o as-
sunto.
Ele precisaria de métodos diferentes dos de Demiurge e Albedo — métodos que não
dependiam de força.
Ele não conseguia se imaginar administrando um país sozinho. Por causa disso, Ainz se
imaginaria empregado de uma pequena empresa.
Seria uma pequena empresa, do tipo que só tinha um único andar em um prédio, e o
único funcionário da empresa era Ainz.
O produto desta empresa seria “A Regência Excepcional do Reino Feiticeiro”. Ele estaria
promovendo as vendas deste produto.
Primeiro, era preciso considerar seu mercado alvo. Só então ele poderia entregar este
produto para as mãos daqueles que precisassem. No entanto, ele não tinha informações
sobre seus consumidores. Por que isso? Simples — porque ele não tinha publicidade su-
ficiente.
Dito isto, não se tratava de correr para várias cidades e distribuir panfletos na entrada.
Isso seria apenas uma perda de tempo. Ainz já fôra um empregado, então ele deveria
considerar outros métodos.
Não havia nada parecido com mídia de massa neste mundo. Embora os comerciantes e
outros profissionais desse tipo tivessem suas próprias redes de inteligência, dificilmente
qualquer publicidade deles seria garantida. Antes de Ainz perceber, ele já estava na en-
trada da Guilda dos Aventureiros.
Talvez fosse porque ele tinha vindo aqui muitas vezes como Momon, mas parecia ter se
tornado um hábito.
O balcão dentro da edificação apareceu. Havia uma recepcionista sentada. À sua es-
querda havia um grande conjunto de portas duplas, à direita havia um quadro de avisos
com pedidos de pergaminho anexado a ele. E os aventureiros que deveriam estar de pé
diante dele— não estavam lá.
Ainz ignorou a recepcionista de olhos arregalados que estava olhando para ele e cami-
nhou até o quadro de avisos.
Ele ainda não conseguia entender a escrita, mas já havia memorizado algumas frases,
que incluíam o mês e o ano.
De relance, havia apenas pedidos antigos de um mês atrás. Em outras palavras, não
eram importantes, trabalhos repetitivos.
“...Recepcionista. Parece haver muito menos tarefas agora. Ninguém fez novos pedidos?”
“Eprr... sim, sim, isso mesmo. Estes são todos o que temos, Vossa Majestade.”
Ainz usou suas próprias forças militares — os Death Knights — para patrulhar as ruas
e manter a segurança interna do Reino Feiticeiro. No final, isso fez com que as pessoas
fugissem da ameaça daqueles monstros.
Ele considerou que, se mantivessem suas patrulhas, pessoas como aventureiros pode-
riam deixar completamente de existir.
Preciso criar tarefas para eles, a fim de mantê-los por perto— não, não há necessidade de
manter os aventureiros por perto.
Qualquer coisa que os aventureiros pudessem fazer, os Death Knights poderiam fazer
melhor — embora tivessem certas dificuldades com algumas tarefas, como pegar ervas.
Mas, nesse caso, tudo o que ele precisava fazer era alugar os Death Knights para os her-
boristas como guarda-costas.
Ainz ainda não conseguia pensar em nenhum uso para os aventureiros. E quando se
chegou a isso, o fato da questão era que aventureiros custavam dinheiro para contratar.
E-Rantel e sua baixa renda não tinham o luxo de tais coisas.
Antes, ele pensava que os aventureiros eram como o que ele tinha visto em YGGDRASIL,
aqueles que se aventuraram no desconhecido e viajaram para vários lugares ao redor do
mundo.
Se não passam de mercenários anti-monstro, então quando não houver demanda, eles fi-
carão sem trabalho. É assim que o mundo funciona. Pensar que a imagem dos aventureiros
como eles eram representados em YGGDRASIL era, no final das contas, nada mais que um
sonho... Sonhos? De explorar o desconhecido e viajar pelo mundo? Será que...?
Ainz não queria apenas alcançar o mundo humano, mas todas as outras raças também.
Ele poderia facilmente se promover no mundo humano através das conexões dos comer-
ciantes. No entanto, como isso não bastava, os aventureiros eram a melhor escolha para
o trabalho.
“Hmhm...”
Ainz assentiu.
Embora a recepcionista o olhasse de um modo intrigado, ele não lhe deu atenção. Ou
melhor, se tivesse se importado com ela, esse raro lampejo de inspiração teria desapa-
recido.
Pensando como o chefe de uma pequena empresa, Ainz decidiu contemplar o resultado
deste plano.
Era bem simples aumentar seus números. Tudo o que ele precisava fazer era reverter
as circunstâncias atuais — em outras palavras, o Reino Feiticeiro pagaria pela elimina-
ção dos monstros. No entanto, isso seria contra a meta de Ainz de ter aventureiros ex-
ploradores do desconhecido. Embora ele também pudesse fazer pedidos para que eles
promovessem seu nome, mas Ainz não tinha dinheiro para isso.
Assim que Ainz estava imerso em pensamentos, o som de uma porta se abrindo veio da
entrada.
Quando ele se virou, viu aventureiros — uns que ele já havia conhecido antes — em pé
na porta, congelados no lugar enquanto o observavam.
Hm? Como ele se chama mesmo... vejamos... Yokmok? Não, não é isso, mas é algo assim.
Parecia que estava na ponta da língua, mas por algum motivo, não saia. Essa frustração
fez com que Ainz explorasse as profundezas de suas memórias com toda a sua vontade.
“Moknach...!?”
Assim que encontrou a resposta, ele a disse sem pensar. Tendo sido tratado pelo nome,
o aventureiro ficou sem ação, travado onde estava.
Merda!
Era tarde demais para entrar em pânico. Ele podia sentir os olhos da recepcionista da
Guilda olhando na sua direção.
Era impossível que o novo governante de E-Rantel, o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown,
soubesse de um mero aventureiro ranque mythril. E se ele conheceu o homem, o que
isso implica? O cérebro de Ainz girou em alta velocidade enquanto ele cogitava, mas an-
tes que chegasse com uma resposta, Moknach falou:
Tendo recuperado de sua perturbação anterior, Ainz começou uma análise mais pro-
funda da situação.
Ele lembrou que esse homem era o líder do grupo de aventureiros mythril “Arco-íris”.
A primeira vez que ele o viu foi durante o incidente vampírico. Eles haviam falado várias
vezes depois disso, mas como não haviam se encontrado recentemente, o homem havia
sumido de sua mente.
Por que o Momon falou sobre mim para o Rei Feiticeiro? Jogando conversa fora? Ou o
Momon promoveu meu nome? Seu coração provavelmente estava cheio de dúvidas e sus-
peitas como essa.
Ainz começou a procurar uma maneira de transformar essa cautela em uma oportuni-
dade.
“Quando perguntei sobre aventureiros capazes por aqui, ele me contou sobre o
Moknach, o líder da Arco-íris.”
Ao discutir negócios com um cliente, a primeira coisa que se deve fazer é elogiar a con-
traparte. Poucas pessoas reagiriam mal ao elogio. Uma vez que eles estavam em um es-
tado de espírito elevado, eles poderiam falar de negócios. Essa era uma habilidade básica
para um vendedor e também uma técnica absoluta.
Agora que ele havia abalado o outro lado e aproveitado completamente a iniciativa,
Ainz não perdeu a chance de disparar outra pergunta.
Se ele quisesse aprender mais sobre aventureiros, a maneira mais rápida de conseguir
isso era questionar diretamente um aventureiro.
Moknach ficou perplexo com a pergunta de Ainz, mas em pouco tempo, ele parecia ter
reunido coragem suficiente para respondê-lo.
“Por causa dos undeads, Vossa Majestade. Este lugar é perto das Planícies Katze, e nós
podemos matar monstros por dinheiro sem medo de exaurir nossa fonte de renda.”
Embora Ainz não tenha entendido muito bem, parece que, mesmo com o suor escor-
rendo dele, Moknach tinha um sorriso rebelde no rosto que parecia dizer: “Isso aí! Falei
mesmo”.
“Certo.”
“Eh?'
“Hm?”
“Ah, nada...”
“Isso é tudo?”
“...Não, tem mais. Antes do Momon-dono vir aqui, nós éramos os únicos aventureiros
mythril entre os aventureiros mais experientes, então era mais fácil a gente conseguir
empregos bem remunerados.”
“Também nasci nesta cidade, então conheço muitas pessoas aqui. E também, todos os
tipos de itens mágicos fluem por aqui.”
“Sim. Afinal, itens mágicos salvaram minha vida no passado, então, como um aventu-
reiro, eu naturalmente gostaria de me basear em um lugar com bom acesso a eles.”
Em YGGDRASIL, também havia histórias de como um simples item mágico evitou mas-
sacres. Dito isso, ele também viu muitas pessoas que se pareciam com aventureiros nos
mercados da Capital Imperial. Em outras palavras, se ele pudesse montar um negócio de
itens mágicos em escala maior que a Capital Imperial, certamente atrairia aventureiros.
Ele provavelmente conseguiria excelentes resultados fazendo itens mágicos com cris-
tais de dados apropriados e depois leiloando-os. No entanto, isso seria fundamental-
mente explorar as reservas de Nazarick, e não havia garantia de que Ainz e os outros não
se deparariam com as tecnologias desenvolvidas usando estes itens como base para fun-
dar estacas que seriam apontadas para a garganta de Ainz.
“Ah...”
“Vossa Majestade, posso saber por que está me fazendo essas perguntas? Se permitir
que eu seja franco...”
“Nossa insignificância está além das palavras quando comparado a um dos undeads que
Vossa Majestade comanda. Com seres tão poderosos defendendo a área em torno desta
cidade, há pouco sentido para a existência de aventureiros no Reino Feiticeiro.”
O que ele deveria dizer agora? Que frase ele poderia usar para deixá-lo — a recepcio-
nista também estava olhando para ele, assim como um pequeno grupo da Guilda que
conseguira se agrupar ao redor deles sem ser visto — com uma boa impressão de si
mesmo?
Ou talvez, ele pudesse assumir um risco perigoso e diretamente calá-lo dizendo: “Não
há necessidade de explicar isso para você”. Isso pode ser mais seguro. No entanto, se ele
fizer isso, pode torná-los ainda mais suspeitos. Deveria haver um jeito melh—
Não, eu tenho que acreditar em mim mesmo. Eu sou um homem que superou muitos peri-
gos no passado. Eu devo ser capaz de pensar em algum caminho além desse problema!
Pensando nisso, você já tem uma imagem tão clara das coisas em sua mente. Então, por
que você ainda está nessa cidade? Porque você nasceu aqui? Você tem namorada?
“Antes de responder, gostaria que você respondesse minha primeira pergunta. Por que
ainda está nesta cidade?”
“Is-isso é porque...”
Moknach começou a tropeçar em suas palavras. Então, apesar de hesitar um pouco, ele
continuou:
Claro, por ele ser Momon no passado, ele tinha entendido este homem até certo ponto.
No entanto, não esperava que o homem abrisse seu coração tão prontamente.
Ainz fingiu ficar em silêncio por um tempo, e então, numa voz régia, anunciou:
“É por causa do Momon. Todos vocês, algum dia, podem se tornar pessoas como o Mo-
mon, eu queria saber o que os aventureiros queriam e o que procuravam.”
Os olhos de Moknach se arregalaram. Os sons de *gulp* podiam ser ouvidos dos funci-
onários da Guilda que estavam próximos.
Parecia um pouco embaraçoso dizer esse tipo de coisa sobre si mesmo, mas era assim
que a persona de Momon tinha sido planejada, então não poderia evitar.
Ainz se perguntou enquanto pronunciava essas palavras. Um raio pareceu brilhar atrás
de Moknach e dos outros.
“Mas, mas o Momon-dono é um ser supremo, apenas um escolhido poderia aspirar a ser
como ele. Nós não poderíamos alcançar o seu—”
“Então você está dizendo que o Momon é cego para a sua própria grandeza?”
“Não diretamente.”
Embora ele não achasse particularmente engraçado, ele mesmo se esforçou para suge-
rir que achava divertido. Ainz assumiu o sorriso de um rei — o resultado de muita prá-
tica — e mostrou a todos.
Assim que o desconforto estava começando a descer sobre Ainz, Moknach se curvou
profundamente para Ainz.
“Vossa Majestade, eu sou grato por este encontro com o senhor, e a oportunidade de
aprender com seus pensamentos.”
Quando Moknach levantou o rosto, não havia sinal do mal-estar, medo ou dúvida que
estivera originalmente ali. Em contraste, ele tinha um sorriso alegre e despreocupado
em seu lugar.
“...Que homem incrível. Pensar que o senhor possuía um carisma incrível, superando
até vossa poderosa magia.”
“Também estou feliz por ter encontrado excelentes aventureiros. Algum dia, gostaria
de abarcá-los sob meu amparo.”
“Ainda assim, Vossa Majestade. A Guilda dos Aventureiros permanece não afiliada ao
governo. Eu pela mesma forma. O senhor realmente pode nos ter como subordinados?”
“Uhum. Eu vim precisamente para esse objetivo. Com certeza, isso é apenas um rascu-
nho e ainda não tomou forma... Recepcionista, diga ao Chefe de Guilda que o Rei Feiti-
ceiro gostaria de falar com ele.”
“S-Sim!”
Isso era completamente diferente de como eles agiram quando apareceram pela pri-
meira vez. Moknach se curvou cheio de respeito antes de se virar e sair.
O principal objetivo do plano incompleto de Ainz, era usar aventureiros para exaltar as
virtudes do Reino Feiticeiro. Havia três pontos principais nesse plano:
Eu preciso resolver esses três problemas antes de negociar com o Ainzach. Ainda assim...
é muito difícil negociar sem qualquer informação. Ah, meu estômago dói.
Tudo o que ele podia fazer agora era rezar para que o Chefe de Guilda não estivesse.
Infelizmente, a primeira coisa que a recepcionista disse quando retornou foi:
Parte 4
Ele havia atravessado esse corredor algumas vezes como Momon, então passou pela
sala do Chefe de Guilda — embora não tenha entrado, foi levado para a sala ao lado da-
quela. Uma sala usada para entreter convidados.
Um homem de constituição forte saiu para encontrá-lo — o Chefe de Guilda Pluton Ain-
zach.
Ainz o encontrou como Momon várias vezes antes — ele inclusive o arrastou quando
era Momon para estabelecimentos adultos no passado. No entanto, esta foi a primeira
vez que ele encontrou o homem como o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown, então ele teve
que estar profundamente consciente de suas palavras e ações.
“Oh, é Vossa Majestade, o Rei Feiticeiro. Como um cidadão deste país, nada poderia me
agradar mais do que recebê-lo dentro de minha humilde morada. Por favor, entre e, em-
bora este seja um lugar sujo, ofereço-lhe um assento, se isso lhe agrada.”
“Por direito, eu deveria ter sido aquele a visitá-lo, mas estou profundamente grato que
o senhor veio até aqui para me ver.”
Era completamente diferente de como ele se comportava com Momon. Sua voz gentil
estava tingida de respeito, mas isso era apenas uma fachada. Ainz não pôde deixar de
sorrir depois de perceber que tudo isso era apenas tática profissional de trabalho. Claro,
sua própria expressão não havia mudado em nada.
Ainz virou os olhos para a outra porta da sala, que não a da entrada.
Aquela porta levava à sala do Chefe de Guilda. Era provável que conversariam lá se a
persona de Momon estivesse aqui. O fato do Chefe de Guilda o ter recebido aqui, fez Ainz
ciente da distância entre os dois.
Ainzach levantou a cabeça para espiar Ainz, que parecia tê-lo ignorado em favor de
olhar para a sala ao lado. Ainz não pôde deixar de sentir a sua tolice.
O rosto de Ainzach ficou rígido. Talvez ele pensasse que o riso fosse direcionado a ele.
Ainz sentiu repugnância por sua grosseria, mas o Rei Feiticeiro não podia se desculpar.
Em vez disso, ele decidiu avançar com a conversa na tentativa de encobrir isso.
Ainda assim, que tipo de atitude ele deveria tomar em relação ao Chefe de Guilda?
Ainz ainda estava aprendendo a maneira correta de ser um rei, e não tinha nenhum
conhecimento nesse campo. A única coisa que o guiava era uma sensação vaga de “isso
deveria estar certo”. Com isso, ele decidiu tentar algo.
“Eu acho que deve ter ouvido falar sobre isso, Ainzach, mas eu tenho uma proposta para
você.”
“—Perdoe-me, Vossa Majestade, mas não tenho certeza do que fala. Se é possível, o se-
nhor poderia explicar desde o começo?”
De suas interações anteriores com o homem, Ainz sabia que Ainzach era um homem
capaz de mentir com um sorriso no rosto. Havia uma grande chance de ele já ter uma
Sendo esse o caso, não havia necessidade de fazer arrodeios. Ainz decidiu falar direta-
mente.
“Hoh. Ouvi dizer que a Guilda dos Aventureiros sempre se manteve na neutralidade.
Você está realmente bem com isso?”
“Todos devem proceder como o senhor deseja, Vossa Majestade. Esta nação é gover-
nada pelas leis que estabeleceu. Se Vossa Majestade quiser subordinar a Guilda dos
Aventureiros à sua vontade, ninguém poderá negar essa decisão.”
Ainz bufou novamente. Aquela reação pareceu ter surgido de Ainzach. Ainz sentiu que
ele tinha chegado ao Chefe de Guilda, pelo olhar profundo em seus olhos.
“De fato, procederá como eu desejo. Mas você realmente pretende compactuar com
isso? Ou talvez pretenda avisar os aventureiros e enviá-los ao Império e ao Reino antes
de entregar a concha vazia de uma Guilda para mim.”
Ainzach olhou atentamente para Ainz, e então ele rodeou os ombros, como se dissesse:
“Então, isso é o máximo que eu vou conseguir, huh”.
“Como esperado de Vossa Majestade. Pensar que o senhor não iria apenas reivindicar e
governar esta cidade, mas até mesmo ver através dos meus pensamentos mais íntimos...
o senhor leu minha mente com magia?”
“Não, eu não usei magia. Não foi nada mais que experiência.”
“Por estar vivo há muito tempo, eu aceito. Ora ora, que senhor temível que é. Então, o
que será de mim?”
“E nem eu o quero. Mais do que isso, quero suas opiniões. Eu ouvi dizer que aventurei-
ros existem para defender as pessoas. Assim, eles não desejam ser usados em guerras
entre humanos e têm mantido um grau de independência de qualquer nação. Isso é ver-
dade?”
Ainzach grunhiu:
“Oh.”
Bem, não adiantava se dar um tempo. Ainz decidiu continuar falando e, claro, ele teve
que ajudar a cobrir a identidade de Momon.
“Ah, eu não vou perseguir esse assunto. Afinal, estamos trabalhando juntos, em certo
sentido. De fato, essa cooperação é uma das razões pelas quais posso pacificamente go-
vernar esse lugar.”
Ainzach parecia estar prestes a dizer alguma coisa, mas Ainz o ignorou e continuou.
Ele precisava trazer Ainzach para o seu lado, e fazê-lo querer ajudar o Reino Feiticeiro
por sua própria vontade.
Depois de recordar as várias queixas e reclamações que ouvira durante seu tempo como
Momon, Ainz disse:
“...Então, eu tenho uma pergunta depois de ouvir suas palavras. Você está certo de que
os aventureiros existem para defender as pessoas. No entanto, quem exatamente são as
“pessoas”?”
“Ou seja, a palavra “Pessoas” abrange todos os humanoides, ou apenas seres humanos?
Os Elfos, e os mestiços de Elfos e outras espécies que vivem em harmonia com a huma-
nidade são cobertos por essa palavra?”
“Que estranho. Se bem me lembro, Elfos são escravos do Império, não são? E mesmo
assim, podem dizer que os protege? Eles não são escravos porque entraram em conflito
com as leis do Império?”
Ainzach abaixou a cabeça. Então, ele olhou para cima para encarar Ainz novamente.
“Zombaria? Isto não é a verdade? ...Eu vou perguntar de novo. Você não está tentando
se livrar de ser ambíguo?”
“Você diz que vai defender Elfos e mestiços, mas não fez nada disso. Por quê?”
Ainzach deu sua explicação, começando pela posição de que ele não estava claro sobre
as intenções da Guilda dos Aventureiros no Império.
“Apesar de sermos uma Guilda dos Aventureiros, não podemos escapar totalmente dos
laços dos países. Mesmo a Guilda dos Aventureiros declarando orgulhosamente estar
acima de suas regras, nós permanecemos obedientes às leis das nações. Somos uma or-
ganização armada. Seria muito perigoso se um grupo com a nossa força fosse transfor-
mar esse poder contra a nação. Eu acredito que a Guilda do Império pense na mesma
linha.”
“Isso é o que eu quis dizer. Como você está sujeito às leis de um país, não deve haver
problema em ser incorporado a esse país. Sendo esse o caso, por que você não gosta
disso?”
“Tanto o Império quanto o Reino cobiçam nossa força. Afinal, apenas aventureiros como
nós podem lutar em pé de igualdade com monstros poderosos. Por causa disso, ninguém
fez nenhum pedido difícil para nós até agora. No entanto, o ponto onde Vossa Majestade
está ponderando é discutível. Se nos tornarmos subordinados ao senhor, há uma chance
de que nossa força seja dirigida contra o povo.”
“E assim, você procura resistir à assimilação no país, pois tem medo de usar a força
contra o homem comum, estou correto?”
“É como Vossa Majestade diz. Não queremos ser obrigados a reprimir pessoas ou a lutar
em guerras. Isso nos tornaria acessórios para muitas mortes.”
“Então sente-se. Agora vou explicar o que pretendo para vocês no futuro.”
Ainz teve que dizer a ele para se sentar novamente antes que Ainzach finalmente con-
cordasse, sentando-se com medo. Então, Ainz começou sua explicação.
Ainz sentiu Ainzach olhando diretamente para ele pela primeira vez.
“Por exemplo, há um pedaço de deserto ao sul, entre a Teocracia e o Reino Sacro. Mas
você conhece os detalhes do terreno e que tipo de monstros vivem lá?”
“Então, há uma cordilheira ao sudoeste que serve como uma barreira natural entre vo-
cês e a Teocracia. O que você sabe daquele lugar?”
“Não sentem envergonha dessa ignorância? Não, talvez pareça inevitável do ponto de
vista de um aventureiro. Afinal, vocês fazem parte de uma organização que protege as
pessoas, por isso não há necessidade de saber sobre lugares que não contêm pessoas.
Embora haja uma chance de que ervas que salvam vidas possam crescer nessas regiões.”
“Depois que eu pegar a Guilda dos Aventureiros sob minha bandeira, planejo preencher
todos os espaços em branco no mapa.”
“...Não seria melhor entregar essa tarefa para as pessoas próximas a Vossa Majestade?”
“Não seja tolo. Ouvi dizer que você costumava ser um aventureiro, Ainzach, então deixe-
me perguntar de novo: quando você pensa sobre a palavra “aventureiro”, o que real-
mente pensa sobre isso, acha que existem apenas para lutar contra monstros? Antes de
aprender mais sobre aventureiros, achei que eram seres que se aventuravam nos confins
do desconhecido.”
“Não há necessidade disso. No Reino Feiticeiro, protegerei meu povo como um gover-
nante. Dada a queda acentuada nos pedidos, você deve ser capaz de entender a verdade
das minhas palavras, estou errado?”
Ainzach respondeu afirmativamente, com uma voz de dor que soava mais como um ge-
mido.
“Então o que você fará em seguida? Você vai se mudar para o Reino ou o Império para
proteger as pessoas? Isso parece muito com o que um mercenário especializado em ca-
çar monstros faria.”
Ainz fez uma pausa aqui. O próximo passo seria a persuasão. Ele precisava dedicar a
capacidade total de sua mente para o que ele disse em seguida.
“Agora a pouco, você disse que meus subordinados deveriam fazer isso. De um certo
ponto de vista, isso seria uma boa solução. É verdade que meus subordinados são exce-
lentes em matar o inimigo. No entanto, muitos deles levantam sérias dúvidas em minha
mente sobre se podem ou não construir boas relações com os seres que encontram neste
mundo desconhecido. É uma grande marca de vergonha para mim. Portanto, desejo dei-
xar esta tarefa para vocês, aventureiros.”
Mesmo ele estando bastante interessado na reação do silencioso Ainzach, sua apresen-
tação ainda não estava terminada.
“Bem, já que eu planejo que façam um trabalho tão perigoso, eu naturalmente lhes darei
meu total apoio. Você não acha que é necessário que eu assimile a Guilda dos Aventurei-
ros para isso?”
“Entendo. Então você está bastante confiante em sua força. Eu não desgosto dessa co-
ragem.”
“E é isso que significa agir de forma independente, livre do controle de qualquer nação,
não é esse o caso? E se uma situação se elevar a um nível internacional, você teria que
lidar com isso sozinho... é por isso que o que diz é tão risível?”
“Já era hora. Mas se isso acontecer, aventureiros valiosos — profissionais que possuem
habilidades especiais — acabarão se esgotando. Como os seres humanos levam muito
tempo para amadurecer, a morte de qualquer indivíduo talentoso será uma grande
perda. Por causa disso, eu queria adquirir o grupo de aventureiros. E então, eles recebe-
riam meu total apoio como pagamento por ter que cumprir minhas ordens.”
“Essa é uma proposta muito atraente... Mas tenho uma dúvida que gostaria de esclare-
cer. Uma vez que tenhamos entendido o desconhecido, isso significa que nos tornaremos
forças invasoras para o Reino Feiticeiro?”
“Questão muito complicada. Não posso descartar essa possibilidade por completo. Afi-
nal, se localizarmos um inimigo em terras desconhecidas que planeja lançar uma invasão,
é bastante razoável usar essa informação para tomar a iniciativa e dar o primeiro golpe.
Os inimigos podem incluir demi-humanos como Ogros ou Orcs que vivem no deserto. Ou,
talvez, seja necessário lançar uma invasão para mostrar a diferença entre a força deles e
a nossa. Se houvesse um monstro feroz ao seu lado pronto para dar o bote, você não
desejaria atacar primeiro?”
“...Hm.”
“Bem, talvez.”
“Ainda assim, parece que você trata as raças de forma diferente dependendo de quão
atraentes elas são. Por que você não disse essa frase sobre, “se é certo ou não subjugar
pela força aquelas raças que estão vivendo em paz” quando surgiu o tópico de invadir
Orcs e Ogros?”
“Hahahaha. Entendo, entendo. Então é isso que você pensa. Eu entendo, sei como pensa.
Então, qual é a sua resposta?”
Ainzach parecia querer dizer alguma coisa, mas imediatamente sacudiu a cabeça. Isso
provavelmente para mudar de idéia.
Ainz se inclinou para frente, para que ele pudesse olhar diretamente nos olhos de Ain-
zach de perto.
“Eu estou muito bravo. Mas mais do que isso, estou entristecido pelo fato de vocês,
aventureiros, não são nada além de simples exterminadores de monstros. Como as pes-
soas se atrevem a se chamar de aventureiros? O que me diz, Ainzach? Você está disposto
a se aventurar sob minhas leis? É minha esperança para todos vocês que—”
Aqui, Ainz parou por um momento. Então, deixou a força fluir em seus olhos e sua voz.
As luzes dentro das órbitas vazias de Ainz tremeluziram. Parecia que ele encontraria
algum motivo para recusar.
“...Pretendo perguntar aos outros se eles podem aceitar essa proposta. É verdade que
usar aventureiros como nós para tal propósito é como um sonho que se torna realidade.
Tornar-se agentes do Reino Feiticeiro é algo com o qual podemos chegar a um acordo
em algum momento. Se eu pudesse falar como um ex-aventureiro... eu ficaria feliz em
ajudar.”
“É aceitável...”
A alegria do sucesso de sua fala se espalhou firmemente através dele. Era como a sen-
sação de deixar um cliente depois de fechar um negócio, depois correr para um telefone
mais próximo para ligar para a própria empresa e gritar “Eu consegui!” pelo telefone.
Ele não esperava que sua experiência como aventureiro acabasse sendo usada aqui.
Não, foi por causa dessa experiência que Ainz pôde propor essa proposta.
E então, Ainz pensou em algo que era muito importante que tinha que ser endereçado
imediatamente. Dizia respeito ao futuro do Reino Feiticeiro que ele imaginou.
“Quando você disse que queria proteger as pessoas, definiu como abrangendo todos os
humanoides. Assim, o objetivo dos aventureiros é proteger todas as pessoas dentro
dessa definição.”
“E então, quando o assunto foi para o tópico de invasão, você indicou que tudo ficaria
bem, desde que fossem demi-humanos. Isso está correto?”
“...O que há de errado? Eu não entendo o porquê está tão agitado. No meu país, não há
diferença entre seres humanos, demi-humanos ou heteromorfos. Se eles me reconhece-
rem como seu Rei, então eles serão meus súditos.”
“Tem certeza? Eu ouvi falar de um país ao norte do Reino, chamado Conselho Estadual.
Não existem muitas raças que coexistem lá?”
“De fato, eu ouvi falar desse país... não! O senhor pretende que nós coexistamos com
aquelas raças que veem os humanos como pouco mais que comida?”
“Entendo, há razão no que diz. O Reino Feiticeiro não permitirá que seus súditos comam
seus semelhantes. Eu vou fazer disso ser uma lei. Isso deve bastar, correto? No entanto,
eu não vou impedi-los se eles procuram atacar aqueles que não são meus súditos. Afinal,
eu não sou do tipo que interfere com os hábitos culinários do meu povo... não, ver os
membros de sua própria raça sendo massacrados e vendidos por carne é prejudicial
para a mente... talvez esse assunto exija mais debate.”
“Você certamente faz muitas perguntas surpreendentes. Por que não perguntar por que
todos vocês, como seres vivos, não podem se unir? Como um undead, acho esse ponto
bastante difícil de entender. Para mim, não há diferença entre humanos e Goblins. Todas
as raças serão iguais sob minha regência. Naturalmente, eu estarei acima de você como
seu governante absoluto, assim como os subordinados sob mim.”
“Então o senhor vai levar Goblins sob sua bandeira— transformá-los em seus cidadãos?”
“Não ouviu o que eu disse antes? Eu disse que levaria Orcs e Ogros como meus súditos
também, não?”
“Essa resposta certamente combina com uma raça que trata os Elfos como escravos.
Deixe-me repetir — todos os cidadãos sob o meu governo serão iguais.”
Quando ele olhou para o jeito que Ainzach estava ofegante, Ainz considerou se o homem
tinha percebido suas intenções.
Uma interpretação extrema dessas palavras seria que todo sujeito do Reino Feiticeiro
seria um escravo da Grande Tumba de Nazarick e seus membros. Claro, ele não diria isso.
Nem havia necessidade de dizer isso. Seria melhor se Ainzach não percebesse isso.
“Há muitos Goblins sob minha proteção. Em poucos dias, um grupo de Goblins visitará
E-Rantel. Tente se misturar com eles. Os preconceitos que você tem dos Goblins certa-
mente serão destruídos. Além disso, os Lizardmen não comem muita carne, sendo sua
dieta primária o peixe. Dryads e Treants amam a água limpa e a luz do sol, e eles só ata-
cam humanos em autodefesa.”
“Você se preocupa muito, não é? Não estou mentindo. Os aventureiros devem procurar
explorar o desconhecido.”
Se possível, ele esperava reunir todos os tipos de raças em grupos e enviá-las para fora.
“A cooperação forçada não é eficaz. Enfim, pode-se imaginar que grandes mudanças na
estrutura da organização e desvios repentinos das práticas atuais causarão muitos pro-
blemas. Portanto, o status quo será mantido, até certo ponto. A mudança mais óbvia será
apenas o estabelecimento de um escritório de investigação para a Guilda assim como o
Chefe de Guilda.”
“Sinto que é uma idéia muito boa mesmo. Só que, com certeza, seria um empreendi-
mento considerável.”
Como a equipe seria composta de undeads, que não necessitavam de salário, os custos
operacionais não seriam muito altos. No entanto, não havia necessidade dessa informa-
ção ser compartilhada com eles. Deve-se vender favores sem hesitação quando surgir a
necessidade.
“Certamente, isso exigirá um investimento inicial considerável. Mas isso está dentro do
limite permitido para despesas necessárias. Afinal de contas, os aventureiros são um va-
lioso recurso humano para o Reino Feiticeiro.”
“Não precisa ficar de cerimônia. Então, que tal isso? Você não acha que os aventureiros
seriam atraídos por isso?”
“Com certeza, isso seria bastante atrativo para os aventureiros de baixo nível... mas e se
os aventureiros decidirem se transferir para o Reino ou para as guildas do Império de-
pois de completar seu treinamento?”
“Claro que isso não será permitido. Este é um órgão estatal; o uso indevido disso pode-
ria ser considerado traição.”
“A Guilda dos Aventureiros que Vossa Majestade pretende estabelecer, é uma coisa ini-
maginavelmente desejável, comparada às Guildas do Reino e do Império. Uma vez que
as notícias forem espalhadas, as Guildas das várias nações podem tentar alguns meios
para interferir, a fim de evitar que seus aventureiros as abandonem. Afinal, cada país
conta os aventureiros como seus trunfos, e eles não ficariam satisfeitos em ver seus
aventureiros debandando para outro país.”
“Exato. E o que você acha que seria uma boa solução para isso?”
“Faz sentido, eu permito. Eu também tenho que traçar um rumo para o futuro...”
O fato era que esse objetivo grandioso era demais para Ainz lidar sozinho. Ele precisava
se acalmar, pensar sobre as coisas e discuti-las com outra pessoa.
Ainz levantou-se.
Ainz rapidamente fechou a boca antes que ele pudesse dizer algo rude. Não era assim
que um rei deveria falar:
Sem olhar para trás, Ainz saiu da sala pela porta. Fifth a tinha aberto.
Embora ele quisesse suspirar, ele ainda estava na Guilda. Fazê-lo agora seria prematuro.
Enquanto Ainz Ooal Gown não poderia dizer que estava cansado, Suzuki Satoru estava
praticamente clamando para seu cérebro superaquecido ter um descanso.
Antes de falar com a Albedo sobre absorver a Guilda dos Aventureiros, devo descansar um
pouco. Eu também preciso encontrar uma maneira de convencer a Albedo sobre os méritos
deste plano... há tantas coisas pra fazer agora...
Ainz andou a passos largos em silêncio. Ele não usou magia de teletransporte, em vez
disso, rezou para que tropeçasse em uma boa idéia antes de chegar em casa.
♦♦♦
“Pluton, aquilo foi uma grande surpresa. Eu não esperava que o Rei Feiticeiro viesse no
meio de nossas discussões. Ele notou alguma coisa?”
Naquela manhã, Ainzach passara a rotina diária de encontrar Rakheshir logo cedo para
trocar informações.
Desde que a cidade caiu sob o domínio do Rei Feiticeiro, eles só se encontraram pela
manhã. A razão para isso foi porque acreditavam que a maioria dos undeads não gostava
do sol. Ainda assim, depois de ver o exército de undeads patrulhar as ruas, eles sabiam
que era pouco mais que uma maneira de tranquilizar suas mentes.
Suas reuniões foram essencialmente realizadas com o propósito de trocar notícias, sem
considerar os futuros movimentos da Guilda dos Aventureiros e da Guilda dos Magistas.
Ou melhor, desde a fundação do Reino Feiticeiro, todos que podiam fugir já haviam par-
tido para o Império e o Reino. A Guilda dos Magistas também transferiu todos os seus
itens mágicos para fora da cidade, com apenas alguns membros ficando para trás. Em
outras palavras, a Guilda dos Magistas dessa cidade estava efetivamente dissolvida.
No entanto, ainda havia muito que precisava ser discutido no campo da análise de in-
formações.
Como eles poderiam lidar com essa situação sem sacrificar Momon, que agora era resi-
dente aqui? Além disso, como a Guilda dos Aventureiros deve tratar Momon? Os templos
permaneciam em silêncio, sentindo que o Rei Feiticeiro também se afastava deles. No
entanto, isso continuaria no futuro? Eles liderariam um movimento de resistência contra
ele?
Cada uma dessas perguntas era desafiadora, o que sobrecarregava seus cérebros até o
limite, sem nada para mostrar pelo esforço. No entanto, seria problemático se não fizes-
sem nada e simplesmente deixassem as coisas acontecerem. Os templos eram particu-
larmente problemáticos nesse aspecto.
Poderiam os templos realmente aceitar seu inimigo mortal, um undead, como seu rei?
Eles mantiveram a paz por enquanto, mas isso, por sua vez, amedrontava ainda mais as
pessoas.
Além disso, havia as facções religiosas dos países vizinhos. Se as coisas corressem mal,
eles poderiam decidir unilateralmente declarar uma guerra santa, com os templos den-
tro do Reino Feiticeiro servindo como uma quinta-coluna. Essa situação teve uma chance
de acontecer.
A razão pela qual não havia ninguém aqui para representar os templos foi porque a sua
posição sobre o assunto não estava clara. Embora fosse fácil chamá-los, seria ruim se
eles acabassem sendo atraídos para outra coisa.
Dito isto, nenhum dos dois achou que os templos seriam realmente capazes de derrotar
o Rei Feiticeiro. O que os incomodava seria o massacre que certamente se desdobraria
depois que tentassem. Ainda pior, eles temiam que isso resultasse em Momon, a Espada
do Rei Feiticeiro, massacrando todos eles. Além disso, como curariam as feridas nos co-
rações das pessoas do país depois que algo desse tipo acontecesse?
Assim que suas cabeças estavam doendo com essa confusão caótica de eventos, o Rei
Feiticeiro havia chegado.
“No entanto, Sua Majestade parece ter sentido a sua presença aqui.”
A melhor prova disso foi o riso do Rei Feiticeiro quando ele olhou para a sala adjacente.
A acústica desta sala estava sintonizada de tal forma que tudo o que se dizia aqui podia
ser ouvido na outra. Por causa disso, Rakheshir — que estava escondido na sala ao lado
— deveria ter ouvido tudo o que os dois haviam dito.
“Não, isso é impossível. Até certo ponto, ele deve ter sentido que alguém estava lá. Mas
é possível que Sua Majestade tenha pensado que era alguém dos templos.”
Agora a pouco, ele ficou mais confuso do que chocado devido à quão rápido a situação
se desenrolou. Quando pensou nisso, tudo o que ele sentiu foi arrependimento por suas
ações. Como ele queria rir de si mesmo, alguém que escondeu seu amigo fora do caminho.
Ele deveria ter convidado Rakheshir para fora, para que os três pudessem expressar
seus pensamentos
Claro, o Rei Feiticeiro provavelmente não havia colocado todas as suas cartas na mesa
ainda. No entanto, ele havia declarado suas opiniões a um mero cidadão, com o porte
real de um governante. Como ele se apresentaria em contraste?
“Então, o que fará agora? Não, eu já sei. Afinal, você costumava chamá-lo de o Rei Feiti-
ceiro, mas agora se refere a ele respeitosamente.”
“Você não acha que é a razão pela qual estou lhe dizendo isso agora?”
“Queria estar mais confiante em dizer isso, mas acho que não. Magias de encantamento
são limitadas por tempo, e mesmo que o Rei Feiticeiro quisesse sustentá-la, ele prova-
velmente não seria capaz.”
“Não diga isso nem de brincadeira, velho amigo. Isso seria perturbador. Afinal, essa se-
ria magia do oitavo nível ou mais, um reino pertencente aos deuses.”
“Mesmo que isso resulte em você e a todos cúmplices em invasões a outros países?”
“Então você sabe que cedo ou tarde vai resultar em tragédia e concordou mesmo assim?”
“As coisas podem não necessariamente se desenvolver dessa maneira. Afinal, já que Sua
Majestade assumiu o controle deste país, quem entre nós está em pior situação?”
O surpreendente foi que ninguém neste país poderia dizer que eles estavam em uma
situação pior do que antes.
“Bem, sim, mas não é uma grande perda... vamos lá, eu mesmo já me demiti.”
“Isso é verdade. Eu falei sem pensar. Ainda assim, dado que foi uma oportunidade tão
rara, por que você não perguntou ao Rei Feiticeiro o que ele pensa dos templos?”
“Vou ter que explicar isso...? Bem, se Sua Majestade decidisse que eles são um incômodo
e destruí-los por causa de algo que eu dissesse, eu teria que viver o resto da minha vida
sabendo que causei um grande massacre. Como você acha que eu poderia viver comigo
mesmo se isso acontecesse?”
“Acha mesmo que o Rei Feiticeiro é alguém que faria uma coisa dessas?”
“Não. Pra falar a verdade, sinto que é o oposto. Sua Majestade é incrivelmente racional,
é bem inusitado. A tal ponto que às vezes me pergunto se aquele rosto de crânio é uma
ilusão mágica. Sim— me lembra quando eu falo com o Momon-dono.”
Ainzach sorriu fracamente ao ver seu velho amigo com uma expressão descontente no
rosto.
Então, depois daquela breve pausa, Ainzach olhou diretamente para Rakheshir.
“—Rakheshir. Se não deseja ajudar Sua Majestade, posso incomodá-lo para não vir mais
aqui?”
A razão para isso quase não precisava ser dita. Afinal, a sala de Ainzach pode muito bem
ser usado para armazenar dados relativos à administração nacional do Reino Feiticeiro.
Permitir que pessoas de fora entrassem e saíssem de tal sala definitivamente não era
apropriado. Além disso, as palavras do Rei Feiticeiro — que causaram um grande im-
pacto no coração de Ainzach — também foram ditas a seu velho amigo.
A nova visão dos aventureiros de que ele havia falado seria brilhante e gloriosa. No pas-
sado, houve aventureiros que haviam pisado em terras desconhecidas. Entretanto, a
maioria deles morrera longe de suas casas, ou desistiram em face da realidade. Apenas
um punhado de pessoas poderia realmente fazer uma coisa tão perigosa. Mas agora, o
Rei Feiticeiro — um magic caster que exercia o poder absoluto — estava oferecendo seu
total apoio a eles. Isso abriu uma nova perspectiva de possibilidades.
“Escute, Ainzach. Você sabe que a Guilda dos Magistas nesta cidade está praticamente
dissolvida, certo?”
“Ahh, claro.”
“Então, como um velho amigo, permita-me apoiá-lo com todas as minhas forças.
Quando estiver tudo pronto, por que não vamos explorar o desconhecido também?”
“—Haha”
Ainzach riu:
“Por que não? Lembre-se de falar com Sua Majestade e convencê-lo a não colocar uma
restrição de idade na Guilda dos Aventureiros.”
Climb havia pegado emprestado o relógio de bolso que ele agora usava, e assim ele di-
feria dos itens mágicos regulares, pois possuía uma habilidade mágica. O nome do reló-
gio era “Twelve Magical Power”. Uma vez por dia, quando o relógio chegava a um horário
definido, ele desencadeava sua mágica.
No entanto, seria necessário ter o relógio de bolso por pelo menos um dia inteiro para
aproveitar essa habilidade, então Climb — que acabara de obter esse relógio — não po-
deria usar sua magia.
Disse a garota que parecia estar olhando sem rumo para o céu azul. Naturalmente, essas
palavras foram endereçadas a Climb.
Para começar, Tina não estava simplesmente esperando. Ela estava guardando a porta
principal da edificação atrás de Climb. Quando ela disse coisas como “Já é hora” e “Isso
foi rápido”, o fato era que ela tinha uma percepção muito apurada do tempo.
Tina respondeu com um “Certo.” quando ouviu a resposta de Climb e depois olhou para
o céu novamente.
Ela estava escondendo alguma coisa. No entanto, não havia como alguém como Climb
perguntar o porquê ela estava mentindo.
Em primeiro lugar, eles não tinham dinheiro para contratar Tina e as outras; elas sim-
plesmente estavam operando na mesma área por acaso. Dada a falta de mão de obra, ele
não podia fazer nada que pudesse aborrecê-la.
Climb foi em direção a edificação que estava vigiando durante todo esse tempo.
Ele a tinha visto durante a construção por diversas vezes, mas esta foi a primeira vez
que ele colocou os olhos depois que fôra concluído. O tamanho da edificação — e a pre-
sença de sua amada dentro dela — encheram as profundezas do coração de Climb com
conforto.
Ele continuou em frente e, depois de passar pelo corredor, abriu a porta de uma sala
nas profundezas da edificação.
A maneira como ela sorria ternamente para as crianças barulhentas e a postura que ela
tomou para ouvir suas palavras fez com que todos que a vissem pensassem em uma
santa.
Ele temia arruinar essa visão sacrossanta diante dele. O mesmo se aplicava às mulheres
que ficavam perto da janela, nenhuma das quais ousava fazer qualquer coisa desneces-
sária.
Renner levantou a cabeça em resposta à voz fria que vinha de baixo da máscara e olhou
diretamente para Climb.
Climb podia se ver refletido naqueles olhos que o faziam lembrar safiras.
“Mas já~ Bem, embora me doa o coração fazer isso, eu devo me despedir.”
“Então, vamos cozinhar da próxima vez. Climb, vamos, você também, Evileye-san.”
“Hm~ Bem, eu sou sua guarda-costas também, mesmo se não disser isso— não é bem
um pedido, é mais como se estivéssemos passeando juntas. Não se preocupe, eu estarei
atrás de você.”
O grupo saiu da edificação exatamente quando uma carruagem puxada por cavalos pa-
rou nas proximidades.
Tina entrou na carruagem sem se apresentar. Embora parecesse que estava sendo rude,
ela estava simplesmente garantindo a segurança da carruagem. Logo depois disso, Ren-
ner, Climb e por fim Evileye entraram um após o outro, e então a carruagem partiu.
“Muito difícil?”
“Sim. Muitas pessoas estão dizendo isso também. Como conseguiu todo esse dinheiro
para gastar em um lugar como esse?”
“Eu não penso assim... Onii-sama ficou muito feliz em ouvir meu pedido. Além disso, é
porque o mundo é assim que precisamos cuidar bem das crianças, não?”
Evileye ergueu o queixo ligeiramente, como se permitindo que ela continuasse falando.
“Como todos sabemos, o governante do Reino Feiticeiro causou muitas mortes. Como
resultado, acredito que há muitos órfãos que perderam seus pais. Assim, este orfanato
foi construído para proteger esses órfãos. Além disso, aquelas mulheres que perderam
seus maridos também precisarão de um lugar para trabalhar, não acha?”
“O Rei Feiticeiro, huh... bem, vamos falar sobre isso mais tarde. O dinheiro seria melhor
gasto em outras coisas, em vez de gastar com aqueles pirralhos, não? Minha opinião é,
os fracos perderem suas vidas é apenas a maneira como as coisas funcionam no mundo,
não?”
A declaração de Renner foi clara e sucinta. Ao contrário de seu tom de antes, essas pa-
lavras estavam cheias de tremendo poder.
Possivelmente—
Talvez a Princesa tivesse construído o orfanato porque se lembrava de como ele estava
naquela época. De certa forma, era para evitar que crianças como Climb voltassem a apa-
recer.
Claro, ele não pôde verificar os verdadeiros pensamentos da Princesa. Mesmo assim,
Climb não duvidou que fosse algo nesse sentido.
“Bem, tenho certeza que algumas pessoas pensariam dessa forma, e parece errado for-
çar meus próprios pontos de vista sobre os outros. Ainda assim, realmente precisava
fazer um tão grande?”
“Sim. Afinal de contas, temos que considerar que vamos receber muitas crianças no fu-
turo, e haverá outras daquelas regiões diretamente administradas pela Coroa. Com isso
em mente, até mesmo um edifício desse tamanho pode não ser grande o suficiente. As
“Hmmm. Princesa-sama, parece que sua cabeça traz muito mais do que um rosto bonito.”
“Eu estava pensando em como as crianças sem seus pais viveriam, Evileye.”
“Ah, sim... eu entendo... não podemos poupar mão de obra preciosa para reabastecer o
número esgotado de tropas, então está usando meios alternativos para manter a ordem
pública... entendo.”
“Pode-se viver uma vida boa e justa sob supervisão. Mas as pessoas acabarão seguindo
seus desejos se não forem astutas. E então, quando cometerem crimes, se afundarão
cada vez mais na maldade. É assim que grandes coisas, tem pequenos começos, como
uma bola de neve colina abaixo, por isso devemos evitar quanto antes. Mas como é algo
difícil, usamos esses métodos para reduzir essas chances.”
“Hm. Então basicamente; nem todo mundo tem uma forte força de vontade?”
“Bem, já disseram isso sobre você antes, Evileye — será que isso te incomoda?”
Mesmo a segunda metade da conversa sendo algo que ninguém além de Evileye e Tina
podiam entender, a primeira metade foi simples o suficiente para que até Climb pudesse
entender.
As crianças que perderam os pais muitas vezes recorreram ao crime para sobreviver.
Se isso acontecesse, até mesmo a enfraquecida organização Oito Dedos logo retornaria
à força total, o que pioraria a segurança da Capital Real.
Em outras palavras, sua amada mestra fez isso para se preparar para o futuro.
“Ei... será que estamos vendo coisas onde não tem? Ou seria uma atuação dela?”
“Bem, se você diz, então deve ser verdade. Eu sinto que fiquei comovida por nada.”
“Não, nesse sentido eu entendo o desejo de reunir esses pirralhos, e é muito admirável
também. Se você puder realmente produzir resultados, seria digno de elogios. É só que
as pessoas vão suspeitar se você fizer algo sem esperar nada em troca.”
“Cheh!”
“Brain-san está ocupado com outra coisa. Vagando pela Capital e coisas assim.”
“Sim. Ele está fazendo algo para cumprir os desejos do falecido Capitão Guerreiro. E
falando nele... bem, obrigada pela sua ajuda.”
“Sim, isso me deixou muito chateada, já que o rosto bonito da nossa líder diabólica ficou
ferido.”
