Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Costa do Sauipe:
Aqui a Gente Sabe
Viver
Administração de marketing − L a s C a s a s
INTRODUÇÃO
No dia 18 de outubro de 2000 nasceu o complexo turístico Costa do Sauipe. O projeto,
que era ousado, tinha como idealizadora a Construtora Odebrecht e como comprador
da ideia o Fundo de Pensão Previ. Dando o aval turístico ao projeto estavam: a rede
americana Marriot, a sofisticada cadeia francesa de hotéis Sofitel e a rede de resorts
jamaicana Superclub, com o seu famoso conceito all-inclusive. Apesar da crise
econômica brasileira e mundial, a ideia era lançar um complexo turístico
que oferecesse os melhores serviços, as melhores hospedagens e o melhor conjunto
de atrações e entretenimentos para os turistas nacionais e internacionais, em um
local maravilhoso, com muito sol, muita área verde e principalmente muito mar. O
foco principal eram as classes A e B, que seriam atendidas pelos hotéis, mas também
havia o oferecimento de alternativas, através das pousadas, com preços mais baixos.
OS PROBLEMAS
Devido à magnitude do projeto houve atrasos na sua conclusão. Mesmo sem estar
totalmente terminado, os responsáveis pelo empreendimento resolveram convidar
jornalistas, formadores de opinião e empresários do trade turístico, para apresentar o
complexo. A sensação dos convidados foi de que o projeto ainda levaria muito tempo
para ser concluído, e que tudo estava de certa forma desorganizado. Aliado ao atraso
e à falta de informação, alguns boatos começaram a rodar no mercado e diziam
respeito à falta de estrutura, a um maior atraso na inauguração, aos conflitos entre as
redes hoteleiras, à falta de capacitação dos funcionários da obra etc. Isso tudo gerou
muita desinformação e fez com o mercado ficasse com um “pé atrás” com relação ao
empreendimento. Não bastasse isso, a comunicação do lançamento privilegiou a
infraestrutura, mostrando prédios, instalações e equipamentos, dando pouco destaque
às pessoas. Esta comunicação conferia à Costa do Sauipe uma aura de arrogância,
de auto-suficiência. As imagens divulgadas, feitas ainda na época da inauguração,
mostravam um empreendimento imobiliário imenso, mas sem vida. As estruturas eram
todas mostradas vazias, como se o importante para o complexo turístico não fosse o
encantamento dos hóspedes, mas a importância de ele ser o mais grandioso, o mais
imponente do país.
Outra confusão comum referia-se aos hotéis que fazem parte do empreendimento. Por
falta de informações, os agentes de viagens não conseguiam explicar o que cada
unidade prometia aos clientes, por que praticavam preços diferentes, entre
outras dúvidas. Quando a venda era efetuada, era comum que o hóspede não se
sentisse à vontade com sua “escolha às escuras” – e passasse a criticar a Costa do
Sauipe como um todo por causa disso.
Ainda se somava a tudo isso um período de forte retração na economia brasileira, com
indicadores macroeconômicos desfavoráveis. A produtividade da indústria mostrava-
se em queda, o desemprego crescia, bem como o risco Brasil, repelindo investimentos
internacionais.
O DESAFIO
Os problemas percebidos e apontados por hóspedes, potenciais clientes e o mercado
turístico como um todo geraram, entre os administradores da Costa do Sauipe, a
necessidade de planejar e implementar um plano capaz de, em pouco tempo, reverter
a má imagem criada acerca do empreendimento e de torná-lo novamente competitivo
em um mercado cada vez mais concorrido no mundo. Mais do que isso: de fazer
decolar essa ideia inovadora, capaz de inspirar todo o país a voltar à linha de frente
do turismo mundial.