“Sinto muito por isso. Por favor, permita-me pedir desculpas em nome de meu pai.”
“Eu sei que você já se desculpou diretamente com ela, e é por isso que eu te perdoo.”
“Muito obrigada.”
“...Parece que, às vezes, as palavras dos mortos são mais poderosas do que as dos vivos.”
“Bem, o Capitão Guerreiro disse ao Brain que esperava que ele o sucedesse como Capi-
tão Guerreiro, mas o Brain sentiu que não estava à altura da tarefa. Portanto, ele está
procurando por alguém adequado para se tornar o próximo Capitão Guerreiro e pre-
tende o treinar para isso.”
“Então, está procurando alguém que não seja de uma família nobre... entendo — afinal,
tanto o Gazef quanto o Brain eram plebeus. Então ele planejava isso. E sua inspiração—”
“—Isso mesmo, construir o orfanato. Da próxima vez, irei visitar as crianças com o
Brain-san. Até onde sabemos, pode haver uma criança detentora de Talento entre elas.”
“E você, Evileye?”
“Não dá para discernir Talentos de relance. No mínimo, eles precisam passar por vários
treinamentos mágicos antes que eu possa entender mais ou menos se eles podem ou não
usar magia. E sou versada apenas em magia arcana. Se esses pirralhos levarem jeito em
espiritualismo ou na magia divina, não poderei ver nada.”
“Então, no futuro, acho que deveríamos convidar todo tipo de gente para o orfanato e
fazer com que observem as crianças em busca de Talentos.”
Renner estava olhando para as duas, aparentemente tentando transmitir algo com o
olhar. Até certo ponto, seria mais persuasivo do que falar.
“—Sim. Ainda assim, eu não vou concordar tão facilmente, mesmo ela querendo isso.
Afinal de contas, precisamos de uma certa quantia de remuneração por isso — se nos
contratarem, precisaremos de um pagamento mínimo. Além disso, se não coletarmos
nada, será ruim para os outros também. Isso também violará as regras dos aventureiros.
Pois um preço tem que ser pago por técnicas de ensino.”
A Terceira Princesa era uma sobressalente entre as peças de reposição, e ninguém tinha
qualquer expectativa em Renner além de sua capacidade de unir uma família nobre à
linhagem real por meio do casamento. Por causa disso, nenhum nobre a apoiava, e assim
ela não tinha dinheiro para gastar como desejava. Claro, isso não era muito difícil para
Renner, que vivia um estilo de vida simples para uma princesa. No entanto, não havia
como a Primeira ou Segunda Princesa poder tolerar esse tipo de coisa.
Por isso Climb pôde sentir o quanto ela se importava com ele, sua armadura provava
isso.
“Eu ouvi que as princesas usam vestidos bonitos e levam a vida no luxo...”
“A realidade dificilmente é legal. Mas não podemos dizer que não há princesas assim.”
Ele queria dar esse tipo de vida a ela, que era a pessoa mais bela do mundo e que tinha
a alma mais nobre do mundo.
Por outro lado, tudo girava em torno dela. Ele estava de pé aqui agora porque ela o
salvou. Só então, Renner o encarou, e seus olhos brilhantes encontraram os de Climb.
“Mesmo? Bem, se pensa algo, pode falar. Precisamos nos ajudar mutuamente em tem-
pos difíceis.”
“Ei. Desculpe interromper os pombinhos, mas eu realmente não gosto de passar minhas
habilidades de graça. Não importa o que ela diga, ainda vou pedir um pagamento ade-
quado.”
“...Er. Arg. Não dá para notar as profundezas de uma pessoa apenas observando en-
quanto fazem alguns exercícios. A habilidade mágica é mais interna que externa. Além
disso, eu posso parecer uma gênia quando se trata de habilidade mágica, mas não passa
disso. Não possuo as habilidades daquele magic caster do Império.”
“Talentos, huh...”
“Seria uma grande ajuda se pudéssemos identificá-los durante a infância. Também aju-
daria a suavizar a teimosia dos nobres em relação aos plebeus.”
“Eu não sei o porquê desse brilho em seus olhos, mas não tenha tantas esperanças. Eu
ouvi dizer que há uma magia de terceiro nível do tipo espiritualista que o magic caster
pode usar na presença de alguém para verificar a existência de Talentos. Só que, mesmo
se tal magia realmente existir, a parte problemática vem depois disso. Pois será preciso
aprender a desenvolver adequadamente esse Talento. E também é bem provável que
depois de expressar esse Talento, a habilidade desenvolvida a partir dele possa acabar
se tornando inútil.”
“Sendo assim...”
“Eu acho que seria melhor testá-los de várias maneiras. Peça-lhes que permaneçam em-
baixo de uma cachoeira, ou peça que tragam algumas drogas relativamente seguras para
dormir e entrar em transe. Aparentemente, isso faz você sentir seu próprio Talento na-
tural, misturado com outra coisa.”
No entanto, sua mestra fôra inocente o suficiente para fazer essa pergunta.
Não que ela gostasse de um questionamento tão incisivo, mas o fato era que ela tendia
a ser assim. Pode-se dizer que ela não sabia ler o fluxo de uma conversa, ou talvez que
ela, sem querer, perguntasse sobre coisas que geralmente eram difíceis de abordar.
Não era porque não se importava; foi simplesmente porque veio de uma família real.
“Convivi com pouquíssimas pessoas que possuem Talentos, então fiquei curiosa em sa-
ber qual é o seu, Evileye-san.”
“Então é isso. Bem, já que chegou a isso, eu posso muito bem te contar.”
Evileye inclinou seu corpo para frente e Renner — seu rosto era a imagem da expecta-
tiva — também se inclinou para frente.
Os Talentos naturais às vezes podiam servir de trunfo, e isso era ainda mais importante
para os aventureiros. Embora não achasse que Renner divulgaria esse segredo, Climb
sentiu que isso era algo que não deveria ser compartilhado levianamente.
“Eu não quero que outras pessoas escutem, então poderia aproximar sua orelha?”
“Tudo bem.”
E então—
Tina, que parecia ter antecipado isso, havia tapado suas orelhas de antemão.
Renner praticamente se jogou nos braços de Climb. Um efeito sonoro adequado para
isso seria *pomf*.
Climb imediatamente afastou pensamentos como “Ela é fofa”, “Ela cheira bem” e outras
coisas sem sentido de sua mente. Era proibido ter tais fantasias sobre sua senhora.
“―Ah? Rebeldezinho, ela se tornou assim porque você fica mimando ela, não?”
Mesmo que ele quisesse mimá-la, não havia como ele conseguir fazê-lo.
“Sim, sinto que o Climb pode e deve me mimar mais. Eu aprovo o que você disse, Evi-
leye-san.”
“Não, não, isso não está certo, Princesa-sama. Parece meio errado...”
“Claro que não! Se você me mimar mais, eu poderei aguentar as broncas com mais faci-
lidade. Portanto, você deve me mimar mais. Vamos começar cochilando juntos como cos-
tumávamos quando crianças. Vamos, Evileye-san, por favor, continue!”
“Ugh, tudo bem. Eu sou tão idiota... Enfim, eu não pretendo sair por aí dizendo aos ou-
tros o meu Talento, senhoritazinha. Entendeu bem?”
“Ah sim. É o meu trunfo. Se eu o usar... sim, seria como se a espada da nossa líder esti-
vesse fora de controle. Poderia facilmente aniquilar uma cidade inteira como aquela.”
Parecia haver um peso terrível na voz de Evileye quando ela disse isso.
Ainda assim, um frustrado “Hm?” veio do peito de Climb. Ele queria olhar para baixo,
mas se o fizesse, isso o tornaria muito consciente da realidade de que Renner estava
muito próximo dele. Não havia como ele fazer isso.
Ele pensou em afastar Renner, mas depois de levar em consideração seu corpo macio e
frágil, ele não sabia quanta força deveria usar.
“Ah, de acordo com ela, uma vez que perder o controle, isso levará a graves consequên-
cias. Uma cidade— não, uma nação? Aparentemente, será completamente eliminada. Ela
disse alguma coisa sobre ter que usar parte da força dela para suprimi-la.”
Climb não havia contado à sua amada sobre essa espada demoníaca ainda.
“Não se preocupe. Nossa líder diabólica não mencionou a vocês pois não queria que se
preocupassem. E eu ficaria feliz se continuassem fingindo que não sabem.”
“...Eu esqueci. Parece que ela está treinando com a Gagaran-san e Tia-san.”
“As duas morreram durante a batalha com o Jaldabaoth, o Imperador Demônio que ata-
cou o Reino. Elas foram ressuscitadas depois, mas perderam uma grande quantidade de
sua força vital. Então precisam se colocar em perigo, pisando na borda da vida e da morte,
a fim de recuperar essa força.”
“Mas se fizesse isso, acabaria ficando mais fácil para elas. O melhor caminho para ficar
forte é através de batalhas em pequenos grupos.”
“Uhun, parece ser um jeito efetivo de fazer um lair-bellup... Bem, se não confiar nesse
método, pode nem ser capaz de ganhar tempo quando aquele monstro atacar a Capital
Real novamente.”
“Ganhar tempo? Ahh— tempo até que chegue aquele cara que recomendou, Evileye?”
“Momon—sa-sama, é isso?”
Oprimido pelo ardor de suas palavras, tudo o que Climb pôde fazer foi responder fra-
camente:
“Oh, sim.”
“Tem certeza que ele vai vir? Ele não é um lacaio daquele Rei Feiticeiro?”
A expressão de Tina sugeriu que ela estava completamente exausta enquanto falava
com Evileye, que tinha os punhos cerrados.
“Ahhhh~! Momon-sama!!! Merda, aquele maldito Rei Feiticeiro! E pensar que ele real-
mente ousaria assumir o controle daquele grande homem! Mesmo se o céu permitir, eu
não vou! Se eu pudesse derrotá-lo e libertar o Momon-sama! No que ele estava pensando,
afinal? Talvez eu deva ir a E-Rantel e perguntar ao Momon-sama sobre seus pensamen-
tos, que tal?”
“Vai ser rápido, e uma vez que eu me familiarize com o lugar, eu posso me teletranspor-
tar de volta. Além disso, se eu usar o 「Fly」 e viajar sozinha, não levará muito tempo!”
“Evileye, você realmente perde a compostura quando se trata do Momon... A nossa líder
diabólica já não disse, que você não pode fazer esse tipo de coisa?”
“Bem, meus lábios se abrem com faci~lidade, então vão revelar tudo em um instante.”
“Infelizmente, agora sou Tina da Rosa Azul, também conhecida como “Boca frouxa”.”
“...Hm, esta é uma boa oportunidade. Me tira uma dúvida, Evileye — você pode matar o
Rei Feiticeiro?”
Evileye congelou. Sua excitação se esvaiu em um instante. Em seu lugar estava a magic
caster de nível mais alto entre as aventureiras.
“Das duzentas e sessenta mil pessoas que participaram da guerra, cento e oitenta mil
delas estão mortas. Eu também ouvi dizer que há sobreviventes com cicatrizes mentais
e que não podem mais viver uma vida normal. Alguns órfãos tiveram pais que acabaram
assim.”
“...Bem, depois de ouvir o rebeldezinho, posso ver como eles terminariam assim. Se eles
foram perseguidos por tais monstros...”
“Então, Tina. Vou te responder com toda a sinceridade. Eu não posso derrotar o Rei
Feiticeiro.”
“Como eu pensava...”
“Bem, sim. Eu poderia ser capaz de pensar em uma maneira de lidar com esses mons-
tros que ele invocou. Com certeza, é difícil dizer isso, já que eu não estava no local. Ainda
assim, o Rei Feiticeiro — que pode não apenas invocar vários monstros desse tipo, mas
também os controla — é uma criatura que não deveria existir neste mundo. Alguém as-
sim possui o poder dos deuses.”
“É possível que tenham sido conjurados de um item, e não do poder do Rei Feiticeiro?”
“A possibilidade existe, mas se fosse esse o caso, também seria muito perigoso. Mas, não
temos como verificar.”
“Esse é um desenvolvimento pelo qual todas estamos ansiosas. Afinal, o melhor cenário
seria o Momon-sama matando o Rei Feiticeiro...”
“...”
A pessoa que fez essa pergunta foi Climb, mas pessoalmente, ele sentia que o Rei Feiti-
ceiro que tinha conjurado poderosos monstros era muito superior. No entanto, a expres-
são pensativa de Evileye o surpreendeu.
“Não tenho certeza. Pessoalmente, sinto que o Momon-sama — que despachou Jaldaba-
oth — é mais forte. Mas o Rei Feiticeiro também possui um poder inimaginável. Ambos
os lados são muito superiores a nós, então não consigo imaginar o resultado.”
“Ainda assim, ter alguém como ele sob a bandeira do Rei Feiticeiro é praticamente o
pior cenário possível. Ninguém ousaria declarar guerra.”
A única pessoa que poderia enfrentar o Rei Feiticeiro em termos uniformes se tornara
seu vassalo. Esse foi um desenvolvimento verdadeiramente preocupante. Qualquer um
que declarasse guerra ao Rei Feiticeiro estaria efetivamente declarando guerra aos dois.
Assim que o humor na carruagem se tornou sombrio, houve uma batida na janela que
separava o compartimento dos passageiros do assento do condutor, e então ela se abriu.
“Hoje, recebi seus cuidados de várias maneiras. Quando a Lakyus voltar, agradeça-lhe
devidamente. Se me permitem, vocês têm algum tempo livre para jantar comigo?”
♦♦♦
Depois que o relatório do retorno de sua irmã mais nova chegou até ele, o Segundo
Príncipe — Zanac Valleon Igana Ryle Vaiself — partiu de seus aposentos para recebê-la
em casa.
A localização de seu irmão mais velho — Barbro Andrean Ield Ryle Vaiself — ainda era
desconhecida. Dado que um longo tempo tinha passado, suas chances de sobrevivência
eram consideradas extremamente baixas. Sendo esse o caso, Zanac era efetivamente o
A razão pela qual ele escolheu ir pessoalmente, foi para saber se ela tinha uma proposta
que valeria a pena discutir. Zanac não estava totalmente disposto a fazer, mas como per-
deu seu confidente mais próximo, ele não tinha mais ninguém a quem recorrer.
Climb — trajado com sua armadura branca pura — estava por perto. Onde quer que
Renner fosse, Climb frequentemente a seguia. Isso também não era nada fora do comum.
No passado, ele achava que ela devia ter ficado obcecada e o pegou de um momento de
descuido. No entanto, depois que começou a entender a personalidade estranha de Ren-
ner e seu incomparável intelecto, Zanac começou a pensar que ela poderia ter uma razão
para fazê-lo.
E então, depois que Jaldabaoth atacou a Capital Real, e o Rei Feiticeiro fez seu grande
massacre, ele lentamente começou a entender o significado por trás de suas ações.
Havia poucos guerreiros nesta cidade que fossem mais fortes que Climb. Mesmo entre
os homens do bando guerreiro, escolhidos a dedo por Gazef, podia-se contar o número
de pessoas que eram mais fortes que Climb em uma mão.
Além disso, havia o homem chamado Brain Unglaus, que tinha vindo com Climb, e ainda
havia a amizade íntima com Lakyus, a líder da equipe de aventureiras adamantite cha-
mada Rosa Azul. Não havia dúvida de que sua irmã mais nova agora possuía grande parte
do poder físico da Capital Real.
Mesmo que Renner não fosse alguém que recorresse tão facilmente a essas medidas,
ainda assim era preciso tomar precauções. Portanto, Zanac começou a construir secre-
tamente laços com aventureiros orichalcum e mythril.
A razão pela qual ele poderia trabalhar tanto nesses assuntos foi porque seu irmão ha-
via desaparecido e praticamente o presenteado com o trono. Outra grande razão era
porque o subsídio anual de seu irmão agora ia para ele.
Zanac murmurou, baixo o suficiente para que os membros de sua comitiva não pudes-
sem ouvir.
Marquês Raeven — que havia se juntado a ele para revitalizar o Reino — havia jogado
tudo nas mãos de Zanac e voltou para suas próprias terras. Era de se esperar, já que ele
havia perdido muitas pessoas de seu domínio, mas no dia em que partiu, havia um clima
ao seu redor que parecia dizer que ele nunca mais voltaria.
Parte da razão para isso deve ter sido a morte de sua antiga equipe de aventureiros,
orichalcum, e a de seu camponês que se tornou estrategista, um homem que Raeven con-
siderava um tesouro.
Zanac sentiu uma ligeira dor nas suas entranhas. Discutir assuntos com sua irmã mais
nova abrandaria essa dor?
Isso seria— ele deveria oferecer um tributo ao Rei Feiticeiro? Se ele fizesse isso, deveria
enviá-los em nome de celebrar a fundação de sua nação? Ou deveria fazê-lo por outro
motivo?
A julgar pelas circunstâncias atuais, não enviar presentes seria a escolha certa. Por que
alguém enviaria presentes para alguém que tivesse tomado o próprio território e fun-
dado uma nação? Os países vizinhos certamente tomariam isso como um sinal de vassa-
lagem. Dito isso, era crucial permanecer em termos de igualdade com o Reino Feiticeiro.
Não importava o que tivesse que fazer, era preciso evitar a possibilidade de que os olhos
daquele homem cobicem o Reino novamente.
Justamente por isso, um presente se fazia necessário. Zanac achava que não poderia
evitar isso, mesmo que outras nações acreditassem que fosse um sinal de fidelidade. In-
dependentemente dos meios, ele queria comprar o máximo de tempo possível.
O poder do Rei Feiticeiro ficou amplamente conhecido. Dito isto, não havia como aceitar
uma atitude de submissão do futuro governante do Reino (Zanac), mesmo diante dessa
força.
Os nobres sofreram tremendas perdas, então procuravam bodes expiatórios para de-
sabafar suas frustrações.
Devido à perda de seu confidente Gazef Stronoff, o atual Rei, Ranpossa III, foi tomado
pela dor e pelo desespero, e caiu em um estado de extrema angústia mental. Até certo
ponto, ver o Rei neste estado triste tinha aplacado a ira dos nobres, mas o ódio deles em
relação ao Rei em depressão — e talvez a toda a família real — não desapareceria tão
facilmente.
Se aquele sujeito estivesse por perto, ele provavelmente conseguiria algo bom.
Se possível, ele gostaria de ter chegado a uma conclusão. No entanto, o tempo estava
apertado e ele precisava de um plano de ação quanto antes.
Renner reagiu ao som e se virou para olhá-lo. Então, ela mudou de direção e se dirigiu
para Zanac. Dessa forma, a dignidade de Zanac como uma das mais altas posições per-
maneceria intacta.
Logo, sua irmã mais nova estava diante dele, mas Zanac não falou primeiro. Momentos
como este eram muito delicados. Ele teve que deixar mais pessoas entenderem quem
exatamente estava na alta hierarquia.
Zanac e Renner foram juntos, lado a lado. Ele ergueu o queixo, indicando que seu sé-
quito deveria manter distância. Se tivesse olhado, ele teria visto Renner indicando para
que Climb mantivesse uma certa distância também.
Zanac podia distintamente ouvir as rimbombadas de seu coração. Ele tinha estado
muito focado em que ação tomar, mas tinha ignorado completamente o fato de que eles
poderiam tentar iniciar contato com ele.
Em outras palavras, Renner achava que já era hora de o outro lado agir.
“Isso quer dizer que veio até aqui me ver por algum outro motivo?”
“Eu acho que uma vez que o emissário deles chegar, seria melhor oferecer o dobro do
que está imaginando, Onii-sama. Metade disso é um sinal de agradecimento por terem
vindo até aqui, enquanto a outra metade— bem, não preciso dizer o óbvio, não é?”
“...Quando eu me tornar o rei, eu lhe concederei uma terra na fronteira. E você viverá
lá.”
“Depois que eu te enviar para fora, eu não vou convocá-la para a Capital Real novamente.
Pode limitar um pouco a sua liberdade, mas vou escolher um domínio que garanta que
você não sofra com dificuldades. Você deveria passar o resto da sua vida lá.”
Com toda a probabilidade, Renner já entendia o que ele estava querendo, mas ele tinha
que realmente vocalizá-lo, a fim de deixá-la entender a gentileza que ele estava mos-
trando a ela.
“Você pode pegar qualquer um dos órfãos para serem seus filhos. A esse respeito, você
pode fazer o que quiser.”
O fato de ela responder sem demora era prova de que Renner já sabia o que Zanac diria.
Zanac não conseguia entender o porquê Renner amava Climb, um plebeu. Sua aparência
era muito simples e ele não era particularmente especial. Ele não parecia combinar com
sua irmã mais nova.
Uma vez que ele recordou aquela lembrança vergonhosa de sua irmãzinha, Zanac co-
meçou a sentir um pouco de pena de Climb.
“Então, espero ansiosamente pelo dia em que se tornará Rei, Onii-sama. Depois de sua
coroação, ficaria feliz se pensasse em mim de vez em quando, enquanto passa seus dias
no país.”
“Oh, eu farei, minha querida irmã. No entanto, seria melhor se eu pudesse procurá-la
para uma discussão de vez em quando— Huuh?”
Ele havia lutado para proteger o Rei naquele campo de batalha. Agora que o Capitão
Guerreiro não estava mais entre os vivos, ele conseguiu uma boa posição e a confiança
do Rei. Aliás, os dois subordinados de Renner desfrutavam da mesma confiança.
Dado que ela esteve no orfanato até recentemente, as roupas que Renner estava usando
eram simples e desgastadas. Aparecer assim diante dos nobres só iria envergonhar-se.
“Hmph. As coisas sendo como são, essa proposta não será mais atraente. Ah, é tarde
demais, afinal de contas.”
Parte 2
Fôra estimado que os emissários do Reino Feiticeiro levariam cerca de uma semana
para viajar de E-Rantel até a Capital Real.
O sétimo dia chegara. Se tudo corresse de acordo com o planejado, os emissários che-
gariam à Capital Real hoje.
Zanac, trajado com uma armadura que não estava acostumado, estava alinhado com
seus cavaleiros nos portões da Capital Real que levavam a E-Rantel.
O tempo nublado nos últimos dias tinha desaparecido, como se tudo tivesse sido uma
piada, e o céu era a própria imagem da primavera.
No entanto, pôde-se ver uma cobertura pesada de nuvens à distância. Parece que o céu
azul estava limitado ao ar diretamente acima da Capital Real.
Esse tipo de cenário era bastante bizarro. Na verdade, o meteorologista da Capital Real
gritou: “Isso é impossível!”, enquanto coçava a cabeça. Ele trabalhava no Palácio Real há
muito tempo e podia prever o clima do dia seguinte com mais de 90% de precisão. Assim,
quando ele declarou que isso era impossível, isso implicava que esses céus azuis eram
tudo menos naturais.
Os homens de Zanac não eram apenas não qualificados na área da magia, mas não ti-
nham conhecimento de outros fenômenos estranhos. Isso fez sua cabeça doer. Mais pre-
cisamente, porque ele tinha confiado demais no Marquês Raeven.
Até agora, ele compartilhara livremente aquele pergaminho com Zanac, seu aliado. No
entanto, já que Raeven não estava mais na Capital Real, o Pergaminho do Tigre foi em-
bora naturalmente com ele.
Ele tentou encontrar nobres que haviam aprendido com aventureiros, como Raeven,
mas, infelizmente, não havia nenhum. Isso não foi porque esses nobres eram estúpidos,
mas porque viviam em um mundo completamente diferente daqueles aventureiros.
Mesmo que alguns nobres contratavam aventureiros, era apenas para usar sua força. Os
nobres não estavam interessados no mundo dos aventureiros ou nas notícias que os
aventureiros tinham.
Os nobres tinham sido assim ao longo dos 200 anos de história do Reino. Desse ponto
de vista, Raeven era bastante atípico.
Ele ouviu que os aventureiros odiavam coisas problemáticas como política. De fato, uma
vez que se entrasse no mundo da política, a pessoa perderia a liberdade. Aventureiros
assim gostariam de trabalhar para ele depois de se aposentarem?
“—Meu Príncipe!”
O grito do cavaleiro ao lado dele trouxe Zanac de volta aos seus sentidos. Ele olhou para
a entrada— e os viu.
Eles haviam exercido pressões antecipadas ao fechar esta rua por hoje, impedindo qual-
quer tráfego. Como resultado, ninguém estaria entrando ou saindo de suas casas. Os por-
tões da cidade também foram bloqueados apenas por hoje.
“Sim, Senhor!”
A resposta dos cavaleiros foi bastante vigorosa, e as espadas em suas cinturas emitiram
um som claro, nítido e unificado.
“Tudo bem! Então, mostre-lhes o maior respeito e impressione a glória do Reino sobre
eles!”
“Sim, Senhor!”
“Peço desculpas por me dirigir a ti ainda montado em minha montaria! Nós somos da
delegação do Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown!”
A voz era comparável a música retirada de instrumentos apodrecidos. Isso fez o cabelo
de seus ouvintes ficar arrepiado. Zanac reuniu coragem para banir o medo e depois falou.
“Eu sou o Segundo Príncipe de Re-Estize, Zanac Valleon Igana Ryle Vaiself! Por ordem
de Sua Majestade, devo guiar seu grupo para o Palácio Real. Por favor, sigam atrás de
nós!”
“Reconhecido. Então, nos beneficiaremos de sua orientação. Este quem vos fala— per-
doe-me, este aqui não tem nome, então por favor permita que este aqui se apresente
[Cavalier d a M o r t e ]
pelo nome de minha espécie. Este aqui é um Death Cavalier.”
Zanac ficou boquiaberto ao dar o nome de sua espécie, mas reagiu imediatamente para
não o ofender com o atraso.
“Entendo. Então, posso saudar o líder dos emissários? Como o Segundo Príncipe, eu
também sou responsável pelas ações do dito líder dentro do Reino. Se possível, gostaria
de explicar as circunstâncias ao seu líder.”
Embora todo o processo parecesse risível, ele estava enfrentando o Reino Feiticeiro, não
poderia menosprezar isso. Era uma nação que podia controlar os undeads e fazer uso de
monstros, então seria melhor supor que as formas usuais de fazer as coisas eram inapli-
cáveis aqui. Ele se sentiu estúpido por esperar que o líder dos emissários tivesse uma
forma vagamente humana.
“Atenção, todos vocês, expressões neutras. Não podemos nos dar ao luxo de fazer qual-
quer coisa que os ofenda.”
“Sim, Senhor!”
Quando ele ouviu a resposta dos cavaleiros, Zanac colocou força no abdômen.
Os emissários haviam passado por várias cidades no caminho até aqui, então era como
Zanac já conhecesse a composição do grupo.
Cada uma delas era puxado por um monstro em forma de cavalo que irradiava um ar
pouco auspicioso. Então, havia numerosos Death Cavaliers, que tinham sido encarrega-
dos da segurança do perímetro. Havia também outros monstros ao lado deles.
Zanac não conhecia seus nomes ou quão perigosos eram. Ainda assim, isso não alterava
em nada suas capacidades. Já que foram enviados pelo Rei Feiticeiro, ele não podia per-
mitir que qualquer expressão negativa fosse mostrada.
“Perdoe a longa espera. Nossa líder— a mão direita do Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown,
Albedo-sama, concordou em se encontrar com o senhor. Zanac-dono, por favor, venha
por aqui.”
Com toda a honestidade, era bastante aterrorizante. Afinal, Zanac estava se movendo
entre monstros que nunca tinha visto antes.
Mesmo assim, ele ainda tinha seu orgulho como membro da família real. Zanac logo
seria o rei, e já que teria de se encontrar com emissários do Rei Feiticeiro, ele se proibiu
de desgraçar sua imagem. Em vez disso, ele teve que demonstrar sua habilidade neste
momento, e deixá-los levar para casa as notícias das pessoas talentosas no Reino Re-
Estize.
O cavalo de Zanac não conseguiu evitar um suor frio quando se aproximava da carrua-
gem. Zanac desmontou, ficando parado diante da carruagem.
Não, Zanac não conseguia pensar em um adjetivo que pudesse descrevê-la melhor. A
única coisa que veio à mente foi “beleza de nível mundial”.
Ninguém neste mundo poderia ter uma aparência comparável à de Renner. Zanac acre-
ditava nisso até agora, mas depois percebeu que estava enganado. Se Renner era uma
beleza radiante e dourada, então Albedo era uma beleza sedutora tingida pela escuridão.
Albedo pisou nos degraus da carruagem. O som fraco de seus saltos altos trouxe Zanac
de volta à realidade.
Pode-se pensar que era embaraçoso para um príncipe de uma família real se curvar
diante de qualquer um, mesmo se fossem para os emissários de outra nação. No entanto,
depois de considerar a diferença de poder entre o Reino e o Reino Feiticeiro, esse foi o
curso correto de ação. O que o Reino precisava agora não era glória, mas benefícios con-
cretos.
“Imediatamente.”
Quando ele olhou para cima, o rosto da donzela estava sorridente quando ela olhou
carinhosamente para ele.
Essa era uma atuação praticada que homens superiores adotariam— não, ela era
mesmo humana?
Zanac moveu seus olhos para medir seus contornos. Primeiro, havia as asas da cintura,
seriam itens mágicos ou alguma outra coisa? Da mesma forma, os chifres se projetavam
dos lados de sua cabeça?
“Eu sou a emissária do Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown, Albedo. Embora seja apenas
por alguns dias, estaremos aos seus cuidados. Se levante, Príncipe-dono. O senhor cer-
tamente não pode continuar falando a partir desta posição.”
Embora ele tivesse aprendido que o nome dela era Albedo através da conversa, era ape-
nas isso?
No Reino — e no Império — os plebeus tinham dois nomes, nobres tinham três nomes
e pessoas tituladas tinham quatro nomes. Como membros da família real, eles tinham
quatro nomes — contando seus títulos, somavam um total de cinco nomes.
Foi por isso que Jircniv Rune Farlord El-Nix e seus quatro nomes foram ridicularizados
por não serem dignos de membros da realeza. No entanto, um nome como Albedo soava
como um pseudônimo ou um apelido. Então, não se poderia ser tão tolo quanto se dirigir
a um membro da nobreza por tal alcunha.
Embora ele pudesse estar se preocupando desnecessariamente, ele não podia ter cer-
teza de que tal situação não ocorreria.
A razão pela qual ele disse isso foi porque muitos nobres morreram no campo de bata-
lha anterior. Não foram apenas os chefes de família que pereceram, mas até mesmo os
herdeiros primogênitos de algumas famílias. Atualmente, muitas famílias nobres eram
lideradas pelas “peças de reposição”, o segundo ou terceiro filho.
Atualmente, a classe da nobreza do Reino despencou, graças a essas pessoas. Neste mo-
mento crucial, poderiam eles tratar uma mulher do porte de Albedo com etiqueta ade-
quada?
Normalmente, ele deveria ter perguntado. “Que título Vossa Excelência mantém entre o
pariato, Albedo-sama, ou talvez qual é a sua posição no Reino Feiticeiro?”
O problema era que ela poderia ter respondido: “Então nem sabe a posição de uma emis-
sária do país vizinho?”
Afinal, nenhuma informação sobre o Reino Feiticeiro havia fluído de suas fronteiras.
Embora tivesse declarado sua própria soberania por vários meses, eles haviam se res-
tringido em grande parte aos assuntos internos. Esta foi a primeira vez que eles se en-
volveram em relações diplomáticas por conta própria.
Tudo o que Zanac sabia sobre Albedo era que ela era a líder dos emissários e a mão do
Rei Feiticeiro.
O Império provavelmente saberia... mas eles não nos disseram nada... Bem, qualquer um
que tivesse pedido que aquele tipo de magia fosse usada em nós deve nos odiar até os ossos.
“Embora possa não parecer, fui designada como a supervisora que lidera todos os Guar-
diões de Andar e Guardiões de Área dentro do Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown.”
“Ohh, entendo.”
“De fato. Eu e Ainz-sama— não, quero dizer, eu sou a segunda em comando do Rei Fei-
ticeiro, a Supervisora Guardiã. Talvez isso seja mais apropriado?”
“Ainz-sama”, parece que ela está perto o suficiente para se dirigir a ele dessa maneira.
Então ela é uma marquesa, não, uma duquesa, talvez? Eu preciso levar essa informação de
volta para os outros. Mas ainda assim, Supervisora... Guardiã?”
“Tudo bem.”
Normalmente, ela deveria estar agradecendo ao Príncipe. No entanto, ele podia sentir
claramente quem demostrava a superioridade aqui.
Zanac estava suando frio nas costas. Isso porque ele entendeu que forjar boas relações
com eles provavelmente seria uma tarefa muito difícil.
“Além disso, nós normalmente tocaríamos os sinos em comemoração, mas o infeliz de-
sentendimento entre nossos países levou à tragédia, então, por favor, nos perdoe por
não o fazer. Além disso, o povo comum ainda não sabe de vossa chegada, por isso, leve
isso em consideração.”
Ele não tinha idéia do que o povo faria se soubessem que uma emissária do Rei Feiti-
ceiro tinha vindo conhecê-los. Nesse aspecto, a resposta de Albedo foi um grande alívio.
Ele não estava preocupado com o fato de os emissários serem atacados por uma multi-
dão enfurecida. Aqueles Death Cavaliers — de fato, todos os presentes provavelmente
eram muito fortes, mesmo dentro do Reino Feiticeiro. Ele podia facilmente acreditar que
cada um deles era páreo para o finado Gazef Stronoff.
“Bem, então, poderia me informar sobre o itinerário depois que chegarmos ao Palácio
Real?”
“Sim! Primeiro, há um jantar marcado comigo e com o resto da família real hoje à noite.
Amanhã, visitaremos os teatros durante o dia para assistir às danças e realizar um jantar
à noite, onde todos os nobres do Reino serão convidados. No dia seguinte, haverá um
concerto da orquestra do palácio — depois disso que iniciaremos as negociações diplo-
máticas.”
“Então é assim que será... então, eu confio que não haverá problemas se decidirmos fa-
zer uma excursão pela capital?”
“Claro. Vamos selecionar cavaleiros excepcionais para servir como seus guardas.”
Eles precisariam bloquear completamente a área quando fosse a hora, para impossibi-
litar que os plebeus se aproximassem daquele lugar.
“Não... não há lugares que particularmente me interessem. Como não sei quais locais
valem a pena visitar na capital, poderia me guiar em uma excursão?”
Parte 3
Nos últimos meses, Philip sentiu que era um dos homens mais sortudos do Reino.
Pessoalmente, ele se sentia como o mais sortudo de tais homens. No entanto, a modéstia
era uma virtude. Além disso, pode haver outros nobres com mais sorte do que ele, então
seria melhor não falar em absoluto.
Nobres — huh.
Esta foi a segunda vez que ele participou de uma festa nobre como essa. Ainda assim,
talvez ele devesse dizer que isso era esperado de um jantar organizado pela Família Real
— a pura magnificência deste evento ofuscou o que ele havia anteriormente participado.
O traje formal dos outros convidados parecia muito mais caro do que os da festa ante-
rior.
Como ele pensava, os nobres da classe alta tinham roupas realmente suntuosas.
As nobres em seus vestidos extravagantes tinham sorrisos em seus rostos, estão rindo
e zombando de mim por causa do meu traje? Philip não pôde deixar de pensar assim,
mesmo sem qualquer base para tais suposições. Quando ele olhou em volta, imaginou
todos os nobres rindo dele.
Se seu domínio fosse mais rico, ele teria condições de comprar roupas melhores. Entre-
tanto, o domínio de Philip jamais fôra próspero. Até suas roupas agora tinham sido ajus-
tadas apressadamente do traje formal de seu irmão mais velho. Como resultado, ele
ainda sentia um pouco apertado ao redor dos ombros.
Bem, o dinheiro é escasso porque até agora essa família só teve chefes inúteis. Quando eu
me tornar o próximo chefe, tornarei meu domínio mais rico.
Semelhante aos plebeus, os terceiros filhos não eram indivíduos particularmente bem-
vindos em famílias nobres. Independentemente de quão rica fosse uma família, dividir
seus ativos de várias maneiras acabaria enfraquecendo-a. Portanto, tudo foi herdado
pelo filho mais velho. A esse respeito, os nobres seguiram o mesmo princípio básico dos
plebeus.
Talvez uma família mais rica pudesse ter dado algum apoio financeiro a um terceiro
filho. Talvez pudessem contar com conexões com outras famílias nobres para apadrinhá-
lo. No entanto, este não foi o caso da família de Philip.
Uma vez que o filho mais velho atingisse a maioridade — em outras palavras, quando
as chances de morrer de doença diminuíam muito — o terceiro filho, Philip, não era mais
necessário para sua família.
O primeiro lance de sorte foi o irmão mais velho, o segundo filho, morrendo de doença
antes de atingir a maioridade.
Como seu irmão mais velho — o primeiro filho — já era um homem, não havia mais
valor para seu outro irmão mais velho, o segundo filho. Além disso, o domínio deles não
era um feudo rico, só podiam usar ervas ao invés de sacerdotes para tratá-lo. No final, a
condição piorou, e ele se afundou na espiral da morte.
Neste ponto, Philip estava agora elevado à posição de um sobressalente. Seu valor subiu
de um agricultor para o de um mordomo.
No entanto, o que catapultou Philip para a crosta superior foi o resultado do próximo
golpe de sorte de Philip.
Vários anos depois de atingir a idade adulta, era hora do irmão mais velho de Philip
assumir a propriedade da família. Então, o Império declarou guerra mais uma vez. Se
fosse como nos anos anteriores, deveria ter terminado depois de alguns inchaços e ar-
ranhões. Portanto, era um modo seguro para seu irmão mais velho obter um registro de
batalha, e sua família podia se orgulhar do fato de terem empenhado homens na batalha.
Ele havia sido consumido pela magia do Rei Feiticeiro e pereceu com os vinte campo-
neses que foram com ele.
Philip não pôde esquecer o instante de alegria que sentiu quando ouviu essa notícia. Foi
a alegria que ele carregou dentro dele desde que se tornou um sobressalente.
O corpo de seu irmão mais velho estava desaparecido, assim como a armadura de placas
que foi passada desde seus ancestrais. Ainda assim, isso não foi um grande problema.
Uma vez que seu domínio enriquecesse, ele faria uma armadura melhor para si mesmo.
O mais importante era que o título de herdeiro da propriedade passara de inatingível
para praticamente na palma de suas mãos.
Era como se o Rei Feiticeiro tivesse se dedicado pessoalmente para organizar tudo isso
para Philip.
Por causa disso, Philip até sentiu algo como um bom sentimento para com o Rei Feiti-
ceiro, do qual ele nunca havia visto. Se ao menos ele pudesse transmitir sua gratidão
diretamente ao emissário do Rei Feiticeiro.
Além disso—
Isso mesmo. Eu vou andar no meu caminho de sorte. Como posso deixar uma boa chance
escapar diante dos meus olhos?
Ele só conseguia pensar em seu pai e irmão mais velho como idiotas depois de ver o que
eles estiveram fazendo todo esse tempo. Por que vocês não fizeram isso? Isso lhes traria
mais benefícios! Claro, ele nunca lhes disse isso em seus rostos.
Isso foi porque nenhum dos ganhos obtidos iria chegar até ele. Nem o prestígio para
isso seria dele. Portanto, durante muito tempo, Philip havia inventado idéias sobre como
administrar adequadamente seu feudo e armazenou tudo em seu coração.
Vou deixar os lordes próximos saberem que sou eu quem merece esse título. Vou deixar
que papai saiba quão pobre seu gosto estava em escolher meu irmão. Vender o trigo e le-
gumes de boa qualidade para os comerciantes— não, o que devo fazer? Isso chamaria
muita atenção, e se a minha proposta revolucionária fosse roubada por outros? Ainda as-
sim, não há dinheiro sem comércio. Preciso encontrar mercadores confiáveis — em outras
palavras, não pode ser aquele cara.
A lembrança desagradável daquele homem superou sua alegria por ficar neste salão
luxuoso.
Como ele ousa me menosprezar!? Embora eu tenha que suportar por enquanto, uma vez
que eu encontre um comerciante melhor na Capital Real, eu vou chutar ele dos meus negó-
cios! Eu já tenho conexões próprias!
Philip já havia encontrado suas próprias conexões secretas durante suas poucas sema-
nas na Capital Real. Seu orgulho nisso afugentou a infelicidade em seu coração.
Enquanto Philip visualizava seu glorioso futuro dourado, uma voz masculina ecoou pelo
corredor.
A julgar pelos ruídos, parece que o mestre de cerimônias acabara de anunciar a estrela
do jantar que a Família Real estava realizando.
“Albedo-sama serve como a mão direita da Sua Majestade o Rei Feiticeiro no Reino Fei-
ticeiro, e comanda uma posição equivalente à de uma primeira-ministra, sua posição é a
de Supervisora Guardiã. Albedo-sama vai nos agraciar sozinha esta noite.”
Uma voz suave de mulher disse: “Huh, sozinha?” Um nobre de aparência rica a castigou
com um “Silêncio!”. Philip ficou um pouco surpreso com isso.
Não há problema em vir sozinho. Mas pensar que alguém assim serviria como uma emis-
sária! O Reino Feiticeiro realmente tem grandes esperanças pelo Reino?
Enquanto Philip se perguntava que tipo de pessoa esta emissária seria, ele olhou para
as portas pelas quais o mestre de cerimônias estava de pé.
Uma deusa estava ali. Suas feições perfeitas eram mais belas do que as de qualquer
camponesa, mais bonita que qualquer prostituta dos bordéis do Reino, mais bonita do
que qualquer mulher que Philip já vira em sua vida. Claro, a Princesa era bonita, mas
Philip preferia o que estava vendo agora.
Suas roupas eram belas também. Seu vestido de platina era acentuado com enfeites de
fios dourados, já a metade inferior de seu vestido estava coberta pelo que pareciam asas
de penas negras. Seu reflexo nas luzes mágicas acima fez parecer que ela estava bri-
lhando.
Philip olhou para a mulher que falara antes. Ela estava de pé no lugar com um olhar
retardado em seu rosto.
A alegria que ele sentiu no triunfo do Reino Feiticeiro — para o qual ele estava inclinado
favoravelmente — fez a alegria da vitória surgir em seu coração.
Philip só podia ver um lado do rosto de Albedo, mas quando ele viu o sorriso meigo de
Albedo, ele estava bem ciente de uma coisa.
“Espero que me perdoe por ter que me sentar novamente, é devido à minha idade. En-
tão, nobres do Reino. Nossa principal convidada chegou. Esta noite, por favor, divirtam-
se à vontade. Então, Albedo-dono, espero que se divirta também.”
Ele deu uma espiada naquela nobre de antes, e viu que ela estava murmurando algo
sobre “Ela não se curvou” ou algo nesse sentido. Philip ignorou aquela mulher tola e suas
palavras tolas e, em vez disso, banqueteava os olhos com aquela beleza Classe Mundial.
Ele gravou a imagem dela falando de perto com a Princesa Renner em seus olhos.
Ele entendeu que seria uma tarefa muito difícil. No entanto, quando se pensava sobre
isso, não era completamente impossível.
Uma vez que meu feudo se torne rico, os outros nobres começarão a apresentar suas filhas
para mim. Quanto mais rico eu for, melhores serão as mulheres. Mesmo a Princesa ou essa
emissária não estão fora de questão!
Philip sentiu uma onda de calor subir de sua parte inferior do corpo.
Bem, os Grandes Nobres geralmente têm uma concubina ou três... o melhor caso seria se
eu pudesse apreciar essas duas belezas ao mesmo tempo.
As únicas pessoas na propriedade de Philip que poderiam usar magia eram os sacerdo-
tes. Eles poderiam ajudar a curar doenças e exigiriam dinheiro para isso. Logo, eles pe-
diam um pagamento adequado se tivessem que fazer gelo.
Já que estão no meu domínio, eles vão me curar de graça da próxima vez. Um mero resi-
dente que ousa cobrar dinheiro do seu senhorio, quão ridículo é isso!
Philip fez uma anotação mental dessa nova maneira de lidar com os sacerdotes no fu-
turo.
Ele estava ansioso para começar a trabalhar em seu domínio quando retornasse. Ele
podia imaginar todas as suas idéias brilhantes sendo colocadas em ação, iluminando sua
vida com brilho dourado.
—Oya?
Havia muitos nobres por perto, mas ninguém sabia como se aproximar dela.
Philip não se importava particularmente com o que aconteceu com o Reino, mas seria
problemático se isso afetasse sua propriedade.
—Ei, ei, não pense em coisas tão perigosas. É apenas... bem, não é exatamente uma jogada
ruim, certo? Como eu devo dizer isso... Eu não posso acreditar que eu realmente pensei em
uma idéia dessas...
Não adianta ficar em terceiro. Não há sentido em ser o segundo. O mais importante é ser
o primeiro.
Você consegue. Você tem que fazer uma aposta para obter um retorno. A chance de subir
chegou porque tudo mudou. Eu sou um homem de sorte, então eu deveria fazer bom uso da
minha sorte.
A família de Philip sempre foi ligada a uma facção, mas eles estavam tipicamente no
final daquela facção. Havia apenas um limite de benefícios que ele poderia obter se con-
tinuasse na facção.
Então, ele se lembrou de algumas palavras que ouvira recentemente. Uma certa senho-
rita muito magra dissera: “Por que não criar uma nova facção?”
Depois de se decidir, Philip bebeu o copo de vinho que estivera segurando durante todo
esse tempo.
Era diferente do vinho aguado que ele bebia em casa. Parecia que sua garganta e barriga
estavam queimando. Como se impulsionado pelo calor que subia de sua barriga, Philip
avançou.
“O prazer é todo meu, Albedo-sama. Nada poderia me encantar mais do que conhecê-
la.”
Philip estava bem ciente de que o ar ao seu redor parecia ter mudado.
Uma rápida olhada na festa revelou que os nobres de alto escalão tinham olhares de
espanto em seus rostos.
Pensar que ele — que só havia comido refeições frias no passado — era agora o foco
dessas pessoas que se encontravam no pináculo do Reino. Enquanto pensava nisso, uma
excitação inesperada assumiu o controle de Philip.
Isso aí! Eu sou Philip! Me observem! Observem o homem que será a figura central do Reino!
Isso era como dizer que ele convidou Albedo para um baile que aconteceria em alguns
dias.
♦♦♦
“Seu idiota!”
Philip suspirou quando o pai lhe perguntou sobre o jantar no Palácio Real.
“Em primeiro lugar, aquele convite para o jantar organizado pela Família Real nunca
teria chegado a nossa casa. Trabalhei meus dedos até o osso para garanti-lo, para que
pudesse expressar sua gratidão ao Conde e aos outros nobres, para que você fosse reco-
nhecido por eles!”
O jantar da Família Real reuniu pessoas de ambas as facções. Quando isso acontecesse,
o fato de o chefe de uma família ter mudado provavelmente não apareceria. Assim, nin-
guém prestaria muita atenção a esse fato e ele seria prontamente aceito pelos outros.
Depois disso, uma vez que o reconhecessem tacitamente, seria muito difícil para protes-
tarem contra esse fato.
Em outras palavras, o pai de Philip não tinha fé nas próprias habilidades. Ele sentiu que
se ele tivesse tentado se apresentar aos outros membros de sua facção da maneira nor-
mal, ele iria estragar algo.
“Não, não, Pai. Não fique tão nervoso. Eu estava fazendo isso pela minha casa—”
“—O que você quer dizer com “minha casa”? O que você fez é um completo absurdo!”
Philip gritou em seu coração. Todo mundo foi um covarde sem a coragem de fazer um
movimento, então por que ele não deveria dar o primeiro passo?
Eu tenho que fingir ser um covarde igual aqueles outros? Só para ficar nesse lugarzinho
patético pelo resto de sua vida?
“Pai! Pense um pouco! Embora a estrada que una o Reino Feiticeiro e o Reino seja bas-
tante longa, nosso domínio está no meio dela! Se o Reino Feiticeiro fizer guerra ao Reino,
definitivamente seremos arrastados para o caos. Portanto, devemos forjar boas relações
com o Reino Feiticeiro, não?”
“Aqueles desgraçados do Reino Feiticeiro mataram seu irmão! E você quer trabalhar
com eles! Você não vê!? Isso é traição com o Reino!!”
E daí?
Philip pensou.
Já que o Reino Feiticeiro era mais forte, o que havia de errado em trair o Reino? Tudo o
que ele precisava fazer era prometer sua lealdade ao Reino Feiticeiro. O que havia de
errado com os fracos seguindo os fortes? Quem tinha o direito de censurá-lo por isso?
O fato de que ele realmente tinha que explicar essas coisas óbvias lhe pareceu terrivel-
mente estúpido. Ainda assim, ele teve que dizer.
Ele engoliu a palavra “meu domínio” no momento em que ele pensou em falar. Mais
cedo ou mais tarde seria verdade, mas, por enquanto, não era inteiramente dele.
“Cheh! O que quer dizer com saída? Acha que os lordes vizinhos vão compactuar com
isso quando ouvirem o que você fez!?”
“Eles não vão nos atacar, não hoje e nem por agora.”
Muitas pessoas dentro do domínio de Philip morreram por causa dessa batalha. O
mesmo se aplicava às propriedades vizinhas. Portanto, eles não teriam o excesso de
força necessária para atacar o domínio de Philip.
“Hah?”
Philip respondeu. Ele não tinha idéia do que seu pai estava tentando dizer.
“É por isso que eu digo que seu pensamento é superficial. Você está agindo como se seus
devaneios já fossem realidade. Seu im—”
Ele era o mordomo que havia atendido seu pai todo esse tempo. Philip não gostava da-
quele homem, que era do tipo que nunca deixava ninguém ver seus sentimentos. Ele era
uma das pessoas que Philip pretendia expulsar depois que solidificasse sua posição
como herdeiro da família.
Seu pai forçou o controlar de sua respiração assim que ouviu as palavras do mordomo.
O vermelho em seu rosto recuou, deixando um rosto pálido e anêmico.
“...Haaah. Hah Philip. Me responda com honestidade. Você não tem medo de fazer ini-
migos entre nossos vizinhos, os nobres?”
Seu pai rodeou os ombros em decepção. Essa resposta provocou frustração e descon-
forto dentro de Philip.
Não era isso que queria ouvir? Ainda assim, ele não conseguia pensar no que poderia ser.
Suor frio escorreu nas costas de Philip. Seu pai tinha um ponto.
“Você também sabe disso, não é mesmo? Não produzimos nada que seja exclusivo—
não temos bens exclusivos dessa região. Portanto, eles não terão nenhum problema em
nos expulsar da aliança.”
Philip atormentou seu cérebro. Ele era astuto. Ele deveria ser capaz de refutar qualquer
número de afirmações provenientes de seu estúpido pai.
“Uma vez que construamos laços com o Reino Feiticeiro, eles nos apoiarão.”
“...Então deixe-me perguntar uma coisa. Se você fosse alguém do Reino Feiticeiro— não,
se você fosse o rei de um certo país, e um vilarejo de um país com quem você estava em
guerra pedisse comida, você daria a eles?”
“—Por quê?”
“Não é óbvio? Ao fazer isso, mostrarei a todos que sou um governante misericordioso.”
“...Além disso?”
“...Nada mais.”
O queixo de seu pai caiu. Ele deve ter ficado impressionado. Ainda assim, esse tipo de
reação foi bem atípica. Afinal de contas, o Rei Feiticeiro certamente desejaria ser conhe-
cido como um governante gentil, isso ficou claro supor desde que o Reino Feiticeiro foi
fundado em E-Rantel e na área em torno daquela cidade. Ele certamente faria algumas
concessões para acalmá-los.
“Então é isso... então é isso que você estava pensando. Bem, se fosse eu, eu certamente
enviaria ajuda também, a fim de criar um casus belli para invadir o outro país. Depois
disso, eu declararia guerra ao Reino, sob o pretexto de libertar tal vilarejo que o Reino
estava oprimindo.”
“Vamos considerar os fatos. Vamos supor que é realmente como diz, Pai. Isso só não nos
dá mais um motivo para aprofundar nosso relacionamento com o Reino Feiticeiro?”
“Seu—”
“Claro que eu tenho. Mas se a condição para o ter é a nossa destruição, é melhor não,
concorda?”
“Esse é o rei demônio que matou seu irmão e inúmeras pessoas do Reino com magia
assustadora, esqueceu? Este é o rei que você vai apoiar.”
“Isso foi na guerra, Pai. Que diferença faz se morrem por espadas ou magia?”
Isso não era confiança, embora houvesse alguns bons sentimentos ali. Mais importante,
todos eles foram apenas peões para que Philip fizesse sua jogada para melhorar sua
sorte na vida.
Um peão! Isso mesmo! Para mim, até mesmo o Rei Feiticeiro do Reino Feiticeiro, que é
temido por todo o povo do Reino, é pouco mais que um peão na minha mão!
Philip ficou excitado quando se imaginou jogando um enorme — na escala das nações
— jogo de xadrez.
Ainda assim, é natural que o Pai esteja preocupado. Afinal, se eu puder refutá-lo com tanta
facilidade, isso significa que isso é tudo que ele pode pensar... De todo modo, é melhor dis-
cutir o assunto com a Albedo-sama na próxima vez que nos encontrarmos.
“Eu me cansei disso... Você agradeceu ao Conde pelo jantar? Eu estou perguntando se
ele reconheceu você como o novo chefe de família.”
Mesmo que ele fosse o chefe da facção, por que ele deveria abaixar a cabeça para um
conde que não era nada além de um estranho?
Portanto, Philip não tinha ido diante do Conde para se curvar e agradecer. Mas se ele
dissesse isso, seu pai provavelmente ficaria agitado novamente. Isso era uma mentira
em prol da saúde de seu pai.
“Claro.”
“Entendo. Isso é ótimo. Já que fez isso, nem tudo está perdido. Quando chegar a hora,
tudo o que você precisa fazer é pedir ajuda ao Conde.”
Com isso dito, assim que Philip começou a se sentir à vontade, o mordomo interrompeu
novamente por trás.
“—Há mais um problema. O assunto que Philip-sama mencionou no começo ainda não
foi resolvido. Philip-sama disse que estava convidando a emissária do Reino Feiticeiro
para um baile organizado por essa família... O que faremos sobre isso?”
“Isso mesmo, Philip! O que estava pensando? Nossa família não tem lugar para realizar
um baile!”
Todos os senhorios tinham uma propriedade na Capital Real. E havia pequenas man-
sões reservadas para as visitas à Capital.
Claro, não eram tão pequenos quanto os lares dos plebeus. Só podem ser usados um
punhado de vezes por ano, mas também eram um sinal do poder da nobreza. Portanto,
esses lugares tinham que ser grandes o suficiente para acomodar a comitiva que os lor-
des traziam consigo. No entanto, não eram muito maiores do que isso, e o interior não
era grande o suficiente para um baile.
“Está bem. É verdade que nossa propriedade não pode receber esse evento, mas eu já
consegui alugar outro lugar.”
“Será gratuito.”
“Sim.”
“Eu não acredito que essa boa sorte sorriria para você... Tem certeza que não está sendo
enganado?”
Raiva brilhou dentro de Philip, mas ele sabia que seu pai confiava no mordomo impli-
citamente, então ele não poderia repreendê-lo ainda.
“Eu recebi um favor, mas já que prometi retribuir esse favor, tudo ficará bem.”
“...Então esse é o local escolhido, mas e os convites? Devemos mandar o Conde distribuí-
los?”
Pensou Philip. Este evento estava sendo administrado por sua família para aumentar
sua reputação. Por que, depois de colocar todo esse trabalho e preparação, ele precisaria
entregar a parte mais benéfica disso para os outros?
Então essa é sua mentalidade de escravo falando. Que triste... eu não quero acabar como
ele.
“Vai ficar bem. Eu pedi à proprietária que me emprestou o local para me ajudar com o
trabalho de preparação. Claro, vou decidir a lista de convidados.”
“... Ainda assim, seria muito rude não deixar o Conde avaliá-los. Não é tarde demais para
pedir ajuda ao Conde. Além disso, você realmente sabe quais famílias convidar que não
causam ofensa?”
“Você...”
“Pai! Como ousa dizer isso? Eu trabalhei e fiz isso acontecer! É verdade que tive que
pedir ajuda. Mas a proprietária concordou que meu plano tinha méritos depois que ex-
pliquei — isso significa que, ela viu que meu plano poderia ter sucesso, e sentiu que eu
poderia pagar o preço apropriado! Por que o senhor sempre pensa assim? Em circuns-
tâncias normais, deveria me dar todo o seu apoio, serei o próximo chefe da família!”
Isso era verdade. A dona da casa disse: “Terei prazer em ajudá-lo se permitir que vários
nobres próximos a mim participem”. Foi porque ambos tiveram um relacionamento mu-
tuamente benéfico que ele pediu ajuda. Definitivamente não havia como ela o estar ma-
nipulando.
Ela era completamente diferente do Conde que controlava seu pai, que roubava todos
os ganhos e o deixava sem nada.
Philip reprimiu sua raiva. Afinal, ele estava conversando com alguém que ainda não ha-
via desagarrado de sua natureza como escravo. Ele teve que abrir seu coração e levar
tudo isso em paz.
“Receberei a opinião da senhoria sobre o assunto do Conde. Pode ser problemático con-
torná-la e pedir ajuda ao Conde. Há mais alguma coisa, Pai?”
Parte 4
Um grande salão enchia os olhos de Philip, facilmente igual àquele salão de baile do
Palácio Real— não, era ainda melhor do que isso.
Ele não pôde deixar de pensar em como mostrar isso para os outros. Claro, Hilma tinha
organizado os preparativos para este local. No entanto, ela havia lhe perguntado de an-
temão: “Devo organizar um evento comum de um salão de baile ou um espetáculo incom-
parável? Este último exigirá um favor maior em troca.” E Philip escolhera o último sem
qualquer hesitação.
Em outras palavras, este baile foi organizado pelo favor que Philip pagou — em outras
palavras, este foi um evento que correspondeu ao esforço que ele havia colocado. E então,
havia muitos nobres que se reuniram aqui por causa dele.
Estava tudo perfeito. No entanto, foi por causa disso que Philip se sentiu muito infeliz
com um certo detalhe.
Ele decidira a localização do convite — embora tivesse que confiar na sabedoria dos
outros, a decisão final ainda era sua — e o lacre de cera nas cartas pertencia à sua família.
Mais importante, todos estavam aqui para encontrar a emissária do Reino Feiticeiro. E
foi Philip quem convidou a emissária para cá.
Em outras palavras, ele era o anfitrião e aquele que tinha trabalhado para que isso acon-
tecesse, então ele era quem deveria estar recebendo palavras de elogio e sinais de grati-
dão. Eles deveriam ter agradecido a Philip por convidá-los para tal evento. Eles também
deveriam estar elogiando sua coragem em convidar a emissária do Reino Feiticeiro,
aquela que ninguém mais ousou abordar.
A primeira pessoa a quem todos falaram quando chegaram aqui foi Hilma. Só depois
disso eles vieram cumprimentá-lo. Além disso, só o fizeram com relutância e isso depois
que Hilma mencionou o nome de Philip. O que eles teriam feito se ela não tivesse men-
cionado isso?
Como ele devia um favor a Hilma, tinha que suportar o fato dela ser mais perceptível do
que ele. No entanto, tudo o que ele sentia em relação a esses nobres era aborrecimento.
Indo pelo básico da sociedade nobre, deveria ter sido óbvio quem eles deveriam ter se
dirigido primeiro.
Os nobres que ele escolhera eram chefes recém-apossados de suas famílias graças à
guerra com o Reino Feiticeiro, ou àqueles que logo se tornariam chefes de suas famílias.
Em outras palavras, essas pessoas estavam em situações semelhantes a Philip.
A razão pela qual ele aceitou as sugestões de Hilma foi porque não havia muitas pessoas
que pensassem como Philip. Portanto, se não houvesse mudança na liderança familiar,
era muito provável que todos pensassem mal do Reino Feiticeiro.
Contudo—
Ele olhou para os convidados que acabaram de chegar e então caminhou em direção a
Hilma.
Que ridículo...
Pensou Philip.
Aqueles idiotas herdaram suas tolices de suas árvores genealógicas. Foi por isso que
eles ignoraram a pessoa com quem deveriam ter conversado pela primeira vez. Ou me-
lhor, esse seria o único motivo plausível para esse ultraje.
...Ainda assim, isso não é uma coisa boa? Eles não poderão assumir a liderança porque são
idiotas, não? Se houvesse um nobre aqui com um cérebro melhor do que o meu, eu não seria
capaz de assumir o comando da nova facção que pretendo fundar e além disso, lamenta-
velmente minha família não é poderosa o bastante.
Isso pode ser uma chance para ele. Como esse era o erro por parte dos convidados, Phi-
lip considerava que os convidados estariam em dívida por não falar com ele primeiro e
então cobraria isso deles no futuro.
Uma mulher que era pouco mais que um saco de pele e ossos.
Sua magreza doentia a fazia parecer com uma doença grave. Ela provavelmente teria
sido bonita se tivesse mais carne em seus ossos, mas isso já era coisa do passado.
Em outras palavras, todos o viam como o segundo em comando aqui, pensou Philip. Ele
tentou esconder seus sentimentos de inferioridade, mas Hilma parecia ter notado.
Ela gargalhou.
Philip sorriu. Ele era um nobre — ele podia lidar com tais intrigas.
“Não há necessidade de mentir. Eu sou sua defensora pois tenho a ganhar com isso,
Philip-sama. Não podemos ter nenhum segredo entre nós.”
Então é isso.
Essa era a atitude apropriada que um plebeu deveria ter em relação a um nobre.
Ele estava finalmente experimentando a situação pela qual estava ansioso há muito
tempo, e a infelicidade em seu coração desapareceu como se tudo tivesse sido uma men-
tira.
“Não... bem, pensando nisso, eu não estou chateado, mas sim inquieto.”
“O que te incomoda? Alguma coisa está faltando? Se é assim, devo preparar antes que a
emissária-dono chegue?”
“Eu simplesmente não esperava que as pessoas aqui fossem tão... medíocres. Mesmo se
eu reunisse todas essas pessoas em uma facção, eu me pergunto se elas poderiam com-
petir com as outras facções. É isso que me incomoda.”
Ela era magra demais para inspirar a luxúria. Mesmo assim, seu charme era tal que o
fez engolir em seco.
“Mas então, não é justamente por serem assim que precisarão de sua cuidadosa lide-
rança, Philip-sama? Desejo chamar a atenção deles para o seu domínio — os camponeses
são muito inteligentes?”
“Não—”
“Se realmente és, então Philip-sama, eu tenho certeza que será capaz de orientar bem
essa facção. Eu também vou fornecer tanta ajuda quanto eu puder.”
“Mas é claro. Eu estou te ajudando, porque tenho certeza de que vou colher benefícios
disso.”
Hilma sorriu.
A raiva no coração de Philip desapareceu completamente. Tudo o que Hilma disse es-
tava correto.
Philip agradeceu a sua sorte por poder conhecer uma mulher como Hilma.
Ela tinha amplos contatos, grande riqueza e tinha acesso a muitas coisas que Philip não
conseguiu obter na Capital Real. Sua explicação para o porquê alguém como ela gostaria
de agradar a ele também era bastante razoável. Além disso, seus termos de pagamento
também eram muito simples, motivo pelo qual se sentia à vontade para fazer uso dela.
“Isso me agradaria muito. Eu ficaria feliz em poder usar um colar com grandes pedras
preciosas como as nobres. Então, por favor, trabalhe arduamente, Philip-sama.”
“Ah, com certeza eu vou... Então, posso fazer outra pergunta, minha cara patrocinadora?”
Seria problemático se ela não pudesse mais apoiá-lo. Se até mesmo os sacerdotes não
pudessem curá-la, então ele teria que encontrar alguém para substituí-la, ou permitir
que ela recomendasse uma sucessora.
“Eu ouvi que algumas herdeiras fazem dieta para perder peso, não é por isso?”
Hilma sorriu. Esta foi a primeira vez que Philip viu um sorriso que transmitiu tal des-
conforto sem palavras.
“Não é por isso. O fato é que eu não posso mais comer comida sólida, então eu só posso
consumir líquidos, não consigo absorver bem nutrientes... é por isso. Por favor, não se
preocupe. Se alguma doença surgir tenho alguém que pode usar magia de cura ao meu
dispor.”
“Oh, ohhh, mesmo, então isso é bom. No entanto... por que não pode comer comida só-
lida?”
Isso não tinha sido mais do que uma declaração descartável, mas teve um impacto re-
velador. Parecia que todas as emoções haviam fugido do rosto de Hilma.
O que ela tinha passado para torná-la incapaz de comer alimentos sólidos? Embora
agora desfrutasse de amplas conexões sociais e riqueza suficiente para viver em bonança,
deve ter havido uma época em que ela não poderia se alimentar adequadamente. Ele
queria investigar mais, mas provavelmente seria uma péssima idéia fazê-lo.
Como ela aparecera sozinha no jantar da Família Real, Philip pensara que esse tipo de
coisa era normal. Isso o envergonhou de saber que não era o caso, e ele fez uma atuação
de ter esquecido, mas que se acabara de lembrar.
“Todos certamente ficarão surpresos. Os muitos que não vieram cumprimentá-lo, cer-
tamente se sentirão ansiosos e inquietos, Philip-sama.”
Uma alegria sádica despertou no coração de Philip. Alguns dos nobres eram mais colo-
cados do que ele e tinham domínios maiores do que ele. Que tipo de expressões eles
mostrariam a ele, aquele que uma vez foi considerado o fardo de sua família—
Liderado por um dos servos de Hilma, Philip partiu em direção ao quarto da emissária
do Reino Feiticeiro, Albedo.
O que ele viu atrás daquela porta era uma mulher cuja beleza não conhecia igual.
Ela usava um vestido preto, diferente do encontro no Palácio Real. Seus ombros nus
brilhavam como alabastro, e enquanto seu colar consistia em grandes gemas ligadas jun-
tas, não parecia brega, mas em vez disso acentuava sua beleza.
Tão bonita...
Philip corou.
“—Então, vamos?”
Philip pegou a mão que estava embainhada em uma luva de renda preta e ajudou Al-
bedo a se levantar.
Que tipo de perfume é esse, faz meu coração parecer tão leve.
Enquanto os dois já estavam andando lado a lado em direção ao salão de baile, prosse-
guir em silêncio fez o clima parecer pesado. Philip lutou para pensar em um tópico apro-
priado para abordar, mas quando chegou a hora de pensar em algo, já estavam perto de
seu destino.
“Há muitos nobres no salão. Todos eles se reuniram para vê-la, Albedo-sama.”
Parecia um pouco imprudente, mas mesmo assim recebeu uma resposta imediata.
Mesmo isso provavelmente não sendo o caso, poderia ser que ela estava começando a
gostar dele?
Ele era um homem que logo ficaria no topo de uma grande facção. Em contraste, o Reino
Feiticeiro exercia um poder militar esmagador, mas por enquanto, era pouco mais do
que uma cidade-estado.
Quando se pensava dessa maneira, ele era a pessoa certa para tal empreitada.
Albedo ficou sem reação. Ele já tinha visto seu sorriso gentil várias vezes, mas essa era
a primeira vez que ele via aquela expressão nela.
Philip sentiu a vergonha passar por ele quando percebeu que havia feito uma pergunta
inapropriada.
“Fufu — é uma surpresa que nenhum desses pretendentes tenham vindo para mim.
Ainda assim, essas ofertas seriam bastante problemáticas para mim, então, no momento,
estou bem com isso.”
“Então é isso...”
Houve um estranho som de algo rangendo. Philip olhou para a direita para ver de onde
vinha.
Suas pequenas dúvidas desapareceram quando Albedo lhe respondeu com um sorriso
no rosto.
♦♦♦
As pessoas reunidas aqui eram em grande parte inúteis desperdícios de comida, tercei-
ros filhos ou ainda pior, haviam os que eram peças de reposição das peças de reposição.
E por terem sido forçados a curvar suas cabeças para o mundo tantas vezes, agora esta-
vam cheios de ressentimento.
Então, recapitulando, este lugar foi destinado a ser um campo de alimentação desde o
princípio.
Já se passaram vários meses desde a guerra com o Reino Feiticeiro, mas as cicatrizes
que deixaram para trás foram muito grandes e não puderam se curar completamente.
Várias facções se dissolveram por causa disso e novas se levantaram para tomar seu lu-
gar. As casas nobres de classe alta haviam sido desalojadas pelas famílias que antes eram
de baixa patente. A roda do poder estava sendo girada.
Por causa disso, esse encontro foi um gigantesco campo de alimentação para eles.
Seria um daqueles que os peixes famintos levariam seus alevinos para suas próprias
barrigas.
Em contraste, os alevinos seriam comidos sem que eles percebessem? Ou eles percebe-
riam algo e habilmente fugiriam? Ou talvez — haveria nobres cheios de desejo que mu-
dariam de lado e se tornariam devoradores?
Depois de estudar essa cena por quase uma hora, Hilma concluiu que não havia nobres
aqui que pudessem ser considerados de primeira linha, o tipo que ela queria enredar
com todas as suas forças.
Mesmo assim, ela não ficou desapontada com esse resultado. Na verdade, ela ficaria
preocupada se houvesse nobres de primeira linha dando as caras em um lugar perigoso
como esse.
Ela tinha sido muito cuidadosa ao enviar seus convites, mas Hilma não achava que fosse
perfeita. Certamente haveria alguém de uma das facções aqui.
Ela pensou.
Quanto mais tivesse a dizer em seu relatório, mais seu próprio valor aumentaria. Isso
não era uma coisa ruim para ela.
Fazia uma hora e meia desde que o baile começou, então era a hora marcada.
—Estou apavorada.
Sua arrogância anterior desapareceu como se tivesse sido nada mais do que uma men-
tira.
Talvez um termo gentil como “apavorada” não seria capaz de abranger o terror que
brotou de seu estômago. Ela pensou em fugir com todas as suas forças enquanto imagi-
nava o inferno que a esperava se os desagradasse.
Como membro da Oito Dedos, ela havia dado muitas ordens de assassinato aos seus
subordinados. Ela também ordenou que as pessoas fossem atormentadas antes de se-
rem mortas. Mas comparado com o que aqueles monstros tinham feito, suas ordens
transbordavam da nata da bondade humana.
“—Hilma.”
Hilma escondeu suas verdadeiras emoções dentro de um sorriso. Entre essas emoções
estava a raiva de ser surpreendida por um pedaço de lixo como ele.
“Albedo-sama queria descansar por cerca de dez minutos, então vim te encontrar.”
“Isso é bastante razoável, dado que ela estava falando com todos os convidados. Com-
preendo; então, eu acompanharei a Albedo-sama até a sala de descanso.”
Você está maluco por acaso? Essa foi a resposta que Hilma quis dar. Não, pode ser que
ele tenha percebido alguma coisa.
“Por quê? Eu estava ao lado da Albedo-sama até agora. Não deveria ser estranho para
nós irmos juntos, certo?”
Agora, Hilma tinha certeza de que esse homem não suspeitara de nada.
Em outras palavras, ele era um idiota entre os idiotas, um inútil que não tem nem co-
nhecimento e muito menos etiqueta para ser um nobre.
“Ahhh. No entanto, meu plano é retornar imediatamente assim que chegar lá.”
“Mesmo assim, não é muito apropriado. Eu entendo sua preocupação por ela como an-
fitrião deste evento. Mas eu também sou a provedora do local, então, por favor, permita-
me assumir essa responsabilidade e acompanhar a Albedo-sama com segurança para a
área de descanso.”
“Ahh...”
Parecia que ele ia dizer outra coisa, então Hilma esperou em silêncio que ele terminasse.
A verdade era que ela queria acabar com isso o mais rápido possível. Infelizmente, esse
imbecil também foi a força motriz por trás desse encontro. Ela não podia ser muito rude
com ele.
“Tem alguma dica do que eu deveria fazer para me unir a ela em matrimônio?”
“Haaaah!?”
Hilma lutou desesperadamente contra o desejo de gritar essas palavras. Ela mal podia
acreditar que alguém pudesse ser tão estúpido. De acordo com a informação de Hilma, a
pessoa que ele estava cortejando era a mão direita do Rei Feiticeiro — em outras pala-
vras, alguém que ocupava uma posição equivalente à de um primeiro-ministro. Era im-
pensável para um nobre de baixa classe de um país vizinho realmente proferir essas pa-
lavras para alguém como ela.
Talvez se ele tivesse pedido para se casar com a Princesa Renner, Hilma poderia ter
ficado menos chocada.
“Ahhh, mas veja, eu sou um homem que conseguiu reunir muitos nobres também. Eu
acho que sou um bom partido, o que acha?”
Não, isso não era algo que pudesse ser resumido com a palavra “trauma”.
Se ela ouvisse tais palavras tolas, palavras vindas de um homem sem atrativo algum, o
que aconteceria? Ficaria tudo bem se apenas Philip recebesse as consequências. Mas se
ela fosse punida por isso também, aquele inferno negro poderia estar esperando nova-
mente.
“De todo modo, dificilmente é viável. Ouvi dizer que ela ocupa uma posição equivalente
à de uma primeira-ministra no Reino Feiticeiro. Ou seja, ela seria uma duquesa aqui no
Reino.”
Aquelas palavras, que pareciam zombar do Reino Feiticeiro, fizeram Hilma explodir em
arrepios.
Era verdade que, em termos de território, o Reino Feiticeiro não era grande, mesmo
com as Planícies Katze sendo consideradas. No entanto, seu poder militar não era esma-
gadoramente superior? Independentemente de quanto esforço se investisse em comér-
cio, diplomacia e outros campos, as relações entre as nações ainda eram decididas por
suas forças militares comparativas. Não importava quão grande fosse o território de
uma nação, porque uma vez que a nação perdesse, tudo seria retirado de seu domínio.
Se ele nem sequer entendia esse fato, então como ela poderia explicá-lo de uma maneira
que até um idiota pudesse entender?
Hilma ponderou profundamente, mas não conseguiu encontrar uma resposta. Afinal, a
sabedoria e a estupidez eram dois lados da mesma moeda.
“Isso não pode ser feito. Não há chance dessa mulher se casar com o senhor, Philip-
sama.”
“...Mas eu senti que temos uma boa química. Ficamos muito bem juntos, quando entra-
mos no salão, não notou?”
No entanto, ao mesmo tempo, ela queria deixar esse sujeito sentir o gostinho de como
era ter algo se contorcendo em seu estômago.
“...Talvez eu tenha falado demais. Por favor, permita-me escoltar a Albedo-sama. O se-
nhor deveria ficar aqui e se divertir como o anfitrião, Philip-sama.”
“...Bem, já que é assim, não há nada que eu possa fazer. Deixarei a Albedo-sama aos seus
cuidados, então.”
Hilma abaixou a cabeça, mantendo essas palavras em seu coração. Então, para não ouvir
mais as babaquices deste imbecil, ela foi direto para o lado de Albedo.
Albedo estava falando com um nobre. Em circunstâncias normais, Hilma poderia ter
esperado até terminarem. Entretanto, lidar com um idiota a tinha esgotado, então sem
delongas ela se intrometeu na conversa e abordou Albedo:
“Certamente... peço perdão por isso, mas farei uma pequena pausa.”
Tomando Albedo pela mão, Hilma a levou para fora do salão de baile.
Hilma se virou quando ouviu a voz atrás dela. Se as coisas fossem ruins assim, o que ela
deveria fazer?
“Aquele homem repugnante encostou em mim. Só um homem neste mundo pode tocar
meu corpo de uma maneira luxuriosa... Merda. Aquele pedaço de merda sem cérebro...”
As palavras foram acompanhadas por um ranger de dentes. Pensar que o rosto dela,
que normalmente trazia um sorriso gentil, na verdade mostraria seu desprazer tão aber-
tamente. Isso era um indicador de quão infeliz ela realmente estava?
“Ah, s-sim...”
“Ara~, se esse é o caso... você pode se livrar daquela criatura e depois colocar outro
humano em seu lugar?”
“Se for seu desejo, então eu imediatamente prepararei outra marionete para seus cor-
déis, Albedo-sama.”
Albedo abriu a boca e fechou. Ela repetiu essa ação várias vezes.
Claro, não importava quem fosse escolhido. Apenas o inferno iria esperá-lo. Ainda as-
sim, o que quer que acontecesse com aquele idiota chamado Philip seria apenas conse-
quências de seus atos.
“Hu... não importa. Ele foi apenas um incômodo passageiro. Graças a tolice dele, conse-
guiu causar uma grande impressão nos nobres do jantar real, então trocá-lo agora seria
um desperdício... Hm, pode ser divertido acompanhar isso. Mas não, provavelmente não.”
Não, isso seria muito assustador. Ela não poderia dizer a Albedo. Afinal, ela pode se
envolver nisso também.
“Ele não fez nada, mas acredita que é o escolhido dos deuses. Ele realmente alcançou o
nível supremo de incompetência.”
“Correto. Anseio pelo dia que vou esmagá-lo no chão. Ele deve ser punido pelo crime de
tocar meu corpo, que pertence ao Ainz-sama, com aquelas mãos imundas.”
Elas não falaram depois disso, nem encontraram mais ninguém. Hilma levou Albedo
para uma sala.
Hilma reuniu todas as forças. Em seu coração, ela resolveu dormir por um dia inteiro
depois que tudo isso acabasse.
Depois que Hilma abriu a porta, homens sentaram-se nas cadeiras com delicadeza como
um só. Todos eles eram tão magros quanto Hilma. Eles eram colegas de Hilma; os cinco
líderes da Oito Dedos e seu presidente, totalizando seis pessoas.
Eles também eram as pessoas que ela mais confiava neste mundo. No passado, eles ti-
nham rivalizado com os lucros, mas agora não pensavam mais nisso. Depois de aprender
sobre a ligação entre Jaldabaoth e o Reino Feiticeiro, seus destinos estavam agora inter-
laçados. Eles não tinham escolha a não ser trabalhar como escravos até que este país
fosse consumido e eles fossem libertados.
Esses amigos íntimos abaixaram a cabeça profundamente enquanto viam a própria en-
carnação do terror, Albedo. O medo que não conseguiam esconder tornou-se visível no
tremor dos ombros.
Hilma fechou a porta da sala e Albedo ocupou o assento mais alto da sala. Os homens e
Hilma se levantaram, permaneceram de pé enquanto esperavam suas ordens.
“Ótimo, repassarei as ordens. Você deve transferir recursos para o Reino Feiticeiro.”
O chefe da Divisão de Contrabando não perdeu um segundo para responder. Como ele
poderia atrasar? Uma vez que eles foram convocados assim, a única resposta possível a
qualquer ordem que lhes foi dada seria “Entendido”. Não havia mais nada que pudessem
fazer além disso.
“Eu não estou me referindo a isso. Tudo o que precisa fazer é realizar transações a um
preço adequado. Depois disso, você usará o dinheiro ganho para importar alimentos em
O futuro de que ela falou certamente aconteceria, dada a queda maciça na força de tra-
balho do Reino.
O homem cuidadosa e graciosamente aceitou o pedaço de papel que ela havia oferecido.
“Sim, senhora!”
Ele inclinou a cintura e curvou-se com tanta força que bateu a cabeça contra a mesa,
atingindo-a com uma quantidade surpreendente de força.
“Meus subordinados estão atualmente se infiltrando na Guilda dos Magistas para con-
duzir uma investigação profunda sobre eles. Se eu puder ter mais tempo— não, se esti-
ver disposta a aceitar um relatório em andamento, posso fazer um agora mesmo!”
“Não precisa. Apenas acelere suas ações. Além disso... sim. Você já decidiu sobre seus
novos colegas? Nesse caso, precisamos levá-los para o batismo.”
Os colegas em questão deveriam preencher os lugares vazios da Oito Dedos como novos
chefes de divisão.
Assim que recordou exatamente o que batismo implicava, Hilma sufocou a vontade de
vomitar. Expressões semelhantes às dela apareceram nos rostos de seus amigos, que
estavam desesperadamente tentando manter seus nervos faciais sob controle.
A razão pela qual disse isso foi porque as divisões que os recém-chegados seguiriam
eram irrelevantes. Os assentos vazios pertenciam aos chefes das divisões de segurança
e escravatura. Não havia praticamente nenhum comércio para último, então havia pouco
benefício em ter alguém que preenchesse essa posição. Quanto à primeira posição, a pró-
pria necessidade de sua existência estava em xeque. Além do mais—
“Os senhores que fomos autorizados a pedir emprestado tiveram um ótimo desempe-
nho. Pode não estar fora de questão tê-los como chefes de divisão.”
Os senhores em questão se referiam aos undeads que lhes haviam sido emprestados,
cada um dos quais possuía um poder inacreditável.
Assim que perceberam que os membros do Seis Braços estavam mortos, um grupo de
subordinados — os líderes dos quais haviam sido originalmente Trabalhadores — co-
meçaram a tramar uma rebelião violenta. Como resultado, enviaram uma dessas criatu-
ras undeads. E como resultado, essa entidade eliminou quase 40 pessoas sem deixar es-
capar uma única.
Havia outro motivo para isso; um risível, na verdade. Isso porque ninguém aqui queria
que alguém mais passasse pela mesma coisa que aqueles idiotas passaram. Esses mes-
tres endurecidos pelo submundo, podiam calmamente ordenar a morte de um homem,
mas não queriam que ninguém mais experimentasse o mesmo desespero que sentiam.
“...Compreendo. Tudo ficará bem desde que a organização funcione normalmente. En-
tão, vocês têm algum pedido especial para mim?”
“Hmm, claro. Se você puder pagar a taxa apropriada, não haverá problema.”
A testa do orador começou a suar profusamente. Ele limpou com um lenço que estava
tão molhado que havia mudado de cor. A coisa assustadora sobre o Reino Feiticeiro não
era simplesmente o Chicote que empunhava, mas as Cenouras que ele oferecia.
Eles não tiravam tudo como os fortes fariam com os fracos, mas conduziam negócios
como comerciantes qualificados e jogavam segundo as regras. Enquanto eles não mos-
“Então, não há muito mais para ser dito. Acredito que já mencionei isso antes, mas tra-
balhem ao máximo para ajudar o Reino Feiticeiro a engolir o Reino no futuro. Em prepa-
ração para esse dia, vocês fariam bem em começar a fazer incursões para se tornarem
negociantes de sucesso.”
“Entendido!”
Nenhum deles poderia se opor ao Reino Feiticeiro devorando o Reino. Já que esses
monstros haviam feito essa declaração, era apenas uma questão de tempo até que cer-
tamente ocorresse.
No começo, pensaram em pedir a Rosa Azul, Gota Vermelha e a Escuridão por ajuda. Mas
depois de ouvir sobre o incrível poder do Rei Feiticeiro, que contava com Jaldabaoth
sendo um dos seus lacaios, eles perceberam que não havia esperança. Tudo o que po-
diam fazer era baixar a cabeça e esperar o fim chegar.
“Tem mais uma coisa que eu queria dizer. Há um item mágico que eu quero que vocês
usem suas redes de inteligência para localizar para mim. Envie relatórios regulares dos
seus resultados em um pergaminho endereçado a Albedo no Reino Feiticeiro. No entanto,
eu não sei nada sobre sua aparência externa, ou se o item existe.”
“Não, deve ser algo mais poderoso que isso. Eu estou procurando por algo que não es-
teja em circulação no mercado, um item lendário ou pelo menos notícias sobre ele. Me
informem tudo que encontrar, por mais insignificante que seja. Fui clara?”
Era óbvio o porquê ela desconfiaria de tal item, e então eles imediatamente mostraram
que entenderam.
“Pri-Pri-Princesa-sama!”
Ela não havia batido, o que dificilmente era um ato que fosse digno de elogios, mas, em
vez disso, implicava que algo havia acontecido que a deixara nervosa ao ponto de não o
fazer.
Renner imediatamente viu o que estava acontecendo. No entanto, na frente das empre-
gadas, Renner era uma princesa inocente. Por causa disso, ela imprimiu uma impressão
adequadamente sem noção e perguntou com uma voz igualmente ingênua:
“O que foi?”
O som de fazê-lo pareceu sacudir a empregada de volta à realidade e ela entrou rapida-
mente em ação.
“S-s-sobre isso—”
A empregada fez o que Renner disse, tomando várias respirações profundas para regu-
lar sua respiração ofegante. Depois de recuperar um pouco de calma, Renner perguntou:
“N-não, não é isso. A Emissária-sama do Reino Feiticeiro diz que quer conhecê-la, Ren-
ner-sama!”
“É uma dama?”
A pergunta de Renner deveria ter sido estranha, porque havia apenas uma mulher entre
os emissários do Reino Feiticeiro. Parece que ela queria levar a empregada confusa ao
limite. No entanto, a respondeu seriamente.
Pensou Renner. Quanto mais coisas bobas ela fazia, mais ela construía uma reputação
que podia usar. Não passava de encenação.
Climb estava de pé ao lado dela. Sua armadura tilintou em resposta. Ele não deveria ter
sido capaz de saber o que estava acontecendo.
Suas ações adoráveis, como um filhote inocente, encheram o coração de Renner com
uma onda de ternura.
Não havia como ele descobrir o porquê de a emissária vir aqui para encontrar Renner.
Ele já tinha visto ela trocar cumprimentos com Renner. Sendo esse o caso, falar com a
Terceira Princesa — que era pouco mais que um ornamento — não traria nenhum be-
nefício para o Reino Feiticeiro. Pelo menos, era isso que Climb deveria estar pensando.
A frase “Quanto mais a criança é retardada, mas ela se torna fofa”, certamente era ver-
dade. Ou melhor, alguém poderia dizer que os amava apesar de suas deficiências. Bem,
provavelmente seria correto, independentemente de como olhasse para essa alegação.
Se alguém além de Climb tivesse feito isso, outras emoções teriam chegado à superfície.
Embora fosse impulsionada pelo desejo de olhar para os olhos brilhantes de Climb para
sempre, ela teve que se contentar com isso por agora. Pelo menos, até o momento em
que fosse envolvida por esse delicioso doce açucarado novamente.
Inclinar sua cabecinha delicada era muito importante. Fazer isso induziria uma reação
negativa na parte preocupada. Sua eficácia foi comprovada após vários experimentos.
E com certeza, chamas fracas piscaram nas pupilas da empregada. Eram chamas de
raiva. No mesmo momento, a armadura de Climb tilintou suavemente.
Ele deve ter percebido os sentimentos da empregada e pensado em alguma coisa. Mas
o som logo parou e ele voltou para a posição inerte.
Tão fofo.
Ele era como um cachorrinho que estava confuso sobre se devia ou não dar um passo à
frente, a fim de proteger sua amada.
Ele provavelmente estava gritando por dentro, já que confiava muito em Renner. Se
tivesse nascido em berço nobre, esse tipo de coisa não aconteceria. Renner resistiu ao
desejo de se virar para olhar para Climb, que estava de pé atrás dela. Isso porque a em-
pregada intrometida abriu a boca para falar:
“Infelizmente eu não sei o motivo, apenas sei que ela deseja te conhecer.”
“Entendo... Albedo-sama é uma mulher também, então talvez seja conversa de meninas...
será sobre maquiagem?”
Ela fez essa pergunta de maneira inocente— ou talvez digna de alguém completamente
desmiolada.
Depois de sua resposta fingida de prazer, Renner se virou para olhar para Climb.
“Hmmm~ Climb, me desculpe, mas já que isso é uma questão entre as mulheres, você
poderia sair por um tempo?”
“Entendido.”
Era uma pena, mas ela não poderia evitar. Climb não precisava saber sobre coisas incô-
modas. Tudo o que ele precisava fazer era olhar para ela com aqueles lindos olhos de
cachorrinho.
♦♦♦
Quando Albedo entrou na sala, havia apenas uma pessoa lá dentro. Albedo tinha quatro
objetivos em vir para a Capital Real.
O primeiro foi o transporte de recursos. O segundo foi criar um casus belli. O terceiro
foi estabelecer as bases para seus objetivos pessoais. O quarto seria fazer negócios com
a dona desta sala. Não, chamar isso de “negócios” não seria totalmente preciso. Isso seria
mais como uma recompensa.
Albedo atravessou a sala e sentou-se sem esperar que a dona da sala lhe desse permis-
são. Então, ela olhou para a garota que estava genuflectindo diante dela com a cabeça
abaixada e disse:
“—Sim.”
“Ara~”
Albedo parecia bastante interessada na reação de Renner, que era completamente di-
ferente do que ela havia mostrado até então.
Ela havia traído sua família, sua linhagem e seu povo, mas não havia sequer um pingo
de pesar em seu rosto. Ela era humana, mas completamente desumana. Talvez fosse um
heteromorfo espiritual. Sua mente compreendia o bem e o mal, mas isso era tudo. Ela
era do tipo que não estava presa às pequenas restrições da moralidade, mas que calma-
mente trabalhava para avançar em sua própria agenda.
Albedo ergueu a mão e retirou o item que seu mestre lhe dera para manter em segu-
rança. Era uma caixa que continha várias camadas de selos. Era impossível abrir sem
preencher condições específicas.
“Isto seria...”
Quando a moça aceitou com gratidão, Albedo a observou com um olhar frio, como se a
menina fosse pouco mais do que uma cobaia. De fato, ela era uma cobaia. Mas por causa
disso, os dois lados compartilhavam os mesmos objetivos.
“A senhora tem minha mais profunda gratidão. Por favor, transmita meus agradecimen-
tos a Sua Majestade, Ainz Ooal Gown-sama.”
“O farei. Eu confio que não preciso desperdiçar palavras no outro item que você quer?”
“Claro. Receberei essa benção quando tiver entregue uma recompensa apropriada. Não
há nada mais delicioso do que isso.”
A garota sorriu. Foi um sorriso muito amável. Foi por isso que ela perguntou:
“Entendido, Mestra.”
Quando a garota abaixou a cabeça novamente, um par de olhos apareceu em sua som-
bra. Um Shadow Demon se esgueirando para fora que abaixou a cabeça junto com a ga-
rota.
Albedo considerou se devia ou não lhe emprestar reforços extras, mas no final ela deci-
diu não mencionar isso. Se as ações da garota fossem expostas antes que o Reino Feiti-
ceiro invadisse o Reino, isso significaria que não havia valor em levá-la a Nazarick.
Parecia haver uma mudança no tom de Albedo, e havia uma expressão de confusão no
rosto de Renner.
“Terminar a reunião neste momento seria muito apressado. Vamos discut— conversar,
então. Tudo bem, sente-se. Pode me contar sobre o seu cachorrinho?”
“Eu adoraria, Albedo-sama. Além disso, se puder, poderia me contar sobre Sua Majes-
tade, também?”
Em seguida, estavam os Cardeais, os mais importantes detentores das seis seitas dedi-
cadas aos Seis Deuses. A propósito, cada um deles, excluindo aqueles pertencentes à
mesma seita como o atual Pontifex Maximus, era um potencial candidato para ser o pró-
ximo Pontifex Maximus.
A única mulher entre eles. Ela tinha mais de 50 anos e um pouco gorda, possivelmente
devido à sua idade. Seu rosto bem rechonchudo tinha um sorriso maternal que trazia a
todos os que olhassem uma sensação de serenidade.
Um velho enrugado. Era tão velho que não se podia dizer sua idade exata, e sua pele era
marrom parda. Embora se preocupassem com sua saúde, nenhuma poderia exceder seu
intelecto.
Parecia um velho bondoso, mas foi originalmente da Escritura da Luz Solar e extermi-
nou muitos seres heteromórficos durante seu tempo como guerreiro sagrado. Sua ira
era como um incêndio, enquanto sua intenção assassina era como uma geleira.
Um homem de olhos perspicazes e o mais novo dentre os presentes. Dito isto, ele ainda
estava na casa dos 40 anos, embora sua avidez tornasse esse fato difícil de acreditar. Ele
era um ex-membro da Escritura Preta que serviu por 15 anos — um herói que havia
defendido sua nação.
Seus olhos estreitos e o corpo magro o faziam parecer uma pessoa sinistra, mas defini-
tivamente não era o caso. Todos aqui sabiam o motivo. Como usuário de magia divina,
ele ficava no topo, ou pelo menos bem perto, de todas as pessoas aqui presentes.
Ele estava cercado por inúmeros livros que flutuavam no ar, sustentados por versões
aprimoradas da magia 「Floating Board」. Ele usava óculos redondos e, originalmente,
Interlúdio
172
foi um sacerdote do Judiciário. Por isso, muitos dos livros que levitavam ao lado dele
pertenciam à lei.
Além disso, havia os chefes do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Poder Execu-
tivo no governo da Teocracia. Havia o chefe do instituto de pesquisa que lidava com pes-
quisa mágica. Além disso, havia o Grão-Marechal, o mais alto detentor de nomeação nas
forças armadas.
Não havia descuido em seus movimentos, eles limparam a sala com movimentos bem
praticados.
Nem uma única dessas pessoas — que estava no auge da Teocracia Slane — estava re-
laxando. O suor jorrava de suas testas, suas vestes bonitas e imaculadas estavam man-
chadas de poeira, mas ninguém parou até que a sala ficasse impecável.
A sala já estava razoavelmente limpa antes de começarem, mas agora parecia brilhar.
Nenhum deles pensou em limpar o suor. Em vez disso, eles se alinharam diante das seis
estátuas — que pareciam estar defendendo essa sala — e abaixaram a cabeça.
“Hoje, agradecemos aos deuses por nos permitirem viver mais um dia.”
Depois que o Pontifex Maximus disse aquelas palavras, todos repetiram depois dele.
Seria trivial limpar a sujeira e a poeira com uma magia de primeiro nível. Fortalecer
essa magia permitiria que toda a sala fosse limpa com facilidade. No entanto, não havia
ninguém entre eles que fosse herege o suficiente para fazê-lo nesta sala sagrada.
“Nosso primeiro tópico é a tomada da Cidade Fortaleza de E-Rantel do Reino e sua área
circundante como o coração do Reino Feiticeiro de Ainz Ooal Gown, duas semanas atrás.”
Não havia nada que pudesse ser mais importante do que o súbito advento desta nação
misteriosa.
Para começar, eles sabiam que o Rei Feiticeiro era uma criatura undead, e também sa-
biam que era um magic caster extremamente poderoso que havia destruído o Exército
Real, que controlava um exército de mortos e que havia Death Knights entre os undeads
e assim por diante.
Raymond, que comandou as Seis Escrituras, relatou esses detalhes em sua capacidade
de organizador da reunião.
“Eu sabia que não devíamos deixar aquilo acontecer, deveríamos ter intervindo naquela
guerra!”
“...O que está dizendo? Uma batalha aberta contra um magic caster que controla Death
Knights é extremamente perigosa. Já não concordamos com isso antes? Pode até argu-
mentar ter se oposto, mas não tente invalidar nossa decisão anterior... Mesmo assim, eu
não achava que ele realmente estabeleceria uma nação.”
“O que o Império planeja fazer? Eles são aliados do Reino Feiticeiro e endossaram a
fundação daquela nação, então isso significa que eles são oficialmente colaboradores
agora? Ou estão sendo controlados por magia?”
“Ou seja, acho que cometemos um erro ao pensar que o Imperador poderia ser confiá-
vel.”
Interlúdio
174
“... Bem, a questão aqui é, ele é um dos indivíduos mais talentosos de lá, e parece que
não está sendo bem valorizado. Devemos começar o plano para atraí-lo para o nosso
lado?”
“Bem—”
Depois de um breve bater palmas, o debate que estava prestes a se aquecer rapida-
mente arrefeceu.
“—A Astróloga das Mil Ligas observou a batalha entre o Império e o Reino. Mas houve
um pequeno problema, então o relatório foi atrasado. Eu imploro seu perdão.”
“Então, nós distribuiremos os registros do que ela viu. Estes não foram verificados por
terceiros, são apenas o relato dela sobre o que ela viu do exército do Rei Feiticeiro no
campo de batalha.”
Que problemático...
Todos pensaram, embora não tenham dito. Eles pegaram os registros e os estudaram.
Eles pararam na última folha, repassaram a mesma parte repetidas vezes. Todos tinham
as mesmas expressões severas e seus rostos lentamente ficaram pálidos.
Raymond sorriu ao ver as mudanças em suas expressões. Ele tinha passado pela mesma
situação anteriormente e estava feliz porque a doce miséria era visível em todos.
E então, como se os representasse, Maximilian gritou. Sua boca se abriu tão larga que
seus óculos caíram, mas ele não pareceu se importar com isso.
“Eu já te disse, não? Esta é apenas uma descrição do que ela afirmou ter visto.”
Ele estava ofegando como se tivesse acabado de correr. Enquanto Maximilian lutava
para recuperar a respiração, Berenice decidiu fazer outra pergunta, para ver se alguém
compartilhava suas opiniões.
“Se todos aqui ainda acreditam na palavra da “Mil Ligas”, então sim.”
“...Assim como nós. Se essas coisas nos atacassem, precisaríamos de séculos para nos
recuperar dos danos.”
Death Knights. Dificuldade estimada em 100 ou superior. Eles são capazes de criar
Squire Zombies, que poderiam fazer outros Zombies. Os próprios Zombies não tinham
muito poder de combate, mas poderiam levar ao surgimento de undeads mais fortes.
Soul Eaters. Dificuldade estimada em 100 a 150. Undeads com habilidades de efeito de
área. Eles podiam consumir as almas dos falecidos para sustento e se tornavam mais
fortes à medida que devoravam mais almas. Eles irradiam uma aura de medo. Sem pelo
menos um magic caster de 3º nível, até mesmo olhar para eles seria impossível.
Todos eram undeads que poderia destruir uma cidade ou um pequeno país.
“Ela não está enganada? Talvez o Rei Feiticeiro tenha percebido nossa vigilância e
usado ilusões para nos confundir.”
Yvon avançou com essa possibilidade enquanto esticava seus braços esguios e resse-
quidos.
“A Escritura Preta conhece muitos monstros. Embora seja verdade que ela possa não
ter tido uma noção completa das coisas, a Astróloga das Mil Ligas estava encarregada de
fornecer suporte de inteligência para sua equipe. Não há como ela ter se enganado. Além
disso, verificamos avistamentos de Death Knights e Soul Eaters na capital do Reino Fei-
ticeiro — a antiga cidade de E-Rantel.”
Tudo o que podiam fazer era reconhecer em vozes cheias de cansaço e depois continu-
aram a discutir o assunto.
“O que faremos então? Qual é o melhor curso de ação para nós, como os protetores da
humanidade? O que podemos fazer contra cerca de quinhentos monstros, cada um dos
quais pode destruir uma nação por si mesmo?”
Interlúdio
176
“Então, as forças deles equivalem a quinhentos países pequenos... isso é insano, não
acham? Quanto caos esse país poderia incutir no equilíbrio entre as nações?”
“A questão é: O que o Rei Feiticeiro pretende fazer com esse poderio militar? Caso só
pretendam defender seu território, não será um problema a curto prazo.”
“Simples assim? Muito poder apenas para se defender. Além disso, o Rei Feiticeiro é um
undead, eles odeiam os vivos, esqueceram? Tenho certeza de que ele usará seu poder
para atacar os países vizinhos.”
“Não importa como o Rei Feiticeiro pretende usar seu poderio militar. O que importa é
o que podemos fazer sobre isso.”