A SOLUÇÃO
Assim, em meados de 2003, a Costa do Sauipe, em conjunto com uma das mais
respeitadas empresas de marketing turístico do mundo, a espanhola THR, responsável
por campanhas de posicionamento de diversos destinos turísticos bem-sucedidos do
planeta, começou um grande estudo para o desenvolvimento de um plano de
marketing que fosse capaz de recuperar a boa imagem do empreendimento e seu
poder de comercialização no mercado, tanto nacional quanto internacional. O estudo,
que contou com a participação de todas as equipes dos parceiros hoteleiros, levou
pouco mais de seis meses para ser concluído; considerou diversas variáveis e apontou
as ações de curto, médio e longo prazos para a recolocação da Costa do Sauipe no
mercado turístico. Como as metas foram traçadas para três anos, o plano de marketing
ganhou o nome de Plano Sauipe 2006.
Reposicionamento de Imagem
Transformar um complexo de hospedagem sem personalidade bem definida em um
destino turístico tipicamente baiano, com um universo de lazer e entretenimento para
todos, sem paralelos no Brasil, passou a ser o objetivo do reposicionamento.
Os esforços foram direcionados para fazer com que a Costa do Sauipe passasse a ser
reconhecida não apenas pela excelência em infraestrutura, em hospedagem e em
serviços relacionados a essa atividade, mas também pela singularidade cultural
da Bahia. Para isso foram promovidas várias ações de comunicação de marketing,
além de estratégias de serviços e distribuição.
Resultados Mercadológicos
As ações implementadas geraram uma série de retornos positivos para a imagem
e para o desenvolvimento do destino, que passou a ser percebido como um
sofisticado centro de lazer e entretenimento, inspirado pelas culturas e tradições da
Bahia. Como reforço deste posicionamento, o resort acaba de ser eleito, por exemplo,
o melhor do país pelos leitores da revista Viagem e Turismo (Editora Abril), a mais
importante publicação voltada para o público consumidor final de turismo do Brasil.
O projeto ganhou outros prêmios em 2004, como: Grand Prix de Internet do Bahia
Recall, duas medalhas de ouro (campanha de TV “Aqui a Gente Sabe Viver!”), uma de
prata (campanha impressa “Aqui a Gente Sabe Viver!”) e quatro de bronze (anúncios
isolados) na categoria Hotelaria & Resorts do FIPTUR (Festival Internacional de
Publicidade do Turismo e Ecologia), entre outros.
Em pesquisa realizada pela Interscience em 2004, com amostra de 450 frequenta dores
de resorts, nas praças de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, a Costa do
Sauipe foi o resort mais citado em primeiro lugar pelos entrevistados, com 24% do
índice de lembrança.
Resultados Qualitativos
Graças ao calendário promocional, como o “Sauipe Folia”, realizado no inverno de
2004, a ocupação foi de 87%, contra 26% do ano anterior, quando a ação não havia
sido implementada. No período do Dia dos Namorados foi realizada a
promoção “Sauipe a Dois”, que gerou uma ocupação de 72%, ante 14% na mesma
época no ano anterior. A festa de São João também elevou a ocupação de 39% para
62%, e o “Sauipe Fitness” registrou crescimento no período de 63%, contra 41% do
mesmo período no ano anterior, antes, portanto, da implementação do Plano Sauipe
2006.
A ocupação média anual também vem aumentando: em 2002, foi de 40%. Em 2003,
a taxa aumentou em 11% e, em 2004, a ocupação média foi de 55%.
A porcentagem de hóspedes internacionais também indica bons resultados. Em 2002,
a participação internacional era de 6%. Em 2003, aumentou para 20%. Em 2004, novo
aumento: foi para 37%.
Fonte: Adaptado de: Top de Marketing – 2003 – ADVB – Bahia. Case: “Aqui a gente
sabe viver!” – Costa do Sauipe.
QUESTÃO
1. Que orientação (filosofia) de marketing a Costa do Sauipe praticava na época do seu
lançamento? Por quê? E, posteriormente, que orientação eles colocaram em prática? Por
quê?