“Então... a Escritura Preta pode lidar com isso? Essa é a coisa mais importante.”
Seus membros eram os ases da Teocracia Slane, uma unidade de forças especiais com-
posta de heróis. Poder-se-ia pensar neles como aventureiros de ranque adamantite, mas
havia uma diferença crítica entre os dois, isso é, seus equipamentos.
Quando os deuses vieram a este mundo, eles haviam deixado equipamentos dignos de
uma divindade para trás, mas os aventureiros precisariam ir em missões épicas, daque-
las vistas em sagas heroicas, tudo apenas para obter uma única peça dessa panóplia.
Em contraste, cada membro da Escritura Preta possuía vários artigos de tal panóplia.
Se nem mesmo eles conseguissem lidar com uma ameaça como essa, então eles ainda
poderiam conduzir um grande ritual para conjurar o anjo mais poderoso para lidar com
o problema.
Certamente o mais exaltado dos anjos seria capaz de triunfar sobre os Death Knights e
Soul Eaters. No entanto, o grande número de inimigos os deixava muito desconfortáveis.
Ele riu. Algumas pessoas sorriram em resposta ao riso dele, mas aqueles sorrisos con-
gelaram em seus rostos quando ouviram o que ele disse em seguida:
“É impossível. Eu digo isso como antigo Terceiro Assento da Escritura Preta; qualquer
um que espere que enfrentemos quinhentos deles deve ser um louco absoluto. Já seria
ruim o suficiente mesmo se estivessem apenas em números iguais a nós. Não, se não
fosse por isso, por que a Astróloga das Mil Ligas se trancaria em desespero? Contudo...”
“Ohh!”
“Os dois devem ser capazes de lidar com um exército de Death Knights e Soul Eaters.
Claro, apenas no caso, ainda precisamos dar a eles o máximo de assistência que puder-
mos.”
Em meio a esse júbilo, apenas Ginedine fez “hmph”. Sentindo o ar pesado de fadiga ao
redor dele, todos se aquietaram.
“A lei não proíbe falso testemunhos e obscurecimento da verdade neste lugar? Mas so-
mos confrades servindo sob o mesmo propósito, sob a mesma bandeira, mentir aqui é
uma heresia grave. Agora que te lembrei disso, vou te perguntar pela última vez; o que
está escondendo?”
“Dominic, algo não se encaixa aqui. Por que a Astróloga das Mil Ligas se trancou?”
Sabendo que ninguém poderia responder a essa pergunta, ele continuou a falar:
“Ela está desesperada. Ou talvez esteja em choque. É verdade que um exército de mor-
tos é assustador. Mas ela faz parte da Escritura Preta. Você realmente acha que ela iria
se esconder só por causa disso? ...Ou é porque ela viu algo que até mesmo os Godkins
não conseguiram vencer? Admita, este relatório não está completo, não é?”
“...Onde você quer chegar escondendo isso? Eu confio em você. Eu sei que você não é o
tipo de homem que usaria as Escrituras para ganho próprio. Mas por que não revela toda
a verdade?”
Interlúdio
178
Raymond olhou para todos.
“O quanto sabem da batalha entre o Reino e o Império— não, entre o Reino e o Reino
Feiticeiro?”
“Ouvi dizer que o Rei Feiticeiro usou uma poderosa magia. Como resultado, o Exército
Real enfraqueceu e foi derrotado. Por causa disso, eles obedeceram aos pedidos feitos
antes da batalha e cederam E-Rantel ao Reino Feiticeiro para a fundação de uma nação.
Isso é tudo.”
“E o número de mortes?”
“Eu não sei. Essa notícia ainda não chegou até mim. Creio que o mesmo vale para todos,
correto?”
“Sim. Sacerdotes e comerciantes não vão mais à E-Rantel agora que se tornou o coração
do Reino Feiticeiro, com um rei undead. Então, tudo que ouvimos são rumores de pro-
cedência desconhecida.”
“Precisamos das Escrituras— esse tipo de coisa é mais adequada para as Escrituras da
Água Pura do que a Escritura da Flor do Vento?”
“Sim, e é por isso que somente o comandante das Seis Escrituras — você sabe quem —
conhece a verdade. Tudo o que aprendemos é do pouco que vazou.”
“...Entendo. Então, mostre a versão completa e integral do que a Astróloga das Mil Ligas
viu durante a batalha.”
Sentindo que isso não poderia mais continuar, Yvon levantou uma questão:
“Entendi, entendi... Você estava com medo de que nossos corações parassem se vísse-
mos isso de antemão?”
“Na verdade, não. Seus corações são fortes o suficiente para germinar cabelos. Eu estava
simplesmente com medo de que, se eu abrisse com isso, ninguém acreditaria.”
“Ainda assim... eu não quero acreditar. Com apenas uma magia, ele matou mais da me-
tade do Exército Real. Durante aquela batalha, o Reino mobilizou duzentos e sessenta
mil homens. Metade disso seria pelo menos cento e trinta mil pessoas, certo? Eu ouvi
que o Exército Real foi derrotado, mas isso...”
“Só ela que testemunhou? Não é incomum que o número de mortos e a contagem de
baixas sejam exagerados...”
“Mesmo assim, a descrição de exterminar uma ala inteira do Exército Real com uma
magia significa mais de oitenta mil mortes. Se isso não bastasse, ainda surgiram mons-
tros abissais vindos dos sacrifícios...”
“Eu não posso negar o que ela viu. Isso é magia dos deuses. O Décimo primeiro nível de
magia, eu presumo? Deve ser isso.”
“O que está escrito aqui é semelhante à descrição daquele deus... é possível que Ele te-
nha descido dos céus mais uma vez?”
“Impossível. As tradições orais afirmam que o Deus da Morte, Surshana-sama, foi morto
pelos execráveis Oito Reis da Ganância. Isso deve ser outra coisa. E se Surshana-sama
tivesse realmente descido mais uma vez, aquela pessoa certamente teria nos dito. Afinal,
aquela pessoa é a primeira seguidora de Surshana-sama.”
“Creio que sim, a julgar pelas tradições orais. Pode ter aparecido em algum lugar do
continente.”
Todos tinham olhares de ódio em seus olhos quando ouviram essas palavras.
O Reino era o país mais geograficamente seguro de todos. Por causa disso, a Teocracia
Slane os ajudou na esperança de que o Reino se tornaria a nação que salvaria a humani-
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180
dade. Criando grandes quantidades de seres humanos em terras seguras e férteis, mui-
tos indivíduos talentosos também apareceriam, que poderiam ser criados como heróis
que poderiam resistir contra invasões não-humanas. No entanto, paz e prosperidade fi-
zeram com que eles caíssem em degeneração, e o Reino apodreceu por dentro.
O que foi mais preocupante foi como eles produziram narcóticos e os exportaram para
o outro país promissor, o Império.
Seu plano de apoio era permitir que o Império devorasse o Reino e então educasse os
talentosos indivíduos dentro do Império.
A razão pela qual a Teocracia não conquistou o Reino foi porque se tornariam vizinhos
do Conselho Estadual, o que poderia levar a uma perigosa conspiração interna para des-
truir o Conselho Estadual.
O princípio básico da Teocracia era que a humanidade fôra escolhida pelos deuses e
todas as outras raças tinham que ser exterminadas.
Assim, eles incutiram nas pessoas de que estavam cercados por inimigos e que eles não
tinham escolha a não ser trabalhar juntos. Essa foi a única maneira pela qual puderam
concentrar seu poder nacional e se tornar um país forte. No entanto, caso se tornassem
vizinhos do Conselho Estadual, havia uma chance de que sua filosofia pudesse levá-los a
uma direção perigosa.
Todos aqui entendiam que só podiam planejar o futuro da Teocracia Slane conhecendo
a força de seu país, assim saberiam quais países deveriam tomar cuidado. No entanto, o
povo comum iria gritar por guerra com o Conselho Estadual, a fim de destruir os inimi-
gos da humanidade.
É claro que todos aqui poderiam facilmente eliminar esse ressentimento pela força de
vontade, mas isso produziria reações que enfraqueceriam seu poder nacional. Além
disso, eles não podiam negar a possibilidade de uma guerra no futuro.
“Vamos considerar o Rei Feiticeiro primeiro. Para começar, ele deveria ter sido aquele
que destruiu a Escritura da Luz Solar, algum tempo atrás.”
“Um magic caster com esse nome apareceu em um vilarejo próximo quase ao mesmo
tempo. Não deve ter erro aqui, concordam?”
“E a tal Vampira que a Escritura Preta encontrou? Uma lacaia do Rei Feiticeiro?”
“É bem possível, mas acho que é mais provável que seja alguém como o Rei Feiticeiro,
assim como aqueles seres. Caso contrário, não há como explicar tamanho poder.”
“Tem razão, já que estamos no tópico de aparições múltiplas, Jaldabaoth deve ser um
também? Isso explicaria o poder que ele exerceu no Reino, bem como a razão para um
monstro com esse tipo de poder aparecendo de repente.”
“Então, e o tal do Momon? Ele parece estar perseguindo um Vampiro, mas se essa pre-
visão estiver correta, esse Vampiro deve ser uma entidade semelhante ao Rei Feiticeiro.
Isso também explicaria o porquê ele é tão forte quanto o Jaldabaoth. A questão é se ele é
ou não um aliado do Rei Feiticeiro...”
“Momon matou uma Vampira e ficou contra Jaldabaoth. Dado que eles podem ser da
mesma laia, mesmo assim se opondo um ao outro... será possível que eles ainda possam
ser inimigos? Quem sabe, ele pode ter negociado uma trégua com o Rei Feiticeiro e se
tornou um aliado.”
“Então há apenas a questão do porquê ele matou a Vampira e se opôs ao Rei Feiticeiro.
Talvez ele a tenha matado por ela ter sido controlada pelo Tesouro Supremo. Ainda as-
sim, por que se oporia a Jaldabaoth? ...Se o Momon fosse um amigo do Rei Feiticeiro, em
que tipo de cenário ele seria inimigo de Jaldabaoth?”
“O pior cenário é que todos os quatro estão do mesmo lado, mas a probabilidade disso
é muito baixa. O Momon é muito humilde. Normalmente, alguém com tanta força seria
muito mais petulante. Sim, assim como os Oito Reis da Ganância. Ou talvez, como nossos
Deuses.”
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“Concordo. Então a razão pela qual ele não fez isso foi porque estava à procura de ou-
tros. Não, talvez ele estivesse atento aos outros no mesmo nível que ele.”
“Então, já que o Rei Feiticeiro deu às caras e começou a construir sua nação, algum outro
monstro achar isso uma afronta e fazer o mesmo. Se as palavras de Momon são confiá-
veis, a Honyopenyoko tem um companheiro. Precisamos tomar cuidado, o mesmo vale
para o Jaldabaoth.”
“Isso tudo é apenas conjectura. Mas precisamos pensar em fazer contato com o Rei Fei-
ticeiro ou o Momon.”
“É muito arriscado. Muito mesmo. Em vez disso, deveríamos ir ao Império e obter in-
formações dos povos de lá, e depois fazer contato com o Imperador.”
“Ao meu ver, tudo bem. Claro, contanto que o Imperador não abane o rabo para o Rei
Feiticeiro.”
“Em todas as apostas existem riscos. Se não fizermos nada além de nos escondermos,
acabaremos tendo de lidar com um daqueles monstros.”
“Mas, quando sugere uma aposta... O que seria apostado? Se errarmos, será um casus
belli para nos atacar, não? Devemos tentar entender a posição do Imperador sobre o
assunto antes de fazer contato.”
Quando todos concordaram com essa proposta, alguém fez uma pergunta razoável.
“...Ainda assim, não houve revoltas em E-Rantel, aquela cidade governada pelos unde-
ads? Todos foram mortos? Ou há um reinado perfeito de terror no lugar?”
“Hahh!?”
Este som não se encaixava nessas pessoas, mas não puderam evitar.
“Hmhm. Na minha idade, acabo ouvindo coisas erradas, mas parece que minha audição
está cada vez pior. Raymond, você realmente disse pacífico?”
“...Tudo bem, chega de piadas. Se o Raymond está dizendo a verdade, isso seria uma
visão verdadeiramente inimaginável. O nosso informante é maluco ou um piadista?”
Em face de Maximilian e seus óculos caídos, Raymond não mudou suas palavras en-
quanto se repetia.
“Haaah!?”
Cada um deles era um tipo de undead de poder avassalador. Mas agora, cavaleiros do
submundo mantinham a ordem pública como bons soldadinhos, mestres de labirintos
insondáveis sentavam-se à mesa controlando o fluxo de mercadorias, monstros que po-
deriam dizimar uma cidade inteira faziam o trabalho de burro de carga.
Undeads passeavam pelas ruas e administravam a cidade. Tudo o que eles podiam ima-
ginar era que todos os humanos estavam mortos.
Imaginar o ato de caminhar ao lado de uma criatura undead que odiava os vivos fez com
que todos os presentes tremessem de medo.
Isso seria como viver ao lado de um monstro faminto. Seria normal que uma pessoa
normal tivesse medo.
“Deve que só estão aguentando isso pois confiam no grande guerreiro, o aventureiro e
herói, Momon, O Negro.”
Raymond disse o relato do que aconteceu no primeiro dia do reinado do Rei Feiticeiro
sobre E-Rantel.
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184
Todos ouviram atentamente.
“Como eu pensava. É impossível que o Momon tenha sido amigo de antemão do Rei
Feiticeiro.”
“Ara~, não é mais uma prova de que esse tal de Momon e o Rei Feiticeiro estão em
conluio? Eles apareceram praticamente na mesma hora, não foi?”
“Mmm...”
Eles sentiram que a chance disso não era insignificante, mas honestamente não havia
como saber.
“Existe uma maneira de colocar o Momon contra o Rei Feiticeiro? Talvez se usássemos
o povo de E-Rantel, poderíamos—”
“Isso é perigoso, perigoso até demais. Se der errado, nós seremos inimigos do Momon
e Rei Feiticeiro ao mesmo tempo.”
Eles haviam construído uma base avançada no Lago Crescente, sede da Capital Élfica.
De acordo com o plano, a Capital deveria ter sido destruída em poucos anos, mas esse
plano estava lentamente saindo do roteiro.
“Aquela criança...”
Ele a tratava como criança por causa de sua aparência, mas na verdade ela era mais
velha do que qualquer um nessa sala.
“Sim, senão seria muito desumano. O coração dela deve se acalmar depois de se vingar,
é no que acredito.”
“...Francamente, me sinto ofendido com a atitude dos sacerdotes da época. Eles criaram
uma pobre menina com uma personalidade assim.”
“Já que disse isso, gostaria de lembrar em também culpar aqueles selvagens da floresta.
Os Cardeais não acharam bom tirá-la do lado da mãe.”
“O poder dos deuses, Keiseikeikoku, provavelmente não funcionará naquele sujeito que
[Soberano Dragão d a C a t á s t r o f e ]
pode usar Magia Selvagem, ao contrário do Catastrophe Dragonlord. Que tal usá-lo no
Rei Feiticeiro?”
O silêncio recaiu sobre a sala de reuniões. Era uma proposta que eles estavam pensando,
mas não podiam falar.
“...Não é uma má idéia, mas não sabermos que tipo de poder os subordinados do Rei
Feiticeiro possuem, isso me deixa desconfortável.”
“...Se ao menos pudesse enfeitiçar sem limite de alvos, não haveria problemas.”
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“Como ousa!? Os deuses deram suas vidas para proteger a nós, a humanidade! E pensar
que ficaria insatisfeito com os tesouros secretos que eles deixaram? Quanta audácia!”
“Então, voltemos ao assunto. Todos aqui são contra o uso do Keiseikeikoku no Rei Fei-
ticeiro?”
“Podemos aceitar se for um pedido justo. Afinal, é pela paz da alma daquela garota.”
“Huhu—”
Uma risada silenciosa soou e os olhos de todos foram para a pessoa que fez o som.
“Huhu. Tão compassivos... Mesmo hoje em dia, onde todos que sabiam do que aconteceu
estão mortos.”
Essas palavras podem ter parecido insultantes, mas o tom era diferente.
“...Nosso objetivo é defender toda a humanidade das outras raças, e toda a humanidade
inclui aquela garota. Acho que podemos ser perdoados por um pequeno abuso de nossa
autoridade, se quisermos salvar uma confreira.”
“...Eu não tenho motivos para objetar se isso não resultar em nenhuma morte.”
Esta foi uma sugestão feita com bastante frequência ao longo dos séculos. Naturalmente,
sempre foi rejeitada.
“Nosso mundo é tão frágil quanto um pequeno barco à deriva no oceano. Quanto menos
pessoas souberem disso, melhor. Afinal, todo século tem sua tempestade que entra para
a história, podemos estar testemunhando uma neste exato momento. Como alguém dor-
miria tranquilo sabendo disso? O fato é que a sombra não banha os poderosos por muito
tempo. Eles sempre se destacam, mesmo que tentem viver uma vida normal.”
“Não sei, mas há uma chance muito alta de alguma jogada... Talvez haja algum tipo de
trunfo ainda não revelado.”
“Ou talvez a Ex-Nono Assento, a Passos de Vento, possa saber de alguma coisa...”
“Apenas mais problemas. E sabe o paradeiro dela por acaso? Nada é mais problemático
que isso...”
“Que tal pedir ajuda aos membros aposentados da Escritura Preta? Dessa forma, pode-
mos restaurar nossa força de combate— não, manter nossa vigilância. Podemos enviá-
los para o Reino Dragonic como reforços. Diminuirá, e muito, as chances de baixas.”
A Escritura Preta era comumente atribuída a tarefas muito perigosas, devido a pericu-
losidade e atrito entre seus integrantes, alguns morriam. No entanto, enquanto os cadá-
veres permanecessem, eles poderiam ser trazidos de volta à vida. O problema era que as
ressurreições drenavam a força vital e precisariam treinar por um longo tempo para re-
cuperar a força que tinha antes de morrer. Assim, algumas pessoas optaram por se apo-
sentar. Havia também outros que haviam se aposentado devido à idade.
Qualquer que fosse o caso, os aposentados tinham prioridade em qualquer cargo que
quisessem. Também havia aqueles que se contentavam em viver um estilo de vida dege-
nerado e sem trabalho, mas felizmente eram poucos. A maioria não seria capaz de su-
portar os olhares de desprezo de suas esposas e perguntas como “Até quando vai ficar
sem arrumar um trabalho, Querido—?”, e por isso voltavam ao trabalho.
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Levaria algum tempo para treinar essas pessoas até conseguirem seu senso de combate
de volta, e havia aquelas mais velhas que não podiam mais se mover como faziam no
auge. Ainda assim, eram pessoas extremamente confiáveis para outros cargos.
“Apenas explique a situação para eles e faça nosso pedido. Mas não espere que todos
meneiem armas.”
“Com certeza. Será apenas um convite. E precisamos preparar compensações para agra-
ciar aqueles que aceitarem, especialmente se pedirem algo.”
“Sim. Não custa nada perguntar. Mas caso alguém concorde, pague uma quantia acima
da qual que estejam esperando.”
Risadas autodepreciativas ecoaram pela sala. Queixar-se da falta de salários era uma
piada interna para eles.
Na Teocracia, os salários diminuíam depois que o indivíduo ascendia além de uma certa
hierarquia. Essa era uma forma de autopurificação, a fim de garantir que as pessoas não
fossem motivadas a subir na vida por ganância. Assim, muitos dos que ocupavam altos
cargos o fizeram porque escolheram servir sua nação.
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190
Parte 1
lbedo partiria para o Reino num dia claro e ensolarado, e Ainz foi vê-la no
A
pátio de sua residência.
Havia cinco carruagens de luxo estacionadas lá. Uma delas era para Albedo
e outra para sua bagagem. Uma das carruagens restantes continha presen-
tes para o Rei, para impressionar-lhes com a diferença entre o poder do Reino Feiticeiro
e do Reino Re-Estize. Ao redor dessas carruagens havia 20 Death Cavaliers que Ainz ha-
via criado.
Teria sido simples o suficiente para se teletransportar para o Reino, mas eles haviam
escolhido não o fazer.
Albedo e seu grupo eram responsáveis por demonstrar o poder do Reino Feiticeiro.
Parte disso estava em usar monstros no lugar de cavalos para puxar as carruagens; pra-
ticamente uma ameaça implícita, por assim dizer.
“Unhun, tenha cuidado. Ainda não encontramos as pessoas que fizeram lavagem cere-
bral na Shalltear. Assim, não podemos descartar a possibilidade de que eles possam ten-
tar controlá-la e, em seguida, usá-la como parte de uma grande aposta para infligir dano
massivo em Nazarick.”
“Acredito que possuindo isso deve eliminar o risco de sofrer lavagem cerebral por um
Item World-Class. Mas a oposição pode não se limitar apenas a tal item. Além disso, em-
bora seja um item World-Class mais poderoso contra objetos físicos, não se esqueça de
que não é muito útil contra alvos individuais.”
“É mais fraco que um item divine-class especializado. Mesmo assim, ainda é muito forte,
pois nunca será destruído ou danificado. Tudo que eu quero dizer é: Não se descuide
apenas por ser muito forte. Claro, eu não acho que cometerá um erro como esse...”
Ela sempre ficara em Nazarick e quando saiu, fôra para ser sua retaguarda. Por causa
disso, Ainz se sentiu preocupado, como se estivesse deixando uma criança sair de casa
sozinha pela primeira vez.
Pensou Ainz.
Ainz pensava sobre as táticas que usaria para o PKing. Ao mesmo tempo, ele inundava
Albedo com um fluxo de palavras à velocidade de uma metralhadora.
Quanto tempo ele gastou em pensar em todos os tipos de ataques? Ainz só voltou ao
normal depois que percebeu que Albedo estava olhando para ele com uma expressão de
prazer no rosto.
Ainz tossiu.
“Bem, é isso. Eu acredito que de dentre todas as pessoas, você, Albedo, não vai ignorar
os preparativos e contramedidas. Desculpe por te atrasar. E fique atenta durante a via-
gem.”
“Entendido, Ainz-sama.”
“Embora possa não ser apropriado perguntar logo antes de ir, sobre o Demiurge— não,
não importa.”
Se tivesse recebido alguma comunicação de Demiurge, ele não teria uma pilha enorme
de perguntas para perguntar. Por exemplo, Albedo não se opusera à formação da Guilda
dos Aventureiros, mas talvez fosse melhor perguntar pessoalmente quando ele voltasse.
Albedo pareceu surpresa, mas depois que ela percebeu que Ainz não tinha a intenção de
responder, ela retomou sua expressão gentil habitual.
“Então, Ainz-sama. Como Supervisora Guardiã, mostrarei resultados que não envergo-
nharão meu ofício.”
“Há mais uma coisa que tenho a dizer. Você é imune a doenças, mas neste mundo pode
ter doenças que podem contornar até mesmo essa imunidade, então tenha cuidado. Ouvi
dizer que é excepcionalmente fácil ficar doente na virada de estações.”
A transição entre as quatro estações não era muito clara no mundo de Suzuki Satoru.
—O que o Blue Planet-san faria se estivesse aqui? Ele provavelmente teria a mesma ex-
pressão de olhos brilhantes, assim como os da Albedo... Claro, com aquela forma, se ele
conseguisse fazer uma expressão assim seria bem inusitado.
Então, Albedo ofereceu uma sugestão, com uma expressão no rosto como uma flor re-
cém florescida:
“Hoh...?”
Isso foi uma surpresa e tanto. Ele não esperava que ela soubesse de medicação que era
única neste mundo.
Nfirea, o herborista, não deveria ter entrado em contato com Albedo. Sendo esse o caso,
poderia ter vindo do conhecimento dentro de YGGDRASIL, ou talvez algo que Tabula
Smaragdina programou nela? Sua curiosidade agora despertou, Ainz ansiava pelo que
ela diria em seguida.
“Um beijo!”
“...Um beijo?”
“Sim, beijar alivia o estresse e ativa o sistema nervoso parassimpático. Uma vez que a
eficiência do sistema nervoso parassimpático aumenta, o desempenho do sistema imu-
nológico melhora com isso. Em outras palavras, se eu for beijada, não ficarei doente!”
Essa descrição poderia soar como se estivesse difamando uma grande beleza, mas a
verdade era que sua aparência não havia diminuído muito. Afinal, uma mulher bonita
permanecia bonita, não importava a expressão que tivesse no rosto.
Ele queria dizer: “Certamente não”, mas era óbvio que ela estava esperando por um
beijo. Além disso, foi o desejo de alguém que estava prestes a executar uma missão de
trabalho, então até certo ponto, ele queria ajudar a cumpri-lo. Ignorar isso, faria seu co-
ração doer por ignorar os desejos da filha de Tabula Smaragdina.
Ainz segurou na mão de Albedo, depois tocou seu queixo suavemente e deu um beijo
em sua bochecha. Dito isso, Ainz não tinha pele e, consequentemente, não possuía lábios,
então o beijo que Ainz deu foi pouco mais do que pressionar os dentes da frente contra
ela. Além disso, como ele não tinha saliva, tudo o que ela deveria ter sido capaz de sentir
seria apenas algo seco e duro encostando.
Embora isso fosse terrivelmente embaraçoso, ele teve que se impor a ela.
Estou feliz por ter escovado os dentes, apesar de não ter comido nada.
Depois que a mão deixou seu queixo, ele encontrou Albedo o encarando com olhos ar-
regalados.
“O que está errado? Além disso, teria sido demais beijá-la nos lábios, então a bochecha
deve servir. Não estava certo!?
Antes que Ainz pudesse perguntar sobre o que ela realmente queria dizer, lágrimas
brotaram no canto dos olhos de Albedo.
“Fueeeen~!”
Albedo chorou. Essas não eram lágrimas de crocodilo. Ela estava chorando de verdade.
Depois que o tão esperado choque de sua supressão emocional tomou conta dele, Ainz
apressou-se a fazer alguma coisa. Dito isto, ele não tinha idéia de como proceder.
Embora ele tenha pensado sobre esse assunto, parece que nenhuma das cenas que Ainz
testemunhou jamais cobriu uma situação como essa.
Ele queria desesperadamente olhar para a empregada do dia atrás de si, pedindo ajuda,
mas ele já havia se envergonhado bastante. Ele não poderia se desonrar ainda mais.
Eles ficaram assim por um tempo, e então Albedo fungou. Parece que as lágrimas para-
ram.
Ainz soltou as mãos de Albedo quando percebeu que ela estava mais aliviada.
“Sim, Ainz-sama. Sinto muito por deixar o senhor ver esse meu lado vergonhoso.”
Seu estômago inexistente começou a doer depois que percebeu o quão cruel ele tinha
sido. Naquela época, ele achou que estava tudo bem, porque o jogo terminaria em breve.
Se não tivesse pensado daquela maneira, ela não teria chorado assim.
“Entendo... Bem, já está na hora. Você deve se recompor já que está bem.”
“Entendido, Momonga-sama!”
♦♦♦
As cortinas das janelas da carruagem se abriram e, através delas, viu Albedo acenando
para ele. Em resposta, Ainz acenou de volta para ela.
Essa era uma cena de despedida tipicamente vista em filmes onde havia despedida em
um trem.
Ainz assistiu até que não podia mais ver a carruagem de Albedo, e enquanto ele olhava
para a distância, ele emitiu um comando em timbre grave e sombrio.
“Entendido.”
Ainz passou pela empregada, cuja cabeça estava baixa. Ainz não tinha como ver o tipo
de olhar que ela tinha em seu rosto.
Parte 2
O Imperador Sangrento, Jircniv Rune Farlord El-Nix agarrava sua própria cabeça.
Isso não era uma mania nova. Ele já fazia isso há algum tempo.
No passado, ele havia expurgado todos os tipos de nobres, escutado traições que pode-
riam abalar o Império e aprendeu sobre a deterioração das relações com os países vizi-
nhos. Durante tudo isso, esse homem não entrou em pânico nem caiu em confusão. No
entanto, em face de um problema insolúvel, até mesmo este homem não podia fazer nada
além de amargamente agarrar a própria cabeça.
A magia poderia amaldiçoar alguém até a morte, mas Jircniv não tinha esse tipo de po-
der. Portanto, ele estava simplesmente falando palavras ofensivas. Se ele pudesse real-
mente matar aquele homem odioso que tinha causado tal devastação em sua mente e em
sua úlcera nervosa nos últimos meses, ele alegremente procuraria tais técnicas.
“Não, espere. Seria melhor dizer a ele para “viver”, não? Ou talvez “ser destruído” seria
mais apropriado? Eu ouvi falar de alguns sacerdotes destruindo undeads com poder sa-
grado.”
O estômago de Jircniv doía e os fios do cabelo caído adornavam seu travesseiro todas
as manhãs. O culpado, o homem responsável por tudo isso era o Rei Feiticeiro, Ainz Ooal
Gown.
Não houve solução satisfatória para os problemas apresentados pelo Rei Feiticeiro.
Houve apenas 143 mortes; um número trivial, para um confronto direto com o inimigo.
No entanto, as perdas na Planície Katze foram inteiramente auto-infligidas.
Cavaleiros eram guerreiros profissionais, e treinar até mesmo um deles implicava gas-
tos consideráveis.
Nem era apenas uma questão de dinheiro. O tempo de treinamento também seria es-
sencial. Não se pode simplesmente pegar alguém nas ruas e dizer: “A partir de amanhã,
você será um cavaleiro”.
Neste momento crítico, era muito arriscado eliminar os nobres e aproveitar seus ativos
para compensar a quantia necessária.
A razão para isso foi por causa do segundo problema — saber das petições que os pró-
prios Cavaleiros Imperiais haviam submetido a Jircniv.
O Corpo de Cavaleiros foi autorizado a fazer propostas ao Imperador Jircniv. Isso por-
que havia algumas coisas que só os veteranos já calejados pela guerra podiam entender,
e também reduzir os conflitos entre oficiais militares e oficiais burocráticos. Ao mesmo
tempo, foi também para dar a impressão de que Jircniv — que tinha interesse belicoso
— gostava especialmente do Corpo de Cavaleiros.
É claro que não se pode esperar que tais propostas sejam sempre positivas, mas as pe-
tições recentes foram realmente duras.
Essas petições, dos altos escalões da estrutura de comando do Corpo de Cavaleiros, ex-
pressavam seu desejo de evitar a guerra com o Reino Feiticeiro.
Jircniv poderia entender esse tipo de coisa, mesmo que eles não mencionassem.
Qualquer um que ousasse enfrentar esse Reino em combate aberto estaria muito além
de um mero tolo; seria considerado um louco absoluto. Afinal, foi uma nação que poderia
Mesmo assim, a razão pela qual o Corpo de Cavaleiros havia feito tal petição, foi porque
eles perderam a fé em Jircniv.
Antes da batalha nas Planícies Katze, Jircniv havia proposto ao Rei Feiticeiro: “Espero
que use sua magia mais forte”. Os altos escalões do Corpo de Cavaleiros sabiam disso e
culpavam Jircniv por aquela cena dantesca.
Se ele soubesse que tal magia existia, ele nunca teria dito tal coisa.
Além disso, a razão pela qual Jircniv pediu que o maldito Rei Feiticeiro usasse a magia
mais forte, fôra para verificar quão poderosa era a extensão de sua magia.
Originalmente, deveria ter sido o contrário. “Obrigado por extrair parte do poder do Rei
Feiticeiro. Agora sabemos melhor do que agir de forma imprudente em torno dele”, deve-
riam ter dito, expressando sua gratidão. Afinal, se as coisas tivessem corrido mal, essa
magia poderia ter sido desencadeada em uma cidade.
No entanto, o Corpo de Cavaleiros não via as coisas assim. Isso porque sentiram que
Jircniv, o Imperador esplêndido que eles acreditavam, tinha pedido pelo uso daquela
magia, sabendo muito bem o que ela fazia. Assim, muitos olhares desconfiados agora
caíram sobre Jircniv.
Esta foi a primeira vez que Jircniv ficou extremamente aborrecido com sua própria re-
putação.
No entanto, chorar e reclamar não melhoria as coisas. Se alguém pudesse fazer algo em
seu lugar, Jircniv alegremente choraria, gritaria e descansaria até que suas dores de es-
tômago fossem embora. Claro, ninguém poderia fazer o trabalho de Jircniv em seu lugar,
então ele tinha que lidar com isso sozinho.
Ele pressionou contra a dor que irradiava de seu estômago, Não— Jircniv parou para
pensar em algo.
Isso não foi “Culpa do Rei Feiticeiro”. Esta foi “A conspiração do Rei Feiticeiro”.
Era muito possível que o estado do Império pudesse ter sido orquestrado por ele.
Quando ele se acalmou e considerou, a possibilidade disso era muito alta.
Então, ele pressionou o anel de prata que ele usava na mão esquerda contra ela.
[ A n é l d o Unicórnio]
O Ring of Unicorn — um item que pode detectar venenos e que aumenta a resistência a
veneno e doenças, que também pode curar feridas uma vez por dia. Depois de confirmar
que o líquido estava imaculado, ele engoliu em seco.
Ele tomou um gole da água de uma garrafa sobre a mesa, para lavar o gosto agora fami-
liar e adstringente que se espalhava pela boca. Depois disso, Jircniv pressionou a área ao
redor de sua barriga novamente.
Foi apenas um efeito placebo ou sua ferida foi realmente curada? Embora não houvesse
como saber com certeza, pelo menos as dores no estômago haviam diminuído por en-
quanto.
“Haaah...”
Uma batida silenciosa soou pelo recinto, como se estivesse esperando o momento certo.
O homem que entrou foi um escriba. Todos os escribas escolhidos a dedo por Jircniv
eram excelentes trabalhadores. No entanto, este homem era facilmente igual a Loune.
Aliás, não havia mulheres entre os escribas. A única mulher que Jircniv confiava para
lidar com esse tipo de trabalho era uma de suas concubinas.
“Vossa Majestade—”
Jircniv acenou para interromper uma saudação que demoraria muito tempo.
“—Não há necessidade disso, poupe-me das saudações. Não perca tempo, vá direto ao
assunto.”
Jircniv sorriu para isso, a melhor notícia que ouvira nas últimas semanas.
Mesmo esta sala sendo protegida contra espionagem, depois de testemunhar o poder
do Rei Feiticeiro, ele passou a acreditar que todas essas contramedidas eram pouco mais
do que perda de tempo. Ultimamente ele chegara a sentir que alguém o estava espio-
nando.
Ainda assim, não importa quantas pessoas ele tenha enviado para investigar, eles não
encontraram observadores. A única conclusão que eles conseguiram foi que isso era uma
ilusão paranoica por parte de Jircniv. Claro, seus nervos tinham sido duramente desgas-
tados, então realmente pode ser o caso. No entanto, ele não conseguia se livrar da sen-
sação de mau presságio que vinha de ser observado.
No passado, ele poderia ter deixado Fluder estabelecer medidas anti-espionagem, mas
ele não podia fazer isso agora. Por tudo o que sabia, Fluder já poderia tê-lo traído. Assim
sendo, Jircniv tinha que operar sob a suposição de que espiões já haviam se infiltrado na
Capital Imperial.
Normalmente, ele os convidaria abertamente para a Capital Imperial, mas isso seria ób-
vio demais.
É melhor ir encontrá-los fingindo ser obra do acaso. Mas que tipo de lugar evitaria sus-
peitas?
Ele estava sem opções, mas mesmo se fosse esse o caso, ele não poderia desistir como
alguém faria em um jogo trivial. Lançar aquela magia de extrema crueldade estava es-
sencialmente dizendo a Jircniv: “Eu sou undead, então matar os vivos é apenas natural”.
Ele não poderia ignorar um ser assim.
Para alcançar esse objetivo, uma das medidas que ele tomou foi forjar uma aliança se-
creta com a Teocracia Slane. A Teocracia era um país com uma história mais longa que o
Império, e também contava a magia divina como um dos pilares de sua nação. Não havia
No entanto, seria muito ruim se o Reino Feiticeiro soubesse de seu contato com a Teo-
cracia.
O Império era agora um aliado do Reino Feiticeiro e um dos que ajudaram a garantir
sua soberania. A razão pela qual o Império fez isso foi para entender a força e organiza-
ção do Reino Feiticeiro, bem como tudo o mais dentro dele. Se fosse descoberto que es-
tavam trabalhando contra o Reino Feiticeiro, o Império seria, sem dúvida, o primeiro
alvo para o poder do Rei Feiticeiro.
“O ato de abrir margem para hostilidades com o Reino Feiticeiro não é um curso de ação
muito tolo?”
Ele jogou uma caixa de pergaminho em uma lata de lixo especialmente designada, en-
quanto o observava.
“Relaxe. Eu não vou te censurar por nada que disser. Vamos, fale o que pensa.”
“Sim, então, peço desculpas antecipadamente por qualquer ofensa que eu possa causar.”
O rosto do escriba ainda estava pálido apesar do salvaguardado concedido por Jircniv.
Dentro de seu coração, aquela declaração traidora guerreou com o medo de que sua
própria vida pudesse se extinguir.
“—Hah?”
Por saber a personalidade deste homem, ele sentiu que sua reação havia sido bastante
cômica. Jircniv sorriu de um jeito diferente do que antes e continuou falando:
“Eu sinto que, o que você está dizendo é correto. Na sua posição, poderia muito bem
fazer a mesma proposta. Não, seria estranho se alguém que eu nomeasse como escriba
não sugerisse tal coisa.”
Embora eles pudessem apenas julgar do ponto de vista militar, estava claro que o Reino
Feiticeiro estava em um nível que eles nem poderiam esperar lidar.
O poder pessoal do Rei Feiticeiro, Ainz Ooal Gown sozinho, já era muito arriscado de
enfrentar. Depois havia o exército dos mortos que ele havia trazido para o campo de
batalha, cada um dos quais havia rumores de ser capaz de rivalizar com uma nação por
si mesmos.
“Embora eu ache que é a melhor escolha, isso significa que não devemos nos preparar
para tomar alguma outra ação? Por exemplo, se o Rei Feiticeiro pretende destruir o
Reino, acha que dobrar o joelho para ele será suficiente para nos poupar?”
Será que os undeads não viviam lá? Depois de tentar reunir algumas informações, ele
descobriu que os undeads ocupavam abertamente a cidade, transformando E-Rantel em
uma cidade demoníaca.
Pode ser que ele pretendesse governar os moradores da área sem abatê-los, mas isso
seria tomar conclusões precipitadas. Afinal de contas, havia a notícia de como ele subju-
gou aquele aventureiro adamantite, Momon, então apenas a partir desse ponto, era pe-
rigoso pensar que as tenras misericórdias do Rei Feiticeiro se estenderiam ao Império.
“É como diz. Parece que eu estava tão intimidado pelo poder esmagador do Rei Feiti-
ceiro que eu não poderia nem mesmo tomar uma decisão tão racional. Minhas mais pro-
fundas desculpas.”
O segundo dos quatro se referia a um santuário do Deus do Fogo. A palavra “maior” não
era código, então provavelmente se referia ao maior santuário do Reino — o Templo
Central.
Às vezes, ele costumava falar de coisas inventadas. Mesmo que alguém ouvisse, inves-
tigar a verdade dessas palavras seria um processo tedioso. Por enquanto, ele deveria
continuar esse trabalho de esforço cerebral. Enquanto pensava sobre isso, ele percebeu
que eles estavam conversando por vários minutos.
“Mesmo? Isso é ótimo. Boa saúde é a coisa mais importante, afinal. Eu não vou mentir;
a verdade é que meu corpo tem estado muito mal ultimamente. A medicina só me alivia
por um tempo. Acha que eu deveria trazer um sacerdote?”
“Parece que os templos não estão muito felizes com as ações recentes de Vossa Majes-
tade. A aplicação de muita pressão pode resultar em retrocesso. Por que não visitar pes-
soalmente, Vossa Majestade?”
Jircniv estava agora em um estado onde ele aceitaria qualquer ajuda que pudesse obter,
mas ele tinha suas razões para não aceitar. Uma delas era porque ele não confiava na
capacidade deles em afastar espiões. A outra era porque Jircniv temia que, se lhes dis-
sesse as coisas que sabia, ele poderia perder o controle da situação.
Em resumo, Jircniv temia que, uma vez que fizesse contato com os templos, o Rei Feiti-
ceiro assumiria que o Império era hostil a ele.
Embora acreditasse que esperariam pelo momento certo, pareceria que eles não enten-
diam sequer esse ponto. No entanto, o partido diplomático da Teocracia havia secreta-
mente alcançado a Capital Imperial. Talvez se ele esperasse que eles fizessem contato
com os templos e então poderia haver uma chance de virar o jogo ao seu favor.
“Então, eu terei um tempo livre nos próximos dias para visitar os templos e deixá-los
dar uma olhada no meu corpo.”
“Isso parece um curso sábio de ação. Então, farei os arranjos para isso.”
“Agradeço. Então, o que faremos em relação à arena? Eu lembro que havia uma partida
de exibição marcada para breve; vamos deixar isso continuar como planejado? Eu não
vou ser parado por palavras como “você disse que estava indo em uma consulta, então não
pode ir lá”, essas coisas. Se algum de vocês quiser assistir a luta comigo, podem se juntar
a mim na minha sala VIP.”
Sim, isso mesmo. Você está certo em suspeitar de mim. Vamos, veja o que eu realmente
quero dizer.
“Entendido. Então deixe-me lidar com a arena. Eu acredito que o senhor estava progra-
mado para visitar os feridos de guerra no hospital neste dia também, correto?”
Jircniv não recebeu essa notícia, então isso provavelmente foi um blefe.
Em outras palavras, ele sugeriu a Jircniv que o hospital poderia ser um local melhor do
que a arena.
Com isso, toda a informação sobre os mercadores fôra dispersada no meio da conversa.
Se houvesse algum bisbilhoteiro, o que eles pensariam disso? O que eles poderiam
aprender com a frase “segundo dos quatro”?
Por mais diabólico que fosse o intelecto do Rei Feiticeiro, ele não poderia fazer planos
sem qualquer informação para trabalhar. Além disso, nem todos os subordinados do Rei
Feiticeiro poderiam ser tão inteligentes quanto ele. Afinal, quanto mais espiões houvesse,
maiores as chances de serem expostos. Como nenhuma informação sobre esses espiões
havia sido encontrada, provavelmente não havia muitos espiões. Ou melhor, ele espe-
rava que fosse o caso.
O espectro da magia absoluta e inegável do Rei Feiticeiro assombrava sua mente. Parte
dele constantemente pensava: “Já que são os servos do Rei Feiticeiro, eles devem ser ex-
cepcionais também”. Na verdade, ele tinha visto muitos seres incrivelmente poderosos
dispostos diante do trono, o que implicava que esses espiões poderiam ser do mesmo
calibre que eles.
Se realmente for isso, então não temos nenhuma chance... se jurar vassalagem a ele resol-
verá as coisas, então não seria o melhor curso de ação?
Ele tinha acabado de beber uma poção de cura, mas Jircniv sentiu uma pontada de dor
em seu estômago novamente.
♦♦♦
Duas semanas depois, uma carruagem com Jircniv a bordo partiu para a arena.
Na superfície, ele parecia estar indo para a Arena para assistir a uma luta, mas na ver-
dade, ele estava lá para entrar em acordo com os emissários da Teocracia Slane e os
sacerdotes de alto escalão do Império.
Ele não trouxera consigo nenhum dos seus guardas imperiais para evitar se destacar,
mas dois dos Quatro Cavaleiros Imperiais — Relâmpago e Vendaval Feroz — estavam
no veículo como guardas de Jircniv.
Se possível, ele teria gostado de usar todos esses excelentes guerreiros para protegê-lo.
No entanto, Explosão Pesada não era confiável, então ele a deixou para trás sob o pre-
texto de guardar a Capital Imperial. Não, dizer que ela não era confiável não era exata-
mente correto. Para ser preciso, ele já poderia dizer dado a atitude dela que ela queria
Ela tinha originalmente dito: “Eu farei qualquer coisa para remover minha maldição, até
mesmo apontar esta espada para Vossa Majestade”. Jircniv entendia isso, mas ainda de-
cidira fazer uso dela. Portanto, ele não poderia repreendê-la, mesmo que ela decidisse
trair o Império. No entanto, ele ainda não podia permitir que ela transmitisse informa-
ções críticas do Império.
Dito isto, se ela realmente tivesse conseguido escutar os segredos de estado do Império,
Jircniv precisaria que ela fosse presa. No entanto, ela era uma das pessoas mais fortes do
Império, então precisaria enviar pessoas no nível dela para eliminá-la. Em termos de
esgrima, apenas Relâmpago e Vendaval Feroz estavam à altura da tarefa. Enviar qual-
quer outra pessoa só resultaria em um massacre unilateral. Além disso, suprimi-la com
números significava que a Capital Imperial e os detalhes de segurança do Imperador se-
riam reduzidos.
Sendo esse o caso, ele teria que recorrer aos discípulos de Fluder, Trabalhadores ou
talvez assassinos, representados pelo grupo Ijaniya, os quais possuíam habilidades além
do combate corpo a corpo. No entanto, não importa qual opção ele escolhesse, ele teria
que estar preparado para pagar caro por isso.
Os discípulos eram pagos anualmente — embora desde a traição de Fluder, se ele con-
fiscasse as terras que pertencem a Fluder e as deixasse a disposição dos nobres — então
não haveria muitas despesas adicionais neste caso. No entanto, despachá-los exigiria que
parassem seu trabalho, o que incorreria em perdas invisíveis a olho nu. Porém, se fossem
realmente mortos, o dano causado seria maior do que o preço necessário para contratar
as duas outras opções.
Portanto, a melhor opção era negar a Explosão Pesada qualquer chance de obter infor-
mações valiosas e deixá-la ir de mãos vazias para o Reino Feiticeiro. Essa pode ser a so-
lução mais satisfatória para todos os envolvidos.
Explosão Pesada ainda estava na Capital Imperial. Ela apenas respondia coisas do tipo:
“Vou permanecer até eu poder retribuir a bondade que Vossa Majestade me mostrou”.
Explosão Pesada pode ser uma das integrantes dos Quatro Cavaleiros Imperiais, mas o
Reino Feiticeiro provavelmente classificaria o poder de luta dela como risível. Todos e
cada um dos muitos undeads diretamente leais ao Rei Feiticeiro eram mais fortes que
ela. Por causa disso, ela estava procurando uma maneira de aumentar seu valor pessoal.
“Uma única pessoa forte não pode mudar o curso de uma batalha”, assim diziam. No en-
tanto, a realidade provou o contrário.
Gazef Stronoff do Reino foi um homem que podia fazer exatamente isso. Também havia
o magic caster chefe do Império, Fluder Paradyne, um ser capaz de abalar uma nação
inteira.
Não há nada a ser feito, é isso? Se... bem, não dá para detê-lo mesmo com mil exércitos,
certo? ...Como eu pensei, desistir é melhor...
Claro, ele não podia dizer isso na frente de seus subordinados, mas a idéia já havia apa-
recido na mente de Jircniv várias vezes. Na verdade, esse foi seu primeiro pensamento
quando ouviu falar da infame “Batalha das Planícies Katze”.
“Então, Vossa Majestade. Depois de nos encontrarmos com o pessoal da Pássaro Fio-
Prateado, vamos sair. Isso vai ficar bem?”
Eles haviam contratado uma equipe de aventureiros adamantite como segurança para
hoje. Eles estavam ostensivamente lá como um detalhe de segurança, seu principal ob-
jetivo era procurar quaisquer espiões do Reino Feiticeiro. Lamentavelmente, ele não
conseguiu se encontrar com os Ijaniya, que havia sido considerado como uma das alter-
nativas. Isso também fez Jircniv perceber que os induzir ao Império seria muito difícil.
“Claro. Mas eles podem muito bem ser capazes de aguentar. Considere o aventureiro
adamantite do Reino, Momon. Ele apontou a espada para o Rei Feiticeiro e defendeu o
povo com sua força. Uma vez que os membros da Pássaro Fio-Prateado também são
aventureiros adamantite, será um problema se eles não puderem fazer o mesmo.”
“Vossa Majestade, por favor, não faça essa cara. Podemos não ser fortes, mas ainda va-
mos dedicar nossos corações e almas para completar nossa tarefa.”
“Isso mesmo, Vossa Majestade. Por favor, adote aquela atitude confiante e arrogante de
novo. Este estado frágil em que está agora não combina com sua presença.”
Essas palavras gentis perfuraram o coração de Jircniv, e ele não conseguiu dizer: “Isso
não se aplica a vocês também?” Mas decidiu aceitá-las sem reclamar. Aquelas palavras
poderiam ter tido tanto efeito quanto regar um deserto, mas de fato, essas palavras ha-
viam mergulhado no deserto de seu coração.
“...Me perdoe. Obrigado pela sinceridade. Então... já que só vocês dois estão aqui, se im-
portariam de ouvir meus pensamentos tolos por um tempo?”
“O que acham que eu deveria fazer? Por que um monstro daqueles apareceria ao lado
do Império? Por quê? Que pecado cometi contra o céu e a terra para justificar isso? O
que devo fazer para matar aquele monstro— ou não, selá-lo? Agora que o trunfo do Im-
pério foi roubado pelo inimigo, realmente existe alguma maneira de mudar a situação?”
Se Jircniv se descontrolasse, seu povo não seria capaz de segui-lo. Aquele que se colo-
cava acima dos outros precisava adotar uma atitude apropriadamente superior. Isto era
especialmente verdadeiro para o Imperador Sangrento, que havia expurgado muitos no-
bres.
No entanto, todos os seres humanos tinham um limite para o que eles poderiam supor-
tar.
O lado humano de Jircniv era um que ele só mostraria para suas concubinas. Mas agora,
essa parte dele estava chorando.
“É verdade que pedi a ele para nos lançar uma magia. Mas não pude fazer nada quanto
a decidir qual! Não podemos planejar nenhuma contramedida se não tivermos idéia de
suas habilidades! Eu sou culpado por isso? Devo assumir a responsabilidade por tudo
que deu errado? Parece que todos pensam assim!”
A verdade era que isso era apenas a ponta do iceberg. Se Jircniv tivesse se entregado
completamente aos sentimentos em seu coração, ele provavelmente estaria chorando,
gritando e rolando pelo chão. Mas ele estava simplesmente tentando proteger a imagem
do Imperador.
Ainda assim, ele tinha algum senso de autoconsciência sobre o curso de ação das coisas.
Parece que isso estava se tornando um hábito, então Jircniv voltou ao normal.
“Me perdoe. Parece que fiquei um pouco descontrolado. Eu estive sob muito estresse
recentemente.”
A julgar pelos retratos, nenhum de seus ancestrais tinha cabelos finos. Jircniv não pôde
deixar de pensar que ele poderia ser o primeiro imperador na história do Império a ficar
careca.
Ele acenou com a mão para impedir que seus subordinados notassem. Às vezes, a pena
é mais do que uma repreensão, e o mesmo se aplica à questão da queda de cabelo.
“Eu sei, pode não ser muito convincente depois que vocês viram este meu lado. Mas
vocês não precisam se preocupar. Eu vou cuidar disso, de alguma forma... Não vou deixar
que ele faça o que bem entender com o Império.”
Eles também entenderam que as palavras de Jircniv eram apenas um alívio temporário.
Na verdade, Jircniv achava que seria impossível a menos que houvesse uma arma que
pudesse matar permanentemente os undeads, ou a menos que outro ser humano muito
poderoso aparecesse.
É por isso que precisamos confiar na Teocracia Slane. Eles têm uma história mais longa
que a nossa, então eles podem encontrar uma arma capaz de matar os undeads de uma só
vez. Não, apenas compartilhar informações com eles nos permitirá continuar lutando!
Tudo o que ele podia fazer agora era rezar para que isso acontecesse.
♦♦♦
A arena era de forma circular. Havia uma grande entrada em um dos lados através da
qual a carruagem entrava. Essa entrada levava às salas VIPs e pouquíssimas pessoas fa-
ziam uso. As outras entradas eram usadas para a entrada e saída dos frequentadores
regulares ou para o transporte de carga. Estes foram os três principais tipos de entradas
para a arena.
Jircniv podia avaliar o valor de qualquer obra de arte em particular com um olhar, mas
ele não podia adivinhar tais informações de seus equipamentos ou armaduras. Isso foi
porque o que eles estavam vestindo era roupas cotidianas e ao mesmo tempo equipa-
mento de guerra. Não eram a roupa dos guardas da casa de um nobre, mas a panóplia de
veteranos endurecidos pelas batalhas.
Pelas regras normais de etiqueta, a parte inferior deveria ter se apresentado primeiro.
No entanto, alguns aventureiros não se importavam com status ou posição, e esses eram
aventureiros.
Ainda assim, ele era o governante do Império. Seria realmente apropriado que ele abai-
xasse a cabeça para os aventureiros?
Ele tinha um alaúde nas costas e um florete na cintura. Ele usava uma cota de malha
que envolvia seu corpo em luzes estranhas.
Todo o seu equipamento não refletia apenas a luz, mas emitia um brilho mágico por
dentro. Cada pedaço de sua panóplia parecia um item mágico de primeira categoria, es-
pecialmente o alaúde, que também era conhecido como Star Symphony.
“...Eu ouvi sobre os feitos de vocês, o grupo de aventureiro de mais alto nível do meu
país. A saga heroica de como mataram um Radiant Crawler realmente fez meu sangue
ferver. Portanto, eu sei sobre todos vocês até certo ponto. No entanto, como esta é uma
oportunidade rara, posso incomodá-lo pessoalmente para apresentar os heróis do meu
país para mim?”
“—Vai falar essa coisa? Disculpa a sinceridade, mas meu ouvido num é pinico não, isso
me irrita. Espadas curtas brilhantes e essas firulas... de qualquer forma, só pula essa
parte, né não? É, ou num é, Seu Majestade. Disculpe, eu falo assim desde que nasci. Tudo
bem, né?”
Ele era um homem atarracado de cabelo curto. Embora tivesse um sorriso no rosto,
aqueles olhos desproporcionalmente pequenos não tinham alegria neles.
Não havia muita informação sobre o que um “Planejador” fazia, então havia muito que
permanecia desconhecido sobre ele. Ele provavelmente estava mais perto do submundo
e mais envolvido em emboscadas e assassinatos do que um ladino comum.
Jircniv indicou que não deveria se preocupar com isso, e então Baziwood riu.
“Hm? Ah, não, provavelmente em um lugar diferente. Eu saí de um pequeno beco sujo.
Você deve ter saído de um lugar mais profundo e escuro do que eu.”
“Eu num me chamo dessa coisa de “Nuvem Negra” não... ah, isso aí chefe, é invenção seu.”
Freivalds simplesmente arqueou os cantos da boca quando Keila olhou para ele.
“É melhor nos deixar nos apresentar em vez de usar apelidos estranhos. Minhas des-
culpas, Vossa Majestade. Primeiro foi o Keila, nossos olhos e ouvidos. Em seguida é o
nosso lutador. O senhor pode ficar um pouco surpreso quando o vir, mas posso garantir
que é forte.”
“Não, claro que Sua Majestade não duvida dele. Afinal, sinto que ele pode ser mais forte
que eu.”
“Bem, fico feliz em ouvir isso de um homem forte. Este é o Fan Long.”
A pessoa que estava sendo apresentada era um macaco de pêlo vermelho, com cerca de
170 centímetros de altura. Ele estava trajando uma armadura que parecia ser feita de
peles brancas, e ele tinha machados de batalha em ambos os lados da cintura.
[Homem-besta - S í m i o ]
Pertencia a uma subespécie dos Beastmen, um A p e -Bestman, bem como aquele que
canalizava o espírito dos macacos através do poder de sua profissão guerreira, Senhor
das Feras. Ele havia lido sobre isso em um relatório antes, mas realmente ver com seus
próprios olhos foi um choque.
E, de fato, apenas pelas aparências, ele parecia mais forte do que Baziwood, o mais po-
deroso dos subordinados de Jircniv.
Freivalds começou apressadamente a próxima introdução. Isso porque ele estava pre-
ocupado que Jircniv pudesse ficar descontente.
“Perdoe-me.”
“Este humilde monge atende pelo nome Unkei. Este monge é um seguidor de Buda. Pra-
zer em conhecê-lo.”
Embora ele estivesse vestido estranhamente, ele parecia um pouco mais civilizado do
que o “Senhor das Feras” de antes.
Depois que ele tirou o chapéu bizarro e grande — chamado de fukaamigasa — a cabeça
assim revelada não tinha pêlos sobre ela. Se não soubesse que o homem havia raspado
tudo sozinho, Jircniv poderia ter sentido pena dele. Afinal, ele era bem jovem.
Ele usava um estranho manto de batalha chamado kasa. Ele era um soryo, um magic
caster espiritual que sabia um pouco sobre magias de cura, mas que mostrava um poder
excepcional quando lutava contra os undeads.
O Buda que ele seguia veio do extremo sul e tinha poucos seguidores. Alguns o viam
como um dos seguidores dos Quatro Deuses. Pouco se sabia sobre ele e não havia inte-
resse em construir um templo para tal deus dentro da Capital Imperial. No entanto, Jir-
cniv sabia que a existência deste homem era considerada uma espécie de perturbação.
Não havia nenhum elo particular entre o governo do Império e a religião. O fato de Jir-
cniv não ter laços com eles poderia ser considerado boa sorte.
No entanto, ao verificar através do registro do homem, fôra descoberto que ele apre-
sentou um desempenho excepcional contra os undeads, o que chamou imediatamente a
atenção de Jircniv. Se necessário, poderia até mesmo precisar aplicar uma certa pressão
nos templos. Claro, isso só acontecia se suas habilidades fossem realmente efetivas.
O homem que Freivalds guardara para o final era mais estranho que os anteriores. Ele
era indiscutivelmente o mais bizarro dos cinco homens e abaixou a cabeça para Jircniv.
“Eu já tenho um item mágico que protege contra mudanças na temperatura, então não
há nenhum problema.”
Jircniv não pôde deixar de se sentir surpreso com a resposta, que foi mais normal do
que ele esperava. Ele havia recebido relatórios sobre sua aparência esquisita, bem como
a notícia de que era uma pessoa normal apesar de tudo. Ainda assim, a absoluta disso-
nância o encheu de surpresa. Olhando mais de perto, ele parecia bastante bonito e bas-
tante jovem também.
Parte dele queria saber, mas ao mesmo tempo agora não era hora para isso.
Esta era uma equipe estranha composta de membros estranhos. A única coisa que eles
tinham em comum era que eles carregavam uma pena de prata em algum lugar acima
do peitoral (no caso do Totem Shaman, estava na cintura).
Aquelas penas brilhavam com luz prateada, como se tivessem acabado de ser polidas.
“Será uma honra, Vossa Majestade. Pense nisso como vindo a bordo do nosso navio.”
Jircniv não pôde deixar de sorrir ironicamente ao ouvir as palavras de Freivalds, e de-
cidiu ir embora. Contudo—
“Nóis aqui fomos contratados para proteger o Seu Majestade, então, faiz favor, fica perto
da’gente. Certo?”
“Não é uma questão de certo ou errado. Vocês foram contratados para me proteger,
então farei o que julgar necessário. Além disso, se achar que precisa usar sua força, sinta-
se à vontade para fazer pedidos. Mas gostaria de solicitar que fiquem perto de mim o
máximo possível.”
“Certo. Minhas desculpas pelo tom de Keila, Vossa Majestade. Não importa quantas ve-
zes eu diga a ele, ele sempre acaba fazendo isso...”
“Não precisa se preocupar. Dito isto, pode ser problemático se ele fizesse isso em uma
área pública...”
E então, ele cantou. Não era bem uma música, mas um arranjo bizarro de sons. Isso
porque havia algumas partes que ele podia ouvir, mas não entendia. Parou depois de
alguns segundos, mas a estranha música permanecia em seus corações. Então, Keila fez
seu movimento.
Se alguém tivesse que anexar alguma forma de efeito sonoro a seus movimentos, tanto
“lento” quanto “viscoso” poderiam vir bem a calhar de modo a descrevê-los. De todo
modo, Jircniv não tinha capacidade de fazer tais movimentos.
“Então, faiz favor, fica uns dez metros atrás de mim e me siga.”
Eles fizeram como disse Keila, mantendo dez metros de distância antes de seguir em
frente. Jircniv aproveitou a oportunidade para perguntar Freivalds sobre a música de
agora a pouco.
“Vossa Majestade não sabe? Essa foi uma habilidade de bardo, uma magia. Difere de
usuário para usuário e pode ser executada com vários instrumentos, mas no meu caso,
eu evoco seus efeitos através da música.”
Freivalds não pôde deixar de sorrir ao ver Jircniv resmungar para si mesmo. Nesse
exato momento, Jircniv se lembrou de algo que queria aprender, mas não teve chance de
acompanhar. Ele decidiu aproveitar esta oportunidade e perguntou:
“...Eu tenho algo para lhe perguntar. Esse cântico mágico pode controlar pessoas?”
“Cânticos mágicos podem transmitir um efeito de sugestão, assim como as magias po-
dem. Isso deveria ser possível. Além disso, eles devem ser capazes de encantar as pes-
soas, mas até certo ponto.”
—A menos que fosse uma habilidade inata como um monstro. Essa possibilidade não
pode ser completamente descartada. Era muito importante ter certeza disso.
“Não, não desses. Algo mais inteligente. Estou falando de um monstro que anda sobre
duas pernas e pode ativar instantaneamente algo parecido com essa magia.”
[Homem-sapo]
“...Um Toadman? Um Toadman bardo se encaixaria na sua descrição... mas, se bem me
lembro, os Toadmen não são particularmente demi-humanos. Talvez se fosse um patri-
arca, algum com profissão focada em liderança... Eu ouvi que eles podem usar habilida-
des especiais para confundir o inimigo.”
Ele havia lido sobre os demi-humanos conhecidos como Toadmen, mas suas aparências
diferiam ligeiramente do monstro chamado Demiurge. Poderia ele ser um mutante de
um Toadman, ou talvez um Rei Toadman ou um Toadmanlord? Essas possibilidades não
poderiam ser descartadas, mas era mais provável que esse não fosse o caso.
“Parece não ser o caso, não é. Minhas mais profundas desculpas, Vossa Majestade. Há
simplesmente pouca informação. Talvez, se pudesse me contar mais sobre a criatura em
questão, eu poderia ser capaz de resolver este mistério para o senhor.”
“Perfeito. Então, vou falar sobre a aparência do monstro. Se possível, poderia usar sua
sabedoria para me ajudar? Além disso, você poderia me contar em detalhes sobre cânti-
cos mágicos?”
No Império, provavelmente não havia ninguém que soubesse mais sobre monstros do
que aventureiros adamantites.
“Vossa Majestade, isso seria abusar de mais. Estes são os seus meios de subsistência de
que está falando.”
“Bem, é verdade que não podemos falar muito sobre nossos trunfos. Ainda assim, res-
ponder a essa pergunta não trará problemas. Ainda assim... não seria melhor perguntar
àquele grande magic caster? Tenho certeza que ele saberia mais do que nós...”
Jircniv se esforçou para não mostrar nenhuma informação quando surgiu o tópico de
Fluder.
Ele já havia emitido uma ordem restrita sobre a traição de Fluder, então nenhuma in-
formação vazou. Por enquanto, Fluder ainda estava em sua posição de chefe, embora
seus privilégios e poderes estivessem sendo lentamente arrancados para que ele não
percebesse. Ao mesmo tempo, ele estava procurando uma maneira de preencher a la-
cuna que Fluder deixaria.
Percebendo tal lacuna de poder, Jircniv entendeu exatamente a grande benção que Flu-
der fôra para o Império, mas agora era tarde demais.
“Não podemos continuar dependendo do velho. Isto é como lição de casa para um aluno.
Se simplesmente esperarmos por todas as respostas apenas por ter tido um bom profes-
sor, no fim, ele que acabará sendo repreendido por isso.”
“De fato, Vossa Majestade tem razão. Compreendo. Bem, as taxas para esse pedido es-
tavam bem acima da média, dada a tarefa que fomos contratados para realizar. Então,
resumirei a questão das magias para o senhor mais tarde.”
Havia várias salas VIPs na arena. Uma foi reservada para os investidores da arena. Uma
foi reservada para nobres de alto escalão. Então, havia uma reservada para o Imperador,
um total de três. Eles estavam se dirigindo para a sala que havia sido reservada para os
imperadores através das gerações. Talvez Keila tivesse explorado a rota antes, mas ele
não perguntou o caminho embora estivesse liderando o grupo.
Finalmente chegaram, mas na esquina antes que pudessem ver a porta da sala, Keila
estendeu a mão para Jircniv, indicando que ele deveria parar.
“Não vi ninguém, mermo assim, vai que, né!? Pode guentar neste canto por um tempo?”
Ele não esperou por uma resposta às suas palavras sussurradas, mas virou a esquina
como se estivesse indo dar uma volta. Com a curiosidade despertada por isso, Jircniv
tinha um olhar de curiosidade em seu rosto enquanto tentava espionar a situação.
Era um pouco pequena, mas a mobília requintada era toda de primeira classe. A sala
fôra imaculadamente limpa para o imperador, que dificilmente a visitava.
Uma grande janela tinha sido aberta no lado da sala que dava para a arena, permitindo
uma visão panorâmica das cenas abaixo. Se olhassem um para o outro, eles seriam capa-
zes de ver fileiras e mais fileiras de assentos totalmente ocupados, lotados de uma pla-
teia que estava empolgada e festejando loucamente.
A razão para a grande multidão era porque o Senhor Marcial fôra anunciado em cima
da hora para uma aparição.
O rei do ringue — o Senhor Marcial — era esmagadoramente poderoso. Não havia nin-
guém com quem ele pudesse lutar a sério. Portanto, fazia muito tempo que não havia
uma batalha com o Senhor Marcial.
E justamente por causa de uma batalha tão esperada com o Senhor Marcial que a mul-
tidão chegou, atraída pela antecipação da figura heroica que iria combatê-lo.
Como esperado, uma grande razão para isso foi a admiração pela força. Já que o Império
tinha seus guerreiros profissionais chamados Cavaleiros, o campo de batalha era como
outro mundo para os moradores comuns da Cidade Imperial. Por isso esperavam ansio-
samente o espetáculo de uma batalha de vida ou morte.
Não, ele tinha ouvido falar que havia cavaleiros que gostavam da arena também.
Assim que Jircniv ficou distante enquanto pensava nisso, os membros da Pássaro Fio-
Prateado completaram a inspeção da sala.
“Não descobrimos nenhum vestígio de tal magia, Vossa Majestade. Isso está certo?”
“Com relação ao campo da magia, esse humilde monge usou uma adivinhação para in-
vestigar os arredores. No entanto, não havia vestígios de magias. De qualquer forma, eu
criei uma barreira mágica que deve impedir magias de adivinhação, então pode-se supor
que deve ficar tudo bem”
Unkei bateu seu shakujou no chão, e um tinido agudo ecoou pela sala.
“Então, posso fazer outro pedido? Existe magia que detecta a presença de pessoas pró-
ximas? Seria melhor se fosse uma magia que pudesse detectar até mesmo uma pessoa
invisível.”
“Lamentavelmente, esse humilde monge não conta tais magias entre seu repertório. No
entanto, acredito que nosso líder tenha essa magia.”
Freivalds, cujo nome havia surgido, sinalizou que entendia e saiu da sala.
Jircniv se esforçou para pensar no que poderia fazer contra Ainz Ooal Gown. No entanto,
era impossível imaginar o que estava além do imaginável. O fato era que o homem pare-
cia tão imenso em sua mente que tudo o que ele conseguia visualizar parecia insignifi-
cante contra ele.
“...Sendo sincero, sem neura, deve ficar tudo na boa. É o que penso. Então num dianta
me encarar assim, certo? Já até ganhamo os aprimoramento de magia, né não?”
“Basicamente é isso mesmo, Vossa Majestade. Este humilde monge já usou magia anti-
adivinhação e a configurou para que qualquer tentativa de investigação mágica me en-
viasse um alerta. Por favor, fique à vontade.”
Eles achavam que ele estava obcecado? Ou eles acham que ele ficou um pouco louco
porque estava preocupado com assassinato?
Ainda assim, o que esses dois pensariam se lhes dissesse que estavam indo contra o Rei
Feiticeiro? Isso era o que realmente interessava Jircniv. Eles diriam: “Não podemos nos
preparar o suficiente contra ele?” Ou diriam: “Se soubéssemos disso, não teríamos aceitado
por essa quantia desprezível”?
Ainda assim, não importava o quanto ele tentasse censurar as informações sobre o Rei
Feiticeiro, ele não conseguiu conter 60.000 bocas.
Notícias provavelmente haviam vazado. Sendo esse o caso, uma vez que os aventureiros
tendiam a passar mais tempo coletando informações de alto nível, havia uma chance
muito grande de já terem ouvido falar das habilidades do Rei Feiticeiro.
Não seria difícil para eles descobrirem o porquê eu realmente os chamei aqui, não?
Depois de pensar em várias possibilidades, Jircniv decidiu blefar com um sorriso calo-
roso.
Os dois perceberam que Jircniv não podia aceitar o que haviam dito. Nem eles tinham
mais nada a dizer além disso.
De onde eles estavam, parece que uma das batalhas entre os gladiadores teve um ven-
cedor.
No passado, os derrotados foram condenados à morte, mas não mais. Ainda havia casos
de mortes em batalhas, mas não haveria mortes depois que o vencedor fosse determi-
nado.
Aparentemente, um gladiador havia sido poupado porque suas repetidas derrotas eram
divertidas. Isto permitiu-lhe despertar o seu verdadeiro poder e tornou-se campeão,
após isso, essa restrição foi abolida. Esta decisão foi tomada pois poderia haver outra
pessoa como ele algum dia.
Qual Senhor Marcial foi ele? Embora ele não seja comparável com o atual Senhor Marcial,
ele era até um cara bem forte. Mas essas pessoas não são fiéis a nenhum país. Eu preciso
pensar em como colocá-los do meu lado...
“Obrigado.”
Ele provavelmente deveria ter sido mais sincero em seus agradecimentos a esses aven-
tureiros adamantite. No entanto, ele simplesmente descartou a apreciação habitual.
Eles foram contratados como guarda-costas. Com isso em mente, foi uma sugestão ra-
zoável.
Mas seria realmente correto ter conversas secretas com eles na sala?
Claro, pode haver méritos em envolvê-los nisso. No entanto, uma vez que eles percebe-
ram o que Jircniv estava almejando, o risco de fazer inimigos desnecessários cresceria.
Ainda assim, eles não são nada comparados àquilo— o que estou pensando? Estou com-
parando todos os desafios que encontro a aquele monstro, isso prova que estou começando
a enlouquecer, no mínimo. Além disso, seria estúpido continuar fazendo inimigos.
“Sinto muito, mas haverá conversas importantes acontecendo neste recinto. Seria
muito problemático ter vocês esperando aqui.”
“Há dois homens em quem confio nesta sala. Eles devem poder comprar tempo sufici-
ente até que vocês cheguem aqui.”
“No entanto, se o inimigo for assassino no nível do Keila e se as coisas derem errado,
eles podem acabar fazendo uma bagunça.”
“Quando manda esse papo de assassino do meu nível, cê provavelmente fala daquela
menina lá dos Ijaniya. Ela é sinistra, pode usar ninjutsu pra atacar das sombras.”
“Bem, com esses dois guerreiros por perto, um inimigo empunhando espada não deve
apresentar nenhuma dificuldade. Mas e quanto a magia? É precisamente esse ponto que
deixa este humilde monge inquieto. Além disso, sinto que estaremos mais interessados
na partida do que qualquer conversa que Sua Majestade esteja realizando, não?”
Todos acabaram tentando persuadi-lo a deixá-lo ficar, mas como Jircniv estava deter-
minado a não deixar a informação vazar, não pôde aceitar suas sugestões.
“Suas dúvidas são bem fundamentadas, senhores. No entanto, não posso me compro-
meter neste ponto, seja como homem ou como Imperador deste Império.”
“Se é assim que deseja, assim será. Tenho certeza de que Vossa Majestade deve ter suas
razões particulares. Então, vamos ficar do lado de fora. Poderia nos dizer exatamente
quem está vindo?”
“Uma pergunta razoável. Mas peço para fingirem que não viram nada. Vocês podem?”
“Claro. Nós não revelaremos nada, não importa quem venha. Se a informação vazar, te-
remos prazer em arcar com as consequências.”
“Ótimo. Primeiro são os Sumos Sacerdotes do Deus do Fogo e do Deus do Vento. Haverá
quatro outros sacerdotes com eles.”
“Ah, por favor faça. Esta sala VIP foi separada das outras salas VIPs durante a constru-
ção. Duvido que alguém se perca e vagueie aqui por acidente.”
“Entendido... Além disso, tudo bem se quebrarmos a fechadura das portas, Vossa Ma-
jestade?”
Fan se adiantou. Um som áspero veio de suas mãos, que apertavam os cabos de seus
machados de batalha com uma força que nenhum humano poderia igualar. Parecia um
pouco excessivo apenas quebrar uma fechadura, mas Jircniv não era guerreiro e não ti-
nha espaço para opinar.
No entanto, os dois membros dos Quatro Cavaleiros tinham olhares surpresos em seus
rostos enquanto falavam baixinho um com o outro. Isso chamou a atenção de Jircniv.
Fan parou no meio do caminho quando ouviu Freivalds falar. As sobrancelhas de Jircniv
se franziram.
“Por que não? O plano não é “Oh, nós estávamos planejando quebrar a fechadura, mas
estragamos a porta também, que pena, porque não aproveitamos e ficamos aqui agora?”,
ou algo assim?”
“Não faça isso dessa vez. Eu não quero me envolver nesse complexo assunto político.”
Jircniv ficou sem ter o que falar. Ou talvez devesse estar descontente. Talvez devesse
estar sentido muitas coisas, mas tudo o que fez foi ficar impressionado. Isso o fez pensar:
Ele não ficou impressionado com a facilidade com que quebrou a fechadura com um
machado de batalha, mas com a enorme audácia de dizer abertamente essas coisas di-
ante da mais alta autoridade deste país. Além disso, havia a arrogância necessária para
declarar que eles estavam dispostos a ignorar os desejos de seu cliente — que também
era o homem mais poderoso do país — para fazer o melhor trabalho possível.
“...Eu poderia arrastar todos eles na lama da burocracia até que não possam escapar.”
As únicas pessoas que restaram com Jircniv foram os dois cavaleiros, que se entreolha-
ram.
“Isso foi impressionante. Eles trabalham em sintonia sem qualquer forma de comuni-
cação... Talvez isso seja apenas esperado? Por eles pertencerem a posição adamantite
que podem fazer isso.”
“...Bem, eu não sei o que dizer. Não sei se é certo admirá-los... Vossa Majestade, devemos
fazer bebidas?”
“Eh? Eu também? O Vossa Majestade, deveríamos ter trazido uma empregada, não?
Nossos convidados acharão as bebidas mais saborosas se uma garota servir eles. Quero
dizer, eu sei como funciona.”
“Sim, sim. O reclamão de sempre. Baziwood-dono, por favor, e tenha muito cuidado.”
Gritos de encorajamento soaram na arena abaixo, e houve uivos que soaram ligeira-
mente diferentes dos das feras selvagens.
As partidas antes dos Senhores Marciais era aparentemente entre aventureiros e mons-
tros. As partidas em que os aventureiros lutavam eram bastante populares entre os es-
pectadores, pois era mais provável que fossem eventos chamativos com explosões má-
gicas e coisas do gênero.
Jircniv se sentiu muito emocionado quando olhou para a intensidade aquecida abaixo
dele, e disse:
Enquanto se perguntava o porquê alguém estava respondendo aos seus murmúrios au-
todirigidos, Jircniv se virou para ver Baziwood parado diante dele. Nimble tinha uma
expressão de aborrecimento no rosto enquanto cuidava de parte do trabalho que deve-
ria ser de Baziwood
Um dos aventureiros foi atingido pela garra de um monstro bestial e o sangue esgui-
chou pelo ar. A plateia lamentou e gritou para encorajá-lo.
“Não acha que é uma visão pacífica, se comparada com a situação em que o Império
está? Se as pessoas soubessem o tipo de monstros que espreitam sob aquela fina e frágil
camada de pele, acha que eles poderiam se divertir assim?”
“Mas a paz não é boa? Não adianta deixar as pessoas andarem de barriga doendo, não
é?”
“É como diz, Baziwood. Então, está quase na hora. E quanto aos preparativos?”
A quantidade impressionante de tinta e papel era para o caso de alguém estar espio-
nando a sala VIP. Embora ele sentisse que os aplausos eram altos o suficiente e esta sala
fosse distante o suficiente das outras para que isso não fosse um problema, e espionar
por conta própria não traria muita coisa. Mas não fazia mal algum ser redundantemente
preparado.
Ele sabia que era muito problemático. Ele havia feito isso antes na Cidade Imperial, mas
isso foi realmente muito cansativo.
A razão pela qual foi tão difícil foi porque o poder do Reino Feiticeiro estava em uma
escala desconhecida.
Se ele soubesse o que poderia e não poderia fazer, suas ações poderiam ser diferentes.
Ele tinha planejado usar a guerra para montar uma investigação, mas terminou de uma
maneira verdadeiramente horrível, levando a uma terrível tragédia. Ainda assim, ele não
poderia desistir completamente de suas investigações. Ele pensou em outros métodos,
mas se eles não estivessem tão seguros quanto antes, então só restaria tremer diante da
sombra do inimigo. Mas mesmo se ele obtivesse algum resultado, mesmo se ele desco-
brisse quaisquer métodos acionáveis, ele poderia acabar sendo paralisado pela mesma
sombra a ponto de desistir.
Não, ele não podia esquecer o calor que passava por sua garganta.
“Ainz Ooal Gown— se eu soubesse os limites do poder do Rei Feiticeiro, eu não preci-
saria ir tão longe.”
Naquele momento, ele o pedira para que o ajudasse como colaborador, mas agora que
ele era um Rei e um igual, pedir-lhe tal ajuda era quase impossível. Melhor dizendo, ele
ainda podia perguntar, mas pensar no preço potencial de tal ajuda fez sua cabeça doer.
“Não é só o Rei Feiticeiro, Vossa Majestade. É ruim pois não sabemos o que seus vassa-
los podem fazer, né?”
“Correto.”
Quando refletiu sobre o fato de que os Quatro Cavaleiros eram mais fortes do que ele
— sendo estes seus subordinados —, ele não conseguiu dizer que era impossível. Aquele
que estava acima dos outros não precisava de força física pura, mas sim de outras coisas.
“—Não, não pode ser. Ouça, Nimble. Você entendeu tudo errado. Entendido?”
Se isso fosse realmente o caso, então não havia futuro para ninguém. Ele esperava que,
no máximo, aqueles subordinados fossem iguais ao Rei Feiticeiro — e Jircniv estava re-
zando desesperadamente para os deuses que eles seriam mais fracos que ele.
Eu acho que devemos continuar esse plano de tentar aprender algo com aquela garota
Elfa Negra, com o conhecimento de que poderia ser perigoso. É verdade que não podemos
comprar muitos escravos da Teocracia, mas talvez esse método pudesse... Ou talvez tentar
aquela que parece um menino seria melhor. Será que ela gosta de mulheres? Não, ela pa-
rece muito jovem, então usar as mulheres nela provavelmente não funcionará. Além disso,
ela parece bastante decidida.
Assim que Jircniv se acomodou para uma longa contemplação, uma batida veio da porta.
“Oopaa, guenta aí, os da parte de trás. Os números se somam, mas algo num me cheira
bem, não é? Os dois atrás sabem do que falo. Então, cês é do esquadrão de punição dos
templos — aqueles que mata sacerdotes renegado? Achei que era rumor.”
“Minha nossa, quão problemático. Seria melhor nos deixar passar sem delongas... Antes
de tudo, parece que está enganado. Eu— perdão, nós temos uma boa razão para estar
aqui. Ou seja, o Imperador nos convidou. Hostilizar-nos, é o mesmo que hostilizar os de-
sejos do Imperador.”
“Hmmm. Ah tá. Seguinte, guenta aí um pouco? Vô confirmar pra ver se isso é verdade.”
Ele deixou Jircniv ver seus rostos. Havia o Sumo Sacerdote do Deus do Fogo, o Sumo
Sacerdote do Deus do Vento, assim como quatro outros que ele não havia visto antes.
Eles usavam capuzes de cor escura que o impediam de ver seus rostos por completo, e
essa era a parte mais suspeita.
Como esta foi a primeira vez que se encontraram, não havia garantia de que eles real-
mente eram emissários da Teocracia. No entanto, como os sumos sacerdotes também
estavam lá, as coisas não poderiam progredir se não acreditasse neles. O Rei Feiticeiro
seria o único que se beneficiaria de quaisquer disputas internas que resultassem.
“Eles são os convidados que eu estava esperando. Desculpe, mas poderia deixá-los en-
trar?”
Mesmo depois que as portas foram fechadas, eles não retiraram os capuzes.
Jircniv não disse nada sobre este comportamento indelicado. Eles provavelmente eram
tão cautelosos quanto Jircniv, e o objeto de sua cautela mútua era o Rei Feiticeiro.
“Por favor, não se preocupe. A verdade é que aqueles aventureiros adamantite estavam
certos sobre as duas pessoas de trás.”
Jircniv escreveu a palavra “Escritura” na folha de papel que ele tinha. Sua resposta foi
um leve sorriso, mas falou mais do que qualquer palavra. As forças especiais da Teocra-
cia eram conhecidas como as Escrituras, então eles devem ter vindo de uma das Seis
Escrituras.
Jircniv revelou cuidadosamente o documento, para não deixá-lo ser visto pelas costas
ou pelos lados, e viu várias perguntas por lá.
Simplificando, eles estavam perguntando o porquê ele pediu ao Feiticeiro Rei para usar
aquela magia.
Foi redigido nos termos mais diplomáticos, mas ainda era um questionário.
Eles poderiam ter simplesmente enviado para ele, mas a razão pela qual ele conseguiu
trazê-los até aqui foi porque eles temiam o alcance dos braços do Reino Feiticeiro. Ou
talvez fosse porque eles não confiavam no Império.
Jircniv preencheu suas respostas exatamente quando uma rodada de aplausos subiu.
Parece que a luta estava prestes a começar.
“Antes desta grande luta, deixe-me chamar vossa atenção para a Sua Majestade
Imperial El-Nix, que veio para assistir a batalha! Senhoras e senhores, por favor,
olhem para a sala VIP acima de vocês!”
Jircniv se levantou, para que o público abaixo pudesse ver seu rosto.
As pessoas aplaudiram como uma para Jircniv. Ele virou o rosto bonito para as pessoas
e sorriu silenciosamente para elas. As mulheres começaram a gritar por ele, e Jircniv
sentiu-se bastante satisfeito por sua popularidade ainda não ter diminuído.
Murmurou Jircniv.
Jircniv uma vez perguntou para Baziwood sobre deixar todos os Quatro Cavaleiros lu-
tarem contra o Senhor Marcial. Ele riu e disse que eles não tinham chance de ganhar. A
resposta o preocupou, então ele deixou Fluder reunir algumas informações sobre o Se-
nhor Marcial. Os resultados mostraram que o Senhor Marcial era um ser tão poderoso
que era até injusto.
A pergunta do emissário era óbvia. O fato era que Jircniv não tinha uma resposta para
ele.
“Eu não tenho certeza. Esta partida com o Senhor Marcial parece ter sido decidida
apressadamente e também não apareceu na programação, por causa do sigilo.”
“Entendo...”
O emissário respondeu.
“Bem, qualquer um que possa entrar em contato com o Senhor Marcial deve ser um
aventureiro adamantite. No entanto, o pessoal da Pássaro Fio-Prateado está aqui, deve
ser alguém das Oito Ondas. Da minha parte, eu realmente não aprovaria partidas de exi-
bição com a chance de matar um dos raros aventureiros adamantite.”
“Não posso refutar completamente isso, mas o fato é que a força é atraente. Este lugar
é provavelmente o mais adequado para permitir que as pessoas vejam um exemplo de
poder avassalador e lhes dê um sonho de um dia conseguir o mesmo.”
O homem que interrompeu foi o Sumo Sacerdote do Deus do Fogo — em outras pala-
vras, o membro mais graduado da fé do Deus do Fogo.
“É como diz, depois de considerar a condição atual do Império, é possível que ele acabe
reduzindo sua força militar. O Senhor Marcial é o ser mais poderoso do Império. Por que
não o alistar em suas forças?”
Mas uma nação que ainda poderia existir em um mundo com várias raças poderosas,
provava sua força. Era algo digno de reconhecimento. Ou melhor, pode-se dizer que unir
uma espécie era uma condição para construir uma nação forte.
“Essa é apenas minha opinião pessoal. Não reflete no meu país. Mas chega de bate-papo
por agora, Vossa Majestade. Posso ter sua resposta?”
A mão de Jircniv parou quando estava prestes a escrever a resposta para a primeira
pergunta. Isso porque ele estava curioso sobre o desafiante, que era corajoso o suficiente
para desafiar àquele Senhor Marcial. Ser reconhecido como um desafiante significava
que ele deveria ser capaz de lutar bastante. Alguém assim ainda existe no Império?
Se ele fosse excepcional o suficiente e estivesse disposto a servir o Império, ele o em-
pregaria mesmo se ele perdesse. Dependendo de como as coisas acontecessem, ele po-
deria acabar dando a ele o lugar nos Quatro Cavaleiros que “O Intangível” deixara vazio
após sua morte.
“...O nome do desafiante pode ser conhecido por muitos na plateia. Esse grande
homem veio para nos agraciar hoje! Eu vos apresento, o Rei Feiticeiro do Reino
Feiticeiro, Sua Majestade! Ainz! Ooal! Gown!”
“—Haaaah!?”
Ele não entendeu as palavras do locutor que lentamente afundavam em seu cérebro.
Jircniv olhou em volta e ele tinha certeza de que todos tinham ouvido a mesma coisa.
—Impossível.
Claro que era impossível. O líder de um país não poderia aparecer em um combate de
gladiadores em outro país. Isso era óbvio para qualquer um com bom senso. Não era
possível que ele fosse um bárbaro.
Se aquela notícia não lhe tivesse chegado apesar de todos esses esforços, isso signifi-
cava:
Ele entrou secretamente no país? Por que ele faria isso? E ele veio para a arena? Que
merda ele está pensan— Será? Poderia ser? É assim que vai ser? Isso... como isso é possível?
Então, ele mudou sua linha de visão para olhar para os emissários da Teocracia Slane.
Havia olhares penetrantes naqueles olhos sob seus capuzes, e o olhar naqueles olhos
dizia apenas uma coisa. Não, com toda a probabilidade, Jircniv teria chegado à mesma
conclusão se estivesse no lugar deles.
De fato.
Tudo isso foi uma conspiração de Ainz Ooal Gown. Se eles não entendessem isso— não,
se eles não pudessem aceitar isso, a situação se tornaria muito terrível.
“Uma armadilha colocada pelo Reino Feiticeiro? Ou por outra pessoa? Afinal, este é o
lugar que o senhor especificou, Vossa Majestade, e nós só fomos informados há algumas
horas.”
Isso estava correto. Ele mantinha tudo oculto até o último momento para reduzir o risco
de vazamento de informações.
Jircniv tentou desesperadamente lembrar quem sabia sobre o assunto. O número era
muito pequeno e todos eram pessoas confiáveis. Ou será que?
Argh...
“—É possível que a informação tenha sido extraída por meio da dominação mágica. Isso
definitivamente não faz parte do meu plano. Esta é a prova. Se eu tivesse colocado essa
armadilha, por que eu estaria em pânico com isso?”
Onde foi o vazamento? Não, será que realmente vazou? Eu, eu apenas dancei na mão dele
como uma marionete? Ele soltou a isca e esperou que eu pegasse o anzol.
Era muito possível que tudo o que acontecera até agora fizesse parte do plano.
Quão elaborado foi o esquema dele, afinal? Não, agora não é hora de ter medo de sua
astúcia! Se eu não agir rapidamente—!
A voz do intruso foi como a de um caçador que viu sua presa cair em uma armadilha
cuidadosamente colocada.
Enquanto lutava para controlar sua respiração em pânico, ele viu a forma do Rei Feiti-
ceiro, que subia do centro da arena até a mesma altura da sala VIP.
Aquele rosto odioso estava em plena exibição. Deve ter sido para deixar que todos sou-
bessem que era o próprio homem.
“Oo, o— Mme. O mesmo para o senhor, Gown-dono. Não achei que te encontraria em
um lugar como este.”
Kuku~, o Rei Feiticeiro riu maldosamente. Ele obviamente não achou que fosse uma
coincidência.
Jircniv tinha certeza de que tudo isso fazia parte do esquema de Ainz Ooal Gown.
Muita informação deve ter vazado. A questão era quanto ele sabia?
Assim que Jircniv lutava para pensar, as luzes odiosas nas órbitas do Rei Feiticeiro se
fixaram nos emissários da Teocracia.
Aquele crânio sem emoção parecia estar distorcido pelo mal. Provavelmente estava
zombando de Jircniv, que não podia falar.
“O que está errado? El-Nix— não, Jircniv-dono. Parece pálido. O senhor está bem?”
O fato foi que ele pareceu genuinamente preocupado, primeiro desgostoso, e depois
aterrorizado. Ele se sentiu como um pequeno animal, se contorcendo dentro de uma mão
amorosa. Como ser humano, era natural sentir o terror envolvido naquela alegria.
“Então é isso. Bem, dizem que seu corpo é seu melhor tesouro, é melhor cuidar disso.”
A desculpa de Jircniv soava pouco natural, mas pelo menos ele estava fora do anzol por
agora. Ele estava esperando o momento certo para acabar com sua presa, ou ele estava
sendo envolvido em um amado passatempo de sadismo? Ou talvez—
Como ele, o líder de um país, já havia declarado seu nome, o outro lado não podia recuar
sem dizer uma palavra. Se eles dessem um nome falso e o Rei Feiticeiro soubesse seus
nomes verdadeiros, como ele reagiria?
Sua expressão não havia mudado, afinal, seu crânio sem pele e sem carne não poderia
fazer expressões. Ele não só não tinha olhos, mas as órbitas vazias de seus olhos eram
ocupadas apenas por chamas carmesins, das quais nenhuma emoção poderia ser lida.
No entanto, Jircniv podia sentir um sorriso maligno se ampliando.
“Muito obrigado e, na verdade, teríamos nos apresentado também. Mas uma emergên-
cia extrema aguarda nossa atenção, por isso devemos sair imediatamente. Tenho certeza
de que Sua Majestade ficará feliz em lhe contar sobre nós mais tarde.”
“É mesmo? Que pena. Espero que nos encontremos novamente. Por favor, vão em paz.
Bem, ainda há a questão da partida, então vou indo, até outro dia.”
“Não fez? Não importa qual desculpa use, ele sabia tudo. Tudo o que ele fez foi clara-
mente zombar de um bando de tolos que estão se movendo exatamente como ele previu...
Quanto disso contou a ele? Quantas pessoas traiu para salvar seu próprio país? Você
deve ter pedido a ele para usar aquela magia ilogicamente destrutiva também, não é?”
No entanto, ele não viu suspeita e dúvida em seus olhos, mas hostilidade e decepção.
O Rei Feiticeiro havia dado um golpe magnífico no momento mais oportuno. Do tipo
que aleijaria totalmente o Império. Ele disse ao Império que eles não tinham escolha a
não ser trair a humanidade.
“Acreditem em mim, por favor! Eu não vendi essa informação para ele—”
“...Mesmo se acreditássemos nisso, não há como negar o fato de que toda a sua operação
foi comprometida. Majestade, estou triste em dizer que jamais nos encontraremos no-
vamente.”
“Espere! Eu te proíbo de deixar esta sala até que ouçam minhas opiniões!”
Quando Jircniv lutou para restaurar alguma vida ao seu coração despedaçado, ele olhou
para os dois Sumos Sacerdotes. Os emissários nem sequer olharam para trás quando
saíram.
“...O Rei Feiticeiro é um undead maligno, e não vamos permitir que ele se chame de Rei.”
Antes que Jircniv pudesse responder, o Sumo Sacerdote do Deus do Fogo continuou:
“No entanto, não podemos derrotá-lo em batalha, por isso devemos encontrar alguma
maneira de destruí-lo.”
“Sua traição foi prevista, Imperador, pois foi seduzido pelo poder das trevas.”
Essa declaração, feita pelo Sumo Sacerdote do Deus do Vento, ilustrou claramente sua
hostilidade em relação a Jircniv.
Os templos não podiam influenciar o governo. No entanto, eles podem decidir exco-
mungar um Imperador que estava em aliança com o inimigo universal, os undeads.
Ele não podia expurgá-los, porque os templos estavam encarregados da cura, assim
como os salvadores das almas das pessoas.
Para Jircniv, aquele único movimento de Ainz Ooal Gown parecia um golpe da gadanha
de um Ceifador. Mesmo se ele não fizesse nada, o Império entraria em colapso. Então, o
Reino Feiticeiro encontraria algum motivo para o contato.
Se fosse Jircniv fazendo isso, ele usaria uma desculpa ao longo das palavras de “O país
de nosso aliado está em caos, então estamos enviando tropas para ajudar a manter a or-
dem pública”.
A julgar pela reação deles, a Teocracia Slane não criticava o Reino Feiticeiro por fazer
tal coisa. O Reino não teria forças para fazer nada a respeito, enquanto o Conselho Esta-
dual levaria um tempo para fazer tal declaração.
Que tipo de incentivo ele poderia oferecer para remover as dúvidas de seus corações?
Ou melhor, manter seus compromissos, mesmo que tivessem dúvidas?
Jircniv sempre colocou esse assunto em primeiro lugar em seu coração quando falava
com outros em sua capacidade de Imperador. A maneira mais simples de levar as pes-
soas a agir era apelar para seus desejos. Jircniv crescera sabendo que esse era o jeito
certo de ver as coisas. Havia muitos humanos que eram governados pelo desejo por um
rosto bonito, isso não era surpreendente.
Agora que os outros pensavam que ele havia traído os vivos para trabalhar com os mor-
tos, não havia nada que ele pudesse oferecer a eles.
Tudo o que ele pôde fazer foi ser honesto e sinceramente contar o seu lado da história.
“Por favor, permita-me dizer uma última coisa. A astúcia daquele sujeito supera a mi-
nha. Tudo que está acontecendo aqui e agora pode muito bem ser coisa dele... Eu mesmo
não acreditaria tão facilmente se fosse eu no lugar dos senhores... Eu realmente não os
vendi. E, embora também não acredite nisso, como ser humano, quero lhe dizer uma
coisa. O reinado do Rei Feiticeiro é muito misericordioso. O povo de E-Rantel ainda vive
em paz.”
“Mas não temos idéia de quanto tempo isso vai durar, não é?”
“Possivelmente. Mas por enquanto, pelo menos, eles estão seguros. Se iniciarmos uma
guerra que não podemos vencer, o nosso país começará a percorrer o caminho da ani-
quilação. Então, espero que pensem com cuidado e não façam movimentos bruscos.”
“Obrigado. E antes disso, um último pedido. Não importa onde, por favor, observem a
luta na arena. Se puderem ver uma maneira de derrotá-lo, por favor, me diga.”
Conspirações incluídas, não havia como derrotar Ainz em uma batalha de inteligência.
O coração humano era o único trunfo deixado para aqueles que desejavam combatê-lo
igualmente.
Parte 3
Enquanto olhava através da pequena abertura que ele abriu na janela da carruagem,
Ainz sentiu uma terrível sensação de derrota.
Os rostos das pessoas eram brilhantes. Era uma cidade movimentada, completamente
diferente do Reino Feiticeiro, onde a vivacidade não era vista.
E então, a sensação de derrota logo desapareceu. Afinal, sua cidade havia sido anexada
recentemente. Quando uma cidade fosse tomada por um novo governante, a vida muda-
ria. Era natural que as pessoas se sentissem desconfortáveis, levando a um estado tem-
porário depressivo.
Punitto Moe já havia ensinado Ainz sobre jogos de estratégia. Quando alguém conquis-
tasse um território durante uma guerra, o valor de felicidade das pessoas despencaria.
Além disso—
—O que ele disse sobre partisans aparecendo? Era isso? Por que uma grande quantidade
de armas apareceria de repente?
Como o jogo não tinha nada a ver com YGGDRASIL, ele perdera o interesse no meio do
caminho. Mas deveriam ter sido vagamente relacionados, pelo menos.
Ele provavelmente estava falando sobre algum tipo de traição. Ou talvez tenha sido al-
guma forma de gíria de jogador, huh... Partisans... parece ser uma espécie de arma de fogo.
Então, quando ele falou sobre armas sendo vendidas em grandes quantidades, ele estava
falando sobre um motivo para lutar? Recrutamento de cidadãos, talvez? Hm? Talvez eles
lutariam contra o novo governante, mas isso seria uma revolta, certo? Então deveria ter
sido chamado de rebelião desde o começo. Por que “partisans”? Bem, isso não importa...
A razão pela qual não houve rebelião em E-Rantel foi porque os Death Knights estavam
patrulhando para manter a ordem pública. Ou foi porque a persona de Momon teve um
efeito calmante sobre eles? Não, talvez a raiz tenha sido por causa de suas políticas soci-
ais benevolentes.
Nada é melhor que um reinado pacífico. É maluquice matar a galinha dos ovos de ouro.
Eu acho que eu preciso fazer uma concessão ocasional como retornar itens dropados para
um oponente depois do PKing, quem sabe.
Enquanto recordava o conteúdo do “PKing para Bobos”, Ainz percebeu que ele tinha se
distraído, e apressadamente colocou seus pensamentos de volta aos trilhos.
Espere, acho que estava pensando sobre a vivacidade. Bem, não importa como eu compare,
eu domino apenas uma cidade, e esta é a capital do Império, que tem muitas cidades, então
a diferença em seus níveis de vivacidade é inevitável. Até mesmo as populações são diferen-
tes... Então, acho que quando o número de pessoas aumentar, o Reino Feiticeiro também se
tornará mais vívido... Eu acho que preciso me concentrar em políticas que encorajem o
aumento da população. Albedo pode colocá-las em pratica.
Depois que Ainz se consolou, ele decidiu tomar uma nova direção, em sua capacidade
de governante.
O homem que estava olhando pela janela também falou com ele, e trouxe Ainz de volta
de seus pensamentos.
“Eu, eu temo perguntar, Vossa Majestade, mas esta não é a Capital Imperial, Arwintar?”
O homem — que praticamente havia sido sequestrado — fez essa pergunta com voz
trêmula.
“Obrigado, muito obrigado— não, um momento! Não me lembro de passar por nenhum
ponto de verificação! Isso não seria imigração ilegal?”
Isso foi, na verdade, o que aconteceu. Já que eles usaram a magia 「Gate」 para transi-
tar diretamente para a Capital Imperial, eles não teriam passado por nenhum ponto de
controle.
“Não são apenas detalhes! Um rei atravessando ilegalmente a fronteira para outro país
é um incidente internacional!”
Ainz não disse isso, é claro. O bom senso ditaria que o Chefe de Guilda estava certo e
Ainz estava errado.
Depois de pensar o máximo que pôde, ainda não conseguia pensar em uma explicação
que Ainzach aceitasse. Em vez disso, ele acabou suspirando com a surpreendente teimo-
sia do homem. Ele havia pensado que Ainzach seria o tipo de homem que se comportaria
assim: “Bem, contanto que você não seja pego, tudo bem”.
“Bem, sei que a ocasião agora é diferente, mas tenho certeza de que ele aprovaria com
prazer se eu apenas o perguntasse. Claro, seria depois de eu já ter feito isso... mas estaria
tudo bem se o próprio imperador permitisse isto, não?”
“O mais importante é, nem você nem eu trouxemos nada de ilegal. Isso não significa que
está bem?”
“Muun...”
Ainzach meditou.
Se o Jircniv soubesse disso, é certo que ele faria uma recepção para mim. Ele pode ser
cauteloso com Nazarick, mas já que eu sou o rei de um país aliado, ele teria que me receber
na porta da frente. Isso seria muito ruim.
O Imperador certamente iria sediar algum tipo de cerimônia para receber o rei de um
país aliado. Isso era algo que Ainz, que não estava familiarizado com os costumes da so-
ciedade nobre, portanto, tinha que evitar a todo custo.
Caso se tornasse motivo de riso por causa disso, ele não seria capaz de olhar nos olhos
dos Guardiões — que estavam trabalhando sem parar para o bem do Reino Feiticeiro.
Agora, preciso pensar em como envolver o Ainzach nisso. Talvez eu devesse pedir a ajuda
dele como fiz naquele papo lá na guilda?
A outra razão foi porque ele queria pressionar o Chefe de Guilda Ainzach em seus es-
quemas.
Ele já havia incorporado a Guilda dos Aventureiros como uma organização nacional. No
entanto, mesmo que a união estivesse pronta, o preenchimento demoraria muito tempo.
Isso foi muito ruim para o Reino Feiticeiro, já que controlava apenas uma cidade e o
número de aventureiros que eles podiam atrair era completamente insuficiente. Usando
aventureiros de outras raças — como Lizardmen, por exemplo — era uma questão para
mais tarde. Agora era preciso aumentar o número de aventureiros humanos.
Foi por isso que ele teve que vir aqui para fazer uma averiguação de talentos. Se não
bastasse, ele também poderia recrutar dos países vizinhos.
No entanto, esse tipo de recrutamento não era fácil, especialmente porque o que Ainz
faria, poderia ser resumido em vender de porta em porta — um dos tipos mais difíceis
de trabalho no negócio de vendas.
Obviamente Ainz não achava que perderia, mesmo que as Guildas de Aventureiros de
cada nação individual montassem uma campanha em larga escala contra ele. Entretanto,
isso reduziria o moral de qualquer aventureiro que conseguisse recrutar. Era muito fácil
Foi por isso que ele teve que envolver Ainzach — que entendia os objetivos e conceitos
de Ainz — em tudo isso. Certamente as coisas correriam bem se ele fosse o intermediário.
Ele considerou que Ainzach recusaria se tivesse sido informado em E-Rantel, e por isso
o arrastou para isso desse modo.
Além disso, ele também estava considerando o fato de que Ainzach teria algo em co-
mum com o outro lado.
Isso era um segredo entre vendedores. Os iguais tendem a gravitar em direção aos seus
semelhantes.
Ainz— ou melhor, Suzuki Satoru viu seus colegas aproveitarem o fato de terem nascido
no mesmo lugar ou que apoiaram a mesma equipe como possíveis clientes para fechar
uma venda.
Tendo sido Momon, Ainz conseguiu entender a vida de um aventureiro, até certo ponto.
Mas ele subiu de ranque tão rapidamente que não pôde dizer que realmente conhecia as
dificuldades de ser um aventureiro. Assim, ele teve que deixar Ainzach — que era um
aventureiro veterano e também o Chefe de Guilda — falar o que pensava para melhorar
a proximidade com os futuros aventureiros.
Se fosse uma questão de dinheiro, ele certamente poderia pagar. Ainda assim, ele não
acreditava que tais meios fariam com que Ainzach desse tudo de si.
“Vamos.”
Hanzo era um monstro humanóide do tipo ninja que possui habilidades em combater
alvos especializados em furtividade. Havia outros de aproximadamente o mesmo nível,
como Kashin Koji, que era hábil em ilusão. O Fuuma, que era habilidoso no combate
corpo a corpo e técnicas especiais, Tobi Kato, que era habilidoso com armas, e assim por
diante.
“...Então, Vossa Majestade. Já que chegamos à Capital Imperial, pode me dizer o que vi-
emos fazer aqui?”
Uma expressão amarga cruzou o rosto de Ainzach. Ficou claro que ele estava tendo pro-
blemas para aceitar isso.
Apesar do ocorrido durante a guerra, o fato de Ainz ter matado muitos soldados do
Reino Re-Estize tornou muito difícil atrair os aventureiros vindos do Reino. Além disso,
Albedo estava visitando o Reino, então ele não podia dificultar as coisas para ela. Sendo
esse o caso, o país aliado, o Império, era a opção ideal.
Não que os Guardiões dessem más opiniões, mas eles tomavam tudo o que Ainz dizia
como um pronunciamento divino e correriam para fazer virar realidade. Assim, Ainz es-
tava frequentemente desconfortável sobre se ele havia ou não dado as ordens certas. Por
causa disso, ele desejava ouvir alguém se opor a uma de suas declarações. Dessa forma,
ele saberia onde estavam os problemas.
Ainda assim, ele não podia aceitar completamente seus pontos de vista.
Apenas o céu sabia o porquê, mas todos os seus subordinados pareciam pensar que o
Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown era um gênio. E com isso, Ainz não poderia dizer ou fazer
qualquer coisa para trair essa fé. Ele não pôde desapontá-los.
Seu rosto — que não mostrava emoção — foi de grande ajuda, porque ninguém sabia
que ele estava mentindo. A cara de poker perfeita.
Neste ponto, Ainz parou por um momento e olhou Ainzach diretamente nos olhos. Ele
não podia sugerir que ele estava esperando pela resposta do homem.
“O que faria se dependesse de você? Existe uma proposta que seria atraente o suficiente
para fazer com que os aventureiros que já escolheram uma base, mudem de idéia?”
“Como assim?”
Se possível, ele gostaria de fazê-lo o mais rápido possível. Claro, se não fosse possível,
ele não se importava de esperar. Afinal, o objetivo era espalhar os louvores do Reino
Feiticeiro.
“Então, não deveríamos estabelecer uma base sólida primeiro? Devemos construir a
organização desejada dentro do Reino Feiticeiro, e depois fazer várias outras prepara-
ções, conforme necessário. Quando o exterior estiver sólido, podemos preencher o inte-
rior a vontade, isso está errado?”
“Essa é uma excelente sugestão, cheguei a considerar anteriormente. Mas isso repre-
senta um problema por si só. Se não estimarmos o conteúdo antes de construir, o conte-
údo que preencherá pode acabar sendo muito grande ou muito pequeno... Você gostaria
de tentar?”
“Exato. Sendo sincero, ainda estou analisando onde isso tudo terminará. Em particu-
lar— eu sei que você está interessado em minha proposta, mas eu não sei quantos cora-
ções ela pode tocar. Para observar suas reações, eu vim ao Império para tentar um re-
crutamento de teste e ver o resultado.”
“Entendo... como esperado de Vossa Majestade, já planejou tão longe. Tenho vergonha
do meu pensamento superficial.”
“Claro que não. Você e eu somos seres diferentes. Por causa disso, posso cometer um
erro quando se trata das reações dos seres humanos. Pelo que sei, posso dizer algo que
incomoda os outros. Por favor, me diga se tal situação ocorrer. Nesse aspecto, precisarei
de você como um ajudante... Ainzach.”
“Sim!”
Ainzach parou para pensar por um segundo e depois inclinou a cabeça profundamente.
Enfim, posso realmente deixar a tarefa de apelar aos aventureiros do Império apenas para
o Ainzach?
Ele poderia fazer a apresentação se fosse necessário, mas não porque gostava. Se al-
guém fosse mais adepto de uma tarefa e mais capaz, esse alguém deveria ser o respon-
sável por tal tarefa. Contudo—
—Eu não posso deixar tudo em cima dele. Se surgir um problema, eu devo lidar com isso,
já que sou seu superior.
Ele não queria ser um chefe deplorável. Ainz se apegou a essa determinação. Só então,
ele percebeu que Ainzach parecia ter caído em contemplação.
“Com isso em mente, sinto que tentar persuadir o presente grupo de aventureiros será
muito difícil. No entanto, pode ser possível que as pessoas que desejam se tornar aven-
tureiros venham ao nosso Reino Feiticeiro. Ou seja, vamos coletar os filhotes e depois
criá-los.”
“Os fortes sempre foram admirados. Assim, posso perguntar como Vossa Majestade se
sentiria mostrando seu poder como forma de propaganda?”
Ainz pensou.
Afinal, a publicidade era muito importante. Pois a razão pela qual ele estava fundando
sua própria Guilda dos Aventureiros foi para espalhar o nome do Reino Feiticeiro de
Ainz Ooal Gown.
“...Então eu tenho que mostrar meu poder e fazer o que os aventureiros fazem?”
Tudo o que tenho que fazer é ser um tipo de Momon para o Império, então...
“É quase isso, Vossa Majestade. Estamos na Capital Imperial. Então como o senhor se
sentiria em exibir seu poder na arena?”
♦♦♦
A resposta de Ainzach à pergunta de Ainz foi ao longo das palavras de: “Isso é apenas o
começo”.
“Há muitos eventos na arena e, às vezes, os aventureiros acabam lutando contra mons-
tros. Eu só encontrei essa pessoa algumas vezes, quando capturei tais monstros e os en-
viei para cá.”
“Compreendo. Ainda assim, acabou sendo bastante útil, então devo agradecê-lo pela sua
conexão. Por falar nisso, que tipo de monstros você capturou nos arredores de E-Rantel?”
“Nós capturamos os undeads das Planícies Katze. Os undeads não precisam de comida,
por isso não incorreriam despesas adicionais depois que os capturamos.”
“Hoh. Foi bem astuto. Você sabe fazer bem seu trabalho, afinal.”
“Mesmo? Eu não me vejo como uma pessoa assim... ainda, Vossa Majestade. Temo
ofendê-lo, mas está tudo bem em falar em capturar os da sua espécie?”
“Ahh, claro— bem, existem muitas variações da minha espécie. Eu não considero todos
os undeads como meus parentes.”
“Minhas mais profundas desculpas, mas não. Nunca fui muito dedicado a meus estudos,
então não sei.”
Ainz pensou.
Ele tinha uma compreensão aproximada da força deste mundo e da quantidade de força
que alguém precisava para ser considerado poderoso. Sendo esse o caso, a aparição de
um undead como um Overlord causaria uma enorme perturbação, particularmente por-
que o undead não envelhece, então continuariam governando a terra por toda a eterni-
dade até que fosse derrotado.
Em outras palavras, o fato de nada disso ter acontecido implicava que não havia Over-
lords aqui.
“Certo. Bem, pretendo enviar aventureiros para os confins do mundo para coletar in-
formações desse tipo. Seria muito problemático se outros da minha espécie estivessem
por perto, ainda mais se tiverem ódio pelos vivos. Você entende?”
“É ver para crer. Não sei se sou a exceção ou se minha espécie é uma exceção em si. No
entanto, não devemos assumir o pior cenário e nos preparar adequadamente?”
“...É como diz, Vossa Majestade. Vou gravar isso em meu coração.”
Ainzach assentiu.
“Seria ótimo.”
Ainzach desceu da carruagem. Depois que Ainz o assistiu sair, ele tirou a máscara e co-
locou. Ele podia andar por E-Rantel sem usá-la, mas esta era a Capital Imperial — e ele
cruzara as fronteiras ilegalmente para estar aqui — então, no mínimo, era melhor es-
conder sua verdadeira face. Seu manto também era algo mais modesto.
Embora isso significasse que seu equipamento pessoal ficaria uma classe abaixo do nor-
mal, mas não poderia evitar. Afinal, Ainz só tinha um conjunto de vestes divine-class.
Mesmo ele ainda mantendo as coisas deixadas para trás por seus amigos, no final, as
armaduras foram personalizadas para combinar precisamente com seus atributos. Por-
tanto, não era que ele não pudesse equipá-las, mas sim que não poderia exercer todo seu
potencial, e com isso não poderia fazer uso das grandes quantidades de dados que foram
usados para beneficiar habilidades individuais de cada uma. Considerando isso, ainda
era melhor para Ainz usar os itens que haviam sido feitos para ele, mesmo que fossem
um pouco mais fracos.
Depois de trocar seu equipamento, uma batida veio da porta da carruagem, seguida
pela voz de Ainzach.
“O que aconteceu?
“Lamento dizer que hoje não parece conveniente. A outra parte espera que possamos
voltar amanhã. Mas acredito que podemos forçar o caminho para transmitir as palavras
de Vossa Majestade aos ouvidos deles. Alguma sugestão?”
Forçar uma reunião não solicitada durante um período movimentado não favoreceria
nada a ele. Pelo contrário, quando se olha para isso do ponto de vista de um negócio, o
próprio fato de terem vindo sem serem convidados e não terem sido expulsos, e ainda
assim conseguirem um horário para visita já pode ser considerado uma grande con-
quista.
Ainz percebeu que Ainzach estava arregalando os olhos para ele, e então ele perguntou
o porquê.
O fato foi que Ainz não respondeu com “Eu pensei que conseguiria”, e não houve arro-
gância alguma em suas palavras.
Ainz se perguntou. Embora parecesse um pouco tarde demais para pensar nisso, Ainz
Ooal Gown se tornou um rei. Se isso era o que um governante deveria fazer, então ele
precisava fazer isso, mesmo que parecesse estranho para Suzuki Satoru.
“Esta é minha primeira vez regendo humanos. Não devo fazer isso se for apropriado?”
“Eu não tenho certeza, Vossa Majestade. Eu nunca me encontrei com o Rei, então não
posso dizer se é verdade ou não. Embora, pessoalmente, prefira o ponto de vista de
Vossa Majestade. Mesmo assim, os nobres de alto escalão podem considerar tal compor-
tamento como apropriado.”
“Pode muito bem ser como Vossa Majestade diz. Existem muitas coisas complicadas de
fato.”
Ainz cerrou o punho direito, onde ninguém podia ver. Parece que Ainzach não estava
mais tão tenso. Ele estava certo disso.
“Não, eu não o fiz. Eu queria ouvir sua opinião sobre isso, Vossa Majestade. Devo usar
seu nome, Vossa Majestade?”
Depois de discutir detalhes como o tempo e assim por diante, Ainzach desceu da carru-
agem novamente.
Ainz se sentiu um pouco culpado por usá-lo como menino de recados. Embora soubesse
que este não era um mundo onde a idade importasse, Suzuki Satoru foi um homem tra-
balhador, e incomodava-o ordenar uma pessoa mais velha.
Ele não teria tido problemas em encomendar alguém de uma empresa completamente
diferente. Por exemplo, se Ainzach fosse do Império, ele poderia apontar e ditar sem
nenhum problema. A razão pela qual Ainz não pôde fazê-lo foi porque ele chegou a ver
Ainzach como um de seus subordinados.
Embora, quando se trata da recompensa do Ainzach... quanto devo pagar a ele? O mesmo
que um aventureiro mythril? Não, deveria haver um subsídio de dever também... então ou-
tros cinco porcento em cima disso? Existe alguém que eu possa perguntar sobre o quanto
é apropriado?
Ele poderia discutir isso com Demiurge ou Albedo, mas não ficou claro se os dois tinham
alguma idéia de que tipo de pagamento era apropriado. Ele tinha a sensação de que eles
responderiam com algo do tipo “Ele deveria estar feliz em servi-lo, Ainz-sama”.
Como esperado... eu preciso encontrar um humano sábio. Fluder disse que estava muito
confiante em seu conhecimento mágico, mas que não sabia quase nada sobre outros assun-
tos.
Nazarick era indiscutivelmente invencível, mas ele se sentia desconfortável com sua
falta de conhecimento sobre a sociedade humana.
...Então eu vou começar a usá-lo até que alguém melhor venha? Eu acho que concordar
com a proposta do Demiurge foi a escolha certa. Claro, eu não tinha intenção de negar
quando ele falou...
Quando Ainz se afastou em contemplação uma vez mais, alguém bateu na porta.
No entanto, Ainz decidiu permitir que Ainzach continuasse, com uma atitude magnâ-
nima que melhor se adequava a um governante.
“Como o senhor desejou, a nomeação foi feita para se reunir às dez da manhã de amanhã,
Vossa Majestade.”
“Uhum. Então, há apenas a questão de esperar até amanhã... Logo mais, usarei magia de
teletransporte para enviar você para E-Rantel. Relaxe e aceite a magia. 「Greater Tele-
portation」.”
Ainz murmurou para si mesmo. Esta foi uma tarefa desagradável, então ele fez isso para
se recompor.
Ele estava enviando a 「Message」 para Fluder, que havia oferecido tudo para ele. A
razão pela qual estava enrolando para dar ao homem o que havia prometido, era porque
Ainz não se sentia confiante em dar exatamente o que àquele velho desejava.
Fluder queria que Ainz lhe ensinasse tudo o que sabia sobre magia.
Talvez se fosse em YGGDRASIL, ele poderia estar qualificado para falar sobre magia.
Infelizmente, o sistema mágico deste mundo funcionava um pouco diferente do de
YGGDRASIL.
Como eles aprenderam as mesmas magias de maneiras diferentes? Ele havia se feito essa
pergunta muitas vezes, mas não conseguiu encontrar uma resposta. Além disso, havia
uma verdadeira montanha de outras perguntas não respondidas. Na pior das hipóteses,
ele teve que considerar que ele não poderia usar seus poderes vindos dos tempos de
YGGDRASIL.
Não se sabia se ele encontraria a resposta, mesmo que a usasse. Era muito provável que
ele estivesse perdendo esforço. Mais importante, ele estava com medo de usar uma ma-
gia que se qualificava como um trunfo. Naturalmente, seria uma questão diferente se
tivesse uma maneira de obter grande quantidade de experiência, mas, infelizmente, ele
não havia descoberto tal coisa até agora.
Embora ele não tivesse pulmões, Ainz fez “Haaah~” enquanto suspirava. Ele tinha a ati-
tude de um vendedor que estava preparado para se desculpar por não entregar as mer-
cadorias solicitadas a um cliente enquanto conjurava a magia 「Message」.
Uma vez que a mensagem chegou, ele continuou falando as palavras pré-arranjadas.
“Você nasceu no Vilarejo Belmous. Seu primeiro contato com a magia foi através de um
místico de seu vilarejo.”
Essas palavras pré-arranjadas eram uma forma de código, porque Fluder dissera que
não havia como saber se a pessoa do outro lado da 「Message」 era uma amiga ou uma
estranha. Assim, eles conseguiram verificar sua identidade mencionando o nome (com-
binado previamente) deste vilarejo e de uma história do passado.
Ainda assim, mesmo depois de fazer isso, as dúvidas de Fluder sobre a magia 「Message」
permaneceram.
Dito isto, não havia muito que Ainz pudesse fazer sobre isso.
Ainz fez sua resposta, sentindo-se um pouco intimidado pela intensidade ardente do
entusiasmo de Fluder.
“Perdoe o pequeno atraso. Eu acredito que é hora de te ensinar magia, como nós con-
cordamos. Você está livre agora?”
『Claro! Eu farei com que o tempo seja necessário para seus desígnios, Professor!』
Enquanto considerava essa grande tarefa, que parecia ser uma reivindicação de um cli-
ente difícil, seu estômago começou a doer.
...Meu estômago deve doer mais do que qualquer um aqui na Capital Imperial.
Antes de se teletransportar para os aposentos de Fluder, Ainz decidiu verificar seu des-
tino com uma magia de adivinhação.
“Tudo bem. Vou agora conjurar 「Greater Teleportation」 para chegar aos seus apo-
sentos.”
“...Vamos deixar isso para mais tarde. Afinal, 「Message」 não durará para sempre.
Nem tenho níveis em profissões do tipo Comandante... Ainda assim, gostaria de lhe per-
guntar uma coisa antes disso. Que tipo de contramedidas anti-adivinhação você tomou?
Que magias você lançou? Como você as lançou? Você fez alguma coisa contra o teletrans-
porte?”
Em outras palavras, tudo o que ele disse no quarto de Fluder poderia muito bem ser
vazado para um terceiro.
『Minhas sinceras desculpas. Mas não sou adepto nesse campo de magia.』
“Nesse caso, você deve usar itens mágicos para substituir isso, não? Eu vi muitos itens
mágicos na Capital Imperial, todos supostamente feitos por você.”
Ainz lembrou o que viu quando veio pela primeira vez à Capital Imperial. Ele ficara sur-
preso pelo fato de que eles tinham coisas como refrigeradores à venda.
“Entendo...”
Ainz murmurou.
Talvez aqueles que tinham conhecimento poderiam pensar que 60 era uma soma con-
siderável, mas se Ainz estivesse limitado a 60 magias de 3º nível, ele provavelmente teria
que passar o dia todo se preocupando com suas escolhas.
Isso porque ele tinha que considerar usos futuros, se ele mudaria ou não sua profissão
e assim por diante. Havia muitas coisas que precisavam ser planejadas e antecipadas.
“Na verdade, eu me expressei mal. É como você diz. Magia de adivinhação seria neces-
sariamente uma prioridade menor quando se estuda magias ofensivas e defensivas.”
No jogo, ele poderia dizer: “Eu aprenderei, então trate de aprender também” e resolveria
facilmente as coisas. No entanto, a escolha de magias era uma decisão de mudança de
vida para as pessoas deste mundo. Seria preciso uma pessoa muito corajosa para apren-
der uma magia impopular.
Além disso, os estudos de adivinhação de magia eram bastante profundos. Era necessá-
rio antecipar os meios que o inimigo usaria para coletar informações.
“Bem. Então eu lhe darei o item anti-adivinhação que possuo. Use isso para se proteger
no futuro.”
『Sim!』
Mesmo sem ver, ele poderia dizer que a cabeça de Fluder estava profundamente abai-
xada. Por tudo que ele sabia, ele poderia até estar se ajoelhando.
Então, ele decidiu verificar auras mágicas, e como esperado de Fluder, havia muitas co-
res diferentes no ambiente. No entanto, nenhuma delas parecia uma cor perigosa que
impedisse o teletransporte. Depois de verificar isso, ele lançou 「Greater Teleporta-
tion」.
Seu campo de visão mudou, mostrando que ele havia se teleportado com sucesso para
os aposentos de Fluder. Embora não houvesse atrasos, nem tivesse sentido que alguém
o espionasse, ele tinha certeza de que não havia entrado em alguma base inimiga, mas,
ainda assim, ele deu uma rápida olhada em volta de si mesmo.
Na verdade, não havia necessidade de ficar tão preocupado. Mas o breve período de
vulnerabilidade após o teletransporte era o momento mais oportuno para ser atacado.
Essas ações de proteção — para se defender contra PKed — foram feitas há muito tempo,
quando era o mero assalariado Suzuki Satoru.
Ainz ordenou a Fluder. Com toda a honestidade, não havia necessidade de ele ir tão
longe.
Esse tipo de lealdade — ou melhor, sede de conhecimento que levava ao desejo de obe-
decer — era anormal.
Foi muito semelhante ao modo como as pessoas de Nazarick agiram. Embora Ainz ti-
vesse finalmente começado a se acostumar com esse tipo de coisa, ver isso de alguém
que ele mal conhecia o fez querer se afastar.
“Sim!”
“Sim! Tudo o que tenho é seu, Professor. Por favor, sente-se em qualquer lugar que de-
sejar!”
“T-tem certeza? Isto é, para eu me sentar da mesma maneira que o senhor, Professor?”
“...Você deve ter discípulos também, ou estou enganado? Você os trata assim também?”
Esse tipo de atitude esportiva alarmou Ainz, o que provocou essa pergunta. Em resposta,
Fluder sacudiu a cabeça.
“Não é assim, mas a diferença entre o senhor e eu é maior que o céu e a terra, Professor.
Temo até mesmo comparar meus meios com os seus—”
“Sim!”
“—Que eu ordenei para você juntar? Quero dizer, fazer um registro escrito das infor-
mações confidenciais do Império sobre vários países.”
“Sim! A maioria das informações relativas aos países vizinhos já foi concluída. Con-
tudo—”
Um olhar de orgulho cruzou seu rosto. Era a expressão que um professor pode ter em
relação a um excelente aluno.
Era natural que os funcionários jurassem não revelar os segredos de sua antiga em-
presa antes de pular para outra empresa. Com isso em mente, Ainz era um vilão por fazer
Fluder alimentar-lhe com informações confidenciais sobre o Império.
Ainz não guardou rancor contra Jircniv. No entanto, isso não significava nada em com-
paração com o bem-estar de seu próprio país. Se a desgraça dele fizesse o Reino Feiti-
ceiro prosperar, ele simplesmente o faria sofrer.
Dito isso, Ainz ainda preferia a coexistência e a prosperidade mútua em relação ao con-
flito.
Punitto Moe disse uma vez algo sobre as condições de Sr. Nash sendo prisioneiro e algo
nesse sentido, mas a essência era que, se as oportunidades fossem ilimitadas, a coope-
ração colheria os maiores benefícios para todas as partes envolvidas.
Ainz sabia que as relações internacionais eram basicamente uma questão de exploração
mútua de ambas as partes envolvidas, mas ele queria manter um bom relacionamento
com Jircniv.
“Mesmo? Minhas mais profundas desculpas por interromper seus pensamentos, Pro-
fessor!”
Embora Ainz estivesse intrigado, ele finalmente conseguiu colocar o tópico de volta nos
trilhos.
“Ah— sim, o fato de você ter sido descoberto. Bem, tudo bem para você ser exposto,
mas há um problema. Isto é, sua segurança.”
“Ohh! E pensar que estaria realmente preocupado com a segurança de alguém como eu,
Professor!”
“Fluder, é como diz. Mas não fique muito animado. Seria estranho se alguém ao seu re-
dor percebesse.”
“Isso não será um problema. Este andar é exclusivamente para o meu uso. Ninguém
mais está por perto.”
Ele veio aqui antes. Dito isto, esta torre era bastante grande, por isso não era de admirar
que o maior magic caster do Império tivesse recebido um andar inteiro para si mesmo.
“De volta à questão de sua segurança pessoal. Alguém tentou te matar depois que sua
traição veio à tona?”
“Então, depois de considerar sua profissão— não, antes disso, há algo que devo fazer.
Isso diz respeito à sua recompensa.”
Depois de dizer isso, Ainz expirou e depois enfiou a mão na dimensão de bolso. Ele en-
saiara o fluxo da conversa que se seguiria muitas vezes, zombando das palavras en-
quanto as corrigia.
Embora Ainz não tivesse como ter certeza se Fluder reagiria como imaginou, ele já ha-
via treinado bastante.
“Conforme combinado, vou agora transmitir uma parte do meu conhecimento para
você. Aceite e estude este livro.”
Ainz entregou um livro chamado “The Book of the Dead” para ele.
O objetivo de Fluder era vasculhar o abismo da magia, mas Ainz não sabia qual era o
abismo da magia. Ele poderia ensiná-lo sobre YGGDRASIL, mas o abismo da magia ou
algo parecido já era outro assunto inteiramente diferente.
Dito isto, não dar a ele seria uma traição de sua lealdade. Era preciso retribuir o bem
para o bem e recompensar o serviço leal. Assim, Ainz havia lhe dado um livro de sua
coleção, que parecia ser o mais provável de conter os segredos do conhecimento mágico.
As partes que ele havia folheado pareciam conter algo sobre magia que ele não conseguia
entender.
Fluder estendeu a mão para o livro, e essa expressão encantada logo se transformou em
desespero depois de folhear algumas páginas.
Ainz suprimiu seu desconforto quando fez essa pergunta. Tudo bem, mesmo que não
fosse o que ele queria. Ele já havia praticado para essa eventualidade.
“Ah, entendo.”
“Este capítulo diz respeito à transformação dos mortos em almas; especificamente, essa
seção sobre heterogeneidade.”
Estava escrito em japonês, então obviamente Fluder não conseguia entender. Con-
tudo—
Isso parece mais um livro de referência para um mundo de fantasia do que um romance
de fantasia. E que droga seria essa coisa de “heterogeneidade”? E há algo sobre almas como
nuvens e assim por diante. Parece muito difícil e eu não consigo envolver meu cérebro com
isso. Parece que eu posso apenas arranhar a superfície... Será que eu não consigo entender
este livro, mesmo que eu possa ler?
Os livros eram como o ocultismo, ou melhor, este livro era praticamente um volume
sobre ocultismo. Para Suzuki Satoru, que não tinha conhecimento neste campo, tudo o
que viu foi uma coleção de coisas sem sentido. Ainda assim, tudo isso parecia ter sido
“Ohhh!”
“De fato... Bem, eu não posso dar isso a você porque eu só tenho um conjunto, mas ex-
perimente isso.”
Ainz colocou um par de óculos sobre o livro e devolveu. Fluder colocou e rapidamente
folheou as páginas.
“Is-isto é! Está dizendo que as almas são entidades como a espuma deixada pelas ondas
deste grande mundo e, portanto, sejam grandes ou pequenas, elas são fundamental-
mente as mesmas. Isso signifiiiiiiiica!!!”
A maneira como os olhos de Fluder estavam bem abertos e vermelhos, e com uma res-
piração como a de uma fera selvagem, fazia parecer que ele estava prestes a atacar al-
guém.
“Considere a tradução desse livro para ser seu treinamento. Uma vez que possa enten-
der e digeri-lo, você será capaz de colocar os pés em um domínio maior. Seria inútil você
usar esses óculos.”
“Como isso poderia ser... Então, posso ter a permissão para dar uma olhada superficial
no livro usando os óculos?”
Depois de alguns segundos, ele abriu os olhos e falou. A voz voltou ao normal.
“Entendido. Eu vou respeitar seus ensinamentos, oh Professor. Posso buscar sua ajuda
se houver assuntos que eu não entenda?”
“Muitíssimo obrigado!”
Excelente! Eu não vou ouvir nada de Fluder por um tempo agora. Ah, eu preciso instruí-lo
sobre isso primeiro. Isso... como direi isso...?
Ainz lutou para abrir os cofres de sua memória. Então, em tons solenes e pesados —
que faziam pensar na voz que um líder teria — Ainz falou:
“Fluder.”
“Sim!!”
“Eu confiei a você este livro arcano pois tenho confiança em ti. Tenha a certeza de nunca
deixar que caiam nas mãos de terceiros. O mesmo se aplica a todas as notas que você
fizer para estudá-lo. Nada sobre este livro pode se espalhar.”
“Sim!!!”
“Não há necessidade de lhe dizer a razão disso, mas este é o conhecimento que supera
o que os humanos podem compreender. Seria muito problemático se outros soubessem
disso... Embora alguém com suas habilidades seja bem difícil de falhar. Eu não quero ter
que limpar sua sujeira daqui dez anos.”
“Mas é claro. Eu não vou vazar nenhum conhecimento que eu tenha obtido do senhor
para os outros. Eu juro.”
“Sim!!!!”
“Já chega. Já que entende, não há mais nada a dizer. Volte para o seu lugar. Lembre-se,
será muito difícil para você decifrar uma linguagem desconhecida sem qualquer ajuda.
Possui alguma maneira de superar isso?”
“Sim! Eu posso usar uma magia de tradução, embora sua eficácia seja muito limitada.
Acredito que, com isso, posso decifrar o texto lentamente.”
Essa resposta foi exatamente o que Ainz queria ouvir. Lentamente dando a ele a prática
apropriada, ele seria capaz de ganhar tempo para si mesmo. Além disso, um problema
como esse não seria suficiente para fazer Fluder desistir.
“Então deixarei em suas mãos— não, há mais uma coisa. Vou lhe emprestar uma caixa
para guardá-lo. Não acho que você será descuidado, mas alguém pode querer roubá-lo
de você.”
Ainz retirou uma caixa da dimensão de bolso. Era o mesmo tipo de item que ele usava
para armazenar seu caderno de anotações.
“Depois de armazenar o livro aqui, mesmo que essa caixa seja roubada, levará algum
tempo para abri-la. É claro que tudo será em vão se alguém ouvir a palavra chave... então
tenha cuidado.”
“Ótimo.”
Ainz desviou o olhar de Fluder — que estava acariciando o livro em deleite — para o
teto. Agora, do que ele falaria a seguir?
“Ah, isso mesmo. A questão de sua traição veio à tona, sendo assim, virá para meu do-
mínio. Quando você pode sair?”
“Se assim deseja, Professor, posso sair a qualquer momento. Eu não tenho apegos a este
país.”
Ele não tinha idéia do que dizer para alguém que pudesse descartar casualmente sua
posição de confiança. Pois ele poderia fazer o mesmo com Ainz no futuro.
“...Então, Fluder. Desejo que você participe da pesquisa mágica do Reino Feiticeiro. No
entanto, suas magias não serão colocadas em circulação. Elas só serão compartilhadas
comigo e aqueles em quem confio. Pode suportar isso? Você pode abandonar seu desejo
pela fama?”
“Não haverá problema algum. A única coisa que desejo é vislumbrar os segredos da ma-
gia. Eu não desejo mais nada.”
Ainz observou Fluder a sério, um homem que poderia fazer tal afirmação.
Ainz não tinha capacidade de avaliar o caráter de uma pessoa. Como seres humanos,
era óbvio que Fluder — um sábio genial que havia vivido muito além do alcance de um
ser humano normal e que estava profundamente envolvido nas operações da vasta na-
ção chamada Império — era superior a ele. Não havia como ele ver através de qualquer
tentativa de Fluder de enganá-lo.
No entanto, sendo incapaz de ver através de tais coisas e, não tentar ver através de tais
coisas, eram dois assuntos diferentes. Com essa atitude em mente, Ainz olhou para Flu-
der e, no final, ele simplesmente disse:
“Ótimo. Eu lhe confio todos os poderes e privilégios do seu escritório assim que chegar
ao Reino Feiticeiro. Eu também pretendo ajudá-lo com a pesquisa mágica, tanto quanto
possível. Então—”
Agora, haveria mais uma pessoa ajudando Nazarick, além dos Bareares. Se ele pudesse
obter a mulher que Demiurge e Albedo haviam recomendado, Nazarick seria ainda mais
fortalecida.
Ele tinha que aumentar seu poder tanto quanto possível, já que não sabia a verdadeira
face do inimigo.
O inimigo possuía um Item World-Class, então ele precisava obter um poder além dos
de YGGDRASIL o mais rápido possível. Ele tinha que assumir que qualquer coisa que
pudesse fazer, o inimigo também poderia.
Demiurge sentia que o Império era um inimigo em potencial, mas Ainz não achava isso.
Embora o futuro não fosse claro, o uso da força bruta na conquista mundial não seria
uma decisão sábia. Se o Reino Feiticeiro fosse pintado como uma nação que aniquilasse
Sendo esse o caso, por que não formar uma amizade profunda com seu colega ditador,
Jircniv, e enviar essa mensagem para os subordinados?
Dessa forma, poderei minimizar a força que o Demiurge e os outros querem usar na con-
quista do mundo. Que plano brilhante. Mais do que a aliança de nações, ou a aliança de
guildas... amizade?
Mas como devo fazer amizade com ele? Comprar as pessoas com objetos não é o jeito certo
de fazer amigos, certo... Então, proteger o Império é a coisa mais preciosa para Jircniv, esse
deve ser o melhor caminho. É bem provável que meus inimigos voltem suas atenções para
isso.
Ele se colocou no papel das pessoas que fizeram lavagem cerebral em Shalltear. Se eles
usassem os métodos usados por Ainz, então—
Na pior das hipóteses, eles podem usar o 「Iä Shub-Niggurath 」 na Capital Imperial.
Todo mundo pensaria que sou o responsável, independentemente do verdadeiro culpado...
Então, eles espalhariam essa notícia em todo o mundo. Isso diminuiria muito a influência
do Reino Feiticeiro.
Era tolice lutar diretamente contra uma guilda poderosa, então era bastante comum
instigar guerras com outras guildas para enfraquecer a influência da poderosa guilda.
Esses métodos provavelmente seriam aplicáveis aqui. Ainz provavelmente faria isso se
colocado nessa situação, e assim era muito provável que seu inimigo fizesse a mesma
coisa.
A fim de evitar que esse tipo de coisa acontecesse, Ainz considerou permitir que Fluder
espalhe rumores de que ele não poderia usar essa magia novamente, claro, era tudo
mentira. No entanto, Fluder não podia mais ser usado, então ele teve que considerar al-
gum outro método.
Se ao menos ele pudesse entregar tudo para aqueles dois. No entanto, se ele fizesse isso,
prejudicaria sua imagem como um governante absoluto. Ele teve que pensar em uma
maneira de resolver seus problemas, mantendo sua posição.
“...Fluder, pretendo proteger o Império por algum tempo. Você tem alguma idéia?”
“Conquistá-lo seria fácil, mas não tenho interesse em ficar no topo de uma pilha de es-
combros. Desejo manter o Império intacto e, por isso, gostaria de evitar a perda do poder
de luta que resultaria quando eles o perderem.”
“É difícil responder a essa pergunta imediatamente. Eu acredito que não haverá proble-
mas por um tempo, mesmo que eu não esteja por perto. Ainda assim, também é verdade
que ninguém pode preencher o vazio que eu deixarei... Se estiver bem, então ficarei por
enquanto.”
“Está disposto a fazer isso? Então, entrarei em contato com você amanhã, depois que as
discussões estiverem concluídas.”
“Sim!”
“Certo, há mais duas coisas que quero te perguntar. Primeiro, gostaria de saber os de-
talhes do Senhor Marcial. A segunda questão diz respeito aos Death Knights...”
♦♦♦
Quando o tempo marcado se aproximava, Ainz lançou uma magia de detecção. Normal-
mente, ele teria acumulado numerosas magias defensivas em si primeiro, mas seria
muito cansativo gastar muitos pergaminhos valiosos. Ao contrário de como as coisas fo-
ram no cemitério, quando ele tinha certeza de que havia hostis presentes, Ainz simples-
mente conjurara sua magia.
Dito isto, ele escolheu um lugar onde qualquer contra-ataque não atingiria os outros.
Uma cena diferente apareceu em seu campo de visão. Esse era o interior de uma carru-
agem. Ainz manipulou o ponto de vista flutuante e observou o exterior da carruagem.
O teleporte aconteceu sem incidentes, e Ainz abriu a porta. Ainzach, que estava sentado
lá dentro, teve uma expressão de choque no rosto. No entanto, Ainz despreocupada-
mente embarcou, fechou a porta e dissipou a magia de invisibilidade que ele havia lan-
çado sobre si mesmo.
“Na verdade, pode ter razão, mas eu usei uma magia de teletransporte. Eu gostaria de
evitar ser arrastado para assuntos problemáticos.”
“De fato...”
A carruagem passou pelo portão aberto e chegou ao local designado pelo porteiro. Esta
era uma área de estacionamento que poderia acomodar várias carruagens.
Um senhor de idade em um uniforme de mordomo esperava por eles lá. Ele estava
acompanhado por uma empregada.
Embora parecesse um mordomo, não se portava de forma tão firme quanto Sebas. Ele
parecia um homem muito comum, embora bem-educado. O mordomo era humano, mas
o mesmo não poderia ser dito da empregada.
“Qu—!?”
Depois que ele ouviu o discurso do mordomo, um grito estrangulado de surpresa esca-
pou da boca de Ainzach.
Ainzach havia dito na conversa de ontem que ele não traria a verdadeira identidade de
Ainz, então ele deve ter ficado chocado porque eles conseguiram adivinhar quem era
Ainz queria dizer, Não há necessidade disso, mas no final ele aceitou o agradecimento
em silêncio.
Para Suzuki Satoru, um superior deveria cobrir seus subordinados se este cometesse
um erro. O agradecimento de Ainzach foi uma reação natural. Foi um passo inevitável
em seu crescimento futuro como um dos subordinados de Ainz.
Mais uma vez, Ainz percebeu que ser um chefe não era nada relaxante.
De repente, Ainz percebeu que ele nunca havia dito “Obrigado”, enquanto no papel de
um governante.
Eu preciso encontrar um tempo para agradecer aos Guardiões e a todos os NPCs. Eu pre-
ciso mostrar meu apreço por todo o trabalho que fazem.
O objetivo de Ainz era administrar a Grande Tumba de Nazarick como uma companhia
benevolente. Mesmo quando ponderava ociosamente o assunto, ele não parou de se mo-
ver, mas continuou caminhando em direção à onde ele estava sendo conduzido.
“Queria ressaltar que, foi bastante surpreendente encontrar uma Rabbitman, Vossa Ma-
jestade.”
Não seria melhor discutir esse tipo de coisa depois que a pessoa em questão fosse embora?
Ainz pensou isso, mas o tópico o interessou, então ele decidiu seguir com o fluxo.
“Ainzach, foi apenas uma piada. Não precisa levar isso tão a sério.”
“...Pode ser que ela tenha vindo mais ao leste da Aliança Cidade-Estado. Que exótica.”
“Hm...”
Ainz não tinha idéia do quão longe ficava “mais ao leste da Aliança Cidade-Estado”. Suas
informações ainda não abrangiam regiões tão distantes.
[Homem-Coelho]
Ainda assim, ele não tinha visto nenhum no Reino, e ela era a única Rabbitman que ele
encontrou na Capital Imperial.
Deve ser difícil viver em um lugar sem outros membros da mesma espécie, mesmo sem
considerar a discriminação de outras raças.
Ainz estava curioso e queria fazer-lhe algumas perguntas, mas ele não podia fazê-lo.
Seria problemático se tocasse algum assunto delicado durante a conversa.
O interior da casa era decorado com muitos artigos de armas e armaduras bem cuida-
das e oleadas para prevenir corrosão. Estavam limpos, livres de poeira e expostos em
fileiras organizadas.
Após uma inspeção mais detalhada, muitas das armas estavam arranhadas e amassadas.
Ficou claro que essas armas haviam sido usadas em combate real.
Em vez de exibir uma loja de armas, parecia que o dono da galeria exibia as armas de
seu glorioso passado.
Não havia sinal de dano na espada. Aparentemente o dono da galeria tinha um grande
apreço por ela, a julgar pela forma como foi colocada para ser a primeira coisa que al-
guém veria quando entrasse na sala.
“Isso te agrada?”
Eles não se incomodaram com saudações, mas continuaram falando sobre armas.
“Então, qual a parte que o senhor mais gosta— ah, essa. Todos que entram aqui dizem
isso.”
“Posso pegá-la?”
Ainz agradeceu e pegou a espada. É claro que cairia se ele realmente tentasse empunhá-
la seriamente, mas segurá-la estava bem.
Ele admirou a espada e então percebeu os caracteres gravados na lâmina. Essas letras
bizarras eram vagamente familiares para Ainz. Ele procurou suas memórias e finalmente
encontrou a resposta.
“Runas?”
Runas eram um alfabeto que aparentemente tinha sido usado no passado do mundo de
Suzuki Satoru. O fato de que tais letras existiam neste mundo significava que era muito
provável que alguém do mesmo mundo como Suzuki Satoru os tivesse as espalhado aqui.
Assim, Ainz respondeu cuidadosamente:
“...Provavelmente, creio eu. Eu só conheço de relance. Não consigo criar itens com runas
encravadas. Posso saber qual ferreiro fez isso?”
“Ohhh, pergunta astuta. Essa espada foi forjada por um ferreiro rúnico do Reino Dos
Dwarfs na Cordilheira Azerlisiana. Tem cerca de cento e cinquenta anos. A lâmina pode
acumular eletricidade e há uma marca do fabricante na empunhadura. O senhor viu?”
“Esta é uma peça feita pelo mais famoso ateliê Dwarf, Stonenail.”
“Hoh. Isso realmente parece algo digno de tal fama. Há mais algum exemplo de seu tra-
balho aqui?”
“Hahahaha. Não, não aqui. Eu os guardo em outro lugar. No entanto, esta é a única peça
que tem um encanto tão poderoso.”
“Hoh.”
Dito isso, ele ainda aprendeu algo sobre o artesão chamado Stonenail. Ele tinha que ver
se havia um jogador lá.
“Ouvi dizer que as armas feitas pelos Dwarfs raramente circulam no mercado. E você
realmente tem mais coisa deles no estoque?”
“Eu os arrebato sempre que acho em leilões. Recentemente, houve um aventureiro re-
almente persistente tentando me superar. Acabei pagando três vezes o que planejei ori-
ginalmente.”
Ainz queria continuar perguntando, mas no final ele decidiu devolver a espada ao seu
lugar original.
“Parece que fiquei encantado com a sua maravilhosa coleção sem cumprimentá-lo. Per-
doe minha falta de respeito.”
“Vossa Majestade tem jeito com as palavras. Então, permita-me me reintroduzir. Eu sou
Osk, um mero comerciante.”
“Não passa um dia sequer sem que eu ouça algo sobre seu poderoso nome. Por favor
sente-se. Farei com que os servos preparem bebidas.”
“...Embora seja uma oportunidade rara... não há necessidade de preparar minha parte.”
Os olhos de Osk não pareciam muito proporcionais à sua cabeça. Ele estudou Ainz com
aqueles olhos.
“Vossa Majestade, eu ouvi os rumores... mas eu poderia incomodá-lo para remover essa
máscara?”
Não houve surpresa no rosto de Osk. Seus olhos eram muito pequenos, então uma vez
que ele estreitou os olhos para sorrir, não havia como dizer se ainda estavam abertos.
“Para falar a verdade, eu estava preocupado que eu não seria capaz de preparar o chá
capaz de satisfazer os gostos do renomado Rei Feiticeiro, mas parece que foi um esforço
desperdiçado da minha parte.”
“Ahhh, não foi difícil. Veja bem, E-Rantel está sob o controle de Sua Majestade. Quando
soube que o Chefe da Guilda dos Aventureiros de E-Rantel estava visitando, na compa-
nhia de alguém mais importante do que ele, apenas uma pessoa veio à mente. É verdade
que poderia ter sido algum outro confidente do Rei Feiticeiro, mas meus instintos me
disseram o contrário.”
“Então, é a minha vez de fazer perguntas agora? Você já usou as armas exibidas aqui?”
“Como eu poderia? Vossa Majestade, considere meu corpo! Eu posso manejar um ábaco,
mas nunca uma vez eu manejei uma espada. Isso é apenas um hobby... Desde que eu era
criança, sempre admirei os fortes, além de espadas e outras armas.”
“Parece que o senhor entende. Agora eu tenho uma pergunta minha. Eu ouvi falar do
poder incontrolável de Vossa Majestade; foi que, devido ao longo tempo que viveu—
bem, suponhamos que conte como viver, certo?”
Assim que Ainz disse isso, ele pensou em algo. Que tipo de ser era o Rei Feiticeiro Ainz
Ooal Gown?
Obviamente, ele não poderia dizer: “Certamente que não, vocês dois são mais velhos
que eu”. Mesmo que dissesse isso, eles não acreditariam nele. Então ele deveria falar
enquanto estava na persona do Rei Feiticeiro. No entanto, se ele não bloquear os deta-
lhes exatos de sua persona, como Rei Feiticeiro, as coisas podem acabar dando errado.
Enfim, mas é um fato que os undeads vivem muito tempo. Se alguém perguntar o porquê
não sei certas coisas apesar de minha longa vida, posso responder que estava focado em
pesquisar magias. Usarei isso como um detalhe básico para o personagem do Rei Feiticeiro.
A julgar por essa pergunta, Osk não pretendia esconder sua curiosidade.
“Claro que sim. No entanto, não posso simplesmente dá-las a você, não é mesmo?”
“Por um valor adequado— não, vou tentar pagar três vezes o valor de mercado.”
Ainz não pôde rejeitar imediatamente. Isso porque ele se lembrava do estado precário
de suas finanças pessoais. No entanto, dificilmente seria digno para o governante de um
país dizer “Claro, vamos fechar negócio.”
“Eu sinceramente peço desculpas. Dizer isso a Vossa Majestade — que é o governante
de um país — foi terrivelmente rude de minha parte... Então, o que posso oferecer para
estreitar os laços da troca?”
Então, ele quer dizer que recebeu uma recompensa pelo serviço meritório ao meu país, ou
algo assim? Hm? Bem, nesse caso...
Ainz pegou uma espada curta. Estava envolvida em um efeito de neblina ondulante. A
lâmina azul levemente translúcida era feita de metal cristalino de cor azul, e continha
pouca mana. Dito isto, a sua capacidade global classificou-a como um item High-class em
“Uhum...”
“Pegue.”
“Hah!?”
Mais uma vez, essas palavras foram ditas por duas vozes.
“Ainzach, isso é um presente pelo seu bom trabalho. Dito isto, isso não é um prêmio,
nem é para simbolizar sua posição, eu simplesmente senti que esse tipo de coisa é seme-
lhante à recompensa que gostaria de distribuir em minha nação ideal, então eu dou isto
a você. Se precisar de dinheiro, não há problema em vendê-la.”
Esta espada curta não continha dados suficientes para prejudicar Ainz. Nem era uma
das armas feitas por seus antigos companheiros de guilda e, portanto, não trazia consigo
lembranças.
“Isso não é nada incrível. Bem, se você não quiser, eu posso mudar para outra coisa
quando chegar a hora. Uma poção de cura, talvez. Isso deveria estar bem. O que você
acha?”
Ainzach hesitou por um tempo, mas no final decidiu manter a espada curta.
“Eu aceito de bom grado. Muito obrigado, Vossa Majestade! Eu continuarei servindo a
Vossa Majestade com toda minha força, com esforço que não será ofuscado por esta es-
pada!”
“Parabéns, Ainzach. Se você tiver algum problema, lembre-se de pensar nesse seu
amigo aqui.”
Osk relutantemente afastou os olhos do lenço que Ainzach usara para enrolar a espada
e respondeu:
“Uhum... eu não pretendo ficar com verborragias. Deixe-me chegar ao ponto... Eu gosta-
ria que você organizasse uma luta com o Senhor Marcial da arena.”
Osk arregalou os olhos, mas logo eles voltaram à sua forma normal.
“Ouvi dizer que o Senhor Marcial não faz parte do pessoal da arena, mas sim um gladi-
ador que você criou desde que era criança. Ainzach me disse que você pode rapidamente
colocar uma luta em andamento se concordar em ter o Senhor Marcial lutando, e é por
isso que eu vim fazer esse pedido a você.”
“Fuhahahaha. Está falando sério, Vossa Majestade? O senhor sabe que o Senhor Marcial
é o homem mais poderoso da arena, com um corpo de monstro e excelentes habilidades
de luta? Ele pode ser o mais forte da história. Talvez Vossa Majestade também conte
indivíduos fortes entre seus seguidores, mas derrotá-lo é...”
Osk resmungou um pouco, talvez perturbando Ainz, e então Ainzach entrou na con-
versa:
“Uma vez, uma equipe de aventureiros subiu ao céu e venceu usando uma chuva de
magias e flechas contra ele à distância. Aquela luta foi muito decepcionante. Desde então,
a arena proibiu o teletransporte e a magia de voos.”
“...Eh!?”
“Ahh, eu entendo o que te preocupa. Você deve estar pensando, o que aconteceria se eu
me machucasse?”
“Mas se esse tipo de coisa acontecer, não vou mais poder fazer negócios. Ouvi dizer que
o Império é um aliado do Reino Feiticeiro. Se eu permitir que o Rei de um país aliado seja
gravemente ferido, o estado imporá restrições graves a mim.”
“Mesmo se disser...”
“Essas palavras podem ser desagradáveis aos ouvidos, mas o senhor poderia oferecer
algo como garantia?”
“Se isso é o que é preciso para satisfazê-lo, então farei essa promessa. Mas não posso
providenciar isso imediatamente. Eu prometo que terá algo até amanhã.”
“Muito obrigado, Vossa Majestade... Há também outro assunto que gostaria de discutir,
mas eu tenho medo de ser inapropriado.”
“Como promotor, eu coleciono muita informação. Muitas dessas informações são rela-
tivas a seres poderosos que podem aparecer na arena ou monstros. Há também rumores
sobre Vossa Majestade— ouso perguntar se é verdade que Vossa Majestade matou de-
zenas de milhares de pessoas do Reino com uma única magia?”
“GHRUM!”
Ainzach tossiu de maneira muito artificial. Ele estava olhando para Osk com olhos re-
provadores, mas isso não era nada que tivesse que ser escondido, nem era algo para se
envergonhar.
“De fato, isso é verdade. Eu os matei com minha magia. Pretende me censurar por isso?”
“Não, eu estava simplesmente pedindo para avaliar a extensão dos poderes místicos de
Vossa Majestade. Afinal, se usasse aquela magia dos rumores, seria... muito ruim. Pois a
arena está dentro da Capital Imperial.”
Mesmo Ainz não tinha intenção de usar tal magia no meio de um país aliado. Que tipo
de terrorista faria esse tipo de coisa?
“Claro, sinto o mesmo também. Ao contrário da imagem comum dos undeads, Vossa
Majestade é um homem nobre e racional. Eu não acredito que o senhor decretaria um
grande massacre por algum ódio aos vivos. Ainda assim, fazer suposições e deixar de
confirmar essas coisas pode levar ao fracasso.”
Ainz concordou com esse ponto também. Esse foi um dos perigos que surgiram ao per-
mitir que uma nova pessoa participasse. Na verdade, Suzuki Satoru já falhou assim no
passado.
“Suas preocupações são válidas. Permita-me ressaltar; não vou usar aquela magia.”
“Por que isso? É porque tem algo a ver com o alinhamento das estrelas?”
“Bem, aquela magia é um dos meus trunfos mais poderosos. Como El-Nix-dono o dese-
java, eu fiz uma exceção, mas só posso usar uma vez a cada dez anos. Assim, devo con-
servar minha força.”
“Hoh!”
“Tem certeza que pode me dizer isso? Afinal, isso pode ser considerado uma fraqueza
de Vossa Majestade...”
“Está bem. Eu posso não ser capaz de usar uma magia destrutiva como aquela, mas aba-
ter todos os tolos que se opõem a mim ainda é fácil. Afinal, isso não significa que eu não
possa usar outras magias.”
Depois que Ainz assentiu com confiança, um sorriso iluminou o rosto de Osk. No en-
tanto, quando Ainz o estudou, ele não podia ter certeza se o sorriso era genuíno.
“Entendo. Por fim, permita-me mais uma pergunta. Por que o senhor deseja lutar contra
o Senhor Marcial, Vossa Majestade?”
“Porque ouvi dizer que ele é um oponente poderoso... desejo saber quem é mais forte,
ele ou Gazef Stronoff. O finado Gazef, pertence ao Reino, então talvez a maior razão seja
porque eu quero saber quem é o equivalente dele no Império.”
Claro, não foi por isso que Ainz estava lutando. No entanto, essa era a razão pela qual
ele e Ainzach haviam concordado depois de discutir o assunto.
Teria sido bom afirmar o verdadeiro motivo, mas Osk não era uma pessoa confiável. Na
verdade, ele parecia o tipo que priorizava ganhos pessoais. Ainz sentiu que ser honesto
com ele seria problemático.
“Compreendo. Muito obrigado... Então, vou agendar a luta com o Senhor Marcial. Con-
tudo—”
“É mesmo possível!? Vossa Majestade é um magic caster! Como você espera que ele ga-
nhe!?”
“Hoho. De fato, esse é o caso. Não haveria maneira do Rei Feiticeiro ganhar uma vez que
sua magia fosse selada. Ora ora, e pensar que eu realmente trouxe uma questão tão sen-
sata. Bem, eu não esperava ouvir essas palavras da sua boca. Cheguei a pensar que de-
sejava ver Sua Majestade perdendo. Parece que minha opinião sobre você mudou.”
“Seu—!”
Ainz riu, afinal, Osk e Ainzach estavam olhando para ele de uma maneira surpresa. No
entanto, seria ruim se essa risada fosse interpretada como zombaria, então Ainz tentou
mascará-la com um bufo.
No entanto, isso era impossível para alguém que tivesse apenas um buraco no lugar do
nariz.
Ainz decidiu não desperdiçar sua energia e decidiu tentar blefar com palavras.
“Você parece ter interpretado mal minhas palavras. Eu disse que está bem.”
Não houve mudança na expressão de Osk, mas sua mente estava trabalhando em alta
velocidade. Isso era óbvio.
“Jurar pelo meu nome? ...Compreendo. Eu, Ainz Ooal Gown, juro pelo meu próprio nome
que não usarei nenhuma forma de magia durante a batalha com o Senhor Marcial.”
“Um momen—! Vossa Majestade! Como pode fazer um juramento sem ver a força do
Senhor Marcial?”
Ainz ficou vagamente comovido pela réplica de Ainzach. Ninguém declarara suas opi-
niões assim desde que começara seu reinado como governante de Nazarick. Isso tinha
surgido um pouco durante seu tempo como Momon, mas mesmo isso desapareceu de-
pois que ele subiu nos ranques.
“Assim espero! Se o rei de outro país morrer na arena do Império, haverá um verda-
deiro caos de pagamentos!”
Claro...
“É apenas esperado. O que fará, Vossa Majestade? Não é tarde demais para aceitar o
conselho do seu leal servo e desistir agora.”
Ainz deu de ombros em resposta. Ele podia entender as preocupações de Ainzach. Afi-
nal de contas, esse plano foi originalmente idéia dele. Claro, ele estava operando sob a
suposição de que poderia usar magia quando ele surgiu com esse plano. No entanto, ele
realmente achava que Ainz sem magia era tão fraco assim?
“Vai tudo ficar bem. Ainzach, ficar gritando assim é um pouco vergonhoso. Então, Osk.
Eu não sei muito sobre este assunto, mas que bem a minha morte faz?”
Osk piscou surpreso. Uma reação como essa não era nem um pouco bonitinha em um
homem de meia idade como ele.
“Parece que Vossa Majestade está enganado. Eu não ganharia nada com isso. Como o
Chefe de Guilda diz, seria um obstáculo muito maior para mim.”
Não parece haver nenhum motivo oculto por trás da proposição dessas condições des-
vantajosas para Ainz. Com toda probabilidade, nascera de seus pensamentos como pro-
motor.
“...Vossa Majestade, o senhor tem um jeito de derrotar o Senhor Marcial — que é mais
forte que o Gazef Stronoff — sem magia?”
Ainz notou o olhar de surpresa no rosto de Ainzach, mas Ainz não disse uma palavra
quando se lembrou do antigo Capitão Guerreiro.
“Se o Senhor Marcial for mais forte do que aquele homem, então obviamente, terei que
ficar em guarda. No entanto, a força de que falo se refere ao seu espírito e não à sua
capacidade de lutar. Agora, se comparássemos a força dos braços da espada do Senhor
Marcial e do Stronoff, certamente o primeiro mataria o último em um instante.”
“Entendo. Por falar nisso, devo continuar respondendo à pergunta que fez antes, Vossa
Majestade.”
Osk levantou as duas mãos. Seus braços eram musculosos e desprovidos de flacidez.
“Eu amo o choque da espada contra a espada e o punho contra o punho. Lamentavel-
mente, não tenho talento para habilidades de luta, talvez nem todos os meus esforços
podem me garantir a vitória. Foi por isso que pensei em fazer um guerreiro que pudesse
me substituir e que ele alcançasse a vitória em meu lugar.”
Osk zombou. Esta não era a atitude do comerciante que ele vinha mostrando até agora,
mas seu rosto como ser humano.
Esta foi a primeira vez que Ainz encontrou uma pessoa tão estranha, embora soubesse
que os fetiches variavam de pessoa para pessoa. Em outras palavras, esse cara tem um
fetiche bizarro. Ainz fez um compartimento mental chamado “Pervertidos” e arquivou
Osk nele.
“Por isso... seria muito bom que Sua Majestade perdesse para o Senhor Marcial que trei-
nei.”
“Então é isso.”
Ainz queria perguntar: Vocês dois estão mais estranhos agora do que antes.
“Eu não tenho idéia qual reação espera de mim, Osk... Humanos são criaturas realmente
complicadas. Então? Se isso é tudo, então significa que você espera que eu preencha a
lacuna? ...Hm, que tal isso. Você está realmente feliz em me derrotar enquanto eu não
posso usar minha magia?”
Pensou Ainz. Ainda assim, era como no mundo corporativo. Se alguém que não tem per-
missão para falar desnudasse seu coração, esse alguém teria problemas.
“Nós tornamos nossas verdadeiras intenções conhecidas, portanto não vamos perder
tempo com pequenos enganos e continuar com as coisas. Como pretende organizar o
cronograma para a luta com o Senhor Marcial? Se possível, gostaria de fazer um grande
evento.”
“Eu não entendo suas razões para isso. Isso não seria um desperdício, do ponto de vista
de um promotor?”
“A lógica dita que o rei de um país aliado aparecendo em uma partida de arena é... oya?
Pensando bem sobre isso, eu não ouvi falar de uma cerimônia de boas-vindas. Está pro-
gramado para mais tarde?”
Droga.
Ainz deu graças que ele não tinha coração, e então balançou com força seu crânio vazio
e undead. Então, ele deu de ombros impotente.
“Eu vim para o Império por conta própria. El-Nix-dono não sabe que estou aqui.”
A expressão de Osk desapareceu. Ele deve ter cheirado algo suspeito. Como comerci-
ante, fazia sentido que ele fosse muito sensível ao lucro potencial. Em outras palavras,
se não houvesse ganhos a serem feitos, não haveria sentido em participar.
“Compreendo.”
Eh?
“Compreendo. Então, posso tomar um pouco mais do seu tempo? Eu gostaria de finali-
zar o cronograma para o dia da partida.”
♦♦♦
“Ele já foi?”
“Sim, Mestre.”
O mordomo havia retornado do envio do Rei Feiticeiro, e essa era a sua resposta à per-
gunta de Osk.
“Perfeito.”
Respondeu Osk, e então ele olhou para a empregada que estava atrás do mordomo.
Que foi?
Sim, “homem”. Ele era um homem, vestido com uma roupa que melhor se adaptava a
uma empregada.
Segundo ele, fez isso porque se vestir como uma mulher fazia com que outros o subes-
timassem e se tornassem descuidados, e também porque as pessoas não vasculhariam a
virilha.
Parece que foi por essas duas razões, e não por preferência pessoal. No entanto, dado
que ele mostrou movimentos adoráveis como os de agora mesmo na vida cotidiana, era
bem certo que ele gostava desse tipo de coisa até certo ponto.
O fato de que seus pensamentos tinham realmente vagado tão longe era um sinal de
que ele estava pensando muito sobre isso.
Não incomodou Osk de nenhuma maneira particular, então ele não se importou.
Osk assinalou um contrato equivalente a uma fortuna. Ele havia contratado equipes de
trabalhadores e gladiadores também como guarda-costas, mas ninguém mais recebia
salários tão altos quanto ele.
Essa foi a capacidade de analisar seus oponentes. Através da longa experiência em tra-
balhos envolvendo mortes e por ser um guerreiro e um assassino, ele alcançou a capaci-
dade de avaliar as pessoas — para ver se elas eram fortes.
“Altamente foda.”
Até o momento, havia apenas uma outra pessoa sobre quem ele havia declarado uma
opinião semelhante. Essa pessoa era o próprio Senhor Marcial. Em outras palavras, esta
foi a segunda pessoa que ele não pôde derrotar.
A propósito, ele havia classificado como um nível abaixo de “Foda” quando viu os Qua-
tro Cavaleiros Imperiais.
“Não tenho certeza. Julgando pelo modo que anda, ele não é tão forte. Ele não anda como
alguém que foi treinado como guerreiro ou assassino. Até aquele tio do lado dele parece
mais um guerreiro. Ainda assim— é foda. Quando eu fiquei atrás dele, queria fugir o mais
rápido possível.”
Seus punhos tinham sido remodelados ao perfurar objetos duros as dezenas, talvez cen-
tenas de milhares de vezes, até que se tornaram em uma forma redonda e esférica.
Era verdade que gostava muito dessas mãos, mas, infelizmente, Coelhinha Caçadora de
Cabeças não fazia seu tipo.
O gênero do indivíduo não era um grande problema para ele. No entanto, a parceira
ideal de Osk era a guerreira da Rosa Azul do Reino. Claro, Coelhinha Caçadora de Cabeças
seria um bom partido, mas Osk sentia que ele era muito magro, se comparado a Gagaran.
Em contraste, o Senhor Marcial era musculoso demais.
“...Então não vai querer que eu renove meu contrato com você no próximo ano?”
“Isso seria muito preocupante! Dificilmente alguém pode se igualar a você... Bem, a her-
deira do Ijaniya à parte. Perdão, parece que saímos do assunto. Então—”
Os olhos de Osk deixaram os punhos redondos e olharam para cima. Arrepios eclodiram
na pele de Coelhinha Caçadora de Cabeças.
“Então ele não é algo comparável com um guerreiro, mas ainda é um adversário extre-
mamente perigoso...”
Osk percebeu o que Coelhinha Caçadora de Cabeças estava tentando dizer. Ele estava
se referindo àquele Senhor Marcial.
Os humanos tipificaram as raças fracas, sendo pouco mais do que carne sem visão no
escuro, sem carapaças duras para proteger seus corpos, ou outras habilidades especiais.
Em contraste, havia as poderosas raças, como Dragões, por exemplo. Seres protegidos
por escamas duras, eles eram graciosos e poderosos, eram equipados com garras e den-
tes que poderiam facilmente cortar aço, possuíam uma respiração abrasante ou conge-
lante e outras habilidades especiais, e eram equipados com asas que eles poderiam usar
para voar para o céu.
Um undead apresentava atributos físicos ruins. Isso era o que Osk sabia ser verdade.
No entanto, não parece ser o caso do Rei Feiticeiro.
“Osk-sama, por que aceitou fazer a partida? Sua Majestade sabe sobre o Senhor Marcial,
mas não sabemos sobre suas habilidades. Eu sinto que será uma partida muito desfavo-
rável.”
“E o que mais?”
“Isso é tudo. Justamente por isso que é tão importante. Não há necessidade de apenas
matar um ao outro. Mas se esse for um desafio oficial, feito através de uma carta enviada
assinalada, não há como evitar. O Senhor Marcial pensaria da mesma maneira também.”
“Que idiota—”
“Talvez. Ainda assim, é assim que ele é. Aliás, sinto que Sua Majestade é o tipo que revela
a verdadeira força na batalha, e não durante uma partida competitiva. Agora, considere
uma luta regulamentada e uma luta até a morte, sem restrições. Em que circunstâncias
você preferiria enfrentar o Rei Feiticeiro?”
Essa frase não foi dirigida ao seu mestre, mas ao mordomo que esperava na retaguarda,
que não mudou sua expressão.
“Ho~n.”
Ainzach não parecia estar sob coação. Em outras palavras, o Rei Feiticeiro tinha algo
que lhe permitia garantir a cooperação dos residentes da cidade dentro de alguns meses
após conquistá-la.
“Você viu seu porte real? Seja em trazer apenas o Ainzach, ou concordar em não usar
magia em sua batalha, ele irradiava o orgulho dos poderosos. Além disso, ele é um ho-
mem muito inteligente. Parece que ele está muito acostumado com esse tipo de negoci-
ação.”
Osk era um comerciante, mas o Rei Feiticeiro o via como um igual. Em circunstâncias
normais, alguns nobres gostariam de estabelecer quem estava no topo, esperar que um
rei fosse mais arrogante seria sensato.
Ele aceitaria caso Ainz fosse um negociante no passado, mas isso era impossível. Em
outras palavras, Ainz simplesmente era adepto de negociações.
Claro, ele não havia lido profundamente tais intenções. Era simplesmente que o Rei Fei-
ticeiro o surpreendeu muito.
Então, no mínimo, ele era igual ao maior imperador da história. Que pesadelo.
Osk sacudiu a cabeça. Ele ficaria paralisado pela contemplação se isso acontecesse.
Claro, ele não queria olhar para o abismo do Grande Rei Feiticeiro. No entanto, havia uma
coisa que ele tinha que fazer agora.
“...Eu devo informar o Senhor Marcial disso, e mantê-lo em condição privilegiada a par-
tir de agora.”
Parte 4
Era um membro das espécies de monstros, um Troll, mas havia uma grande disparidade
entre eles.
Esse seria o ar de um guerreiro que o rodeava, um manto que ninguém, a não ser aque-
les que sobreviveram a incontáveis batalhas intensas, seriam capazes de assumir.
No entanto, isso era apenas esperado. Ele era um Troll que se adaptou à luta e se espe-
cializou em batalha. Ele era um indivíduo notável, mesmo entre as diversas espécies de
Trolls, e era conhecido como um Troll de Guerra.
Era verdade que havia muitas pessoas que podiam vencer o Senhor Marcial em termos
de proezas marciais (força). A maioria dos aventureiros vanguardas, classificados como
prata, poderia fazer isso. No entanto, a razão pela qual o Senhor Marcial poderia facil-
mente derrotar essas pessoas era muito simples.
Isso porque os corpos dos Trolls de Guerra eram muito superiores aos dos humanos,
seja em termos de força ou resistência, ou no enorme raio de ataque que seus enormes
braços lhes concedem.
Além disso, havia as habilidades raciais que ele possuía que os humanos não possuíam.
O primeiro deles era a pele. Vestir uma armadura por cima daquela couraça grossa era
suficiente para fazer com que a maioria dos ataques direcionados a ele simplesmente
resultassem em nada. Claro, pode-se visar as articulações móveis e de aparência macia,
Um ataque que certamente mataria um ser humano normal não mataria um Troll. Sua
capacidade regenerativa surpreendente só poderia ser interrompida por fogo ou ácido.
Com esta imensa vantagem biológica do seu lado, o Senhor Marcial atual se classificava
verdadeiramente como o mais forte da história.
O guerreiro que Osk elogiou como o mais poderoso vestia uma armadura diante dos
olhos do homem.
Ele havia contratado aventureiros adamantite para reunir os componentes para aquela
armadura, e então como resultado surgiu uma obra-prima aprimorada com magia. Na-
quela época, ele havia investido cerca de 20% de seus ativos nesse projeto em particular.
A clava que carregava também fôra feita de uma poderosa liga mágica e, aprimorada de
forma semelhante.
O Senhor Marcial colocou seus anéis mágicos, amuletos e os outros componentes de sua
panóplia.
“—Estou pronto.”
Essas palavras pareciam muito mais inteligentes agora do que como ele havia falado
antes.
Toda vez que Osk via essa majestosa estrutura, um calor emanava de seu peito. Foi ele
quem o criou nesse estado.
Eles caminharam juntos até a entrada da arena. Este foi um ritual que eles sempre rea-
lizaram.
Outrora seu silêncio fôra por estar animado e ansioso para lutar contra seus inimigos.
Em algum lugar ao longo do caminho, isso se transformou em desapontamento nas ha-
bilidades de seus oponentes. Como seria agora?
Osk piscou.
Esta foi apenas a quarta vez que ele ouviu aquelas palavras de agradecimento. As três
vezes anteriores foram quando ele recebeu sua arma, sua armadura e, em seguida,
quando lutou contra seu melhor oponente, o anterior Senhor Marcial “Lobo Corrosivo”,
Krelvo Palantynen.
“Huu, huu.”
Era nisso que Osk acreditava, mas não parecia ser o caso.
“Que tipo de... Que tipo de desafiante é esse? Não, eu sou o desafiante?”
“O-o quê?”
“Isso, isso deve ser o que os seres vivos chamam de instinto. Minhas pernas não se me-
xem... É como se me dissessem que, se eu for, eu morrerei, Huu, huu...”
Isso não era uma risada. Ele estava simplesmente tentando acalmar sua respiração per-
turbada.
“Ouvi dizer que o meu adversário é o Rei Feiticeiro, e me perguntei que tipo de inimigo
ele seria... Parece que minha arrogância veio para dar o bote.”
“O que está dizendo, Senhor Marcial? Você nunca foi alguém com arrogância.”
Osk queria responder que não havia nada de errado com a declaração do Senhor Mar-
cial, mas o Senhor Marcial continuou antes que ele pudesse dizer.
“Não, minha força é uma mentira. Vem das minhas habilidades raciais e não é força real.
Ainda assim, existem pouquíssimas pessoas que podem lutar comigo. Em particular,
desde que aprendi a usar técnicas de guerreiro, nunca tentei entender as habilidades ou
o equipamento de meus desafiantes, a fim de criar uma situação desfavorável para mim.
Não há outro jeito de me treinar. Mas no final, eu encontrei um inimigo que meus instin-
tos estão gritando para eu fugir. Muito obrigado. Você cumpriu completamente o acordo
que fizemos quando me conheceu.”
Houve um boato nas ruas sobre um monstro nos arredores do Império. Tal monstro era
muito racional e não mataria um inimigo que abaixasse suas armas. Osk estava interes-
sado, e apressadamente partiu do Império para encontrar tal monstro bizarro. Isso por-
que ele ouviu que o maior poder do Império, Fluder Paradyne, estava a caminho de des-
pachar o monstro.
Ele estava com medo no começo. Isso foi apenas natural. Afinal de contas, os humanos
que o encontraram só sobreviveram por acaso.
No entanto, o Senhor Marcial deu uma olhada em Osk e bufou desinteressado, prepa-
rando-se para sair.
Foi por isso que ele esqueceu seu medo e perguntou: “Por que você está fazendo isso?”
A resposta que recebeu não foi tão articulada como era agora, mas foi ao longo das pa-
lavras “Treinando estou, para mais forte ficar”.
Osk teve a sensação de ver um novo mundo se abrindo diante dos olhos.
Osk tinha um sonho. Esse sonho era fazer um lutador forte. Foi um sonho de criar o
guerreiro supremo, a fim de substituir seu eu sem talento. No entanto, nesse ponto, ele
percebeu que não precisava se limitar aos seres humanos. Não, já que as espécies não-
humanas normalmente eram fortes desde nascença, não seria esse o caminho — o único
caminho — para se tornar o guerreiro supremo?
Nesse ponto, Osk não estava pensando em criar um monstro. Ele estava procurando
alguém que bem poderia ser o guerreiro supremo, o tirano da arena, o futuro Senhor
Marcial.
“Senhor Marcial—”
Várias coisas surgiram na mente de Osk. A primeira foi: “Quer desistir desta partida?” O
risco de morte existia dentro desta luta, e Osk não podia suportar perdê-lo, o Senhor
Marcial que ele havia criado até agora.
Para os fortes, ter alguém mostrando preocupação por eles era como um insulto. Por
tudo que sabia, essas palavras poderiam quebrar a amizade que ele construiu com o Se-
nhor Marcial.
“Hmph. O que está dizendo? Não tenho intenção de perder. Todos os meus adversários
sentiram o mesmo. Todos estavam diante de mim na esperança de alcançar a vitória.
Agora é simplesmente a minha vez.”
“O Rei Feiticeiro é um magic caster, mas isso seria muito chato em uma competição.
Então, eu decidi que ambos os lados não podem usar magia. Você não vai perder para
um inimigo assim.”
“Isso mesmo, ele fez isso com uma atitude que nem sequer considerou a possibilidade
de sua derrota.”
“Hoh...”
O Senhor Marcial fechou o punho. Foi um punho que lembrava a imagem de uma mar-
reta gigante.
“Os fortes são muitas vezes orgulhosos. O ensinarei a loucura de sua decisão.”
“Esse é o espírito! Mas não vá ficar convencido. O Rei Feiticeiro é o tipo de homem que
pode doar armas de cair o queixo por mero capricho. Com toda a probabilidade, ele pos-
sui itens mágicos de incrível poder.”
“Vai ficar bem. Eu agora possuo a mentalidade de um desafiante. Eu não vou ser exces-
sivamente confiante. Não vou perder porque não usei minha força total.”
O Senhor Marcial deu um passo à frente com sua perna musculosa, e Osk se esforçou
para segui-lo.
“É sério, você não pode me animar de outra maneira? Quantas vezes devo dizer isto...
Se um dia eu quiser uma esposa eu volto para a minha aldeia. Você quer que minha par-
ceira seja humana, é isso? Agradeço, mas vou negar todos os seres humanos ou similares.
Eu não gosto dessas coisas pervertidas. Melhor ainda, qualquer humano que realmente
queira dormir comigo seria repugnante. Que tipo de fetiche doentio seria, afinal? Além
disso, você quer treinar um herdeiro meu, não é? Eu não posso fazer isso com humanos.”
Embora fosse possível para os humanoides se reproduzirem, ter filhos com demi-hu-
manos era o tipo de coisa que só existia nos contos.
“Bem, isso é verdade... Se é assim que pensa, por que não trazer uma esposa de volta
com você? Se você precisar de alguma coisa para voltar em triunfo, me avise que eu con-
sigo para você.”
“...Preciso esclarecer as coisas. Nós, os Trolls, pensamos nos humanos como alimento.
Se eu tiver uma esposa, ela pode acabar calmamente comendo os humanos, pelo que sei.”
Para Osk, tudo bem se ela só comesse humanos desnecessários. No entanto, ele não
disse isso.
“Certo. Então traga seu filho antes que ele conheça o sabor da carne humana. Se o trei-
narmos mais intensamente, ele certamente será mais forte do que você é agora.”
“Bem, isso seria interessante. Tudo bem, vou considerar isso seriamente.”
♦♦♦
Ainz respondeu à pergunta de Ainzach com a resposta que ele deu inúmeras vezes:
Alguém que enfrentasse uma batalha sem expectativa de vitória, ou era a epítome da
coragem, ou a síntese da tolice. Este não foi um encontro aleatório; a batalha fôra deci-
dida nas fases de planejamento.
Se o Senhor Marcial estivesse apenas no nível do Gigante do Leste, ele certamente seria
capaz de vencer. Dito isto, se ele tivesse a mesma força que um guerreiro como Gazef,
depois de somar seus níveis raciais e profissionais, ele seria um inimigo muito compli-
cado.
Contudo—
Bem, pra começo de conversa, as regras não foram favoráveis. Fiz bem em pedir um favor
ao Fluder.
Ainz tinha a capacidade de negar completamente os ataques fracos. Ele não achava que
o Senhor Marcial seria capaz de violar essa defesa. Portanto, Ainz havia desativado essa
habilidade particular.
Naquele campo de batalha, Ainz havia matado mais de 100.000 pessoas com magia. Em
YGGDRASIL, a quantidade de pontos de experiência ganhos era reduzida de acordo com
a diferença de nível entre ambas as partes, para um mínimo de um ponto. Em outras
palavras, ele deveria ter ganhado mais de 100.000 XP. Juntamente com a experiência
acumulada de antes de vir para este Novo Mundo, ele deveria ter conseguido o suficiente
para subir de nível. No entanto, Ainz não sentiu que ele havia subido de nível, nem pre-
senciou algum fenômeno relacionado.
Ainz sabia que tinha uma certa força por ser um magic caster. As habilidades e destrezas
que ele havia aperfeiçoado em YGGDRASIL também foram eficazes aqui. No entanto, ele
não tinha praticado suas habilidades como uma vanguarda nos tempos de YGGDRASIL.
Ele não sentiu nada além de gratidão por aquela mulher, que lhe ensinara como ele era
incapacitado como lutador de linha de frente.
Aquela batalha provocou o desejo em Ainz de melhorar sua capacidade de combate fí-
sico. Agora, Ainz estava confiante de que em atributos, habilidades e até táticas, ele era
o equivalente a um guerreiro de nível 33, se comparável aos níveis de YGGDRASIL.
Esta batalha com o Senhor Marcial seria a prova disso. Ainz esperava ansiosamente.
Não teve utilidade alguma usar aquele colar. Durante o encontro com os Trabalhadores,
não senti ter ganho XP, nem aprendi técnica alguma. Honestamente, esforço e tempo joga-
dos fora.
Ah~ Jircniv vai assistir essa luta, não é? Por que ele virá? Ele não estava por perto quando
eu verifiquei. Parece que minha travessia ilegal da fronteira será exposta... Bem, eu acho
que posso apenas pedir desculpas por isso. Se ele fizer uma tempestade em copo d’água, eu
simplesmente o pergunto como ele conseguiu a permissão do Reino quando foi a Nazarick,
assim resolvo o problema... Não fará mal se eu subir e dizer um oi para ele. Eu acho que
não cumprimentá-lo pode denegrir minha imagem.
Eles se encontraram várias vezes, mas ele congelava toda vez que via a verdadeira face
de Ainz.
Ele considerou isso. Ainz ganhou permissão para fazer um discurso depois de derrotar
o Senhor Marcial. Até onde ele sabia, poderia haver pessoas na plateia que quisessem se
Tudo o que ele podia fazer era confiar em suas próprias escolhas.
Em termos normais, a pessoa mais graduada deveria entrar mais tarde. No entanto,
Ainz estava como desafiante nesta arena, portanto, ele era o inferior. Assim, foi obrigado
a entrar primeiro. Claro, Ainz viu isso com naturalidade e não questionou isso.
Parecia estranho que ele estivesse mais preocupado do que aquele que estava prestes
a entrar na batalha.
♦♦♦
Ele prometeu não usar magia durante a luta, mas a luta ainda não havia começado. Cer-
tamente seu oponente não iria discutir sobre algo assim.
Ele não parecia muito bravo, apesar do fato de eu ter cruzado a fronteira ilegalmente.
Será que vai reclamar depois? Ou ele achou que eu entrei normalmente? Se esse fosse o
caso, eles poderiam acabar fazendo algum tipo de boas-vindas para mim, ou talvez eu es-
teja sendo muito autoconsciente... Ele ficará zangado porque eu me dirigi diretamente a
ele como Jircniv?
Então...
Um silêncio sepulcral de espanto dominava a cena. Até mesmo o menor movimento era
claramente audível.
Bem, era de se esperar... Não, pessoal, isso aqui não é uma máscara.
Ainz pensou em seu rosto suave e brilhante. Agora ele entendeu. Qualquer um que pu-
desse olhar para esse rosto com indiferença deve ser bastante corajoso.
Embora seu objetivo não fosse aumentar sua popularidade, era melhor ter, do que não
ter. Além disso, se acabasse levantando a opinião geral de todos os undeads, provavel-
mente melhoraria a opinião deles sobre o Reino Feiticeiro, que controlava muitos unde-
ads.
Como puramente um magic caster, a seleção de armas de Ainz era muito limitada, em
grande parte por bastões, adagas e coisas do gênero. Desta vez, ele selecionou um cajado
usado para ataques físicos. Era uma arma que ele havia feito como protótipo em
YGGDRASIL, mas que acabou não sendo usada. Por ser algo que ele usara há muito tempo,
não era muito forte. Hoje em dia, Ainz provavelmente poderia fazer uma arma melhor.
Depois de considerar a diferença de força entre ele e o Senhor Marcial, Ainz decidiu
lutar contra ele com sua arma atual, para ver como ele — e a luta — se comportaria.
Este seria um ato de extrema tolice para o jogador de YGGDRASIL Suzuki Satoru, um
lapso imperdoável de descuido. Se seus amigos estivessem por perto, eles poderiam re-
preendê-lo com um “Tá maluco; isso não vai dar...”.
No entanto, ele já havia estudado sobre todos os itens mágicos do Senhor Marcial atra-
vés de Fluder. Assim, ele teve que se sujeitar a essas circunstâncias desfavoráveis para
usar isso como treinamento.
Ele não queria fazer um massacre unilateral. O objetivo de Ainz era uma vitória esma-
gadora, porém na medida certa.
Ao contrário de como eles o trataram antes, toda a arena estourou em aplausos. Ainz
podia ouvir a voz de Jircniv da sala VIP onde ele mostrara seu rosto mais cedo. O homem
estava gritando como se fosse rasgar a garganta.
...Ele parece muito animado. Jircniv realmente gosta tanto assim do Senhor Marcial? O rei
do ringue parece ser um tipo de ídolo, então esta deveria ser uma reação normal, né? Em
YGGDRASIL era assim também — os lutadores mais fortes em jogos de PVP eram muito
populares entre os espectadores.
Quando ele relembrava seus dias em YGGDRASIL, Ainz começou a sentir um pouco de
pena de Jircniv.
Pesava em seu coração, mas ele não podia desistir desta partida.
Os aplausos que ele achava que não poderiam ficar mais altos aumentaram ainda mais,
e agora soava como uma explosão.
Com toda a honestidade, ele queria uma parte dessa torcida para si, mas ele simples-
mente teria que reivindicar através de sua própria força.
Então, parece que condições como estas, onde eu quase não tenho qualquer apoio, são
muito boas para me anunciar, não?
Enquanto observava essa fortaleza ambulante diante dele, os olhos de Ainz — as cha-
mas vermelhas cintilando dentro das órbitas vazias de seu crânio — se estreitaram em
pequenos pontos.
Hm... Ele parece o mesmo que a descrição. Sendo esse o caso— não, isso seria imprudente.
É melhor eu ter cuidado.
De acordo com as informações fornecidas por Fluder, ele não possuía nenhum equipa-
mento particularmente letal.
Ele não podia garantir que o Senhor Marcial não faria isso.
Ele tinha ouvido falar dele antes, mas vendo a coisa real o fez pensar, “não é de se admi-
rar”. Isso provavelmente era o que eles quiseram dizer com o ditado “é ver para crer”.
Pelo que Fluder lhe dissera, a criatura sob aquela armadura parecia muito semelhante
Ainz franziu as sobrancelhas para sua própria animosidade. Ele se sentiu da mesma
maneira em ocasiões passadas; que isso seria uma boa luta. Talvez ele estivesse se tor-
nando um maníaco de batalha, dada a forma como ele gostava de combate.
“Eu sou—”
“O Rei Feiticeiro, Ainz Ooal Gown, um undead da mais alta ordem, um Overlord.”
“...Oya?”
Havia duas coisas sobre as quais ele estava curioso, e ele decidiu começar com a maior.
“Por quê?”
“Eu me lembro de que nomes longos são algo desprezível na cultura Troll não...?”
“Entendo. Parece que conhece bem minha espécie, Vossa Majestade. De fato, minha es-
pécie considera que aqueles com nomes curtos são fortes. Mas tenho vivido neste país
há muitos anos. Durante esse tempo, aprendi que os humanos usam nomes longos. As-
“Então é isso... Parece que preciso rever minha opinião sobre Trolls de Guerra agora.”
“...Hahahaha! De fato. Eu gostei de você, Senhor Marcial... Se eu ganhar, que tal ficar com
você?”
Embora tenha sido rejeitado na época, as circunstâncias atuais eram diferentes. O Se-
nhor Marcial considerou o assunto e respondeu:
“Bem, essa é uma pergunta complicada. O que você quer? Nomeie seu desejo.”
“...Hah?”
“Até hoje, não encontrei ninguém que valesse a pena matar por uma refeição. Mas se eu
puder comê-lo, que é mais forte que eu, eu obterei seus poderes, Vossa Majestade.”
Ainz se acalmou um pouco. Ele ouvira uma conversa de um colega de guilda sobre a
cultura dos canibais. Embora eles comessem pessoas, o motivo por trás disso era o
mesmo que o Senhor Marcial, para obter o poder da alma do inimigo. Havia também
outras razões para isso, como fetiches e assim por diante.
Pelo menos não é sexual. Tenho certeza que não vou perder, mas seria muito nojento se
alguém estivesse olhando para mim dessa forma durante uma briga.
“Bem. Afinal, o direito de viver e morrer estará nas mãos do vencedor. Então, mesmo
que eu te mate, você não deve rejeitar a ressurreição.”
Ainz deu um passo à frente. O Senhor Marcial assumiu uma posição de luta por um mo-
mento, mas depois relaxou imediatamente.
Ainz avançou com a mão direita estendida. O Senhor Marcial devolveu o gesto, esten-
dendo sua mão direita maciça.
“Percebi... Tudo bem, eu entendo. Essas são todas as perguntas que tenho. Vamos co-
meçar. Quão longe devemos estar? Como a distância de antes— cerca de dez metros ou
mais? Vou me esforçar para cumprir as regras desta arena.”
“Não há regras para a distância, mas isso não importa. O senhor logo estará dentro do
alcance de meus golpes.”
O Senhor Marcial não falou, mas acenou para mostrar que entendia.
Seu rosto não podia ser visto, mas sua respiração e ações estavam calmas.
Teria ele visto através da provocação, ou isso não era suficiente para perturbá-lo?
Que inimigo problemático. Se demostrasse emoções vulneráveis, ele poderia jogar com
isso, mas não se podia desprezar um inimigo atento, mesmo que fossem de um nível
inferior.
“Certo... diga, Senhor Marcial, eu lutei com um do seu tipo antes, mas você já lutou con-
tra o meu tipo antes?”
“Overlords? Não, será a primeira vez. Eu nunca ouvi falar dessa espécie... de undead.”
“Então é isso... Bem, isso é verdade. Se tivesse encontrado alguém da minha espécie,
você não estaria vivo para ficar aqui. Overlords são os undeads de mais alto escalão...
Mas quanto aos outros tipos de undeads?”
“Não duvido... Então não posso nem dizer; não pense que eu sou como os outros undeads
que você lutou. Eu sou várias vezes mais poderoso que um Elder Lich... Que pena.”
Ainz deu de ombros e ergueu o cajado como uma grande espada. Ainzach deveria estar
olhando por trás, mas ele não havia mostrado sua postura de luta como Momon, então
deveria estar tudo bem.
O sino tocou.
Naquele instante, Ainz foi engolido por uma enorme sombra negra.
Bloquear o golpe com o cajado— Ainz queria fazer isso, mas imediatamente abandonou
a idéia. Ele não sabia o suficiente sobre o inimigo, a melhor coisa a fazer em face de um
grande movimento — que era altamente prejudicial — foi se esquivar.
Ainz conseguiu se esquivar por um triz. A clava bateu no chão, liberando um impacto
estrondoso que até produziu um eco. A fumaça e a poeira resultante se expandiram como
uma explosão.
Depois que a poeira baixou, a sombra do Senhor Marcial, com a clava na mão, apareceu.
Ele podia claramente ouvir Jircniv gritando seu apoio em meio aos aplausos ensurde-
cedores. “Pegue ele! Ele está bem aí!” E outros gritos infantis.
Ainz não pôde deixar de rir quando ouviu esses gritos de Jircniv, que eram completa-
mente diferentes do habitual. Ele não poderia imaginá-lo agindo assim de todas as vezes
que o espionou na Cidade Imperial.
A opinião de Ainz sobre Jircniv subiu rapidamente. No começo, ele acreditava que ele
era um homem perfeito com o ar de um Imperador. No entanto, agora que ele viu como
ele estava apaixonado sobre o jogo, ele sentiu que poderia se dar bem melhor com ele. O
coração de Ainz se encheu de uma sensação de proximidade.
O Senhor Marcial apontava aquela gigantesca clava para ele, sugerindo que seria inter-
ceptado se chegasse perto e que seria perseguido se recuasse. Era uma postura bem ade-
quada para prender seus oponentes.
Uma postura defensiva que fazia uso total do comprimento de sua arma, praticamente
transformando-a em um escudo.
Com toda honestidade, Ainz não tinha idéia de como quebrar essa postura.
Eu... não sei o que fazer... Parece que ser incapaz de usar magia contra um adversário
blindado é bastante difícil. Bem, eu sou um magic caster, afinal...
Sendo esse o caso, havia apenas uma coisa que ele poderia fazer.
“Bem? Você não vem? Ou você vai se esconder como uma tartaruga?”
“Vossa Majestade, eu não vou baixar minha guarda. Mesmo que as regras o impeçam de
usar magia, o fato de ter desviado daquele golpe não pode ser ignorado.”
“Então, você quer que eu tome a ofensiva? Nesse caso, se importaria em mudar essa
clava de lado? Com ela no meio do caminho fica difícil atacar.”
O Senhor Marcial não respondeu. Seu olhar aguçado permaneceu afixado em Ainz atra-
vés das fendas da viseira do seu elmo.
Ainz bateu selvagemente o cajado na ponta da clava. A clava bateu com força no chão,
quando o Senhor Marcial grunhiu “Ggh!”.
O impacto deveria ter sido transmitido para as mãos do Senhor Marcial e as entorpe-
cido. Em contraste, Ainz não tinha funções biológicas para tais coisas.
Correto. Vocês, Trolls, têm poderes regenerativos. Assim, é perfeitamente racional ter em
mente as armas que negam sua regeneração, como aquelas que podem causar dano de
fogo ou ácido. No entanto, isso é um erro fatal.
Ainz tocou a armadura do Senhor Marcial com a mão esquerda vazia. Naquele momento,
o Senhor Marcial estremeceu como se tivesse sido eletrocutado, fazendo-o balançar a
clava sem pensar.
“Kuh!”
Ainz não conseguiu se esquivar, e os sons de rachaduras vieram de seu corpo quando
ele foi jogado longe. Já que ele havia desativado sua 「High Tier Physical Immunity」,
ele ficou vulnerável a ataques de impacto, aquele ataque causou muitos danos. O corpo
de Ainz voou vários metros, não, mais de 10 metros pelo ar, como uma bola chutada por
um esportista.
Ainz ouviu Jircniv gritando de prazer quando ele rolou pelo chão, e a onda de boa von-
tade que ele tinha em relação ao homem caiu rapidamente.
Droga, somos países aliados, não somos? Você não deveria estar mais preocupado com o
fato de um rei aliado estar no chão?
Embora ele tivesse sofrido danos, Ainz não sentia mais dor, e ele olhou para o Senhor
Marcial da posição onde havia caído.
Ainz retornou à sua posição original, em meio a uma cacofonia de barulho. O Senhor
Marcial perguntou em dúvida:
“Eu não quebrei as regras. O contexto faz sentido. Bem, isso está muito além da palavra
veneno. Meu toque pode infundir energia negativa no corpo de um oponente. No entanto,
a regeneração de um Troll deve ser capaz de curar isso.”
Ainz fez o mesmo gesto que ele usou ao tocar o Senhor Marcial, abrindo e fechando os
dedos.
“No entanto, tenho outra habilidade além dessa. Eu posso infligir danos físicos por to-
que. Com isso, sua força e destreza foram reduzidas. Eu não acho que você pode curar
isso, não é?”
Pelo que Ainz sabia, a regeneração Troll só podia curar danos, mas não o enfraqueci-
mento do corpo.
“Em outras palavras, Senhor Marcial, quanto mais eu te tocar, mais fraco ficará, até você
acabar como uma lagarta.”
Ele podia infligir penalidades de habilidade a um inimigo, isso era verdade, mas mesmo
isso tinha limite. Ele não conseguia reduzir os atributos para zero. Claro, seu oponente
não poderia saber disso.
No entanto, havia outros undeads com habilidades semelhantes, então ele não podia
concluir que seu oponente realmente não sabia. Ele poderia estar blefando sobre não
lutar contra os undeads, e ele poderia saber algo relacionado a eles.
Foi por isso que Ainz declarou abertamente o nome de sua espécie.
Os Overlords são uma espécie muito poderosa, e sobre a qual você não sabe nada. Uma
vez que ele deixasse essa impressão na mente do Senhor Marcial, ele sentiria que o poder
de Ainz seria misterioso e insondável. Ainz havia mencionado que ele era da mais alta
ordem e com isso, reforçava ainda mais essa sensação de desconforto.
O mais importante era que ele havia dado uma explicação desnecessária ao Senhor Mar-
cial. Isso também era para confundi-lo com informações falsas.
Ainz calmamente estudou o Senhor Marcial, que não parecia estar se recuperando das
penalidades de sua habilidade.
Isso era para ver se o Senhor Marcial estava tentando blefar com suas ações.
Ele pode ter a capacidade de se recuperar, mas optou por não usar, a fim de criar uma
falha fatal na defesa de Ainz. Ele também pode ter um Talento ou alguma outra habili-
dade oculta sobre a qual Ainz não sabia.
Só se podia aniquilar um inimigo em uma luta aberta quando havia uma enorme dife-
rença de força.
“...As penalidades de habilidade que eu infligir não se curarão com o tempo, sabia? Eu
vou raspar seus atributos físicos pouco a pouco, até dar o golpe final com meu cajado,
entendeu? Bem, se entendeu, então vamos continuar.”
Ainz deu um passo à frente e o Senhor Marcial lentamente assumiu uma postura.
Ele não podia ver o rosto do Senhor Marcial por causa do elmo. Ele estava rindo para si
mesmo ou estava ficando ansioso?
Ainz moveu sua mão esquerda, a que não segurava o cajado. O Senhor Marcial mudou
em resposta. Parece que ele estava muito cauteloso com isso.
O Senhor Marcial provavelmente pensava que tudo o que precisava fazer era se preo-
cupar com a mão esquerda.
Dito isso. Durante os experimentos de Ainz, ele descobriu que podia iniciar ataques de
toque com qualquer parte de seu corpo. Se ele quisesse, ele poderia até usar uma cabe-
çada para fazê-lo.
De seus movimentos, ficou evidente para o público quem tinha a vantagem aqui.
Você sabe qual é a diferença entre nós, Senhor Marcial? De fato, você pode ser melhor que
eu como guerreiro. Mas há algo que decisivamente nos diferencia.
No entanto, o problema estava nas Artes Marciais, aqueles ataques que Ainz não conhe-
cia.
“Eu estabeleci outra restrição sobre mim mesmo, além de não usar magia. Isso diz res-
peito aos meus itens mágicos. Eu não usei itens mágicos durante essa luta com você —
em outras palavras, eu me dei uma restrição de equipamento. Ainda assim, isso é com-
pletamente benéfico para mim.”
Ainz possuía numerosos itens mágicos de seu tempo em YGGDRASIL. Todos e cada um
deles era um tesouro inigualável neste mundo. Assim, se Ainz tivesse usado algum, ele
poderia facilmente vencer sua batalha com o Senhor Marcial. No entanto, Ainz não
achava que esse era o jeito certo de lutar.
“Limitei-me a usar armas que alguém do seu nível pode usar. Por outro lado, sinto que
esta é uma excelente oportunidade para testar uma nova aquisição.”
Ainz mergulhou seu cajado no chão e retirou dois dos quatro stilettos embainhados em
sua cintura. Ele agarrou-os com força.
O Senhor Marcial provavelmente não entendeu a tagarelice de Ainz. Ainz não tinha in-
tenção de esclarecê-lo. Ele estava simplesmente falando para si mesmo.
Ainz não podia imitar a postura bizarra daquela mulher — aquele estranho agacha-
mento para uma investida. No entanto, depois do treino, ele aprendeu a correr de ma-
neira semelhante. Ele se disparou como uma flecha solta em direção ao Senhor Marcial.
A distância era muito curta. Ainda assim, mesmo na breve abertura antes do ataque de
seu oponente, a clava do Senhor Marcial varreu o ar na direção dele. O golpe foi mais
lento, pois sua força havia sido minada pelas penalidades da habilidade, mas era um
golpe que deveria ter efeito.
Ainz não podia executar uma esquiva magnífica como aquela mulher. No entanto, Ainz
poderia fazer algo que aquela mulher não conseguia.
Quando aquela mulher acertou Ainz, ela conseguiu danificar a armadura que Ainz criara
magicamente, que era mais dura que adamantite. Este golpe estava no mesmo nível que
aquele, e o stiletto perfurou a armadura do Senhor Marcial e além, penetrando no corpo
do Senhor Marcial.
Era como se ele tivesse liberado algo de dentro de seu corpo, isso empurrou para trás
a ponta do stiletto.
O mais surpreendente era que o impacto total que Ainz infligiu foi apenas uma pequena
quantia — o valor de um arranhão — de dano. Com a regeneração Troll, esse tipo de
dano seria curado em segundos.
“—Ativar.”
“Goh! Gowaaaaaaaaah!!”
Ainz liberou a magia, canalizando uma 「Fireball」 que Fluder tinha conjurado na arma,
a explosão de chamas se formou onde ele havia perfurado o Senhor Marcial, queimando
o corpo no interior da armadura. Ainz pensou em mergulhar o outro stiletto no ombro
oposto, mas ele não era forte o suficiente, e a armadura defletiu o ataque.
Enquanto pensava em mirar uma fenda em sua armadura, Ainz sentiu o movimento do
Senhor Marcial e avançou para o lado sem olhar.
Um vendaval soprou atrás dele. Deve ter sido a pressão do vento daquela clava.
O Senhor Marcial estava agarrando o ombro com o braço que segurava a clava. Seu ou-
tro braço estava como um pêndulo, provavelmente imóvel. Parece que a magia do Fluder
foi forte até demais. Acho que teria sido melhor ter pedido a um magic caster mais fraco
para infundir magia no stiletto.
Não importava onde ele olhasse, ele não podia ver ninguém torcendo por ele.
Que estranho... Em YGGDRASIL, não seria incomum alguém começar a torcer por mim
neste momento... Acho que as partidas aqui são difíceis.
“Bem, faz parte. Eu acho que vou ter que abandonar o plano de aproveitar o coração do
público. Então, Senhor Marcial... hora de morrer.”
Ainz embainhou o stiletto cuja magia foi gasta e sacou outro. Este novo stiletto estava
imbuído de uma magia de ataque elemental ácida de 3º nível. Ele havia preparado isso
para o caso de o Senhor Marcial ter se tornado imune ao dano de fogo.
Por tudo o que ele sabia, algo assim poderia ser possível neste mundo.
Se fosse esse o caso, seu plano era matá-lo ativando a habilidade quando o público —
quando todos — pudessem ver que a vitória já havia sido decidida.
“Não... Vossa Majestade. Não... ainda não. Eu ainda sou o Senhor Marcial. Eu ainda sou o
Rei desta arena. Vou lutar até a morte.”
Foi um pedido surpreendente, mas o Senhor Marcial concordou e mostrou seu rosto.
Suor frisado em sua testa, e seu rosto estava retorcido pelo que provavelmente era uma
dor intensa. No entanto, havia muita força naqueles olhos.
“Obrigado. Ser louvado por um ser poderoso como o senhor mesmo me enche de ale-
gria.”
“...Me diga; você tem alguma técnica que possa me vencer? Algo que possa inverter a
situação atual?”
Ainz sentiu vergonha de usar tantos blefes nessa luta. Além disso, havia todas as habi-
lidades que ele tinha selado para fazer uma boa partida.
Como seu oponente estava lutando a sério, Ainz foi obrigado a responder com tudo o
que podia, dentro do alcance do que lhe era permitido fazer.
O Senhor Marcial, que viera direto para Ainz, parecia ter chamas nos olhos.
Ainda assim, ele sabia que eles iriam desprezar qualquer ser que não fosse de Nazarick.
Se esse era o caso — inquietação e solidão enchiam Ainz.
“GOOOOHHHHHH!”
Ele foi mais rápido do que antes. Talvez ele tenha ativado uma Arte Marcial.
Aquela incrível velocidade juntamente com aquele corpo imenso se uniram para pro-
duzir uma esmagadora sensação de opressão que congelaria qualquer inimigo no lugar.
Não, isso se aplicaria a pessoas normais, mas os undeads eram imunes a tais efeitos men-
tais.
Seu equilíbrio estava ruim, provavelmente porque o ombro perfurado pelo stiletto não
conseguia se mexer.
Mais importante—
Você sabe a verdade por trás de como eu diminuí a sua velocidade? Se você não sabe, vai
acabar para você, não?
• I - Medo.
• II - Pânico.
• III - Confusão.
• IV - Insanidade.
• V - Morte Instantânea.
Medo: referia-se a um estado anormal de medo, que infligia uma penalidade a todas as
ações.
Confusão: era como o nome sugeria. Sem quaisquer medidas de recuperação, o alvo
estaria num estado de confusão.
Insanidade: era um status ruim extremamente irritante, sendo uma versão perma-
nente do Confusão. Não pode ser removido sem magia de terceiros.
Ainz usou o efeito Medo primeiro, e depois cancelou quase instantaneamente. Ao fazer
isso, haveria um momento em que as ações que se imaginavam não correspondiam às
ações reais tomadas e, assim, o corpo se sentiria paralisado.
No entanto, o Senhor Marcial previu que isso aconteceria se ele tentasse um ataque
frontal. Mesmo depois que sua mente e corpo ficaram fora de sincronia, ele ainda balan-
çava a clava.
“《Fluxo Acelerado》!”
Um grande impacto veio de cima, seguido por uma explosão de dor no momento se-
guinte.
Embora ele estivesse brevemente confuso com a situação, Ainz rapidamente caiu em si.
Este foi provavelmente um combo duplo. A primeira parte lançou Ainz no ar, enquanto
a segunda o esmagou no chão.
Se ele fosse Suzuki Satoru, ele poderia não ter conseguido entender a situação e se con-
fundido. No entanto, Ainz Ooal Gown estava imune a esses status negativos.
“Cheh!”
Ainz se afastou assim que a clava atacou. Talvez tenha sido por causa de uma Arte Mar-
cial, mas o impacto fluiu através do chão para o corpo de Ainz.
Quando Ainz saltou, a clava que se enterrou no chão foi puxada de volta. Esse movi-
mento, como retirar algo das profundezas, parecia dizer “Eu vou acabar com você”.
Ainz tomou uma decisão em uma fração de segundo para bloquear o golpe com seu
stiletto, e o corpo de Ainz navegou pelo ar mais uma vez. Os aplausos da plateia ecoaram
pela arena, mas o Senhor Marcial amaldiçoou amargamente:
“Droga!”
Ele estava esperando acabar com Ainz com aquele ataque combinado.
Depois de ser derrubado vários metros pelo ar, Ainz caiu algumas vezes no chão e então
rapidamente recuperou sua postura enquanto ele murmurava sobre si mesmo.
“Nada para inverter a situação, hein? Ele me enganou. Punitto Moe me repreenderia
por isso.”
Muito parecido com Ainz, o Senhor Marcial salvou seu trunfo — suas Artes Marciais —
até o momento final. Isso provou que ele era um guerreiro de primeira classe.
A arrogância e pressa para conquistar a vitória lhe rendera um duro golpe — não, dois
deles na verdade. Era hora de descartar o pensamento ingênuo. Ele cortaria os atributos
de seu oponente antes de terminar as coisas.
―Jircniv, seu desgraçado! Como assim, “Finaliza ele”!? Ah, fala sério...
Ainz se moveu devagar. Ele não tinha sido gravemente ferido, mas ele havia sido punido
por seu descuido, então ele não cometeria esse tipo de erro novamente.
Ainz entrou no alcance do Senhor Marcial e o Senhor Marcial desceu o braço atacando.
No entanto, Ainz não evitou.
A pressão e a dor o enchiam, mas ele podia aguentar, dada a enorme diferença em seu
HP. Não havia problema. Além disso, seu corpo undead imediatamente suprimia sua dor,
para que ele pudesse suportar a agonia que os vivos não poderiam.
Deste modo, Ainz tocou o corpo do Senhor Marcial. Tendo acabado de terminar um ata-
que — e estando sob a influência do status de medo da aura de Ainz — seria muito difícil
evitá-lo.
Então, ele manteve contato com o corpo do Senhor Marcial e circulou para suas costas.
Claro, ele estava continuamente infundindo a energia negativa através de sua armadura,
isso causava debilidades de habilidades físicas.
“Uoooooogh!”
Desta vez, foi o Senhor Marcial que se afastou dele, como se estivesse rolando pelo chão.
Ainz estava intrigado sobre se deveria ou não prosseguir, mas decidiu ficar parado, no
caso de algum movimento oculto.
Talvez ele sentisse a mudança no ar, mas o Senhor Marcial removeu o elmo e o jogou
de lado.
Quando a surpresa começou a encher Ainz, o Senhor Marcial desatachou o resto de sua
armadura também. Por ele estar enfraquecido no momento, não parecia estar em um
nível em que ele era incapaz de se mover devido ao peso de sua armadura.
No entanto, depois de ver a determinação na face do Senhor Marcial, Ainz entendeu seu
plano.
“O quê?”
“Vossa Majestade, eu sei que não revelou uma fração do seu verdadeiro poder até agora.
Mesmo sem as asas poderosas de sua magia, isso claramente não te sobrecarrega. Eu sou
realmente... tão fraco assim?”
“..........Então é isso.”
“Durante esta batalha, me proibi o uso de muitos itens mágicos e uma sorte de habili-
dades que possuo.”
“Bem, você acabou de ter um adversário ruim. Se você é o mais forte do Império... eu
posso muito bem ser o homem mais forte do mundo.”
“Posso perceber... Ainda assim... estou feliz. Saber que existe alguém que é melhor do
que eu, me leva a melhorar.”
Ainz sorriu para o Senhor Marcial e o Senhor Marcial sorriu para Ainz.
“Vossa Majestade, Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown. No final, por favor, mostre-me —
mesmo que seja apenas uma fração — do seu verdadeiro poder. Permita-me experimen-
tar o zênite do poder!”
“Já que é assim... muito bem. Então revelarei o pináculo do poder para você.”
Era completamente diferente da velocidade com que ele havia mostrado. Ele poderia
ter usado Artes Marciais para acelerá-lo. Ainda assim, não foi nada comparado à veloci-
dade antes de ter suas habilidades penalizadas. Estava muito mais lento.
A Clava balançou para o corpo de Ainz, mas Ainz não prestou atenção.
Ele fez golpe após golpe, mas Ainz continuou avançando, olhando diretamente nos
olhos do Senhor Marcial.
O Senhor Marcial sorriu, como se desistisse. Ainz mergulhou o stiletto no peito do Se-
nhor Marcial sem nenhuma resistência, e então liberou a magia imbuída dentro dele.
♦♦♦
Sua voz pareceu ecoar eternamente no silêncio da multidão, o que só o enervou. Assim,
Ainz decidiu encerrar isso rapidamente.
Ainz relembrou a equipe de aventureiros com quem viajou por um curto período de
tempo.
“...É por isso que pretendo incorporar a Guilda dos Aventureiros à minha nação.
Há aqueles que temem perder sua liberdade e serem algemados uma vez que a
Guilda dos Aventureiros se torne uma organização nacional. Eu não posso descar-
tar completamente isso. Mas como acabei de mostrar, minha força é mais que su-
ficiente. Não pretendo usar vocês como ferramentas de guerra. O Reino Feiticeiro
anseia por aqueles que realmente buscam aventura! Todos vocês que desejam ex-
plorar o desconhecido, que desejam entender o mundo e assim sonham em se tor-
nar aventureiros, venham a mim! Eu vos ajudarei a andar com suas próprias per-
nas, os ajudarei com o poder que vocês não podem imaginar. Agora contemplem
uma fração desse poder!”
“A morte é o fim de tudo. No entanto— como alguns aqui podem saber, a morte
pode ser combatida!”
Seria terrivelmente embaraçoso se ele não voltasse à vida. Seu coração inexistente ba-
teu em seu peito.
“Testemunhem!”
A varinha foi ativada, e então o Senhor Marcial ofegou. Então, seu peito começou a se
mover.
Olhando ao redor, ele notou que apenas Jircniv e seus dois guarda-costas restavam. Os
outros pareciam ter saído cedo. Ainz ficou encantado por ter menos com o que se preo-
cupar, mas ele não disse nada.
“Bem, desculpe por isso, Jircniv-dono. Oya, seu rosto parece melhor agora. Que alívio.”
Sua tontura quando se levantava parecia genuína. No entanto — Já que ele estava tor-
cendo tão energicamente, deve ter sido apenas por um momento.
“Ahhh, não se importe. Qualquer um ficaria preocupado se visse alguém conhecido pas-
sando mal.”
“Obrigado por sua preocupação. Ainda assim, foi uma partida emocionante. Como es-
perado do senhor, Gown-dono. Pensar que poderia triunfar tão facilmente sobre o guer-
reiro mais forte do Império. Não há palavras para isso se não magnífico.”
“Certamente não. Esta foi uma boa luta. Mas o resultado ainda estava incerto; eu sim-
plesmente tive a sorte agindo do meu lado.”
Dada a maneira como Jircniv estava torcendo pelo Senhor Marcial, ele deve ter sido um
grande fã. Sendo esse o caso, ele não poderia errar ao louvar o Senhor Marcial.
Ou melhor—
—Seu desgraçado, você não torceu por mim em momento algum. Eu ouvi aquilo!
Claro, ele não podia expressar esses pensamentos. Quando alguém pensava calma-
mente sobre isso, em uma batalha entre os guerreiros de sua própria nação e a de outro
país, era natural alguém torcer pelos próprios compatriotas.
Bem, se ele realmente torcesse por Ainz, seu medidor de afeto — uma frase que Pero-
roncino frequentemente usava — provavelmente teria atravessado o telhado.
“Embora estranhos possam não saber, tenho certeza de que o senhor não é um homem
de incertezas, Gown-dono. Então, vejamos— me perdoe. Vamos conversar assim?”
“Ah, sim.”
Ainz concordou. Em outras palavras, ele não queria conversar com Jircniv por tanto
tempo em um lugar como este.
Embora Ainz pensasse que seria repreendido por promover o Reino Feiticeiro na arena
e por sua passagem ilegal na fronteira, Jircniv não parecia querer repreendê-lo. Sendo
esse o caso, era melhor para ele rapidamente fazer a sua saída.
Ainz engoliu as palavras informais que ele estava prestes a falar. Isso seria como cavar
seu próprio túmulo.
“Foi legal, vamos deixar assim por enquanto. Venho te visitar outro dia, Jircniv-dono.”
Pessoalmente, Ainz queria escapar com magia de teletransporte, mas ele precisava pe-
gar Ainzach primeiro. Então ele voltaria ao chão, e só então se teletransportaria — então,
enquanto ponderava sobre o assunto, Ainz percebeu que Jircniv estava olhando para ele,
com um olhar sério no rosto.
Essa situação era familiar para qualquer assalariado. Ainz se virou para olhar para Jir-
cniv.
Não.
Ainz decidiu não fugir da realidade. Ele sorriu — embora seu rosto não se movesse —
e respondeu com um “Prossiga”.
“......Hah?”
Seus guardas — ambos os quais ele tinha visto antes — também estavam olhando em
choque.
Por que ele de repente pediu para ser um vassalo? Pensando sobre isso, que tipo de
relacionamento os estados vassalos têm, afinal? Ainz conhecia o termo, mas o que exa-
tamente significava? Então havia todos os termos políticos envolvidos nisso e assim por
diante.
Ainz não conseguia decidir algo importante como isso por si mesmo. Ele precisaria dis-
cutir esse assunto com Demiurge e Albedo antes de dar uma resposta.
O que ele deveria dizer sobre a questão do estado vassalo? Estaria tudo bem em dizer:
“Eu não tinha considerado isso”?
Depois de decidir sobre a direção que suas palavras tomariam, Ainz fez sua resposta.
“É muito perigoso concordar verbalmente com esses assuntos. Não posso responder
imediatamente, mas acredito que tais questões devam ser propostas por escrito.”
“Então, isso significa que uma vez que eu entregar o documento, o senhor vai aprovar
isso?”
Ainz pensou em perguntar, mas ele conseguiu engolir essas palavras. Provavelmente
foi porque se acalmou um pouco. A verdade era que ele não estava mais perturbado
como estivera antes. Apenas agradecer aos benefícios desse corpo não seria suficiente.
Como ele não podia falar essas palavras, ele tinha que pensar em algo que Jircniv pu-
desse aceitar. Não havia outra maneira.
Embora seu estado emocional tivesse se acalmado, Ainz ainda não tinha idéia do que
estava acontecendo e o porquê a situação acabara assim. Ele simplesmente assentiu em
resposta.
Então, tentando não aparecer muito em pânico, Ainz desceu para a arena.
Ainz rodeou seus ombros, como uma criança que tinha certeza de que ele seria repre-
endido por seus pais assim que chegasse em casa.
♦♦♦
O ar na sala VIP ficou em silêncio depois da partida do Rei Feiticeiro. Como se para
quebrar esse silêncio, Nimble gritou:
“Vossa Majestade!”
Nimble assentiu em resposta. Jircniv olhou para Baziwood, que tinha uma atitude se-
melhante.
“Já que ele subiu até aqui— ah! As negociações com a Teocracia Slane foram quebradas.
Os templos me desprezam. Quanto tempo levaria para trazer de novo a questão dessas
negociações? Isso é um problema que pode ser resolvido com tempo?”
Jircniv pensou no que faria se fosse um dos superiores da Teocracia Slane. Se outro país
desse uma desculpa tão patética quanto “Isso era apenas Ainz Ooal Gown vendo através
do nosso esquema, não pretendíamos fazer nada disso”, eles certamente pensariam que
Parece que uma aliança com a Teocracia Slane estava praticamente fora de questão.
“Já que não há chance alguma de nos aliarmos com a Teocracia, ele simplesmente suge-
riu que lutássemos sozinhos? Hm? Ora ora, como esperado de Sua Majestade, o Rei Fei-
ticeiro Ainz Ooal Gown. Eu tenho que tirar meu chapéu para ele. Seu alcance é realmente
mais longo do que eu poderia imaginar. Primeiro, ele deixa seus inimigos se orgulharem
e, em seguida, os destrói usando um golpe assim que baixam a guarda.”
Embora Ainz fosse um inimigo, Jircniv não pôde deixar de elogiar esse esquema perfeito.
Foi tão perfeitamente calculado que ele não teve escolha senão admitir a derrota. Não
havia sinais de reforços para o Império, enquanto Ainz já tinha uma prova sólida das
ações do Império. Em outras palavras, Ainz conquistou o poder da vida e da morte sobre
o Império.
Baziwood sacudiu a cabeça. Parece que eles entenderam a situação em que estavam.
“Ahh, isso é realmente... como vou dizer. Ele realmente o deixou sem ação. Ele acertou
em cheio no ponto fraco. Algo parecido.”
“Exatamente. Não consigo pensar em nada que resolva isso. Eu acho que estou que-
brado em mente e corpo. Parece que tudo ficará bem se for assim.”
“Vossa Majestade...”
“Ele está mais para um demônio do que para um undead. Parece que ele sabe como
quebrar completamente a mente de um homem.”
Jircniv olhou gentilmente para Nimble, que ainda parecia incapaz de aceitá-lo.
No entanto, ele teria preferido uma solução racionalmente considerada para esse pro-
blema, ao invés de uma revelação infantil de seus sentimentos. Se nem mesmo Jircniv
poderia resolver esse problema, quem dirá Nimble.
“...Preste bastante atenção. Nós não podemos vencer. A única opção que temos é, como
eu disse anteriormente, nos subverter para subordinados. Não consigo imaginar outro
“Mas e ele agindo como guerreiro? Algum de vocês pode matá-lo com uma espada?”
“Você deveria saber, não? Mesmo como guerreiro, o Senhor Marcial não pôde vencê-lo.
E o que foi aquilo? Ele recebia os ataques do Senhor Marcial e permaneceu ileso? Ele
usou magia?”
“Enfim. Em outras palavras, ele pode tornar qualquer ataque ineficaz com magia, então?
Então o assassinato é impossível. Ele poderia ser invulnerável?”
“Bem, ele tem um corpo físico, então eu duvido que ele seja invulnerável.”
Nimble ficou perplexo e olhou para Baziwood a seu lado, em busca de ajuda. No entanto,
Baziwood manteve os lábios apertados em uma linha reta.
“...Então, vamos fazer isso por agora. Reunir toda a informação possível sobre as armas
do Senhor Marcial e, em seguida, reuniremos todos os magic casters e aventureiros que
podemos encontrar para perguntar-lhes o porquê ele não foi ferido. Felizmente, esse
pronunciamento deveria colocá-lo contra a Guilda dos Aventureiros, com isso, ficarão
felizes em nos ajudar.”
“Então, não deveríamos ter oferecido vassalagem depois de tentar isso? Já que feliz-
mente, ele recusou no ato.”
Jircniv estava um pouco irritado com isso, mas ele reprimiu seu descontentamento e
não demonstrou. Em vez disso, ele olhou para Nimble com uma expressão preocupada
no rosto.
“Felizmente? Você realmente pensa assim? Eu acho que é o contrário. Não é melhor
forçar a vassalização o mais rápido possível?”
“Por que você acha que ele recusou de imediato nossa oferta de vassalagem?”
“E o que seria?”
“Eu não sei. Ainda assim, é quase certo que não será bom para nós. Caso contrário, ele
não ficaria tão perturbado com a oferta de vassalagem. Pelo que sabemos, os objetivos
que ele tem em mente são coisas que não pode realizar em seu próprio país. Nesse
caso—”
Jircniv deixara seu cérebro tão sobrecarregado de trabalho que logo sairia fumaça.
Seu oponente era Ainz Ooal Gown. Ele certamente deve ter algum objetivo em mente.
O que eu faria se fosse o Rei do Reino Feiticeiro, o que eu desejaria? O que eu odiaria?
“—A Guilda dos Aventureiros? Será que ele quer fazer alguma coisa para a Guilda dos
Aventureiros, e é por isso que ele se opôs à vassalagem?”
“E aquela declaração? ...Permitir aquilo é uma boa idéia, Vossa Majestade? Daqui a al-
guns anos, muitos dos melhores e mais brilhantes do Império podem acabar saindo do
país.”
“Fazer o que ele diz significa que a liberdade de alguém pode ser restrita, tendo o incri-
velmente poderoso Rei Feiticeiro como apoio é uma proposta muito atraente. Traba-
lhando como aventureiros, muito mais pessoas morrem do que conseguem fazer um
nome para si mesmas. Agora temos alguém forte nos apoiando... bem, pelo menos é o que
as pessoas sem autoconfiança pensarão. Além disso, já que temos cavaleiros, não há mui-
tas tarefas para aventureiros de baixa classificação.”
“Um fluxo de talentos... Embora eles possam não ter fé em si mesmos, isso não significa
que não sejam capazes.”
Havia pessoas que eram habilidosas, mas careciam de autoconfiança. No entanto, seria
preciso uma pessoa muito confiante para explorar um novo mundo.
“Que bobagem é essa!? Ele antecipou nossos movimentos a este nível... não, é impensá-
vel. Também precisamos considerar os efeitos de seus sentimentos incognoscíveis que
o levam a odiar os vivos...”
Talvez supondo que pensar em Ainz como um dos undeads seria um erro.
Talvez Ainz já tivesse antecipado que agonizariam e suporiam sobre isso, assim, fez
esse plano de antemão. Ele poderia estar esperando de braços abertos por um Jircniv em
pânico para acelerar o processo de vassalização.
“Vossa Majestade...”
Os dois abaixaram a cabeça. O fato de que mesmo Baziwood tivesse uma expressão
como essa em seu rosto fez com que Jircniv se perguntasse se era uma piada.
“Por que as caras tristes? Existem todos os tipos de estados vassalos. Se nos for permi-
tido governar a nós mesmos na maior parte do tempo, então podemos continuar vivendo
como sempre fizemos. Não— se o Reino Feiticeiro nos defender com seu incrível poder,
então não estaríamos mais seguros do que antes?”
Os mais importantes seriam o Corpo de Cavaleiros. No entanto, eles não mudariam para
a facção anti-vassalagem. Mesmo se eles se opusessem, seria apenas conversa fiada. Di-
ficilmente agiriam seriamente.
Em seguida haviam os nobres. Suas jogadas poderiam ser inusitadas. Embora houvesse
poucas pessoas que se queixariam da decisão de Jircniv, esses poucos poderiam estar
almejando uma chance de depor o Imperador Sangrento. Estas eram pessoas que pode-
riam tentar qualquer coisa para se tornarem os novos governantes do Império vassali-
zado.
Os plebeus poderiam ser enganados. Para eles, enquanto a vida continuasse normal-
mente, não se importariam em se tornar um estado vassalo.
Os templos nunca reconheceriam isso. E seria pior se os templos não apenas se opuses-
sem, mas proibissem toda a atividade de cura. Ele precisaria conversar com eles repeti-
damente e levá-los a pensar.
“Quem sabe? Pretendo dizer que a transição para estado vassalo será suave, e que es-
perem para ver os resultados... mas talvez não seja bom dizer isso.”
Ele pensou.
Ele havia herdado esse dever de seu pai, e com isso o Império se tornara cada vez mais
forte. Ele não deveria ter errado em nenhum momento durante esse processo.
Provavelmente não havia nada de errado na maneira como ele negociava com aquele
monstro. Foi simplesmente porque Ainz Ooal Gown era um ser cujos processos de pen-
samento transcendiam os da humanidade.
Embora isso fosse apenas tagarelice, as notícias sobre a Pássaro Fio-Prateado mudando
sua base natal do Império para a Aliança Cidade-Estado logo alcançaram o desmotivado
Jircniv. Nos próximos dias, Jircniv viria a lamentar isso como “As bênçãos não vêm em
pares, mas as calamidades não vêm sozinhas.”
Seu humor se elevava quanto mais perto ele chegava de seu objetivo.
Demiurge não prestou atenção aos guardas que Cocytus havia colocado em ambos os
lados das portas enquanto ajustava sua gravata e inspecionava sua aparência. Natural-
mente, ele prestava atenção em sua aparência em todos os momentos, mas não queria
que seu mestre o visse senão em um estado imaculado.
Depois de uma inspeção muito séria de sua aparência pessoal, Demiurge bateu na porta.
Uma das empregadas a abriu, colocando a cabeça para fora e verificando quem estava
chamando.
Demiurge queria tentar espiar um vislumbre de seu mestre através da brecha, mas ele
não podia fazer nada tão vexatório.
Seu humor despencou, mas ele não deixou transparecer em seu rosto.
“Minhas mais sinceras desculpas, eu não sei... No entanto, Albedo-sama pode saber algo
sobre isso.”
Demiurge sabia que Albedo tratava a sala de seu mestre como sala pessoal de trabalho.
Você não pode simplesmente usar a sala que lhe foi designada?
“Ela está trabalhando? ...Poderia perguntar se esta é uma hora conveniente para visita?”
“Como desejar.”
Demiurge agradeceu à empregada e depois entrou. Ante seus olhos estava a Guardiã,
sentada em uma cadeira em frente à mesa de seu mestre.
“Ah, Demiurge. Fez um trabalho exemplar no exterior. Em que posso ajudá-lo hoje?”
“Ah, isso diz respeito ao assunto no Reino Sacro. Eu estava planejando obter permissão
para os estágios finais do plano. Vou precisar de um Doppelgänger... onde está o Ainz-
sama?”
“Ele está um pouco longe. Duvido que seja capaz de retornar rapidamente...”
Em outras palavras, ele não está em E-Rantel. Caso contrário, ela não descreveria de ma-
neira tão estranha.
Demiurge franziu a testa e observou a expressão de Albedo. Ela tinha seu sorriso habi-
tual, mas Demiurge perceptivo como sempre, detectou alguma outra emoção dentro dela.
Demiurge tentou estudá-la rapidamente, mas não pôde ler isso profundamente.
Era um pouco frustrante, mas novamente, isso nem sequer era uma disputa.
Epílogo
330
Entre todas as pessoas de Nazarick, as únicas duas pessoas que ele não sabia ler eram
seu mestre e Albedo. Ele deixava isso de lado como raras exceções para não abalar sua
paz interior.
“Ainz-sama não mencionou quanto tempo ficará fora. Pode demorar muito tempo.”
“Já que é assim, eu mesmo irei informá-lo, Albedo. Não é uma questão que requer o uso
de 「Message」.”
“Ara~? Por que isso? Se é realmente importante, não seria mais leal informá-lo quanto
antes?”
O contexto do sorriso de Albedo havia mudado. Mais cedo, era seu sorriso falso habitual,
mas agora era um sorriso perverso e ameaçador. Ela está tramando alguma coisa.
Parece que havia algo que ela queria dizer, não importando as circunstâncias.
Que cansativo...
“Eu desejo mostrar minhas realizações para o Ainz-sama, por isso não desejo usar tais
métodos para contatá-lo. Embora eu possa receber seus elogios através de uma 「Mes-
sage」, no fim, eu ainda preferiria ouvir sua voz pessoalmente. Isso é tudo... Esse não é
o sonho compartilhado de todos em Nazarick?”
“Mm, com certeza, Demiurge. É como você diz. Qualquer um se sentiria assim.”
“Ele foi visitar o Reino Dos Dwarfs, sobre o qual poucos fizeram contato diplomático até
agora. Assim, não sabemos quanto tempo vai demorar.”
“Quem o acompanha?”
“Shalltear e Aura.”
Isso bastaria em termos de combate. No entanto, outros aspectos eram mais preocu-
pantes.
A Aura deve dar conta de qualquer coisa que surgir. Tudo o que ela precisa fazer, é apenas
não ser um inconveniente para o Ainz-sama. Mas—
“Ainda assim, levar a Shalltear junto... ele pretende destruir o Reino Dos Dwarfs?”
Mare teria sido uma escolha muito melhor para negociações verbais. Então a escolha
atual foi feita por outros motivos.
“Cocytus está administrando o lago. Mare está construindo uma dungeon fora de E-
Rantel. Sebas está desempenhando suas funções em E-Rantel. Embora eu não saiba o
que o Ainz-sama pretende, o fato de não ter levado um exército, sugere uma visita pací-
fica, não?”
“...Não há informação suficiente para isso. Por que o Ainz-sama desejou ir para o Reino
Dos Dwarfs?”
Seu mestre, Ainz Ooal Gown, o governante supremo de Nazarick, aquele que era o so-
berano dos estratagemas, aquele que incutia várias jogadas dentro de um único movi-
mento de uma peça de xadrez. Demiurge — que tinha sido criado com talentos notáveis
— não poderia sequer esperar tocar nas solas de seu brilhantismo, mesmo com suas
mãos estendidas. A tentativa de ler as motivações de seu mestre era um erro tolo.
Dito isso, sentir os desejos de seu mestre e se preparar para isso era uma marca da
verdadeira lealdade.
Enquanto Demiurge reconstruía sua convicção mais uma vez, Albedo pegou um pedaço
de pergaminho da mesa.
“Isso veio do Império ontem. Eu abri depois de receber a permissão do Ainz-sama via
「Message」. Contém uma oferta de vassalagem do Império. Os detalhes exatos da vas-
salização serão finalizados mais tarde.”
Demiurge ficou chocado. Isso foi muito mais cedo do que ele havia antecipado.
“Como assim? De acordo com minhas previsões, o Império só deveria ter se oferecido
como vassalos depois que o Reino fosse destruído...”
Epílogo
332
“Mas... Como esperado de Ainz-sama...”
“Diga Demiurge. Você realmente achava que o Império só se tornaria um vassalo depois
do Reino?”
“O que está dizendo... Albedo, por que você não me contou mais cedo? Se esse é o caso—”
“...Deixe-me perguntar de novo. Não havia como tornar o Império um vassalo antes do
Reino?”
“...Havia. No entanto, teria exigido que o próprio Ainz-sama agisse. Seria um curso de
ação vergonhoso para um subordinado aconselhar. Além disso, senti que exigiria a exe-
cução de vários métodos — exigindo pelo menos um mês — para causar uma sublevação
violenta em uma grande cidade. Sendo esse o caso, eu acreditava que teria sido melhor
começar subjugando o Reino e então aplicando pressão em outras áreas... quanto tempo
ele levou?”
“Eu estava no Reino, então não tenho certeza, mas acho que foram três dias no máximo.”
Como ele demonstrara sua subjugação? Como ele quebrou a vontade do imperador, que
procurou aliar-se com outras nações?
Embora Demiurge tivesse preparado um plano perfeito que tornaria o Imperador inca-
paz de agir, seu mestre parecia ter criado um esquema que superava até mesmo isso.
Sua boca aberta parecia ter sido costurada. Tudo o que ele sentia era um fluxo incon-
trolável de admiração e respeito por seu governante absoluto. Ele era como a própria
morte, silenciosamente de pé atrás do Imperador e, em seguida, esmagando seu coração.
O tremor que ele sentia agora se espalhava do topo de sua cabeça para todo o seu corpo.
Deliciamento selvagem de admiração, medo e respeito se misturavam dentro dele, e essa
complexa mistura de emoções fez Demiurge estremecer sem parar.
“Como esperado de Ainz-sama. Alguém como eu não podia esperar sequer se aproximar
dele. Ele é verdadeiramente um mestre inigualável e perfeito. Ninguém mais poderia ter
liderado os Seres Supremos. Não posso deixar de invejar o Pandora’s Actor, mesmo que
seja um pouco.”
Deve ter sido o sentimento de superioridade que uma mulher sentia quando recebia a
ordem de um homem tão maravilhoso, de seu amado.
“Além disso, Ainz-sama nos ordenou a decidir como lidar com a vassalagem do Império.”
“Isso não é óbvio? Muitos dos desenvolvimentos neste campo foram devidos ao uso do
seu plano, Demiurge. Mesmo assim, Ainz-sama não disse nada a você e impulsionou a
vassalização do Império com um plano próprio. Ele ficou preocupado!”
Demiurge não conseguia entender. Talvez seu mestre estivesse descontente com a pró-
pria incompetência de seu vassalo, se fosse o caso, ele poderia entender. Mas não era o
caso.
“Hah~”
“É porque ele confia em você. Em outras palavras... como devo colocar isso. Você deve
ser capaz de compreendê-lo usando sua mente, provavelmente é isso. Não seguir seu
plano equivale a duvidar de suas habilidades. Ainz-sama aguardava sua comunicação
porque não queria fazer isso. Mas o Ainz-sama sentiu que você estava muito preocupado
com ele. Assim, agiu independente para lhe dizer não se preocupe tanto, eu acredito ser
isso.”
Epílogo
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Era uma resposta que ele poderia aceitar. Não, seria melhor dizer que não poderia ha-
ver outra resposta a não ser essa.
Demiurge baixou o rosto de vergonha. Ao mesmo tempo, ele ficou cheio de alegria de-
pois que percebeu como seu mestre tinha pensado nele.
“Sim. Ainz-sama viajou pessoalmente, então deve haver muitos esquemas prontos. Ele
certamente estará ocupado quando voltar do Reino Dos Dwarfs.”
Demiurge sorriu.
Epílogo
336
“Um homem não deve dar desculpas”. Eu ouvi essas palavras uma vez, foi em uma certa
circunstância que não vem ao caso. No entanto, só quero dizer uma coisinha — se a mi-
nha memória ainda está boa, então estamos no 17º mês de 2015, né?
Além disso, lembro de ouvir alguém dizer: “Quando os patamares são incertos, resulta-
dos finais são imprecisos”. Ah, que frase charmosa! É bem romântica até!
O Volume 11 não será assim. Não tive a intenção de fazê-los esperar, então espero que
todos possam encontrar em si mesmos um lugar para me perdoar. Além disso, o próximo
volume é— bem, quem leu esta história até aqui, não pode evitar ficar decepcionado
caso o que eu escreva seja...
Além disso, o Volume 11 contará com uma edição especial muito aguardada. Qualquer
um que tenha visto o anime vai entender. É um novo episódio de 30 minutos de Ple-Ple-
Pleiades, não é surpreendente!?
Então pessoal, como se sentem depois de ler o Volume 10? Quão diferente é administrar
um país em comparação a administrar uma organização?
Ainz começou a ampliar seus interesses, mas como vocês fariam isso? Estou muito in-
teressado na resposta. Se eu fosse ele, faria isso, ou faria aquilo. Eu ficaria muito feliz em
ouvir as opiniões de todos sobre esse assunto. E se acontecer de alguém criar uma fanfic,
ou até mesmo outra light novel original, eu ficaria ainda mais feliz. É assim que eu sou.
E então, terá uma votação de popularidade. Votem nos personagens que mais gostam.
Ao contrário das pesquisas de popularidade comuns, o primeiro lugar já está decidido, é
algo que nunca foi visto antes. Não vai passar a aparecer mais por ser popular. É sim-
plesmente para ver quais personagens todos gostam mais.
Em seguida, as pessoas a quem quero agradecer: Desculpe por arruinar sua agenda, So-
bin-sama. Muito obrigado por isso. Meus sinceros agradecimentos a Ohaku-sama, o re-
visor, aos designers, ao Chord Design Studio-sama e a editora, F-da-sama. Honey tam-
bém, meu amigo dos meus dias de estudante, obrigado como sempre.
Mais importante ainda, obrigado a todos vocês leitores. A história agora está completa-
mente divorciada da WN, então eu ficaria muito feliz se você gostasse deste volume.
Maruyama Kugane
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-Magias, Habilidades & Passivas- Cavalier:Eram a cavalaria dos Realistas. Realista é o par-
Tradução livre de seus nomes tidário de um monarca ou casa real. Em D&D, são cavalei-
ros que se destacam em combate montado quanto na ora-
Armageddon - Good: ............................ Armagedom - Bom. tória.
Aura of Death and Decay: .. Aura de Morte e Decadência. CEO:É a sigla inglesa de Chief Executive Officer, que sig-
Clean: ...............................................................................Limpar. nifica Diretor Executivo.
Create Undead: ......................................... Criar Morto-Vivo. Cross-dressing:Ou Transformismo, é um termo que se
Despair Aura: ......................................... Aura do Desespero. refere ao ato de alguém se vestir com roupa ou usar obje-
Fireball: ............................................................... Bola de Fogo. tos associados ao sexo oposto.
Floating Board: ....................................... Prancha Flutuante. Dakimakura:(抱き枕) “travesseiro para abraçar” tam-
Fly: ........................................................................................ Voar. bém chamado de love pillow no ocidente é um tipo de tra-
Gate: ................................................................................... Portal. vesseiro do Japão, considerado um brinquedo sexual por
Greater Teleportation: ................... Maior Teletransporte. alguns, geralmente possui a foto de algum personagem.
High Tier Physical Immunity:. Imunidade Física de Alto Dungeon:O termo é usado em jogos de RPG para desig-
Nível. nar cavernas ou labirintos repletos de monstros, armadi-
Message: .................................................................. Mensagem. lhas e tesouros. Uma Dungeon normalmente é composta
Nibelung I: .............................................................Nibelungo I. por salas e corredores que as conectam, podendo haver
Pandemonium:...................................................Pandemônio. também passagens secretas. Com etimologia na palavra
Pantheon: ..................................................................... Panteão. francesa donjon. Substantivo significando calabouço ou
Rite of Darkness: ......................................... Rito das Trevas. masmorra.
Teleportation: ............................................... Teletransporte. Fogo Amigo:Ou também fogo aliado, do inglês, Friendly
Undead Lieutenant: ........................... Tenente Morto-Vivo. fire, é uma expressão eufêmica utilizada militarmente no
Wish Upon A Star: ............................. Desejo a Uma Estrela. que tange os aspectos de ataques aliado a aliado, ou ini-
migo a inimigo.
Fukaamigasa:É um chapéu de palha associado aos mon-
-Itens- ges.
Tradução livre & Curiosidades Gadanha:Ou gadanho (também podendo ser denomi-
nado alfange) é uma ferramenta utilizada na agricultura
Avarice and Generosity: ........... Avareza e Generosidade. para ceifar cereais ou para o corte de erva. Também é o
Exchange Box: ............................................ Caixa de Cambio. tipo de arma associada ao ceifador da morte.
Keiseikeikoku:Do japonês “傾城傾国” é uma analogia a HP:Acrônimo para Hit Points ou mesmo Heath Points.
uma mulher tão bela que pode trazer ruína para um Rei e Pontos de Vida.
seu País, em tradução livre seria “Queda do Castelo e seu Kasa: ............... São batinas associadas a monges budistas.
País”. Algo como femme fatale do francês, mulher fatal em Keynesiana:A escola Keynesiana ou Keynesianismo é a
português. teoria econômica consolidada pelo economista inglês
Ring of Sustenance: ..................................Anel do Sustento. John Maynard Keynes em seu livro General theory of em-
Ring of Unicorn: ...................................... Anel do Unicórnio. ployment, interest and Money, que consiste numa organi-
Star Symphony: ...................................... Sinfonia da Estrela. zação político-econômica, oposta às concepções liberais,
The Book of the Dead: ............................ Livro dos Mortos. fundamentada na afirmação do Estado como agente in-
Twelve Magical Power: ...................... Doze Poder Mágico. dispensável de controle da economia, com objetivo de
conduzir a um sistema de pleno emprego. Tais teorias ti-
veram uma enorme influência na renovação das teorias
-Termos & Terminologias- clássicas e na reformulação da política de livre mercado.
Lair-bellup:É a versão distorcida da palavra “level up”
(subir de nível) que é usada no novo mundo.
Armagedom:Em hebraico: ;הר מגידוtransl.: har məgiddô;
Nibelungo:Nibelung (alemão) ou Niflung (nórdico an-
“Monte Megido”, é identificado na Bíblia como a batalha
tigo) é um nome pessoal ou de clã com vários usos con-
final de Deus contra a sociedade humana iníqua, em que
correntes e contraditórios na lenda heroica germânica.
numerosos exércitos de todas as nações da Terra encon-
Tem uma etimologia pouco clara, mas está frequente-
trar-se-ão numa condição ou situação, em oposição a
mente conectada à raiz nebel, que significa neblina. O
Deus e seu Reino por Jesus Cristo no simbólico “Monte
termo, em seus vários significados, dá nome ao épico he-
Megido”. Segundo Jeremias (46,10) essa guerra será
roico da Média Alta Alemanha, o Nibelungenlied.
perto do rio Eufrates.
Overacting:“Overacting” é quando um ator exagera de-
Blitzkrieg:Vem do alemão, basicamente é um ataque rá-
mais seu papel. Basicamente o Nicolas Cage atuando.
pido e surpresa. No Brasil, parte da palavra ainda é utili-
Panteão:Em grego clássico: πάν; transl.: pan, “todo”; e em
zada, ex: “Blitz de trânsito”.
grego clássico: θεον; transl.: théos, “deus”) significa lite-
Casus Belli:Na terminologia bélica, casus belli é uma ex-
ralmente o conjunto de deuses de determinada religião.
pressão latina para designar um fato considerado sufici-
Partisans:Pode ser referente aos partisans iugoslavos ou
entemente grave pelo Estado ofendido, para declarar
partisans jugoslavos. Um movimento de resistência cujo
guerra ao Estado supostamente ofensor.
principal objetivo era combater e desestabilizar as forças
do Eixo na Jugoslávia de 1941 até 1945. Mas também
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pode ser referente a uma arma parecida com uma ala- culo XVI durante o período Sengoku, no Japão, que tam-
barda. bém era conhecido como Kato voador, ou seja, 飛び加藤
PKED: ................. O ato de ser morto por outros jogadores. Tobi Kato.
POP:É abreviação de “Repopulation”, Monstros que nas-
cem automaticamente em dungeons.
PVP: ............................................................ Jogador vs Jogador. -Raças & Monstros-
Quinta-coluna:Quinta-coluna é uma expressão usada
para se referir a grupos clandestinos que atuam, dentro Ape-Beastman: .................................... Homem-Besta Símio.
de um país ou região prestes a entrar em guerra. Beastmen: .........................................................Homem-Besta.
Shakujou:Em português: Cajado de monge. É um cajado Bicorn: .......................................................................... Bicórnio.
budista com um anel, usado primariamente na reza ou Cherubim Gatekeeper:Querubim Porteiro - Querubim é
como uma arma. O número de anéis é determinado pelo uma criatura sobrenatural, espiritual, mencionada várias
status do usuário apesar de que a maioria dos shakujo vezes no Tanakh, em livros apócrifos e em muitos escritos
possuírem 6 anéis que representam os seis estados da judaicos.
existência (humanos, animais, inferno, fantasmas famin- Crypt Lord:................................................... Senhor da Cripta.
tos, deuses e deuses ciumentos). Death Cavalier: ......................................... Cavalier da Morte.
Soryo: ............. É um termo japonês para monges Budistas. Death Knight: ..........................................Cavaleiro da Morte.
XP: ................... Experience Points - Pontos de Experiência. Dryads:Na mitologia grega, as dríades (em grego:
Δρυάδες, Dryádes, de δρῦς, drýs, “carvalho”) eram ninfas
associadas aos carvalhos. De acordo com uma antiga
-Nomes- lenda, cada dríade nascia junto com uma determinada ár-
vore, da qual ela exalava. A dríade vivia na árvore ou pró-
Brightness Dragonlord: . Soberano Dragão Brilhante. Os xima a ela. Quando a sua árvore era cortada ou morta, a
kanjis de seu nome abaixo do furigana são de 七彩 (Na- divindade também morria.
nasai), significa “sete cores”. Dwarf: ................................................................................. Anão.
Catastrophe Dragonlord: ..... Soberano Dragão da Catás- Eight-Edge Assassin: .............. Assassino dos Oito-Gumes.
trofe. Os kanjis abaixo do Furigana de “Catástrofe” são Elder Lich: ............................................................. Lich Ancião.
de 破滅 (Hametsu), significa: ruína, destruição. Pode Eternal Death: .................................................. Morte Eterna.
também ser interpretado como “cair em ruína”. Eyeball: ................................................................ Globo ocular.
Fuuma:O nome da criatura em OVERLORD é escrito Godkin: ................................................. Descendente de Deus.
como フウマ, mas por curiosidade, o nome Fuuma Kotarō Overlord Kronos Master: ....Overlord Mestre de Cronos.
(風魔 小太郎) foi o nome adotado pelo líder do clã ninja Overlord Wiseman: ..................................... Overlord Sábio.
Fuuma (風魔一党) durante a era Sengoku do Japão feudal. Rabbitman: .................................................... Homem-Coelho.
Radiant Crawler: ................................ Rastejador Radiante.
Em alguns folclores, ele costuma ser uma figura não-hu-
Shadow Demon: ........................................Demônio Sombra.
mana. Em cenas de ficção, Fuuma Kotarou é frequente-
Soul Eater: ............................................... Devorador de Alma.
mente descrito como o arquirrival de Hattori Hanzo.
Toadman: ........................................................... Homem-Sapo.
Além disso, o nome Fuuma significa literalmente “demô-
nio do vento”.
Hanzo:O nome da criatura em OVERLORD é escrito como
ハンゾウ, mas por curiosidade, o nome “Hanzo” pode ser -Honoríficos & Tratamentos-
uma alusão ao samurai e ninja Hattori Hanzo 服部半蔵.
Kashin Koji: O nome da criatura em OVERLORD é escrito Chan:ちゃ ん - O sufixo “chan” é um termo carinhoso
como カシンコジ, mas por curiosidade, o nome Kashin usado geralmente para crianças ou pessoas que temos
muita intimidade. O “chan” é usado após o nome inteiro
Koji quando escrito assim 果心居士 faz alusão a um mago
ou abreviado.
folclórico no qual se acredita ter vivido no Período Muro-
Dono:殿 | どの - O sufixo “dono” vem da palavra “tono”,
machi, a historicidade disso ainda é muito debatida. É
normalmente descrito como um homem idoso de cabelo que significa “senhor”. Seria semelhante ao termo “meu
branco, de barba e túnica, no qual dizem ter utilizado ilu- senhor”. Na época dos samurais, costuma-se denotar um
sões para enganar governantes poderosos. grande respeito ao interlocutor.
Kronos:Ou Cronos, em grego: Κρόνος, transl.: Krónos. Na Kun:君 - O sufixo “Kun” é bastante utilizado na relação
mitologia grega, é o mais jovem dos titãs, filho de Urano, “superior falando com um inferior”, mas apenas se hou-
o céu estrelado, e Gaia, a terra. Alternativamente. Cronos ver um certo grau de intimidade e amizade entre ambos.
era o rei dos titãs, sobretudo quando é visto em seu as- Sama:様 | さま- O sufixo “Sama” é uma versão mais res-
pecto destrutivo, o tempo inexpugnável que rege os des- peitosa e formal de “san”. A traduções mais próxima do
tinos e a tudo pode devorar. termo “sama” para o português seria “Vossa Senhoria”.
Nurunuru:Em japonês ヌルヌル (Escrito em Katakana), No Japão, é importante referir-se a pessoas importantes
o nome pode ser interpretado como ぬるぬる (Escrito em ou a alguém que admira e é muito importante, no império
Hiragana) e se interpretado assim, pode significar; vis- antigo era muito usado para se referir a rainhas.
coso; escorregadio; pegajoso. San:さん - O sufixo “San” é um honorífico que pode ser
Tobi Kato:O nome da criatura em OVERLORD é escrito usado em praticamente todas as situações, independente
como トビカトウ, mas por curiosidade, o nome remete à do sexo da pessoa. Normalmente é usado para pessoas
que temos pouca ou nenhuma intimidade. Também usado
Kato Danzo (加藤 段蔵), um famoso mestre ninja do sé-
quando a pessoa considera o interlocutor como um de
igual hierarquia.
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OVERLORD 10 O Governante das Conspirações
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“O Soberano dos Estratagemas”
“Abismo do Grande Rei Feiticeiro”
Depois de sua coroação, Ainz decidiu transformar seu reino em uma utopia,
um mundo de sempre prosperidade, com as várias raças que se submete-
ram a ele.
Como primeiro passo, Ainz se volta para o Império com a intenção de forta-
lecer a Guilda dos Aventureiros e nutrir os aventureiros.
ISBN 978-4047340893
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